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FACULDADE UNIÃO CULTURAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Pós-Graduação em Aconselhamento Bíblico

JOSIMAR ANTONIO DE SOUZA

TRABALHO DE HERMENÊUTICA

TUPÃ-SP

2020
JOSIMAR ANTONIO DE SOUZA

TRABALHO DE HERMENÊUTICA

INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DE TIAGO 1.2-4

Trabalho de Hermenêutica apresentado


ao Curso de Pós-Graduação em
Aconselhamento Bíblico, como parte do
requisito para o módulo de
hermenêutica, sob a orientação do Prof.
Thiago Moreira.

TUPÃ-SP

2020
SUMÁRIO

TEXTO BÍBLICO ESTUDADO 3

CONTEXTO HISTÓRICO
Autoria 4
Sobre o Autor 4
Data 5
Destinatário da Epistola 5

CONTEXTO LITERÁRIO

Aspectos e características literárias do livro 6


Síntese do livro 6

INTERPRETAÇÃO
Interpretação do livro 7
Interpretação e aplicação da passagem estudada 8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 10
3

TEXTO BÍBLICO ESTUDADO

1Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos


que se encontram na Dispersão, saudações. 2Meus irmãos,
tende por motivo de toda alegria o passardes por várias
provações, 3sabendo que a provação da vossa fé, uma vez
confirmada, produz perseverança. 4Ora, a perseverança deve
ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada
deficientes. (Tiago 1.1-4 – Almeida Revisada e Atualizada).

1Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos


dispersas entre as nações: Saudações. 2Meus irmãos,
considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por
diversas provações, 3pois vocês sabem que a prova da sua fé
produz perseverança. 4E a perseverança deve ter ação
completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem
que falte a vocês coisa alguma. (Tiago 1.1-4 - Nova Versão
Internacional).

1Eu, Tiago, escravo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, envio


esta carta às doze tribos espalhadas pelo mundo. Saudações.
2Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria sempre que
passarem por qualquer tipo de provação, 3pois sabem que,
quando sua fé é provada, a perseverança tem a oportunidade de
crescer. 4E é necessário que ela cresça, pois quando estiver
plenamente desenvolvida vocês serão maduros e completos,
sem que nada lhes falte. (Nova Versão Transformadora).
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CONTEXTO HISTÓRICO

Autoria

De acordo com o primeiro versículo da epístola, o nome do autor é Tiago, que


se apresenta como "servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo". "Tiago" é a forma grega
do nome hebraico "Jacó", que significa "suplantador". Em princípio pode parecer que
a autoria esteja clara e bem definida. Contudo, não é assim. Já que o Novo
Testamento menciona várias pessoas com o nome de "Tiago", surge a questão de
qual deles teria sido o autor da carta. Temos, no mínimo, três personagens distintos
com o nome de Tiago:
1 - O maior, irmão de João, filho de Zebedeu (Mateus 10.1-4)
2 - O menor, filho de Alfeu. (Marcos 15.40).
3 - O irmão de Jesus (Mateus 13.55; Marcos 6.3).
Em Atos 1.13-14 os três estão presentes, mas o texto fala de um certo Judas,
que era filho de Tiago. Não fica claro se esse Tiago era um dos três já citados ou se
poderia ser um quarto personagem. As passagens dos evangelhos que citam Tiago,
geralmente estão se referindo ao irmão de João. Sua morte é mencionada em Atos
12.2. Não sabemos o que aconteceu com o filho de Alfeu. A partir daí, existem outras
referências que citam Tiago, em Atos e nas epístolas. Tais passagens são
normalmente relacionadas à pessoa do irmão de Jesus. Em Gálatas, Paulo fala de
seus contatos com Tiago, irmão do Senhor, que estaria em Jerusalém. Tal associação
é bastante aceita pelos críticos e parece muito coerente. Quem segue essa ligação
de textos acaba por atribuir ao irmão de Jesus a autoria da epístola.

Sobre o Autor

Considerando que Tiago, irmão do Senhor Jesus, escreveu a carta,


destacamos algumas informações sobre a sua pessoa, conforme nos auxiliam o Novo
Testamento, as conjecturas e a tradição eclesiástica.
Tiago não cria em Jesus antes da crucificação (João 7.5). É possível que sua
conversão tenha se dado após a ressurreição de Cristo, quando este lhe apareceu (I
Coríntios 15.7). Juntou-se então aos discípulos (At.1.14), tornando-se apóstolo
(Gálatas 1.19) e uma das "colunas" da igreja em Jerusalém (Gálatas 2.9). Sua
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liderança obteve grande destaque, conforme se observa em Atos 12.17; 15.13-29;


21.18 e. Gálatas 2.12. Tiago veio a ser chamado "o justo", por sua integridade, e
"joelho de camelo" devido às marcas que possuía em virtude de suas constantes
orações. Segundo Flávio Josefo, o irmão de Jesus morreu em 63 d.C. Sendo
pressionado pelos judeus para que negasse a Cristo e tendo permanecido firme em
suas afirmações, Tiago foi arremessado de um lugar alto nas dependências do templo.
Não tendo morrido com a queda, foi apedrejado até a morte.

Data

A data de produção da carta se situa entre os anos 45 e 49 d.C. Alguns


comentaristas sugerem um período ulterior às epístolas paulinas, na segunda metade
do primeiro século.
Após o martírio de Estevão (At 7.55-8.3), a perseguição aumentou, e os
cristãos em Jerusalém foram espalhados por todo o mundo romano. Havia
comunidades cristãs judaicas prósperas em Roma, Alexandria, Chipre, e em várias
cidades na Grécia e na Ásia Menor. Pelo fato destes primeiros crentes não terem o
apoio das igrejas cristãs estabelecidas. Tiago escreveu-lhes como um líder
preocupado, visando encorajá-los em sua fé durante aqueles tempos difíceis.
Tiago enfrentava o problema do intelectualismo, pessoas que tinham uma fé
somente de cunho teórico. Defendiam que a fé, sem obras é suficiente. Também pode
se verificar que estes crentes judeus eram pobres (Tg 5:4-6;2;6,7) que estavam sendo
oprimidos por ricos. Quando Tiago se dirigem aos seus leitores como “irmãos” ele está
dizendo que seu discurso tem como alvo membros da comunidade cristã e que os
assuntos tratados são de natureza interna da igreja.

Destinatários da Epistola

A carta é destinada às 12 tribos da diáspora (dispersão). São judeus cristãos


que se encontravam dispersos entre várias nações. (1.1; 2.2).
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CONTEXTO LITERÁRIO

Aspectos e características literárias do livro

Os autores gregos, incluindo os autores judeus que simpatizavam com o


pensamento grego, costumavam fazer listas de exortações; as exortações
correspondiam a um tema geral vagamente definido (forma literária chamada
“parênese”). Alguns autores atuais afirmam que a carta de Tiago consiste nesse tipo
de obra (há, inclusive, quem veja a carta como uma coleção neotestamentária de
provérbios), mas esses autores não atinam com as conexões literárias que permeiam
a carta. É possível que Tiago - ou algum de seus seguidores - tenham adaptado o
conteúdo habitual de seus sermões à carta, mas o modo pelo qual as passagens estão
conectadas demonstra que o texto, na forma em que o temos, é uma obra
devidamente acabada e unificada.
O livro de Tiago está mais para ensaio que para carta. Havia, com tudo, um tipo
antigo de carta, tipicamente composto por moralistas e retóricos habilidosos, chamado
(carta-ensaio), isto é uma carta geral cujo propósito, mais que saudar os destinatários,
era demostrar um argumento. Autores como Sêneca e Plinio as vezes escreviam
epistolas literárias desse tipo, que eram publicadas com o propósito de ser apreciadas
por grande número de leitores (1.1). O mensageiro (ou mensageiros) que entregava
a carta presumivelmente ofereciam algumas palavras de esclarecimento sobre o texto;
assim como as cartas dos sumos sacerdotes de Jerusalém ás sinagogas da Diáspora,
uma carta da autoria de um líder respeitado da igreja de Jerusalém seria considerada
muito importante. A carta de Tiago se vale de convenções retoricas greco-romano da
sabedoria judaica e dos ensinamentos de Jesus (sobretudo na forma em que eles
constam, agora, em Mt. 5.7). Visto que a presente forma da carta inclui uma breve
introdução epistolar (Tg. 1.1), este comentário chamara o livro de “carta”, sem deixar
de reconhecer, com tudo, que, a não ser pela introdução, ele está mais próximo de
um ensaio.

Síntese do livro
A intenção de Tiago ao escrever a carta era fortalecer e encorajar aos cristãos
judeus que haviam se espalhado por toda a região do Mediterrâneo.
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Diante da oposição ao cristianismo, por onde quer que fossem, eles eram
tentados a viver de maneira tímida o cristianismo, sufocando a prática de verdadeira
fé cristã.
Com isso em mente, o autor divide a carta em três partes principais:
1. A verdadeira religião (1:1-27);
2. A prática da fé (2:1-3:12);
3. A sabedoria do alto (3:13-5:20).

INTERPRETAÇÃO

Interpretação do livro

Tiago possuía varia característica singulares. Uma delas é o seu caráter


virtualmente homilético ou exortativo, com pouca argumentação doutrinaria e logica.
Isso fez de Tiago um dos livros de esboço mais difíceis de determinar em todo Novo
Testamento.
Vários sub-propósitos podem ser identificados na epistola embora não siga
uma ordem “lógica”:
Encorajar. Alguns leitores estavam passando por provações (1.2;5.7). Alguns
deles podem ter sido de “condição humilde” (1.9).
Advertir. Ele também escreve para admoestar os ricos contra falsa noção
judaica de que as riquezas eram um sinal suficiente e necessário da benção de Deus
(1.10). Na realidade, ele utiliza fortes palavras de condenação contra os extremos aos
quais tal conceito conduzia (5.1). A igreja possuía tanto ricos quanto pobres e existia
um perigo de favoritismo para com a riqueza e o desprezo da pobreza (2.1).
Exortar. Tiago tem a preocupação de que seus leitores tornem praticantes da
Palavra (1.22). Ele ensina que a fé deve ser seguida de obras, de modo que “a fé sem
obras é morta” (2.14,26). Ele coloca muita ênfase no controle da língua como marca
do homem “religioso” (1.26) e do homem “perfeito” (3.2). Isso pode se dever ao fato
de que havia “guerras e contendas” (4.1) e “maledicência” (4.11) entre seus leitores.
Ensinar. Alguns de seus leitores estavam limitando a “fé” a mera profissão
verbal (2.19), e palavras encorajadoras, mas despidas de amor (2.15-16). Tiago tentou
reparar este erro declarando que: (1) eles estavam obrigados para com a lei de Cristo
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(cf. Gl. 6.2); (2) que a fé sem obras é morta, e (3) que uma fé viva deveria ser
caracterizada por obras de justiça que se conformam ao caráter de Deus. Desta forma,
o propósito da epistola pode ser assim formulado:
Encorajar a aplicação do cristianismo à vida diária apresentado repostas
adequadas às provas da vida real que confrontavam seus leitores.

Interpretação e aplicação da passagem estudada (Tiago 1.1-4)

OS BENEFÍCIOS DAS PROVAÇÕES (1.1-4)

(1.1) Servo. O capitulo primeiro da epistola nos versos 2-18 centraliza no tema
provações/ tentações e nos versos 2-4 apontam para os benefícios das provações.
Temos que levar em consideração que no primeiro verso Tiago aponta para um
princípio fundamental, a condição de “servo” ele se apresenta como escravo de Deus.
Um escravo (traduzido aqui como "servo") é alguém que foi adquirido e que pertence
a um mestre ou "senhor" isto indica não apenas humildade da parte do escritor, mas
também um profundo testemunho de sua conversão, aceitando o seu irmão terreno
(por parte da mãe) como o seu redentor (1 co 15.3). Tiago é um escravo, tanto de
Deus como também de jesus, uma equiparação teologicamente crucial.

(1.2) Irmãos. Dirigir-se aos leitores como “amigos”, “amados”, irmãos” eram comuns
nas antigas exortações morais. “Irmão poderia referir-se tanto a conterrâneo como
membros da mesma religião. Todos aqueles que creem, têm o mesmo Deus como pai
e são reconhecidos em termos familiares como irmãos.
Motivo de toda alegria. Esta é uma exortação para apreciar o sofrimento da
perspectiva de confiança na soberania de Deus. O que se segue exige uma cuidadosa
análise de uma perspectiva teológica.
Provações. Vários tipos de circunstâncias de provação. Muitas vezes relacionadas
com a perseguição que a igreja primitiva experimentou.

(1.3-4). Propósito e Jubilo. Provações podem ser recebidas com uma alegria singular
quando existe o conhecimento de que elas são permitidas por Deus para um
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determinado propósito. São provações na fé, dadas para que a perseverança seja
desenvolvida. E, por recompensa a perseverança produz maturidade no caráter
cristão (Rm 5.3).

Para o homem desfrutar dos benefícios das provações é necessário crer em


Jesus Cristo e declarar sua fé nele como salvador (Rom.10.9). Ser “servo” é alguém
que foi adquirido, comprado, propriedade exclusiva, salvo pelo precioso sangue de
Jesus Cristo. “Eu sou o senhor, e fora de mim não há salvador” (Isaias 43.11). Todo
servo tem um senhor, mas só em Jesus Cristo o Senhor o servo tem o salvador.
Motivo de alegria não deve ser uma motivação para elevar o seu ego, e sim o
fato de colocar a sua alegria somente em Deus que é a fonte de toda a alegria, essa
alegria o homem adquiri como uma qualidade espiritual (Gl. 5.23), e faz parte do
desenvolvimento de um discípulo de cristo que pode ser seguido pela seguinte forma:
Considere que por vezes passara por provações, se não passou ou está
passando.
Viva em função da fé em Cristo Jesus.
Insista no caminho da perseverança.
Os propósitos de Deus que além do sustento produzirá benefícios como
maturidade, integridade e aprovação.

“(...) pois sabem que, quando sua fé é provada, a perseverança tem a


oportunidade de crescer. (...) quando estiver plenamente desenvolvida vocês serão
maduros e completos, sem que nada lhes falte”.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

CHAMPLIN, R.N., Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Volumes 6. São


Paulo: Hagnos, 2014.

PINTO, Carlos Osvaldo. Foco e desenvolvimento no Novo Testamento:


estruturas e mensagens dos livros do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008.

WALTON, John H. et al. Comentário histórico-cultural da Bíblia: Novo


Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2018.

ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica: meio de descobrir a verdade da Bíblia.


São Paulo: Vida Nova, 1994.

Sites:
https://cristaoreformado.com.br/artigos/epistola-de-tiago
https://www.bible.com/pt/bible/.NVI
https://www.bible.com/pt/bible/.NVT
https://www.bible.com/pt/bible/.ARA
http://www.oocities.org/athens/agora/8337/tiago.htm

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