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Salmo 42: Por Que Estás Abatida, Ó Minha Alma?

Antes de ler o Salmo 42, podemos observar que a atribuição desse hino aos filhos
de Corá é uma mensagem sobre a misericórdia de Deus. A rebeldia de Corá, pelo
menos 400 anos antes da composição desse Salmo, levou à morte dele e de
milhares de outros (leia o relato em Números 16). Na leitura desse registro, a
abrangência do castigo não fica completamente clara. Fala das famílias, até as
crianças (Números 16:27), e depois diz que foram engolidos pela terra como casas,
os pertences e os homens envolvidos (Números 16:31-33). Outro texto tira a nossa
dúvida quando diz explicitamente: “Mas os filhos de Corá não morreram”
(Números 26:11).

Observando a gravidade do desrespeito demonstrado por Corá, Deus poderia ter


acabado com a linhagem dessa levita. Mas, o Senhor deu oportunidade para
outras gerações da família se mostrarem diferentes. Ao invés de se rebelarem
contra o Senhor, os filhos (descendentes) de Corá se dedicaram ao louvor de Deus.
Escreveram alguns Salmos lindos e cheios de reverência para com o Senhor.

O tom e a mensagem do Salmo 42 sugerem como os aberturas que Davi passou


quando fugiu de Absalão. É bem possível que esses outros compositores
acrescentassem seu hino à coletânea para promover a confiança nas reis nesses
momentos difíceis.

A corça, um tipo de cervo, é citada na ilustração do desejo do autor pela presença


de Deus (versos 1 e 2). Como um animal precisa de água para sobreviver, nós
precisamos de Deus para nossa sobrevivência espiritual. O autor não apenas tolera
a presença de Deus, ele está em busca ativa e não vê a hora de estar na presença
do Senhor.

Outros olharam tirar esse conforto, ressaltando que Deus havia abandonado seu
servo: “As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite, enquanto me
dizem continuamente: O teu Deus, onde está?” (versículo 3). Diante da aparente
derrota do rei, seus inimigos concluíram que este estava sozinho, sem nenhum
apoio divino. Com certeza, uma das táticas mais eficazes dos inimigos do Senhor é
semear dúvidas no coração do discípulo. Foi a tática do embaixador da Assíria que
desanimou o povo de Jerusalém (2 Reis 18:28-35). Davi entendeu que os desafios
de Golias eram uma frente dirigida aos “exércitos do Deus vivo” (1 Samuel 17:36).
Nabucodonosor, rei da Babilônia, usou a mesma abordagem numa tentativa de
intimidar três homens judeus (Daniel 3:15). Em todos esses casos, os servos de
Deus mantiveram sua confiança em Deus e saíram vitoriosos.

O autor do Salmo encontrou consolo quando pensou no seu grande privilégio de


adorar ao Senhor e conduzir outros a honrarem o mesmo Deus (verso 4). Com
esse pensamento confortante, o salmista cantou o refrão do seu hino: “Por que
estás abatida, ó minha alma? Por que você perturba dentro de mim? Espera em
Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (verso 5, o mesmo
refrão repetido no verso 11 e no Salmo 43:5, que será considerado no próximo
artigo desta série).

O salmista viu em si um conflito entre seus sentimentos ( “Sinto abatida dentro de


mim a minha alma” – verso 6) e suas convicções ( “lembro-me, portanto, de ti” – o
mesmo verso). Quando ele focava a sua circunstância, sentiu-se como alguém
sendo martelado pela força de uma grande catarata (verso 7), mas ficou
entusiasmado com sua alma quando olhou para Deus e orava (verso 8).

Diante das perseguições e acusações de seus inimigos, o autor desse Salmo foi
sincero em admitir a dificuldade. Ele se sentiu sozinho, abandonado por Deus
(verso 9). Foi exatamente esse sentimento que seus inimigos queriam cultivar e
manipular para derrotá-lo (verso 10). Mas, quando os adversários cantavam seu
refrão: “O teu Deus, onde está?” , esse servo responde com seu próprio refrão de
confiança (verso 11). Confiando em Deus, ele sairia do perigo e das ameaças dos
inimigos para adorar ao Senhor.
Mesmo as pessoas que servem ao Senhor passam por momentos difíceis, às vezes
injustamente perseguidas por adversários de Deus. Mas, como o autor do Salmo
42, elas podem achar conforto, consolo e esperança em Deus.

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