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Sermão - 16 de Abril de 2023

Salmo 125 - Os Que Confiam no Senhor


Texto base: Salmo 125

Contexto

Não se sabe ao certo quando o este salmo foi escrito ou quem o escreveu, porém acredita-se que o
salmo em um contexto de guerra, batalhas e viagens onde havia perigos iminentes, dado que ao ler o
texto percebemos no eu-lírico de certa forma uma aflição e um clamor pela justiça divina. O conteúdo
do salmo está de acordo com a suposição de que pode ter sido escrito após o retorno do cativeiro
babilônico, levando a crer que o mesmo pode ter sido projetado para fortalecer e confortar aqueles que
estavam empenhados na reconstrução da cidade e na restauração do antigo culto, seja contra os
samaritanos e aqueles que se opuseram a eles(Neemias 6:12-13), ou contra a mornidão de uma parte
do próprio povo. Porém não há evidências históricas ou textuais que realmente confirmem tal
hipótese, dado que em diversos momentos o povo de Israel passou por situações de aflição e
clamaram ao Senhor por socorro em situações adversas, assim como nós hoje.

Objetivo do Texto

Este é um dos salmos conhecidos como “salmos de romagem”, que inclui os salmos de 120 a 134.
Romagem é o ato de peregrinação a um determinado local com finalidade de prestar culto, e este não
é um ato incomum para o povo de Israel, já que a Lei do Senhor conclama o povo a três vezes no ano
comparecer perante Ele no templo com ofertas e celebrar a libertação do povo( ler Êxodo 23:14-17 e
Deuteronômio 16:16). Estes salmos eram entoados pelo povo todas as vezes que estes se dirigiam ao
templo para adorar o Senhor e carregam diversas mensagens belíssimas sobre a confiança no Senhor,
Seu braço forte, e a Sua misericórdia. Como um grande coro, povos de diversos locais vinham
celebrando ao Senhor com o desejo de adorá-lo e agradecê-lo.

O Salmo 125 em específico destina-se a encorajar os que estavam dispostos a confiar no Senhor, com
a certeza de que estariam seguros; que a bênção de Deus estaria sobre eles; a plena confiança de que o
Senhor Deus não os desampararia em nenhum momento.

Análise do Texto

v.1 “Os que confiam no SENHOR são como o monte de Sião, que não se abala, e permanece para
sempre.”

O texto já de início traz como o foco principal a indicação da verdadeira confiança: a confiança no
Senhor, e não nas circunstâncias adversas é o tema central a ser ensinado nesta canção, e a chave para
os que permanecem para sempre. O monte Sião, utilizado como referência neste versículo, era o local
onde estava localizado o templo construído por Salomão, a cidade de Davi, o palácio real e era tido
para o povo como o local onde visivelmente Deus habitava na Terra. Apesar de hoje o templo não
estar mais ali, dado os episódios de invasão e guerras que marcaram a história do povo de Israel, o
Deus do Templo e do povo permanece, estendendo sua graça e sua misericórdia sobre nós e a sua
salvação para os que creem e confiam Nele de todo o seu coração. Tal afirmação é repetida em
diversos outros locais das Escrituras e nos encoraja a entender que não é a nossa força, sabedoria ou
riqueza que nos salvarão. Os que confiam no Senhor são aqueles que erguem seus olhos para o
Soberano do Universo e encontram conforto em sua providência. Porém, somente aqueles que
verdadeiramente conhecem ao Senhor podem plenamente confiar Nele( Ler Salmos 9.7-10), e não
serem abalados ou mudados de direção, pois neles habita o Espírito do Senhor, e pelo poder de Cristo
são feitos inabaláveis como “os montes de Sião”. Como diz o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 2.14: “E
graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a
fragrância do seu conhecimento.”

v.2 “Assim como as montanhas estão ao redor de Jerusalém, assim também o SENHOR está ao
redor de seu povo, desde agora para sempre.”

Jerusalém era uma cidade privilegiada. Cercada por colinas e montanhas altas, a cidade era protegida
naturalmente por tais elementos que abraçam. Porém, mesmo assim isso não era o que conferia
segurança ao povo de Deus. O povo de Deus é protegido pelo Senhor, aquele que está muito acima
dos montes, e não dorme nem se cansa. Outro canto de romagem, o salmo 121 afirma nos versos 2-4:
“O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra. Ele não permitirá que você tropece; o seu
protetor se manterá alerta, sim, o protetor de Israel não dormirá; ele está sempre alerta!” Segurança
tão poderosa esta que força material alguma pode nos separar Dele( ler Romanos 8.31-39). Segundo
Spurgeon,, “as montanhas ao redor da cidade santa, embora não façam um muro circular, são, no
entanto, colocadas como sentinelas para guardar seus portões. Deus não encerra o seu povo dentro de
muralhas e baluartes, fazendo com que a sua cidade seja uma prisão; mas, no entanto, ele ordena de
tal modo os arranjos de sua providência que seus santos estejam tão seguros como se habitassem atrás
das fortificações mais fortes.” Porém, não podemos jamais deixar de entender que as promessas do
verso 2 somente se aplicam aos que são chamados “povo de Deus”, os seus santos, aqueles citados no
verso 1, “ os que confiam nele”.

v.3 “Porque o cetro da maldade não repousará sobre a sorte dos justos, para que os justos não
estendam suas mãos à perversidade.”

Essa foi a proteção que Deus prometeu ao Seu povo que confiava Nele. Na história de Israel, esse
cetro de maldade só repousava sobre a terra quando o povo de Deus era teimosamente injusto e
desconfiado Nele, pois Deus é justo e sua justiça perfeita. Nenhum de nós passará ileso por
tribulações ou dificuldades, e muitas delas irão nos deixar marcas e cicatrizes, pois esta é a realidade
da condição humana caída. O próprio Senhor Jesus nos afirma: “Tenho-vos dito isto, para que em
mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo (João 16:33).”
Porém, tão justo é o Senhor que providencia para nós o consolo em Cristo e no Seu Santo Espírito,
para jamais sejamos provados a ponto de nos entregar à iniquidade e nos garantindo que não
“estenderemos nossas mãos à pervesidade”. Leiamos as palavra de Jesus em João 6.37-40: “Todo o
que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que
o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que
vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” Os que confiam no
Senhor sabem que as provações não são maiores do que o nosso Deus, e ele permanece bom e
misericordioso em todos os momentos, e não nos entregará para que nossa fé seja tragada por elas,
mas sim cuidará de nós para que ela se fortaleça e confiemos ainda mais nele.

v.4-5
"Senhor, trata bem aos bons, e aos corretos em seus corações. Mas aos que se dirigem a seus
caminhos tortuosos, o SENHOR os mandará embora junto com os que praticam perversidade. Paz
seja sobre Israel.”

A palavra aqui traduzida por “caminhos tortuosos” não ocorre em nenhum outro lugar, exceto em
Juízes 5:6 , onde é traduzida como “atalhos”, significando caminhos ou estradas não freqüentes;
caminhos estreitos e tortuosos, distantes das rodovias, ou os caminhos comumente percorridos.
Consequentemente, a palavra significa também caminhos do pecado – como desvios da estrada reta
que o homem deve seguir. Há aqui uma alusão para os que se desviam do caminho; para aqueles que
abandonam a adoração a Deus; que deixam de fazer o “bem”; que, embora entre o professo povo de
Deus, se desviam dele por atalhos e caminhos proibidos. A ideia é que sua profissão de religião não os
salvará; que eles não obterão a bênção divina meramente porque são declaradamente o povo de Deus,
ou estão contados entre eles, mas que serão tratados como todos os outros pecadores:eles serão
conduzidos com todos os ímpios e serão tratados como eles.
Isto está de acordo com aquilo que é apresentado pelo Senhor, dado que uma das principais
características da Antiga Aliança que Deus fez com os israelitas no Monte Sinai foi o princípio de
abençoar sua obediência e amaldiçoar sua desobediência. A incrível grandeza da revelação do
evangelho de Jesus Cristo é que Deus fez o bem para aqueles que não são bons. Lembramos que no
devido tempo Cristo morreu pelos ímpios (Romanos 5:6) e Deus demonstra Seu próprio amor por nós,
em que, enquanto ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós (Romanos 5:8). O caráter de Deus é
justo para trazer ao homem a recompensa pela suas transgressões, mas também é misericordioso para
trazer aos Seus a sua Salvação Eterna.

Conclusão

O Salmo 125 termina com uma oração pronunciando shalom sobre Israel – essencialmente, que eles
seriam os bons que desfrutam de bênçãos e não os ímpios que sofrem exílio. "Lembramos que
Jerusalém significa 'paz' (shalom). Assim, dizem-nos, não só seremos como Salém, mas também
teremos Salem." (Boice)
Sobre o verdadeiro povo de Deus reside a paz do Senhor, a paz que só os que confiam Nele podem
provar! Paz seja sobre nós!

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