Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
editora brasiliel ;e
Copyright e) by Francisco rosé Peneira, 1985
Nettlzumaparte desta publicação pode ser grauiüa,
armazentaõlaem sistemas eletrõnícos, fotocopíada,
reproduzida por meios mecânicos ou ozztrosquaisquer
'' ' sem auforízação préuía do edífor.
ISBN; 85-ii-02za2-z
Primeira edição, ]985
5a edição, 1989
Introdução . 7
,4jormação Anlóríca(sucfmfamenre) . 9
Opaís (.breves informaçõesà 18
Apartheid: O horror branco na Atfrica do Sul 25
A legislaçãodoapartheid 57
A ''Carta da Liberdade Programa do Povo
Sul-Africano 66
Consideraçõesfinais 75
Indicaçõespara leitura 80
IMPRESSA NO BRASIL
INTRODUÇÃO
11
O aparf&eidna Ãfrica do Sul é, seguramente, a
forma mais cruel de dominação social no mundo pre-
sente. Trata-se do mais exacerbado racismo e domi-
nação branca no continente africano.
Condenado pela Organização das Nações Uni-
das (ONU), que mantém o Comité Especial .4nfí-
Aparf#eíd, e repudiado pela consciência democrática
de todo o mundo, o apa#&efd (sistema de desenvolvi-
mento nacional separado, ou apartado, segundoa cor
e a raça) nega os mais elementares direitos à imensa
maioria negra na Ãfricâ do Sul.
Não obstanteessa natureza primitiva do apar-
f&eíd, o fenómeno é pouco conhecido no Brasil,
incluindo, de certo modo, a própria comuni-
dade académica. Esse fato se explica, em boa parte,
pela ausência quase que absoluta entre nós de litera-
.4 "eez«. tura especializada sobre o aparfãeld. O presente tex-
deloão Cân{ to, por isso mesmo, sem pretender obviamenteesgo-
Francisco José Porei.
8
L.
A FORMAÇÃO HISTÓRICA
(SUCINTAMENTE)
Os primeiros contatos
Na busca de um caminho marítimo para as in
11
10 Erancüco rosé Penal..4pa##eíd; O Hbrnor .Branco ma.ûfca do -Su/
A resistência nativa
A continuada expansão dos holandesesou óoers
A intervenção inglesa
A nova expansão holandesa
Nesse massivo êxodo, os óoerx encontram resis-
tências de povos locais, entre elas: primeiro, os en-
frentamentos com os nraóe/es, que, vencidos, recuam
proteção britânica. Nesse mesmo ano, os ingleses de- mais ao norte para territórios do anual Zimbabwe e,
sembarcaram no Cabo e, mais bem preparados,téc- depois, a dos ztz/us, cujo chefe Dingan, sucessor de
nica, financeira e militarmente que os boers pré-In- Tchaka, após derrotar e matar o líder doer Pieter Re-
desen-
dustriais impuseram seu prometo próprio de tief, em dezembro de 1838, é posteriormente senado
volvimentoe colonização, assumindo, em consequên- e morto por Andries Pretorius, que, em 1839, funda
cia, o govemo local. Em 1806, quando se agravam as a República Independente do Natal.
hostilidades entre a Fiança de Napoleão e a Ingla- O governobritânico da colónia, com sede no
Cabo, considerandoque Andries Pretorius e os de-
mais óoerx eram súditos ingleses e recorrendo ao
princípio de que todo súdito inglês continuava regido
inglês passa a ser a língua oficial na Ataca do Sul. pela lei inglesa mesmo quando fora de território in-
Em 1834, o Parlamento britânico aboliu a escrava- glês, ocupou e anexou, em 1843, o tenitório dessa
tura e, não obstante as anteriores demonstrações de recém-fundada República Independente do Natal aos
pouca eficácia na colónia,. esse fato trouxe maiores domínios da Grã-Bretanha. Os óoers, em sua grande
dificuldades aos interesses õoers, dependentes do tra- maioria, recusaram, na oportunidade, ofertas de ter-
balho escravo. .. . ras e, mais uma vez, emigraram.
A difícil coexistênciaentre boers e ingleses no Em carroças puxadas por bois, vão juntar-se aos
boerx que, durante a Grande Retirada do Cabo, ha-
viam fundado uma república ao norte do rio Vaal,
afluente do Orange. Aji, esses migrantes fundaram
em direção ao Norte, atravessando o fio Orange (as- entãotrês outras repúblicas: uma delas, na margem
sim batizado pelos óoers, já em 1779..:Jiuma home-
Francisco José Pereü irtheid: O Horror Branco na Ãfrica do Sul 15
14
B l 8ÇB8nEog-N9R--u lN
Ê
E
<
g - gg:gã3Egãg:899g l g$
ê' êg 8"6gãp"g# lE'
.5
E N n -- an
$
ções
g
2
A economia g uüusuH8çççü büb8ül l l
0
L
24 Francisco rosé
menta na crença da ''pureza racial" do homem bran- aceita geralmente como tal";
co. dotado de atributos que o fazem superior a qual- 3) o gmpo de cor, que inclui ''todas as pessoas
quer indivíduo de outra raça. Contudo? no caso da que não sejam membros do grupo branco ou do afi-
Alemanha nazi, esse racismo teria servido como base cano'
ideológicapara propósitos mais globais de domina- no presente texto, as expressões lz#lcano e ne-
gro são usadas indistintamente para referir-se a um
ção, enquantoque na Ãfrica do Sul o racismo, con- só grupo racial. O chamado g/upo de cor, que inte-
substanciado no apara;zela, expressa-se como meca-
nismo local de domínio próprio à manutenção de for- gra cerca de 2,5 milhões de mestiços e aproximada-
mente 1,5 milhão de indianos, está igualmente ex-
masprimitivasdeacumulação. . .. .
Nesse contexto de exacerbada dominação social, cluído dos privilégios e benefícios destinados ao gm -
dá-se uma perfeita correlação entre negro.e explo- PO bra/zco, embora o grau de discriminação e inten-
rado. Examinaremos, com mais detalhes, alguns as- sidade de exploração sejam menores, se comparadas
estascom as exercidas sobre o grupo aHrfcaBO.Dos
pectos particulares do processo histórico sul-africano
e suas correspondências específicas na estrutura de indianos, emergiu uma significativa burguesia co-
classe social que possam tornar mais compreensível a l mercial, porém, seu ingresso nas estruturas superio-
mencionada correlação rzegro-explorado, assim.como res do sistema económico está absolutamente impe-
o carâter e conteúdo das atuais, e cada vez mais sig- dido devido às barreiras de cor.
nificativas, mobilizações populares enganadasna luta Dentro da prática e técnica do apaH&efdo grupo
de libertação. . . de cor recebe um tratamento preferencial em relação
Antes, contudo, faz-se necessária uma referência aogmpo aHrfcano, contudo, insuficiente para modifi-
sobre a definição dos grupos raciais e da forma como car, em si mesmo, a natureza da discriminação e im-
eles serão tratados no correr do texto. Na Ãfrica do pedir a aliança natural desse grupo com a massa afri-
Sul, a definição legal dos grupos raciais é a seguinte: cana, nas suas manifestações e anseios de libertação.
1) o grupo branco, que inclui ''toda pessoa que
por seu aspecto seja evidentemente branca ou aceita
geralmentecomo tal, sempre que nenhum dos seus
progenitoresnaturais seja classificado como pessoa Explorado e negro
de cor ou africana, ou como membro de um grupo uma correlaçãoperfeita
étnico integrado por gente de cor" ;
2) o gmpo aHrícano, que inclui ''tod!.pessoal A legislaçãosul-africana, que, entreoutras, re
membro de uma raça ou tribo indígena da Africa, ou gula a propriedade e o controle dos meios de produ
28 Ftancisco rosé Pe\ Lheid:O Horror Branco na Af+ica do Sul
+
sia. Acontece que o operário negro na Ataca do Sul,
seja por lei ou por razões sociais instituídas, não s6
ocupa, no processo produtivo, uma posição distinta e
inferior que o diferencia do operário branco, assim
como o operário branco, devido aos mecanismos lo'
cais de dominação racial, identifica-se politicamente
com a classeburguesa, igualmente branca, numa ade'
são aos esforços desta por obter o maior benefício pos' No processo produtivo o operado negro ocupa, por lei.
cível do trabalho e exploração do negro. u 'na posição distinta e inferior ao operário branco.
A exploração do operário branco, nesse caso,
Francisco Josê Pt leid: O Hon'or Branco na Ãfrica do Sut 31
30
to daqueles na ocupação dos 87%odas terras culüv mais notável desse ''colonialismo interno'' está
vensdo país; os 13%orestantes são cultivados nas e.
servasAfricanas, onde há cerca de 8 milhõesde e. &:E=' :â::T!=H:':H:==XH
gros, com predomínio de uma agricultura em te h Sul é praticado pela nação branca dominante, de
altamentefracionadas. No Transkei, por exemp :m europeia, porém local. Isso, contudo, não pa-
uma vistoria no distrito de Umtata mostrou que 9S ã desnaturar o colonialismo que ali se aplica. Com
de famílias têm menos do que 3 ou 4 hectares de telra to, uma analise das formas históricas de opressão
(área considerada como minimamente necessária H domínioda nação africana não revelaria maiores
sustentoda família). No Ciskei, uma outra vistoia ferençasde exploração, martírio e sofrimento entre
mostrou que um terço de todas as famílias não p IS. período em que a Ãfrica do Sul era uma co16nia
@ subaabsolutamentenenhuma terra arável. alisa, governada por um contingente de colonos
)roncos, daquela em que esse contingente de bran-
. através da independência, adquire direitos for-
Um colonialismo interno maisde domínio direto sobre a população e o solo
africanos.
Essa deformação da clássica correlação de for ' Na solução neocolonial clássica, o Estado colo-
ças sociais próprias de sociedadescapitalistas se nizadorse retira do território até então colonizado e a
plicaria, na especificidadedo caso sul-africano, pe administraçãodo novo Estado passa, no caso, a ser
existênciade uma situação particular de ''coloni assumidapor uma nova e dominante elite local, man-
mo intimo'' que se teria consolidado ao longo do p tendo,porém, o antigo Estado e classe colonizadora
cesso de formação e desenvolvimento do sistema cal suas anteriores e estratégicas posições económicas.
talista local. Nocaso sul-africano, sabe-se, a classe ou nação colo-
Esse ''colonialismo intimo" sul-africano rtpi nizadora não pode retirar-se a um hipotético e dis-
duz as característicasprimárias do colonialismotrí tante Estado de origem; contudo, essa particulari-
dicional na Ataca, ou seja, sobre a população in( dadenão impediu que essa nação colonizadora en-
gana se institucionalizou uma real opressão nacioni contrasseuma solução igualmente particular e origi-
exercida pelo segmento europeu da população, q nal de neocolonialismo, para manter seu domínio
desde postos exclusivos da economia, administraç: político e exploração económica (confundindo, ao
e direção de um Estado capitalista altamente av mesmo.tempo,os anseios de libertação nacional da
çado, esforça-seem perpetuar um sistema de dis naçãoafricana). O fracionamento do próprio territó-
minação e exploração baseado na raça. A partic ), com a formação dos chamados ferrlfórlos negros
34 Francisco rosé id: O Horror Branco na Ãfrica do Sul 35
autónomos, conhecidos por baPzfzzsfões foi, de fato. da luta entre colonizadores, com a exclusão da nação
solução aplicada. africana. A segregaçãooficial começa em 1913,com
O autor, em 1980, entrevistou na cidade de a Lei de Terras que divide, então, o solo africano e
puto, capital da República Popular de Moçambiqt reduz a 13%oa possessão legal dos africanos sobre seu
Jacob Zuma, então representante do Wrlcan .AEa próprio território, enquanto que, para a comunidade
branca foram destinados os 87%orestantes. E, desde
rza/Cbngress-- ANC nessepaís. O ANC é o
então até agora, a posição de nosso povo em relação
importante movimento de resistência negra na Af à terra jamais mudou. SÓ aquelas comunidades
do Sul e o mais antigo movimentode libertação
dado no continente africano. No correr do tel
brancas tiveram direito a escolher o governo e a
administrar o país. Não se deu, dessa comia, uma
como forma de apoio ao tema e para sua me] independênciareal para o conjunto da população.
compreensão, reproduziremos trechos específicos Houve, isto sim, uma transferência de poderes a
entrevista: uma oração das nações colonizadoras que decidiu
ficar para sempre na Ataca do Sul, mantendo a ex-
Autor -- Pode-se falar de um colonialismo intel clusão da nação africana. Permanece, em conse-
da Âfrica do Sul? quência, uma situação de verdadeiro colonialismo
Jacob Zunia -- Essa é uma pergunta muito interno.
teressante, porque hâ muita gente que não enten{
bem qual é a situação no nossopaís e, por isso,
entende corretamente o tipo especial de colonialisr
internoexistentena Ãfrica do Sul. Vou voltar Bantustões -- confinamento negro
pouco atrás na nossa História para explicar melhc ou uma fraude à descolonização
Quando houve os primeiros cantatas do coloniz
com a nação africana, houve simultaneamente Os bantustões atuais encontram sua origem e
início do processode rapto de nossasterras. inspiraçãono próprio processo histórico de domina-
lutamos, meus antepassados lutaram contra os çãoe são uma decorrência do Sistema de Reservas.
lonizadores boer= e ingleses. Foi sempre por um pi
instituído na Ãfrica do Sul em meados do século pas-
blema de terra e dominação. Dividiram e admii sadocom o propósito de manter o uso barato da mão-
traram nosso país sem participação nacional. Com
descoberta do ouro e outros minerais na repúb de-obranativa e que, a partir de 1910, se integrou às
doer do Transvaal, os inglesesdecidiram formar instituições da então União Sul-Afncana. Essas Re-
Estado centralizado. Depois de algumas sérias r servas, em sua delimitação física, corresponderam,
tências boers, os ingleses se impuseram. Em 191C embora difusamente, aos originais e pequenos espa-
b
foi criada a União da Ãfrica do Sul, como result çostribais dominados após as lutas de conquistas. O
36 Francisco rosé 37
Id: O Horror Branco na Aftica do Sul
#
por exemplo, concordou que haveria um govemo
8
gro na República da Ãfrica do Sul, caso fossem
lízadas eleiçõesgerais na base de um homem
voto. Mas acentou: ''Venda estaria perdida coU
domínio negro na Ãfrica do Sul. Representamos
pequena nação disposta a defender nossa cultura
nacionalidade". Em entrevista concedida a um J
brasileiro, reproduzida no Jorna/ do (bmércfo,
Manaus, disse o chefe Lennox Sebe, dirigente do Ci
kei: ''Estamos primeiro preparando a infra-estru
necessária que possa dar viabilidade ao Ciskei e
tar incorrer no erro de muitos países africanos
não estavam maduros para se governarem, nem
nham base económica, âdvindo disso grandes probl
mas não apenas para os seus líderes, mas para
povo. +louve muitos erros numa descolonização ap
sada da Àfrica
l
como grupos separados. Essa separação. .tribal Jacob Ztima -- O ANC mobilizou a população
favorável ao conquistador. O .A/HcaPZ.IVaflona/ em toda parte, mesmo antes da criação dos bantus-
press foi fundado com propósitosde conqegar tões. O ANC tem apoio e prestígio nacional, na ci-
nação africana, e, desde então, suas ações têm si dadee no camlio. Minha experiência pessoal foi exa-
sempre no sentido de criar uma consciência.nac tamente essa, pois fui mobilizador em Durban, gran-
na], de verdadeiracomunidadeentre as várias ni de cidade, e também no campo, na Zululândia.
cionalidadesem nosso país. Nessa linha, em l Autor -- A Zululândia é um bantustão?
deu-seo pacto entre o ANC e o Congresso Indiano.- Jacob Zuma -- Sim, agora a Zululândia é o
Ãfnca do Sul, outro grupo racial oprimido. Jâ bantustão chamado Kuazulo.
CaznpanAa do .Desato, em 1952, fora conduzida
uma' ampla unidade entre os vâriok grupos e orl
nizações de massa, sendo criado, nessa oportu
dado, o Canse/#o de Planey'ementa Comum par
coordenar a Campanha. Esse Conselho deu lugar,
ANC e a luta de libertação nacional
posteriormente, ao Comité Consultivo Nacion Na Ãfrica do Sul se estruturouo mais antigo
constituído por representantes do ANC, do Congr
se Indiano Sul-Africano, do Congresso dos Demo imento de libertação organizado no continente:
#
chatas(integrado estes por pessoas brancas. e cria Mrfcan .Nlzffona/ aongress(ANC), fundado em
por iniciativa do ANC). Em face desses vitoriosos 12. Seu programa foi inicialmente conciliador e em
forças e ações de unidade nacional,.o governo racist
composição predominavam chefes tradicionais
concebeumecanismos contrários de divisão e se haviam adquirido importância durante as resis-
gação: entre eles, a política de criação de bantustões
iciastribais ao domínio europeu.
que estabelecee estimula uma nova.dimensão do üi A nova organização expressava-se, então, atra-
balismo no país. Nessa época, os bantustões servi de um nacionalismo limitado, que, em nome de
ram, igualmente, para .confundir -- ante nosso po'umaingênua boa vontade, conclamava a classe bran-
e frente à opinião mundial -- o gigantesco processcadominante à maior "compreensão entre brancos e
de descolonização no continente africano. negros''.Essa pratica, apenas interrompida por pou-
Autõl' -- A criação de bantustões correspon'
cosepisódiosmais radicais, se manteve, de um modo
deu, geograficamente, a espaços tribais? .
Jacoó Zunia -- Em parte, só em parte. For geral,até 1943, quando,..então, o Wrícan .Nbffona/
principalmente, criações à conveniência do regime Congresx,já praticamente liberto da influência ini-
mantendo, contudo, traços do passado. cial dos chefes tradicionais que haviam mantido as
Autor -- Hâ diferença de prestígio e ação ;ições de estreito e humilde nacionalismo, adota as
ANC nos bantustões e fora deles? fadas Reívlndícaçõei 4»'lianas e Z)ec/orações
O Horror Branco na A$'ica do Sul 45
44 Francisco Josê
ao apaHãeld e os
kn mm'=wl$$W
êln nas votações de protestos ou sanções contra a
forços para isolar a Ãfrica do Sul, adquiriram real il c&do Sul por sua política de apaH&efd.. Essa ati-
pulso e várias Resoluções a esse respeito foram apr é compreensível, dados os múltiplos interesses
õinicose ünanceims mantidos com o governo de
8
vadas pela Assembleia Geral da Organização das
ções Unidas, sendo que, nos anos de 1978 e l!
aprovou, entre outras, as que seguem:
W -- Resolução sobre mobilização internacional c(
tra o apaN#eid;
Resolução sobre embargo de petróleo à Africa mantoe 52%odo manganês. Quanto à Inglatena,
Sul; dependência é maior: 58%o da platina; 66%o do
Resolução para pâr fim à colaboração nucle 9 78% do cromo, 73%odo manganêse 90%odo
com a Âfrica do Sul; ttimõnio.
-- Resolução para pâr fim à colaboração econõi Por outro lado, a Âfrica do Sul fica, e$trategica-
com a Ãfrica do Sul; te. na chamada Fofa do perra/eo em cujas costas
Resolução sobre difusão e informação a respe isâM navios que abastecem 57%odo petróleo con-
da apartheid\ ido na Europa e cerca de 20%odo petróleo consu:
-- Resolução sobre assistência ao povo oprimido donosEstadosUnidos.Aproximadamente,
25 mil
Âfrica do Sul e a seu movimento de libertação lvioscruzam, anualmente, suas costas.
cional. A economiada Repúblicada Ãfrica do Sul ére-
O Brasil votou a favor, excito em relaçãoà itivamenteavançada(em especial seus recursos mi-
solução sobre o embargo de petróleo à Ãfnca do St nis) e, combinada com a posição estratégica.do
pois não participou da votação. na rota marítima, dá à Ataca do Sul importân-
Essas Resoluções,embora em sua aplicaçãopí geopolíticamaior. Acrescente-sea isso a atual e
deçam ainda de dificuldades, constituem bandeira geradaintegração económica com os países avan-
de denúncia e efetivosinstrumentos utilizados p( os do bloco capitalista, em especial os já citados
consciência democrática e militante de todo o mi atadosUnidos, Alemanha, França e, naturalmente,
do, particularmentenos Estados Unidos e países aterra,que detêm as maiores inversões. Esses in-
ropeus como Alemanha Federal, França, Bélgica 3sses estrangeiros participam de cerca de 60%o dos
Inglaterra, que mais resistem a uma aplicação efeti érios, 30%oda agricultura, 88%odos bancos e
50 Francisco Josê teid: O Horror Branco na Ãf+ica do Sul
51
68%oda indústria na Ãfrica do Sul. cicia àquelas campanhas e assumiu papel central. O
Parece inegável, em conseqüência, que essa apadÀefd divide operário branco e operário negro,
mas os operários negros participaram das varias
de interesses que envolve tão fortemente aspect( campanhas de mobilizaçõese têm uma grande expe-
económicos e geopolíticos, reaja ao nacionalis riência sindical.
africano(particularmente ativo no atual contexto Autor -- O processo de libertação do povo sul-
Ãfrica Austral que considera a República da à africano expressa uma luta de classe ou uma luta de
do Sul como o último bastião a ser recuperado. raças
apa##eíd, no caso, serve, no plano ético, como.efi- Jacob Ztima -- Nossa luta é de libertação na-
catalisador de unidade continental anti-sul-africa cional. Lembro, contudo, que a maioria dos que par-
tipicam são operário ou filhos de operários e, por
isso mesmo, nossa luta de libertação traz com ela um
Autor -- Que fonnaespecífica assume aluta do grande conteúdo de classe.
sul-africano? Autor -- Que outras organizações políticas de
Jacob Zune -- O nosso conceito básico é o libertação nacional existem na Ãfrica do Sul?
vantamento popular através das ações de massas. Jacob Zunia -- Houve organizaçõesque tive-
Autor =- E o conteúdo ideológico dessa luta? ram um certo papel, mas muitas delas desaparece-
Jacob Ztzma -- O objetivo de nossa luta de ram. Ficou o CongressoPan-Africano,prqudicado
bertaçãoé criar um govemode üpo nacionale pela série de problemas internos; foi um grupo que,
mocrático em nosso país. A nossa Carta de Zf hâ muitos anos, se desligou do ANC. Há outros mo-
dado dâ indicação dessa nossa visão do futuro vimentos, como o .BZack Colzscíotzsness -- Consciên-
üco para a Ataca do Sul. A ideia é quebrar.a cor cia Negra --, que detêm vários focos no país.
vertebral do imperialismo no nosso país e abrir Autor -- Que significa estemovimento?
dições para criar um govemo de verdadeiro poc Jacoó Ztima -- O movimento "Consciência
popular. Negra" integra vários grupos e, por isso, falta-lhe
Autor -- Qual o peso da classe operaria uma certa coerência. Seus dirigentesmanifestaram,
economia sul-africana e sua participação na luta desdeo início, que o objetivoera enchero abismo
libertação? criado pelo banimento do ANC e de outras organiza-
Jacoó Ztzma -- A classe operaria tem um ções naquela época. Depois do banimento do ANC e
portante e significativo peso na economia de n( outras organizações, o governo forçou as populações
país e, por isso, nós temos o Congresso Sul-Africo africanas a identificar-se politicamente com os ban-
dos Sindicatos, integrado ao ANC. Nas camp tustões, esse instrumento do apaH#eld. O movi-
de mobilização, a classe mais atava foi exatamente, mento ''Consciência Negra" surge contra isso, e in-
classe trabalhadora, a cjasse operaria, que deu clusive não só os africanos mas todas as pessoas que
52 Francisco rosé !id: O Horror Branco na Af+ica do Sul 53
lorizadas e desenvolvidas
A LEGISLAÇÃO DO mHR7WZ7D
H
dasNações Unidas, .que mantém o Centro contra o
Ambos os resultados, a Históriajâ registrou. .,.. Apa##efd, encomendou uma analise dessas normas
'Essas condicionantes e perspectivas geopolític legais, através das quais o aparf#efd se instituciona-
na região voltarão a ser examinados nas Consíderq liza. O estudo foi realizadopor Leslie Rubin, ex-se-
Cães ,Finais do presente texto. l nador da Africa do Sul. Desse documento foram ex-
traídosalguns dos seus 200 enunciados. Eles ajuda-
doa conhecera realidadesocial na Ãfnca do Sul e
melhor compreender o nível das espécies contidas
uosenunciadosda Carta da Zfberdade-- o progra-
.a no qual se inspira a luta de libertação nacional da
58 Francisco rosé P( Eheid:O Horror Branco na Âfrica do Sut 59
maioria oprimida no país : com multa de até 200 rands ou prisão de um ano, ou
ambas as coisas.
B Se um trabalhador branco morre devido a
'' e O africano que nasceunuma determinadacidade um acidente, as pessoas que dele dependem têm di-
e durante 50 anos nunca tenha se ausentado. caso vá reito a uma soma global e uma pensão mensalfixa-
para outro lugar (não importa com que intenção) e ia com base em seu salário; as pessoas que depen-
$que durante duas semanas, perde o direito de re- dem de um trabalhador africano que more de um
tornar à cidade natal ou mesmo lâ pemnanecerpor acidente não têm direito à pensão mensal, somente à
mais de 72 horas, salvo se obtiver pennissão. Cmo :soma global que o Comissariado de indenizações
contrário, é culpado por delito com uma multa de 20 dos trabalhadores julgue eqilitativa'.
rands ou prisão de dois meses. e Ê ilegal que uma pessoa branca e uma negra
e O africano que numa cidade more há 20 tomemjuntas uma xícara de châ num café de qual-
anos, não tem direito de nela permanecer por mais quer lugar da Âfrica do Sul sem que obtenham per-
de 72 horas caso aceite emprego fora. missão especial para faze-lo.
B O africano que more desde seu nascimentos © Se um negro sezzta-se nam banco em parque
sem interrupção numa cidade não tem direito de dei- público destinadoa uso exclusivode brancos, como
xar ninguémmorar com elepor mais de 72 hora. /urna de professo contra as /efs do apartheid, co-
sqa uma filha casada, um filho com mais de 18anos, mete delito reprimido com multa de 6aO rands ou
uma sobrinha, um neto ou neta. prisão por até três anos, ou pena de até 10 chicota-
e Nenhum africano, mesmo residindo legal das ou dois castigos de uma vez.
mente numa cidade com permissão, tem o direito de e O homem casado ou solteiro cuja 'aparência
que sua mulher e seus filhos morem com ele, caso seja evidentemente branca' ou que 'em geral é aceito
não tenham permissão individual. e considerado branco', que tente ter relações sexuais
e O rapaz africano de 16 anos que abandone Q com uma mulher que por sua 'aparêncianão seja
escola e more com seuspais que o mantêm, é preso a evidentementebranca' ou que 'em geral não seja
qualquer momento, sem ordem de detenção, por um aceita e considerada como branca', é culpado de de-
policial ' que acredite que ele é ocioso lito reprimido com prisão e trabalhos forçados de até
e A pessoabranca que viva numa cidade e em- sete anos, a menos que possa provar ao Tribunal que
pregue um africano para realizar trabalhos de car- naquele momentojulgava ser a mulher branca.
pintaria, construção, instalação elétrica ou outros e Se um sul-çL#icanoou um estrangeiro bran-
especializados e, logo, reservados para membros da co se casa com uma mulher de cor num lugar do
raça branca', deve ter permissão especialconce- exterior onde tais casctmentossão legais, o vínculo é
dida peloMinistério do Trabaho. O empregador que nulo e sem valor na Africa do Sul e os câlljugessão
não obteve essa permissão comete delito reprime( levados a juízo se entram no país.
Francisco rosé theid:O Horror Branco na Ãfrica do Sul 61
;i)a si'lil'l'E
canossem a aprovaçãopüvia do ministro da A(
nistração e Desenvolvimento Bantos.
b A Junta Sul-Africana de Controle das Publi
Pl10PLl:
caçõesé coznposfapor novepessoas(todas branca
nomeadas epagas pelo governo. Uma dasfunções .
Junta é impedirfilmes onde aparecem criar ças bran-
cas e Negras co/pzpaHíndoa mesma au/a, adn/f
brancos e negros dançando entre si ou mulheres
homens brancos abraçando-se e beijando-se.
B Em algumas zonas específicas da Afaga
Sul, a pessoa que, sem aprovação escrita de um fun-
cionário governamental,fale numa reunião em qt
estejam presentes mais de 10 africanos, é culpada
delito reprimido com multa de até 6(X)rands, ou pi
são de três anos. #
B Para decidir se uma pessoa é ou não 'pela E
aparência, evidententente branca' o funcionário
competente leva em consideração 'seus habitos, edu-
cação, modo de falar, aspecto e comportamento
A
&.l
gera/'
e Caso se encontre um africano, em qualquer B
residência, de posse de uma arma de fogo e ele não
consigaprovar que não tem por motivo 'alentar sen-
timentos de hostilidade' entre brancos e africanos, é
culpado de delito de sabotagem e passível de pena de
morte.
B Nenhum africano pode atear como membro
de um júri eleitopara juízo criminal, embora o as-
sado seja um a#icano.
e O africano não pode portar uma faca cuja
lâmina meça mais de 8 centímetros de comprimento,
Para um negro que se senta num parque público exclulsivo
fora do setor onde reside, a menos com permissão es-
de brancos: multa, prisão e chicotada.s.
pecial.
H
62
Francisco Josê :heid: O Horror Branco na Ãfrica do Sul 63
l
sas eleições, denunciando a nova Constituição qu )proamanutenção do aparf&eld, divergindo, ape-
exclui a maioria negra. , quanto à forma e procedimento. O setor mais à
Essa chamada liberalização do apa##efd, coR. :ita do Partido acusa os supostos moderados de
cedendo direito de voto ao mestiço, não é sequer ie seus métodos acabarão levando a uma igualdade
ginal. Os mestiçosjá haviam usufruído, em esc :ial, com a consequente perda de hegemonia bran-
menor, do chamado dlrelfo parca/ de polo, post Por seu lado, o chamadosetormoderadopreo-
dormente abolido (em 1956); porém, enquanto
pa-se com o insistente radicalismo da direita, cujos
rou, mostrou ser mais desmoralizador do que a to
métodos podem favorecer o desenvolvimento do pro-
privação dos direitoscivis. Basta dizer que a supr( ;se revolucionárioe, com isso, comprometer o do-
são desse anterior direito parcial de voto aos mestiç(
noe a exploração racial que ambos aproveitam. Na
veio como represália à formação da Organização dade, a ameaça de um maior isolamento interna-
Povo Á/rícano, na qual os mestiços tiveram atiça p )nal do aparf&e/d preocupa e afeta interesses mul-
ticipação. Ainda nos anos 50, elescriaram sua p lacionaiscomprometidoscom sua economia. Esses
proa organização, o Cblzgresso do .Povo Mêsflço, qu iteresses,no caso, teriam sido acionados a favor de
logo se incorporou ao processo de libertação. . , maiorliberalizaçãodo apaN&eld. Pela primeira vez,
Quanto à minoria indiana, esta teve também itão, na imprensa e em outras formas de debate
processo próprio de resistência ao domínio e racisn )rto, essas divergências tomaram nacionalmente
brancos. Mahatma Gandhi, então jovem e brilhant reter público e expuseram os sérios conflitos que
advogado na Ãfrica do Sul, foi um dos primeiros m processam dentro do partido dominante, dos quais
bilizadores da resistência indiana, posteriorment( reformas constitucionais de 1984 seriam, precisa-
consolidada no Congresso Indiano .Su/-A/rfcaPzo.Ma- )nte, suas expressões mais concretas .
:u
prego. Homens e mulheres de todas as raças recebe. pmfessores terão os mesmos direitos que os outros
rão salário igual por trabalho igual. Haverá uma se- cidadãos. Será iibolida a segregaçãona vida cultu- N
mana de quarenta horas,: um salário mínimo nacio-
nal, férias anuais pagas, direito a faltas justificadas
ral, no exporte e no ensino'
#
por doença, para todos os trabalhadores. Todas as
mulheres terão direito a licença por maternidade O nível e a singeleza das queixas e reivindicações
com vencimentointegral. Os mineiros, os trabalha- sociais registradas na (arfa da liberdade expressam
dores domésticos, os trabalhadores agrícolas e os a longa opressão racial e suas formas de restrições e
funcionários públicos terão os mesmos direitos de confinamento popular:
todos os outros trabalhadores. O trabalho infantil, o
acantonamento dos trabalhadores em casernas, o
pagamento em espécie e o sistema do trabalho con- 'Todos terão direito a viver onde desejarem, a ter
tratado serão abolidos' uma habitação condigna e a criar a família com con-
forto e segurança. As casas desabitadas serão postas
à disposição do povo. As rendas e os preços sofrerão
O mesmo em relação à educação popular e de uma diminuição, haverá comida em abundância e
mocrática ou em relação à defesa dos valores cul- ninguém passará fome. O Estado estabelecerá um
turais: plano de prevenção de doença. Serão proporciona-
dos tratamento gratuito a todos e cuidados especiais
às mães e crianças pequenas. Os bairros pobres se-
O governo terá a obrigação de revelar, desenvolver rão demolidos e serão construídos subúrbios novos.
e encorajar os talentos existentespara engrandeci- onde haverá transportes, ruas, iluminação, campos
mento da nossa vida cultural. Os tesouros culturais
da humanidade serão acessíveis a todos pelo livre in- de jogos, creches e. centros de convívio. As pessoas
idosas. os órfãos. os inválidos e os doentes ficarão a
tercâmbio de idéias, livros e pessoas. A finalidade do
cargo do Estado. Os tempos livres, o descanso e o re-
ensino será a de levar a juventude a amar o seu povo creio serão direito de todos. Acabar-se-á com as lo-
e a sua cultura, a venerar a fraternidade humana, a
liberdade e a paz. O ensino será gratuito, obrigató- calidadesvedadas e com os guetos, e as leis que se-
param as famílias serão abolidas''
rio, universal e igual para todas as crianças. O en-
sino superior e o ensino técnico serão acessíveis a to-
dos através de subsídios do Estado e de bolsas de es-
tudo concedidas aos mais merecedores. O analfabe- Finalmente,a Cana da .Liberdadedefineos
tismo adulto desaparecerácom uma campanha de )rincípios básicos que nortearão as formas de convi-
vênciainternacional do novo Estado independente:
alfabetizaçãomaciça, organizadapelo Estado. Os
74 Francisco rosé
À !
76 /}uncüco rosé leid: O llorror Branco na Africa do Sut 77
da Ãfrica Austral, em.Sujocentro está, precisamente lda sul-africana foi desviada, desde 1980, para a
a questão apaH#eld. Com efeito, Moçambique e A;. ramada Resistência Nacional Moçambicana(Rena-
gola, logo depois da independência, reproduziram o mo),grupo criado em 1975 pelo regime racista da
mesmo ato de solidariedade, colocando suas respec. itão Rodésia do Sul como represália ao apoio de
uvas fronteiras à disposição dos movimentos de liber.
tação na área. Em abril de 1980, com a independên. joçambique ao Zlmóaówe .4/HcaPZ.Nbfiona/ ZI/nfo
ZANU.
cia do Zimbabwe, abriu-se, igualmente, uma novae Desenvolveu-se, desse modo, uma situação de
solidária fronteira.
ipasse. Africa do Sul, Argola e Moçambiquetra-
Dessa forma, a Ãfrica do Sul, pela primeha vez. íam de encontrar, por diferentes razões estratégi-
passou a sentir diretamente o impacto político-mili-
i, modos e regras para uma suportável convivência.
tar desse apoio, num novo e diferente contexto geo.
iiciativas nesse sentido foram realizadas. Em fins de
político. A reação punitiva aos países vizinhos foi vio-
)83, em Cabo Verde, reuniram-se representantes de
lenta. O território angolanofoi ferozmentebombar-
deado, afetando bases da SWAPO(South West Afri- igola e Estados IJnidos com vistas a uma solução de
envolvendoa retirada das tropas sul-africanas de
can People Organization, fundada em abril de 1960
(cujo líder é San Nujoma), lidera e organiza a liber- itório angolano, além da questão da independên-
tação do povo namíbio. Reconhecida pela ONU co- da Namíbia. Em março de 1984, foi assinadoo
mo único representante do povo da Namíbia, foi
acordode Nkomati, entre Moçambique e Âfnca do
admitida em 1978como membro de OIT e da UNES- ;ul, pelo qual ambos os governos se comprometeram
CO.) e parte do território próximo à fronteira foi ocu- .não permitir que seus respectivos territórios fossem
pada. Por outro lado, bombardeiose incursõesde ;ados por grupos interessados na desestabilização
comandos militares foram Igualmente realizados em regimevizinho. Mas, oito mesesdepois, ao findar
territórios moçambicano, objetivando as bases e cen- 1984, o Acordo de Nkomati não havia produzido, em
tros políticos do ANC. oçambique, os efeitos esperados: as bases do ANC
guns de seus setoresconsideraram Nkomati um a-
Além dessasaçõesmilitaresdiretas, a Ãfnca do cesso) foram realmente desativadas, mas a Âfnca
Sul passou, subsidiariamente, a subvencionar militar Sul, se bem suspendeusuas incursões militares
e financeiramentemovimentosarmados com o pro- netasem território moçambicano, jamais deixou a
pósito de também desestabilizar os países vizinhos !enamo sem o amparo militar e financeiro. Da mes-
mais hostis. Em Angola, desde a guerra civil apósa maforma, ao findar 1984, tmpas sul-africanas ainda
independência, a UNITA vem recebendo esses estí-
lpavam faixa fronteira de território angolano.
mulos militares e financeiros. Em Moçambique, essa
Neste complexo xadrez político-militar da Ãfxi-
lrtheid: O Horror Branco na Af+ica do Sul
78 Francisco rosé pt