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Por José Ildo Swartele de Mello Árdua tarefa interpretar corretamente as profecias bíblicas. Há muita controvérsia a respeito. Alguns princípios simples de hermenêutica são indispensáveis. 1. reconhecer o contexto em que as profecias foram proferidas, 2. Permitir que a Bíblia interprete a própria Bíblia, levando seriamente em consideração as intepretações que Cristo e seus Apóstolos deram as profecias do Antigo Testamento, e 3. Levar em consideração as características peculiares da linguagem profética. Então, vamos lá!
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Zacarias é contemporâneo do profeta Ageu, profetizou entre 520 e 518 a.C., época da reconstrução do templo, que havia sido destruído em 586 a.C. pelo exército de Nabucodonosor. Tal destruição se deu por conta do juízo de Deus contra a infidelidade do povo Judeu à Aliança. O profeta Daniel, décadas antes, estava com seu povo no exílio babilônico. Ele estava estudando as profecias de Jeremias que previam que o exílio duraria 70 anos (Dn 9.2). Visto que o prazo dos 70 anos de exílio estava se cumprindo, Daniel, consciente de que o exílio havia sido uma punição de Deus por causa dos pecados de Israel, começa a interceder pedindo perdão a Deus em nome do seu povo, na esperança de que o castigo de Israel estivesse para acabar com o final dos 70 anos de cativeiro. A oração de Daniel é ouvida (Dn 9.20-23). Mas, para sua surpresa, ele recebe uma visão de que 70 Semanas estavam determinadas para a realização de seis benefícios favoráveis a Israel que se realizariam na pessoa do tão esperado Ungido ou Messias. Em Daniel 9.24, temos os seis propósitos da visão das 70 Semanas: 1. Para fazer cessar a transgressão; 2. Para dar fim aos pecados; 3. Para expiar a iniquidade; 4. Para trazer a justiça eterna; 5. Para selar a visão e a profecia; e 6. Para ungir o Santo dos Santos. Todas as correntes teológicas concordam que 70 semanas equivalem a 490 anos, entendendo que cada dia da semana correspondem a um ano (Gn 29:27; Lv 25:8; Nm 14:34; Ez 4:4-6). As 70 Semanas estão dividas em três períodos (v.25): 1. Sete Semanas (7x7=49 anos) de reedificação; Seguidas por: 2. Sessenta e duas semanas (62x7=434 anos); seguida do terceiro e último período: 3. Uma semana (1x7=7 anos) - O v. 26 diz que “após” as sessenta e duas semanas, ou seja, já dentro da última semana, será assassinado o ungido. E, em decorrência da morte do ungido, ocorreria a destruição de Jerusalém e do templo por um povo de um príncipe que haveria de vir (Dn 9.26); período em que surge o assolador (v.27); Por fim, a visão de Daniel termina com o assolador recebendo o merecido juízo de Deus. 457 A.C. foi o ano em que o rei Artaxerxes decretou que os judeus podiam retornar a Jerusalém para reconstruir a cidade e o Templo (Ed 7:12-26). Se contarmos 483 anos
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a partir dessa data, chegaremos ao ano 26 d.C. Sabemos que Jesus nasceu no ano 4 a.C., então, ele tinha 30 anos em 26 D.C., ocasião em que foi batizado e iniciou seu ministério terreno. Três anos e meio depois, Jesus foi crucificado. Em termos proféticos, tamanha precisão, embora não necessária, é realmente impressionante! É também dito que o Messias “fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício” (Dn 9.26–27). Ao fim desses três anos e meio, Jesus deu a Sua vida em uma Cruz. Sabemos que Jesus estabeleceu a Nova Aliança por meio do seu sangue derramado na cruz. Ele disse: “Este é o cálice da nova aliança no Meu sangue” (1Co 11:24-25). Com sua morte, Jesus tornou-se o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, pondo assim fim ao sacrifício e as ofertas de manjares, que eram sombras da realidade que nele encontram plena realização (Hb 8 e 9). Três anos e meio após a morte de Cristo, tivemos a morte do primeiro mártir cristão, Estevão (At 7:59-60). Lucas fez questão de registrar que o próprio sumo sacerdote estave presente, liderando o grupo de religiosos judeus que rejeitou o Evangelho de Cristo pregado por Estevão e o condenou a morte (At 7:1). A morte de Estevão é um verdadeiro marco, pois, a partir daí, temos a conversão de Saulo que será levantado como Apóstolo aos Gentios (At 9:1-6; 26:15-18). Na sequência, Deus desperta Pedro para a evangelização dos gentios! (At 10). As setenta semanas de favor de Deus para com Israel encerraram-se aí. “Então, Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Cumpria que a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto que a rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos volvemos para os gentios. Porque o Senhor assim no-lo determinou: Eu te constituí para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até aos confins da terra. (At 13.46–47). Jesus afirmou que após a Destruição de Jerusalém, a cidade seria pisada pelos gentios até que o tempo deles se completasse (Lc 21.24). Portanto, a destruição de Jerusalém não representa o fim desta era presente. A era da Igreja chegou! De Jerusalém a Igreja se espalhou para todas as nações! É o tempo da missão de fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20) para que "os tempos dos gentios se completem" (Lc 21.24). Paulo a isto se referia quando disse "que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo" (Rm 11.25–26). O Apocalipse revela uma visão gloriosa do Israel de Deus pleno como "grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos (Ap 7.9). Aí, então, Cristo voltará e se cumprirá esta outra magnifica visão de Daniel: "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído." (Dn 7.13–14). Repare que a profecia de Zacarias também fala do Messias que entraria em Jerusalém, seria ferido e abandonado, mostrando, na sequencia, um novo juízo de Deus contra a cidade de Jerusalém. Portanto, ambos descrevem o mesmo cenário futuro. Um texto lança luz sobre o outro texto. E mais luz ainda teremos ao examinarmos como Jesus e seus Apóstolos interpretaram tais profecias.
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Importante notar como as profecias de Zacarias são interpretadas no Novo Testamento. Sua profecia aborda temas importantes como a vinda do Messias (Zc 9.9 cp. Jo 12.15), o sangue da Aliança (Zc 9.11 cp. Mt 26.27 e 1Co 11.25), que o Messias seria vendido por 30 moedas de prata (Zc 11.12-13 cp. Mt 27.9-10), que seria ferido e abandonado (Zc 13.7; cp. Mc 14.27), o que desencadearia novo terrível juízo sobre o povo judeu e a cidade de Jerusalém que seria novamente destruída (Zc 14.1–2; cp. Lucas 21.20–24 e Mc 13.14-20), descreve o livramento dado aos fiéis do seu povo (Zc 14.5; cp Lc 21.20.24), revela o juízo final contra as nações impenitentes que se levantam contra o povo de Deus (Zc 14.12; cp. Ap 19:15-18), e fala também da restauração de Jerusalém e da plenitude de vida, paz e segurança do Reino de Deus (Zc 14.8 cp. Jo 7.38 e Ap 22.1; Zc 14.9 cp. Ap 11.15; Zc 14.10 cp. Ap 21.1-3; Zc 14.11 cp. Ap 21.10-11 e 22.3; Zc 14.12; Zc 14.16 cp Ap 21.24-26). Segue tabela que descreve como o Novo Testamento interpretou as profecias de Zacarias com a esperança de que isto lhe a ajude a interpretar adequadamente tais profecias, em especial, o último capítulo do livro.
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