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A dependência universal para com o celular, potencializada pelo

isolamento social na pandemia, é especialmente intensa no Brasil, país


que lidera — ao lado da Indonésia — o ranking de tempo gasto diante da
telinha: cinco horas e meia de uso diário, frente à média mundial de
quatro horas e 48 minutos. O que vem perturbando agora é outra camada
desse comportamento viciante, quando ele se manifesta de forma
exacerbada e doentia, configurando um mal batizado de no mobile fobia
— ou simplesmente nomofobia.

Não se trata apenas daquela agonia de querer dedilhar a telinha para


responder a uma mensagem no ato ou conectar-se para saber o que se
desenrola ao redor do planeta em tempo real, mas de uma ansiedade
aguda e crises de medo desencadeadas sempre que o acesso a ele se
restringe. O apego que vira vício, uma necessidade incontrolável da qual a
pessoa não consegue se livrar, preocupa médicos e e psicólogos mundo
afora. Uma nova pesquisa da consultoria global Digital Turbine lança um
sinal de alerta em relação aos brasileiros.
Ela mostra que uma parcela considerável se revela incapaz de ver-se
privada de seu telefone: 39% da população diz não conseguir ficar longe
dele por mais de uma hora, sendo que 20% não suportam sequer trinta
minutos sem sua presença

Nesse contexto, a dificuldade em mudar de comportamento pode ser


comparada à enfrentada por dependentes de drogas químicas. O sistema
inibitório, responsável por regular as emoções e impor limites ao próprio
corpo, não funciona corretamente e a atenção pregada na telinha acaba
por prejudicar outras atividades, como tarefas domésticas e o trabalho.
. “O celular funciona como um dreno, sugando a energia cerebral, sem
que o indivíduo consiga se concentrar naquilo que realmente faz a
diferença em sua vida”, pontua Claudia Feitosa-
Santana, neurocientista da Universidade de Chicago. Enquanto o vício em
celular é constatado em estudos e pesquisas e vem sendo analisado há
tempos, pouco se sabe sobre os gatilhos da nomofobia, esteja
comprovado que a propensão ao distúrbio é maior em quem já sofre de
depressão e ansiedade. Os adolescentes e jovens adultos são mais
vulneráveis, uma vez que o cérebro ainda está em formação — ele se
desenvolve até os 25 anos. Pesquisa da University College London feita
com mais de 1 000 pessoas entre 18 e 30 anos mostrou que 40% não
aguentavam a sensação de ficar longe de seus smartphones...
geolocalização, transmissões ao vivo e postagens instantâneas. “O grande
trunfo das redes foi sua associação aos smartphones. Ao se tornarem
portáteis, elas reforçam nas pessoas a ideia de que precisam como
geolocalização, transmissões ao vivo e postagens instantâneas. “O grande
trunfo das redes foi sua associação aos smartphones. Ao se tornarem
portáteis, elas reforçam nas pessoas a ideia de que precisam estar
constantemente logadas e atualizadas para pertencer ao ambiente”,

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