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CICLO DE PESQUISA CREPOP 2018.

1:
“ATUAÇÃO PROFISSIONAL DE PSICÓLOGAS E PSICÓLOGOS EM POLÍTICAS
DE DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS REPRODUTIVOS”.

NOTA TÉCNICA

1. TEMAS DEFINIDOS EM CNP E APAF.


O processo de escolha dos temas de pesquisa do Crepop respeita as
indicações da categoria para elaboração de referências técnicas. Desta forma o
tema dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos foi elencado por psicólogas e
psicólogos durante o 8º Congresso Nacional da Psicologia (CNP, 2013) e definido
pela Assembleia de Políticas, Administração e Finanças (APAF) do Sistema
Conselhos de Psicologia para o ciclo de pesquisa de 2015. Desde então o Crepop
tem se debruçado sobre o tema com fins a implementar a coleta de dados contudo,
pouco avançou na realização da pesquisa apenas com a realização da coleta
quantitativa/online. Em dezembro de 2017 a APAF reafirmou a necessidade de
finalização desta pesquisa definindo como tema para 2018 com foco na pesquisa
qualitativa via CRPs.
O tema de violência obstétrica surge como indicativo de referência técnica
para o Crepop durante o 9º CNP (2016) e, após debates entre as/os técnicas/os da
rede Crepop foi sugerida à APAF a absorção do tema da violência obstétrica
enquanto direito reprodutivo.
Assim, esta pesquisa abordará os temas de Direitos Sexuais e Direitos
Reprodutivos - incluindo violência obstétrica.

2. DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS REPRODUTIVOS: Conceitos iniciais


Considerando a necessidade de caracterizar o tema dos direitos sexuais e
direitos reprodutivos apresentamos a seguir alguns trechos de artigos que balizarão
esta Nota Técnica. É importante ressaltar que este não é uma discussão finalizada e
os conceitos aqui apresentados podem não contemplar a totalidade do debate,
apenas servindo como um norteador para um início da compreensão sobre a
diversidade deste campo de estudo.
Assim, a própria dinâmica e complexidade do campo bem como a
diversidade de produção teórica certamente não estarão contempladas nestas
poucas linhas. Considerações e sugestões sempre serão acolhidas.
O primeiro apontamento teórico diz respeito a considerá-los como dois
temas em separados (direitos sexuais e direitos reprodutivos):
Para Rios (2007b), fundamental é que o debate avance segundo a
direção apontada pelas ciências sociais, ao desassociar a
sexualidade necessariamente da noção de reprodução, bem como
problematizando a noção de ‘saúde sexual’, abrindo o campo para a
consideração de diferentes expressões e possibilidades do exercício

1
da sexualidade para além da naturalização da heterossexualidade
(Lionço, 2008).
O trecho a seguir nos auxilia a compreender o argumento que levou as
teóricas deste tema a defender tal separação:
Definimos o terreno dos direitos sexuais e reprodutivos em termos de
poder e recursos: poder de tomar decisões com base em
informações seguras sobre a própria fecundidade, gravidez,
educação dos filhos, saúde ginecológica e atividade sexual; e
recursos para levar a cabo tais decisões de forma segura. Este
terreno envolve necessariamente as noções essenciais de
“integridade corporal” ou “controle sobre o próprio corpo”. No entanto,
também estão e3m questão as relações que se têm com filhos,
parceiros sexuais, membros da família, a comunidade e a sociedade
com um todo. Em outras palavras, o corpo existe em um universo
socialmente mediado. (Correa e Petchesky, 1996).
Na mesma linha é ressaltada como avanço a nova abrangência de
entendimento resultado da Conferência do Cairo:
Para Vianna e Lacerda (2004), a conferência realizada no Cairo, em
1994, representa um marco para a reflexão de direitos sexuais,
sendo resultado do amadurecimento das discussões acadêmicas
feministas. Nessa conferência, além de questões relativas ao
combate à violência sexual, bem como à saúde reprodutiva das
mulheres, emerge a idéia de direitos sexuais, que representaria o
alargamento da consideração da sexualidade para além do viés da
lógica da reprodução sexuada, abrangendo também as dimensões
de bem-estar e prazer dos indivíduos (LIONÇO, 2008).

O debate teórico prossegue na direção da ampliação dos direitos sexuais


e direitos reprodutivos enquanto direitos humanos universais. Ressaltamos aqui os
três eixos que estruturam o debate:
Rios (2007b) propõe a formulação de um direito democrático da
sexualidade, enfatizando a necessidade da discussão sobre direito e
sexualidade a partir da perspectiva da universalidade dos direitos
humanos. Para o autor, três grandes eixos têm estruturado o debate
atual sobre direitos sexuais: (1) a questão das identidades, relativas
às expressões da sexualidade, onde se insere notadamente a
questão das homossexualidades e das identidades de gênero; (2) as
consequências e condições da relação sexual, referentes, sobretudo,
às práticas de prevenção ou planejamento da concepção, bem como
às abortivas; e (3) a busca pela fundamentação dos direitos sexuais,
que estaria historicamente referida à noção de ‘saúde
sexual’(LIONÇO, 2008).
Outra vertente que se consolidou enquanto direitos sexuais diz respeito à
população LGBTT, inicialmente em função do enfrentamento à epidemia de
HIV/AIDs contudo, com surgimento de outras demandas que perpassam tal questão
apresentando novos horizontes como o direito reprodutivo da população LGBTT:
Um fator importante no desencadeamento da consideração de
direitos sexuais na região latino-americana, segundo Rios (2007c),

2
foi a resposta à epidemia de HIV/Aids que, ainda que de início tenha
associado travestis e homossexuais a grupos de risco, incitando a
estigmatização a esses grupos sociais, avançou em suas estratégias
de enfrentamento para a consciência dos efeitos discriminatórios
bem como a da relação necessária entre a questão da sexualidade e
a do Direito. Nessa perspectiva, Rios (2007c) afirma que o
desenvolvimento dos direitos GLBT avançou e se consolidou na
consideração de questões relativas ao acesso aos serviços de
saúde.
(...)
Cabe salientar que desvincular a discussão da sexualidade da
dimensão reprodutiva não implica na desconsideração da pertinência
da questão dos direitos reprodutivos para GLBT.
(...)
A demanda por reprodução assistida vigora não apenas entre casais
homossexuais (gays e lésbicas), mas também entre travestis e
transexuais, indicando um complexo campo de reflexão para o
Direito (LIONÇO, 2008).

3. Violência Obstétrica enquanto violação dos direitos reprodutivos


O termo violência obstétrica é relativamente recente nos serviços de
saúde e pesquisas acadêmicas bem como nas Políticas Públicas. Em muitos casos,
para se evitar conflitos com profissionais instituições e governos optavam por utilizar
o termo relativos à “humanização do parto”, não evidenciando a gravidade do
problema.

A República da Venezuela foi o primeiro país a tipificar este tipo de


violência “violência Obstétrica” em Lei:
Qualquer conduta, ato ou omissão por profissional de saúde, tanto
em público como privado, que direta ou indiretamente leva à
apropriação indevida dos processos corporais e reprodutivos das
mulheres, e se expressa em tratamento desumano, no abuso da
medicalização e na patologização dos processos naturais, levando à
perda da autonomia e da capacidade de decidir livremente sobre seu
corpo e sexualidade, impactando negativamente a qualidade de vida
de mulheres (VENEZUELA, 2007).

Apesar de seu caráter recente e da ausência de legislações e ações


governamentais, a Organização Mundial de Saúde publicou, em 2014, declaração
sobre “Prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maus-tratos durante o
parto em instituições de saúde” na qual caracteriza a violência obstétrica como:
Relatos sobre desrespeito e abusos durante o parto em instituições
de saúde incluem violência física, humilhação profunda e abusos
verbais, procedimentos médicos coercivos ou não consentidos
(incluindo a esterilização), falta de confidencialidade, não obtenção
de consentimento esclarecido antes da realização de procedimentos,

3
recusa em administrar analgésicos, graves violações da privacidade,
recusa de internação nas instituições de saúde, cuidado negligente
durante o parto levando a complicações evitáveis e situações
ameaçadoras da vida, e detenção de mulheres e seus recém-
nascidos nas instituições, após o parto, por incapacidade de
pagamento (OMS, 2014).
Definições e termos levam em consideração a situação gestacional ou
pós-parto além do componente de violência marcado por relações desumanizadoras,
abusos, ausência de autonomia e decisão:
A expressão “violência obstétrica” (VO) é utilizada para descrever e
agrupar diversas formas de violência (e danos) durante o cuidado
obstétrico profissional. Inclui maus tratos físicos, psicológicos, e
verbais, assim como procedimentos desnecessários e danosos –
episiotomias, restrição ao leito no pré-parto, clister, tricotomia e
ocitocina (quase) de rotina, ausência de acompanhante – dentre os
quais destaca-se o excesso de cesarianas, crescente no Brasil há
décadas, apesar de algumas iniciativas governamentais a respeito
(TESSER, 2015).

4
Quadro: Categorias de desrespeito e abuso, direitos correspondentes e exemplos de situações de
violência obstétrica
Categoria de Exemplos de situações de violência
Direitos Correspondentes
Desrespeito e abuso obstétrica
Procedimentos sem justificativa clínica e
intervenções “didáticas”, como toques vaginais
dolorosos e repetitivos, cesáreas e episiotomias
Direito a estar livre de
Abuso físico desnecessárias, imobilização física em posições
danos e maus tratos
dolorosas, prática da episiotomia e outras
intervenções sem anestesia, sob a crença de que
a paciente “já está sentindo dor mesmo”
Realização da episiotomia em mulheres que
verbalmente ou por escrito não autorizaram essa
Direito à informação, ao intervenção; desrespeito ou desconsideração do
Imposição de
consentimento informado e plano de parto; indução à cesárea por motivos
intervenções não
à recusa; direito a ter duvidosos, tais como superestimação dos riscos
consentidas; intervenções
escolhas e preferências para o bebê (circular de cordão, “pós-datismo” na
aceitas com base em
respeitadas, incluindo a 40asemana, etc.) ou para a mãe (cesárea para
informações parciais ou
escolha de acompanhantes “prevenir danos sexuais”, etc.); não informação
distorcidas
durante o atendimento dos danos potenciais de longo prazo para os
nascidos por cesariana (aumento de doenças
crônicas, entre outros)
Maternidades que mantêm enfermarias de
trabalho de parto coletivas, muitas vezes sem um
Cuidado não confidencial Direito à confidencialidade e
biombo separando os leitos, e que ainda alegam
ou não privativo privacidade
falta de privacidade para justificar o desrespeito
ao direito a acompanhante
Formas de comunicação desrespeitosas com as
mulheres, subestimando e ridicularizando sua dor,
Cuidado indigno e abuso Direito à dignidade e ao
desmoralizando seus pedidos de ajuda;
verbal respeito
humilhações de caráter sexual, do tipo “quando
você fez você achou bom, agora está aí chorando”
Tratamento diferencial com base em atributos
considerados positivos (casada, com gravidez
Direito à igualdade, à não planejada, adulta, branca, mais escolarizada, de
Discriminação baseada
discriminação e à equidade classe média, saudável, etc.), depreciando as que
em certos atributos
da atenção têm atributos considerados negativos (pobre, não
escolarizada, mais jovem, negra) e as que
questionam ordens médicas
Abandono, negligência ou recusa de assistência às
mulheres que são percebidas como muito
Direito à igualdade, à não
Abandono, negligência ou queixosas, “descompensadas” ou demandantes, e
discriminação e à equidade
recusa de assistência nos casos de aborto incompleto, demora
da atenção
proposital no atendimento a essas mulheres, com
riscos importantes a sua segurança física
Pacientes podem ficar retidas até que saldem as
Direito à liberdade e à dívidas com os serviços; no Brasil e em outros
Detenção nos serviços
autonomia países, surgem relatos de detenções policiais de
parturientes
Fonte: Adaptado de Tesser et al(2015) apud DINIZ (2015).

4. CREPOP: Breve histórico sobre temas e recortes metodológicos nas


pesquisas
O Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas-
Crepop acumula um histórico de mais de dez anos de produção de referências para
psicólogas/os que atuam em diversas políticas públicas. Durante este período o
Crepop passou por, ao menos, três momentos de investigação que demandaram
uma modificação na compressão das políticas públicas e consequentemente no
modo de se fazer pesquisas.

5
Em seu primeiro momento o Crepop a prática de profissionais em
definidas e localizadas em serviços e políticas específicas, como por exemplo,
CRAS( SUAS), CREAS (SUAS), DST/AIDS.
Um novo desafio às pesquisas do Crepop ocorre na passagem destes
serviços específicos para públicos específicos que transitavam transversalmente não
por uma, mas por diversas políticas públicas. Assim o Crepop realizou investigações
sobre Idosos, População de Rua entre outras.
Mais recentemente nos deparamos com novas propostas de elaboração
de referências que apresentam ao Crepop temas transversais Relações Raciais e
Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
Compreender estes três diferentes momentos e, consequentemente, a
maneira de olhar para o objeto de investigação.
Neste sentido, o tema de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos levou a
uma série de questionamentos, muitos deles quanto ao “recorte” do público
(bastante utilizados numa perspectiva positivista) foi muito útil ao Crepop, contudo,
foi necessário ampliar o olhar sobre a investigação em curso, deixando que o objeto
se apresente e não que seja enquadrado metodologicamente.
Assim, após um longo período de debates com a rede, para a
investigação em curso o Crepop /CFP entende que o recorte metodológico para o
campo de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos pode levar a limitações nos
resultados. Desta forma assumimos como opção metodológica que o recorte deve
ser dado pela própria complexidade, diversidade e amplitude do tema, deixando
como possibilidade ampla para posteriormente descrever em quais campos a prática
se apresenta, uma vez que estamos tratando de um tema transversal.
É importante ressaltar que, apesar da transversalidade do tema, o
direcionamento da divulgação para participação da etapa qualitativa deve considerar
dois aspectos para delineamento do público da pesquisa: primeiramente, o
reconhecimento destas/es profissionais enquanto executoras/es de ações que visam
a garantir os direitos sexuais e direitos reprodutivos e, em segundo
(consequentemente) que tais profissionais possam efetivamente contribuir com a
pesquisa no que diz respeito à trazer informações sobre como este campo está
definido, quais ações são realizadas. É necessário considerar também que os dados
já levantados pelo Crepop apontam que este tema ainda carece de implementação
de políticas e ações contudo, não deve ser confundido o público da pesquisa (aquele
que efetivamente pode contribuir com o tema) do público de uma referência técnica
(aquele que busca por orientações para atuar no tema).

5. MARCOS LÓGICOS E LEGAIS


Conforme descrito na Metodologia do Crepop (CFP, 2012) o levantamento
dos Marcos Lógicos e Legais é a primeira definição do campo realizada pela
Coordenação Nacional do CFP considerando como os grandes sistemas de políticas
públicas estão estruturadas considerando como marcos lógicos e legais as
Declarações, Cartas, Convenções documentos internacionais de direito bem como
as Leis, Decretos, Portarias, Programas e Planos em nível Federal.

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O levantamento dos marcos lógicos e legais sobre direitos sexuais e
direitos reprodutivos levou em consideração a amplitude, diversidade e dinâmica do
tema. Uma vez que não há um documento ou política central foi é necessária a
realização de levantamentos em diversas políticas públicas. Para tal levantamento
foram utilizados as seguintes palavras-chave/descritores isoladamente ou
combinados:
Orientação Sexual
Direitos das Mulheres Sexo
Direitos Humanos Sexual
Direitos Reprodutivos Sexualidade(s)
Exploração Sexual infanto-juvenil Violência de Gênero
Gênero Violência Sexual
Mulheres

O resultado deste levantamento consta do Anexo I e é material de


subsídio para realização dos levantamentos de Marcos Lógicos e Legais regionais.

6. POLÍTICAS PÚBLICAS e MAPEAMENTO DE SERVIÇOS

Como já demonstrado, não existe no Brasil uma política pública de


direitos sexuais e direitos reprodutivos, sendo que o que se verifica são diversos
programas, projetos, ações que perpassam as temáticas. s principais descritores
para a realização de mapeamento dos serviços que perpassam a temática dos
direitos sexuais e direitos reprodutivos. Assim, o campo de investigação é amplo e,
conforme justificado no item 4 não haverá recorte quanto ao público desta
investigação.

Aborto Pós-parto
Acompanhamento gestacional Saúde da Mulher e do Homem
Contracepção e Esterilização Saúde Sexual
Diversidade Sexual Sexualidade na Juventude
DSTs/AIDS Sexualidades
Identidade de Gênero Violência de Gênero
Orientação Sexual Violência Obstétrica
Parto humanizado Violência
Planejamento Familiar
Sexual

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7. SERVIÇOS/PROFISSIONAIS PARTICIPANTES DA PESQUISA

 Psicólogas/os que atuem em hospitais e/ou maternidades com foco em:


abortamento legal; fertilidade; reprodução assistida; gravidez de alto risco;
banco de leite; câncer (na perspectiva da saúde da mulher e saúde homem);
rede cegonha;

 Psicólogas/os que atuem em instituições/serviços que trabalham com o


processo transexualizador;

 Psicólogas/os que atuem em alas trans do sistema prisional e unidades de


internação.

8. INSTRUMENTOS DE COLETA

Para a pesquisa da atuação de psicólogas/os em Direitos Sexuais e


Direitos Reprodutivos, considerando que a pesquisa online já havia sido realizada,
considerou-se a possibilidade de se realizar apenas a etapa qualitativa (grupos ou
entrevistas) com psicólogas/os. A opção pela utilização dos roteiros para entrevista
em grupo ou entrevista individual deve ser realizada conforme o resultado do
mapeamento do campo tendo em vista quantitativos de profissionais que justifiquem
a opção. É relevante apontar que a diversidade de serviços e temáticas envolvidas
pode trazer informações heterogêneas e que é recomendada agrupar participantes o
mais próximo possível de seus temas, de acordo com as especificidades de cada
CRP.
Desta forma essa nota técnica encaminha duas possibilidades de coleta:
a primeira, a realização de entrevistas em grupos de psicólogas/os com o indicativo
de cinco profissionais por grupo, ou a entrevista individual quando não for possível a
realização de grupos.

ENTREVISTA EM GRUPO DE PSICÓLOGAS/OS


A entrevista em Grupo de Psicólogas/os é a ferramenta de coleta
prioritária para o Crepop, pois possibilita a coleta de informações sobre as práticas
desenvolvidas pelas/os profissionais e seus entendimentos acerca da política a qual
se insere. Para formar esse grupo é importante que este seja composto apenas por
Psicólogas/os, não sendo permitida a participação de outras/os profissionais ou
estagiárias/os. Também não é recomendada a participação de gestoras/es, visando
garantir um ambiente seguro para a livre troca de informações.
Ficam mantidas as bases do grupo fechado para utilização da entrevista
em grupo de psicólogas/os como indicado nos itens a seguir:

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1. A entrevista em grupo será realizada com o máximo de cinco
profissionais por grupo;
2. Os grupos devem ser homogêneos, ou seja, agrupar profissionais de
uma mesma área/programa/serviço/instituição de atuação;
3. Tem por objetivo investigar a prática profissional, as contribuições da
psicologia nesta área, descobrir os conceitos que sustentam a prática da/o
psicóloga/o nesta área e identificar as principais dificuldades e dilemas presentes
nesta área de atuação;
4. Não é recomendada a realização de grupos nos locais de trabalho de
seus participantes;
5. Condução do grupo pela/o técnica/o do Crepop, sendo que as demais
participações podem ocorrer de forma auxiliar, por conselheira/o, colaborador,
estagiária/o;
6. Utilizar o roteiro semiestruturado (comum para entrevista em grupo e
entrevista individual), gravação e degravação para elaboração de relatório;
7. Produção de relatórios de acordo com o roteiro orientador elaborado
pelo GPME.

Procedimentos
1. Leitura conjunta do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, debate
sobre dúvidas.
2. Participantes: apenas psicólogas/os atuantes no campo de investigação, técnico
do CREPOP (condução), estagiário ou outro membro do conselho regional para
a relatoria.
3. Número de participantes: máximo de 05 pessoas
4. Duração da atividade – média de três horas
5. Reunião deve ser gravada em áudio para facilitar a transcrição
6. Orientações aos participantes:
a) só uma pessoa fala de cada vez;
b) evitam-se discussões paralelas para que todos participem;
c) ninguém pode dominar a discussão;
d) todos têm o direito de dizer o que pensam.
Relatoria – escolher de um relator, que não seja o técnico do CREPOP ou
profissional participante da reunião, para sanar eventuais incompreensões das
transcrições.
O grupo deve ser pautado pelos temas previstos no roteiro indicativo. Se
houver desvio do tema, o técnico deve garantir que as discussões girem em
torno do proposto ao grupo.
Roteiro para o grupo: o roteiro para entrevista em grupo seguirá o mesmo modelo
do roteiro para as entrevistas individuais.
9
ENTREVISTAS COM PSICÓLOGAS/OS
A realização de entrevista visa contemplar situações nas quais a presença de
profissionais é reduzida, impossibilitando a realização de entrevistas em grupo. As
entrevistas devem ser realizas preferencialmente em locais onde a/o entrevistada/o
possa dedicar tempo e atenção necessários para a realização da coleta, isto é, não
é recomenda a realização das entrevistas nos locais de trabalho dos respondentes.
A condução da entrevista deverá ser realizada pela/o técnica/o do Crepop, evitando-
se a presença de outras pessoas no local. A entrevista é semiestruturada (roteiro
comum para entrevista em grupo e entrevista individual) devendo a/o técnica utilizar
o roteiro, gravação e degravação para elaboração de relatório.

7. REFERÊNCIAS
CORREA, S. Direitos Sexuais e Reprodutivos: uma perspectiva feminista.
Physis: Rev. Saúde Coletiva. Rio de Janeiro: 6 (1/2) : 147-177, 1996.

DINIZ SG (et al),. Violência obstétrica como questão para a saúde pública no
Brasil: origens, definições, tipologia, impactos sobre a Saúde materna, e
propostas para sua prevenção in Journal of Human Growth and Development.
25(3): 377-384. Disponível em : http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.106080.

LIONÇO T. Que Direito à Saúde para a População GLBT? Considerando


Direitos Humanos, Sexuais e Reprodutivos em Busca da Integralidade e da
Eqüidade Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.2, p.11-21, 2008

OMS. Prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maus-tratos durante o


parto em instituições de saúde. 2014. Disponível em
(http://www.who.int/about/licensing/copyright_form/en/index.html).

PULHEZ , M. A “violência obstétrica” e as disputas em torno dos direitos


sexuais e Reprodutivos. Fazendo Gênero 10. 2013.

REPÚBLICA DA VENEZUELA - Ley Orgánica sobre el Derecho de las Mujeres a


una Vida Libre de Violencia [Internet]. Gaceta Oficial 38.647. [Acesso em 2015 Jun
17]. Disponível em: http://venezuela.unfpa.org/doumentos/Ley_mujer.pdf.
Tesser CD, Knobel R, Andrezzo HFA, Diniz SD. Violência obstétrica e prevenção
quaternária: o que é e o que fazer. Rev Bras Med Fam Comunidade.
2015;10(35):1-12. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5712/rbmfc10(35)1013

VIANA, A, LACERDA, P. Direitos e Políticas Sexuais no Brasil: panorama atual.


Rio de Janeiro: CEPESC, 2004.

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ANEXO 1

ROTEIRO DE ENTREVISTA INDIVIDUAL E EM GRUPO – Psicóloga/o atuante em


programas ou ações sobre Direitos Sexuais ou Direitos reprodutivos

Apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, leitura


conjunta e debate sobre dúvidas.

Psicologia e Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos


 Como a Psicologia compreende os Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
 Teorias e conceitos que mais influenciam a atuação das/os psicólogas/os
para a atenção específica aos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
 Contribuições da Psicologia para as políticas de Direitos Sexuais e Direitos
Reprodutivos.

Atuação de psicólogas/os nos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos


 A política a qual o serviço está vinculado; o rol de atividades desenvolvidas; quais
permeiam os Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
 Avaliar as políticas/programas/ações que visam garantir os Direitos Sexuais e
Direitos Reprodutivo.
 Elencar lacunas que impedem a garantia desses direitos. Apontar alterações
necessárias.
 Possibilidades/espaços para criar novas ações dentro do programa/serviço.
 Ações específicas desenvolvidas por psicólogas/os.
 Condições para a/o psicóloga/o desenvolver atividades.
 Nível de autonomia para desenvolver o trabalho.
 Descrever com é o planejamento e organização e atividades;
 Descrever os recursos técnicos da Psicologia;
 Principais problemas vividos na atuação;

Gestão do Trabalho
 Descreva a atuação da rede de referência, potencialidades, seus problemas,
necessidades não atendidas.
 Multidisciplinaridade / Multiprofissionalidade 1

1 Multiprofissionalidade consiste uma modalidade de trabalho coletivo que se configura na relação


recíproca entre as múltiplas intervenções técnicas e a interação dos agentes de diferentes áreas
profissionais.

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 Descrever os componentes, contribuições de cada área;
 Atividades desenvolvidas em equipe;
 Atividade exclusivas da/o psicóloga/o;
 Dificuldades para essa atuação multidisciplinar;

Implicações éticas
 Principais implicações éticas da atuação em direitos sexuais e direitos
reprodutivos;
 Você já se deparou com situações de conflito ético? Como lidou?

Dimensão Ético-Política dos Direitos Sexuais e Reprodutivos


 Compreensão sobre Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos;
 Existem diferenças entre Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos;
 Relação dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos com Direitos Humanos;

Violência Obstétrica (este bloco será aplicado a depender do andamento da


entrevista, isto é, a depender da composição do grupo e de como a/o técnica/o
percebe o envolvimento das/os participantes com o tema);
Considerando violência obstétrica enquanto violação dos direitos reprodutivos:
 Como compreende a violência obstétrica e como a identifica na sua atuação;
 Dificuldades de enfrentamento a esta violência;
 Reconhecimento das situações de maior vulnerabilidade (escolarização, raça,
estado civil, econômica, religiosa, orientação sexual e identidade de gênero 2);
 Atuação da psicologia na prevenção;
 Atuação da psicologia no atendimento às vítimas;
 Contribuições da Psicologia para superação da violência obstétrica;

2Orientação sexual se refere à atração afetivossexual por alguém de algum/ns gênero/s. Identidade
de gênero é o gênero com o qual uma pessoa se identifica, que pode ou não concordar com o
gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento.

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ANEXO 2
ROTEIRO DE RELATÓRIO DA ENTREVISTA INDIVIDUAL
Formato: os relatórios devem ser encaminhados em arquivo do Word ao CREPOP
Nacional, digitado em espaço duplo, fonte Times New Roman ou Arial 12.

1. Dados Crepop
Crepop/CRP: ______
Técnico Responsável:
Data:
Local da Entrevista:
Duração da Entrevista:
(Inserir objetivamente os dados do entrevistado: nome,
instituição/programa/serviço no qual é lotado, cargo que ocupa na instituição)

2. Dinâmica da Entrevista

Descrever brevemente o clima da entrevista, como o entrevistado se portou, sua


motivação para falar de determinados temas.
Descrever as principais dificuldades da entrevista: tempo, assunto, local, número de
questões, alguma pergunta não foi respondida ou perguntada? Por qual motivo?
(Inserir neste espaço informações que o técnico considere indispensável para
a compreensão da degravação da entrevista)
Fazer uma breve análise a respeito das entrevistas, na qual apresente os principais
temas abordados com trechos das falas que exemplifique tais apontamentos.

Anexo: Degravação do áudio da entrevista.

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ROTEIRO DE RELATÓRIO DA ENTREVISTA EM GRUPO
Formato: os relatórios devem ser encaminhados em arquivo do Word ao CREPOP
Nacional, digitado em espaço duplo, fonte Times New Roman ou Arial 12.

Dados gerais:
1. CREPOP/CRP
2. Técnica/o Responsável
3. Relator/a
4. Data
5. Local da Reunião
6. Duração da Reunião
7. Número de participantes
8. Caracterização sociodemográfica dos participantes (síntese das informações
contidas na ficha de participantes)
9. Descrição da metodologia adotada/estratégias de mobilização utilizadas
Caracterização campo: breve descrição dos serviços voltados para o atendimento
da política em foco na região
Conteúdo: os relatórios devem ter caráter descritivo (sem apreciações e/ou análises
do técnico e relator), contendo a síntese do que foi discutido no grupo, com trechos
das falas que exemplifique os principais pontos abordados. Devem ser divididos em
tópicos conforme Nota técnica do CREPOP nacional.
Identificação dos participantes: é importante fazer durante o relato a identificação
dos trechos das falas, com as indicações P1, P2, mantendo o respeito ao sigilo, mas
apontando contradições de fala, ou exemplos dos principais pontos abordados.

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ANEXO 3
Termo de consentimento livre e esclarecido – Entrevista Individual
A presente investigação tem como título “Investigação sobre a atuação de
psicólogas/os em Políticas Públicas de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos” e é
conduzida pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas do
Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais de Psicologia.
O objetivo geral é mapear a atuação de psicólogas e de psicólogos brasileiros que
trabalhem com políticas que tratem dos Direitos Sexuais e dos Direitos Reprodutivos
visando subsidiar a produção de referências técnicas para a atuação da categoria no
campo das políticas públicas.
A participação consiste em uma entrevista individual semiestruturada, cujo roteiro é
composto por questões sobre a situação atual das políticas públicas que abrangem
a temática dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e sobre as potencialidades
da atuação de psicólogas/os nesta temática.
Dados pessoais não serão disponibilizados em hipótese alguma, assegurando-se a
confidencialidade e privacidade das/dos participantes da investigação. Tendo em
vista a ampla relevância do tema, cabe evidenciar que os dados poderão também
ser disponibilizados para pesquisadores de outras entidades, mediante o
comprometimento ético para com os sujeitos desta pesquisa.
Garante-se também o direito de deixar de participar da investigação a qualquer
momento, sem nenhuma penalização ou prejuízo ao sigilo quanto às informações já
fornecidas, cabendo à/ao participante apenas comunicar sua decisão às/aos
pesquisadores. Com esses cuidados, considera-se contornado o risco mínimo de
constrangimento da/o participante em relatar algumas das práticas por ela/e
desenvolvidas.
A participação na investigação não trará nenhum custo financeiro, não implicará em
remuneração pela participação, nem qualquer outro tipo de benefício direto.
Entretanto, espera-se que desta pesquisa surjam reflexões importantes a respeito do
tema estudado.
Ao concordar com a participação a/o entrevistada/o autoriza a gravação de áudio
única e exclusivamente para construção do relatório. Ressalta-se que os áudios não
serão disponibilizados à terceiros e que os relatórios não identificarão as/os
participantes.
A(o) participante poderá pedir mais informações sobre a investigação sempre que
quiser, entrando em contato com a instituição responsável por meio do endereço
eletrônico <crepop@cfp.org.br>.

Nome/nome social da/o participante Nome e assinatura da/o técnica/o do Crepop

______ de ___________________ de 2018.

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Termo de consentimento livre e esclarecido – Entrevista em Grupo
A presente investigação tem como título “Investigação sobre a atuação de
psicólogas/os em Políticas Públicas de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos” e é
conduzida pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas do
Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais de Psicologia.
O objetivo geral é mapear a atuação de psicólogas e de psicólogos brasileiros que
trabalhem com políticas que tratem dos Direitos Sexuais e dos Direitos Reprodutivos
visando subsidiar a produção de referências técnicas para a atuação da categoria no
campo das políticas públicas.
A participação consiste em uma entrevista em grupo com psicólogas/os, cujo roteiro
semiestruturado é composto por questões sobre a situação atual das políticas
públicas que abrangem a temática dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e
sobre as potencialidades da atuação de psicólogas/os nesta temática.
Dados pessoais não serão disponibilizados em hipótese alguma, assegurando-se a
confidencialidade e privacidade das/dos participantes da investigação. Tendo em
vista a ampla relevância do tema, cabe evidenciar que os dados poderão também
ser disponibilizados para pesquisadores de outras entidades, mediante o
comprometimento ético par com as sujeitos desta pesquisa.
Garante-se também o direito de deixar de participar da investigação a qualquer
momento, sem nenhuma penalização ou prejuízo ao sigilo quanto às informações já
fornecidas, cabendo ao participante apenas comunicar sua decisão aos
pesquisadores. Com esses cuidados, considera-se contornado o risco mínimo de
constrangimento da/o participante em relatar algumas das práticas por ela/e
desenvolvidas.
A participação na investigação não trará nenhum custo financeiro, não implicará em
remuneração pela participação, nem qualquer outro tipo de benefício direto.
Entretanto, espera-se que desta pesquisa surjam reflexões importantes a respeito do
tema estudado.
Ao concordar com a participação a/o entrevistada/o autoriza a gravação de áudio
única e exclusivamente para construção do relatório. Ressalta-se que os áudios não
serão disponibilizados a terceiros e que os relatórios não identificarão as/os
participantes.
A(o) participante poderá pedir mais informações sobre a investigação sempre que
quiser, entrando em contato com a instituição responsável por meio do endereço
eletrônico <crepop@cfp.org.br>.

Nome/nome social da/o participante Nome e assinatura da/o técnica/o do Crepop

______ de ___________________ de 2018.

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