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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO DO CEARÁ


CURSO DE PEDAGOGIA
DISCIPLINA: TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO I
PROFESSORA: DRA. FRANCISCA MAURILENE DO CARMO

SANDRA SOUSA DE ARAÚJO- 478922

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO I

TECNOLOGIAS DIGITAIS E PRIMEIRA INFÂNCIA: IMPLICAÇÕES DO USO EXCESSIVO DE


TELAS

FORTALEZA
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

SANDRA SOUSA DE ARAÚJO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO I

TECNOLOGIAS DIGITAIS E PRIMEIRA INFÂNCIA: IMPLICAÇÕES DO USO EXCESSIVO DE


TELAS

Trabalho apresentado à Universidade Federal do


Ceará, como pré-requisito para obtenção da
aprovação na disciplina TCC I sob orientação da
Profa. Dra. Francisca Maurilene do Carmo.

 Orientadora: Profa. Dra. Francisca Maurilene do


Carmo.

FORTALEZA-CE

2022

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Sumário
1. Introdução
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
2.2 Objetivos Específicos
3. Referencial Teórico
4. Metodologia
5. Cronograma
6. Referências

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1. INTRODUÇÃO
No final do ano de 2019, o mundo enfrentava um desafio jamais vivenciado pelas
últimas gerações. A princípio, não sabíamos o que estava por vir, porém, logo nos
deparamos com o fato de estarmos enfrentando uma pandemia mundial, causada pelo
vírus SARS-CoV-2, que afetou, e ainda afetará por tempo indeterminado, os mais
diferentes âmbitos da nossa vida e a forma como ela se organiza. Deste modo, não houve
um campo sequer, em esfera geral e coletiva, que não tenha sido afetado negativamente
pela pandemia de Covid- 19, doença causada pelo novo Coronavírus. Inicialmente
tínhamos algumas recomendações para proteção, nas quais o uso de máscaras e o
isolamento eram as mais efetivas para o combate a esse vírus intitulado de Sars-cov-2.
O isolamento nos deixou dentro de nossas casas ansiosos e em muitos momentos
ociosos, e foi assim que pessoas de todas as idades recorrem cada vez mais ao uso de
tecnologias digitais, desde o trabalho, estudo, diversão, comunicação e tudo mais que
conseguimos fazer conectados.
Com os avanços tecnológicos a partir dos anos 2000 tivemos uma transformação
digital que impulsionou o uso de telas por pessoas de todas as idades, e esse uso foi
intensificado após vivenciarmos esse período pandêmico mundial, onde tínhamos como
forma recomendada de proteção, o isolamento. Nesse período, além de usarmos a
tecnologia e telas para distração e comunicação, passamos a usar para estudos e
trabalho, ou seja, o tempo em frente às telas foi dobrado ou triplicado. Consequentemente,
começamos a nos debruçar sobre pesquisas e informações que debatem a respeito do uso
de telas, onde temos de um lado benefícios, e do outro prejuízos que podem ser
observados com essa utilização sem controle. 
Segundo a Base Nacional Comum Curricular - BNCC as crianças precisam de uma
interação social com crianças da mesma faixa etária e de outras idades para garantir seu
desenvolvimento pleno, mas dessa afirmação fica o questionamento: É possível garantir
interação social através das telas? Se a resposta para essa pergunta for afirmativa, como
isso é possível? Por este motivo, analisar o uso de telas e seus possíveis impactos,
sobretudo na primeira infância, é de extrema importância. Nesse sentido precisamos
também conhecer de perto a realidade pela qual as crianças da primeira infância estão
inseridas e qual momento histórico estão passando. 
Para Vygotsky, a primeira infância inicia-se no nascimento até aproximadamente os
3 anos, e é um período onde a criança tem como atividade dominante a comunicação

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emocional direta e a atividade objetal manipulatória. (MELLO, 2004) Esse período é
marcado por um desenvolvimento intenso e de muitas descobertas guiadas pelos adultos
responsáveis, que devem direcionar de forma adequada a manipulação e inserção no
mundo tecnológico e as brincadeiras que serão vividas por esse público, de forma a não
prejudicarem o crescimento e vivências dessa fase.
Compreender os efeitos nocivos causados pelo uso de telas em crianças que
consomem diariamente vídeos infantis1 por plataformas digitais mostra-se relevante em um
contexto que nos vemos cada vez mais presos às tecnologias e temos um crescimento e
um adoecimento mental cada vez maior em crianças. 

2.OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral:

● Analisar o uso de telas na primeira infância.

2.2. Objetivos Específicos:


● Identificar conceitos de infância, brincadeiras, e educação com sua evolução
até os dias atuais;
● Relacionar brincadeiras e tecnologia;
● Investigar a relação do uso excessivo de telas e os quadros de ansiedade,
depressão e agressividade na primeira infância.

3.REFERENCIAL TEÓRICO

A infância surge para nós como uma delimitação de idade cronológica, que vai dos
0 aos 6 anos, e que tem recomendações próprias para o desenvolvimento pleno da
criança, sempre respaldadas por leis. Mas nem sempre foi assim, temos uma evolução
desde a Idade Média, onde as crianças conforme, Rousseau (2004) eram vistas como
adultos em miniatura, e que podiam exercer as mesmas funções de adultos onde sua
educação era tida apenas como aprendizado para o trabalho, as crianças aprendiam
marcenaria, costura e outras funções das quais eram importantes na época.

1 A pesquisa “Entretempos, relatos e aprendizados sobre as crianças nessa pandemia”, do Gloob em parceria com
Quantas e Tsuru, realizada em 2020.

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A evolução e as mudanças políticas e sociais impõem uma nova forma de enxergar
a infância, passando as crianças a serem vistas como sujeito de direitos e deveres, e
também como ser que necessita de proteção. O conceito de infância evolui e passa a ser
ligado à educação, onde temos uma criança como um ser singular, potente, dependente e
independente, que para ter seus direitos garantidos precisa de uma educação que garanta
o desenvolvimento de suas potencialidades.
Temos nas Diretrizes Curriculares nacionais da Educação Infantil (DCNEI,
Resolução CNE/CEB n° 5/2009), no artigo 4° a definição de criança como:
sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas
cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca,
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona
e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade produzindo cultura
(BRASIL,2009).

A família é a primeira instituição que deve apresentar a criança ao mundo, a


sociedade e a cultura em que está sendo inserida, onde nessa primeira fase criança e
família, temos diferentes aprendizados de acordo com a localização geográfica, estrutura
familiar, poder econômico e formação dos pais ou cuidadores. Segundo Arce (2011)
“conseguir com maestria, aprender e compreender toda a experiência social, cultural e
histórica acumulada no cotidiano não é tarefa simples e não ocorre apenas pela
contemplação, pelo estar no mundo. A criança precisa se colocar em movimento, precisa
explorar esse universo.”
É de suma importância para o desenvolvimento integral da criança que ela tenha
contato com o mundo e que possa explorá-lo, agora precisamos acompanhar o
desenvolvimento e as mudanças que ocorrem nesse mundo que a criança irá explorar,
onde temos uma alta crescente no uso de tecnologias e telas por todas as idades, surgindo
indagações sobre benefícios e malefícios desse uso feito pelas crianças.
Na Base Nacional Comum Curricular, documento norteador das práticas em sala de
aula, desde a educação infantil temos indicativos da manipulação de recursos
tecnológicos, mas devemos sempre destacar a importância da regulação e do
monitoramento desse uso, pois esse uso não deve ser feito apenas para a criança ficar
quieta ou distraída e o adulto usando a tecnologia como uma babá.
Esse fato citado é denominado de distração passiva, que é “resultado da pressão
pelo consumismo dos joguinhos e vídeos nas telas, e publicidade das indústrias de
entretenimento, o que é muito diferente do brincar ativamente, um direito universal e
temporal de todas as crianças e adolescentes em fase do desenvolvimento cerebral e

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mental”. (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019-2021) “O uso de celulares, tablets,
computadores, entre outros, torna-se prioridade na hora de brincar, se comparado às
brincadeiras tradicionais [...]” (SILVA; BORTOLOZZI; MILANI, 2019), e assim perdemos a
essência das brincadeiras que estimulam o desenvolvimento cognitivo e as interações
sociais das crianças na primeira infância.
Porém não podemos pensar que a tecnologia só traz malefícios para nossas
crianças, pois segundo pesquisas o uso de tecnologias digitais na Educação Infantil
“reforça a convicção de que as mídias digitais auxiliam no desenvolvimento e na
aprendizagem das crianças. Para tanto, é fundamental que haja um acompanhamento das
atividades que elas realizam dentro do ambiente escolar e fora dele, quando utilizam esses
recursos, a fim de se beneficiarem de seus aspectos positivos.” (FERREIRA, DA SILVA,
GARCIA, 2019)
Dentre os Principais Problemas Médicos e Alertas de Saúde de Crianças e
Adolescentes na Era Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria, SED@SBP estão os
Problemas de saúde mental: irritabilidade, ansiedade e depressão. Podemos relacionar as
causas com o uso excessivo e precoce das Tecnologias de Informação e Comunicação.
(Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019-2021)
No campo da educação podemos destacar,

O envolvimento materno e paterno na criação dos filhos intervém de forma


positiva no desenvolvimento das crianças, protegendo e potencializando o
desenvolvimento infantil. Os aparelhos eletrônicos influenciam diretamente
na educação dos filhos, pois os mesmos transmitem valores morais
negativos e impedem relacionamentos familiares (CÂMARA et al., 2020, p.
373).

Num estudo realizado por pesquisadores do Reino Unido publicado pela


Wiley Periodicals LLC em nome do Congresso Internacional de Estudos Infantis,
examinaram associações entre dois aspectos do ambiente de aprendizado em casa-
atividades enriquecedoras de pais e filhos e uso de tela infantil- e as funções executivas
relatadas pelos pais, medidas durante a pandemia de COVID-19 de 2020 em um corte de
famílias que vivem no Reino Unido, mostram que o uso de telas está ligado de forma
negativa a aquisição de habilidades cognitivas, regulação , desenvolvimento do
vocabulário e qualidade do sono. Crianças muito pequenas expostas a tela como técnica
calmante, podem não desenvolver seus próprios mecanismos de enfrentamento a
frustrações e contrariedade.

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4. METODOLOGIA
Para Ander-Egg (1978:28), a pesquisa é um procedimento reflexivo
sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou
leis, em qualquer campo do conhecimento. A pesquisa, portanto, é um procedimento
formal com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se
constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.
(LAKATOS, 2003)
A presente pesquisa será realizada através de revisão bibliográfica e
exploratória, onde irei utilizar o método de abordagem dialético. Para as leituras seleciono
os autores que dialogam com a temática, como Rousseau e Áries que nos falam sobre a
história da infância, para o desenvolvimento e interações sociais selecionei estudos com
referências de Vygotsky e como documentos norteadores a Base Nacional Comum
Curricular, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e recomendações
da Sociedade Brasileira de Pediatria
Para o sucesso da pesquisa irei entrevistar psicopedagogas atuantes em
ambiente escolar, com um roteiro estruturado seguindo a mesma linha de perguntas para
todas.
Os procedimentos éticos que assegurem a integridade dos participantes
serão adotados. Antes da entrevista será apresentado o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), onde será explicado o objetivo dessa pesquisa, a segurança do
anonimato e a confidencialidade dos dados obtidos através das entrevistas. Além disso,
serão explicadas todas as questões éticas envolvidas e a garantia da retirada da
participação na pesquisa a qualquer momento.

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5. CRONOGRAMA

MESES

ATIVIDADES AGOS. SET. OUT. NOV. DEZ.

Escolha e X
pesquisa do
tema

Levantamento X X
Bibliográfico

Elaboração do X x
trabalho
(Escrita)

Revisão do X X
Trabalho

Entrega do X
trabalho

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6. REFERÊNCIAS
ÁRIES, Philippe. História Social da Criança e da família.2. ed. Rio de Janeiro:LTC,1981.
ARCE, Alessandra (org.) Ensinando Ciências na Educação Infantil. Campinas, SP:
Editora Alínea, 2011.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Base Nacional Comum Curricular.
Brasília: MEC/SEB, 2017.
CÂMARA, Veloso Hortência et al. Principais prejuízos biopsicossociais no uso abusivo da
tecnologia na infância: percepções dos pais. Revista multidisciplinar e de psicologia,
Tocantins, v. 14, n. 51, p. 366-379, 2020. Disponível em:
https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/2588. Acesso em: 20 set. 2021.

FERREIRA, Gabryelle Chaves; DA SILVA, Maria Auricélia; GARCIA, Thiago de Sousa. Um


Boom de Mídias na Infância: Reflexões acerca do Uso de Tecnologias Digitais na Educação
Infantil. In: CONGRESSO SOBRE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO, 4., 2019, Recife. Anais [...].
Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2019. p. 184-191.

LAKATOS, Eva Maria; Marconi, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica.


5.ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MELLO, Suely Amaral de. A escola de Vygotsky. In CARRARA, K. Introdução à


Psicologia da Educação. São Paulo: Avercamp, 2004.
Ministério da Educação. CNE/CEB. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil. Brasília, 1999.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Grupo de trabalho saúde na era digital.
#Menos telas #Mais Saúde. São Paulo, 2019-2021. 11 p.

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