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oraram por nós. À minha esposa Elisa, sem a qual eu não teria
conseguido, e também aos meus cunhados, Julio e Rosana, os
quais foram muito usados por Deus para nos ajudar nesta nova
edição.
Sumário
INTRODUÇÃO
A FIGURA FEMININA E SEU PAPEL NA IGREJA
A CURA
AMOR À PRIMEIRA VISTA
O MILAGRE
A CONSTRUÇÃO DA IGREJA
O BILHETE
A VOZ SUBLIME
DECLARAÇÃO DE AMOR
O SONHO DE ANINHA
SALVANDO UMA VIDA
CARTA DE AMOR E NOIVADO
A DECISÃO
JEJUM, ORAÇÃO E CONVERSÃO
O CASAMENTO
O DESAFIO
O EPÍLOGO
INTRODUÇÃO
Mas um dia, aos dez anos de idade, a família foi visitar a casa de
uma tia, em um bairro próximo de casa. Ao chegarem ali, avistaram
do outro lado da rua uma grande erosão, que naquela época era
conhecida pelo nome de barroca. Neste dia, Aninha foi para o fundo
brincar na água que ali corria, e seu irmão, que era mais velho que
ela, brincava na parte de cima. Em certo momento, ele deu um
salto, caindo exatamente em cima da perna esquerda de Aninha,
que a partir daquele instante não pôde mais caminhar. Em cima do
seu joelho formou-se uma bola do tamanho de uma laranja. Mesmo
que não pudesse mais caminhar, a sua mãe não permitia que ela
perdesse cultos, para tanto, tinha que carregá-la em seus braços, de
casa para a igreja e da igreja para casa, às vezes conseguia uma
carona, mas nem sempre isto acontecia. Dia nublado, reunião de
família
A mãe respondeu-lhe:
– Minha filha, para irmos à casa dele teremos que pegar ônibus, e
a mamãe não tem dinheiro para pagar o bilhete, e para irmos a pé
fica um pouco distante, querida.
E ela respondeu:
– Por favor, me segure, pois acho que vou cair. A senhora não
vai acreditar no que aconteceu: o pastor que pregou me olhou de
uma maneira que me fez quase cair, eu fiquei tão sem jeito que
voltei correndo para cá. Ele não é muito bonito, mas parece que é
sério e muito inteligente, e a senhora sabe que depois daquela
pregação tenho certeza que é um homem conhecedor da Bíblia e de
oração. A irmã Jovita, com aquele olhar meigo, cheio de amor e
ternura, disse:
– Não, não, mãe! Apenas não estou com fome, com licença
que já estou atrasada.
– A bênção, mãe.
Aninha respondeu:
– Ora, minha querida, nem tanto assim, mas já que estamos
aqui, por que não ouvir um pouquinho? Quando a senhora conta
coisas do seu passado e dos seus conhecidos é muito gostoso de
ouvir. Conhecidos é o que não lhe falta!
Tens e muitos.
Esta foi a cidade para a qual aquele casal foi enviado, mas
desprezando todas as possibilidades de fracasso, começaram o
trabalho do Senhor ali, calçados no evangelho da paz, vestidos com
a couraça da justiça e com o capacete da salvação, tomaram a
espada da palavra, e mantendo alto o escudo da fé, saíram por
aquela cidade enfrentando adversidades constantes, tais como:
“Aqui na praça pública não se pode pregar, culto ao ar livre é
proibido pelo delegado”.
– O que foi que você fez chamando este homem aqui? Não me
diga que agora você também é crente!
– Olha quem diz que sou jovem! Uma senhora que se casou
muito velha, aos quatorze anos.
E foi o que ela fez naquela noite. Ela não conseguia dormir,
rolando na cama, que apesar de ser macia, fazia com que ela
sentisse dores pelo corpo, porque o seu coraçãozinho estava
agitado, pois só tinha dezesseis anos. Levantou-se, e pondo-se de
joelhos começou a orar, orou quinze, trinta minutos, uma hora e
quando voltou a deitar-se já haviam se passado duas horas.
– Eu vou tomar muito cuidado, mas digo que o sonho que tive
nesta noite me deixou muito feliz.
– Vou sim.
– Deixe-me levar este bilhete para casa, pois a minha mãe vai
ficar muito feliz.
Quanto mais ela corria atrás daquele bilhete tão valioso, que tinha
sido o novelo na eira, mais ansiosa para alcançá-lo ela ficava.
Correndo por aquele descampado cheio de pedras e tocos de
árvores, pois haviam feito uma queimada há poucos dias, ela não
desistia. A sua saia azul marinho e sua blusa branca estavam
totalmente sujas, provocado pela poeira daquele campo.
E lendo o bilhete para sua mãe, notou que ela começou a chorar e
dizer:
– Senhor, que seja feita a Tua vontade, porque a minha filha, que
é a Tua serva, será usada na Tua obra.
Aninha não tinha mais dúvida de que com esta resposta nas mãos
tudo transcorreria de maneira extremamente maravilhosa, pois o
seu futuro estava nas mãos daquele que tudo pode. Preocupação
com hospedagem não havia, porque a prima Maria, filha da tia Inhá,
morava na cidade e elas estavam felizes, porque durante aqueles
dias dariam uma corridinha até a cidade de São João de Ivaí, onde
morava o casal de tios Epitácio e Inhá. Agora ela teria somente que
escolher os hinos, tirando o tom dos mesmos com o irmão Belizário
no violão, para assim chegar prontinha.
Maria disse:
– Que bênção! Só que agora vai aumentar o meu trabalho de
divulgação, vou ter que chamar as minhas amigas e hoje mesmo
vou à igreja Batista do bairro de cima para convidar principalmente a
coordenadora Angélica, ela é uma menina muito boazinha, por isso
faço questão que vocês se conheçam. Quem sabe apareçam alguns
convites e vocês resolvam se mudarem para cá?
Aninha disse:
– Senta aqui, você sabe que é a minha priminha querida, e,
portanto, eu não vou esconder nadinha de você.
E relatando a sua prima a conversa que havia tido com a sua mãe,
contou-lhe a respeito do famoso bilhete, que na verdade era um
convite para que ela viesse a Jandaia do Sul e participasse daquele
congresso. Maria então lhe disse:
Nesta noite, Aninha nem conseguiu falar com o pastor, mas foram
para casa felizes e contentes, porque foi verdadeiramente uma
maravilha. Apesar de ser muito tarde, Maria chamou sua prima para
a cozinha, e enquanto preparavam um café, disse:
Aninha respondeu:
Vou te dizer uma coisa, ainda bem que as luzes da igreja não
eram tão fortes, porque eu tenho certeza que com estes meus
cabelos negros, este meu rosto redondinho e os meus olhos
fechadinhos eu estava parecendo uma japonesa, eu estava tão
amarelinha, da cor de um vestidinho que tenho.
– Quero dizer-lhe que a sua voz, além de bela, tem uma unção
inexplicável, espero que não me entendas mal, mas da forma que te
ouvi nesta noite serei capaz de ouvi-la por toda a minha vida, mas
vamos ao que vim te pedir, reconhecendo que a irmã é uma jovem
de oração e que tens uma vida íntegra, alguém na cidade de Santo
André já havia me falado disso, eu gostaria que a irmã a partir de
agora começasse a orar não somente pelo louvor, mas também pela
mensagem de amanhã, para que Deus venha pela Sua grandeza
operar milagres e maravilhas.
– Minha filha, é assim que Deus faz, com esse seu rosto
resplandecente posso crer que o que ele disse para você é coisa
muito séria e boa de ouvir.
Aninha não sabia por que, mas lembrou-se da irmã Isabela, que
depois de casada passou a ser conhecida como “A MULHER DO
PASTOR”, mas foi um pensamento rápido, pois já estava quase na
hora do culto e o irmão Erivelton a esperava para darem mais uma
passadinha no hino que ela cantaria à noite. Terminando, o maestro
disse-lhe:
O que se passou naquela noite com aquele povo foi algo que
entrou para o inesquecível. Ao término do culto o jovem pastor,
totalmente molhado, pois transpirara muito, tinha os cabelos
despenteados, gravata torta, olhos vermelhos, e cheio da graça,
saiu à procura das duas irmãs, mãe e filha, até que as encontrou em
frente da igreja como se estivessem esperando por alguém. Ele,
todo sorridente, mas ainda um pouco tímido, pois assim era o seu
jeito, dirigiu-se à mãe e, cumprimentando-a, disse:
– Olha, querida irmã, eu não tenho muito jeito para o que vou fazer
agora, pois esta é a primeira vez que faço isso, mas a verdade é
que quero pedir-lhe permissão para corresponder-me com a sua
filha. Faremos isso através de carta, porque me parece que através
de pensamento nós já o estamos fazendo. Penso em sua filha
constantemente e ela pensa em mim também, acredito que ela
tenha comentado com a senhora, porque vejo que vocês, além de
mãe e filha são boas amigas.
– Ora, ora! Quem diria – disse Maria. Vou ter um primo pastor,
já estou até vendo a cara das minhas amigas quando eu disser que
tenho um primo pastor na família.
– O que é isto, minha filha? Este choro não parece ser de alegria,
parece mais ser de tristeza.
Foram cuidar dos seus afazeres, quando alguém chegou por volta
das três e meia da tarde e disse:
– Eu vim aqui chamar vocês para irem à casa da irmã
Esmeralda, porque o Ricardinho está passando muito mal.
Ricardinho era uma criança de três anos de idade, gostava muito
de Aninha, e quando chamava por ela dizia: Aná. Elas saíram
correndo em direção àquela casa que ficava a três quarteirões, e
quando lá chegaram, cansadas, depararam-se com um quadro
sombrio. Ricardinho, no colo da sua mãe, estava totalmente roxo e
com os olhos como se fossem saltar das órbitas. Então irmã
Ermelinda, dando um salto, segurou aquela criança pelas pernas,
deu um tapa nas costas e disse:
Aquele culto não teve tempo para mensagem porque a igreja ficou
em louvor e adoração. Após o término e as despedidas, Aninha e a
sua mãe dirigiram-se ao gabinete do pastor Antônio, que olhando
para as duas com aquele olhar pastoral, perguntou-lhes:
Como não poderia falar com a irmã Izabel (nome que quase
ninguém sabia, porque era somente conhecida como A MULHER
DO PASTOR) porque já era muito tarde, as duas voltaram para casa
alegres por tudo que tinha acontecido naquele dia. Elas estavam
vibrando com a aprovação do homem de Deus e comentando sobre
a decisão que ele tomou quando soube do pedido feito pelo filho do
seu amigo Sebastião. Aninha falou:
No outro dia, logo pela manhã antes de sair para a escola, Aninha
percebeu que havia um pequeno pedaço de papel com o timbre dos
correios e telégrafos, no que, ao ver o que estava escrito, voltou
correndo para dentro de casa, e entrando no quarto da sua mãe,
disse quase gritando:
Aninha assim fez. Naquela mesma tarde ela foi procurar a mulher
do pastor, e ao chegar, percebeu que havia certo movimento, pois
aconteceria naquele dia uma reunião de pastores, que logo após o
almoço começaram a se retirar. Aninha aproveitou a ocasião, e indo
para a cozinha, começou a lavar toda a louça com alegria e boa
vontade. Enquanto as duas trabalhavam juntas na arrumação
daquela casa, que por sinal era enorme, pois a sala de jantar de
casa de pastor é sempre muito grande, as duas se puseram a
conversar a respeito dos últimos acontecimentos, os quais incluíam
tudo que se passou no congresso de Jandaia do Sul e também o
interesse do pastor Eustáquio em corresponder-se com ela.
Irmã Izabel já sabia por que o pastor Antônio havia chegado todo
contente na noite anterior, esfregando as mãos e cantarolando. Ela
imaginou que havia acontecido algo de muito bom quando ele lhe
disse:
Naqueles dias que antecederam a viagem, ele foi muito usado por
Deus nas pregações de todas as igrejas que visitou. Vinte e seis de
outubro, às oito da noite, embarcava naquele ônibus em direção a
São Paulo um homem cheio da graça, do conhecimento e muito
amor. Amor esse dedicado àquela jovem, cuja voz nunca mais saiu
da sua memória. Ao chegar à rodoviária após uma longa noite sem
dormir, lá estava o pastor Antônio esperando com um abraço de
bem-vindo e com aquele ar paterno.
O que não foi muito difícil, pois o pastor Antônio estava muito
entusiasmado com todos aqueles acontecimentos. Chegando à
casa da irmã Ermelinda, após dirigirem uma oração a Deus, pastor
Eustáquio pediu permissão para falar. Olhando para Aninha, que
estava sentada do outro lado da sala, chamou-a e disse:
A casa já estava cheia de tios e tias: Tia Mariana, tia Maria, tio
Raimundo e também os primos, era uma verdadeira festa.
Sentaram-se ao redor daquela mesa, e Eustáquio, quando viu todo
aquele povo, não percebeu, mas ficou vermelho como um tomate
maduro e dizia dentro de si:
- Queridos, fui convidado por este amado pastor para pregar aqui
nesta abençoada igreja, no convite ele me dizia: “Meu querido
irmão, venha trazer uma mensagem da parte de Deus para
abençoar a nossa igreja”, mas me parece que depois de ouvir essa
jovem cantar senti que algo havia acontecido. Se eu abençoei a
igreja foi pela graça, mas o grande abençoado naquela noite fui eu,
por isso, com a aprovação de Deus e dos pastores Sebastião, meu
pai, e meu amigo Pastor Antônio, tomei a decisão de vir até esta
casa e com a aprovação da irmã Ermelinda dirigir-me a você,
Aninha, para dizer-te:
Aninha, por sua vez, ficou pensando como é difícil realizar sonhos
que não são os de Deus, porque ao invés de advogada ilustre ela
acabara de ser escolhida para ser um instrumento útil, um vaso de
honra na obra do Senhor, mas para tal, ela teria simplesmente de
começar como “A MULHER DO PASTOR”. Então foi pedir a opinião
da sua mãe, no sentido de saber como poderia agir. A mãe, crente e
muito decidida, disse-lhe:
– Minha filha, saiba que eu não poderei ir com você desta vez,
mas o Senhor irá contigo, te guardando e dirigindo todos os teus
passos. Mas como uma jovem não deve se encontrar a sós com o
seu noivo, o Valcir irá com você, tenho certeza que com o cuidado
que ele tem fico com peninha do pastor Eustáquio, pois ele vai ter
que pedir licença até para sorrir.
Aninha respondeu:
O jovem respondeu:
– Pode vir! Tenho certeza que até o final do culto a sua roupa
vai ficar totalmente seca.
– Assim será, meu filho, pois estou muito feliz por você. Esta
jovem realmente tem um belo testemunho, eu e a sua mãe vamos
nos preparar e na próxima semana iremos falar com a sua futura
sogra.
Chegaram a Arapongas por volta das seis e meia, indo direto para
a igreja, mas que grande surpresa, encontrou o maestro Erivelton, e
como não poderia deixar de ser, foram logo ensaiar. A partir daquele
momento já se podia notar que algo diferente aconteceria naquele
culto, pois o ensaio terminou com glória a Deus e aleluia e com
muitas lágrimas de alegria espiritual. E foi realmente o que
aconteceu, o último crente a sair do culto foi o irmão Evilazio, que
era o porteiro da igreja, e já passava de meia noite. Foi um
tremendo trabalho, cheio de emoções.
– Você veio a esta casa no dia de hoje para ser uma bênção.
Foi quando ela percebeu que era uma menina que montava
aquele cavalo. Sentando-se em uma pedra, Aninha esperou que a
nossa amazona chegasse até perto dela. Para sua surpresa, ela
notou que não a conhecia. A menina, muito tímida, descendo do
cavalo dirigiu-se para Aninha, e cumprimentando-a, disse:
Quarto esse que para chegar a ele as pessoas tinham que passar
por uma sala na qual havia algumas imagens que dona Rosária
conservava, pois elas tinham vindo de um recanto remoto da
Alemanha. Algumas pinturas espalhadas pela parede mostravam
uma espécie de rituais, que nem mesmo dona Rosária sabia
explicar. Quando Aninha entrou naquela sala, sentiu um cheiro
terrível de chiqueiro e ouvia barulho de porcos, vindo de imediato à
sua mente o sonho que ela tinha tido na noite anterior.
Foi quando ela viu que aquela luz brilhou mais intensamente sobre
o rosto da jovem, e sentindo em suas mãos que aqueles cabelos
cresciam, ela viu aquele tumor desaparecer e seu rosto lindo ficar
com uma pele brilhante e sedosa. As duas gritando glória a Deus e
aleluia, pulando e saltando de alegria, passaram por aquela sala
que antes era misteriosa e que agora tinha um aroma que parecia
que todas as janelas estavam abertas e o jardim havia se mudado
para dentro dela. Este foi o ambiente que elas atravessaram quando
foram para a sala principal onde estava a família reunida orando.
Uns oravam, outros cantavam, uns choravam, outros sorriam, era
um ambiente de muita festa naquela sala, quando elas entraram e
foram vistas pelos demais, “A MULHER DO PASTOR’’, que havia
visto Ednéia nascer, ao vê-la linda daquela maneira com aquele
brilho intenso nos olhos caiu ao solo como que arrebatada e lá ficou.
O pastor Sebastião e a família que pensaram naquela manhã:
“Bem, após esta visita voltaremos para casa e iremos jantar no
boiadeiro”, que era considerado um dos maiores restaurantes de
Londrina, chegaram em casa de madrugada, e a festa na casa do
fazendeiro Ozório foi muito grande. Ao chegarem em casa, após o
banho, cada um foi para os seus aposentos. Pastor Eustáquio, que
não se aguentava de tanta alegria, colocando a boca no pó disse:
– Tenho certeza de que esta noite você vai louvar como nunca,
eu sinto algo diferente neste lugar.
Logo em seguida os dois saíram para o canto da sala e
começaram a ensaiar, e naquele ambiente extremamente espiritual
Aninha cantava: “há um vaso transbordando, e é o meu...”.
– Só o Senhor é Deus.
O culto nesta noite terminou por volta das onze horas e trinta
minutos, e mesmo assim dezenove pessoas foram para o escritório
dar seus nomes e endereços, pois seriam visitados durante a
semana. A despedida nesta noite foi muito rápida, porque todos
estavam cansados. Aninha ao chegar em casa nem parou para
conversar à beira do fogão, indo direto para a cama pelo fato de que
viajaria naquela segunda-feira à noite. Disse a si mesma:
Mas qual não foi a sua surpresa quando às seis horas da manhã
um grupo de irmãos, entre os quais estavam alguns dos novos
convertidos, fizeram um verdadeiro desfile em direção à casa do
pastor Sebastião. Ao chegarem naquele grande quintal dizendo que
eles estavam ali para se despedirem daquela irmã tão abençoada,
fizeram um verdadeiro culto em ação de graças, que só terminou
quando Aninha, ainda com a carinha de sono, mas muito alegre,
veio e participou daquele momento tão especial. Pastor Eustáquio,
levantando-se, foi até o grupo trazendo a sua Bíblia e fez uma
verdadeira pregação sobre a mulher virtuosa. Logo em seguida,
despediram-se de Aninha. Muitos abraços, muitas lágrimas, e todos
em uma só voz disseram: “até breve”.
– Como foi lá? Conta-nos tudo, não escondas nada, como foi a
recepção?
– O que é isto, meu filho? Isso é coisa natural, isso não é assunto
para estarmos conversando, principalmente entre crentes.
Mas como sempre, este assunto parecia ser tabu. À noite havia
culto dos jovens e o novo casal não tinha intenção nenhuma de
perdê-lo. O culto foi uma bênção, pastor Eustáquio deu uma palavra
e Aninha cantou. Nesta mesma noite ela começou a dar conta de
que estava perdendo sua identidade, pois uma irmã que estava
visitando a igreja ficou tão encantada com a voz daquela jovem que
perguntou a sua companheira de banco: Como é o nome dela? A
irmã respondeu: “Ela é “A Mulher do Pastor” Eustáquio”.
Terminou o culto, voltaram para casa, e a impressão que se tinha
é que o culto ia continuar, tamanha era a alegria que invadia o lar da
irmã Ermelinda. Preparam a cama do casal, mas como a casa era
pequena e havia muita gente, eles tiveram que dormir bem
quietinhos, mesmo com o pastor Eustáquio desejando-a, porém ela
se sentiu muito aliviada por não fazer nada.
Aninha ficou um pouco intrigada, mas como foi a sua amiga que
lhe falou assim, em um tom como se estivesse dando-lhe uma
ordem, ela humildemente disse:
– Pode começar.
– Você quer mesmo saber tudo? Sim, muito bem, então eu vou
falar.
– Bem, minha querida, vai começar por aí, isto significa que
vocês se beijaram com as bocas fechadas.
O culto foi uma bênção, quando Aninha foi chamada para cantar,
notou-se que ela estava diferente, não havia mais aquela nuvem de
tristeza e a sua voz melodiosa e ungida movia o coração dos
irmãos. Oito almas se renderam aos pés do Senhor naquela noite.
– Quero te falar.
E assim foi feito. Foram direto para casa do Pr. Sebastião, todos
estavam felizes com a chegada deles. Houve cumprimentos e
oração. Em seguida foram descansar um pouco porque à noite eles
teriam compromisso.
Terça-feira nas Assembleias de Deus, em todas que havia naquele
tempo, era o dia do já famoso culto de doutrina. Isso significa que
neste culto a leitura bíblica já vinha preparada abaixo de muita
oração, porque o temor dos pastores era muito grande, procurando
trazer sempre uma mensagem vinda do trono de Deus, que além da
orientação, servia como meio de acertarem algumas coisas com
referência ao cumprimento da doutrina e ao procedimento cristão, o
que significa que quando alguém tropeçava a terça-feira era o dia do
tratamento, que de acordo com o tropeço poderia dar suspensão de
trinta dias a seis meses ou até a exclusão, portanto, era um culto em
que as pessoas enchiam as igrejas com quase cinquenta por cento
de curiosos para saber os acontecimentos. Mas como foi mostrado
a Elias, sete mil não haviam dobrado seus joelhos a Baal; nestes
cultos havia os verdadeiros fiéis, que após jejuarem e orarem,
chegavam à igreja cheios da graça, o que transformava estes cultos
de visões, profecias e revelações. Era um trabalho que trazia muita
alegria e também temor, mas naquela noite a reunião se
transformou em um culto de ação de graças. Foi tão lindo e
maravilhoso que deu-se a cura do irmão Ednaldo, que há quinze
anos não conseguia caminhar direito. O irmão Ednaldo tinha a perna
direita um pouco mais curta, e apesar de não ser um crente
fervoroso a ponto de sentar-se em todos os cultos, estando perto da
porta de saída atravessou a igreja correndo, e jogando-se perante o
púlpito, gritou:
Eustáquio pensava:
Dali mesmo eles foram para a igreja para dar início à reforma que
tão humildemente ela estava precisando. Naquele mesmo dia,
enquanto trabalhava arduamente, Aninha compunha um
maravilhoso hino que dizia: “Estou sentindo que o Senhor está
querendo que eu vá à seara trabalhar, por isso os irmãos continuem
a orar para o Senhor me abençoar”.
– Ermenegildo.
– Pronto, patrão!
– O que vocês vão fazer comigo? Vocês sabem muito bem quem
sou eu, vou excomungar vocês e as suas famílias. Se me fizerem
mal vocês nunca mais vão ter paz e nem saúde.
O capanga Tião se afastou um pouco, demonstrando um certo
medo, mas Rosemiro, um caboclo criado em uma fazenda indígena,
dando-lhe um tapa no rosto, disse:
– Pastor, eu estou aqui para o senhor orar por mim, pois esta noite
eu quase matei um padre e a minha cabeça está muito confusa,
principalmente com esse negócio de religião.
E abrindo a sua Bíblia, leu João 3:16, que diz: “E Deus amou o
mundo de tal maneira, que deu seu filho unigênito para que todos
que nele creem não pereçam, mas tenham a vida eterna”. E
explicando-lhe este versículo, disse:
O pastor, abraçando-o, ficou com ele ali por mais de duas horas.
Na saída o fazendeiro parou e disse:
No outro dia o padre foi levado para Curitiba, de onde nunca mais
voltou. Toda a família do fazendeiro entregou suas vidas para Jesus,
inclusive o capataz e os dois capangas, isto quer dizer que na
semana em que eles foram maltratados e perseguidos pelo amor do
evangelho ficou provado que depois da tempestade vem a bonança,
pois a igreja depois desta grande luta passou de onze para vinte e
oito congregados.
Então era hora de muita oração, muito trabalho, tal como visitas,
discipulado, etc., mas vamos voltar um pouco ao desfecho da
história do padre Gregório.
Quando correu a notícia do que havia acontecido com a filha do
fazendeiro, um grupo de mais ou menos cinquenta pessoas, dirigiu-
se à casa paroquial e com muita fúria começaram a destruir tudo.
Deixaram aquela casa bem pior do que fora feito com a igreja, até
os cachorros, que eram tão bravos desapareceram, ninguém nunca
mais ouviu falar.
– Vamos lá então.
Eles ficaram por ali por mais algum tempo. Foi servido um café
com broa de milho e mandioca cozida. Quando eram mais ou
menos dez e meia da noite, fizeram uma oração de despedida e o
pastor Eustáquio, perguntou ao fazendeiro se queria aceitar Jesus,
e ele respondeu que sim. Terminando a oração de entrega e feita a
despedida, o casal voltou para a cidade. Os irmãos se retiraram
cada um para as suas casas naquela noite.
Aninha ficava muito tempo sem ver a sua mãe, chegando a fazer
anos. Até que a irmã Ermelinda decidiu ir morar com ela, pois as
crianças já se tornavam adolescentes e sua filha precisava de ajuda;
agora eram duas aos pés do Senhor. O tempo corria, a igreja ia
crescendo e congregações sendo abertas. Irmã Ermelinda se
esmerava no cuidado com os netos e a MULHER DO PASTOR
ajudava o esposo nesta obra tão grande que é do Senhor.
– Vai ser uma longa viagem que não vou necessitar desta roupa,
mas para sair desta casa vou precisar cobrir este corpo cansado.
– Oh! Mamãe, a senhora deve ter tido algum sonho para dizer
isso, mas não é hoje ainda.
– Lica, traga a Bíblia aqui, minha querida. Quero ouvir o que Deus
quer falar comigo agora.
– Quem morreu?
A resposta foi imediata:
FIM
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