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JORGE LYRA

HOMENS, FEMINISMO E DIREITOS REPRODUTIVOS


NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE GÊNERO NO CAMPO
DAS POLÍTICAS PÚBLICAS (2003-2006).

Orientador
Prof. Dr. José Luiz Araújo Júnior

RECIFE | 2008
Objetivo
Analisar, a partir do
referencial feminista, a
política nacional de
direitos sexuais e direitos
reprodutivos em curso no
Brasil, com o propósito de
compreender que noções
de masculinidades e que
lugares estão sendo
definidos para os homens,
focalizando o período
2003 a 2006.
Por que fazer um estudo sobre os
homens e as masculinidades no campo
das políticas públicas de direitos
reprodutivos?
A escolha dessa política como lócus de
investigação se deu em função de ser um
espaço de discussão teórica e política, que tem
uma trajetória histórica de pelo menos trinta
anos no campo da saúde, protagonizado por
diferentes e diversos atores sociais em um
campo de conhecimento e práticas ancorado
em elementos considerados masculinos: a área
biomédica e a de formulação das políticas.
Efetivamente, nos últimos trinta anos, em que
os estudos de gênero se consolidaram na
produção acadêmica ocidental, foram
produzidos trabalhos, especialmente no campo
das Ciências Humanas e Sociais, que discutem
os homens e o masculino como faces malditas
das relações que geram desigualdades sociais e
subordinam as mulheres.
Handbook of studies on men and masculinities
Connell, Hearn e Kimmel (2005)

1) a organização social das masculinidades em


suas inscrições e reproduções locais e globais;
2) a compreensão do modo como os homens
entendem e expressam identidades de gênero;
3) as masculinidades como produtos de
interações sociais dos homens com outros
homens e com mulheres, ou seja, as
masculinidades como expressões da dimensão
relacional de gênero;
4) a dimensão institucional das masculinidades,
em outras palavras, o modo como as
masculinidades são construídas em (e por)
relações e dispositivos institucionais.
Marco conceitual
Procedimentos metodológicos
Entrevistados
Modelo Operacional de Análise de
Política - Araújo Junior (2000)
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Esquema ilustrativo do procedimento de análise das entrevistas a
partir de triangulação de pesquisadores
Modelo Operacional de Análise de
Política - Araújo Junior (2000)
Documentos
Linha do Tempo
Histórico da Política Nacional de Direitos Sexuais e Direitos
Reprodutivos a partir das falas dos entrevistados
Linha do Tempo
Histórico da Política Nacional de Direitos Sexuais e Direitos
Reprodutivos a partir das falas dos entrevistados
Atores: as tramas de uma complexa rede
Atores: as tramas de uma complexa rede
Mulheres e Estela Aquino; Guacira Oliveira; Joana Santos (SOS); Margareth Arilha; Maria
feminista Betânia Ávila; Maria José Rosado; Mazé; Regina Barbosa; Ruth Cardoso;
Contexto: uma história de tempo longo
Sílvia Pimentel; Simone Diniz; Sônia Correa; Wilza Vilela...
Outros ativistas Movimento(s) Homossexual(is); Movimento de homens; Direitos humanos;
sociais Movimento Gay; Movimento Negro; Movimento sanitarista ...
Prof. de medicina Ministério Público; OAB; Associação Brasileira de Obstetrícia; Associação
e direito Médica Brasileira; Conselho Federal de Medicina; Febrasgo; Médicos...
Legisladores Câmara dos Deputados; Eduardo Jorge/PT; Erundina; Genuíno; Jandira
Feghale; Maluf; Marta Suplicy; Darcísio Perondi /PMDB
Partidos Políticos Partido Verde de SP; PT
Gestores públicos Lula; Serra; SUS; Bush; Evo Morales; Fernando Henrique; Itamar; Emilia
Fernandes; Eduardo Campos (Gov. de PE); Temporão...
Produtores de José de Souza Martins; Paul Singer; Connell; Foucault; Freud; Hanna Arendt;
conhecimento Maria Jezus Izquierdo; Kant; Waxman; ABEP; ABRAPSO; FESP; FIOCRUZ;
FLACSO – Chile; Fundação Carlos Chagas; IBGE; IMS; IPEA...
Instituições AVSC International (atual Engender Health); Banco Mundial; Entidades
internacionais internacionais de controle de natalidade; Fundação Ford; MacArthur; OMS;
ONU; UNESCO; UNICEF; USAID...
Mídia Drauzio Varela; Folha de São Paulo; Jornal ‘Mulherio’; Jornal do Commercio;
Mídia; TV Cultura; Veja
Religiosos Bento XVI; Católicos; Correntes religiosas; evangélicas; Evangélicos; Igreja;
Igreja Católica; Pastoral das Crianças; Perez Aguiles – teólogo; Vaticano
Atores

Homens, mulheres Instituto Papai; NOOS; Promundo; Sandra Garcia; Jorge Lyra; Juan Guillermo
e grupos que Figueroa-Perea; Benedito Medrado; Carlos Güida; Gary Barker; ECOS;
trabalham com Gesmap; Carlos Cárceres; Ney Costa-BEMFAM; Richard Parker...
homens
Atores: as tramas de uma complexa rede
Processo

1) Hegemonia do enfoque biomédico;


2) Sexualidade e Reprodução como direito;
3) Tensões entre expectativas do Estado, do
movimento feminista e das políticas
internacionais;
4) Influência de grupos religiosos;
5) Consolidação teórica e política do movimento
feminista como sustentação para uma política
pública de direitos sexuais e reprodutivos no
Brasil;
Processo

6) Promoção da saúde integral como alternativa


ampliadora da concepção de Políticas Públicas
em Saúde;
7) Respeito à particularidade das mulheres na
universalidade da Saúde Integral;
8) Estrutura fragmentada dos Serviços Públicos de
Saúde é incompatível com o ideal da
integralidade;
9) Gênero como conceito inclui mulheres e homens,
mas sem nomeá-los;
10) Homens a partir de uma perspectiva
instrumental e/ou utilitarista para promoção da
saúde das mulheres.
Conteúdo

O conteúdo da política são todos os argumentos que a sustentam e


que se expressam nos programas, projetos e nas mais diversas ações
programáticas e produtos, tendo em vista
que uma política para se estruturar deve antes de tudo ser passível de
efetivação, ou seja, precisa ser viável. Trata-se, então, de
compreender quais os valores, crenças, representações, interesses
financeiros ou políticos que orientam a política (ARAÚJO JUNIOR,
2000).
Conteúdo

A partir da análise das nomeações e


argumentos dos entrevistados, descrita no
corpo da tese, é bastante clara a
polissemia de sentidos que a política
assume nas falas dos entrevistados.
Porém, verifica-se que esta multiplicidade
de sentidos não convive de maneira
tranqüila, harmônica, pelo contrário, é
um campo marcado por tensões que
permeiam sua formulação e
implementação, disputas semânticas e
embates públicos, embora em momentos
fundamentais ocorram articulações e
alianças em defesa de um bem maior, que
é a liberdade, a autonomia e o direito à
saúde das mulheres.
Conteúdo

O que se observa no Brasil, após mais de


vinte anos de incidência do movimento
feminista na elaboração de políticas
públicas, parece ser um desenvolvimento
bastante significativo de políticas que
buscam atender às necessidades
específicas das mulheres em várias áreas,
especialmente saúde, trabalho, violência.
Conteúdo

Contudo, nossas análises evidenciam que,


nesta política, a masculinidade é pensada,
em geral, como dispositivo de opressão, e
os homens como instrumentais ou sujeitos
secundários, diante da trajetória histórica
ainda incipiente de reflexões sobre os
homens e masculinidades no campo dos
direitos reprodutivos, a partir do enfoque
feminista e de gênero.
Considerações finais

Não basta incluir ações, programas ou


serviços. É preciso ter uma linha
conceitual e política clara, afinal as
políticas são enredos com tramas
complexas, na medida em que envolvem
diversos e diferentes níveis nos quais os
fenômenos ocorrem, campos de tensão e
atores em disputa. Exige, portanto, de
quem está formulando, contestando, se
beneficiando ou mesmo analisando, uma
auto-reflexão sobre em que lugar nos
colocamos nessa rede.
Considerações finais

Podemos construir outros “roteiros” mais críticos e


ousados sobre os homens e as masculinidades,
quando cremos na radicalidade que a perspectiva
feminista pode nos oferecer.
obrigado!

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