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Nesse sentido somos convidados a (re)pensar nossas práticas referentes ao uso das
tecnologias envolvendo crianças. Será que estamos considerando o direito das crianças
na primeira infância? O direito à privacidade, por exemplo, está sendo respeitado?
Numa sociedade em que, cada vez mais, estamos conectados e não separamos o online
do off-line; em que as nossas rotinas são compartilhadas em diversas redes sociais, e
as relações sociais e interpessoais passam também a ser estabelecidas e mediadas por
interações com as tecnologias, precisamos estar atentos à superexposição das nossas
vidas e, principalmente, das crianças.
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Uso protegido e responsável de tecnologias
O que parece ser inofensivo pode trazer prejuízos, quando há uma superexposição
na internet, e muitas vezes a perda da privacidade das crianças, o que configura
uma violação de direitos. E, dependendo do que for publicado, pode vir a trazer
consequências de diversas ordens, seja psicológica seja quanto ao futuro delas.
Por outro lado, faz-se necessário promover o uso consciente e a autonomia online
também por parte das crianças, quando elas são orientadas a usar as TICs de forma
protegida e com a mediação de adultos (pais, famílias, educadores e cuidadores). O
episódio 2 da série Que Corpo é Esse? - Prevenção Online nos ajuda a entender melhor
esse assunto.
Não podemos perder de vista que as tecnologias têm muitos aspectos positivos, que
possibilitam novos aprendizados e conhecimentos de mundo, desde que se construam
rotinas digitais mais seguras que promovam a cidadania, o bem-estar e uso protegido
das diversas ferramentas digitais, que contribuem para o desenvolvimento infantil.
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Uso protegido e responsável de tecnologias
Seja por equipamentos de uso pessoal ou compartilhado por mais de uma pessoa
da família, irmãos, pais e/ou responsáveis, as crianças estão acessando diferentes
conteúdos e telas. Isso requer uma série de cuidados para garantir a proteção das
crianças e atuar na prevenção de possíveis violações de direitos e/ou violências online.
Temos aí um grande desafio, considerando que muitas famílias nem sempre dispõem
de tempo para uma mediação do uso das tecnologias ou mesmo tem conhecimento dos
riscos que seus filhos podem correr ao utilizar diferentes dispositivos tecnológicos sem
uma orientação sobre o uso protegido das tecnologias.
O tempo e os modos de acesso às telas são outros desafios que estão postos. Mas como
estabelecer limites e rotinas de acesso às diferentes telas promovendo a proteção das
crianças nas várias dimensões de sua vida e contribuindo para o seu desenvolvimento
integral? O que podemos fazer para proteger e garantir os diretos das crianças no
ambiente online?
5. Pandemia de Covid-19 declarada pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 11 de março de 2020, que
permanece até os dias atuais.
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Uso protegido e responsável de tecnologias
Não temos uma receita pronta a seguir, mas podemos construir rotinas saudáveis para
o uso seguro das tecnologias e para promoção de uma cultura de proteção no ambiente
digital.
Algumas dicas6:
• Explique que não devemos conversar com estranhos na internet, assim como na
vida essa regra se aplica ao ambiente digital;
• Estabeleça uma relação de confiança com a criança para que ela saiba que pode
contar com você;
6. Com base nas dicas de como enfrentar e prevenir a violência sexual de crianças e adolescentes durante
o período de quarentena. Publicado em https://www.childhood.org.br/a-protecao-de-criancas-e-
adolescentes-durante-o-isolamento-social
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Uso protegido e responsável de tecnologias
Outro aspecto relevante destacado por especialistas na temática e pela SBP para um
uso seguro, responsável e positivo das tecnologias digitais, pensando na proteção
da criança, é “estimular a mediação parental das famílias e a alfabetização digital nas
escolas com regras éticas de convivência e respeito em todas as idades e situações
culturais, para o uso seguro e saudável das tecnologias.”7
Já sabemos, mas não custa reforçar que é dever de todos proteger crianças e
adolescentes e promover com absoluta prioridade8 a garantia dos seus direitos. Cada
vez mais é necessário promover ações educativas ou uma alfabetização midiática com
a mediação de um adulto responsável, envolvendo pais, família e escola, buscando um
aprofundamento sobre a intencionalidade do acesso às TICs e uso mais positivo, seguro,
ético e cidadão, contribuindo assim para o desenvolvimento integral da criança.
7. Manual de Orientação #MenosTelas #MaisSaúde, produzido pelo Grupo de Trabalho disponível em https://
www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/_22246c-ManOrient_-__MenosTelas__MaisSaude.pdf
8. Conforme estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990).
Referências bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF.
BRASIL. Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016. Dispõe sobre as políticas públicas para a
primeira infância. Brasília, 2016. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2016/lei/l13257.htm
PEREIRA, P.; CORRÊA, M. (Org.). Que corpo é esse? (livro eletrônico – Kit crescer sem
violência), Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2021.