Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“MULHERES
RUMO AO
PODER”
PRIMEIRA OFERTA
SÃO ELAS:
HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS
LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL
Professora Dra. Marlise Matos (UFMG)
Mini Bio Professora Associada de Ciência Política na Universidade Federal de
MARLISE MATOS Minas Gerais (UFMG), uma das cinco maiores e melhores universidades
públicas de Brasil. Tem graduação em Psicologia (UFMG), Mestrado em
Teoria Psicanalítica (UFRJ) e Doutorado em Sociologia (IUPERJ).
Atualmente é coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a
Mulher (NEPEM) e do Centro do Interesse Feminista e de Gênero (CIFG)
da UFMG.
http://lattes.cnpq.br/1974404093620849
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS
MULHERES NO BRASIL”
EMENTA
Discussão e apresentação geral sobre alguns indicadores de
desigualdades de gênero e raça. Apresentação de aspectos centrais
da história e trajetória dos movimentos feministas e de mulheres
no Brasil. Problematização dessa trajetória pensada a partir da
metáfora das “ondas” feministas. Apresentação das Ondas
feministas no Brasil. Colocação em perspectiva dos principais
desafios relacionados a essa trajetória e a ocupação dos mais
diferenciados espaços de poder e de decisão a partir da formulação
sobre a Quarta Onda dos Movimentos Feministas no Brasil (Matos
2010, 2015, 2016).
.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS
MULHERES NO BRASIL”
✓Esse indicador compara os países a partir de QUATRO DIMENSÕES da vida das mulheres: a
participação econômica, oportunidades no mercado de trabalho (1), acesso à educação (2), saúde (3) e
participação política (4).
✓ O Brasil, nesse ranking, amarga um humilhante 92º lugar no ranking do Fórum Econômico
Mundial (WEF) e um ainda mais humilhante 22º lugar na lista da igualdade entre 25 países
latino-americanos. Piores que nós, só o Paraguai, Belize e Guatemala.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS
MULHERES NO BRASIL”
USOS DO TEMPO
✓ Quando a análise é feita por cor ou raça, é ainda possível observar que
mulheres pretas ou pardas são as que mais se dedicam aos cuidados de
pessoas e/ou aos afazeres domésticos, com o registro de 18,6 horas semanais
em 2016. O indicador pouco varia para os homens quando se considera cor,
raça ou região de residência.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
EDUCAÇÃO
“O Brasil já superou o gargalo da educação, porque hoje as mulheres
são mais escolarizadas do que os homens, mas isso ainda não está
refletido no mercado de trabalho [...]. Ela está chegando mais
escolarizada, então por que o rendimento ainda não está similar?
Muito provavelmente ela está escolhendo ocupações que precisam
de uma jornada de trabalho mais flexível porque ainda tem a carga de
afazeres domésticos extremamente pesada.” (Bárbara Cobo –
coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE)
ESTRUTURAS ECONÔMICAS, PARTICIPAÇÃO EM
ATIVIDADES PRODUTIVAS E ACESSO A RECURSOS
“Você só resolve desigualdades no mercado de trabalho
se tiver uma política integrada, por exemplo, de creche,
porque a gente sabe que um dos maiores fatores para
as mulheres saírem da escola ou do sistema formal
escolar ou de emprego é você ter que cuidar de casa,
afazeres domésticos.” (Bárbara Cobo – coordenadora de
População e Indicadores Sociais do IBGE)
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
✓ Entre as mulheres que têm ensino superior, a diferença foi ainda maior, -38% do que os
homens. E não importa se ocupam os mesmos cargos, elas continuam ganhando menos. A
cada 10 diretores e gerentes, quatro eram mulheres no 4º trimestre de 2019, com
rendimento médio 29% menor.
✓ As altas taxas de desemprego que vêm sendo registradas no Brasil, desde 2016, e também
atingem mais as mulheres (13,1%) do que os homens (10,2%).
✓ O drama é maior ainda entre as que são responsáveis pelo domicílio – criam os filhos,
pagam as contas e fazem todas as tarefas do lar. Neste grupo, 9,2% das chefes do lar
estavam desempregadas no 4º trimestre de 2019, contra 5,1% dos homens.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
✓ Além do nível de desocupação maior, aqueles que conseguem uma vaga de emprego trabalham mais e
recebem menos. A distância entre brancos e negros passa também pela escolaridade e por postos de
trabalho ocupados – que influenciam, por exemplo, a mobilidade para cargos de chefia, liderança ou
comando.
✓ Uma mulher negra, por exemplo, precisa trabalhar 55 minutos a mais para recolher o mesmo que um
homem branco ganha em uma hora. Já para os homens negros, o número é de 45 minutos a mais de
trabalho. A população negra conta com rendimento médio por hora de R$ 34 para homens e R$ 24 para
mulheres. O valor para homens brancos é de R$ 47 e de R$ 35 para mulheres não negras.
✓ A taxa de desocupação de mulheres negras é de 16,7% enquanto a de homens brancos, por exemplo, fica
em 8,2%. Com referência à população total do país, os negros empregados com ensino superior estão na
margem de 35,3% ao passo de 64,7% para os brancos.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
✓ Fontes:
✓ https://averdade.org.br/2019/06/atlas-da-violencia-evidencia-racismo-
machismo-e-lgbtfobia-no-brasil/
✓ https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&id=2097
8
Por TUDO isso, esse
curso é TÃO
IMPORTANTE !!!!!
✓ Fontes:
http://archive.ipu.org/wmn-e/classif.htm
https://www.vix.com/pt/poder/538764/159-cidades-nao-elegeram-
vereadoras-em-sp-cade-a-mulher-nas-eleicoes-2016
https://www.politize.com.br/participacao-das-mulheres-na-politica-
brasileira/
https://azmina.com.br/reportagens/mulheres-na-politica/
Como veremos a seguir a LUTA
DAS MULHERES BRASILEIRAS
(incluindo, com certeza, a luta das
mulheres negras e indígenas) é Marcha das MULHERES
NEGRAS (2015)
histórica e tem sido fundamental
para se tentar alterar essa
condição de opressão estrutural.
A LONGA LINHA
DO TEMPO
DAS NOSSAS
LUTAS !!!
✓ https://feminismo.org.br/historia/
✓ https://nossacausa.com/conquistas-do-feminismo-no-brasil/
✓ http://hipermidia.unisc.br/portal/linha-do-tempo-conquistas-feministas/
✓ https://www.politize.com.br/movimento-
feminista/?https://www.politize.com.br/&gclid=EAIaIQobChMIxtSMs9PS6gIVEQuRCh2eKQtrEAMYAiA
AEgI6DvD_BwE
✓ https://medium.com/qg-feminista/o-que-s%C3%A3o-as-ondas-do-feminismo-eeed092dae3a
✓ https://linhasdotempo.fundacaofhc.org.br/direito-das-
mulheres/?gclid=Cj0KCQjwg8n5BRCdARIsALxKb97XHP19MbA288SSGHTPZjUAcmKPhJJrcdLfDXRiRsz6S
2wct3exZBQaAkb-EALw_wcB
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
O DESAFIO DE APRESENTAR UMA HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS
NO BRASIL
✓ Embora esse seja de fato o que estritamente pode ser entendido como "o movimento feminista",
é importante ressaltar que esta é apenas uma parte da história.
✓ Por todo o mundo, negras e indígenas lutaram para sobreviver à dominação imposta pela
construção do Estado Moderno colonial e, embora essas lutas não tivessem um vínculo direto com
o movimento feminista, dar visibilidade a elas é fundamental para compreendermos os desafios
presentes no feminismo atualmente. Embora as informações sobre isso sejam escassas,
selecionamos alguns eventos que (esperamos!) contribuam para uma visão mais ampla sobre a
luta das mulheres.
✓ Assim, é preciso afirmar que o feminismo enquanto um tipo movimento organizado de mulheres,
oriundo da sociedade civil, só surgiu na metade do século XIX! Todavia, antes disso, as mulheres
lutaram e MUITO!
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
AS PRECURSORAS
DAS NOSSAS
LUTAS
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
✓ 5 de Novembro, 1405: “A cidade das damas” é lançado. É considerado um marco do feminismo pré-
moderno, o livro de Christine de Pisan fala sobre o mito das amazonas, ataca o discurso da
inferioridade das mulheres e oferece uma alternativa à sua situação.
✓ A resistência das mulheres indígena: se dava pelas fugas dos aldeamentos missionários e de outros
tipos de cativeiro, pela defesa das aldeias contra os Bandeirantes, por ataques a vilas e fazendas, pela
colaboração com o europeu, bem como pelo suicídio quando presos/as. Especialmente as mulheres
indígenas, profundas conhecedoras das ervas, sabiam utilizá-las em sua defesa e na defesa de seu
povo: envenenamentos e adoecimentos produzidos, estratégias de desarticulação da organização
social branca, abortamentos dos frutos da violência sexual, rituais de desbatismo (com retirada no
nome cristão imposto) e manutenção de suas práticas ancestrais foram táticas amplamente utilizadas
por elas. Outro papel central das mulheres era o da sobrevivência: muito mais do que os homens,
eram elas que asseguravam as produções e a agricultura para a subsistência, mesmo antes da
chegada dos portugueses. O trabalho no campo era quase todo entregue às mulheres.
✓ 22 de Julho, 1665 – Aqualtune: foi capturada como escrava e trazida para o Brasil. Aqualtune liderou
uma força de 10 mil homens, na Batalha de Mbwila, entre o Reino do Congo e Portugal. Foi capturada
com a derrota congolesa e trazida para o Porto de Recife, no Brasil. Ao conhecer a história de
Palmares, Aqualtune organizou uma fuga junto com outros escravos para o quilombo, onde teve sua
ascendência reconhecida, recebendo, então, o governo de um dos territórios quilombolas, onde as
tradições africanas eram mantidas. Aqualtune era da família de Ganga Zumba, e uma de suas filhas
teria gerado Zumbi. Em uma das guerras comandadas pelos paulistas para a destruição de Palmares
sua aldeia foi queimada. Não se sabe ao certo a data de sua morte. Símbolo de luta e resistência,
Aqualtune é uma das grandes referências para diversas organizações de mulheres negras no Brasil.
✓ 1694: Dandara, que foi uma guerreira negra do período colonial do Brasil. Após ser presa, cometeu
suicídio se jogando de uma pedreira ao abismo para não retornar à condição de escrava. Foi esposa
de Zumbi dos Palmares e com ele teve três filhos. Sua figura é envolta em grande mistério, pois quase
não existem dados sobre sua vida e/ou atos.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
PENSANDO EM “ONDAS”
✓ Cada momento histórico tem suas particularidades, assim como as mulheres de cada
momento histórico têm as suas demandas diferentes.
✓ Sabemos das críticas que o uso da metáfora das ONDAS já recebeu, sobretudo, no
âmbito da Teoria Feminista.
✓ Elas podem levar a entender a existência de formas de mobilização e luta que teriam
sentido linear e/ou evolutivo, de conquistas definitivas e totalmente superadas, um
sentido de ganhos crescentes e/ou de ausência de retrocessos...
✓ Essa divisão em ondas é feita meramente para fins didáticos — porque mesmo quando
há concordância com relação a uma ou outra pauta existem teorias e movimentos
paralelos diferentes, cada um com suas especificidades. Há fluxos e refluxos nas ondas
(o que implica movimento, dinâmica, avanços e também retrocessos – como o que
estamos vivendo agora, por exemplo!).
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
A PRIMEIRA ONDA
A autora Céli Regina Pinto, no livro "Breve história do feminismo no Brasil", descreve
duas fases do movimento no país: "feminismo bem-comportado" e "feminismo mal-
comportado".
A 1ª Onda foi caracterizada pela reivindicação, por parte das mulheres, dos diversos
direitos que já estavam sendo debatidos — e conquistados — por homens de seu
tempo: Trabalhar ; Estudar; Votar.
Ou seja: ATUAR NA VIDA PÚBLICA. Além do mais, as feministas da primeira onda
questionavam a imposição de papéis submissos e passivos às mulheres.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
✓ 1827: As meninas são liberadas para frequentar escolas – uma conquista muito importante das mulheres brasileiras veio com
uma lei em 1827, que permitia que meninas finalmente frequentassem colégios e estudassem além da escola primária. Até essa
data, o acesso à educação foi negado às meninas. Foi apenas com essa Lei Geral – promulgada em 15 de outubro – que elas
foram autorizadas a continuar seus estudos.
✓ 1832: É publicado “Direitos das mulheres e injustiças dos homens”, de Nísia Floresta. O livro é considerado o fundador do
feminismo brasileiro. Na obra, a autora reforça que a mulher é tão capaz quanto o homem de assumir cargos de liderança e
qualquer outra função. Nísia Floresta foi a primeira mulher a denunciar o mito de superioridade do homem publicamente, além
de caracterizar as mulheres como seres inteligentes e merecedores de respeito.
✓ 21 de Janeiro, 1848: "Declaration of sentiments" (Declaração de sentimentos) é lançado nos EUA. Trata-se de uma convenção
organizada por Lucrécia Coffin e Elizabeth Cady Stanton, conhecida como "Convenção de Seneca Falls". O documento ficou
famoso pela afirmação era de que homens e mulheres eram criaturas iguais. Lucrácia Coffin também foi ativista da causa
abolicionista.
✓ 1852: Primeiro jornal feminino é criado: editado por mulheres e direcionado para mulheres, surgiu o Jornal das Senhoras, que
afirmava que as pessoas do sexo feminino não deveriam só aprender piano, bordado e costura. Depois disso, outros jornais
também apareceram, como o Bello Sexo, em 1862 e O Sexo Feminino, em 1873.
✓ 1871: Lei do Ventre Livre é promulgada: também conhecida como Lei Rio Branco, a Lei do Ventre Livre, assinada pela Princesa
Isabel, determinava que os filhos das mulheres escravizadas na época do Império nasciam livres. A abolição da escravidão só
aconteceu em 1888, através da Lei Áurea.
✓ 20 de Fevereiro, 1878: Peça "O voto feminino“. Josefina Álvares conseguiu encenar esta sua peça, no Teatro Recreio, depois
publicada em livro, o que faz dela uma das primeiras mulheres a defender o direito ao voto e à cidadania no país.
✓ 1879: Por meio Decreto nº 7.247, de 19 de Abril de 1879, as mulheres são autorizadas a cursar o Ensino Superior. Mulheres
podem ser aceitas em faculdades: em 19 de abril, um decreto de lei permitiu que mulheres pudessem cursar o ensino superior,
assim como já acontecia com os homens. Apesar de estarem dentro da legalidade, muitas enfrentaram preconceito ao ingressar
em universidades.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
✓ 1887: Surge a primeira médica brasileira: Rita Lobato Freitas foi a primeira mulher a se formar em medicina no Brasil, pela
Faculdade de Medicina da Bahia, além de ser a segunda na América Latina. Mesmo com a lei permitindo o ingresso de
mulheres na faculdade, Rita sofreu muito preconceito de pessoas que ainda achavam que estudar era uma rebeldia, “coisa
de menino”. Sua tese na conclusão do curso também foi centrada no feminino: a operação cesariana.
✓ 1888: Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353) É declarado o fim da escravidão: em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea foi
assinada pela Princesa Isabel e encerrou o período de escravidão no país, que durou cerca de três séculos. A
Princesa Isabel foi a primeira senadora brasileira e a primeira mulher a exercer a chefia de Estado no continente
americano. Embora seja um marco na luta racial, é questionada por não ter promovido direitos para o povo
escravizado. Na virada do século XIX, elxs se deslocaram para os grandes centros urbanos em busca de trabalho.
No Rio de Janeiro e em algumas outras cidades, acabaram ocupando antigos casarões. Entretanto, com o passar
do tempo, o Estado passou a promover processos de expulsão que levaram ao surgimento das primeiras
favelas da capital.
✓ 21 de Março, 1907: I Conferência Internacional de Mulheres Socialistas. É de Clara Zetkin a proposta de
criação de um Dia Internacional da Mulher, aprovada em 1910 na II Conferência Internacional de Mulheres.
Para ela, era importante estipular uma ação internacional pela emancipação das proletárias e pelo sufrágio
universa
✓ 1910: É criado o Partido Republicano Feminino: o partido reivindicava o direto ao voto e à emancipação
feminina. Mais tarde, em 1917, as lideranças desse partido organizaram uma marcha com a presença de
noventa mulheres.
✓ 01 de Abril, 1918: Maria Lacerda de Moura publica Em Torno da Educação: o livro também entra na lista de
obras importantes que marcam o começo do feminismo brasileiro. Nele, Maria Lacerda defende o processo
educacional na libertação feminina e reforça que a instrução é um fator indispensável na transformação da vida
das mulheres.
✓ 1919: Resolução de salários iguais para homens e mulheres é aprovada: a Conferência do Conselho Feminino
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) até chegou a aprovar uma resolução de salário igual para
homens e mulheres que exercem a mesma função lá em 1919, mas a gente bem sabe que, infelizmente, a
igualdade ainda não foi alcançada.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
✓ 1928: Primeira prefeita brasileira é eleita: quando ainda nem existia o voto
feminino, Alzira Soriano de Souza abriu espaço para as mulheres na política. Ela foi
a primeira mulher a assumir o governo de uma cidade não apenas no Brasil, mas na
América Latina inteira.
✓ Maria Luiza Fontenele: primeira prefeita de uma capital brasileira, em Fortaleza.
✓ Iolanda Fleming: primeira governadora, no Acre.
✓ Luiza Erundina: primeira prefeita da maior cidade do Brasil, São Paulo.
✓ Dilma Rousseff: primeira presidente do país
✓ Bertha Lutz: responsável pela organização do movimento sufragista no Brasil e pelas ações políticas
que resultaram no direto de voto feminino. Assumiu uma cadeira na Câmara Federal e lutou por
mais igualdade de direitos políticos às mulheres.
✓ Miêtta Santiago: foi a primeira mulher a exercer plenamente seus direitos políticos, após perceber
que a proibição do voto feminino contrariava um artigo da Constituição.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
O "feminismo mal-comportado“ e o “PESSOAL É POLÍTICO”! De meados dos anos 50 e se estende até meados dos anos 90 do século XX.
✓ 9 de Abril, 1936 - NO MUNDO: O grupo Mujeres Libres é criado. Mujeres Libres é uma organização anarquista e feminista espanhola
criada oficialmente em 1936. Junto à Confederação Nacional do Trabalho, à Federação Ibérica da Juventude Libertária e à Federação
Anarquista Ibérica constituiu uma das organizações clássicas do movimento libertário espanhol. Após a morte do ditador Francisco
Franco a organização Mujeres Libres foi refundada e atualmente fazem parte dela centenas de mulheres atuando em diversas frentes
de apoio mútuo a escolas libertárias e propaganda anarquista. A história virou um filme, "Indomables, una historia de Mujeres
Libres", que está disponível no Youtube.
✓ 1 de Junho, 1949: I Encontro Nacional Feminista. Realizando em Fortaleza, durante a 31ª SBPC – Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência.
✓ 20 de Maio, 1956: I Conferência Nacional das Mulheres Trabalhadoras do Brasil. Organizada pelo Partido Comunista, a Conferência
teve como destaque as reinvindicações sobre direitos trabalhistas e a luta por creches.
✓ 1958 – NO MUNDO: Simone de Beauvoir publica o célebre “O Segundo Sexo”, obra fundamental onde a filósofa busca de
desconstruir o papel então convencionado para a mulher na sociedade (“Não se nasce mulher. Torna-se”).
✓ 25 de Novembro, 1960: Las Mariposas são assassinadas na República Dominicana. Dia 25 de novembro é o Dia Internacional de
Combate à Violência Contra a Mulher em homenagem às irmãs Mirabal - Pátria, Minerva e Maria Teresa - que formaram um grupo de
oposição ao ditador Trujillo e ficaram conhecidas como Las Mariposas. Em 1960 foram assassinadas, na República Dominicana.
✓ 1961 – NO MUNDO: a comercialização da pílula anticoncepcional causou uma revolução de costumes e liberdade sexual. A pílula foi
desenvolvida por dois médicos americanos, Gregory Pincus e Carl Djarassi, com incentivo da feminista e ativista social Margaret
Sanger e financiamento de Katharine McCormick, uma rica herdeira industrial.
✓ 1962: É criado o Estatuto da Mulher Casada: em 27 de agosto, a Lei nº 4.212/1962 permitiu que mulheres casadas não precisassem
mais da autorização do marido para trabalhar. A partir de então, elas também passariam a ter direito à herança e a chance de pedir a
guarda dos filhos em casos de separação. No mesmo ano, a pílula anticoncepcional chegou ao Brasil. Apesar de ser um método
contraceptivo bastante polêmico, por mexer com hormônios, não dá para negar que o medicamento trouxe autonomia à mulher e
iniciou uma discussão importantíssima sobre a liberdade sexual feminina.
A SEGUNDA ONDA
✓ Golpe de 1964: vária mulheres (principalmente estudantes) entram na luta contra a ditadura militar
X mulheres (esposas de generais) realizam a Marcha da Família com Deus pela Liberdade
✓ 21 de Maio, 1968: I Congresso Nacional das Trabalhadoras Domésticas. Essa história [da luta das trabalhadoras
domésticas pela organização da categoria e por direitos] inicia-se com Laudelina de Campos Melo, na década de 30 do
século 20, passando por uma articulação com o Teatro Experimental do Negro, e com a corrente progressista da igreja
católica nas décadas de 50 e 60.[...] na sombra de cada direito conquistado – mesmo que insuficiente, comparado aos
outros/as trabalhadores/as – havia uma forte militância das trabalhadoras domésticas.
✓ 8 de Março, 1975: Reunião de Feministas em comemoração ao Ano Internacional da Mulher, na Associação Brasileira
de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. Organizada para comemorar o Ano Internacional da Mulher, segundo Lélia
Gonzalez, esta reunião se tornou um marco na história da incidência das mulheres negras no movimento feminista,
pois foi nesse período que algumas delas passaram a se reunir separadamente, para discutir suas questões e só depois
poder debatê-las nos movimentos negros e de mulheres. Elas divulgaram nesta reunião na ABI um documento sobre a
herança cruel da escravidão de objetificação das mulheres negras.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
Essa é fase, entendida como "mal-comportada", foi marcada por mobilizações contra a
ditadura, quando muitas mulheres brasileiras foram exiladas.
A TERCEIRA ONDA
✓ 1988: A Constituição Brasileira passa a reconhecer as mulheres como iguais aos homens. Foi
apenas na Constituição de 1988 que as mulheres passaram a ser vistas pela legislação brasileira
como iguais aos homens. Somente após as pressões da pauta feminista, aliada com outros
movimentos populares que ganharam as avenidas na luta pela democracia, é que conseguimos
vencer uma realidade opressora e fomos incluídas legalmente como cidadãs com os mesmos
direitos e deveres dos homens – pelo menos na Constituição.
✓ 1995: CNDM - Com existência meramente formal desde 1989, o Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher (CNDM) recupera o papel que havia desempenhado originalmente, já na preparação para
a Conferência de Pequim.
✓ 1996: A primeira Lei de Cotas para mulheres na política no Brasil, reivindicando que mais mulheres
participem ativamente da vida política brasileira. A Lei, de autoria da então Deputada Federal
Marta Suplicy (PT/SP) obrigava os partidos a inscrever pelo menos 20% de mulheres nas listas de
candidaturas ou chapas eleitorais.
✓ 2002: Mudança no Código Civil brasileiro: retirou o artigo que dizia que um homem podia pedir a anulação do casamento caso
descobrisse que a esposa não era virgem. Até então, a virgindade feminina, ou a falta dela, no caso, era tratada como crime e uma
justificativa plausível para divórcios.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
4ª ONDA
✓ 2003: Criação da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SPM/PR), com status ministerial, pelo ex-Presidente Lula.
✓ 2006: é criada a Lei nº 11.340 - Lei Maria da Penha (LMP) - sancionada para combater a violência contra a mulher.
✓ 2010: É eleita a primeira mulher Presidente do Brasil: a eleição de Dilma Rousseff, no dia 31 de outubro, e a convocação de nove
mulheres para os ministérios do país marcou história na política brasileira.
✓ 2015: É aprovada a Lei do Feminicídio: no dia 9 de março, a Lei nº 13.104 finalmente classifica o feminicídio como crime de
homicídio.
A QUARTA ONDA FEMINISTA
Professora Dra. Marlise Matos (2010, 2015, 2016)
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
Esta proposta surgiu a partir de duas etapas de pesquisas, financiada pelo CNPq, ao longo dos anos
de 2009 a 2013. As pesquisas, que contaram com três grandes conjuntos de atividades análise
de 18 países latino-americanos combinaram, através de uma estratégia de triangulação de
métodos de análise e pesquisa (a análise documental e bibliográfica, a coleta de dados
oriundos de fontes secundárias e também a realização de entrevistas.
3. Uma agenda de lutas que tem sido fortemente radicalizada não apenas na perspectiva de ser
anti-neoliberal, democrático-participativa e popular para a região, com características
anticapitalistas e antissistêmicas.
A QUARTA ONDA DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS NO BRASIL - Matos (2010, 2015 e 2016)
✓ Esses novas formas têm sido capitaneadas pelo intenso reavivamento, a partir dos
anos 2000, das JOVENS FEMINISTAS e dos FEMINISMOS AUTONOMISTAS,
ANARCOFEMINISTAS = numa forte renovação geracional feminista.
✓ Tal fenômeno pode ser encontrado no Brasil (e em varios outros países da AL), e
esses movimentos jovens tentam estabelecer uma agenda interseccional
inquestionável (anti-etarismo, anti-lesbofobia, anti-transfobia, anti-racismo, e
mesmo anti-especismo) que visa criar novas formas de liberação e novos espaços
de articulação horizontais para o feminismo de uma forma poderosa, sendo que
essas REDES vêm dando novos contornos para as lutas por justiça de gênero.
“HISTÓRIAS E TRAJETÓRIAS: QUEM SOMOS E A QUE VIEMOS? AS LUTAS DAS MULHERES NO BRASIL”
A QUARTA ONDA DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS NO BRASIL - Matos (2010, 2015 e 2016)
Que passam a se conformar como CAMPO: “campo crítico emancipatório das diferenças”
(Matos, 2013) OU “campos discursivos de ação” - Alvarez, 2016), que se propõe a uma
reformulação teórica profunda com forte concentração em tradições teórico-críticas
feministas contemporâneas decoloniais e que visam um novo enquadramento que vem
abrir a possibilidade de construção de um feminismo cosmopolita emancipatório e crítico.
A QUARTA ONDA DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS NO BRASIL - Matos (2010, 2015 e 2016)
10. A proposta e a luta pela construção de uma radical proposta de DEMOCRACIA FEMINISTA
ANTIRRACISTA:
GROSSI, Miriam Pillar (2004). A Revista Estudos Feministas faz 10 anos: uma breve história do feminismo no Brasil. Revista Estudos Feministas. 2004, vol.12,
n.spe [cited 2020-08-04], pp.211-221. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2004000300023&lng=en&nrm=iso>.
ISSN 1806-9584.
MATOS, Marlise. (2008). “Teorias de gênero e teorias e gênero? Se e como os estudos de gênero e feministas se transformaram em um campo novo para as
ciências”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 16, n. 2, p. 333-357. Disponível em: http://socialsciences.scielo.org/ scielo.php?pid=S0104-
026X2008000100005&script=sci_arttext. Último acesso em: 19 de julho de 2019.
MATOS, Marlise (2010). “Movimento e teoria feminista: É possível reconstruir a teoria feminista partir do Sul global?”. Revista de Sociologia e Política, junho,
Nº 36, Vol. 18. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-44782010000200006&script=sci_abstract&tlng=pt
MATOS, Marlise (2015). Democracia, sistema político brasileiro e a exclusão das mulheres: a urgência em aprofundar estratégias de descolonização e
despatriarcalização do Estado. In: Secretaria de Políticas para as Mulheres. (Org.). Revista do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero. 5ed.Brasília:
Secretaria de Política para as Mulheres, 2015, v. 7, p. 24-37. Disponível em: http://www.observatoriodegenero.gov.br/menu/publicacoes/revista-do-
observatorio-brasil-da-igualdade-de-genero-2015-1/at_download/file
MATOS, Marlise (2016). “O Campo-crítico-emancipatório das Diferenças e a Quarta Onda Latinoamericana como experiencia da descolonização acadêmica”. In:
Karina Bidaseca. (Org.). Feminismos y Poscolonialidad 2. 1ed.Buenos Aires: Ediciones Godot, 2016, v. 1, p. 263-321.
PINTO, Céli Regina Jardim (2003). Uma história do feminismo no Brasil. Editora. Fundação Perseu Abramo, São Paulo. 2003
Obrigada!
Marlise Matos