Você está na página 1de 7

1

FACULDADE DE TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS GAMALIEL-


FATEFIG.
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
Reconhecido pela Portaria Ministerial (MEC) nº 64 de 28 de janeiro de 2015

CAMILA DA SILVA CARVALHEDO

MULHERES E O DIREITO DE ESCOLHA DO PARTO: UMA ANÁLISE SOBRE A


VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA GESTANTE NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE (SUS).

TUCURUÍ – PARÁ

2023
2

FACULDADE DE TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS GAMALIEL-


FATEFIG.
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
Reconhecido pela Portaria Ministerial (MEC) nº 64 de 28 de janeiro de 2015.

CAMILA DA SILVA CARVALHEDO

MULHERES E O DIREITO DE ESCOLHA DO PARTO: UMA ANÁLISE SOBRE A


VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA GESTANTE NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE (SUS).

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção


do título de bacharel em Direito, apresentado à
Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências
Humanas Gamaliel-FATEFIG.
Orientação: Prof.ª. Maria Gouveia

TUCURUÍ / PARÁ
2023
3

FACULDADE DE TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS


GAMALIEL
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
Reconhecido pela Portaria Ministerial (MEC) nº 64 de 28 de janeiro de 2015

MULHERES E O DIREITO DE ESCOLHA DO PARTO: UMA ANÁLISE SOBRE A


VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA GESTANTE NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE
(SUS)1

Camila da Silva Carvalhedo2


Maria Gouveia 3

RESUMO:
O parto é caracterizado como um processo natural desde os primórdios, contudo, com os
avanços tecnológicos desenvolveu-se os procedimentos de partos hospitalares, surgindo a
medicalização dos partos, que influencia diretamente na autonomia das gestantes quanto à
escolha do tipo de parto. Partindo dessa premissa, o presente trabalho tem como objetivo
analisar as gestantes/parturientes como um sujeito de direito, que fazem jus a uma assistência
digna, humanizada e segura, inclusive no que concerne a escolha do parto, tendo ainda como
escopo identificar quais medidas jurídicas a serem adotadas frente a violação de direitos da
gestante na rede pública de saúde (SUS). Para melhor compreensão da temática utilizar-se-á
como metodologia a pesquisa bibliográfica de cunho qualitativa e descritiva, valendo-se de
registros documentais através do uso da literatura, legislação pertinente e julgados.

PALAVRAS-CHAVE: Direito da gestante. Parto. Tratamento humanizado.


ABSTRACT: Childbirth is characterized as a natural process since the beginning, however,
with technological advances, hospital birth procedures have been developed, resulting in the
medicalization of childbirth, which directly influences the autonomy of pregnant women in
terms of choosing the type of delivery. Based on this premise, the present work aims to
analyze pregnant women/parturients as subjects of law, who are entitled to dignified,

1
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, como parte dos
requisitos para obtenção de nota na disciplina, e conclusão do curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade
Gamaliel.
2
Acadêmica do curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade Gamaliel. Turma Direito 24. E-mail:
camilacarvalhedo@gmail.com
3
Professora orientador da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC 2)
4

humanized and safe assistance, including with regard to the choice of childbirth, also having
as scope to identify which legal measures to be adopted in view of the violation of pregnant
women's rights in the public health network (SUS). For a better understanding of the theme,
bibliographical research of a qualitative and descriptive nature will be used as a methodology,
using documentary records through the use of literature, relevant legislation and judgments.

KEYWORDS: Pregnant woman's right. Childbirth. Humanized treatment.

SUMÁRIO: RESUMO. INTRODUÇÃO. 1. BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA


MEDICALIZAÇÃO DO NASCIMENTO. 2. DIREITOS DA GESTANTE GARANTIDOS
LEGALMENTE. 2.1 Principio da dignidade da pessoa humana na escolha da via de parto. 3.
DIREITO A AUTONOMIA DA GESTANTE: UMA REFLEXÃO ACERCA DO PARTO
NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS). 4. PARTO HUMANIZADO COMO UM
DIREITO DA GESTANTE. CONSIDERAÇÕES FINAIS. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.

INTRODUÇÃO
A dignidade da pessoa humana é considerada o princípio basilar da Carta Magna de
1988, elencado em seu inciso III do artigo 1º, a qual tem como objetivo assegurar a pessoa
humana um mínimo de direitos que devem ser respeitados pela sociedade e também pelo
Estado, preservando então a liberdade individual e a personalidade.
Muito tem se discutido sobre o direito das gestantes e a preservação de sua dignidade,
tendo em vista o elevado índice de mortalidade materna e perinatal. Neste viés, a presente
pesquisa, busca apresentar os direitos das parturientes no que se refere a escolha do “tipo de
parto”, garantindo-lhe uma assistência humanizada e digna, tendo como parâmetro o direito à
liberdade de escolha da gestante, ressaltando que sua consequente violação pode ser
considerada uma forma de violência obstétrica.
Para melhor explanação do tema proposto, abordar-se-á sobre a medicalização do
parto, os tipos de partos e o direito de escolha da gestante, realizando breves esclarecimentos
acerca dos benefícios e riscos do procedimento escolhido. Por conseguinte, será levantado
uma reflexão sobre o direito a autonomia da gestante no Sistema único de Saúde (SUS),
destacando ainda, as consequências jurídicas frente a violação de direitos da parturiente.
No que tange ao direito de optar pelo tipo de parto que mais se sentir segura, o projeto
de lei nº 768/21, tem como proposta priorizar o direito a autonomia da gestante de escolher
pela realização de parto por cesariana no SUS, além da aplicação de analgesia, mesmo quando
escolhido o parto normal, desde que observada à indicação médica para o caso. (BRASIL,
2021).
5

Neste prisma, o Ministério da Saúde tem adotado uma série de medidas por meio de
políticas públicas de saúde voltadas para a proteção do direito à saúde e à dignidade da
mulher durante a gravidez e o parto, como o Programa de Humanização do Parto e
Nascimento em 2000, a Política de Humanização (2003) e mais recentemente criação da rede
de atenção instituída em 2011 pela Portaria nº 1.459, Rede Cegonha (BRASIL, 2012).
Recentemente em 2020 foi sancionado a lei de nº. 20.127, que alterou a lei anterior
19.701/2018, onde ressalta que tem que ser escolhido pela parturiente a melhor forma de se
ter o parto, devendo ter o acompanhamento do médico, deixando claro que essa escolha vale
tanto para a rede privada quanto para o Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo desta
forma a igualdade e isonomia para todas as mulheres.

1. BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA MEDICALIZAÇÃO DOS NASCIMENTOS


É sabido que o período gravídico é caracterizado como um processo de diversas
transformações na vida da mulher. No século XVIII, o parto consistia em um “ritual”
intrínseco a figura feminina, realizado por parteiras, sem assistência médica, as parteiras se
utilizavam de rezas, ervas, e demais forças consideradas sobrenaturais, para realizar o parto
(DEL PRIORE, 2016, 265).
A medicalização da assistência ao parto foi implementada após as reformas sanitárias,
tendo como base um discurso civilizatório, originando-se as primeiras maternidades e como
isso se estabelecendo uma nova visão sobre o parto, com base nos fundamentos da obstetrícia,
onde as parteiras deixam de protagonizar o referido evento. Com isso, a figura dos médicos
passou a ser característica dos partos, à época os homens que detinham o privilégio da
formação científica.
No Brasil, foi entre os anos 1960 e 1970 que a medicalização do parto e nascimento
começou a se estabelecer de fato. Mas as parteiras jamais desapareceram por
completo, estando presentes na atenção ao parto até os dias de hoje, e a história do
exercício deste ofício, bem como de sua marginalização, mostra que passou por
diferentes contextos de continuidades e descontinuidades da profissão (PAHARINI;
FIGUEIRA, 2018, p.1039 )

A medicalização do parto no Brasil se deu no século XX, inicialmente com


atendimentos “às escravas gestantes, mães solteiras, prostitutas e mulheres pobres”, que
serviam como experimentos para aqueles que estudavam a medicina. De acordo com Mott
(2002) a referida conduta tinha como base a nova ordem social, “assim, a saúde das mulheres
6

passava a interessar aos médicos, legisladores e governantes, por sua capacidade de


reproduzir filhos vivos e saudáveis”.
Registre-se que houve grande dificuldade na aceitação das mulheres em “parir” fora de
seu ambiente doméstico, tedo em vista, que teriam que ir a um hospital e ter contato com
efermos. “Dar à luz fora de casa era uma situação anormal, apavorante e procurada apenas em
casos extremos, sobretudo por pessoas tidas como desclassificadas socialmente. Nos casos
dos partos complicados, apenas as mulheres mais pobres, indigentes, prostitutas e mães
solteiras recorriam às Santas Casas, mantidas por caridade e benemerência” (Mott, 2002,
p.198).
Por conseguinte, os partos hospitalares, tornaram-se cada vez mais frequentes, até se
tornarem totalmente medicaliazados, estabelecendo-se o modelo médico de “atenção
hegemônico que exerce controle dos conhecimentos do corpo humano e da sexualidade, nesse
caso da mulher” (AGUIAR, 2013, p. 99).
Com as intervenções médicas constantes, o parto natural foi ficando cada vez em
maior desuso, tornando-se maior a incidência de partos cesarianas, que consiste na forma de
nascimento pela via cirúrgica, através de incisão feita no abdômen e no útero da gestante.
Embora a cesariana seja indicada em alguns casos, as parturientes estão sujeitas a infecções,
hemorragias, trombose, reações adversas a anestesia, dentre outros.

2. DIREITOS DA GESTANTE GARANTIDOS LEGALMENTE


2.1 Principio da dignidade da pessoa humana na escolha da via de parto
3. DIREITO A AUTONOMIA DA GESTANTE: UMA REFLEXÃO ACERCA DO
PARTO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
4. PARTO HUMANIZADO COMO UM DIREITO DA GESTANTE

CONSIDERAÇÕES FINAIS
7

REFERÊNCIAS

AGUIAR, J. M. (2010). Violência institucional em maternidades públicas: hostilidade ao


invés de acolhimento como uma questão de gênero. Tese de Doutorado, Programa de Pós-
graduação em Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, SP.
Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-21062010-175305/pt-
br.php. Acesso em 10 de julho de 2023.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em 18 de julho
de 2023.

PALHARINI, Luciana Aparecida; FIGUEIRÔA, Silvia Fernanda de Mendonça. Gênero,


história e medicalização do parto: a exposição “Mulheres e práticas de saúde”. História,
Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.25, n.4, out.-dez. 2018.

ZORZAM, Bianca. CAVALCANTE, Priscila. Direitos das mulheres no parto-


conversando com profissionais da saúde e do direito. 1. Ed. São Paulo. Câmara brasileira
do livro, 2017.

Você também pode gostar