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O Inevitável Dia da Tribulação na Vida do Eleito

Sl. 20

Objetivo: Ensinar que tribulações e aflições farão parte da vida do


cristão, mas que sempre o poder gracioso e amoroso de Deus o
assistirá.

Introdução: Canção de Vencedores Por Cristo ‘Dia da Angústia’:

‘Quando a luz da esperança apagar-se ao redor,


Quando o olhar explicar para a mente que está só;
Quando o pé não tiver mais apoio
Nem a mão outra mão por socorro;
Quando o dia da angústia chegar, o que será?
Quando tudo o que tem de valor se perder,
E consolo nenhum lhe fizer esquecer;
Quando toda a defesa murchar,
Só desgosto seu rosto expressar,
Quando o dia da angústia chegar, o que será?’.

A vida é incerta para todos os seres humanos, mas há algumas


certezas indubitáveis, e uma delas é que o cristão terá dias de
tribulações e aflições.

Contexto: Há um grupo de Salmos que se classificam como Salmos


Reais. São doze os Salmos Reais, e são: 2, 18, 20, 21, 45, 72,
89, 93, 101, 110, 132 e 144.
Nestes salmos o rei é louvado, ou então ele necessita de algo
especial, como a intervenção divina para sua segurança e a
garantia de vitória ou sucesso em algum empreendimento.
O Salmo 20 consiste em uma oração pedindo vitória em
batalha.
Presume-se que ele tenha sido composto para acompanhar os
sacrifícios oferecidos antes de começar uma luta, a fim de
assegurar a vitória, agradando Yahweh e garantindo Sua
ajuda.

Transição: Neste texto quero compartilhar nesta oportunidade o


tema: ‘O Inevitável Dia da Tribulação na Vida do
Eleito’.

I – Invocação da Proteção Divina Para o Dia da


Tribulação.

1. Pode-se reconstruir o cenário da seguinte maneira:


1.1 – O rei estava a caminho da guerra, mas parou no
santuário (templo) a fim de orar pedindo vitória.
1.2 – Os sacrifícios eram feitos antes e,
aparentemente, no meio das duas partes do cântico.
1.3 – A congregação uniu-se ao rei em sua oração.
1.4 – Os sacrifícios apropriados foram feitos,
aparentemente entre as duas partes da canção.
1.5 – O rei recebeu a certeza de que obteria vitória na
batalha, e alegres ações de graças foram dadas por
isso.

2. A inscrição revela que o Salmo foi composto por Davi;


mas, embora seja ele seu autor, não há absurdo algum
em falar de si mesmo na pessoa de outros.

3. Nesta primeira parte do salmo parece que toda a


congregação se ajunta para buscar o favor que o Senhor
poderia conceder ao rei.
3.1 – Percebe-se que o rei é a segunda pessoa a quem
a congregação se dirige, desejando que o Senhor lhe
dê a vitória na guerra.
3.2 – Observe o pronome pessoal da segunda pessoal
sendo repetido a cada verso.
a) Vs. 1 – ‘te responda’.
b) Vs. 1 – ‘te eleve’.
c) Vs. 2 – ‘te envie socorro’.
d) Vs. 2 – ‘te sustenha’.
e) Vs. 3 – ‘lembre-se de tuas’.
f) Vs. 3 – ‘aceite os teus’.
g) Vs. 4 – ‘conceda ... o teu coração’.
h) Vs. 4 – ‘teus desígnios’.
i) Vs. 5 – ‘tua vitória’.
j) Vs. 5 – ‘teus votos’.
3.3 – A tribulação faria parte dos eventos que
sucederiam esta oração, e buscava-se o favor do
Senhor, para este momento tribulativo.
3.4 – A guerra é um episódio de tribulação, de
angústia e de incertezas para aqueles que nela estão
envolvidos.

4. O eleito de Deus é aquele que busca o favor do Senhor


na certeza de vencer as tribulações que o cerca ou que
lhe são possíveis.
4.1 – Gn. 35.3 ‘Farei ali um altar ao Deus que me
respondeu no dia da minha angústia e me
acompanhou no caminho por onde andei’.
4.2 – Jo. 16.33 ‘Estas coisas vos tenho dito para
que tenhais paz em mim. No mundo, passais por
aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo’.
4.3 – Hb. 4.16 ‘Acheguemo-nos, portanto,
confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de
recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna’.

5. Assim como um dia de angústia poderia se abater sobre


o povo nos dias de Davi, por isso oravam, para que ‘o
Senhor te responda no dia da angústia’, assim também
dias de tribulação e angústia pode abater o eleito.
5.1 – Sl. 20.1 ‘O Senhor te responda no dia da
tribulação; o nome do Deus de Jacó te eleve em
segurança’.

6. Nos versos 2-3 ao se referir ao santuário e ao culto ali


prestado, não se pode perder de vista que esta palavra
para santuário é simplesmente aqui um sinônimo
para Sião onde a arca de Deus, significava Sua
presença, mas ainda não Seu Templo.
6.1 – Sl. 20.2-3 ‘Do seu santuário te envie socorro
e desde Sião te sustenha. Lembre-se de todas as
tuas ofertas de manjares e aceite os teus
holocaustos’.

7. O desejo incontido de louvar a Deus pelas vitórias a


serem concedidas se expressa com veemência no quinto
verso.
7.1 – Sl. 20.5 ‘Celebraremos com júbilo a tua
vitória e em nome do nosso Deus hastearemos
pendões; satisfaça o Senhor a todos os teus votos’.
7.2 – A cena se move para o futuro quando os
presentes em oração estivessem entre os que se
regozijam na vitória.
7.3 – Cânticos de regozijo seriam ouvidos enquanto o
povo celebrava a salvação ou vitória de Deus.
7.4 – Eles hasteariam ou agitariam bandeiras,
possivelmente as bandeiras tribais sob as quais
acampavam quando no deserto na jornada rumo a
Canaã (Nm. 1.52).
7.5 – A sentença final do versículo reitera a ideia do
versículo 4, descrevendo a realização completa dos
pedidos do rei.
a) Sl. 20.5b ‘... satisfaça o Senhor a todos os teus
votos’.
b) Sl. 20.4 ‘Conceda-te segundo o teu coração e
realize todos os teus desígnios’.

8. A Palavra de Deus é repleta de textos que nos encorajam


diante das circunstâncias adversas que nos cercam.
8.1 – Calvino1: ‘A ocasião de sua composição pode
ter se originado, enfim, de alguma batalha
específica que estava para deflagrar-se, ou contra
os amonitas ou contra algum outro inimigo de
Israel. Mas o desígnio do Espírito, em minha
opinião, era entregar à Igreja uma forma comum
de oração que, como podemos deduzir das
palavras, fosse usada sempre que ela se sentisse
ameaçada por algum perigo’.

9. O pedido geral destes primeiros versos era para que o


Senhor, misericordiosamente estendesse suas mãos
para o seu povo, e assim como disse Calvino, esta é uma
palavra do Espírito Santo para o povo de Deus hoje.

II – As Certezas do Eleito Quanto a Respostas de


Suas Orações.

1. Enquanto se preparavam para sair à guerra, os


sacerdotes apresentavam oferendas a Yahveh, (vs. 3) e
se buscava o poder do Senhor para enfrentar os
inimigos.

2. Imitava-se as saídas de Israel enquanto ainda no


deserto.
1
Calvino, Comentário Bíblico de Salmos, Vol. 01, Ed. Fiel, pág. 443.
2.1 – Nm. 10.35-36 ‘35Todas as vezes que a arca
partia, Moisés orava: Ó Yahweh, ó SENHOR,
levanta-te e dispersa os teus inimigos! Que fujam da
tua frente os que te odeiam! 36E, sempre que a arca
parava, Moisés proclamava: Repousa entre nós, ó
SENHOR, o Eterno! Fica com os incontáveis
milhares de famílias do povo de Israel!’.

3. Observe o cenário que se desenrolava:


3.1 – Os sacrifícios apropriados tinham sido feitos.
3.2 – A refeição comunal estava terminada.
3.3 – Os pendões haviam sido desfraldados, isto é, as
bandeiras de cada tribo haviam sido hasteadas.
3.4 – O exército de Israel marchava, na certeza de
que suas petições a Yahweh tinham atraído Sua
atenção, e que Ele já estava preparando as Suas
trovoadas, as quais deixariam o inimigo atônito e
garantiam a vitória para Israel.
3.5 – Yahweh, em Seu elevado e santo santuário, lá
no Seu céu, não deixaria Seu povo decepcionado.
3.6 – Ele daria ao rei, o comandante-em-chefe, a
sabedoria e o poder de que este necessitava.
3.7 – Ele também interviria diretamente na batalha,
se necessário fosse.

4. Tendo feito oferendas de invocação, seguido do cantar


a primeira parte do salmo (vs. 1-5), os sacerdotes
voltavam à novas oferendas seguidas agora de uma
afirmação confiante da certeza de vitória, ao que se
cantava a segunda parte do salmo (vs. 6-9).

5. Neste avanço litúrgico os fiéis atribuem à graça de Deus


o livramento dos maiores perigos que havia sido
operado por Davi, pois confiavam no fato de que Deus
determinara proteger e defender àquele que havia sido
ungido rei sobre seu povo.
5.1 – Sl. 20.6 ‘Agora, sei que o Senhor salva o seu
ungido; ele lhe responderá do seu santo céu com a
vitoriosa força de sua destra’.
5.2 – À luz da experiência de que Deus já lhes havia
estendido sua mão poderosa, concluíram que
futuramente a mesma força seria exercida na
preservação contínua do reino.
5.3 – ‘... ele lhe responderá...’.
5.4 – No verso 2 o santuário era uma figura de Sião,
onde repousava a Arca da Aliança, figura da
presença do Senhor.
5.5 – Aqui o salmista faz menção de outro
santuário, isto é, um de natureza celestial, ‘seu
santo céu’.

6. A mesma afirmativa confiante que tiveram lá deve-se


tê-la cá.
6.1 – Sl. 20.7 ‘Uns confiam em carros, outros, em
cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome
do Senhor, nosso Deus’.
6.2 – Onde está a confiança do povo de Deus hoje?
a) O que são os carros nos quais se depositam a
confiança?
• Pode-se pensar no avanço tecnológico e
inovações glamourosas dos dias atuais?
• Pode-se pensar no avanço da ciência
rompendo barreiras e limites do
conhecimento em tempos tão curtos como
no caso das vacinas e aparatos na contenção
do vírus que assola a humanidade em nossos
dias?
b) O que são os garbosos cavalos onde o homem
moderno se assenta como vitorioso?
• Pode-se pensar no valor econômico que está
à disposição do cidadão em apenas um
click?
• Pode-se pensar na capacidade de
comunicação célere e imediata sempre às
mãos?
6.3 – É importante frisar que nem carros nem cavalos
eram descartados como ferramenta útil pelo povo de
Deus naqueles dias, mas a afirmativa era de que a fé,
mesmo utilizando-se destes aparatos, estava não no
aparato, mas no nome poderoso do Senhor.
6.4 – Trazendo para cá, quaisquer que seja os carros
e cavalos de hoje, não malem tê-los e em usá-los,
contudo, o cristão deve ter a mesma fé, não nos
carros e cavalos modernos, mas no nome poderoso
do Senhor.

7. A afirmativa nesta expressão litúrgica era de que tais


instrumentos, por melhor que fossem, eram limitados e
falíveis.
7.1 – Sl. 20.8a ‘... eles se encurvam e caem’.
7.2 – O eleito sabe que os mecanismos humanos,
mesmo que temporariamente úteis, são igualmente
limitados e falíveis.

8. A fé confiante do eleito confirma a fé confiante de seus


irmãos do passado.
8.1 – Sl. 20.8b ‘nós, porém, nos levantamos e nos
mantemos de pé’.
8.2 – A conjunção adversativa ‘porém’ estabelece
pronto contraste entre os dispositivos humanos
(embora úteis) e a fé confiante e dominante no eleito.
8.3 – Ao contrário daquilo que é temporário e fugaz,
a fé do eleito é permanente e o habilita a atravessar
os momentos críticos onde o recurso humano falha.
a) Agostinho2: ‘Deus não espera que
submetamos nossa fé a ele sem razão, mas os
próprios limites da nossa razão tornam a fé
uma necessidade’.
b) Hc. 3.17-19a ‘Ainda que a figueira não
floresça, nem haja fruto na vide; o produto da
oliveira minta, e os campos não produzam
mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do
aprisco, e nos currais não haja gado, todavia,
eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da
minha salvação. O Senhor Deus é a minha
fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e
me faz andar altaneiramente’.

9. O culto conclui com uma oração final, indicando que é


apropriado que o rei e seu povo juntos reconheçam sua
dependência do Rei dos céus, do qual o rei de Israel era
o representante na terra.

10. A poesia de Davi encerra com um clamor pela salvação


de Deus.
10.1 – Na versão ARA, que seguiu a LXX, foi
traduzida a frase enfatizando um pedido de vitória
ao rei, seguido de um pedido para que Deus ouça o
povo no seu clamor.
a) Sl. 20.9 (ARA) ‘Ó Senhor, dá vitória ao rei;
responde-nos, quando clamarmos’.
10.2 – Outras versões, seguindo o hebraico, enfatizam
em primeira mão um pedido de socorro de todo o

2
Blancard J., Pérolas Para a Vida.
Israel para com o Senhor, direcionando a resposta
pela mão do rei, atendendo as necessidades do povo.
a) Sl. 20.9 ‘Salva-nos, SENHOR! Ouça-nos o Rei
quando clamarmos’.

11. Não se pode ler os salmos sem a centralidade de Cristo


neles, assim como em toda a Bíblia.
11.1 – Calvino3: ‘Deus não prometeu que seu povo
seria salvo de alguma outra forma senão pela mão
e condução do rei que lhes fora dado. Na presente
época, quando Cristo agora se nos manifesta,
aprendamos a conferir-lhe esta honra -
renunciando toda e qualquer esperança de
salvação provinda de alguma outra fonte, e a
confiar somente naquela salvação que ele nos trará
de Deus seu Pai. E dela só nos tornaremos
partícipes quando, sendo todos reunidos num só
corpo, sob a mesma Cabeça, tivermos mútua
preocupação uns dos outros, e quando nenhum de
nós tiver sua atenção tão absorvida com suas
próprias vantagens e interesses pessoais, que se
mostre indiferente com o bem-estar e felicidade do
próximo’.

Conclusão: O dia do problema, o dia mau, o dia da angústia,


o dia de tribulações aflitivas, pode chegar para o eleito sem
qualquer aviso prévio.

Volto aqui com a poesia cantada pelos Vencedores Por Cristo:


‘Dia da Angústia’:

3
Calvino, Comentário Bíblico de Salmos, Ed. Fiel, Vol. 01, pág. 453.
‘Quando a luz da esperança apagar-se ao redor,
Quando o olhar explicar para a mente que está só;
Quando o pé não tiver mais apoio
Nem a mão outra mão por socorro;
Quando o dia da angústia chegar, o que será?
Quando tudo o que tem de valor se perder,
E consolo nenhum lhe fizer esquecer;
Quando toda a defesa murchar,
Só desgosto seu rosto expressar,
Quando o dia da angústia chegar, o que será?’.

Cabe ao cristão viver sempre na total dependência e confiança


em Deus, para socorro em ocasião oportuna.

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