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Sumário

I - Introdução
II - O que é a Psicologia Perinatal
III - Gestação
IV - Parto
4.1 - Parto Espontâneo
4.2 - Parto Operatório
4.3 - Parto Prematuro
V - Puerpério
5.1 - Pós-parto Blues
5.2 - Depressão pós-parto
5.3 - Psicoses Puerperais
VI - Considerações Finais

VII - A Psicologia Perinatal frente aos diversos desafios da maternidade.


7.1 - A psicologia e os desafios da gestação e parto.
7.2 - Puerpério - O impacto do bom nascer na tecelagem do vínculo entre
mãe e bebê.
7.3 - Maternidade e Luto.

VIII - O luto perinatal e neonatal e a atuação da psicologia nesse contexto.


8.1 - Introdução
8.2 - Metodologia
8.3 - Resultados e discussões
8.4 - A atuação da psicologia: Técnicas e Procedimentos.

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IX - O conhecimento das gestantes sobre a psicologia perinatal.
9.1 - Objetivo geral
9.2 - Objetivos específicos
9.3 - DESENVOLVIMENTO
9.3 - INTRODUÇÃO
9.4 - METODOLOGIA DA PESQUISA
9.5 - Tipo do estudo
9.6 - Cenário da pesquisa
9.7 - Participantes da pesquisa
9.8 - Técnica de coleta de dados
9.9 - Procedimento de análise de dados.
9.10 - Questões éticas
9.11 - RESULTADOS DA PESQUISA
9.12 - Perfil sociodemográfico
9.12.1 - A gestação, percepções e sentimentos
9.12.2 - O suporte familiar
9.12.3 - As mudanças emocionais e comportamentais
9.12.4 Percepções sobre parto e pós-parto
9.13 O medo do parto normal
9.14 As informações sobre o parto
9.15 As preocupações com o pós-parto
9.16 O conhecimento da gestante sobre a psicologia perinatal
9.17 - As contribuições que a psicologia perinatal podem trazer para a
gestante
9.18 - As dificuldades para obtenção do acompanhamento psicológico
durante a gestação

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1 – INTRODUÇÃO:
O presente trabalho apresenta as fases da gestação, parto e puerpério em
que o trabalho do psicólogo perinatal pode acontecer e visa facilitar o
entendimento de algumas questões e processos presentes nesses momentos.
Para isso, a metodologia utilizada será o levantamento bibliográfico feito a
partir de livros que tratam do assunto de diversas formas, sob diferentes olhares e
para públicos diversos.
Inicialmente, a psicologia perinatal será brevemente apresentada.
Num segundo momento, serão apontadas as principais fases em que o
trabalho do psicólogo perinatal pode ser solicitado e, junto a essas fases, breves
explicações e diferenciações importantes tanto do ponto de vista físico e quanto
psicológico.
O objetivo principal do trabalho é mostrar o vasto campo de atuação do
psicólogo perinatal junto às famílias e sua contribuição para o entendimento
e humanização desse processo. Como disse Winnicott:
“(...) a psicanálise, como a vejo, oferece à obstetrícia, e a todo trabalho que
diz respeito às relações humanas, um aumento do respeito que os
indivíduos sentem uns pelos outros, bem como pelos direitos individuais. A
sociedade precisa de técnicos e até mesmo para os cuidados médicos e de
enfermagem, mas onde houver pessoas, e não máquinas, o técnico precisa
estudar a forma como as pessoas vivem, pensam e crescem ao longo de
suas experiências.”

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2 – O QUE É A PSICOLOGIA PERINATAL?
A psicologia perinatal, também conhecida como psicologia da gravidez, parto
e puerpério, é a área da psicologia voltada para o atendimento a mães e famílias
que se encontram nesse momento de encontro com um novo membro, o bebê.
A gravidez pode ser uma fase de crise e sofrimento, muitas vezes
negligenciada pelo senso comum de que este é o momento mais pleno da vida de
uma mulher. O papel do psicólogo é acolher e escutar as mães e famílias, em
sofrimento ou não, de modo a auxiliar na adaptação às mudanças trazidas pelo
bebê.

3 – GESTAÇÃO
A gestação, um período de idealização e fantasia, tem algumas funções bem
definidas como preparar o feto para a vida extra uterina e, uma função mais
subjetiva mas tão importante quanto que é a de preparar a mulher para ser mãe.
Para Winnicott (2013), as mulheres se preparam para a tarefa da maternidade
durante os últimos meses de gravidez, o que ele chama de “preocupação materna
primária”. Em um questionamento sobre as origens do indivíduo, Winnicott enumera
alguns fenômenos importantes, começando pelo “ato de conceber mentalmente” que
ocorre nas brincadeiras de crianças de qualquer idade e permanece até a vida
adulta. Devemos salientar que essa concepção mental que ocorre na idade adulta
não está necessariamente ligada ao casamento.
São inúmeras as mudanças provocadas pela gravidez, são mudanças físicas,
laborais, conjugais e financeiras, e é natural que surjam questionamentos sobre
esse período. Maldonado escreve sobre a existência de uma ambivalência afetiva, é
o querer e o não querer. Segundo ela, não existe gravidez completamente aceita ou
rejeitada e toda mulher passa por essa oscilação que podemos chamar de natural.
É no período da gestação que se inicia a vinculação entre mãe e bebê. O
bebê está em sintonia fisiológica e emocional com a mãe (Wilhelm). Ele tem suas
necessidades básicas, como alimentação e respiração, supridas pelo organismo da
mãe e à ela também cabe suprir as necessidades emocionais de seu bebê. Essa
segunda tarefa é tão importante quanto a primeira, porém não é assim tão natural e
depende da gestante estar bem assistida por familiares e profissionais (Winnicott). A
mãe precisa, além de tudo, sentir o bebê como um ser diferente dela, que apesar de

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ser um sujeito dependente, o bebê não é a mãe. Esse entendimento auxilia no
momento do parto onde a separação física entre eles é inevitável (Maldonado).

4 – PARTO
De acordo com Maldonado, o parto é um “salto no escuro”. É sabido que o
parto normal é melhor para o bebê pois o trabalho de parto auxilia na sua adaptação
à vida extra uterina, porém, no caso de ser detectado algum problema na gestação
ou durante o trabalho de parto, costuma-se indicar a cesariana que pode fazer
nascer um bebê viável ou não (MOREIRA, M. E. L.; BRAGA, N. A.; MORSCH, D.
S.). Além das alterações indicadoras do parto operatório, existem profissionais de
saúde e famílias que optam por este tipo de nascimento. Nesses casos, existe a
possibilidade de que a criança nasça prematuramente, o que pode significar um
risco a saúde do bebê.

4.1 – PARTO ESPONTANEO


O que chamamos hoje de parto normal, pode também ser chamado de parto
espontâneo, parto natural ou parto vaginal. Esse tipo de nascimento é o resultado do
trabalho de parto que envolve especialmente a maturação física do bebê.
A espera pelo parto vaginal garante que o bebê está pronto para nascer já
que o período em que o bebê é considerado maduro para viver é longo, entre 37 a
42 semanas, o que faz com que um bebê possa ser retirado da barriga de sua mãe
com 37 semanas sendo que ele precisaria de mais 5 semanas para completa
maturação e a garantia de sustentar sozinho o funcionamento do seu próprio
organismo.
O parto espontâneo, quando bem assistido e assessorado, garante a mãe e
ao bebê a intimidade facilitadora do vínculo. O corte tardio do cordão umbilical
garante a absorção de ferro que por sua vez evita a anemia nos primeiros meses de
vida e o pulsar do cordão mantém mãe e bebê conectados, mesmo com o bebê fora
do corpo da mãe.
Winnicott traz ainda a ideia de que existe o parto psicologicamente normal
para o bebê, quando ele próprio torna possível seu nascimento, quando faz ou
necessita de algo e então se inicia o trabalho de parto.

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4.2 – PARTO OPERATÓRIO
Cesárea é uma palavra proveniente do latim “caedere” que significa corte,
cortar. Na Antiguidade, era praticada apenas após a morte da gestante, com o intuito
de salvar o bebê. A primeira cesariana feita com a gestante viva ocorreu em 1500 e
apenas no século XVIII passou a ser utilizada na obstetrícia e, a partir do século XX
passou a ser uma cirurgia rotineira, uma opção cada vez mais indicada pelos
médicos e cada vez mais aceita pelas gestantes (Rezende).
É sabido que o parto normal é mais seguro para o bebê e para a gestante de
baixo risco, mas ainda assim, de acordo com o Ministério da Saúde, em 2016,
55,5% dos 3 milhões de partos feitos no Brasil foram cesáreas, o que contraria a
recomendação da Organização Mundial da Saúde, de apenas 10 a 15% de partos
operatórios.
Além das questões maturacionais do bebê, outro grande problema
envolvendo o parto operatório é a anestesia geral aplicada na mãe e que atravessa
a placenta e chega ao bebê, produzindo vários níveis de depressão fetal
(Maldonado).
Muitas mulheres têm medo da dor do parto normal e optam pela cesárea.
Esse medo é uma construção social e é bastante corroborada pelos médicos que,
sem nem ao menos explicar sobre a fisiologia do parto normal e seus benefícios,
aceita o pedido da gestante. Essa pronta aceitação por parte do médico impede que
a gestante supere o medo e vivencie ativamente o início dessa nova fase da sua
vida e de seu bebê (Maldonado).
Outras tantas mulheres que rompem a barreira do medo, esbarram na
dificuldade de encontrar médicos dispostos a aguardar a hora do bebê para a
realização do parto normal.

4.3 – PARTO PREMATURO


Uma das causas mais comuns de internação de bebês nas UTIs Neonatais é
a prematuridade. Prematuro, é o bebê nascido com menos de 37 semanas
completas de gestação, e quanto menor a idade gestacional, mais tempo o recém-
nascido precisará do apoio tecnológico da incubadora e de outros aparatos
tecnológicos.
O nascimento do bebê prematuro pode ocorrer quando o trabalho de parto se
inicia antes da maturação total do feto e profissionais da área de saúde não

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conseguem conter o processo ou ainda, quando, ao marcar a data para uma
cesárea, não se tem a certeza da maturidade física do bebê.
A UTI Neonatal é um ambiente hostil, totalmente diferente do quarto
idealizado pelos pais. O contato com o bebê também é diferente do esperado. O
bebê internado luta, de várias formas, para sua sobrevivência e acaba por
concentrar todas as suas forças nesse sentido. A mãe que queria amamentar,
segurar, ninar e dar banho vai precisar esperar os momentos adequados para isso.
Os cuidados com o bebê internado na UTI Neonatal exigem uma parceria de
esforços dos pais e da equipe de saúde. Ambos precisam entender sua importância
no processo e garantir o espaço adequado para o desempenho de seus papéis
(MOREIRA, M. E. L.; BRAGA, N. A.; MORSCH, D. S.).

5 – PUERPÉRIO
Puerpério é o período logo após o parto, que dura de 6 a 8 semanas e,
fisiologicamente representa o período de tempo necessário para que o corpo retorne
ao estado anterior a gravidez.
Além do restabelecimento físico, o puerpério é considerado uma fase de
transição entre e mãe grávida do bebê imaginário e a mãe com seu bebê real. De
acordo com Maldonado, essa fase também é conhecida como o quarto trimestre da
gravidez.
São grandes as alterações na vida da mulher entre a gestação e o parto, e
entre os exames e preparativos para a chegada do bebê, muitas das vezes a mulher
não se prepara – e nem é estimulada a se preparar – para elaborar a perda do bebê
imaginário, calmo e perfeito, e o contato com o bebê real, que chora, sente fome e
pode apresentar alguma alteração em sua constituição.
A “preocupação materno primária” situa-se também nesse quarto trimestre, se
inicia nos últimos meses de gestação e dura algumas semanas ou meses após o
parto. Esse é um estado em que a atenção da mãe está totalmente voltada ao bebê
e suas necessidades, como se mãe e bebê fossem apenas um.

5.1 – PÓS-PARTO BLUES


Por volta do terceiro dia após o parto, grande parte das puérperas (de 70% a
90% delas, segundo pesquisas realizadas no Canadá e na França) apresentam o
blues do pós-parto. Nesse período, que pode durar até 10 dias após o nascimento

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do bebê, as recém mães apresentam um estado depressivo, o que, para alguns
autores, representa o final da gestação psíquica.
Apoiar a puérpera, garantir seu descanso nas horas de sono do bebê e
assegurar a resolução das questões externas à dupla mãe-bebê, facilita a
transposição dessa fase e diminuem as chances de que o pós-parto blues evolua
para uma depressão pós-parto.

5.2 – DEPRESSÃO PÓS-PARTO


A depressão pós-parto acomete de 10 a 20% das puérperas e, inicialmente,
pode ser confundida com o pós-parto blues. A grande diferença entre eles é a
gravidade do quadro. A depressão pós-parto pode durar até dois anos após o
nascimento do bebê e configura risco para sua saúde mental (Iaconelli).
De acordo com Maldonado, os níveis de estresse são mais altos em bebês
com mães deprimidas e estas não reagem aos estímulos do bebê.
Engana-se quem pensa que apenas mulheres com histórico prévio de
depressão podem ser acometidas pelo quadro após o parto, este é um fator de risco,
mas até mesmo mulheres com psiquismos mais estruturados podem sofrer com a
intensidade vivida na gestação e vir a adoecer.
O diagnóstico e tratamento precoce são fundamentais para a mãe e para o
desenvolvimento do bebê, ainda tão dependente. Deve-se lançar mão de
acompanhamento psicológico, individual ou grupal, e o acompanhamento
psiquiátrico para quando há necessidade de medicação
Contudo, o mito do amor materno dificulta a expressão dos sentimentos das
mães e estas muitas vezes sofrem sozinhas e caladas com medo de que a família e
a sociedade as julguem por mães ruins, ingratas ou, ainda, egoístas. Não falar sobre
o assunto apenas agrava o quadro e dificulta o tratamento.

5.3 – PSICOSES PUERPERAIS


Cerca de 5% das gestantes sofrem com a psicose puerperal. Um quadro raro
e bastante delicado em que surtos anteriores são os maiores fatores de risco.
A psicose puerperal representa um grande risco para o bebê, porém não é
recomendado que ele seja afastado da mãe, a criação de uma rede que possa servir
de suporte e o monitoramento 24h são essenciais nesses casos para que seja

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garantido o bem estar do bebê e para que o vínculo entre eles seja fortalecido
(MOREIRA, M. E. L.; BRAGA, N. A.; MORSCH, D. S.).
O tratamento da mãe que apresenta o quadro de psicose puerperal deve ser
feito em conjunto entre psicologia e psiquiatria e, assim como na depressão pós
parto, o diagnóstico precoce é essencial para o seu sucesso.

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A gestação, parto e puerpério, de alguma forma, fazem parte da vida de todos
os indivíduos e a psicologia vem para agregar conhecimento e auxiliar famílias e até
mesmo profissionais da área.
Apesar de haverem questões universais no que diz respeito a esse período,
devemos levar em consideração as particularidades de cada mulher, de cada família
e de cada bebê. Cada gestação é única e não se pode prever como a mulher irá
reagir e nem quais situações podem surgir.
A psicologia perinatal pretende estar ao lado dos atores envolvidos nesse
quadro e tornar esses momentos mais leves ou ao menos mais fáceis de serem
elaborados.
O obstetra francês Frederick Leboyer, em 1988, escreve em seu livro “Nascer
Sorrindo” algo que, apesar de destinado a médicos e enfermeiros, se encaixa muito
bem ao papel do psicólogo no trabalho perinatal. Leboyer escreve assim:
"Sim, é preciso tão pouco, nada de orçamentos caros, recursos
eletrônicos... Nada disso, apenas paciência e modéstia. Silêncio. Uma
atenção leve, mas sem falhas. Um pouco de inteligência, de preocupação
com o outro. Esquecimento de si mesmo... É preciso muito amor. Sem amor
vocês não passarão de bem intencionados..."

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A psicologia perinatal frente aos diversos desafios da maternidade.

Gerar um filho pode ser considerada como uma das experiências mais significativas e complexas na vida da mulher.
A compreensão de aspectos psicológicos presentes nos períodos da gravidez e puerpério é cada vez mais
reconhecida como essencial no contexto do atendimento à saúde reprodutiva da mulher e, consequentemente, à
saúde materno-infantil, pois pode subsidiar a assistência nos cuidados com a saúde física e emocional da mulher e
seu bebê. Embora sejam eventos normativos dentro do período reprodutivo, gestação e puerpério são tidos como
períodos de intensas transformações biológicas, psicológicas e sociais, que exigem da mulher e sua família
inúmeras adaptações, sendo assim, críticos do ponto de vista do desenvolvimento, pois provocam um
deslocamento do equilíbrio anterior, acarretando maior vulnerabilidade pessoal. O primeiro tema dessa mesa
redonda abordará os desafios da gestação e do parto. Será apresentado o recorte de uma pesquisa que teve como
objetivo investigar o sentimento de medo em relação à gravidez e ao parto, presente em gestantes no terceiro
trimestre. A autora levará os ouvintes a refletir sobre a importância do acolhimento psicológico às gestantes
visando diminuir a prevalência e incidência de alterações emocionais significativas nesse período. Um dos desafios
do puerpério será abordado na apresentação de trabalho que avaliou o impacto das primeiras horas após o parto
sobre a relação mãe-bebê. Será discutida a relevância e o papel da equipe de saúde no cuidado da mulher neste
período sensível, na promoção do desenvolvimento do vínculo entre mãe e bebê. A mesa abordará também o
óbito perinatal, que habitualmente ocorre no cenário hospitalar e precipita outra crise, inesperada, que se
sobrepõe à crise normativa do ciclo gravídico-puerperal. Discutirá as particularidades desse tipo de luto, seus
aspectos simbólicos, psicodinâmicos, socioculturais e familiares, que o fazem complexo e, muitas vezes, de difícil
elaboração. A partir da literatura e da prática na área da Medicina Fetal, a autora explorará o potencial do papel
do psicólogo para lidar com os desafios inerentes à tarefa de cuidar de mães que perderam seus bebês. Portanto,
esta mesa pretende dialogar sobre os diversos desafios da mulher no ciclo gravídico-puerperal à luz da psicologia
na perinatalidade, um campo da psicologia hospitalar que se propõe ao estudo do psiquismo da gestante,
parturiente e puérpera. As falas buscam ampliar a compreensão das dificuldades de algumas vivências e suas
implicações, da mesma forma que propõe a reflexão sobre diversas ações que possibilitam o cuidado ampliado à
mulher na gestação, parto, puerpério e, eventualmente, no óbito perinatal. Palavras chave: gestação; parto;
puerpério; luto; psicologia perinatal.

Maternidade e luto - As possibilidades de atuação da psicologia na perda perinatal.


A notícia da chegada de um bebê geralmente é festejada com alegria, desencadeando uma série de expectativas e
planejamentos na família. Porém, às vezes a vida inverte a sequência de seu ciclo e o bebê esperado parte pouco
depois ou antes mesmo de nascer. Em momento onde deveria surgir vida, a morte apresenta-se como evento
excepcional e impensável para pais e equipe. A perda de um bebê por aborto, morte fetal ou neonatal é
reconhecida na literatura como acontecimento traumático. A dificuldade de elaboração desse tipo de perda é
agravada ao ser socialmente subestimada, limitando o apoio necessário e acarretando efeitos desastrosos no
psiquismo da mulher. Assim, o luto perinatal é complexo e fator de risco para desenvolvimento de luto
complicado, podendo comprometer o sistema familiar e afetar o desenvolvimento de seus membros. Em geral, a
concretização do óbito perinatal ocorre no âmbito hospitalar, dentro da maternidade ou UTI neonatal. Nestes
cenários, os profissionais da equipe, direta e indiretamente, têm papel essencial e suas posturas podem ser
decisivas na elaboração do luto de pais e familiares. O objetivo dessa fala é refletir e tecer considerações sobre as
peculiaridades do luto perinatal discutindo a multiplicidade do papel do psicólogo neste contexto, que não se
limita ao atendimento dos pais, mas que se amplia na orientação e cuidado da equipe, possibilitando a diminuição
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do sofrimento vivido e a prevenção de situações potencialmente iatrogênicas, que podem levar à perpetuação do
sofrimento psíquico e ou desencadear quadros patológicos.

A psicologia e os desafios da gestação e parto.


O medo é um sentimento presente em gestantes e é no terceiro trimestre que o medo pode elevar a ansiedade. O
objetivo deste estudo foi o de apresentar a frequência de gestantes no terceiro trimestre que apresentaram
sentimentos de medo em relação à gestação e ao parto. Participaram 41 gestantes no terceiro trimestre, usuárias
do SUS de uma cidade do interior paulista. Responderam um questionário onde serão apresentadas três questões
neste estudo, uma questão relacionada ao medo na gestação, uma relacionada ao medo sobre a via de parto e
uma sobre preferencia pela via de nascimento. Das gestantes, 18 (44%) informaram que tem algum medo
relacionado a gestação, sendo os medos mais comum o do momento do parto e da ocorrência de um possível
aborto e 23 (56%) informaram que têm medo em relação ao nascimento, sendo os medos mais comuns a dor e a
violência obstétrica. Ao serem indagadas se têm preferencia pela via de nascimento 35 (85%) informaram que sim,
onde 21 (85%) preferem parto normal e 14 (34%) cesariana. O sentimento de medo na gestação é comum, sendo
que o medo mais significativo é em relação ao parto, mais da metade delas preferem o parto normal, mas ao
mesmo tempo sentem medo da dor e de sofrerem violência obstétrica. O psicólogo pode ser o profissional que
pode oferecer acolhimento à gestantes e levar informação para que ela possa se sentir mais tranquila, diminuindo
assim os riscos para as alterações emocionais significativas.

Puerpério – O impacto do bom nascer na tecelagem do vínculo entre mãe e bebê.


Do ponto de vista psicológico, o puerpério pode ser visto como o período mais delicado do ciclo gravídico-
puerperal, considerado o de maior vulnerabilidade psíquica, o que exige extrema atenção. Em contraste com a
gravidez, cuja evolução é lenta e permite que as mudanças ocorram gradualmente, o parto é processo abrupto
que, repentinamente, introduz intensas transformações no corpo e na vida da mulher. Trata-se de um evento
crítico que marca a transição para a maternidade e pode ter implicações diretas sobre os sentimentos da mulher,
que acaba de se tornar mãe, e o vínculo com seu bebê. Esse estudo teve o objetivo de apresentar o impacto na
díade mãe-bebê acerca dos fatores relacionados ao parto e as primeiras 24h ainda na maternidade. Foram
entrevistadas 12 mulheres, com partos de vias distintas. O questionário buscou identificar os principais marcos
vividos pela mulher logo após o parto e como essa experiência refletiu no vínculo com o seu filho. Os resultados
exprimem a importância do cuidado de toda a equipe de saúde, que deve estar atenta ao estado emocional da
mulher e oferecer o suporte necessário para que essas primeiras horas sejam vividas de forma consciente, com
respeito e zelo, promovendo o desenvolvimento do vínculo mãe-bebê e um começo de vida saudável.

Maternidade e luto - As possibilidades de atuação da psicologia na perda perinatal.


A notícia da chegada de um bebê geralmente é festejada com alegria, desencadeando uma série de expectativas e
planejamentos na família. Porém, às vezes a vida inverte a sequência de seu ciclo e o bebê esperado parte pouco
depois ou antes mesmo de nascer. Em momento onde deveria surgir vida, a morte apresenta-se como evento
excepcional e impensável para pais e equipe. A perda de um bebê por aborto, morte fetal ou neonatal é
reconhecida na literatura como acontecimento traumático. A dificuldade de elaboração desse tipo de perda é
agravada ao ser socialmente subestimada, limitando o apoio necessário e acarretando efeitos desastrosos no
psiquismo da mulher. Assim, o luto perinatal é complexo e fator de risco para desenvolvimento de luto
complicado, podendo comprometer o sistema familiar e afetar o desenvolvimento de seus membros. Em geral, a
concretização do óbito perinatal ocorre no âmbito hospitalar, dentro da maternidade ou UTI neonatal. Nestes
cenários, os profissionais da equipe, direta e indiretamente, têm papel essencial e suas posturas podem ser
decisivas na elaboração do luto de pais e familiares. O objetivo dessa fala é refletir e tecer considerações sobre as
peculiaridades do luto perinatal discutindo a multiplicidade do papel do psicólogo neste contexto, que não se
limita ao atendimento dos pais, mas que se amplia na orientação e cuidado da equipe, possibilitando a diminuição
do sofrimento vivido e a prevenção de situações potencialmente iatrogênicas, que podem levar à perpetuação do
sofrimento psíquico e ou desencadear quadros patológicos.

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O luto perinatal e neonatal e a atuação da psicologia nesse contexto

Resumo
Atualmente, a morte na infância é pouco comum, considerando-se todos os recursos de modernidade que se
disponibilizam hoje, quais sejam, cuidado pré-natal, UTI neonatal, dentre outros. Por isso mesmo, quando acometida
por essa fatalidade, a família sente estranheza e forte impacto. A perda de um bebê pode produzir uma dor intolerável,
uma vez que significa frustração de desejos, fantasias, devaneios e não menos importante, a impotência ante a
possibilidade de aplicar sua capacidade de ser mãe/pai. Neste sentido, salienta-se a necessidade de profissionais como
o psicólogo, a fim de que possa auxiliar a família a enfrentar o luto parental e a elaboração da perda de um filho.
Desta forma, este estudo visou dissertar sobre a importância da intervenção psicológica em situações de luto: perinatal
e neonatal. A partir de uma pesquisa qualitativa, de revisão bibliográfica, foi possível identificar que esse tipo de luto
contraria o que culturalmente em nossa sociedade se espera sobre o andamento do ciclo de vida. Isso posto, diante do
que essas perdas podem provocar nas famílias e até mesmo nas equipes de saúde, faz-se necessária a presença do
psicólogo nesse contexto. Consubstancialmente, salienta-se a importância de estudos futuros que possam investir em
novas reflexões acerca do luto perinatal, uma vez que as considerações trazidas por eles podem ter implicações na
prática do psicólogo no âmbito hospitalar.
Palavras-chave: Luto; Neonatal; Perda; Parentalidade; Perinatal.

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1. Introdução
A relação que se constitui entre as mães e seus filhos, ainda que no ventre, pode ser considerada um dos elementos
fundamentais do psiquismo humano, uma vez que muitas vezes é a partir desta relação que a criança pode aprender o mundo a
sua volta. Badinter (1985) afirma que para o senso comum, a maternidade surge na vida da mulher como um instinto, uma
vocação: através deles é possível amar incondicionalmente um filho. Segundo ela, esse é um assunto polêmico, uma vez que o
que muitos autores apontam como instinto materno, não passa de uma construção sociopolítica passível de mudar de tempos
em tempos.
Da mesma forma para Dolto (1984) o sentimento materno foi considerado como fruto de uma construção estabelecida
no início da vida entre jovens meninas e suas mulheres de referência, bem como do seu processo emocional frente à castração.
Entretanto, Badinter (19885) afirma que passa-se a observar isso apenas a partir do século XIX, visto que até o XVIII o
percurso histórico da relação entre mães e filhos evidencia uma relação fria e indiferente (Badinter, 1985). Dolto (1984) por
sua vez, afirma que o desinteresse pela criança era uma estratégia de defesa ante o sofrimento de perder um filho, o que até o
século XVIII era muito comum, visto os altos índices de mortalidade infantil. Ela afirma que se a mãe se apegasse com
intensidade a seus bebês, assim como vemos hoje, certamente morreria de dor.
Lebovici (2004) ao dissertar sobre a relação pai-filho, afirma que a construção da paternidade também decorre das
identificações com outras figuras masculinas e com suas vivências como filhos que foram. Quintans (2018) aponta que ao
serem pais, assim como as mulheres ao serem mães, vivenciam uma experiência de grande relevância para a formação da
personalidade: a da parentalidade; eles não apenas são pais e tem filhos, mas sim, ganham a oportunidade de refletir sobre sua
descendência. Sobre pais e mães no papel da parentalidade, Maldonado (1987) enfatiza que o nascimento de um filho é uma
experiência familiar e que, muito embora infelizmente a literatura concentre-se nas mudanças psicológicas e físicas decorrentes
do ciclo gravídico-puerperal apenas na mulher, é de suma relevância atentar para o fato de que a paternidade também é uma
transição e da mesma forma, passível de sofrimentos, como o luto.
Bleichmar (1994) afirma que a chegada de um bebê pressupõe sua espera: tecem-se fantasias, identificações,
imaginações e constroem-se cenários para recebê-lo. Quando um casal engravida, ele se imagina cuidando do bebê, como vai
ser sua atuação como pai ou mãe, como esperam que o bebê vai ser, qual o futuro que espera pra ele, ou seja, a relação pais-
filhos começa antes de o bebê nascer. Diferente do que ocorria há três séculos atrás, a morte na infância é pouco comum,
considerando-se todos os recursos de modernidade que se disponibilizam hoje, quais sejam, pré-natal, UTI neonatal, dentre
outros. Por isso mesmo, quando acometida por essa fatalidade, a família sente estranheza e forte impacto. Iaconelli (2007)
afirma que a morte de um filho inverte a ordem de perdas pressupostas por todos, ao que Mercer (2002) reitera que tal
acontecimento pode agravar os efeitos do luto sobre a família e o imaginário sobre possíveis filhos futuros.
A morte de uma criança pode produzir uma dor intolerável, uma vez que significa frustração de desejos, fantasias,
devaneios e não menos importante, a impotência ante a possibilidade de aplicar sua capacidade de ser mãe/pai (Soifer (1992).

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Para ela, a perda de um filho trata-se de uma profunda ferida narcísica, de lenta, dolorosa e difícil recuperação. Outrossim, os
pais vivenciam intenso sentimento de fracasso, inferioridade e incapacidade (Chiattone, 2007).
É importante destacar que são muitas as perdas que os pais podem enfrentar dentro do contexto da parentalidade:
abortos, natimortos, óbitos neonatais precoces e tardios. Entende-se como óbito fetal, o que acontece entre a vigésima segunda
semana completa de gestação, até cento e cinquenta e quatro dias anteriores ao nascimento do bebê. Inclui-se nesse contexto os
óbitos de fetos com peso igual ou superior a meio quilo ou estatura a partir de vinte e cinco centímetros (Ripsa, 2008;).
Classificam-se como óbitos perinatais, os que acontecem no período da vigésima oitava semana de gestação até sétimo dia
após o nascimento (Caderno de Saúde Pública, 2004). Já nos óbitos neonatais, o bebê possui até seis dias de vida – óbito
neonatal precoce – ou entre sete e vinte e sete dias de vida - óbito neonatal tardio. (Ministério da Saúde, 2009).
A natimortalidade, embora considerado um desfecho desfavorável e inesperado no contexto da saúde materno-infantil,
ainda é menos estudada que a neomortalidade, talvez pelos poucos registros que existem a respeito. Segundo dados da Unicef,
em 2018, 2,5 milhões de recém nascidos morreram nos primeiros trinta dias de vida, sendo que 1/3 deles foi no primeiro dia.
Os dados apontam que grande parte desses bebês faleceu de causas evitáveis, como infecções, complicações no parto e partos
prematuros (Unicef, 2019).
Em todo o mundo, a partir de uma análise feita em 184 países, classificados em quatro grupos de renda, destacam-se
os que há as melhores chances para os recém-nascidos – Japão, Finlândia, Estônia, Finlândia, Cingapura, Luxemburgo – bem
como, onde há as menores – Guiné-Bissau, Sudão do Sul, Costa do Marfim, Africana, Afeganistão, Somália. O Brasil, listado
como país de renda média alta, alcançou o 28º pior resultado, assim como o México, com 7,8 mortes neonatais a cada mil
nascimentos (Unicef, 2019).
Ainda que se invistam em recursos para evitar a mortalidade perinatal e neonatal, todos os pais e mães não estão livres
de passar por esta perda. Sabe-se que este evento é demasiado significante e diante disso, Kübler-Ross (1998) foi pioneira na
sistematização do processo de luto e perda em estágios definidos como: negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e
aceitação. Assim sendo, aquele que vivencia o luto carece de atenção de pessoas capacitadas, tanto no âmbito hospitalar,
quanto fora dele. Neste sentido, salienta-se a necessidade de profissionais como o psicólogo, a fim de que possam auxiliar a
família a enfrentar o luto parental e a elaboração da perda de um filho. Outrossim, o objetivo do presente estudo é dissertar
sobre a importância da intervenção psicológica em situações de luto: perinatal e neonatal.

2. Metodologia
Este trabalho foi elaborado a partir do método qualitativo, que se caracteriza pela busca de significados dos
fenômenos humanos, tendo como próprio campo de observação o ambiente dos sujeitos, e o pesquisador como parte do
instrumento de pesquisa. (Turato, 2003). Optou-se pela revisão narrativa da literatura, a fim de que se pudesse descrever e
discutir o desenvolvimento do estado da arte, baseados em um ponto de vista teórico.
A análise foi feita em sua totalidade em livros e artigos obtidos com o levantamento bibliográfico no Google
Acadêmico e Scielo, das quais foi possível extrair materiais nacionais e interacionais. Entretanto, apenas materiais nacionais
foram utilizados. A pergunta norteadora do estudo foi “Como se dá a atuação do psicólogo em situações de óbito perinatal e
neonatal”; os descritores utilizados nas duas plataformas foram os do DECs (Descritores em Ciência da Saúde), com o
booleano AND (E) para realizar os cruzamentos entre: Luto; Neonatal; Perda; Parentalidade; Perinatal.
Os resultados foram interpretados e discutidos nas seguintes categorias: o luto neonatal e perinatal, a comunicação de más
notícias e o trabalho em equipe e a atuação da psicologia: técnicas e procedimentos.

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3. Resultados e Discussão
O luto neonatal e perinatal, a comunicação de más notícias e o trabalho em equipe
Desde o início dos tempos a morte é considerada um grande mistério, consequentemente sendo vista como um tabu. A
sociedade ocidental a resolve como um tema interditado e profissionais são vistos como fracassados diante da ocorrência da
perda. A morte é um tema nunca desvendado pelo homem, tornando-se assunto censurado e enfrentado de forma deletéria por
não a conhecermos. Dessa forma é ausente no dia a dia do mundo familiar, sendo assim transferida para os hospitais. Devemos
compreendê-la como fase da vida, respeitando um momento de sofrimento, dor e perda para que isso auxilie na elaboração do
luto (Costa & Lima, 2005).
Segundo Muza et. al (2011) apud Lemes, Oliveira, Santos, Silva, & Fitaroni (2018), a expressão do luto é vivenciada
para cada pessoa de diversas formas diferentes, sendo um momento muito doloroso para os pais. O falecimento de alguém,
gerando o luto, remete à sentimentos de dor e pesar, engendrando tristeza profunda e consternação familiar. Segundo Ferreira
(1998) apud Lemes et al. (2018), o processo psicológico que mobiliza esforços para lidar com o pesar que a perda do objeto
amado gerou, e para reorganizar o mundo interno e externo agora sem a presença física, é definido como Mourning, em inglês.
O luto é visto como uma vivência com exigência de ressignificação, entendido como uma compreensão particular do indivíduo
e suas capacidades nesse processo, assim como um movimento frente às perdas significativas. O enlutado não apenas perde um
ente querido, porém também as formas de ver o mundo à sua volta (Freitas, 2013 apud Lemes et al., 2018).
Freitas (2000) apud Lemes et al. (2018) refere que enlutar-se é um ensejo de transformação e representação, que todo
mundo, em algum momento de sua vida, irá experimentar. A pessoa se sente desprotegida durante o luto; como um evento
estressor, implica em uma perda, que gera o temor e a dor no indivíduo, ou na família que o vivencia. Inúmeros sentimentos
podem suceder ao pensamento no decorrer da situação explicitada, como sofrimento instável, o medo, desamparo e a
culpabilização.
A perda neonatal ou perinatal é uma experiência indescritível para os pais, considerando que os bebês representam o
início da vida e não o fim. A elaboração do luto inicia-se após a perda, e com isso, consequentemente o indivíduo que está
passando por isso vivencia sentimentos de vazio interior, irritabilidade, medo de uma nova gravidez (risco de perder outra
criança), raiva, apatia, entre outros. (Alves & Celestino, 2020). E por ser, como supracitado, um evento estressor, pode
desenvolver em algumas mães transtornos psicológicos, influenciando na próxima gravidez e no relacionamento que venha a
ser criado com o bebê seguinte (Hutti, 2005; Badenhorst & Hughes, 2007 apud Montero et al. 2011).
Em uma situação de morte perinatal evidencia-se a desconsideração existente da população que experiencia o luto
materno. Além disso, os responsáveis por receber e acolher essas famílias interpretam a perda como um insucesso da medicina,
não estando preparados para lidar com o sofrimento familiar, e desse modo demonstram desamparo social diante dessas
famílias (Muza et al., 2011 apud Lemes et al. 2018).
O luto perinatal, segundo Iaconelli (2007), é vivenciado pela sociedade como algo que deve ser evitado. Por
conseguinte, as pessoas agem com negação e racionalização, e assim não entram em contato com a angústia. Na perda desse
“objeto” existe algo que não é perceptível, como Freud (1976) apud Muza, Souza, Arrais, & Iaconelli, 2013 refere que o que
foi perdido no objeto e com o objeto não é vislumbrado. O contexto que envolve a morte perinatal é constituído por temas
negados e com poucos focos de estudo, destarte merece uma atenção especial, posto que se trata de uma perda não plenamente
reconhecida, tampouco socialmente validada (Gesteira et al., 2006 apud Muza et al., 2013).
Os óbitos neonatais estão intimamente vinculados às condições de vida e saúde da mulher, dependendo
principalmente da assistência prestada durante a gestação, parto, pós-parto e sobre os cuidados imediatos prestados ao recém-
nascido (Fréu et al., 2008; Soares & Menezes, 2010 apud Gaíva, Bittencourt, & Fujimori, 2013). Isto posto, evidencia-se a

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importância da preparação por parte dos profissionais da saúde para receber e cuidar das famílias, e a necessidade de
compreenderem as reações e comportamentos que eles manifestam diante da morte, para assim, ocorrer a assistência naquilo
que precisam durante o processo de perda. A dificuldade em apoiar e confortar a família é explícita quando o profissional esta
despreparado frente às necessidades reais da família que está no processo de luto. Por isso a importância também do
envolvimento emocional com a família, pois este envolvimento servirá para promover empatia, e também permitirá que o
profissional conheça seu paciente, atendendo as necessidades sem prejudicar sua atuação (Costa & Lima, 2005; Lunardi,
Sulzbach, Nunes, & Lunardi, 2001 apud Costa & Lima, 2005).
É importante mencionar que, ao se comportarem inadequadamente, os profissionais podem imprimir marcas
importantes na família enlutada. Os pais podem lembrar das atitudes, comportamentos e comentários inapropriados até anos
depois da perda do recém-nascido, colocando-os em risco de experienciarem um luto complicado. Isto posto, salienta-se que
todos os momentos verbais e não verbais farão diferença positiva ou negativa na vida daquela família, sendo necessário um
cuidado realizado de forma sistemática e sensível (Simwaka, Kok, & Chilemba, 2014; Scarton et al., 2013 apud Ichikawa et
al., 2017). Como relata Iaconelli (2007), algumas frases enunciadas para as mães, como “Calma, você é jovem e poderá ter
outros filhos”, “Foi melhor assim...”, trazem repercussões consideráveis àquelas que não vivenciaram essa perda de forma mais
saudável.
Por isso, há a necessidade de a equipe ser treinada nos princípios básicos de cuidados paliativos pediátricos,
considerando uma comunicação efetiva, empática e fornecendo um cuidado consistente e de alta qualidade no fim de vida do
recém-nascido. Educar os profissionais da saúde para enfrentamento do luto auxilia na redução dos efeitos na família advindos
do processo de luto (Jonas-Simpson, Pilkington, Macdonald & MacMahon, 2013 apud Ichikawa et al., 2017). Assim, torna-se
essencial a escuta dos profissionais neonatais que assistem as famílias, para que possam compreender o processo de cuidar no
final de vida, conhecer como ocorrem as relações, interações, preferências e significados elaborados.
Em relação aos Programas de cuidados paliativos citados anteriormente, são disponibilizados para recém-nascidos e
suas famílias, independentemente do tempo e diagnóstico e são requisitados por instituições de assistência à essa população. O
cuidado proposto nos programas, baseia-se: na oferta de apoio físico e emocional no momento da morte; na comunicação clara,
consistente e com compaixão; e naa viabilização da tomada de decisão compartilhada e acompanhamento da família durante o
processo de luto (Wool, 2013 apud Ichikawa et al., 2017).
Pesquisas evidenciam a importância do desenvolvimento e implementação de programas que sugerem a elaboração de
protocolos como este, proporcionando acolhimento à família desde o nascimento até a morte, bem como orientações aos
profissionais sobre a melhor e mais respeitosa forma de manusear o recém-nascido (Brooten et al., 2013; Mancini, Kelly, &
Bluebond-Langner, 2013 apud Ichikawa et al., 2017). É preciso humanizar todo o processo de parto, respeitando as decisões da
mulher e do seu parceiro quanto à intimidade, acompanhamento e plano de parto, e diminuindo as intervenções desnecessárias
(Montero et al., 2011, Sánchez et al., 2009, Taylor & Bogdan, 1998 apud Montero et al., 2011)
No decorrer do processo de perda perinatal, todos os profissionais ficam envolvidos, explicitando o caráter
multidisciplinar implícito nesse tipo de fenômeno e a importância de uma equipe preparada para o cuidado e atendimento das
famílias (Montero et al., 2011). Sendo o processo de luto vivenciado de forma diferente para cada pessoa, em algumas famílias
é necessário um tempo para assimilar que o bebê recém-nascido está morrendo ou morreu. Em função do estresse e ansiedade,
a absorção de notícias pode ocorrer de forma lentificada, sendo necessária por vezes a repetição da informação (Ichikawa et al.,
2017, Cortezzo, Sanders, Brownell, & Moss, 2015 apud Ichikawa et al., 2017).
Diante da perda neonatal, cumpre-se estabelecer relações de confiança com a equipe de saúde, que precisa unir
habilidades com o objetivo de proporcionar um cuidado efetivo no final de vida e no processo de luto desta família. Outrossim,
que essas informações sejam compartilhadas de forma hábil, com comunicação clara, objetiva e compassiva, viabilizando à

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família um espaço para contar sua história (Fenstermacher & Hupcey, 2013 apud Ichikawa et al., 2017).
A perda neonatal envolve múltiplas dimensões, exigindo demandas específicas, inseridas em um contexto familiar e
social, além do convívio com diferentes profissionais. Evidencia-se a necessidade de a equipe ser cautelosa em relação ao
cuidado com a família, passível de ser abordado por meio da interdisciplinaridade e transdisciplinaridade (Ichikawa et al.,
2017). É necessário compreender o cuidado como algo que vai além, que deve ser oferecido de forma integral, embasado em
conhecimentos científicos e aceitando as influências da família; um cuidado sem preconceitos e julgamentos, com o objetivo
de entender o indivíduo como ser único, completo e complexo.

A atuação da psicologia: técnicas e procedimentos


Quando se trata de uma perda gestacional, a intervenção do psicólogo precisa estar assentada em uma postura de
compreensão e de empatia. Nesse contexto, mensagens sensíveis e claramente preocupadas se fazem importantes como por
exemplo “Isto que estão passando deve ser realmente muito difícil”, “Estou aqui disponível para vocês” “Fico triste com
vocês” “O que posso fazer para vos ajudar?” (Limbo & Wheeler, 2003; Lothrop, 1997).
O primeiro passo na intervenção clínica frente a uma perda gestacional se inicia na promoção da aceitação da
realidade da perda. Desta forma, o psicólogo precisa ajudar o casal ou a pessoa que perdeu o bebê a encarar a perda como de
uma pessoa real, que nasceu e morreu, que estava presente e se foi. Assim sendo, é interessante que se dê identidade ao bebê
que partiu, autorizando-se a vivenciar o momento de luto; algumas formas de iniciar esse processo é por exemplo, vestido o
bebê, permitindo que a família o visite e se despeça, como alguém que já esteve ali um dia, e não como alguém desconhecido.
Outras formas de realizar isso é criar recordações do bebê, guardando por exemplo, a pulseira de identificação, ecografias,
impressões das suas mãos e/ou pés, roupas e até mesmo fios do cabelo.
É necessário ofertar ao casal a oportunidade de avaliar suas opções, como por exemplo de ver ou não o bebê,
independente do que é considerado saudável, ou seja, nenhuma alternativa deve ser imposta aos pais e não se deve insistir na
realização ou não do seu funeral. Se faz importante também encontrar pessoas, pais e mães que tenham passado por essa
situação para entrar em contato com o casal, com intuito de aumentar sua rede de apoio (Lothrop 1997; Public Health Agency
of Canada, 2000). Frente a isso, nos é sabido que nossas crenças não devem intervir nesse momento único dos pais. De acordo
com Iaconelli (2007):

“Não nos cabe recomendar procedimentos ritualísticos adequados, se desejáveis ou não, pois estes só poderiam sê-lo,
partindo da perspectiva do psiquismo dos pais e das possibilidades oferecidas pelo entorno. Para que os pais possam
expressar seu desejo há que se evitar constrangimentos e interpelações precipitadas. O tempo sim, é condição que não
pode ser desprezada, pois o psiquismo não acompanha a velocidade exigida pela modernidade. No respeito ao
desenrolar progressivo do luto, pode-se realizar uma escuta sensível e o que vem ajudar os pais a nomearem sua dor,
evitando maiores sofrimentos para si mesmos e para gerações posteriores.” (Iaconelli, 2007, p.621-622)

Outra importante ação do psicólogo se refere a facilitar a expressão emocional e a vivência do luto. Nesta fase do
processo, é preciso auxiliar os pais a identificar e a expressar as suas emoções, sempre com uma escuta aguçada e empática
frente ao que se está passando. Não raramente os pais não entendem que tipos de emoções e manifestações fisiológicas podem
aparecer com o luto, por isso, é importante que o psicólogo dê informações acerca das diversas manifestações que podem vir a
ocorrer devido às várias fases do processo, além disso pode-se incentivar o compartilhamento da vivência do luto, estimulando
assim a capacidade de aceitação frente as diferenças na forma como cada um vivencia a perda. Também é importante mostrar
como ser sensível às necessidades do companheiro e na divisão das responsabilidades. (Kavanaugh & Wheeler, 2003).
Para o final do processo se faz relevante ajudar o casal a ressignificar e integrar a perda e a prosseguir a vida, ensinar
quem sofreu a perda a recorrer a técnicas que evitem o foco constante na perda em si, incentivar as relações interpessoais e a

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criação de novos laços com pessoas que estejam dotadas de algumas básicas competências de comunicação assertiva sobre o
assunto; o aumento da rede social de apoio do casal pode ser um recurso muito importante nessa fase final do processo. (Rolim
& Canavarro 2001).
Alguns autores como Carvalho e Meyer (2001) constatam uma forte e notória diferença no estado emocional dos pais
que recebem apoio familiar e de amigos daqueles que não possuem essa rede de apoio. Normalmente o discurso é de que estão
conseguindo reagir minimamente a todo esse sofrimento, pois tem ao lado seus familiares os auxiliando. Bartilotti (2007) fala
sobre a necessidade de os pais serem avaliados com cuidado e zelo por diferentes profissionais. Destarte, salienta-se que a
assistência psicológica e o atendimento adequados vão ao encontro de facilitar o conhecimento da dinâmica do luto do casal,
estando atento às necessidades reais dos mesmos e os auxiliando a enfrentar o processo de forma saudável.

4. Considerações Finais
Este trabalho visou dissertar sobre a importância da intervenção psicológica em situações de luto: perinatal e neonatal.
A partir da leitura dos artigos, evidenciou-se que a perda na gestação contraria o que culturalmente em nossa sociedade, se
espera sobre o andamento do ciclo de vida. Assim, diante de toda repercussão que o luto perinatal pode acarretar para os pais,
familiares e até mesmo equipe de saúde, entende-se como fundamental a presença da psicologia.
Nesse sentido, não raras as vezes demonstra-se despreparo por parte das equipes de saúde no que tange os cuidados
com a perda, angústia e dor dos pacientes, principalmente pelos seus próprios conflitos relacionados à morte. Os estudos
analisados apontam que se atribui ao psicólogo a função de facilitar o contato com o processo de luto, bem como, de
possibilitar aos que perderam alguém a chance de expressar seus sentimentos, viabilizando a elaboração do luto pelo filho que
se foi.
A intervenção do psicólogo oferece suporte emocional e social, uma vez que ele pode reconhecer o sofrimento diante
da perda e fornecer um espaço para o paciente falar sobre essa experiência, o que favorece o processo de elaboração. Dessa
forma, considera-se que a instrumentalização de psicólogos para atender a esses casos e avaliar o melhor tipo de intervenção, é
importante no trabalho no contexto hospitalar.
Cada mulher tem sua maneira particular de vivenciar um luto deste tipo, o que ressalta a necessidade de o profissional
saber respeitar a vivência do sofrimento de cada uma. É importante que ela possa se apropriar da situação e ter consciência do
que está passando. A partir daí poderá fazer escolhas, de acordo com seus próprios limites. Esse caráter de sofrimento
sensibiliza a quem atende (equipe) e pode tornar difícil a abordagem de temas como a dor e a morte. A partir do que foi
estudado, nota-se que é bastante importante que estes aspectos possam ser tratados com clareza e abertura por parte dos
profissionais, em especial pelo representante da Psicologia. Outrossim, evidencia-se a necessidade de uma equipe
multiprofissional que inclua o psicólogo hospitalar para acompanhar efetivamente as famílias que passaram pela perda
perinatal nos serviços de saúde.
Ademais, cabe salientar a importância de estudos futuros que possam investir em novas reflexões acerca do luto
perinatal, uma vez que as considerações trazidas por novos estudos podem ter implicações na prática do psicólogo no âmbito
hospitalar.

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O CONHECIMENTO DAS GESTANTES SOBRE A PSICOLOGIA
PERINATAL
INTRODUÇÃO

O presente estudo seguiu sua linha de pesquisa baseada na Psicologia Preventiva e de


Promoção da Saúde e abordou o conhecimento das gestantes sobre a Psicologia Perinatal.
Zammar (2016), destaca a necessidade de se pensar sobre o início da vida desde o
momento de sua concepção. O processo de desenvolvimento de um novo ser, ligado a outro,
acarreta transformações, mudanças, alegrias e angústias na mulher, que desde o momento da
concepção, sente abarcada de novas experiências.
Uma das primeiras modificações é a alteração da imagem corporal, que culmina em
uma transformação global e contínua do funcionamento orgânico da mulher. A mudança de
identidade se torna nítida no processo gravídico, juntamente com alterações hormonais, que
vão impactar em modificações de cunho psicológico. A mulher se apresenta, muitas vezes,
vulnerável, com alterações de humor, comportamentos e sentimentos que não serão
totalmente compreendidos por seu núcleo familiar e social. Contudo, a labilidade emocional
pode ser considerada como fator adaptativo (CAMPOS, 2012).
Meireles e Costa (2005), estabelecem que a gravidez e a maternidade, especialmente a
do primeiro filho, envolve uma reorganização em todos os níveis: biológico, cognitivo,
emocional, relacional e social, transformando a relação da mulher com o seu corpo, sua
comunidade, suas figuras significativas. Consideram essas fases carregadas, normalmente, das
tarefas mais relevantes da idade adulta.
Os autores acrescentam, ainda, que como etapa do desenvolvimento humano, a
gravidez perpassa a necessidade de resolução de conflitos psicológicos, tais como: a
construção da identidade materna e a construção da relação mãe-bebê. O contexto de vida da
mulher, juntamente com características psicossociais, irá ditar como ela processa essa
redefinição imposta por estes momentos de transição (MEIRELES; COSTA, 2005).
O parto, de acordo com Rato (1998), é considerado um momento ansiogênico, uma
vez que, pode vir acompanhado de situações imprevisíveis, incontroláveis e desconhecidas.
Acredita-se que, após o parto, profundas ansiedades e conflitos podem surgir no confronto da
idealização da maternidade com a realidade vivida. A mãe é confrontada frente ao bebê real, o
que pode contrariar a sua imaginação sobre o que seria a maternidade e o seu filho ideal.
A fase puerperal não menos importante na vida da mulher, surge de mudanças
biológicas como também transformações de ordem subjetiva. Sendo assim, os riscos para o
aparecimento dos transtornos aumentam em face das preocupações, anseios e planejamentos
realizados pela puérpera (BOTTI; SILVA, 2005).
Portanto, Zammar (2016), define como notório, os diversos sintomas e fantasias que
ocorrem durante o período gravídico. Considera que todas as questões geradoras de inúmeras
alterações emocionais necessitam ser abordadas em um espaço específico, visando interação,
prevenção, alívio e a devida elaboração psíquica dos questionamentos e vivências mais
emergentes.
As intercorrências no período gravídico-puerperal fragilizam a mulher e sua família,
conduzindo, muitas vezes, ao ápice do sofrimento psíquico. Oferecer atendimento psicológico
neste contexto possibilita à mulher elaborar e refletir acerca das estratégias de enfrentamento
diante de sua condição clínica. A atuação do psicólogo envolve ações terapêuticas e
preventivas e são voltadas, principalmente, aos aspectos emocionais e relacionais, tendo em
vista as importantes transformações ocorridas na mulher e na família no período gravídico-
puerperal. Ressignificar experiências difíceis representa uma possibilidade de melhorar a
qualidade de vida entre as pessoas envolvidas (CALDAS et al., 2013).
Diante do exposto, a presente pesquisa tem como problema: qual a percepção das
mulheres sobre a necessidade e a relevância de um acompanhamento psicológico durante o
período gravídico? Acredita-se que vejam a necessidade, mas a importância esteja
minimizada pelo pouco conhecimento sobre tal intervenção.
O estudo representa uma importante contribuição social, visto que interfere
diretamente na qualidade da saúde física e psicológica da mãe, na adaptação da relação
conjugal e familiar, e no adequado desenvolvimento do bebê (ARRAIS; CABRAL/
MARTINS, 2012).
Este estudo possui relevância tanto social, quanto científica, já que o mesmo pode ser
utilizado como ponto de partida para iniciativas públicas e privadas de apoio à mulher durante
seu ciclo gravídico-puerperal. O pré-natal psicológico, atrelado ao programa de pré-natal
tradicional, constitui-se em ferramenta de baixo custo, que pode ser implementado tanto em
equipes de psicologia em hospitais públicos e privados, bem como clínicas particulares,
abrigando possibilidades de intervenção multidisciplinar (ARRAIS; SANTOS, 2013).
Ainda segundo Arrais, Cabral e Martins (2012), o pré-natal psicológico reverbera uma
abordagem diferenciada de atendimento, ainda pouco explorada nos meios acadêmicos, nos
centros médicos, em clínicas particulares ou centros de saúde. Deve ser aliado ao pré-natal
realizado tradicionalmente pelo médico, que já se encontra mais difundido nos grupos de
gestantes. Contudo, tais grupos, em sua maioria, não perpassam por conflitos mais complexos
da condição humana oriundos destas fases. Além de representar uma abordagem terapêutica,
o acompanhamento psicológico durante o período gravídico-puerperal se ocupa de fatores
preventivos.
Assim, a motivação inicial em desenvolver esta pesquisa está relacionada à vivência
do período gravídico-puerperal pela pesquisadora, a qual, despertou o desejo de aprofundar-se
na problemática envolvida com a concepção da vida, visando futura atuação profissional.
OBJETIVOS

Objetivo geral

Verificar a percepção das mulheres sobre a relevância e a necessidade da realização de


acompanhamento psicológico durante o período gravídico, de acordo com as experiências
vivenciadas nessa fase.

Objetivos específicos

Compreender os fatores emocionais, comportamentais e sociais que podem gerar a


necessidade de realização de acompanhamento psicológico durante o período gravídico;
Averiguar o conhecimento das participantes sobre a psicologia perinatal;
Investigar os benefícios que a realização do pré-natal psicológico pode proporcionar,
tanto para a mulher, quanto para o bebê;
Levantar as dificuldades vivenciadas pelas mulheres em relação ao acesso ao
acompanhamento psicológico durante a gestação.
DESENVOLVIMENTO

O CONHECIMENTO DAS GESTANTES SOBRE A PSICOLOGIA PERINATAL

RESUMO
Introdução: As intercorrências no período gravídico fragilizam a mulher e sua família,
conduzindo, muitas vezes, ao ápice do sofrimento psíquico. Oferecer atendimento psicológico
neste contexto possibilita à mulher elaborar e refletir acerca das estratégias de enfrentamento
diante de sua condição clínica. Objetivos: Verificar a percepção das mulheres sobre a
relevância e a necessidade da realização de acompanhamento psicológico durante o período
gravídico, de acordo com as experiências vivenciadas nessa fase; averiguar o conhecimento
das participantes sobre a psicologia perinatal; compreender os fatores emocionais,
comportamentais e sociais que podem gerar a necessidade de realização de acompanhamento
psicológico durante o período gravídico; levantar dificuldades vivenciadas pelas mulheres em
relação ao acesso ao acompanhamento psicológico durante a gestação; investigar os
benefícios que a realização do pré-natal psicológico pode proporcionar, tanto para a mulher,
quanto para o bebê. Material e métodos: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e de
campo, com amostragem por saturação, realizada na cidade de Patrocínio/MG e, mais
precisamente, no Hospital Med Center. Foram entrevistadas nove gestantes, que aguardavam
consulta obstétrica no hospital e que atendiam aos critérios de inclusão. Os dados foram
coletados por meio de uma entrevista, seguindo um roteiro previamente estabelecido. Os
dados coletados foram analisados a partir da análise de conteúdo. Toda a pesquisa seguiu as
normas éticas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde para pesquisas com seres
humanos. Resultados: Em relação aos fatores que podem gerar a necessidade de
acompanhamento psicológico durante o período gravídico, foram observados o não
planejamento da gestação, a falta de apoio do pai da criança, os problemas relacionais e
financeiros, além de falta de informações confiáveis, ainda que exista atualmente um grande
volume de informações disponíveis. Sobre os sentimentos vivenciados nesse período houve
destaque para o medo, especialmente ligado ao parto normal, além de ansiedade, nervosismo e
transtornos alimentares. Constatou-se que as gestantes não tem conhecimento sobre a
psicologia perinatal. Poucos foram os destaques corretos acerca dessa ação da psicologia.
Sobre os benefícios de uma assistência psicológica, as gestantes apontaram o acesso a
informações corretas, a elaboração dos sentimentos desencadeados na gestação e, ainda, o
auxílio no manejo a sentimentos e comportamentos que permeiam a gravidez. Por fim, em
relação às dificuldades para acesso a esses serviços, foram apontadas a falta de acesso ao
psicólogo pelo serviço público e a falta de informações no serviço de saúde sobre essa
possibilidade de assistência. Considerações Finais: Os resultados permitem evidenciar que
existe uma carência de informações às gestantes sobre os serviços de saúde que podem ser
utilizados nesse período, que poderia contribuir para a saúde psíquica da mulher e do bebê.
Assim, é necessário que os profissionais que atuam nos serviços de saúde que assistem às
gestantes repensem suas ações e desenvolvam planos para atender às demandas psicológicas
dessas mulheres na fase gravídico-puerperal.
INTRODUÇÃO

O presente estudo seguiu sua linha de pesquisa baseada na Psicologia Preventiva e de


Promoção da Saúde e abordou o conhecimento das gestantes sobre a Psicologia Perinatal.
Zammar (2016) destaca a necessidade de se pensar sobre o início da vida desde o
momento de sua concepção. O processo de desenvolvimento de um novo ser, ligado a outro,
acarreta transformações, mudanças, alegrias e angustias na mulher, que desde o momento da
concepção, sente abarcada de novas experiências.
A mudança de identidade se torna nítida no processo gravídico, juntamente com
alterações hormonais, que vão impactar em modificações de cunho psicológico. A mulher se
apresenta, muitas vezes, vulnerável, com alterações de humor, comportamentos e sentimentos
que não serão totalmente compreendidos por seu núcleo familiar e social. Contudo, a
labilidade emocional pode ser considerada como fator adaptativo (CAMPOS, 2012).
Meireles e Costa (2005) estabelecem que como etapa do desenvolvimento humano, a
gravidez perpassa a necessidade de resolução de conflitos psicológicos, tais como: a
construção da identidade materna e a construção da relação mãe-bebê. O contexto de vida da
mulher, juntamente com características psicossociais, irá ditar como ela processa essa
redefinição imposta por estes momentos de transição.
O parto, de acordo com Rato(1998), é considerado um momento ansiogênico, uma vez
que, pode vir acompanhado de situações imprevisíveis, incontroláveis e desconhecidas. Já
para Botti e Silva (2005), a fase puerperal, não menos importante na vida da mulher, surge de
mudanças biológicas como também transformações de ordem subjetiva. Sendo assim, os
riscos para o aparecimento dos transtornos aumentam em face das preocupações, anseios e
planejamentos realizados pela puérpera.
Portanto, Zammar (2016), considera que todas as questões geradoras de inúmeras
alterações emocionais necessitam ser abordadas em um espaço específico, visando interação,
prevenção, alívio e a devida elaboração psíquica dos questionamentos e vivências mais
emergentes.
As intercorrências no período gravídico-puerperal fragilizam a mulher e sua família,
conduzindo, muitas vezes, ao ápice do sofrimento psíquico. Oferecer atendimento psicológico
neste contexto possibilita à mulher elaborar e refletir acerca das estratégias de enfrentamento
diante de sua condição clínica. A atuação do psicólogo envolve ações terapêuticas e
preventivas e são voltadas, principalmente, aos aspectos emocionais e relacionais, tendo em
vista as importantes transformações ocorridas na mulher e na família no período gravídico-
puerperal. Ressignificar experiências difíceis representa uma possibilidade de melhorar a
qualidade de vida entre as pessoas envolvidas (CALDAS et al., 2013).
Diante do exposto, a presente pesquisa tem como problema: qual a percepção das
mulheres sobre a necessidade e a relevância de um acompanhamento psicológico durante o
período gravídico? Acredita-se que vejam a necessidade, mas a importância esteja
minimizada pelo pouco conhecimento sobre tal intervenção.
O estudo representa uma importante contribuição social, visto que interfere
diretamente na qualidade da saúde física e psicológica da mãe, na adaptação da relação
conjugal e familiar, e no adequado desenvolvimento do bebê (ARRAIS; CABRAL;
MARTINS, 2012).
Assim, a motivação inicial em desenvolver esta pesquisa está relacionada à vivência
do período gravídico-puerperal pela pesquisadora, a qual despertou o desejo de aprofundar-se
na problemática envolvida com a concepção da vida, visando futura atuação profissional.
O objetivo geral desta pesquisa foi verificar a percepção das mulheres sobre a
relevância e a necessidade da realização de acompanhamento psicológico durante o período
gravídico, de acordo com as experiências vivenciadas nessa fase.
Já os objetivos específicos foram: compreender os fatores emocionais,
comportamentais e sociais que podem gerar a necessidade de realização de acompanhamento
psicológico durante o período gravídico; averiguar o conhecimento das participantes sobre a
psicologia perinatal; investigar os benefícios que a realização do pré-natal psicológico pode
proporcionar, tanto para a mulher, quanto para o bebê; levantar as dificuldades vivenciadas
pelas mulheres em relação ao acesso ao acompanhamento psicológico durante a gestação.

MATERIAL E MÉTODOS

Tipo do estudo

O presente trabalho se desenvolveu mediante pesquisa qualitativa, descritiva e de


campo.
Gerhardt e Silveira (2009) afirmam que a pesquisa qualitativa se preocupa com o
aprofundamento da compreensão de um grupo social não se apegando a representatividade
numérica de sua amostra. Os pesquisadores que se utilizam de métodos qualitativos centram-
se em aspectos da realidade que não podem ser quantificados, tais como crenças,
comportamentos e valores.
Já o estudo descrito é aquele que, segundo Gil (2008), se concentra em descrever
fenômenos e objetos, ou, ainda, que descreve características de determinada população,
podendo estabelecer relações entre os fatores que foram encontrados.
A pesquisa de campo, de acordo com Gonçalves (2001) é o tipo de pesquisa que
pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do
pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o
fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas.

Cenário da pesquisa

A pesquisa em questão teve como cenário o Hospital Med Center, localizado na cidade
de Patrocínio/MG. De acordo com o website da Prefeitura Municipal, Patrocínio é um
município localizado na Mesorregião do Alto Paranaíba e na Microrregião que tem o seu
próprio nome (PATROCÍNIO, 2018). Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2017), no ano de 2010, possui 82.471 habitantes, sendo que
72.758 têm residência na área urbana e 9.713 pessoas na zona rural. Considerando a
distribuição espacial da população, a densidade demográfica é de 28,69 hab/km.
Patrocínio, através do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), tem
108 unidades de atendimento médico, sendo 26 públicas, 103 privadas e duas de entidades
beneficentes sem fins lucrativos. Estão assim distribuídas: dois hospitais, 12 unidades básicas
de saúde, oito clínicas especializadas, 64 consultórios isolados, 12 unidades de apoio
diagnóstico e terapia, um centro de atenção psicossocial, uma policlínica, um pronto socorro
geral, uma unidade de vigilância em saúde, duas unidades móveis terrestres, uma farmácia e
194 leitos para internação, sendo 112 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (PATROCÍNIO,
2018).
O Hospital Med Center, uma das unidades hospitalares do município, foi inaugurado
em 1996, com o objetivo de oferecer serviços e atendimentos diferenciados na área de saúde,
profissionais especializados e amplo espaço físico. Suas instalações ocupam três pavimentos,
que dispõem, atualmente, de 50 leitos de atendimentos clínicos e cirúrgicos, maternidade,
berçário, centro cirúrgico, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto, hemodinâmica, pronto
atendimento com capacidade para pequenas cirurgias e atendimento à urgências e
emergências, além de centro de diagnósticos por imagem.
Seu corpo clínico é formado por 93 médicos que abrangem diversas especialidades e
equipe multidisciplinar. Dentre a equipe médica encontram-se cinco médicos ginecologistas
obstetras.
A psicologia está presente na instituição dentro dos setores de recursos humanos,
hospitalar e clínico. Durante o desenvolvimento deste trabalho encontravam-se em atuação no
hospital uma psicóloga e uma estagiária de Psicologia, que é a pesquisadora em questão. O
fato de estar estagiando no cenário da pesquisa foi decisivo para a sua escolha, levando-se em
consideração futuras demandas e os avanços que tal estudo poderia proporcionar ao local,
sendo pioneiro na assistência de psicologia perinatal em sua região.

Participantes da pesquisa

O estudo foi realizado com nove (09) mulheres gestantes que se encontravam na sala
de espera dos consultórios obstétricos do Hospital Med Center, e atendiam aos critérios de
inclusão estabelecidos.
Os critérios de inclusão foram: ser do gênero feminino; ser maior de 18 anos; ser
gestante, independentemente do tempo de gestação; estar em acompanhamento pré-natal no
Hospital Med Center durante o mês de julho/2018; concordar com os termos da pesquisa;
assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); responder às questões
propostas no instrumento de coleta de dados. Foram critérios de exclusão: ter idade inferior a
18 anos; não concordar com os termos da pesquisa; não concordar em assinar o TCLE.
Tratou-se, ainda, de um estudo que adotou, para seleção das participantes, a
amostragem por saturação, que é uma ferramenta conceitual empregada em relatórios de
investigações qualitativas em diferentes áreas no campo da saúde. É usada para estabelecer ou
fechar o tamanho final de uma amostra em estudo, interrompendo a captação de novos
componentes. Nessa técnica o fechamento da amostra é operacionalmente definido como a
suspensão de inclusão de novos participantes quando os dados obtidos passam a apresentar,
na avaliação do pesquisador, uma certa redundância ou repetição, não sendo considerado
relevante persistir na coleta de dados. Ou seja, as informações fornecidas pelos novos
participantes da pesquisa pouco acrescentariam ao material já obtido, não mais contribuindo
significativamente para o aperfeiçoamento da reflexão teórica fundamentada nos dados que
estão sendo coletados (FONTANELLA et al., 2008).
Não influenciou na escolha das participantes, as condições socioeconômicas, o estado
civil ou religião.

Técnica de coleta de dados

Inicialmente foi encaminhado uma Solicitação de Autorização para Realização de


Pesquisa à Instituição Cenário de Estudo (ANEXO A), explicando sobre o referido estudo, o
qual foi autorizado (ANEXO B). No próximo passo, a graduanda entrou em contato com os
médicos ginecologistas/obstetras do local, a fim de explicar sobre o mesmo, uma vez que suas
pacientes foram abordadas na fase de coleta de dados. As secretárias dos médicos também
foram contatadas para que fornecessem a agenda de consultas do mês de julho/2018.
O roteiro da entrevista (APÊNDICE A) foi elaborado pelas pesquisadoras, dispondo
de questões que abordavam seu perfil sociodemográfico, bem como questões relacionadas ao
objetivo geral do estudo, que visavam elucidar o conhecimento das mulheres sobre a
relevância e a necessidade da realização de acompanhamento psicológico durante o período
gravídico, de acordo com as experiências vivenciadas nessa fase.
As participantes foram abordadas pela pesquisadora na sala de espera dos consultórios
obstétricos, durante o mês de julho/2018, sendo que o melhor dia e horário para a aplicação da
entrevista foram definidos pelas participantes. Gravou-se as entrevistas com a autorização das
mesmas, a fim de facilitar a coleta dos dados e garantir a integridade das informações
registradas. As gestantes que aceitaram colaborar com a pesquisa assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B), em duas vias, sendo que a primeira via
ficou com a pesquisadora e a segunda via com a participante. A realização das entrevistas
ocorreu ou no próprio hospital, ou na residência da gestante, conforme escolha de cada uma
delas.

Procedimento de análise de dados

Os dados referentes ao perfil sociodemográfico das participantes foram interpretados


pela análise estatística simples e apresentados sob a forma de tabelas e gráficos, editados com
o auxílio dos programas Word e Excel.
Após a realização das entrevistas, estas foram ouvidas e transcritas para arquivo Word,
de maneira que sob a forma de texto, foi possível desenvolver, com maior facilidade, a análise
individual do conteúdo.
Após a transcrição integral das entrevistas foi feita uma leitura exaustiva do material,
permitindo conhecer em maior profundidade os dados coletados. Assim, as questões
referentes aos objetivos específicos apresentados no presente projeto foram interpretadas a
partir da técnica de análise de conteúdo, sendo organizadas as informações mais significativas
em categorias.
A técnica de análise de conteúdo é explicada por González Rey (2010, p. 143), como
sendo “uma das formas mais antigas e mais usadas na análise e processamento de conteúdo
abertos e pouco estruturados é a análise de conteúdo, técnica que se apoia na codificação da
informação em categorias para dar sentido ao material estudado”.

Questões éticas

Este trabalho está de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde
(CNS), a qual estabelece as diretrizes para a pesquisa envolvendo seres humanos.
O mesmo foi submetido, também, à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa do
UNICERP (COEP/UNICERP), do qual obteve autorização (ANEXO C) e a coleta de dados
aconteceu somente após aprovação do COEP/UNICERP e da assinatura do TCLE pelas
participantes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Coletados e analisados, os resultados da pesquisa foram expostos a seguir. Os dados


foram interpretados a partir da análise de conteúdo e para preservar o anonimato dos
participantes, optou-se por substituir o nome das participantes pelo nome de pedras preciosas.
As categorias que emergiram neste estudo foram expostos no QUADRO 1, a seguir:
Quadro 1 – Categoriais que emergiram na pesquisa.

CATEGORIAS ASSUNTOS
 O planejamento da gestação e a felicidade
 O não planejamento da gestação, e a surpresa
1) A gestação, percepções e sentimentos positiva
 O não planejamento da gestação e sua não
aceitação
 Suporte, presença e do pai da criança
 Afastamento total do pai da criança
2) O suporte familiar  Felicidade da família estendida
 Suporte social, especialmente pela mãe da
gestante
3) As mudanças emocionais e  Sentimentos adaptativos
comportamentais  Sentimentos desadaptativos
4) Percepções sobre parto e pós-parto
4.1) O medo do parto  Medo do parto normal
normal  O parto cesáreo como opção para não sentir dor
4.2) O excesso de  Existência de muitas informações, mas isso não
informações na sociedade se tem ajudado as mulheres esclarecer suas dúvidas
contrapondo à falta de  Queixas relacionadas à assistência à mulher
informações na evolução do durante o parto
parto
 Preocupação com aspectos práticos, sobre quem
5) As preocupações com o pós-parto as ajudará, contribuirá para o cuidado com o bebê
 Dificuldades da amamentação
 Total desconhecimento sobre a psicologia
6) O conhecimento da gestante sobre a
perinatal
psicologia perinatal
 Conhecimento parcial sobre a psicologia perinatal
 Acesso a informações adequadas e corretas
 Auxílio na elaboração de sentimentos sobre a
7) As contribuições que a psicologia
própria gestação
perinatal podem trazer para a gestante
 Auxílio no controle de comportamentos
disfuncionais
 Falta de acessibilidade a esse profissional na rede
8) As dificuldades para obtenção do pública de saúde
acompanhamento psicológico durante  Falta de informações nos serviços de saúde
a gestação disponíveis à gestante sobre esse tipo de
assistência
Fonte: Resultados da pesquisa.

Perfil sociodemográfico

Inicialmente foi realizada a caracterização das participantes, conforme QUADRO 2,


sendo observadas as variáveis idade, escolaridade, estado civil, profissão e número de
gestações:
Quadro 2 - Perfil sociodemográfico das participantes.
ESTADO NÚMERO
GESTANTE IDADE INSTRUÇÃO PROFISSÃO
CIVIL GESTAÇÕES
Diamante 43 Superior Solteira Recepcionista 1
incompleto
Rubi 35 Ensino médio Casada Telefonista 1
Esmeralda 23 Ensino União estável Do Lar 3
Fundamental
Jade 31 Ensino médio Casada Do Lar 1
Turmalina 25 Superior Solteira Psicologa 1
completo
Safira 28 Ensino Médio Casada Recepcionista
Opala 35 Ensino médio Casada Comerciante 3
Turquesa 29 Superior Casada Professora 1
completo
Ametista 20 Superior Solteira Estudante 1
incompleto
Fonte: Resultados da pesquisa.

Pelo QUADRO 2 observa-se que a gestante mais nova tem 20 anos, enquanto a
gestante mais velha tem 43 anos de idade. Apenas uma tem ensino fundamental, e as demais
se dividem entre ensino médio e superior. A maioria declarou-se casada, com profissões
diversas e em sua primeira gestação.

A gestação, percepções e sentimentos

A descoberta da gestação foi um momento pelo qual as gestantes não passaram ilesas.
Todas manifestaram sentimentos diversos, que puderam ser reunidos entre aquelas que
descobriram a gestação que não havia sido planejada e aquelas que haviam planejado
engravidar, condição que se refletiu diretamente em suas percepções e sentimentos.
Mesmo as participantes que não haviam planejado a gestação puderam ser separadas
em dois grupos: as que ficaram positivamente surpresas com a notícia e aqueles não aceitaram
a nova condição.
Assim, o trecho abaixo mostra fala de gestante que mesmo sem planejar a chegada de
um novo filho, ficou bastante feliz com a notícia.

Eu queria muito engravidar, mas fui no ginecologista e aí ele me relatou que


eu tinha ovário policístico, então poderia dificultar na hora da gravidez. Eu
chorei muito no dia que eu descobri, porque eu não estava esperando, eu
pensava que a menstruação ia descer. Então, foi muito esquisito, muito
mesmo, com quatro dias que eu achei que eu estava. E aí eu estava muito
ansiosa, e aí quando eu fiz o exame. Nossa eu chorei demais. Surpresa
mesmo, muito medo na hora, eu fiquei muito feliz, alegria imensa (Safira).

Contudo, também foram destacadas evidências de que algumas participantes além de


não planejar a gestação, não aceitaram tal condição, mostrando-se angustiadas, envergonhadas
e com raiva da situação imprevista:

Eu não estava esperando. A gravidez então não foi planejada, por causa da
idade [43 anos]... sinto vergonha devido à idade... sabe, eu achei que seria
assim, como que eu ia lidar com aquilo perante as pessoas, no ambiente de
trabalho... também por causa do divórcio... a vergonha que eu senti, foi isso,
pois as coisas foram acontecendo quando eu vi ela pela primeira vez com 10
semanas (Diamante).

Foi difícil. Eu e o meu namorado, a gente já tá junto há 8 anos, e às vezes a


gente comentava sim, um dia, vamos ter. Só que eu nunca tinha essa vontade
de ser mãe, eu falava que queria, mas como se fosse uma coisa que estava
distante de mim. No início do ano a gente teve uma briga e acabou
terminando, e foi mais ou menos na época que descobri que estava grávida.
Eu já estava saindo do meu antigo serviço. Então a gente estava tentando
estabilizar o nosso relacionamento, a minha questão financeira também não
está das melhores no momento. Mas só aí quando eu descobri realmente,
acho que juntou tudo, sabe. Até hoje eu estou digerindo toda essa situação.
Então a gravidez não foi planejada. Fiz um exame de sangue, aí peguei,
estava com o valor lá no alto e assim eu fiquei realmente apavorada por quê
não imaginava ser mãe e ainda mais naquele nesse momento da minha vida.
Eu não acreditei e eu fiquei desesperada (Turmalina).

É minha terceira gravidez, veio no susto mesmo, não esperava de jeito


nenhum. Então foi assim, descobri já estava com 13 semanas. Aí hoje já
estou com 32 semanas e ainda tentando acostumar com a ideia de estar
grávida de novo. Nossa, quando vi o exame que deu positivo eu queria
morrer, sério mesmo, não sabia nem o que fazer (Opala).

A gravidez não foi planejada hora nenhuma como te falei, se tem uma coisa
que eu não pensava era em ser mãe, pelo menos não tão cedo assim. Quando
eu descobri que estava grávida eu fiquei com muita raiva de mim, de não ter
escutado minha mãe, que sempre falava pra eu procurar um médico, tomar
um remédio ou prevenir de outra forma sabe (Ametista).

Em relação à descoberta da gestação, também houve aquelas mulheres que planejaram


engravidar e ficaram muito felizes em saber que estavam esperando um filho:

A gravidez foi planejada. Eu parei de tomar o remédio, já foi planejada por


mim e meu esposo. Nós dois. Eu estou com 35 anos, depois fica mais difícil.
Descobri que estava grávida, fiquei assustada, emocionada, feliz (Rubi).

Quando descobri, Deus me deu forças, fiquei emocionada (Esmeralda).

Estou com 13 semanas de gestação, e a gravidez foi planejada. Eu não sabia


que ia ser tão rápido, tirei o DIU [dispositivo intrauterino]. Mas foi assim, eu
queria, o esposo também queria, mas eu entrei na dele (Jade).

Foi fácil engravidar. Quando casamos fiquei 4 meses sem tomar o remédio e
nada, ai resolvi esperar mais um pouco e quando parei de novo fiquei 1 mês
só e deu certo, nem acreditei, quando desliguei da ideia veio rapidinho, é
desse jeito, não pode é ficar apreensiva. Hoje estou com 5 meses. A gravidez
foi planejada por nós dois (Turquesa).

Esses resultados mostram o quanto é complexo o sentimento da mulher ao


descobrir a gestação, seja ela planejada ou não. Mesmo aquelas que já são mãe vivenciam
sentimentos de angústia com a nova gravidez. Observou-se também que mulheres que
engravidaram sem ter o comprometimento do parceiro mostraram-se mais propensas à
sentimentos de angústia e raiva na descoberta da gravidez.
De acordo com Correia (1998), a maternidade não é apenas a um acontecimento
biológico, mas uma vivência inscrita numa dinâmica sócio-histórica. Envolve prestação de
cuidados e envolvimento afetivo em medidas variáveis.
O conceito de amor materno foi, por muitos anos, assimilado de forma contundente
e quase inquestionável, considerando que a mulher deveria ser sinônimo de mãe. Essa
condição seria um benefício divino e, portanto, todas as mulheres deveriam vivenciar a
gestação de forma alegre e, quando isso não ocorria, deveria haver sofrimento, em virtude
da associação com a infertilidade ou com incapacidades individuais (TOURINHO, 2006).
Assim, ao mostrarem outros sentimentos que não o de felicidade e agradecimento
pela gestação, como ocorreu nesta pesquisa com algumas gestantes, a mulher não estaria
enquadrada adequadamente em seu papel. Contudo, segundo Tourinho (2006) e Scavone
(2001), atualmente já existe uma melhor percepção sobre a maternidade, de que ela não é
apenas uma ação instintiva, mas uma ação socialmente construída, influenciada por
fatores que até então não cercavam a mulher, ou que não eram valorizadas, como a seus
próprios desejos, suas aspirações econômicas e sociais, bem como as intenções do casal.

O suporte familiar

Esta categoria tratou do suporte familiar, após passada a fase de descoberta e aceitação
da gestação. Foram identificadas situações em que as mulheres puderam contar com a
presença e parceria do pai da criança, enquanto em outras situações o pai não havia sido,
sequer, comunicado da gestação. Houve, ainda, felicidade por parte da família estendida e o
suporte familiar partir, especialmente, da mãe da gestante.
Foi possível observar que algumas gestantes puderam contar com a presença e parceria
do pai da criança, condição que incluiu mesmo mulheres que não planejaram a gestação. Os
trechos a seguir, extraídos das entrevistas, mostram essa condição.

Quando eu descobri, fui buscar o exame no laboratório, primeira coisa foi


mandar mensagem para meu marido (Turquesa).

A primeira pessoa para quem eu contei foi pra minha irmã, ela sempre me dá
apoio, fiquei com medo de contar para meu marido, a gente não queria mais.
Ai ela me acalmou, contei pro meu marido, para os meninos e você acredita
que eles ficaram super felizes! Acho que eu mesma que assustei, é porque só
a gente sabe o que passa (Opala).

Ele mesmo, ele já estava apaixonado Desde sempre quis, ele tem dois filhos
adultos. Tem um sonho de bebê, de uma menina, se for menina vai ser o
mais apaixonado, bem carinhoso (Diamante).

Mas também foi identificado que nem todas as mulheres recebem ou irão receber
apoio do pai do bebê, por não manterem relacionamento estável, conforme fala abaixo:

Se eu te contar como foi, vai achar que é mentira, do tanto que foi doido. Eu
tinha começado a namorar com um colega de sala, e aí ficamos juntos 4
meses, não estava dando muito certo, e quando terminei, na outra semana
descobri que estava grávida. Eu ainda nem contei pra ele, não sei se quero
que ele saiba, não vai adiantar muita coisa mesmo (Ametista).

De forma geral, a família estendida da gestante mostrou-se feliz com a notícia da


gestação, condição que tende a favorecer ao suporte social para a mulher grávida. Algumas
gestantes, inclusive, destacaram o suporte oferecido pela mãe:

Minha mãe vai ficar comigo, ela vai cuidar de mim (Diamante).

Fiquei feliz. Minha família toda está muito satisfeita, muito mesmo, é o
primeiro neto, tanta da minha parte, como da parte do meu marido
(Turquesa).

A reação dos familiares foi de choro, por qualquer coisa, nada com nada,
quando a gente gosta a gente sente. Estou grávida, tudo nosso (Rubi).

Na hora, vou ser sincera com você, passou umas besteiras na minha cabeça,
como não ter esse filho mesmo, mas ainda bem que eu e minha mãe somos
muito unidas, ainda mais depois da morte do pai, então eu só chorava e ela,
mesmo assustada, tadinha, tentava me confortar. E não foi só um dia assim
não sabe, foram alguns dias sem querer sair de casa e chorando muito. O
resto da família nem sabe ainda, te falar a verdade e nem sei quando vou
contar (Ametista).

As respostas encontradas mostram que todas as gestantes possuem algum tipo de


suporte social, seja ele representado pelo parceiro, ou pela família, ou por ambos. Não foi
identificado, entre as participantes, total falta de apoio social no decorrer da gestação.
De acordo com Castoldi; Gonçalves e Bope. (2014), está havendo uma mudança na
percepção de participação do pai na gestação. Se antes ele era um coadjuvante, hoje tem sido
chamado a assumir mais responsabilidades frente à gravidez e, posteriormente, ao cuidado
com a criança. Contudo, a paternidade também tem relação com o contexto sociocultural e a
qualidade da relação conjugal; assim, a percepção do pai sobre seu papel, sua disponibilidade
e fonte de apoio à mulher acaba estando muito ligado à relação conjugal com a parceira.
Dessa forma, relações conjugais de maior qualidade tende a se refletir em uma paternidade
mais presente.
Essa condição foi evidenciada nesta pesquisa quando uma gestante aponta que em
função do relacionamento passageiro com o pai da criança sequer contou da gravidez. Em
outro caso, os problemas no relacionamento acabam por influenciar a qualidade do suporte
recebido nesse período.
Em relação ao suporte social, seja da mãe da gestante, ou da família estendida como
um todo, Oliveira e Dessen (2012) destacam que essa condição é fundamental para que a
gestante e, posteriormente, a nova mãe, possa se adaptar à nova condição de vida, com a
chegada do bebê, bem como às novas demandas que surgem em função dessa nova vida. Esse
suporte pode envolver ações de contribuição financeira, de descanso para a nova mãe, ou
ainda de cuidados dispensados ao bebê ou à divisão das tarefas. Assim, o suporte é
fundamental para os cuidados pré e pós-natais recebidos pela mãe, além de possibilitar a
diminuição de ocorrências de eventos estressores e/ou desencadeadores de sofrimento
psíquico.

As mudanças emocionais e comportamentais

A gestação é uma fase de transformação da mulher, o que envolve seus sentimentos e


comportamentos. Esta pesquisa, quanto a esse aspecto, identificou que as mulheres
apresentam grupos de sentimentos adaptativos e desadaptativos. Mas justamente por ser um
período de modificações e intensa transformação hormonal, também foram evidenciados
casos em que há oscilações de humor, sendo que em alguns momentos a gestante mostra-se
emocionalmente de uma maneira, para, em seguida, mostrar-se de outra.
Uma parte das gestantes mostrou sentimentos bastante positivos em relação à
gravidez, com momentos de euforia, felicidade, satisfação e surpresa. Mas esses sentimentos
oscilaram com outros aspectos, como ansiedade e choro fácil:

Uma emoção tão grande. Estou sentindo muita mudança de humor, aí eu falo
que eu estou implicando, implicando com cachorro. E essas alterações de
humor, assim, você consegue identificar quando eu falo na hora do cachorro,
mas agora tá tranquilo, que ele não tá aqui, implicância demais (Jade).

Eu fiquei apavorada, assim, não vou mentir não, mas também foi uma coisa
que eu fiquei alegre. Estou sentindo mudanças de humor repentino, na hora
tá de um jeito, depois tá de outro. Tem horas que estou vendo TV, e na outra
eu começo a chorar (Turmalina).

Tem dias que me dá vontade de chorar assim do nada, vejo uma coisa que
nem é tão triste assim e já estou chorando, estou ficando meio nervosa com
os meninos também, mudo de repente. Às vezes me sinto um pouco culpada
de não ter achado bom tá grávida de novo (Opala).

Há tem dias que fico assim sabe mais satisfeita, faço alguns planos e tem
dias sabe que fico nervosa com qualquer coisinha, qualquer coisinha mesmo,
é muita oscilação de humor pra te falar a verdade (Ametista).

Entretanto, outro grupo mostrou sentimentos de adaptação em relação ao momento


vivenciado, com choro, nervosismo, ansiedade e sensibilidade, conforme trechos destacados
abaixo, sem apontar emoções positivas em suas falas:

Sentindo mudança de humor, mudança de comportamento, eu acho que hoje


em dia estou mais calma, eu pareço que eu estou mais tolerante, não parece.
Você pensa no bebê e sente ansiedade de comprar de tudo, que vai faltar ou
não. Acho que é meio natural de toda mãe (Diamante).

Estou ansiosa. Me deu muito sono (Esmeralda).

Ansiosa, um medo foi uma mistura mesmo. Eu estou mais sensível. A gente
fica até confusa em relação a isso, mas eu sei que são os hormônios. Muitos
nem mudam, mas não estou passando muito bem (Safira).

Mudança de humor até que não, tirando o tanto que a gente fica sensível e
chorona, mas o que me incomoda mais é a vontade de comer a todo
momento (Turquesa).

Pode-se observar pelos trechos destacados como são variados os sentimentos e


comportamentos das gestantes durante o período da gravidez. Como elas mesmas
reconhecem, existem sentimentos e comportamentos positivos e não-adaptativos, mas eles
também podem ser misturar e oscilar.
Essas transformações fisiopsicológicas exigem que as pessoas em volta da mulher
grávida ofereçam suporte, afeto, carinho, cuidado e proteção. Moreira et al. (2008) apontam
que nos dois últimos trimestres as alterações psicológicas se acentuam, enquanto que no
primeiro trimestre evidenciam-se transformações de cunho fisiológico, como enjoos,
mudanças de apetite, entre outros. Devido aos movimentos fetais, o segundo trimestre é
considerado o mais estável emocionalmente. Por outro lado, as alterações do desejo e
desempenho sexual se modificam. No terceiro trimestre, o nível de ansiedade pode aumentar
devido à proximidade com o momento do parto e rotina da vida após a chegada do bebê.
De acordo com Campos; Almeida e Santos (2014), o estado gravídico é, acima de
tudo, um período de adaptação. Alguns eventos que surgem nesta fase podem ser
desencadeados por um contínuo cumprimento de tradições e costumes passados de geração
para geração. Diante disto, cabe a gestante fazer a ligação com o presente e o passado, ou seja,
construir a ponte sobre a diversidade cultural de cada geração.
Meireles e Costa (2005) evidenciaram que a dimensão psicológica da gravidez é uma
condição influenciada pelos fatores que estão associados ao próprio acontecimento de vida,
como a percepção da gravidez, se gestação de risco ou em função da paridade. É influenciada,
também, pelos fatores sociais e contextuais que cercam a gestante, como o estado civil e
participação do companheiro na gestação.
Algumas condições acabam exercendo variação sobre a condição psicológica, como a
primeira gravidez; as mulheres solteiras; as que ficam preocupadas com a notícia da gestação
e aquelas que enfrentam gestação de risco. Esses fatores demonstram que a gestação é
condição que sobre pressão pelas circunstâncias psicossociais que cercam a mulher.

Percepções sobre parto e pós-parto

Esta categoria permitiu compreender as percepções das gestantes sobre o parto e pós-
parto. Os conteúdos encontrados foram abordados a partir da escolha do tipo de parto,
norteada pelo medo da dor; o excesso de informações disponíveis na sociedade, que acabam
confundindo a gestante e a falta de informações da equipe de saúde durante a evolução do
parto e as preocupações com o pós-parto.

O medo do parto normal

Nessa análise tiveram destaque dois assuntos correlacionados: o medo do parto normal
e a escolha do parto cesáreo como opção para não sentir dor. As gestantes relataram que essa
escolha acontece pelo critério sentir dor/não sentir dor, havendo poucos elementos além desse
que as ajudem na decisão. Demonstraram, ainda, sentir medo do parto normal, ainda que seja
da fisiologia feminina no processo de nascimento do bebê. Essa percepção ficou comprovada
nas falas abaixo:

Medo, que seja normal (Rubi).

Eu fico com medo de, às vezes, sentir dor no momento (Turmalina).

Até tinha vontade de fazer normal, mas tenho medo. Vamos ver como será, a
cesárea (Ametista).

Estou dando preferência para a cesárea, tenho medo de doer demais, de não
aguentar (Turquesa).

Há eu tenho muito medo do parto, tenho muito medo de anestesia e muito


medo de fazer normal, os meus dois foram cesárea, deu tudo certo sabe
(Opala).

Fico com muito medo, porque eu não sei lidar com sofrimento. Vou ficar
sofrendo com dor, tudo, para passar me preparando para cesárea. Nossa,
muito medo frente ao desconhecido (Safira).

Uma única participante destacou o receio de ser atendida por médico plantonista, e não
o médico que acompanhou o pré-natal e haver indicação direta de parto cesáreo:

Que a gente fica insegura, nesse sentido, é o plantonista e a probabilidade de


ser cesáreo é bem grande (Diamante).

A medicina do século XX transformou o parto. Esse era um evento fisiológico, mas


mudou para um evento patológico, que necessita na maioria das vezes, de tratamento
medicamentoso e cirúrgico, predominando a assistência hospitalar, tornando-o, a partir de
então institucionalizado (CAMPOS; ALMEIDA; SANTOS, 2014). Essa institucionalização e
medicalização provocou a perda da autonomia feminina sobre o tipo de parto e intervenções
relacionadas ao nascimento. Contudo, as percepções sobre o parto também influenciaram as
expectativas da mulher sobre o tipo de parto desejado (STRAPASSON; NEDEL, 2010).
Tal como mencionado pelas participantes, o parto é um momento imprevisto, que
provoca mudanças abruptas e intensas, que contribuem para a intensidade da dor, sofrimento,
ansiedade e insegurança da gestante.
Para Pereira, Franco e Baldin (2011), o parto é uma etapa dolorosa do processo
fisiológico da gravidez, mas também é uma resposta comportamental, social, emocional e
ambiental, já que fatores socioculturais interferem no modo como a parturiente sente e
interpreta o processo de parturição, tal como foi identificado nesta pesquisa em
Patrocínio/MG. No Brasil, o parto normal está associado à figura de dor e sofrimento que,
pelo caráter fisiológico do evento, impõe à mulher um comportamento de superação frente à
dor do trabalho de parto. Essa percepção gera conflitos de natureza afetiva, emocional e
metabólica, expondo a fragilidade das mulheres frente à sua percepção pessoal, favorecendo a
crença de que o parto cesáreo, decidido e agendado previamente proporcionará um parto sem
dor.
Ainda nesse sentido, Pereira, Franco e Baldin (2011), essa percepção favorece à
medicalização da vida e à cultura ocidental que favorece ao parto cesáreo a pedido. Esse tipo
de parto (o cesáreo) está mais ligado às convenções sociais construídas, condição que se
reflete em seu aumento gradativo, especialmente entre usuárias de planos de saúde. O índice
aceitável, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) para partos cesáreos é de 15%;
entretanto, no Brasil esses índices podem chegar a 80% dos partos, dependendo da clientela
atendida.

Informações sobre o parto

O excesso de informações disponíveis por diversos meios, como internet, parentes e


conhecidos acabou se mostrando um dificultador para o momento do parto. As mulheres
apontam que existem muitas informações, mas isso não as tem ajudado a esclarecer suas
dúvidas, nem ter a certeza de que essas informações são verdadeiras:

Olha sobre o parto nem sei o que pensar, eu dou umas pesquisadas sabe no
Google, já vi alguns vídeos, até tinha vontade de fazer normal, mas tenho
medo. Vamos ver como será, a cesárea, ainda preciso pensar e ver também
minhas condições (Ametista).

Sobre o parto fico meio confusa, a gente escuta tanta coisa, coisa boa, coisa
ruim, então precisamos buscar mais informações verdadeiras (Turquesa).

Ainda que haja uma grande quantidade de informações na sociedade, houve queixas
relacionadas à assistência à mulher durante o parto. A falta de informações da equipe de saúde
durante a evolução do parto foi um fator abordado na pesquisa como um aspecto negativo e
que contribui para deixar a mulher ansiosa:

A falta de informação é o que atrapalha sempre. O que pode dificultar é isso


mesmo, a falta de informação. Poderia me deixar menos ansiosa, menos
irritada, assim como te disse que estou em casa (Rubi).
O medo maior é da gente não saber direito o que pode acontecer, entra
ninguém fala nada direito, falta muita informação, da última vez fiquei um
tempão até sem saber do meu bebê, ninguém vinha e falava nada (Opala).

Essas respostam mostram que ainda que existam muitas informações disponíveis sobre
gestação e parto, as mulheres esperam que a equipe de saúde contribua para o esclarecimento
daquilo que está ocorrendo. Inclusive, mostra-se necessário discutir em maior profundidade
com as gestantes a opção pelo parto normal, uma vez que a quase totalidade das participantes
disseram ter medo desse tipo de parto.
Segundo Lopes et al. (2005), sob o ponto de vista psicológico, o parto é um momento
de grande expectativa e ansiedade para a mulher, uma vez que o longo período de espera está
chegando ao fim e tomando uma dimensão real, já que o filho esperado se transforma na
criança real e presente. Com isso, os sonhos e medos podem, ou não, se tornar realidade.
Sendo o parto um evento que acompanha toda a gestação e puerpério, continua sendo referido
pela gestante, mesmo após sua conclusão, seja sob a forma de lembranças ou de sentimentos
que a acompanham, já que fazem parte da sua história.
Mas o parto, também é um ato biológico, já que tem múltiplas influências sobre o
funcionamento psicológico da mulher e do ambiente sociocultural. É um acontecimento que
define a nova identidade da mulher que passa agora a mãe, podendo, para algumas, ser o
evento mais importante da vida (CORREIA, 1998).

As preocupações com o pós-parto

Em relação ao pós-parto, algumas gestantes destacaram suas preocupações com o


período logo após o parto, com aspectos mais práticos, sobre quem as ajudará, contribuirá
para o cuidado com o bebê e sobre as dificuldades da amamentação:

Eu sinto medo, passar para fase do pós-parto é uma readaptação, você tem a
sua vida e depois do parto você tem outra. Medo de não conseguir
amamentar, porque romantizam demais, de que é um momento lindo e na
prática a gente vê que não é (Rubi).

Rotina, eu penso na rotina, quem vai me ajudar (Esmeralda).

Fico tranquila não. Tenho tanto medo, de não conseguir cuidar. Você pensa
em ir para a casa de alguém, mas minha mãe não mora perto (Jade).

É possível observar, também, que existem preocupações e medos em relação ao


período logo após a chegada do bebê, sobre como a rotina irá se desenrolar e quem ajudará.
Chamou a atenção a participante que aponta que existe uma romantização da maternidade, do
pós-parto e amamentação, condição que demonstra que as gestantes não recebem todas as
informações necessárias e acabam sendo envolvidas no discurso ideal da maternidade.
Francisquini et. al. (2010) consideram que após o nascimento do bebê, alguns
elementos são frequentes entre as situações vividas pelas mães, por ocasião do puerpério, tais
como: o desconforto no pós-parto imediato; a dificuldade de satisfazer as necessidades de
sono e repouso durante esse período; a ansiedade; a insegurança e o despreparo para assistir o
bebê; as expectativas em relação ao novo membro da família; o medo da cobrança familiar e
os momentos depressivos ou a depressão. Por isso, é bastante comum que essas preocupações
ocupem espaço antes mesmo do parto, como destacado nesta pesquisa.
Sendo assim, apesar da preocupação com a humanização dos cuidados à saúde da
mulher em todas as fases do ciclo vital, é visível a pouca valorização das demandas que
emergem da vivência da puérpera nesse período, especialmente as relativas à subjetividade
feminina em sua significação à maternidade (STRAPASSON; NEDEL, 2010).
Segundo Cunha et al. (2012), o pós-parto pode vir acompanhado, ainda, por
sentimentos ambivalentes como a euforia e o alívio. A experiência do parto pode aumentar a
autoconfiança feminina ou causar um desconforto físico. O tipo de parto pode desencadear o
medo de não conseguir exercer o papel de mãe. A amamentação é envolta por sentimentos
ansiosos, como quando o leite demora a descer. Pode acontecer decepção em relação ao filho,
pelo sexo ou aparência, uma vez que o filho imaginário se torna o filho real. O medo que pode
ser considerado quase que universal e inerente às mães: o medo de não ser capaz de cuidar, de
amar e de ser uma boa mãe.
Entretanto, conforme explicam Souza; Souza e Rodrigues (2013), apesar das pesquisas
desenvolvidas na área, o puerpério é um período de conflitos para a mulher, alternando
sentimentos positivos, de alegria e euforia, com o medo e a ansiedade. Mesmo considerando-
se a necessidade de discutir tais questões, os estudos que tratam desses aspectos são escassos.
Por essa razão, é relevante avaliar a maneira como vive a mulher atual e como ela
vivencia o puerpério, considerando, também, os impactos psicológicos que esse período pode
ocasionar. Entre tantas responsabilidades, a maternidade pode ser só mais uma atividade em
sua vida; condição contrária ao que ocorria com a mulher de décadas atrás, cuja função
principal era ser mãe e cuidar da família.
O conhecimento da gestante sobre a psicologia perinatal

Em relação à psicologia perinatal, as gestantes foram perguntadas sobre seu


conhecimento acerca desse tema. Elas puderam ser agrupadas, quanto à resposta a essa
questão entre gestantes com total desconhecimento sobre a psicologia perinatal e gestantes
com conhecimento parcial sobre a psicologia perinatal.
O primeiro grupo demonstrou que não conhece, nem ouviu falar, indicando também
confusão entre a psicologia perinatal e grupos para gestantes:

Não, eu não sei o que é psicologia perinatal (Ametista).

Tem uma colega minha que participa de um grupo para gestante não sei se é
a mesma coisa (Turquesa).

Não, eu já tinha escutado falar em depressão pós-parto, grupo de gestante,


essas coisas, mas assim de procurar um psicólogo porque está grávida não
(Opala).

Eu já tinha escutado falar (Safira).

Nunca tinha ouvido falar (Diamante).

Já outro grupo de gestantes tem conhecimento parcial sobre o que vem a ser psicologia
perinatal e suas atividades, conforme trechos extraídos das entrevistas:

É uma área que tem para trabalhar saúde mental da mulher durante a
gestação (Turmalina).

Na verdade ela é um ramo da Psicologia que acompanha a gestante (Jade).

É o acompanhamento psicológico da gestante quando a gestante sente


necessidade de ter alguma ajuda, com quem falar que a grávida pode ter
acompanhamento psicológico (Esmeralda).

O acompanhamento da gestante, durante o período gravídico, não só se a


gestante está com algum problema ou não. As pessoas tem a visão assim, de
que precisa de psicólogo só quando está doente e assim, a gravidez não é
doença. Muito pelo contrário, mas a pessoa sente perdida (Rubi).

Ainda que algumas gestantes tenham uma ideia do que é a psicologia perinatal, não
conseguiram elaborar seu conceito. Também foi possível identificar uma visão popular sobre
as atividades da psicologia, que estariam unicamente ligadas à doença e, não sendo a gravidez
uma doença, não haveria o que discutir em relação ao tratamento psicológico da gestante.
Essa falta de conhecimento sobre o pré-natal psicológico é discutido por Arrais;
Cabral e Martins (2012), que apontam que além da baixa difusão dessa área de psicologia, as
gestantes, de forma geral, não veem necessidade de atendimento com um psicólogo, por não
estarem doentes. Assim, consideram que esse tipo de assistência é voltado exclusivamente
para o doente e, ao não se encaixaram nessa condição, não buscam nem conhecimento, nem
assistência psicológica.
Outro fator, agora tratado por Arrais; Moraes e Frozzale (2014), é que normalmente
não se aceita que as gestantes possam ter sofrimento psíquico, em função das alterações
vivenciadas no período gravídico-puerperal. Espera-se da mulher a felicidade plena pela
gravidez e rejeita-se a possibilidade de associar o sofrimento e necessidade de assistência
psicológica nesse período.

As contribuições que a psicologia perinatal podem trazer para a gestante

Sobre as contribuições que a assistência psicológica poderia oferecer à gestante, as


participantes destacaram que ela poderia contribuir para o acesso a informações adequadas e
corretas; o auxílio na elaboração de sentimentos sobre a própria gestação e, consequentemente
auxiliar no controle de comportamentos disfuncionais que permeiam a gravidez, como a
compulsão alimentar.
A necessidade de informações adequadas, já destacada nesse trabalho como um dos
medos das gestantes, é condição importante para o desenvolvimento tranquilo da gestação,
bem como para a tranquilidade da mulher. Essa questão foi tratada como um dos grandes
benefícios a ser conseguido com o acompanhamento psicológico durante a gestação:

Informações corretas e adequadas (Diamante).

Eu gostaria de ter um acompanhamento psicológico durante a gestação. É


muita coisa que a gente ouve, e a gente fica totalmente perdida (Rubi).

A gravidez faz transformação, então, muitas vezes, sentimento, vem a


angústia, muitas vezes por falta de informações ou excesso de informações
erradas (Turmalina).

Também foi citado que a assistência psicológica poderia contribuir para as gestantes
elaborarem seus sentimentos e percepções em relação à própria gestação, conforme destacado
a seguir:
Conversar, o sentimento fica mais realçado na gravidez, ansiedade mesmo e
ansiedade medo e eu estou com tanto medo que estou começando a dar
pânico mesmo, do parto normal, mas é com medo de não dar conta (Jade).

Além disso, o auxílio psicológico também poderia contribuir para a redução de


ansiedade, nervosismo e compulsão alimentar, condições comuns na gestação:

Uma orientação pode tranquilizar, chega lá na hora é muito nervosismo e


muita ansiedade que pode também interferir, meu nervosismo atrapalha
(Diamante).
Me deixaria mais calma, menos ansiosa, nesse momento da minha vida,
porque o que a gente sente aqui, tudo vira uma bagunça dentro da gente. É
um emaranhado, eu acho que ajudaria os pensamentos que vem acontecendo
para eu lhe dar de uma forma mais positiva com essa nova situação da minha
vida. Então, ajudaria a me organizar internamente, me tranquilizar e acalmar
(Turmalina).

Eu gostaria de ter um acompanhamento psicológico sim, pois poderia me


auxiliar quanto a informações corretas, diminuindo um pouco minha
ansiedade frente à escolha do parto, ao fato de querer comer o tempo todo
também, acho que pode ajudar nesta parte também, de compulsão alimentar
(Turquesa).

Observa-se que mesmo que as gestantes não entendam o que é psicologia perinatal,
tem consciência de que a assistência psicológica nesse período pode contribuir para melhorar
seus aspectos de saúde no período da gravidez e pós-parto.
De acordo com Meireles e Costa (2005), como ocorre em qualquer processo de
transição, a gestação pode desencadear crises no sistema pessoal. Além de ser vista como um
fato estressor, é também uma transição desenvolvimental, que exige transformações. No
acompanhamento psicológico perinatal, o psicólogo poderá promover o desenvolvimento
psicossocial da mulher, em termos de objetivos de intervenção. Poderá auxiliar a grávida a
lidar com a crise, reenquadrando seus conceitos em uma perspectiva de integração, que atenda
ao eventual desequilíbrio psicológico provocado por esse acontecimento tão transformador.
Segundo Pio e Capel (2015), é necessário ouvir mais o que as mães têm a dizer, suas
necessidades e seus desejos, pois elas precisam de apoio, de compreensão, de momentos que
lhes permitam compartilhar suas vivências, cheias de angústias, tristezas, preocupação, culpa,
enfim, os sentimentos que podem lhes acometer e repercutir em suas vidas neste momento.
A importância da intervenção psicológica na gravidez reverbera na prevenção de
dificuldades relacionais, na medida em que se reconhece também a continuidade entre a
relação mãe-bebê, no período pré e pós-natal. Esta intervenção é possível e faz sentido desde
a gestação. É importante incentivar a comunicação relativa ao bebê, dar espaço para a
crescente preocupação com o seu bem-estar, envolver a grávida na descrição e personalização
do filho e incentivar a vivência dos momentos ecográficos que deverão ser intencionalizados
em termos da promoção da relação mãe e filho (MEIRELES; COSTA, 2005).
O pré-natal psicológico envolve um novo conceito de atendimento perinatal. Está
voltado para a humanização do período gestacional e puerperal, além de contribuir para a
construção da parentalidade (ARRAIS; SANTOS, 2013). De qualquer maneira, não deve ser
dissociado do pré-natal tradicional, uma vez que deve acontecer dentro de uma equipe
multidisciplinar, que inspire segurança à mulher e tenha maior possibilidade de êxito. Assim,
a psicologia perinatal deve atender a paciente como um ser biopsicossocial (SANTOS, 2005).
Assim, conclui-se que as dificuldades de adaptação na gestação devem ser vistas com
preocupação pelos profissionais envolvidos no acompanhando, sendo que a intervenção
psicológica pode fazer parte do processo gravídico-puerperal. Diante do processo de trabalho
de parto, com intercorrências ou não, exige-se a colaboração de toda equipe, incluindo a
participação do psicólogo, para oferecer um atendimento integral e uma abordagem que
atenda o orgânico e o psiquismo dos indivíduos (SIILVA, 2014).

As dificuldades para obtenção do acompanhamento psicológico durante a gestação

Ainda que as participantes tenham considerado importante ter acesso ao psicólogo


durante a gestação, poucas trataram da dificuldade de acesso a esse profissional.
Um grupo tratou da falta de acessibilidade a esse profissional na rede pública de saúde
como fator que contribui para a não realização de acompanhamento psicológico, ainda que
julguem ser importante e que poderia trazer benefícios:

Dificuldade de acesso mesmo esse tipo de serviço. No SUS não tem na


atenção primária (Turmalina).

Acessibilidade ao psicólogo, sabe, não tem esse acesso no posto de saúde


(Safira).

Outra participante tratou da falta de informações nos serviços de saúde disponíveis à


gestante sobre esse tipo de assistência:

Dificulta às vezes esse acesso à Psicologia, por falta de conhecimento que


ela pode ajudar, a maioria do povo pensa eu vou contar minha vida pra uma
pessoa todo mundo pensa isso, da Psicologia, mas é falta de conhecimento
mesmo, que a gente considera muito a gestação como um evento só
biológico (Jade).

Arrais e Santos (2013) evidencia que existem poucos casos nos quais a equipe de
psicologia é solicitada para acompanhar o pré-natal; as situações se concentram nos casos em
que o bebê tem má formação, alguma deficiência ou, ainda, quando há intercorrência no
parto, como aborto ou óbitos, uma vez que o sofrimento materno é evidente nessas situações.
Raramente a equipe é chamada para intervir em situações de psicoprofilaxia das gestantes e
puérperas.
Assim, não há foco do psicólogo na gestação, como recurso precioso para trabalhar
com a concepção de saúde integral, considerando a saúde mental intrínseca à saúde e ao
cuidado.
Cela e Oliveira (2015) discutem que a dificuldade de acesso da população ao
psicólogo não é assunto novo. Os novos modelos de atuação profissional, principalmente de
profissionais autônomos, têm avançados para campos de bem-estar social, especialmente na
saúde pública. Contudo, a Psicologia ainda é vista como uma assistência voltada para rendas
abastadas e existe uma dificuldade de acesso ao psicólogo na rede pública de saúde, condição
que acaba afastando o paciente desse profissional. Essa dificuldade de acesso, inclusive, é
explicada ou pela falta de profissionais ou pela forma de acesso ao sistema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação aos fatores que podem gerar a necessidade de acompanhamento


psicológico durante o período gravídico, observou-se que as gestantes relataram o não
planejamento da gestação, a falta de apoio do parceiro/pai da criança, problemas de
relacionamento e financeiros, além de falta de informações confiáveis. Além disso,
destacaram os inúmeros sentimentos que vivenciam nesse período, mesmo entre as mulheres
que planejaram a gravidez e contavam com o apoio dos parceiros, a vivência desses
sentimentos foi identificada.
Sobre a psicologia perinatal constatou-se que as gestantes não possuem conhecimento
adequado sobre essa forma de assistência. A maioria demonstrou que não sabe o que ela
significa, e outras acabaram confundido com a assistência prestada a grupos de gestantes no
pré-natal tradicional da rede pública. Poucos foram os destaques corretos acerca dessa ação da
psicologia.
Quando perguntadas sobre os eventuais benefícios que essa assistência poderia trazer,
as participantes identificaram que eles estariam ligados ao acesso a informações corretas,
elaboração dos sentimentos que são desencadeados pela gestação e, ainda, para auxiliar no
manejo de sentimentos e comportamentos que permeiam a gravidez.
Em relação às dificuldades para acesso ao serviço psicológico na gestação, poucas
entrevistadas responderam. As que responderam disseram que é a falta de acesso ao psicólogo
pelo serviço público e a falta de informações no serviço de saúde sobre essa possibilidade de
assistência.
Esses resultados permitem evidenciar que existe uma carência de informações às
gestantes sobre os serviços de saúde que podem ser utilizados nesse período, que poderia
contribuir para a saúde da mulher e do bebê.

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APÊNDICES
APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
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