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Curso do Encceja Geografia

Capítulo 6

QUESTÕES RACIAIS E DE GÊNERO NO BRASIL


Olá! Venha estudar conosco os principais assuntos referentes às questões raciais e de gênero no
Brasil.

Esta aula irá tratar dos principais temas relacionados às questões raciais, incluindo discriminação
racial, violência, educação e desigualdade social. Serão abordadas também as principais questões de
gênero, com foco no feminicídio, violência contra a mulher, paridade política de gênero e mulher no
mercado de trabalho.

Racismo
O racismo consiste em teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, podendo ser
também uma doutrina fundada sobre o “direito” de uma raça (considerada superior) de dominar outra.
Infelizmente, apesar de ser um país multirracial, o Brasil é marcado pela forte discriminação e pela
desigualdade social entre os vários grupos raciais.

Entretanto, é importante destacar que o reconhecimento das questões raciais como questões
relevantes em nível nacional passa pela responsabilidade de todos aqueles que lutam por uma
sociedade justa, igualitária e fraterna.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) as taxas de analfabetismo
são de 8,3% entre os brancos, 21% negros e 19,6% mulatos. Ou seja, os negros são 2,5 vezes mais
analfabetos do que brancos. Além disso, as taxas de brancos que adentram ao ensino superior
(universidades públicas) são maiores que a de negros, o que está diretamente relacionado à maior
qualificação profissional e maior renda dos brancos.

É importante destacar também que por conta do racismo estrutural impregnado em nossa sociedade, 2
os brancos ganham, em média, 5,25 vezes o salário mínimo, enquanto os negros ganham 2,43 vezes.
Sendo assim, podemos constatar que a renda média de uma pessoa branca é mais que o dobro da
renda média de uma pessoa negra. Outro dado que escancara as consequências do racismo em
nossa sociedade é o que mostra que quase 14,6% dos negros são empregados domésticos, enquanto
apenas 6,1% dos brancos trabalham nesta função.

Como consequência disso, percebemos que com menos oportunidades de acesso a condições dignas
de trabalho, as pessoas negras estão mais sujeitas a situações de violência. Para você ter uma ideia,
de acordo com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2019, houve um crescimento
de 11,5% da taxa de homicídio entre negros nos últimos 10 anos. Mais especificamente, de acordo
com o IBGE, entre 2012 e 2017, o aumento da taxa de homicídio entre negros aumentou de 37,2% para
43,4%, enquanto entre os brancos se manteve em 16%.

A taxa de encarceramento é outro dado que expõe as consequências do racismo estrutural em nossa
sociedade. Segundo essa taxa, podemos constatar que uma pessoa negra tem 5,4 mais chances
de estar na prisão do que uma pessoa branca. As desigualdades sociais também se refletem nas
condições de moradia, já que quase três vezes mais negros vivem com restrição de acesso ao
saneamento básico, além de apresentarem maior situação de vulnerabilidade e exposição a vetores de
doença.

Todos esses dados nos permitem concluir que os brancos têm melhores padrões de vida, mais
acesso à educação, melhores empregos e salários e frequentam mais as universidades públicas. Além
disso, as maiores taxas de violência são registradas contra os negros.

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Tipos de racismo
Há variados tipos de racismo no Brasil, sendo que o maior destaque aqui será dado ao racismo
individual, institucional e estrutural.

» Racismo Individual: provenientes de atitudes individuais, onde é manifestado por


meio de estereótipos e interesses pessoais.
» Racismo Institucional: praticado cotidianamente por instituições que mantém a
hegemonia de um grupo racial no poder, e está relacionado com as dinâmicas e
práticas sociais.
» Racismo estrutural: é um processo que resulta na classificação da raça, com base
em uma hierarquia que considera aspectos culturais, físicos e biológicos.

O racismo estrutural é político (relações de poder) e é histórico! Nesse sentido, os privilégios são
estruturalmente estabelecidos.

O racismo estrutural entende que as instituições só atuam como atuam porque estão condicionadas
a uma estrutura social que as precede, ou seja, quando as instituições expressam racismo,
expressam algo inerente à estrutura social.
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Sendo um processo histórico-político, expressa as desvantagens sociais e as circunstâncias
histórico-culturais que fazem de alguém negro.

Nos Estados Unidos, há uma predominância de brancos em relação aos negros. Até a década de
1950, os negros não tinham direito ao voto, eram segregados socialmente e compunham a parcela
mais pobre da população do país. A luta pela igualdade de direitos civis ocorreu de maneira pacífica,
e defendia a ampliação dos direitos sociais, tendo sido liderada por Martin Luther King.

Hoje, o racismo não foi superado nos estados Unidos, e ainda podem ser observados violentos atos
racistas.

Questões de gênero
No que tange às questões de gênero, uma temática atual e de fundamental importância refere-se
ao aumento da violência contra a mulher. De acordo com a Convenção de Belém do Pará (1994),
violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano
ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado. A
violência pode ser física, psicológica, sexual ou moral.

Sobre a temática do feminicídio, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgou um levantamento


mostrando que, em 2018, 1.206 mulheres foram assassinadas, ou seja, uma mulher foi morta a cada
sete horas por ser mulher. Nove em cada dez casos, a mulher foi morta por um companheiro ou ex-
companheiro.
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Além disso, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil está no 5º lugar dos países que
mais matam mulheres no mundo no contexto de violência doméstica. Em 2018, foram registrados
263.067 de lesão corporal dolosa dentro da Lei Maria da Penha. Isso significa que, a cada dois
minutos, uma mulher apanhou do marido, namorado ou ex-companheiro.

A violência psicológica também é uma das várias formas de agressões que as mulheres sofrem.
Muitas vezes, a própria vítima não se dá conta de que o que sofre é um crime. Por isso, muitas
mulheres não chegam a denunciar os casos, que incluem ofensas, ameaças e humilhações verbais.

Paridade de gênero
A paridade de gênero é a pauta central de muitos
movimentos sociais, entre eles o movimento
feminista. Podemos definir como paridade de gênero o
estabelecimento de direitos e deveres iguais para todos
os seres humanos, independentemente do seu gênero,
bem como acesso a oportunidades e condições dignas de
saúde, subsistência e participação na sociedade em geral
e na política.

Sobre a paridade política de gênero na política, entre os


11 países analisados na América Latina, o Brasil fica em
nono lugar, à frente apenas do Chile e do Panamá. Uma
das explicações para isso é a chamada violência política de
gênero, que são os ataques voltados às mulheres eleitas
ou candidatas e que se direcionam diretamente ao gênero.
É um tipo de agressão que afasta ainda mais as mulheres
do meio político e faz a paridade de gênero se tornar uma
realidade cada vez mais distante.

Participação das mulheres no mercado de trabalho


Uma outra questão super atual e de relevante discussão, é a participação da mulher no mercado de 4
trabalho.

Há hoje uma tendência ao aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho. Esse
aumento, algumas vezes, está ligado à necessidade de contribuir para o sustento da família, ao desejo
de realização profissional, e à demanda do próprio mercado de trabalho.

No entanto, as mulheres sofrem discriminação no mercado de trabalho, e muitas vezes, são


submetidas a uma “dupla jornada de trabalho”, pois o cuidado da casa e dos filhos ainda é visto
socialmente como uma obrigação da mulher.

Entre os exemplos de discriminação da mulher no mercado de trabalho brasileiro, podemos citar


os fatos de a remuneração feminina ser mais baixa que a masculina, mesmo exercendo a mesma
função; a participação das mulheres em cargos de chefia nas grandes empresas brasileiras ainda
ser pouco expressiva; a taxa de desemprego ser maior entre as mulheres do que entre os homens;
a proporção de mulheres inseridas no mercado formal com carteira assinada ser menor que a dos
homens.

Como complemento a esse texto, não deixe de assistir à vídeo aula gravada pelo professor Carrieri no
Canal do Curso Enem Gratuito.

Este texto foi escrito por Miramaya Jabur, que é geógrafa graduada pela Universidade Federal de
Uberlândia, Mestre em Geografia pela Universidade Estadual Paulista e ministra aulas na área desde
2010.

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