Como Agir Certo Quando
Somos Maltratados
(Salmos 26)
David Roper
Dizem que qualquer que seja o seu estado de
humor, há um salmo que expressa precisamente
o que você está sentindo. Se você está contente,
há um salmo que se encaixa nesse estado de
humor. Se você está triste, há um salmo que
reflete essa emoção. Se você está enfurecido ou
zangado, há um salmo para esse sentimento.
Nesta lição, analisaremos alguns desses estados
de humor e sentimentos — e como lidar com
aqueles que são mais negativos. O texto bíblico é
Salmos 26 e o título desta lição é “Como Agir
Certo Quando Somos Maltratados”1 .
A maioria de nós já “fomos maltratado”, ou
sofremos uma injustiça. Talvez alguém tenha se
aproveitado de nós. Talvez tenhamos sofrido
abusos — no casamento ou no lar, nos negócios
ou no trabalho, em amizades ou outros relaciona-
mentos. Talvez pensemos que a vida tenha nos
tratado de modo injusto: estamos doentes… ou
sozinhos… ou com medo.
Quando acreditamos que fomos maltratados,
lutamos com algumas emoções comuns: ressenti-
mento, confusão, desilusão e raiva. Sentimo-nos
magoados. Salmos 26 pode nos fazer colocar tais
emoções na balança.
O CENÁRIO (v. 1)
Pouco sabemos sobre o cenário de Salmos
26. O subtítulo antigo simplesmente diz: “Salmo
de Davi”. É óbvio que este salmo foi escrito num
momento estressante da vida de Davi, um
momento em que ele estava sendo tratado de
modo injusto. Alguns acreditam que ele foi
composto na época da revolta de Absalão; a
maioria acredita que foi escrito durante os maus
dias em que Saul perseguia Davi.
Quando Davi estava fugindo de Saul, ele
obviamente estava sendo maltratado. Ele nunca
insultou Saul; tentava ser o que Deus queria que
ele fosse, mas Saul estava cheio de inveja. Saul
passava cada momento do dia tentando matar
Davi. O salmo fala da luta de Davi para agir certo
enquanto resistia a uma situação intolerável.
Ao analisarmos como Davi lidou com tal
situação, vamos formular seis sugestões sobre
“como agir certo quando somos maltratados”.
O salmo começa com um apelo: “Faze-me
justiça, Senhor, pois tenho andado na minha in-
tegridade e confio no Senhor, sem vacilar” (v. 1).
Este apelo prepara a atmosfera em que as seis
sugestões a seguir podem ser eficazes. Se você
não entender bem o apelo do versículo 1 e a
atitude apropriada por trás dele, as seis sugestões
serão incapazes de causar impacto à sua vida.
Davi começou dizendo: “Faz-me justiça, Se-
nhor”2 . A expressão “fazer justiça” significa “exone-
rar, absolver, confirmar”. A palavra hebraica
traduzida por “fazer justiça” é significativa e
tem raízes legais. Significa “fazer um julgamento
favorável”. O quadro é de um homem piedoso
perante um juiz todo-poderoso que pode fazer o
que quiser com ele. Esse homem não tem o nível
escolar, a experiência ou as condições financeiras
para se defender adequadamente. Parado ali,
indefeso, a mercê do tribunal, ele estende os
braços ao juiz e diz: “Quero que você seja meu
1
advogado de defesa e apresente o meu caso. Que
o senhor tenha piedade de mim”.
Davi estava sendo perseguido por um rei vinga-
tivo juntamente com seu exército. Agora, ele ignora-
va o rei e lançava seu apelo a Deus. Em outras pala-
vras, ele disse: “Deus, entrego tudo em Suas mãos”.
Segundo o versículo 1, Davi sentiu-se confor-
tável em apelar a Deus por duas razões: primeira,
porque ele tentara viver uma vida que agradasse
a Deus. Ele disse: “Tenho andado na minha integ-
ridade”. Embora Davi não reivindicasse perfeição,
ele sabia que seu coração permanecia com Deus.
A segunda razão (e a mais importante) para ele
ter se sentido confortável em apelar para Deus foi
a sua fé em Deus: “confio no Senhor”. Davi estava
dizendo: “Não estou lhe pedindo para subverter
a justiça, Deus. Na verdade, tenho andado com o
Senhor. As acusações são falsas. Em vez de me
defender, deposito a minha confiança no Senhor”.
Diante de certo poder, inteligência e oportuni-
dade, é fácil buscar vingança. Só uma pessoa
especial não revida, mas “anda na integridade”
e deixa tudo nas mãos de Deus.
Davi concluiu seu apelo com duas palavras:
“…confio no Senhor, sem vacilar”. “Sem escor-
regar” seria uma tradução literal do original.
Davi estava dizendo que ele havia se agarrado
ao Senhor e continuaria agarrado a Ele, para não
se afastar dEle. Mais tarde, ele disse: “Quanto a
mim, porém, ando na minha integridade” (v. 11;
grifo meu). (Também estava implícito: “Não vou
escorregar descendo ao nível daqueles que
acreditam em vingança”.)
Muitos de vocês estão “com a corda no
pescoço”3 neste momento. Posso não saber quão
apertada está essa corda, mas sei que você está
sentindo a força. Você tentou agir certo, mas
levaram vantagem sobre você. Se quiser sobre-
viver e ser vitorioso, precisa primeiro colocar-se
nas mãos de Deus, como Davi.
Se não desenvolvermos a atitude de Davi, as
seis sugestões a seguir serão de pouco proveito
para nós. Por outro lado, coisas boas podem advir
de tempos ruins em nossas vidas e pode haver
crescimento como resultado dessas experiências,
se deixarmos o Senhor tomar conta de nossas vidas!
AS SUGESTÕES (vv. 2–12)
1. Seja Aberto e Sincero aos Olhos de Deus (v. 2)
“Examina-me, Senhor, e prova-me; sonda-
me o coração e os pensamentos” (v. 2). Três pala-
vras neste versículo nos falam da necessidade de
2
sermos abertos e sinceros aos olhos de Deus. A pri-
meira palavra é “examinar”: “Examina-me”, que
em hebraico pode significar “examinar de perto”
ou “escrutinar”. Em Salmos 139:23 Davi disse: “Son-
da-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-
me e conhece os meus pensamentos” (grifo meu).
Davi pediu que Deus investigasse seu ser interior.
Quando somos maltratados, muitas vezes
contribuímos para tal problema. Se era esse o
caso de Davi, ele queria saber. Por isso, ele abriu
seu coração a Deus.
A segunda palavra é “provar”: “prova-me”.
Os estudiosos do hebraico dizem que há uma
partícula intensiva no original. Portanto, o termo
denota um período intenso de provação e teste.
A provação revela o que está dentro do
coração de forma incomparável. Pode ser que
tenhamos armazenado sentimentos desagradáveis
e atitudes prejudiciais em lugares secretos do
coração, “varrendo-os para debaixo do tapete”,
“escondendo-os no armário”. Todavia, quando
surgem os problemas e ficamos com raiva e
desiludidos, de repente todos esses pensamentos
e atitudes saem do esconderijo. Pode ser confuso
e até surpreendente. Davi disse: “Quero saber o
estado do meu coração!”
A terceira palavra é “sondar”: “Sonda-me o
coração e os pensamentos”. A palavra hebraica
traduzida por “sondar” é encontrada trinta e duas
vezes no Antigo Testamento. Em vinte e duas dessas
ocorrências, a palavra se refere à refinaria de me-
tais preciosos, submetendo-os a extremo calor para
que as impurezas sejam queimadas ou os detritos,
removidos. Davi estava, com isto, dizendo: “Po-
nha-me à prova para que as impurezas da minha
vida sejam reveladas e (por extensão) removidas”.
Davi entendia o valor da provação — e nós
também devemos entender. Tiago 1:2–4 é uma
passagem poderosa sobre o que a provação pode
fazer conosco:
Quando todo tipo de provações e tentações sobre-
vierem às suas vidas, meus irmãos, não as conside-
rem invasoras, mas recebem-nas como amigos!
Reconheçam que elas vêm para provar a sua fé e
para produzir em vocês perseverança de quali-
dade. Permitam, porém, que o processo conti-
nue até que a perseverança seja completamente
desenvolvida, e vocês descobrirão que se tornaram
homens maduros no caráter e munidos do tipo
certo de independência (versão inglesa Phillips).
Em outras palavras, Davi estava dizendo: “Quero
ser sincero com respeito à minha situação, Deus.
Examine-me em todos os aspectos”.
2. Fique Perto de Deus (v. 3)
A seguir, Davi reconheceu que para fazer o
que ele precisava fazer, ele tinha de ficar perto de
Deus: “Pois a tua benignidade, tenho-a perante
os olhos e tenho andado na tua verdade” (v. 3).
A palavra traduzida por “benignidade”
refere-se ao amor que Deus tinha pelo Seu povo
no Antigo Testamento, através da aliança e equivale
aproximadamente à palavra do Novo Testamento
agape. Não podemos separar Deus de sua benigni-
dade. E não podemos separar a benignidade de
Deus da verdade de Deus. Davi usou as palavras
“benignidade” e “verdade” mais ou menos de
modo alternado, no versículo 3.
Quando estamos profundamente magoados,
surgem duas tentações sutis em nosso caminho.
A primeira tentação é duvidarmos do amor de
Deus. A segunda tentação é nos desviarmos para
a desobediência. Neste versículo, Davi ilustrou
como podemos lidar com essas duas tentações.
Primeiramente, para evitar a dúvida de que
Deus realmente o amava, Davi disse que ele manti-
nha a benignidade de Deus “perante os [seus]
olhos”. A figura é de algo tão precioso que é manti-
do por perto o tempo todo. Tenho um retrato de
meu neto, Seth David Honaker, na prateleira acima
do computador em que registro meus textos.
Mantenho esse retrato “perante os meus olhos”,
para que a lembrança de Seth seja sempre reno-
vada. Muitos de vocês têm retratos como esse —
na carteira ou na bolsa, na mesa ou numa parede.
Da mesma forma, Davi conservava a lembrança
da benignidade de Deus sempre “perante os [seus]
olhos” para ajudá-lo a suportar os dias maus.
Sendo assim, independentemente do que
acontecesse com Davi, ele estava decidido a andar
“na verdade [de Deus]”. Muitas vezes, quando
somos maltratados e buscamos o conselho de
amigos, eles nos dizem que temos de dar o troco.
“Eu não tolero esse tipo de coisa!”, dizem.
“Ninguém me trata desse jeito!” Tais “amigos”
são os responsáveis por muitos dos divórcios
que acontecem em nosso meio. Um amigo de
verdade nos faz lembrar qual é o conselho, a ver-
dade de Deus. Um amigo de verdade perguntaria:
“Qual é a vontade de Deus neste caso?” Um
amigo de verdade nos incentiva a andarmos na
verdade de Deus. Valorize uma pessoa assim!
3. Cuidado com as Pessoas com Quem Você
se Associa (vv. 4, 5)
O conceito de amizade introduz a terceira
sugestão: cuidado com quem você se associa
após ter sido maltratado ou sofrido uma injustiça.
Quando somos maltratados, ficamos vulneráveis.
É um momento em que Satanás pode entrar em
nossas vidas e nos influenciar a fazer coisas que
normalmente não faríamos. Reconhecendo isto,
Davi escreveu:
Não me tenho assentado com homens falsos
e com os dissimuladores não me associo.
Aborreço a súcia de malfeitores
e com os ímpios não me assento (vv. 4, 5).
Estes versículos soam um tanto rudes aos ouvidos
de um cristão, mas precisamos entendê-los dentro
de um contexto. Davi estava ilustrando o fato de
que ele havia andado em integridade e verdade.
Uma prova disso é que ele não andava no caminho
em que os inimigos de Deus andavam.
A poesia hebraica geralmente repete uma
idéia várias vezes. Para confirmar a idéia de que
ele era cuidadoso em escolher as pessoas com quem
se associava, Davi disse: “Não me tenho assenta-
do com homens falsos e com os dissimuladores
[ou seja, hipócritas] não me associo. Aborreço a
súcia [ou multidão] de malfeitores e com os
ímpios não me assento”. De fato, Davi odiava
como viviam os maus. (Davi não odiava o
pecador, mas odiava o pecado.)
Para melhor compreender o que Davi estava
dizendo, relacione isto com a situação que Davi
provavelmente estava enfrentando quando redigiu
este salmo. Enquanto Davi fugia de Saul, ele tinha
amigos que o aconselhavam a retaliar, revidar.
Por exemplo, observemos 1 Samuel 26. Saul
tornou a vida de Davi miserável durante anos.
Nesse capítulo, porém, as mesas foram viradas e
Davi teve a oportunidade de devolver o troco.
Disse Davi a Aimeleque, o heteu, e a Abisai,
filho de Zeruia, irmão de Joabe: Quem descerá
comigo a Saul, ao arraial? Respondeu Abisai:
Eu descerei contigo. Vieram, pois, Davi e Abisai,
de noite, ao povo, e eis que Saul estava deitado,
dormindo no acampamento, e a sua lança, finca-
da na terra à sua cabeceira; Abner e o povo esta-
vam deitados ao redor dele (1 Samuel 26:6, 7).
Visualize a cena mentalmente. Saul estava dormin-
do com a lança fincada no chão, perto da cabeça.
O capitão do seu exército, Abner, e todos os sol-
dados dormiam profundamente também. Abisai
viu essa situação como providência de Deus:
Então, disse Abisai a Davi: Deus te entregou,
hoje, nas mãos o teu inimigo; deixa-me, pois,
agora, encravá-lo com a lança, ao chão, de um só
golpe; não será preciso segundo (1 Samuel 26:8).
3
Observemos o conselho dado a Davi. Abisai
estava lhe dizendo: “Esta é a sua oportunidade,
Davi! Você nem precisa se responsabilizar por
esse sangue. É só abrir caminho para mim e me
deixar destruir Saul. Dê a ordem e eu o encravo
no chão com a própria lança dele!”
Sempre que alguém começa a interpretar a
providência divina e diz: “A mão do Senhor está
nisto”, a primeira coisa que precisamos fazer é
perguntar: “Isto está de acordo com a vontade de
Deus revelada?” Deus havia falado sobre o Seu
ungido e havia dado a Davi uma lição sobre
deixar as coisas nas mãos de Deus, em vez de
vingar-se. Por isso, Davi respondeu:
…Não o mates, pois quem haverá que estenda
a mão contra o ungido do Senhor e fique
inocente? Acrescentou Davi: Tão certo como
vive o Senhor, este o ferirá, ou o seu dia chegará
em que morra, ou em que, descendo à batalha,
seja morto. O Senhor me guarde de que eu
estenda a mão contra o seu ungido; agora,
porém, toma a lança que está à sua cabeceira e
a bilha da água, e vamo-nos (1 Samuel 26:9–11).
Esse foi um grande momento na vida de Davi!
Ele teve a oportunidade de revidar contra a pes-
soa que estava lhe fazendo mal, mas sua atitude
transmitiu o pensamento: “Não cabe a mim
retaliar. O Senhor cuidará de Saul. Isto é da conta
dEle”. Fico pensando: o que eu teria feito? E você,
o que teria feito no lugar de Davi?
Em 1 Coríntios 15:33 Paulo disse: “Não se dei-
xem enganar: as más companhias corrompem os
bons costumes” (NVI). Essa admoestação é impor-
tante a qualquer hora, mas é especialmente necessá-
ria quando somos maltratados. Ficamos vulnerá-
veis quando nos sentimos ofendidos. Davi tinha
um “amigo” que o incentivou a revidar, e nós tam-
bém podemos ter “amigos” como esse. Quando
somos maltratados, temos de perguntar a nós mes-
mos: “A quem estamos dando ouvido? Com quem
estamos nos associando? Estamos dando atenção
aos que nos incentivam a deixar tudo nas mãos de
Deus, ou aos que insistem para nos vingarmos?”
4. Tente Manter uma Atitude Positiva (vv. 6, 7)
Os versículos 6 a 8 constituem o coração do
salmo. Eles brilham como um farol. A atmosfera
é semelhante àquela criada por Paulo e Silas, quando
davam louvores a Deus presos numa cela, após
serem açoitados4 . Gostaria de lançar uma sugestão
com base nos versículos 6 e 7: mesmo após ter
sido maltratado, tente ao máximo manter uma
atitude positiva. Observemos as palavras de Davi:
4
Lavo as mãos na inocência
e, assim, andarei, Senhor, ao redor do teu altar,
para entoar, com voz alta, os louvores
e proclamar as tuas maravilhas todas (vv. 6, 7).
A figura que Davi usou não é familiar a nós, mas
era muito familiar aos leitores judeus de Davi. A
imagem é da adoração no tabernáculo. O sacerdote
lavava as mãos na pia antes de oferecer o sacrifí-
cio. Depois, ele andava em torno do altar de bronze
enquanto oferecia o sacrifício. Ao mesmo tempo,
do lado de fora da entrada do pátio, a congregação
erguia as vozes em louvor e ação de graças.
Davi estava dizendo: “Meu corpo pode estar
em meio a problemas e tribulações, mas a minha
alma está na presença de Deus. Por isso, proclama-
rei com voz de grãtidão e declararei todas as mara-
vilhas de Deus!” Davi disse que seus problemas
o faziam conscientizar-se de quanto ele precisava
de Deus e quanto confiava em Deus. Aprendamos
com Davi a tentar manter uma atitude positiva.
Outra forma de comunicar essa sugestão é:
“Conte as suas bênçãos”. Ainda que você tenha
sido injustiçado, sempre há algo pelo que agradecer.
A atitude de gratidão é maravilhosamente
terapêutica. Encher o coração de amargura e
raiva, só nos traz bloqueios e danos. Mas, encher
o coração de gratidão nos serve de ajuda e cura.
Quando vemos quantas coisas boas advêm dos
problemas e entendemos que Deus está operando
em nossas vidas, damos um grande salto em
direção à vitória sobre os problemas.
Uma ilustração do tipo de atitude certa encon-
tra-se em Atos 5. Os apóstolos estavam presos. Sem
dúvida, eles haviam sido maltratados: “Chamando
os apóstolos, [os líderes judeus] açoitaram-nos e,
ordenando-lhes que não falassem em o nome de
Jesus, os soltaram” (v. 40). Como os apóstolos reagi-
ram? O versículo 41 diz: “E eles se retiraram do
Sinédrio enfurecidos e amargurados, prometendo
vingança”. Será que li errado? Deixe-me tentar
novamente: “E eles se retiraram do Sinédrio, cheios
de auto-piedade, dizendo: Tentamos fazer o que
é certo e fomos açoitados por causa disso. Bem que
podíamos desistir!” Será que li errado de novo?
E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se
por terem sido considerados dignos de sofrer
afrontas por esse Nome. E todos os dias, no templo
e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de
pregar Jesus, o Cristo (vv. 41, 42; grifo meu).
Os apóstolos descobriram o lado positivo de
suas tribulações e conseguiram ficar alegres!
Quanto é preciso para tirar a sua fé do sério?
É possível que você fique a ponto de desistir por
ter sido maltratado? É fácil ficar amargurado. Mas
não é muito melhor manter uma atitude positiva
— erguendo a voz a Deus em louvor e gratidão?
5. Reúna-se Fielmente com o Povo de Deus (v. 8)
A próxima sugestão surpreenderá alguns:
quando você é maltratado e quer agir certo, não
abandone os cultos públicos de adoração.
Estar com o povo de Deus em adoração era
algo prazeroso para o coração de Davi. Já observa-
mos que a imagem de adoração no tabernáculo
foi utilizada nos versículos 6 e 7. Vejamos, agora,
o versículo 8: “Eu amo, Senhor, a habitação de tua
casa e o lugar onde tua glória assiste” (grifo meu).
Davi amava o tabernáculo, o lugar especial onde
a glória de Deus habitava. Dê uma olhada no
versículo 12: “O meu pé está firme em terreno
plano; nas congregações, bendirei o Senhor”.
Davi amava estar na assembléia do povo de
Deus, quando todos se reuniam em volta do
pátio do tabernáculo e cantavam louvores a Deus.
Em meio aos intensos problemas pessoais,
alguns se distanciam dos cultos públicos de adora-
ção, dizendo: “Preciso me retirar por um tempo
e ajeitar as coisas. Preciso ficar sozinho e pôr a
cabeça no lugar”5 . Negligenciando a assembléia
dos santos não vamos conseguir “pôr a cabeça no
lugar”; pelo contrário, tudo continuará confuso.
A maioria dos cristãos estão familiarizados com
Hebreus 10:25: “Não deixemos de congregarnos,
como é costume de alguns; antes, façamos admoes-
tações e tanto mais quanto vedes que o Dia se apro-
xima”. Esta passagem não diz para nos estimularmos
uns aos outros a freqüentarmos as reuniões; mas
sim para freqüentarmos as reuniões para sermos
estimulados. A palavra traduzida por “fazer
admoestações” é traduzida por “encorajar” na
NVI e também pode ser traduzida por “consolar,
confortar”. Deus não ordenou que nos reunísse-
mos para complicar as nossas vidas; pelo contrário,
Ele proveu essas horas de admoestação e conforto
porque Ele sabia que necessitamos delas.
Após ter sido maltratado, você precisa se
reunir com os santos. Talvez um irmão ou irmã
lhe diga algo que vai encorajá-lo. Talvez algo
dito na sala de aula ou no sermão o ajude. No
mínimo, só o fato de estar no culto de adoração
já pode mudar a perspectiva das coisas — à
medida que oramos juntos, cantamos juntos e
lembramos que Deus nos ama6 . Na congregação
dos justos, ganhamos força, somos encorajados e
estimulados a fazer o que é certo.
6. Espere em Deus com uma Confiança
Paciente (vv. 9–12)
A última sugestão é a mais difícil de todas:
quando você for maltratado, aprenda a esperar
pacientemente no Senhor com confiança no seu
coração. Quando os problemas se multiplicam,
nós ficamos impacientes. É difícil esperar com
paciência e deixar Deus agir; isto é muito difícil
mas é muito necessário!
Nos versículos 9 a 11, Davi voltou a fazer seu
apelo por justiça:
Não colhas a minha alma com a dos pecadores,
nem a minha vida com a dos homens sanguinários,
em cujas mãos há crimes
e cuja destra está cheia de subornos.
Quanto a mim, porém, ando na minha integridade;
livra-me e tem compaixão de mim.
A seguir vem uma expressão de confiança; Davi
cria que sua oração estava sendo ouvida. Disse
ele: “O meu pé está firme em terreno plano”
(v. 12a). Davi estivera no precipício, cercado por
inimigos, mas Deus o erguera. Seus pés estiveram
em terreno acidentado, e ele se sentira como que
prestes a cair. Agora seus pés estavam firmes em
terreno plano, num lugar seguro e a salvo.
Davi continuou: “nas congregações, bendirei
o Senhor” (v. 12b). Como fugitivo, ele se vira
incapaz de estar com o povo de Deus no taberná-
culo. Agora, ele estava confiante de que cantaria
novamente com a congregação dos justos.
Quando somos maltratados, é fácil perdermos
de vista várias coisas. Paramos de ser objetivos;
perdemos a visão equilibrada da situação. Pode-
mos nos sentir como que à beira de um precipício,
num terreno acidentado, prestes a cair. Quando
isso acontecer, mantenhamos a fé em Deus! Perse-
veremos na oração. Esperemos com confiança e
nos apoiemos nas promessas de Deus. Se agirmos
assim, mesmo em meio aos problemas seremos
capazes de dizer como Davi: “O meu pé está
firme, em terreno plano”!
CONCLUSÃO
Agora parece óbvio o motivo de eu ter dito,
no início desta lição, que as sugestões de Salmos
26 só terão sentido, se aprendermos a deixar as
coisas nas mãos de Deus. Essas sugestões não
podem ser seguidas sem se ter um relacionamento
correto com o Senhor. Seja aberto e sincero aos
olhos de Deus. Fique perto de Deus. Cuidado
com as pessoas com quem você se associa. Tente
5
manter uma atitude positiva. Reúna-se fielmente
com o povo de Deus. Espere em Deus com uma
confiança paciente.
Como está o seu relacionamento com o Senhor?
Para se entregar à misericórdia de Deus e dizer: “De-
fende a minha causa, Senhor; me faz justiça”, você
precisa ter um relacionamento correto com Ele.
No Novo Testamento, Jesus “defende a cau-
sa” em favor dos cristãos7 . Todavia, ele não nos
fará justiça se não tivermos submetido a nossa
vontade a Ele, obedecendo confiadamente8 .
11
Anos atrás, foram feitas várias anotações sobre um
©Copyright 2004, 2006 by A Verdade para Hoje
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
sermão radiado por Charles Swindoll. AS anotações foram
usadas como um ponto de partida nesta lição. Infelizmente,
os detalhes da lição de Swindoll não foram registrados e
não conseguimos localizar mais informações.
12
A ERC diz: “Julga-me”, o que nos faz pensar numa
investigação. Todavia, como observamos na lição, Davi
não estava pedindo uma investigação, mas uma defesa.
13
“Estar com a corda no pescoço” é uma figura de
linguagem que significa “estar sob extrema pressão”.
14
Cf. Atos 16:25.
15
“Pôr a cabeça no lugar” é uma figura de linguagem
que significa “corrigir a maneira de pensar”.
16
Se esta lição for usada num sermão dominical, refira-
se à participação da ceia do Senhor.
17
Hebreus 2:18; 4:14–16; e passagens semelhantes.
18
Mateus 7:21; João 8:24; Marcos 16:16.