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Ferramenta para
a ação política
das mulheres
De 25 a 27 de junho de 2008, a Rede Feminista de
Saúde realizou, em Porto Alegre (RS) o Seminário
Nacional “Implementando os Marcos de Saúde Integral e
Direitos sexuais e Reprodutivos das Mulheres”, no processo
do seu 10º Encontro Nacional. Objetivando mapear
os conhecimentos sobre marcos teóricos, conceituais
e políticos em direitos sexuais e reprodutivos, com
vistas a subsidiar ações de formação e atualização de
lideranças para o exercício do controle social, realizou-
se uma pesquisa com as participantes do Seminário. A
investigação contou com a parceria do Núcleo
Interdisciplinar de Estudos sobre a Mulher e Gênero
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS).
Denominado de Mapa do Conhecimento
Conceitual e Político em Direitos Sexuais e
Reprodutivos, o estudo subsidiará o Plano Pedagógico
da RFS para os próximos anos. Todavia, desde já
confirmou a necessidade de ampla difusão de
documentos fundadores do direito à saúde sexual e
reprodutiva e da saúde integral das mulheres, bem
como de normativas instituídas na última década. Daí
porque se oferece o presente material.
Parceria Iniciativa
A trajetória da construção dos Marcos da
Saúde das Mulheres
A história recente da saúde no Brasil tem como marco da reforma sanitária ocorrida no Brasil nos anos de 1980,
a Constituição Federal de 1988, que deu nascimento ao as reivindicações do movimento feminista se integram
Sistema Único de Saúde (SUS). A CF estabelece em seu às discussões mais amplas, originando em 1983 o PAISM
artigo 196 que: “A saúde é direito de todos e dever do - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher,
estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas em boa parte impulsionado pelo movimento organizado
que visem à redução do risco de doença e de outros de mulheres. Enquanto a reforma sanitária apontava para
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e um modelo de sistema de saúde - público, universal e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (CF, equitativo, o PAISM significou um rompimento com a
1988). abordagem demográfica e controlista, bem como com a
Por sua vez, as políticas de atenção à saúde das concepção materno-infantil, ao enunciar uma política de
mulheres estiveram também influenciadas por dinâmicas “saúde integral da mulher”. Esta passou a compreender
e contextos internacionais, caracterizando-se, até muito um novo conceito de atenção à saúde que tem nas
recentemente, pelo viés materno-infantil. Tal concepção mulheres não mais objetos reprodutivos das ações de
de saúde se relaciona com o papel subalterno relegado às saúde materno-infantil ou de sua exclusão, e sim sujeitos
mulheres na sociedade brasileira até meados dos anos de ativos no cuidado de sua saúde, em todos os ciclos da
1980. Até este período, duas lógicas se alternaram: o país vida, e para quem a reprodução é um direito e não dever
adotou uma postura pró-natalista ao longo do século ou desígnio.
passado, e para tanto dotou-se de legislação protetiva da No entanto, embora sua concepção suponha avanços
maternidade e restritiva em relação ao exercício da significativos, a efetiva implementação do PAISM, hoje
autonomia das mulheres sobre seus corpos. O Código PNAISM (Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
Penal de 1940 é exemplo singular dos variados graus de da Mulher) permanece como um desafio para as políticas
punição estabelecidos a toda e qualquer tentativa das públicas e para o movimento de mulheres, especialmente
mulheres de decidirem sobre a reprodução. quando se consideram as mulheres dos estratos mais
No final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, vulneráveis econômica e socialmente e das regiões mais
com a crise do sistema econômico mundial, surgiram pobres do país, em sua grande maioria usuárias do
paralelamente as políticas de controle da natalidade, que Sistema Único de Saúde.
propunham a redução do número de filhos das mulheres O final dos anos de 1980 trouxe importantes
dos países sub-desenvolvidos. Essa política tinha como mudanças políticas no campo da saúde das mulheres com
linha mestra a redução da pobreza através do controle o surgimento de propostas inovadoras. A partir do
do corpo das mulheres. O Brasil, por falta de uma política conceito de integralidade e de direitos, as duas permissões
oficial de planejamento reprodutivo, passou a permitir a previstas no Código Penal Brasileiro relativas à
ampla difusão de métodos contraceptivos por entidades interrupção da gestação por violência sexual e risco de
não governamentais, com ênfase nos métodos vida da gestante ganham lugar nas políticas públicas,
irreversíveis como a laqueadura tubária. Tais práticas de organizadas em forma de serviços na cidade de São Paulo
um lado substituíram o acesso ao planejamento familiar- (1989). Esta experiência motivou debates em todo o país
reprodutivo calcado nos direitos, como uma livre opção, e foi fundamental para compor uma coleção de propostas
consciente e de qualidade, baseada na informação e oriundas da realidade vivida pelas mulheres, pela
acesso; e de outro, contribuíram para a manutenção de compreensão das relações de gênero como base das
obstáculos à possibilidade de efetivamente decidir pelo desigualdades no acesso à saúde como direito, bem como
direito de ter ou não filhos. Enquanto práticas coercitivas pela necessidade de considerar-se a diversidade como
e impostas, focadas nas populações negras e pobres do fundamento das políticas públicas.
norte e nordeste do país principalmente, levaram à A Década de 1990 trouxe novos desafios com a
esterilização milhares de mulheres, as restrições ao realização de Conferências Internacionais no âmbito das
abortamento seguro mantiveram elevadas taxas de Nações Unidas. Da perspectiva internacional, o ciclo
morbidade reprodutiva e de mortalidade materna. Duas social da Organização das Nações Unidas (ONU)1 foi
faces da mesma moeda - a negação da autonomia das responsável por colocar em pauta os direitos sexuais e os
mulheres. direitos reprodutivos e por consolidar uma terminologia
A recusa destas práticas autoritárias, advindas de relativa aos mesmos.
visões demográficas sobre a saúde sexual e reprodutiva No rastro da II Conferência Internacional de Direitos
das mulheres, e a visão de direitos sexuais e direitos Humanos (Viena, 1993) – que enfatizou que os direitos
reprodutivos como parte dos direitos humanos, orientou das mulheres são direitos humanos e que, portanto, devem
2 o movimento de mulheres brasileiro. Assim, no curso estar incluídos na agenda das políticas de direitos
humanos das nações – a Conferência Internacional de Em suma, a relevância da Conferência do Cairo deve-
População e Desenvolvimento (CIPD, Cairo, 1994) vem se, especialmente, por introduzir uma nova abordagem
consagrar, como resultados de longas negociações e várias de direitos reprodutivos, definidos como “o direito de
articulações prévias dos movimentos de mulheres, a decidir livre e responsavelmente o número de filhos, o
concepção de saúde reprodutiva como um direito espaçamento entre os nascimentos e o momento de tê-
humano e a idéia de que a reprodução não pode ser tratada los; a dispor de informação e dos meios necessários para
isoladamente e sim deve ser abordada dentro de um isso” e pelo reconhecimento expresso em seu documento
contexto de políticas de desenvolvimento. final, do aborto inseguro como um grave problema de
Segundo o Cairo (CIPD, 1994) “A saúde reprodutiva saúde pública (parágrafo 8.25 do Programa de Ação do
é um estado geral de bem estar físico, mental e social, e Cairo). Demarcava-se, assim, de um lado, o direito de
não mera ausência de enfermidades ou doenças, em todos livre escolha dos sujeitos e, de outro, o dever do Estado
os aspectos relacionados com o sistema reprodutivo e suas em prover os meios para que tal escolha se efetive.
funções e processos. Em conseqüência, a saúde Um ano mais tarde, a Conferência Mundial sobre
reprodutiva inclui a capacidade de desfrutar de uma vida Mulheres (Beijing, 1995), revela a distância das mulheres
sexual satisfatória e sem riscos de procriar, e a liberdade dos espaços de poder e a relação entre o empoderamento
para decidir fazê-lo ou não, quando e com que freqüência” de gênero e a superação dos desequilíbrios mundiais.
(Cap. VII, 7.2). Aponta ainda para a eliminação de leis e medidas
O documento do Cairo é o primeiro texto de adoção punitivas contra as mulheres que tenham se submetido
universal a acolher e explicitar a expressão “direitos a abortos ilegais, garantindo o acesso a serviços de
reprodutivos”, contemplando o direito à liberdade de qualidade para tratar complicações derivadas desses
escolha do número de filhos e seu espaçamento.2 Assim, abortos. Em seu documento final, a Conferência afirma:
o Programa do Cairo introduz um novo paradigma no “na maior parte dos países, a violação aos direitos
debate sobre população ao deslocar a questão demográfica reprodutivos das mulheres limita dramaticamente suas
para o âmbito dos direitos humanos, quer dizer, oportunidades na vida pública e privada, suas
identificando os direitos reprodutivos como direitos oportunidades de acesso à educação e o pleno exercício
humanos. Contudo, tal reconhecimento só tornou-se dos demais direitos”.
possível devido à atenção e postulação incisiva do Estabelece-se aí o nexo entre a saúde sexual e
movimento de mulheres3. A experiência das mulheres reprodutiva e a cidadania efetiva das mulheres e a sua
em conferências anteriores das Nações Unidas sobre relação com as políticas de desenvolvimento, o que estará
População e Desenvolvimento (1974 e 1984) e Meio- expresso nas Metas do Milênio em 2000. Todavia
ambiente e Desenvolvimento (Rio - 92), serviria para limitadas, segundo a visão do movimento feminista
alertá-las sobre a polêmica questão do crescimento latino-americano, as Metas oferecem uma chance a mais
populacional e sobre o interesse em limitá-lo – para avançar quanto às oportunidades de igualdade e
nomeadamente em países periféricos – para combater a equidade entre homens e mulheres. No entanto, passados
pobreza e a desigualdade social. oito anos da sua formulação, persistem imensos déficits
A reação das mulheres a esse discurso, tido como de cidadania, oriundos do desrespeito aos direitos sexuais
“controlista” e “autoritário”, levou seus grupos e e reprodutivos – discriminações, estigmas, inexistência
organizações a defender que “as causas explicativas da de políticas públicas – fazendo com que as três metas
produção da pobreza estão nos modelos de pactuadas pelos governos não sejam cumpridas, como é
desenvolvimento excludentes que não podem ser o caso da redução das taxas de mortalidade materna na
corrigidos pela simples redução da população pobre”.4 maioria dos países, segundo avaliação da ONU.
O movimento internacional de mulheres demonstrou, Apesar dos avanços internacionais e dos esforços do
já em 1992, uma formidável capacidade de mobilização movimento de mulheres e feminista no sentido de
e articulação. Definindo uma agenda própria sobre a adequar a legislação e as políticas nacionais aos acordos
relação entre população e desenvolvimento, este do Cairo e de Beijing, e do reconhecido avanço ocorrido
movimento rejeitou os princípios controlistas e no Brasil nos últimos anos com a elaboração de
introduziu no debate das Nações Unidas as questões documentos governamentais e a criação de novos
relativas aos direitos reprodutivos no marco de um mecanismos de defesa dos direitos das mulheres, as
processo de desenvolvimento e de respeito aos direitos brasileiras continuam sofrendo discriminações, violações
humanos.5 e são vítimas de processos de exclusão em todos os níveis
No Brasil não foi diferente. Nesse sentido, “a atuação e esferas.
de grupos autônomos, organizações não-governamentais A persistência de índices de desenvolvimento
e governamentais de mulheres foi decisiva para definir desiguais entre os sexos no Brasil se apresenta também
uma posição de respeito à cidadania da mulher [...]”. Tal frente aos direitos à saúde integral, assim como à
postura, segundo elas, em realidade irá reafirmar segurança pessoal e à autonomia; o aborto segue sendo
princípios já explicitados na Constituição Federal de um crime, com duas exceções legais, e os serviços de saúde
1988, em específico, o conteúdo do “artigo 226, § 7º, que continuam maltratando e negando acesso ao atendimento
dispõe sobre o direito de mulheres e homens decidirem às mulheres com complicações por aborto inseguro; a
livremente sobre concepção e anticoncepção, e o dever mortalidade materna mantém-se elevada no país,
do Estado de informar e assegurar a prestação dos serviços vitimando milhares de mulheres e enlutando famílias a
necessários para a garantia desses direitos”. cada ano. 3
No Brasil, como já referido anteriormente, persistiu gestações não planejadas e interrompidas - 31% -
por muitas décadas um padrão de alta natalidade. Na segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
ausência de políticas de saúde voltadas para a garantia Em 2004, a Razão de Mortalidade Materna
dos direitos sexuais e reprodutivos, ganharam espaço (RMM), calculada a partir de óbitos declarados
políticas de caráter controlista da natalidade, amplamente pelo Sistema de Informação de Mortalidade – SIM,
denunciadas. foi de 54,37 óbitos por 100.000 nascidos vivos (MS,
Este quadro passou a se inverter nos anos de 1980, 2003). Tal indicador, que ainda se sabe sub-
quando o Brasil entra efetivamente num período de registrado e sub-notificado, alerta para uma
retomada da democracia, permitindo a participação de situação inaceitável, pois, em países
diversos atores políticos, entre eles o movimento de desenvolvidos, a RMM oscila entre 6 a 20 óbitos
mulheres, com posições anti-controlistas e a favor dos maternos por 100.000 nascidos vivos, com
direitos das mulheres. Nesse período se inicia também a discrepâncias regionais para cima e para baixo. O
transição demográfica6 , com a queda da natalidade, último balanço do Pacto Nacional pela Redução
propiciada entre as muitas explicações pela urbanização da Mortalidade Materna e Neonatal (2008)
da população, maior ingresso das mulheres no mercado demonstra obstáculos situados na qualidade da
de trabalho, acesso aos métodos contraceptivos e por atenção.
mudanças em padrões culturais, que levaram à reversão
do caráter das políticas de saúde neste campo. A taxa bruta · Por sua vez, o aborto clandestino, realizado
de natalidade vem caindo progressivamente, e se em em condições inseguras, varia de 1.054.243
1980, era igual a 3,2%, em 2000 foi de 2,0%, com previsão (IPAS, UERJ, IMS, 2007) a 1.443.350 (Allan
de queda para 1,4% no ano de 20407 . Segundo dados Gutmacher, 1994) ou 4 milhões (UNB/UERJ,
apresentados pela Pesquisa Nacional de Demografia e 2007) ao ano, sendo, segundo o Ministério da
Saúde da Criança e da Mulher - PNDS-2006 (MS), a taxa Saúde, responsável por 15% dos casos de
de fecundidade manteve tendência de queda, de 1,8 filhos mortalidade materna, em razão da situação de
por mulher, contrastando com 2.5 registrados em 2006. ilegalidade em que é praticado. As curetagens por
No entanto, a queda da fecundidade não significou a abortos induzidos constituem a segunda causa de
redução das enormes dificuldades para o acesso a atenção internações obstétricas nos hospitais públicos
à saúde de qualidade, como demonstram diversos estudos, brasileiros. O aborto ilegal tem exposto mulheres
entre os quais “Mortalidade de Mulheres de 10 a 49 anos, também à criminalização, com danos morais e
com Ênfase na Mortalidade Materna”, coordenado pelo psíquicos, considerados agravos à saúde.
professor Ruy Laurenti (2002). Este estudo indica que
· A dificuldade no acesso do direito à saúde é
as mulheres brasileiras adoecem e morrem de quatro
exemplificada com a feminização da Aids.
causas principais - neoplasias, doenças do aparelho
Segundo dados do MS, em 1985, para cada 15 casos
circulatório, infecções (Aids) e doenças parasitárias e por
novos de Aids em homens, contava-se uma
fim de causas externas (acidentes e homicídios).
mulher. Em 2005, o número de mulheres
Hoje, a feminização da epidemia de HIV/Aids é um
infectadas é de 10 para cada 15 homens,
desafio complexo para o movimento de mulheres. A
evidenciando a alarmante feminização da
violência é um fenômeno de grande impacto na vida das
epidemia e a grande vulnerabilidade das mulheres
brasileiras, que afeta sua saúde sexual e reprodutiva,
à contaminação pelo vírus. Em 2006, a proporção
exigindo políticas de prevenção, acesso à justiça e punição
passou de 1,6 homens para uma mulher e na faixa
dos agressores e a existência de redes de atenção na área
etária de 13 a 19 anos, 13 meninas para 10 meninos
da saúde. As conexões entre a vulnerabilidade à violência
portadores do HIV. Além disso, verifica-se o
e o HIV desencadeiam a necessidade de novos olhares
deslocamento da doença dos centros urbanos para
sobre as políticas públicas, já que ambas situações são
o interior do país, das regiões sul e sudoeste para
expressões das desigualdades de gênero.
o centro-oeste, norte e nordeste do país e dos mais
No que tange à saúde sexual e reprodutiva, os
jovens para os mais velhos, bem como o seu
indicadores revelam a omissão e desatenção dos
crescimento mais acentuado entre os mais pobres.
responsáveis pelas políticas de saúde. Fatores que,
aliados às desigualdades que marcam a vida das · Quanto à violência de gênero, esta prevalece
mulheres, à ingerência dos setores conservadores, também como um grave problema de saúde
religiosos ou não nas leis e nas políticas públicas pública, responsável pela vitimização de quase
impedindo a remoção de obstáculos ao exercício da uma em cada três mulheres no Brasil, segundo
autonomia das mulheres de decidir pelos seus corpos, pesquisas promovidas pela OMS 8 , trazendo
configuram um quadro de violação dos seus direitos seqüelas à saúde física e psicológica destas
humanos. mulheres, danos familiares especialmente pelo
impacto sobre os filhos e prejuízos à sociedade,
Questões chaves para os direitos à saúde integral: levando-as com maior freqüência às unidades de
Quatro importantes questões destacam-se como saúde para tratamento desses agravos.
grandes desafios à efetivação da saúde integral e dos
direitos sexuais e reprodutivos das mulheres no Brasil: Todas as evidências estão a demonstrar que tanto os
4 · As persistentemente elevadas taxas de abortos inseguros, mortes maternas, violência de gênero
e a epidemia do HIV, sem esquecer os cânceres de mama 1
Referem-se às Conferências realizadas a partir da Década de
e de colo de útero, atingem mais severamente os grupos 1970, tendo como marco o Ano Internacional da Mulher das
das mulheres negras e das indígenas em relação às Nações Unidas e a Década da Mulher (1975 - 1985), somadas
brancas, bem como refletem as desigualdades regionais as conferências de Direitos Humanos de Viena (1992), de
e econômicas prevalentes no país. A invisibilidade das População e Desenvolvimento do Cairo (1994) e a IV
mulheres lésbicas frente às políticas saúde as insere nos Conferência Mundial da Mulher de Beijing (1995), entre outras.
2
ALVES, J. A. Lindgren. A Agenda Social da ONU Contra a
segmentos mais vulneráveis ao adoecimento. Isso tudo
Desrazão “Pós-Moderna”. In: Revista Brasileira de Ciências
reforça a necessidade de um olhar atento às desigualdades,
Sociais – ANPOCS. Nº 30, ano 11, fevereiro de 1996. p.63-82.
articuladas com os determinantes sociais da saúde. 3
BARSTED, Leila Linhares, HERMAN, Jacqueline. As
O acesso aos serviços de saúde de boa qualidade, com mulheres e os direitos civis. Traduzindo a legislação com a
atendimento humanizado e uso adequado e ético das perspectiva de gênero. Rio de Janeiro: CEPIA, 1999.
tecnologias, está disponível, ainda, apenas para uma 4
Idem, p.101.
pequena parcela das mulheres, sendo um exemplo claro 5
Idem.
das desigualdades sociais e iniqüidades de gênero. 6
Rev. Brasileira de.Estudos Populacionais, Campinas, v. 20,
A mortalidade materna se engrena, por sua vez, com n. 2, p. 129-156, jul./dez. 2003.
7
o aborto, a violência de gênero e o HIV, constituindo um Informe da Previdência Social, setembro de 2002.
8
eixo em torno do qual inúmeras ações no campo da saúde Violência Contra a Mulher e Saúde no Brasil - Estudo
Multipaíses da OMS sobre Saúde da Mulher e Violência
podem ser articuladas.
Doméstica, 2004.
9
Prevalência da violência contra a mulher usuária de serviço
de saúde. André Marinheiro, Elizabeth Vieira e Luiz de Souza.
Rev. Saúde Pública vol.40 nº.4, São Paulo, Aug., 2006.
Documentos Consultados Artigo 128 (I e II) do Código Penal Brasileiro/1940; Lei de Planejamento Familiar N° 9.263/1996; Lei
Maria da Penha – N° 11.340/2006; Leis 8.080/90 e 8.142/90; Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento, MS (2005);
Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual, MS (2005); Norma Técnica do Pré Natal
e Puerpério – Atenção Qualificada e Humanizada, MS (2005); Projeto de Lei para a Revisão da Legislação Punitiva e Restritiva ao
Aborto no Brasil (Proposta da Tripartite), 2006; Pacto Nacional para a Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, MS (2005);
Plano Integrado de Enfrentamento da Feminização da Epidemia do HIV/Aids e outras DSTs, MS (2007); Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde da Mulher, MS (2005); Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da População Negra (MS) 2006;
Política Nacional de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, MS (2005).
Publicação Texto: Telia Negrão / Design gráfico e ilustração: Vit Núñez / Revisão e comentários: Vera Daisy Barcellos
e Regina Vargas
Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos - Filiada à Rede de Saúde das Mulheres
Latinoamericanas e do Caribe (RSMLAC) e à Rede Mundial de Mulheres pelos Direitos Reprodutivos (RMMDR)
Av. Salgado Filho, 28, cj 601 - Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil - CEP 90010-220 - Fone: 55 51 3212.4998
Porto Alegre, dezembro de 2008
CONSELHO DIRETOR Bahia -IMAIS -Maria José Araújo (imais.ba@uol.com.br ) Distrito Federal -Coturno de Vênus -Karen
Lúcia Borges Queiroz (karen@coturnodevenus.org.br) Minas Gerais -Associação de Mulheres do Graal -Neusa Cardoso de Melo
(neusinham@gmail.com) Pará -Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense -Marta Giane Machado Torres (martagiane@ig.com.br)
Paraná -Espaço Mulher -Maria Goretti Lopes (lopes.mariagoretti@gmail.com) Rio de Janeiro -Coisa de Mulher -Neusa das Dores
Pereira (neusapereira@coisademulher.org.br) Rio Grande do Sul -Maria Mulher - Organização de Mulheres Negras -Maria Noelci
Teixeira Homero (nohomero@mariamulher.org.br ) Santa Catarina - Casa da Mulher Catarina -Clair Castilhos (clair@matrix.com.br)
São Paulo -Rosa de Lourdes Azevedo dos Santos (rdelourdes @uol.com.br)