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A IGUALDADE DA MULHER POLICIAL NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO

PARANÁ COM BASE NA ODS 5 - IGUALDADE DE GÊNERO

Jakson Aquiles Busnello1

RESUMO

As dificuldades que as mulheres encontram no dia a dia, em todos os setores, vêm de tempos.

Em termos de aceitação de prestação serviços antes considerados exclusivamente masculinos,

como na área militar, ainda é muito questionada e limitada para as mulheres. E este estudo

buscou fazer um recorte temporal da inserção da mulher na Polícia Militar do Paraná e a

identificação destas com a Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 que insere a

igualdade de gênero como um dos objetivos do desenvolvimento sustentável entre as nações

signatárias. A metodologia utilizada foi a qualitativa, por meio de pesquisa bibliográfica em

livros, revistas, periódicos e artigos. Questiona-se: a ODS 5 está sendo analisada na política de

inserção de mulheres na Polícia Militar do Paraná, ou ainda ficam alguns claros nesta política

de igualdade de gênero na área militar estadual?

Palavras-chave: Igualdade de Gênero. Polícia Militar do Paraná. ODS 5

THE EQUALITY OF WOMEN POLICEMEN IN THE MILITARY POLICE OF THE


STATE OF PARANA BASED ON SDG 5 - GENDER EQUALITY

ABSTRACT

The difficulties that women encounter on a daily basis, in all sectors, come from time

1
Aluno do Mestrado em Administração da Unicentro – PR, jakbusnello@hotmail.com
immemorial. In terms of acceptance of providing services previously considered exclusively

male, such as in the military area, it is still very questionable and limited for women. And this

study sought to make a temporal cut of the insertion of women in the Military Police of Parana

and their identification with the Sustainable Development Goals (ODS) 5 that inserts gender

equality as one of the objectives of sustainable development among the signatory nations. The

methodology used was qualitative, through bibliographical research in books, magazines,

periodicals and articles. The question is: is SDG 5 being analyzed in the policy of inserting

women in the Military Police of Parana, or is there still some clarity in this policy of gender

equality in the state military area?

Keywords: Gender Equality. Military Police of Parana. SDG 5.

1 INTRODUÇÃO

As desigualdades de gênero vêm sendo observadas e ao mesmo tempo superadas já há

algum tempo, mas nem por isso aconteceram grandes mudanças. O aceite por parte da sociedade

em ver mulheres em posições antes exclusivamente masculinas, ainda é grande. Sim, é um

desafio para as precursoras de qualquer destas áreas, sejam das áreas das ciências, das áreas

militares, das áreas de astronomia ou qualquer outra. Sempre que alguma mulher resolve

incursionar em campo desconhecido, ou, “proibido”, haverá barreiras a serem derrubadas,

brigas por espaço, discussões com pessoas com opiniões machistas e necessidade de se mostrar

acima da média, para conseguir ser incluída em um novo e desafiador campo.

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram definidos pela Organização

das Nações Unidas, e reunidos em 17 itens primordiais, para que sejam implementados por
todos os entes, quer estatais ou particulares, com a finalidade de promover a igualdade de

direitos e consequentemente aumentar a qualidade de vida de todos, em vários setores.

De acordo com o site ODSBRASIL (2022), nos termos da ONU, os 17 Objetivos do

Desenvolvimento Sustentável compreendem:

01. Erradicação da pobreza;


02. Fome zero e agricultura sustentável;
03. Saúde e bem-estar;
04. Educação de qualidade;
05. Igualdade de gênero;
06. Água limpa e saneamento;
07. Energia limpa e acessível;
08. Trabalho decente e crescimento econômico;
09. Indústria, inovação e infraestrutura;
10. Redução das desigualdades;
11. Cidades e comunidades sustentáveis;
12. Consumo e produção responsáveis;
13. Ação contra a mudança global do clima;
14. Vida na água;
15. Vida terrestre;
16. Paz, justiça e instituições eficazes;
17. Parcerias e meios de implementação. (ODSBRASIL, 2022)

Como tema deste trabalho foi selecionado o objetivo 5 – Igualdade de Gênero, em uma

intersecção com uma pesquisa sobre o trabalho da mulher policial militar no Paraná.

A metodologia a ser utilizada será a qualitativa, por meio de pesquisa bibliográfica em

livros, revistas, periódicos e artigos.

A questão central a ser pesquisada será se está sendo aplicada a ODS 5 na política de

inserção de mulheres na Polícia Militar do Paraná, ou anda ficam alguns claros nesta política

de igualdade de gênero na área militar estadual?

2 GÊNERO

Gênero, na concepção atual, começou a ser estudada com algumas feministas que
inseriram esta denominação, ao se falar de direito das mulheres. A luta pela igualdade entre

homens e mulheres vem de tempos. Durante toda a história mundial, são poucas as mulheres

referenciadas. São algumas rainhas, princesas, sempre de classes superiores. Isto quer dizer que

as mulheres não fizeram parte das grandes revoluções? Que não existiam, que não batalharam,

que não tiveram participação nas grandes mudanças mundiais?

Scott (1995, p.75) relata que o termo "gênero", além de um substituto para o termo

mulheres, é também utilizado para sugerir que qualquer informação sobre as mulheres é

necessariamente informação sobre os homens, que um implica o estudo do outro.

Porém, ao ser retratada por historiadores homens, nem sempre as mulheres apareceram

nos escritos, ficando lapsos de suas participações.

Com o passar do tempo, muito lentamente, as mulheres começaram a entender que não

são inferiores, que não são propriedade de homens. Primeiramente, estes questionamentos

surgiram entre as mulheres de classes altas e letradas, já que a grande maioria das pessoas

(homens e mulheres) eram analfabetas.

Muito embora a igualdade de gênero tenha sido tomada como direito fundamental
desde a Carta das Nações Unidas, em 1945, foram necessários muitos anos e variadas
estratégias de incidência política das mulheres, junto aos governos e aos organismos
internacionais, nos vários espaços de discussão da arena política local e global, até
que um conjunto de mecanismos e programas de ações fosse estabelecido para a
promoção de seus direitos. As questões de gênero foram, portanto, incluídas
paulatinamente na agenda global de direitos humanos, segundo determinado regime
de visibilidade, a partir dos contextos e da configuração de linhas de forças entre os
diferentes atores políticos que dele fizeram parte e, especialmente, as próprias
mulheres. (PINHEIRO, 03)

Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, inseriu-se um início de

proteção à mulher, quando no artigo 1º, institui o direito à igualdade entre homens e mulheres

como direito fundamental:

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados
de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade. (UNICEF, 1948)
Mesmo inserida na Declaração, esta igualdade ainda em muitos países não é nem discutida.

Alguns países do Oriente Médio não permitem à mulher nem mostrar seu corpo ou rosto, muito menos

participar da vida política ou trabalhos gerenciais.

Lara (2011, p.60) define que a baixa participação feminina nos espaços de poder é justamente

limitada pelo pouco acesso das mulheres à esfera pública, à cultura da divisão sexual do trabalho, ao

não compartilhamento de tarefas domésticas e familiares e, principalmente, à discriminação de gênero.

Mesmo invisivelmente, a não aceitação de mulheres no poder, é grande. Nos cargos de primeiro

escalão de governos, onde os governantes escolhem quem fará parte da administração pública, são

poucas as vezes em que mulheres estão entre os principais cargos. E por incrível que pareça, mesmo que

o poder principal esteja com uma mulher, no caso, uma prefeita, ou vereadora, ou presidenta, mesmo

assim, a assessoria mais próxima dela na grande maioria das vezes são de homens.

Melo e Thomé (2018) concluem que:

Desde que as feministas precursoras dos séculos XVIII e XIX começaram a escrever
seus reclames, muitos direitos avançaram. No entanto, persistem lacunas inaceitáveis
quando se trata dos direitos de igualdade das mulheres. \se queremos construir, como
nação, um destino diferente para as futuras gerações, a única forma é encontrar
instrumentos para traçar um caminho mais igualitário, nas suas mais diversas faces.
(MELO e THOMÉ, 2018, p. 178)

Cabe à sociedade como um todo, um olhar mais apurado sobre políticas de inserção das

mulheres nas relações de poder, como forma de respeito às desigualdades formais. A diferença existe

apenas fisicamente, biologicamente, porém, em termos de capacidade, somente quando se dá a

oportunidade de exercer a função é que poderá ser avaliada. E é essa é uma das coisas que ainda não se

vê ocorrer.

Culturalmente, desde o início dos tempos, a sociedade tem raízes patriarcais. A mulher sempre

foi vista como a auxiliar da casa. Como o homem o mantenedor, e a ela ficavam os afazeres domésticos,

como a limpeza da casa, cuidar dos filhos, fazer comida.

2.1 A MULHER NA POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ

A Polícia Militar do Paraná foi instituída em 1854:


Lei n.º 7, de 10 de agosto de 1854
ZACARIAS DE GÓES E VASCONCELLOS
Presidente da Província do Paraná
Faço saber a todos os habitantes que a Assembléia Legislativa Provincial decretou e
eu sancionei a lei seguinte:
Art. 1º - Fica o Governo autorizado a organizar uma Companhia de Força Policial
com total de sessenta e sete homens e soldo constante do Plano junto, assim como a
depender o que for necessário para armamento, equipamento, expediente, luzes,
aluguel de casas para quartéis da Companhia e destacamentos.
(...) (PARANÁ, 1854)

Conta, portanto, com 168 anos de existência. Inicialmente ficava somente em Curitiba,

mas com o passar dos anos, interiorizou-se. Foram incluindo mais homens e criados outros

batalhões em outras cidades.

Em 1976, a primeira turma de mulheres ingressou na Polícia Militar. Mais de um século

de existência, para que a instituição policial militar aceitasse o policiamento feminino em seus

quadros.

Moreira (2016) relata que:

Na década de 1970, a PMPR permitiu a entrada de mulheres como policiais


em seu efetivo. A PMPR foi a segunda corporação policial a realizar esse feito no
país, e a única em um momento sui generis: em plena ditadura militar e por iniciativa
da própria instituição. O processo de entrada de mulheres nas polícias estaduais
brasileiras – preventivas/repressivas – aconteceu em três momentos distintos: na
década de 1950 em São Paulo e uma tentativa frustrada na Bahia; na década de 1970
no Paraná e, ao longo das décadas 1980-1990, nas demais unidades federativas.
(MOREIRA, 2016, p. 44)

Existiam algumas particularidades desta primeira turma de policiais femininas, e que

foram destacadas pela historiadora Rosemeri Moreira (2016): disse ela que a maior parte das

primeiras policiais femininas tinham entre 18 e 24 anos de idade, e que a grande maioria era

ainda estudante e que a PMPR era seu primeiro emprego. Professoras eram 12%; auxiliares de

escritório 15%, e 16% outras profissões ( telefonistas, contadoras, laboratoristas, etc).

Para fazer parte da PMPR, as mulheres passaram por várias fases do concurso, entre

exame de escolaridade, psicotécnico e de educação física. Deveriam ser solteiras e não ter

filhos.
No ano de 2000, foi editada a Lei 12.975, que extinguiu o quadro específico de mulheres

policiais. Agora elas faziam parte de todo o quadro da Polícia Militar do Paraná.

Nos termos da Lei 12.975/2000:

A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte lei:


Art. 1º. Ficam extintos o Quadro de Oficiais Policiais Militares Femininas (QOPM
Fem), a Qualificação de Praças Especiais Femininas e a Qualificação de Praças
Policiais Militares Femininas (Praças PM Fem).
§ 1°. As atuais integrantes dos quadros extintos passam a compor o Quadro de Oficiais
Policiais Militares (QOPM), a Qualificação de Praças Especiais Policiais Militares
(Asp Of PM e Aluno Oficial PM) e Qualificação Policial Militar Geral 1 (QPMG-1)
e a Particular QPMP-0, correspondentes com seus Postos ou Graduações, de acordo
com a sua antiguidade relativa.
§ 2°. Considerando a natureza especial da função de Policial Militar e o interesse
público, ficam destinadas até 6% (seis por cento) das vagas das inclusões no Quadro
de Oficiais Policiais Militares e Qualificações de Praças. (PARANÁ, 2000)

Vê-se a limitação de somente 6% de vagas destinadas a mulheres em concursos externos


ou internos da PMPR. Isso significava quase nada. Para a igualdade de gênero dentro da PMPR,
ainda faltava muito a ser galgado. Observa-se o regulador colocado na lei “natureza especial da
função policial militar e interesse público”, como forma totalmente discriminatória de gênero.
Em 2005, nova alteração na Lei, conforme:

Lei 14804 - 20 de Julho de 2005


Publicado no Diário Oficial nº. 7022 de 20 de Julho de 2005
Súmula: Altera o § 2º e acresce §§ 3º, 4º e 5º ao art. 1º, da Lei nº 12.975, de 17 de
novembro de 2000, com a seguinte redação:
A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1º. Fica alterado o § 2º e acrescidos §§ 3º, 4º e 5º ao art. 1º, da Lei nº 12.975, de
17 de novembro de 2000, com a seguinte redação:
"§ 2º. Considerando a natureza especial da função de Policial Militar e Bombeiro
Militar e o interesse público, ficam destinadas até 50% (cinqüenta por cento) das vagas
das inclusões no Quadro de Oficiais Policiais Militares, Bombeiros Militares e
Qualificações de Praças, para pessoas do sexo feminino.
§ 3º. Fica permitido o ingresso de mulheres no Quadro de Oficiais Bombeiros
Militares (QOBM), nas Qualificações de Praças Especiais Bombeiros-Militares
(Aspirante-a-Oficial BM e Aluno Oficial BM) e de Praças Bombeiros-Militares Geral
2 (QPMG-2), e na Particular QPMP-0.
§ 4º. ...Vetado...
§ 5º. ...Vetado...".
Art. 2º. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO DO GOVERNO EM CURITIBA, em 20 de julho de 2005. (PARANÁ,
2005)

Com a edição desta Lei, uma luz no fim do túnel surgiu. Mulheres agora podem

concorrer às vagas. Podem não ser preenchidas todas as vagas porque não existe a reserva de
vaga, mas se na fase classificatória até 50% das candidatas conseguirem a classificação,

números históricos de inclusão de mulheres na PMPR serão registrados para a posteridade.

No Estado do Paraná, o Corpo de Bombeiros também está inserido na Polícia Militar,

contando em seus quadros com homens e mulheres.

Essa lei 14.504/2005 trouxe a inovação de aceitação de mulheres no quadro do Corpo

de Bombeiros do Estado do Paraná. Antes somente homens faziam parte do quadro de

bombeiros. Atualmente mulheres integram a corporação, atuando nas mais diversas frentes,

tanto como na área de atendimento ao Trauma Emergencial, como no controle de incêndios,

como na prevenção de desastres, e serviços administrativos.

Em 2018, a PMPR teve sua primeira Comandante-Geral feminina, a Coronel Audilene

Rosa de Paula Dias Rocha. Neste mesmo ano, teve a primeira policial militar técnico

explosivista, a soldado Leiliane Soares da Silva, que foi aprovada em testes e concluiu o Curso.

Em 2021, as Tenentes Anahy Biancolini Nóbrega e Thelory Moreira de Oliveira

concluíram o Curso de Ronda Ostensiva de Natureza Especial (RONE), inédito entre as oficiais

da Instituição. Em 1995 a Soldado Silvana Gabardo, e em 2021, a Tenente Bruna Galli Silva,

concluíram um dos cursos mais difíceis de todos: o Curso de Operações Especiais (COESP),

onde os testes para aprovação são extremos, sendo aprovados somente os mais preparados,

física e psicologicamente. Em 2019, a Tenente Maitê Baldan Deliberador Budne tornou-se a

primeira mulher a se formar piloto de helicóptero da Polícia Militar do Paraná, integrando o

Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas.

No ano de 2022 ocorreu o ingresso de uma das maiores turmas de soldados policiais e

bombeiros militares de todos os tempos. São 3037 integrantes. Destes: 2.103 policiais militares

masculinos, 505 policiais militares femininos, 381 bombeiros militares masculinos, e 48

bombeiros militares femininos2.

2
Fonte: PARANÁ. Diretoria de Pessoal da PMPR. – Sistema Meta4, acesso 29/11/2022.
Souza (2011) citando Calazans (2003) relata que:

E em razão de ser a polícia militar uma instituição na qual sobressaem os aspectos


militares na formação dos seus agentes e na definição de suas estruturas internas,
secularmente os valores associados ao mundo dos homens são considerados
arquétipos referenciais no desempenho das atividades profissionais. Tal fato faz com
que a identidade das mulheres policiais e o processo de feminização da carreira se
manifestem através da presença feminina em locais e atividades carregadas de menor
prestígio na instituição, quando as mulheres não enfrentam demonstrações claras de
resistência nos espaços hegemonicamente masculinos. (SOUZA, apud CALAZANS,
2011, p. 140)

A utilização de mulheres em todos os setores da PMPR deve passar por uma quebra de

paradigmas interna corporis. Nem sempre só a luta feminina por reconhecimento e igualdade

ajuda. Deve ter a conscientização dos homens em função de liderança, bem como dos demais,

que, no dia a dia, com suas atitudes, integram ou discriminam o trabalho policial militar

feminino.

Na contemporaneidade a Polícia Militar do Paraná, segundo dados da própria

Corporação3, possui em seus quadros 2.451 mulheres (12,85%) e 16.618 (17,15%) homens,

sendo um total de 19.069 (100%) policiais militares.

3 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A Organização das Nações Unidas – ONU, no ano de 2015, por meio de sua

Assembleia Geral, instituiu os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável, como maneira de

diminuir as desigualdades entre os países.

Segundo o site IDIS (2022), os objetivos do desenvolvimento sustentável têm como

fundamentos quatro principais dimensões: social, ambiental, econômica e institucional.

Ainda, destes 17 objetivos foram concebidas 169 metas globais, a serem observadas e

instituídas pelos países membros da ONU, seja nas áreas públicas tanto quanto nas privadas.

3
Fonte: PARANÁ. Diretoria de pessoal da PMPR – Sistema Meta 4, acesso 29/11/2022.
Aqui entram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Oficialmente, os ODS
não são uma métrica de avaliação e mensuração de impacto social, entretanto eles
ajudam empresas, projetos e organizações a criarem um norte para as ações,
considerando esses objetivos e indicadores. (IDIS, 2022)

Os ODS são, portanto, princípios que devem nortear as políticas públicas, bem como a

inserção de planejamento em empresas privadas, visando melhorar a qualidade de vida das

pessoas, trazendo mais igualdade entre os povos.

3.1 ODS 5

Diz o ODS (Objetivo do Desenvolvimento Sustentável) 5: Igualdade de gênero

- alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

Este objetivo traz a palavra “empoderamento” feminino como uma das metas da

igualdade de gênero. Pois somente ocorrerá a dita igualdade, se a mulher sair do lugar comum,

e assumir suas qualidades de líder, de coordenação, de chefe.

Para alcançar este objetivo, na área pública, têm-se a necessidade de instituição de

políticas públicas de valorização da mulher, de apoio à maternidade responsável, de apoio

quanto à construção de creches em horários diversificados.

Outra forma de valorização da mulher é a criação de políticas com que façam que se

diminua a violência contra a mulher. Sabe-se que muitas mulheres, em plena fase produtiva,

são podadas por seus companheiros, ou até mesmo por pais e irmãos, pois lhe falam que não

têm a capacidade para tais situações laborativas.

A violência contra a mulher, em todas as formas de violência – física, psicológica,

sexual, moral ou financeira, é barreira ainda existente contra o empoderamento da mulher.

Não basta somente a vontade da mulher em ser mais, precisa que todo o sistema aja em

conjunto auxiliando nestes objetivos. Capacidade todas têm, mas por questões culturais,
familiares, religiosas, ainda existem setores que mulheres não são bem-vindas, mesmo que com

toda capacidade física e intelectual.

Outra forma de se alcançar este ODS 5 é quanto a políticas reprodutivas. Adolescentes

estão engravidando cada vez mais jovens, causando todo um desvio nos seus desejos de criança.

E mesmo que o pai seja também adolescente, é a vida da menina adolescente que sofrerá o

grande impacto.

4 METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente estudo foi um artigo empírico, com uso do método

qualitativo, buscando referências em estudos de gênero, bem como na página da Polícia Militar

do Paraná, e jornais e artigos que relatavam sobre mulheres em destaque.

Ainda, foi pesquisado na internet sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável,

bem como quais as discussões a respeito.

Após a pesquisa, foi interseccionado entre as matérias buscadas e realizada análise

qualitativa dos textos.

5 DISCUSSÃO

Os objetivos do desenvolvimento sustentável buscam a integração entre as diversas

camadas sociais, nos mais diversos países mundiais, integrantes da ONU, visando a diminuir

as desigualdades e diferenças. Consequentemente, a finalidade é a longo prazo, haja vista as

grandes diferenças entre os países membros.


Quanto à política de gênero, alguns países são mais adiantados, inclusive com mulheres

em cargos máximos. Outros são totalmente atrasados e discriminatórios, tais como os do

Oriente Médio. No Brasil, ainda existem muitas ações a serem efetivadas, para uma real

diminuição das diferenças entre homens e mulheres, sejam nas áreas políticas, nas áreas de

políticas salariais, bem como na diminuição da violência de gênero.

Na Polícia Militar do Paraná, as mulheres estão integrando a corporação militar desde

1976, e aos poucos vêm conseguindo galgar cargos de liderança, bem como um aumento

gradativo no efetivo. Com a Lei 14.804/2005, um grande avanço foi dado, pois em todos os

concursos públicos para inclusão na PMPR, até 50% podem ser preenchidos por mulheres, onde

antes era limitado a 6%.

Destaca-se ainda uma porcentagem muito pequena em relação ao total de policiais

militares, de apenas 12,85%, porém fica bastante evidente o crescimento da presença feminina

na corporação, mas muito aquém de uma porcentagem satisfatória e que possa alcançar

patamares maiores ao objetivo da OD5 - Igualdade de Gênero.

6 CONCLUSÃO

O presente estudo teve como objetivo verificar a política de igualdade de gênero

existente na Polícia Militar do Paraná. Sendo então discorrido sobre gênero, quais as discussões

atuais, e o que ainda se tem a ser discutido e implementado para a real igualdade de gênero.

Na sequência foi buscado um resgate da história da Polícia Militar do Paraná, com a

instituição da PMPR, no ano de 1854. Que somente homens faziam parte inicialmente do corpo

policial do Paraná, até o ano de 1976.


Que a inserção de mulheres na PMPR se deu na década de 70, porém sempre com

limitações. Em 2000, todo concurso para policial militar do Paraná, 6% das vagas eram

reservadas às mulheres. Número pouco expressivo.

Em 2005, porém, esta porcentagem aumentou para a reserva de até 50% das vagas em

todos os concursos da PMPR, quer internos ou externos, para mulheres. Ainda, como novidade,

também trouxa a autorização para a participação de mulheres no Corpo de Bombeiros do

Paraná, pela primeira vez, seja como praça ou como oficial.

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são em número de 17, nas diversas áreas,

sejam ambientais, sociais, econômicas e desenvolvimento sustentável. Para a área de Igualdade

de Gênero (ODS 5), a nova lei de inserção de mulheres na PMPR está em consonância com

este objetivo. Existe a necessidade de mulheres em todas as áreas da PMPR, sejam nas áreas

administrativas como operacionais. A mudança legislativa e o crescimento tem ocorrido nos

passar dos anos, mas ainda percebe-se que há muito a se fazer na Corporação para o alcance do

objetivo pois a porcentagem de mulheres de apenas 12,85% em relação a presença masculina

ainda é muito baixa.

Como forma de empoderamento, já que as atividades de polícia exigem

responsabilidades acima da média, pois trabalham diretamente com vidas a salvar, criminosos

a prender, horários diferenciados, armamentos pesados, entre outras tarefas em que as mulheres

apresentam competência igual ou mesmo superior a masculina no desempenho das atividades

demonstra um crescimento tímido, mas sem dúvida atende ao ODS 5 na busca da Igualdade de

Gênero.
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