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Beijei um Demônio no Carnaval (é inacreditável mas é sério)

Olá Ana, olá Mateus, me chamo Cleo, mas pode me chamar de Fulana, sou nordestina,
cearense, mas atualmente moro no Rio Grande do Sul, no meu apartamento com meus cinco
gatos, em uma cidade satélite de Porto Alegre, pois vim terminar minha faculdade de direito
na PUCRS.

Não se preocupe, pois todos os nomes estarão trocados.

Bem, isso aconteceu no carnaval de 2017, eu estava solteira e fui curtir com amigas da
faculdade, do colégio e de infância o famoso “Bloco dos peões” em Fortaleza, pois sempre
gostei de apresentar meus amigos e de sair em turmas grandes, pois afinal eu sou do tipo que
seleciono muito bem com quem eu ando, então os poucos amigos que faço, como sei que são
pessoas maravilhosas, apresento, para que essas pessoas incríveis conheçam outras pessoas
incríveis, e pra que a gente tenha essas turmas grandes pra festar. Mas é claro que esses
amigos levaram namorados, namoradas, amigos das suas faculdades e amigos de amigos, e
claro sem problemas, como Fortaleza é uma cidade super violenta, quanto mais gente pra
espantar os ladrões, melhor!

Bem, todos dançamos funk, forró, eu é claro, completamente sem jeito, porque eu sou
rockeira Ana, inclusive fiz cover dos Cranberries por anos, então não tenho muita afinidade
com esses ritmos, daí quando tento dançar funk fico parecendo uma capivara pulando, mas
azar, eu tava ali pra me divertir, não para mostrar minhas “super habilidades de dança”. Como
em todo bloquinho, é claro que rolou bebida, mas Ana, eu sou muito fraquinha, então passo
longe de encher a cara, pois não gosto de dar trabalho pros outros, dar o temido PT (que acaba
com o rolê da galera) e precisar que alguém me leve de carro pra casa. E drogas Ana, sempre
odiei, vi de perto o que aconteceu com amigos e ex namorados no meio da música, e eu só
quero distância!

Mas é claro, pra não deixar passar em branco, fiquei tomando uns golinhos da Budwiser do
Pink, que era um amigo com quem tinha uma amizade super colorida na época, e me
hidratando bastante com água, que lá pelas tantas acabou, então a Mila pediu para que eu
fosse em uma vendinha comprar mais uma garrafinha de água com gás, que nós duas
amávamos. Eu concordei, peguei umas moedinhas com ela, tirei umas da minha bolsa e fui. Já
na entradinha da venda, avistei um rapaz encostado em um carro branco que estava
estacionado bem na entrada do mercadinho, e ele, o rapaz, me chamou a atenção de cara,
pois ele parecia deslocado de todo o contexto do carnaval, enquanto as pessoas cantavam,
riam, pulavam e soltavam serpentinas, ele estava parado, como uma estátua, sério, com um
semblante muito fechado e de braços cruzados. Outra coisa muito estranha eram suas roupas,
ele vestia um tipo de terno, preto e muito bem cortado, alinhado, parecia alguém que estava
saindo de uma reunião de negócios, e não na fulia da festa. Não era uma fantasia. Quando ele
me viu, fixou seus olhos em mim, que eram de um verde muito vivo e intenso, e sorriu de
canto de rosto. Eu fiquei com medo, e fui diminuindo o passo, não sou uma mulher medrosa,
mas naquele momento me senti como a presa diante do predador.
Quando me aproximei dele, voltei a acelerar o passo, e entrei correndo no mercadinho,
sentindo que ele me acompanhava com o olhar. Uma vez lá dentro, uma senhora simpática me
atendeu, peguei as águas e quando ia saindo, não vi mais o rapaz, quando escutei uma voz por
trás de mim que disse:

“o que você tem ai?”

Ana, eu congelei, e quando me virei, era o cara! Meu Deus! Minha voz saiu como um fio:

“Água...”

“Água é? Só isso?” - Respondeu ele em um tom sarcástico, novamente com sorriso no canto
de rosto.

Ana, eu sentia algo muito ruim daquele cara, algo muito estranho, meu corpo se enrijecia cada
vez mais à medida que ele se aproximava, e eu fui perdendo o controle do meu corpo, ele
sempre mantendo aqueles olhos verdes perturbadores nos meus, e de repente os olhos dele
foram mudando de cor! Primeiro eles foram ficando roxos, depois ficaram vermelho sangue e
brilhantes. Nesse momento, eu estava apavorada, e ele disse:

“você deixaria que eu te beijasse?”

E Ana, pasme! Mesmo eu gritando por dentro “não Não NÃO!”, eu disse que sim! Era como se
eu tivesse sob efeito de hipnose, ou de alguma “droga da obediência” sabe, e mesmo depois
de eu ter dito que sim, ele ainda disse:

“então por que você não sorri? Você é tão linda, dê um sorriso pra mim.”

Ana, mesmo contra toda a minha vontade, eu sorri, e ele me beijou, e foi uma das piores
experiências da minha vida, porque durante o beijo, outras coisas foram mudando nele, além
da cor dos olhos, que já tinham mudado; ele, além de me beijar com muita violência, tinha
muita força, e suas mãos foram se transformando em garras, que fizeram cortes na minha
bochecha e no meu pescoço, pois era onde suas mãos estavam segurando em mim para me
beijar; e sua língua também se transformou, antes, uma língua normal de uma pessoa, agora
era fina, áspera, gelada e bifurcada, como a de um lagarto! Ana, eu já beijei uma pessoa que
tinha língua bifurcada, é esquisito, mas NADA se compara a o que eu passei com esse ser.

Aquilo parecia que duravam horas, até que ele me soltou, eu estava tonta, apavorada, com dor
de cabeça e confusa, olhei para ele com a visão turva e vi novamente aqueles olhos vermelhos
e, quando ele sorriu, dentes pontiagudos com presas enormes. Ele disse “obrigada, você
realmente renovou minhas energias”, depois disse mais alguma coisa que não entendi, virou
as costas e desapareceu na multidão, que não parecia notá-lo e nem tocá-lo. Ainda muito mal,
voltei para dentro da venda, onde tinha uma mesa com um banquinho, abaixei a cabeça e
dormi, pois me sentia exausta como se tivesse corrido centenas de quilômetros.

Algum tempo depois, não sei quanto, o Pink e a Mila apareceram e me acordaram
perguntando onde eu estava, que estavam me procurando fazia tempo, e que estavam
preocupados. Eu simplesmente disse:
“um incubus me atacou”

O Pink, que é ateu, deu risada e perguntou se eu tinha fumado alguma coisa, já a Mila que é
mais observadora, viu que de fato eu estava com hematomas no pescoço, e disse:

“amiga, acho que você caiu e bateu a cabeça, vamos eu te levo pra casa”

Fomos para a casa da minha mãe e eu cai na cama e dormi até as 16 horas do dia seguinte!!
Quando acordei, fui ao banheiro e as marcas simplesmente haviam desaparecido. Mas como?!
Eram cortes e hematomas profundos!! No mínimo deveriam estar cicatrizando!!

Bem Ana, esse foi meu relato, espero que tenha gostado. Uma observação: Hoje já estou há
dois anos com meu namorado, o King of Vikings, com quem comecei a namorar a distância lá
de Fortaleza mesmo e ele aqui no RS, e ele é umbandista, quando contei esse relato pra ele,
ele acreditou e não se espantou, pois na Umbanda eles acreditam que o carnaval é o período
em que demônios, espíritos baixos, entre outras entidades, vêm para passear pela terra e
curtir o prazer da carne. Eu não sei, particularmente sou católica, mas sou bem aberta, pois
muitas coisas aconteceram e acontecem comigo diariamente, então eu não duvido de nada!!

Um grande abraço, pra você e toda a família, Deus abençoe, muita luz!!!

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