Estamos no capítulo 27/66, na terceira parte do livro de
Isaías, na subparte “B”. Como temos dito, a época corresponde ao período entre 740 a.C e 686 a.C que se encontra detalhada em II Re 15:1 a 20:21, envolvendo os públicos de Israel e Judá. Parte III – A RESPOSTA DE ISAÍAS AO JULGAMENTO ASSÍRIO – 7:1 – 39:8. B. Levante internacional durante o julgamento assírio – 13:1 a 27:13. 2. O objetivo do levante internacional – 24:1 ao 27:13 Como havíamos dito, os capítulos 24 ao 27 - "Pequeno Apocalipse" de Isaías - fornecem um retrato em larga escala de como Deus vai lidar com o mundo atribulado no qual vive o seu povo. Esses capítulos resumem e combinam as descrições dos capítulos anteriores num retrato de grande significado cósmico do amplo julgamento assírio (13:1 - 23:18). Nós também dividimos essa subparte “2” em quatro: a. O profeta prediz que o julgamento é o caminho para a alegria do povo de Deus (24.1-23) – já vista. b. O profeta oferece o seu próprio cântico de louvor a Deus pela sua fidelidade (25.1-8) – já vista. c. O profeta fala da intervenção na História (25:9 – 26:8) – já vimos. d. O profeta prediz o tempo de espera e o resultado final dos grandes julgamentos e bênçãos de Deus na terra (26:9 – 27:13) – concluiremos agora. d. O profeta prediz o tempo de espera e o resultado final dos grandes julgamentos e bênçãos de Deus na terra (26:9 – 27:13) - continuação. Como já dissemos, esperar não é nada fácil, mas em Deus devemos esperar pelo futuro e anunciar isso às nações enquanto ainda é dia e o arrependimento é possível. Dos versos 9, do capítulo 26, até 27.13, estamos vendo essa espera pelo futuro. Tendo descrito as festas que acontecerão depois do julgamento e a salvação terem finalmente chegado, Isaías se volta para o problema do período de espera que o povo de Deus terá de suportar. O profeta mais uma vez descreve aquilo pelo que ele e o povo de Deus estavam esperando e que na verdade também é o que estamos esperando em Cristo Jesus, nós os que já estamos com Cristo por sua pura graça e misericórdia, uma vez que fomos alcançados pela pregação da palavra de Deus: A destruição do poder do mal (vs. 1). Todo mal será extirpado da face da terra e nunca mais se ouvirá dele em todos os tempos e tempos. Não nos inclinaremos mais para ele, nem seremos mais tentados. A renovação do povo de Deus (vs. 2-6). A terra geme e aguarda com expectativa a redenção dos filhos de Deus onde tudo será renovado, não somente as pessoas, mas a própria natureza. A redenção por meio do julgamento (vs. 7-13). Os justos em Cristo Jesus, justificados por ele, receberão a redenção e em consequência os ímpios, os que não aceitaram a Cristo, a condenação. O Antigo Testamento faz uso de imagens para caracterizar as forças demoníacas por trás dos poderes políticos opressivos (30:6-7; 51:9; Jó 3:8; 41:1; Sl 8:4; 74:14; Ap 12:7-10); aqui representados por leviatã, a serpente veloz e tortuosa e o dragão que está no mar das nações. O cântico da vinha se coloca em forte contraste com a parábola de 5:1-7. Para outras ilustrações sobre a videira e a vinha, consultar 3:14; 5:1; 61:5, 65:21. A parábola da vinha de 5:1-7 é, como já dissemos, uma bela ilustração da vinha do Senhor na qual Deus desejou e esperou que desse frutos bons, mas que na verdade produziram frutos maus. Isaías cantou sobre as maneiras como Judá se rebelara contra Deus, usando as imagens de uma vinha e de um agricultor (veja Mt 21:33-44; Jo 15:1- 6). Tudo foi feito a favor da vinha para que sarasse e produzisse o esperado. Com grande atenção, Deus tinha preparado e estabelecido o seu povo para as gerações que se seguiriam, mas de nada adiantou os esforços e aplicação de recursos. No entanto, essas imagens – vs. 2 - da torre, de uvas boas, reforçam a expectativa de que a redenção do povo de Deus resultará em colheita abundante em Cristo Jesus. O que faria, então, o dono da vinha? Então veio a palavra de julgamento de que ali se tornaria algo terrível e a vinha serviria de pasto, onde seria pisada e depois tornada em deserto. Não mais seria podada, nem sachada, antes nela cresceriam espinheiros e abrolhos, sementes essas que representam a maldição de Deus (7:23-25; 9:18; 10:17; 27:4; 32:13). Depois do julgamento de Deus, o remanescente restaurado responderia à graça de Deus. O Senhor cuidaria do seu povo e supriria, de dia e de noite, todas as necessidades da nação restaurada, inclusive protegeria a vinha de intrusos indesejáveis. Deus receberia alegremente todo aquele que desejasse se reconciliar com ele (9:6; 11:1-16; 26:3). A renovação do povo de Deus (vs. 2-6). A nação restaurada depois da opressão e do exílio produziria o fruto da justiça e da alegria. Também em Cristo Jesus se espera que a igreja produza frutos para a glória de Deus. A igreja é constituída de indivíduos que juntos formam a família de Cristo e individualmente são a igreja representativa do reino de Deus na terra. Somos como embaixadores de Cristo, pertencentes a uma nação celestial cujo território é fincado aqui na terra, em toda a sua extensão. O povo de Deus cumpriria o seu propósito: espalhar o reino de Deus por todas as nações (26:17-19). Assim também a igreja deve levar a palavra da salvação para todos os povos. Obviamente que será salvação para aqueles que Deus irá salvar e juízo para aqueles que escolheram a rejeição do Senhor. A redenção por meio do julgamento (vs. 7-13). Isaías explica que a opressão e o exílio do povo de Deus não eram simplesmente para julgamento, mas também para renovação e salvação. Embora externamente parecesse que Deus tratava o seu povo da mesma maneira como fazia com as outras nações, sujeitando-as ao julgamento assírio, o seu propósito para o seu povo era bastante diferente do propósito que tinha para as outras nações. Não porque a nação fosse especial, mas por pura escolha soberana de sua vontade que coincidia justamente com a escolha das nações a favor ou contra Deus. O vento oriental que carregava o pó e o grande calor do deserto representava a severidade do julgamento decretado sobre o povo de Deus por meio de desterro e do exílio. Os severos julgamentos contra o povo de Deus eram os meios pelos quais a nação poderia ser restaurada (40.2). Esse processo temporário de expiação antecipava a expiação eterna realizada quando Deus castigou Jesus em favor do seu povo. Seja grãos por agitação (Rt 2,17) ou azeitonas ao se bater os ramos (Dt 24.20). O território de Canaã concedido por promessa a Abraão (Gn 15.18) está aqui profundamente associado com o jardim primevo do Éden (veja Gn 2.10- 14). Deus prometeu restaurar o seu povo com cuidado meticuloso e individual. Representantes daqueles que foram levados ao exílio seriam levados de volta à Terra Prometida. O cumprimento dessa expectativa começou no Antigo Testamento com a reunião das tribos depois do exílio (I Cr 9:1-34). O estágio final dessa reunião: Começou no dia de Pentecostes (At 2). Continua por meio do ministério do evangelho hoje. Será por fim completado na volta de Cristo. O chamado do santo exército de Deus para o ataque contra os inimigos, os assírios (13:1 – 14:32) se dando por trombetas. No momento oportuno, essa promessa será por fim cumprida quando Cristo voltar em glória (veja I Co 15:42; I Ts 4:16). Essa referência, aos que andavam perdidos pela terra da Assíria, demonstra que o profeta tinha em mente em primeiro lugar o julgamento assírio. A lista completa de julgamentos e bênçãos mencionada aqui, porém, não acontecerá até que Cristo volte. Essa promessa de adoração revivida em Jerusalém foi cumprida em parte quando Zorobabel completou o templo (Ed 6.13-18). Is 27:1 Naquele dia o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, serpente veloz, e o leviatã, a serpente tortuosa, e matará o dragão, que está no mar. Is 27:2 Naquele dia haverá uma vinha de vinho tinto; cantai-lhe. Is 27:3 Eu, o SENHOR, a guardo, e cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia a guardarei. Is 27:4 Não há indignação em mim. Quem me poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Is 27:5 Ou que se apodere da minha força, e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo. Is 27:6 Dias virão em que Jacó lançará raízes, e florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto a face do mundo. Is 27:7 Feriu-o como feriu aos que o feriram? Ou matou-o, assim como matou aos que foram mortos por ele? Is 27:8 Com medida contendeste com ela, quando a rejeitaste, quando a tirou com o seu vento forte, no tempo do vento leste. Is 27:9 Por isso se expiará a iniquidade de Jacó, e este será todo o fruto de se haver tirado seu pecado; quando ele fizer a todas as pedras do altar como pedras de cal feitas em pedaços, então os bosques e as imagens não poderão ficar em pé. Is 27:10 Porque a cidade fortificada ficará solitária, será uma habitação rejeitada e abandonada como um deserto; ali pastarão os bezerros, e ali se deitarão, e devorarão os seus ramos. Is 27:11 Quando os seus ramos se secarem, serão quebrados, e vindo as mulheres, os acenderão, porque este povo não é povo de entendimento, assim aquele que o fez não se compadecerá dele, e aquele que o formou não lhe mostrará nenhum favor. Is 27:12 E será naquele dia que o SENHOR debulhará seus cereais desde as correntes do rio, até ao rio do Egito; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um. Is 27:13 E será naquele dia que se tocará uma grande trombeta, e os que andavam perdidos pela terra da Assíria, e os que foram desterrados para a terra do Egito, tornarão a vir, e adorarão ao SENHOR no monte santo em Jerusalém. Conclui , nos mostrando que o ministério terreno de Jesus em Jerusalém: Começou a levar o cumprimento aos seus estágios finais (Jo 2.13-22; Jo 1.14). Continua hoje em Cristo, que está na Jerusalém que é lá de cima (GI 4.26). Alcançará a plena realização na segunda volta de Cristo (Ap 21.2-3). A Deus toda glória!