Você está na página 1de 26

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NO PARTO

TAYNARA KEYKO GUERRA TAKAHASHI


CAMILLA DE SOUSA FREITAS VITORINO
SOLANGE PEREIRA SANTOS

ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS


OUTUBRO/2023
FACULDADE MAUÁ
ENFERMAGEM

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NO PARTO

Projeto de Pesquisa apresentado à


Faculdade Mauá de Águas Lindas de
Goiás, na disciplina TCC1, como
requisito para a obtenção de nota
avaliativa, sob orientação da professora
Luana Guimarães

TAYNARA KEYKO GUERRA TAKAHASHI


CAMILLA DE SOUSA FREITAS VITORINO
SOLANGE PEREIRA SANTOS

ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS


OUTUBRO/2023
SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO 3
2- OBJETIVOS 4
4- REVISÃO TEÓRICA 7
5- METODOLOGIA 9
6- O QUE É VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA? 10
7- QUAL A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO COMO ASSISTÊNCIA NO PARTO 12
8- VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E MARCOS LEGAIS 14
9- PARTO HUMANIZADO 16
10- A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E A
ASSISTÊNCIA AO PARTO 18
11- A LUTA FEMININA CONTRA A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA 20
12- CONSIDERAÇÕES FINAIS 22
13- BIBLIOGRAFIA 23
1- INTRODUÇÃO

A violência obstétrica é uma questão complexa e delicada que tem recebido


crescente atenção em debates sobre os direitos das mulheres e a qualidade da
assistência à saúde reprodutiva. Este fenômeno, caracterizado por práticas abusivas,
desrespeitosas e violentas durante o parto, tem suscitado preocupações em relação à
garantia da dignidade, autonomia e bem-estar das mulheres no contexto do
nascimento.
Por outro lado, a humanização da assistência no parto emergiu como uma
abordagem fundamental para promover um ambiente respeitoso e acolhedor,
valorizando as necessidades emocionais, sociais e fisiológicas das mulheres durante o
processo de dar à luz. Nesse contexto, a humanização da assistência ao parto destaca
a importância do respeito à autonomia da mulher, da tomada de decisões
compartilhadas, da minimização de intervenções desnecessárias e do estímulo ao
vínculo emocional entre mãe e bebê.
Diante desse cenário, a interface entre a violência obstétrica e a humanização do
parto torna-se evidente, abrindo espaço para reflexões sobre como garantir uma
experiência de parto respeitosa, segura e positiva para as mulheres. Nesta perspectiva,
explorar o impacto da violência obstétrica, as estratégias de promoção da humanização
do parto e o papel das políticas públicas e da conscientização social torna-se essencial
para avançar na garantia dos direitos reprodutivos das mulheres e na construção de
práticas de saúde mais éticas e centradas na mulher.

3
2- OBJETIVOS

2.1. OBJETIVOS GERAIS

O objetivo geral deste tema é analisar a interface entre a violência obstétrica e a


humanização da assistência no parto, buscando compreender as implicações dessa
relação para os direitos das mulheres, a qualidade da atenção obstétrica e o bem-estar
materno e neonatal.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Investigar as diferentes formas de violência obstétrica, incluindo práticas


abusivas, desrespeitosas e negligentes, e seu impacto na experiência das mulheres
durante o parto.
2. Analisar as estratégias e práticas associadas à humanização da assistência no
parto, destacando a promoção da autonomia, a criação de um ambiente acolhedor e o
estímulo ao vínculo mãe-bebê.
3. Avaliar o papel das políticas públicas, protocolos de atendimento e
capacitação profissional na prevenção da violência obstétrica e na promoção da
humanização do parto.
4. Examinar o impacto da conscientização social e do empoderamento das
mulheres na defesa de seus direitos reprodutivos e na busca por uma assistência ao
parto digna e respeitosa.
5. Propor estratégias e recomendações para a construção de práticas de atenção
obstétrica baseadas no respeito, na ética e no cuidado centrado na mulher, visando a
redução da violência obstétrica e a promoção da humanização do parto.

4
3- JUSTIFICATIVA
A relevância de abordar a violência obstétrica e a humanização da assistência no
parto se fundamenta em diversos aspectos de natureza social, ética, e de saúde
pública.
A justificativa para explorar esses temas é respaldada pelos seguintes pontos:
Direitos das Mulheres: A violência obstétrica representa uma violação dos
direitos humanos das mulheres, afetando sua integridade física, emocional e
psicológica durante um momento crucial de suas vidas. A análise desse fenômeno
reforça a necessidade de assegurar a dignidade, a autonomia e o respeito às escolhas
das mulheres no contexto do parto.
Qualidade da Assistência Obstétrica: A identificação e compreensão das práticas
de violência obstétrica são essenciais para a melhoria da qualidade da assistência
obstétrica, contribuindo para a promoção de práticas seguras, respeitosas e baseadas
em evidências, bem como para a redução de complicações evitáveis durante o parto.
Bem-estar Materno e Neonatal: A violência obstétrica pode ter impactos
negativos na saúde materna e neonatal, prejudicando o vínculo afetivo entre mãe e
bebê. A humanização da assistência no parto, por sua vez, busca garantir uma
experiência positiva, promover a saúde física e emocional da mãe e do recém-nascido,
e estimular um início de vida saudável.
Conscientização e Mudança de Práticas: A análise crítica da violência obstétrica
e a promoção da humanização do parto visam catalisar a conscientização pública,
estimular a mudança de práticas no cuidado obstétrico e fortalecer a advocacia em
torno do respeito, da dignidade e dos direitos reprodutivos das mulheres.
Políticas Públicas e Atenção Integral: A compreensão da interface entre violência
obstétrica e humanização do parto subsidia a formulação de políticas públicas,
diretrizes clínicas e estratégias de capacitação profissional voltadas para a promoção
de uma atenção ao parto integral, ética e centrada na mulher.

5
Dessa forma, a abordagem desses temas se justifica pela sua relevância na
garantia da integridade, dos direitos e do bem-estar das mulheres, bem como na
promoção de práticas de assistência ao parto embasadas no respeito, na ética e no
cuidado humanizado.

6
4- REVISÃO TEÓRICA

A revisão teórica sobre violência obstétrica e humanização da assistência no


parto envolve a análise de diversas abordagens e conceitos que fundamentam esses
temas.
Alguns pontos essenciais a serem abordados na revisão teórica incluem:
Definição de Violência Obstétrica: Esta seção aborda as definições e
manifestações da violência obstétrica, incluindo práticas de abuso, desrespeito,
discriminação e maus-tratos durante a assistência ao parto. Será explorada a
intersecção entre questões de gênero, poder e autonomia reprodutiva, destacando a
importância de reconhecer a violência obstétrica como uma violação dos direitos
humanos.
Impactos da Violência Obstétrica: A revisão teórica também considera os
impactos da violência obstétrica na saúde física e emocional das mulheres, abordando
os efeitos a curto e longo prazo sobre o bem-estar materno, o vínculo mãe-bebê e a
saúde mental. Além disso, são discutidos os efeitos negativos sobre o acesso aos
serviços de saúde e a busca por cuidados no ciclo gravídico-puerperal.
Humanização da Assistência no Parto: Este tópico abrange os princípios e
práticas relacionadas à humanização do parto, incluindo o respeito à autonomia da
mulher, a promoção do parto natural e o estímulo ao contato pele a pele imediato entre
mãe e bebê. A revisão teórica investigará evidências científicas que respaldam a
humanização como uma abordagem que busca reduzir intervenções desnecessárias e
promover experiências positivas de parto.
Estratégias e Políticas de Promoção da Humanização: Serão abordadas as
estratégias adotadas por sistemas de saúde e instituições para promover a
humanização da assistência ao parto, incluindo diretrizes clínicas, capacitação de
profissionais de saúde, envolvimento da família e modelos de atenção centrados na
mulher.

7
Marco Legal e Direitos Humanos: A revisão teórica também explora o contexto
legal e os marcos regulatórios relacionados à violência obstétrica e à humanização do
parto, destacando as leis, convenções e declarações que respaldam os direitos
reprodutivos e a qualidade da assistência obstétrica.
Ao final, a revisão teórica busca integrar os diferentes aspectos e perspectivas
abordadas, oferecendo uma compreensão abrangente e fundamentada sobre a
violência obstétrica e a humanização da assistência no parto, com base em
contribuições acadêmicas, científicas, legais e éticas.

8
5- METODOLOGIA

Para abordar os temas da violência obstétrica e humanização da assistência no


parto, é crucial adotar uma metodologia que incorpore diferentes perspectivas e fontes
de informação.
Realizar uma revisão sistemática da literatura científica sobre violência obstétrica
e humanização da assistência no parto é essencial para compreender a extensão das
pesquisas existentes, identificar lacunas no conhecimento e avaliar as tendências e
perspectivas atuais.
Revisão bibliográfica: Realizar uma revisão sistemática da literatura científica
sobre violência obstétrica, humanização do parto, direitos das mulheres, aspectos
legais e éticos da assistência ao parto. Isso ajudará a fornecer uma base teórica sólida
para o entendimento desses conceitos.
Análise comparativa: Realizar uma análise comparativa entre diferentes modelos
de assistência ao parto, incluindo abordagens hospitalares, domiciliares, centradas na
mulher e medicalizadas. Compreender as diferentes práticas ao redor do mundo pode
oferecer insights sobre as melhores práticas para promover a humanização e prevenir a
violência obstétrica.
Ao combinar essas diferentes abordagens metodológicas, é possível obter uma
compreensão mais abrangente e aprofundada da violência obstétrica e das estratégias
para promover a humanização da assistência no parto. Essa abordagem multidisciplinar
pode contribuir significativamente para a formulação de recomendações e iniciativas de
intervenção que buscam melhorar a qualidade da assistência ao parto e promover os
direitos das mulheres.

9
6- O QUE É VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA?

A violência obstétrica é caracterizada por práticas abusivas, desrespeitosas,


negligentes ou discriminatórias que ocorrem durante o pré-natal, parto, pós-parto e
atendimento relacionado à reprodução. Essas práticas podem afetar negativamente a
integridade física, emocional e psicológica das mulheres, interferindo em sua
autonomia, dignidade e direitos reprodutivos. Além disso, a violência obstétrica pode
impactar negativamente a experiência do parto e contribuir para consequências
adversas à saúde materna e neonatal.
Alguns exemplos de violência obstétrica incluem:
1. Falta de consentimento informado: Realização de procedimentos médicos sem
o consentimento adequado da mulher.
2. Desrespeito à privacidade: Exposição desnecessária do corpo da mulher,
realização de exames invasivos sem a devida privacidade ou sem o consentimento da
mulher.
3. Abuso verbal ou emocional: Agressões verbais, humilhações, ou
desconsideração das necessidades e desejos da mulher durante o parto.
4. Negligência: Falta de atendimento adequado, recusa em prestar assistência
durante o parto, ou falta de acompanhamento pós-parto adequado.
5. Intervenções desnecessárias: Realização de procedimentos médicos invasivos
sem justificativa clínica, como episiotomias desnecessárias, uso excessivo de
medicamentos para indução ou aceleração do parto, entre outros.
6. Discriminação: Tratamento diferenciado com base em etnia, idade, orientação
sexual, estado civil, ou outras características pessoais.
A violência obstétrica pode ocorrer em diferentes contextos e envolver diversos
profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, parteiras e outros membros da
equipe de assistência obstétrica.
É importante ressaltar que a violência obstétrica viola os direitos humanos das
mulheres, aprofunda as desigualdades de gênero na área da saúde, e tem impactos

10
negativos na saúde física e mental das mulheres. Por isso, a conscientização, a
educação dos profissionais de saúde e a implementação de políticas que promovam a
humanização da assistência ao parto são fundamentais para prevenir e enfrentar esse
problema.

11
7- QUAL A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO COMO ASSISTÊNCIA NO PARTO

A humanização da assistência no parto é de extrema importância, uma vez que


visa garantir o respeito aos direitos e à dignidade das mulheres durante o processo de
gestação, parto e pós-parto. Ao oferecer uma abordagem humanizada, a equipe de
saúde busca proporcionar uma experiência de parto mais respeitosa, segura e
participativa, levando em consideração as necessidades físicas, emocionais e
psicológicas da parturiente.
Alguns dos aspectos fundamentais da humanização da assistência no parto
incluem:
1. Respeito à autonomia e escolhas da mulher: Permitir que a mulher participe
ativamente das decisões relacionadas ao parto, respeitando suas preferências em
relação a posições para o parto, métodos de alívio da dor, entre outros aspectos.
2. Diminuição da medicalização excessiva: Promover a adoção de práticas
baseadas em evidências, evitando intervenções médicas desnecessárias, a menos que
sejam clinicamente justificadas, e permitindo que o processo do parto siga seu curso
natural.
3. Apoio emocional e informacional: Oferecer suporte emocional, encorajamento
e informações claras e compreensíveis sobre o processo do parto, possibilitando que a
mulher se sinta acolhida e empoderada durante o trabalho de parto.
4. Ambiente acolhedor: Criar um ambiente físico que proporcione conforto e
segurança, reconhecendo as necessidades de privacidade e a importância do apoio
emocional por parte dos profissionais de saúde.
5. Vínculo mãe-bebê: Incentivar o contato pele a pele imediato após o parto,
promovendo o vínculo afetivo entre a mãe e o recém-nascido.
A humanização da assistência no parto não apenas contribui para uma
experiência mais positiva e respeitosa para a mulher, mas também pode ter impactos
positivos na saúde materna e neonatal. Quando a mulher se sente apoiada, ouve suas
necessidades respeitadas e recebe cuidados personalizados e humanizados, isso pode

12
contribuir para a redução do estresse durante o parto e para a promoção de resultados
mais satisfatórios, tanto em termos de satisfação da mulher quanto em relação à saúde
do bebê.
Além disso, a humanização da assistência no parto está alinhada com a
promoção do parto seguro e respeitoso, reconhecendo o parto como um momento de
grande importância fisiológica, emocional e social, e não apenas um evento médico a
ser controlado unicamente por intervenções clínicas.
Portanto, a humanização da assistência no parto é essencial para garantir uma
abordagem centrada na mulher, respeitando seus direitos reprodutivos, autonomia e
bem-estar, e contribuindo para a promoção de uma cultura de respeito e cuidado na
atenção obstétrica.

13
8- VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E MARCOS LEGAIS

A violência obstétrica refere-se a práticas e condutas que desrespeitam os


direitos humanos das mulheres durante a gravidez, parto, pós-parto e aborto. Ela pode
incluir abusos físicos, verbais, psicológicos, negligência, discriminação e procedimentos
médicos desnecessários ou não consensuais. No contexto obstétrico, a violência pode
ocorrer em diferentes formas, como falta de informação, desrespeito à autonomia da
mulher, discriminação devido a raça, etnia ou condição socioeconômica, entre outras
situações.
Vários países têm reconhecido a importância de combater a violência obstétrica
e têm implementado marcos legais e políticos para proteger os direitos das mulheres
durante a gravidez e o parto. Alguns exemplos de marcos legais e políticos
relacionados à violência obstétrica incluem:
1. Legislação específica: Alguns países têm introduzido leis específicas que
abordam a violência obstétrica, estabelecendo diretrizes sobre o cuidado humanizado,
respeito à autonomia da mulher, consentimento informado, e proibição de práticas
abusivas.
2. Diretrizes e protocolos de boas práticas: Organizações de saúde, governos e
instituições acadêmicas têm desenvolvido diretrizes e protocolos de boas práticas que
visam promover um ambiente respeitoso e seguro para as mulheres durante a gravidez,
parto e pós-parto.
3. Sensibilização e capacitação dos profissionais de saúde: Iniciativas de
formação e educação continuada para profissionais de saúde visam aumentar a
conscientização sobre a violência obstétrica, promover a empatia e o respeito, e
implementar práticas baseadas em evidências e respeitosas.
4. Órgãos de defesa dos direitos humanos: O fortalecimento de órgãos de defesa
dos direitos humanos, mecanismos de denúncia e canais de atendimento a vítimas de
violência obstétrica também tem sido uma estratégia importante em muitos países.

14
É fundamental que a legislação e os marcos legais em relação à violência
obstétrica reconheçam os direitos reprodutivos das mulheres, como autonomia,
informação, consentimento informado e dignidade. Além disso, é importante que estes
marcos legais incentivem a prestação de cuidados respeitosos, éticos e baseados em
evidências científicas durante o período gestacional e parto.
A conscientização e a denúncia são aspectos fundamentais na luta contra a
violência obstétrica. Mulheres, profissionais de saúde e a sociedade civil como um todo
desempenham um papel crucial na identificação, prevenção e denúncia de práticas
abusivas.
É importante destacar que a violência obstétrica afeta não apenas as mulheres,
mas também tem impactos diretos na saúde física e emocional dos recém-nascidos.
Portanto, a proteção dos direitos das mulheres durante o ciclo reprodutivo é um
elemento-chave na promoção da saúde materna e infantil.
Em resumo, a luta contra a violência obstétrica requer uma abordagem
abrangente, que compreenda a implementação de marcos legais, políticas, protocolos
de boas práticas, programas de sensibilização e educação continuada, além do
fortalecimento dos mecanismos de denúncia e proteção dos direitos humanos das
mulheres.

15
9- PARTO HUMANIZADO

O parto humanizado é uma abordagem que coloca a mulher e suas


necessidades no centro do processo de parto, respeitando sua autonomia, dignidade, e
proporcionando um ambiente de apoio emocional, físico e psicológico. Esta abordagem
reconhece o parto como um evento fisiológico e natural, incentivando a participação
ativa da mulher nas decisões relacionadas ao seu parto e promovendo práticas que
respeitem o seu corpo e a dinâmica do nascimento.
No contexto do parto humanizado, a mulher é considerada como a protagonista
do processo, sendo encorajada a expressar suas preferências em relação ao parto e a
contar com o suporte de profissionais de saúde que respeitem e valorizem suas
escolhas. Além disso, o parto humanizado preconiza a redução de intervenções
desnecessárias, o respeito ao tempo natural do trabalho de parto, a possibilidade de
adotar posições confortáveis para o parto, o estímulo ao contato pele a pele imediato
entre mãe e bebê, e o estímulo à amamentação precoce.
Entre os aspectos fundamentais do parto humanizado incluem-se:
1. Informação e Empoderamento: A mulher recebe informações claras e
baseadas em evidências sobre o processo de parto, suas opções de cuidados e a
capacidade de tomar decisões informadas em parceria com sua equipe de saúde.
2. Apoio contínuo: Durante o trabalho de parto, profissionais de saúde oferecem
suporte emocional e físico, inclusive encorajando a expressão das necessidades da
parturiente, garantindo a sua segurança e conforto.
3. Respeito à fisiologia do parto: O parto é entendido como um processo natural,
e as intervenções médicas são utilizadas de forma criteriosa, respeitando o ritmo do
corpo da mulher.
4. Vínculo mãe-bebê: O parto humanizado incentiva o estabelecimento imediato
do contato entre a mãe e o bebê após o nascimento, promovendo o aleitamento
materno precoce e a formação de um vínculo afetivo seguro desde os primeiros
momentos de vida.

16
No entanto, é importante ressaltar que o parto humanizado não exclui a
assistência médica quando necessária. Quando surgem complicações ou riscos para a
mãe ou o bebê, a intervenção médica é fundamental e deve ser realizada com ética e
respeito.
No contexto global, o movimento pelo parto humanizado tem ganhado cada vez
mais espaço, levando à implementação de políticas de saúde que visam a promoção
desta abordagem nos sistemas de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem
destacado a importância da abordagem do parto humanizado como uma prática a ser
promovida em todo mundo, reconhecendo os benefícios para a saúde materna,
neonatal e para a promoção do vínculo mãe-bebê.
Em resumo, o parto humanizado visa criar um ambiente de respeito, cuidado e
apoio à mulher durante o processo do parto, promovendo a sua participação ativa,
autonomia, e o bem-estar físico e emocional. Este enfoque tem impactos significativos
não apenas para a mulher, mas também para a saúde do recém-nascido e para o
fortalecimento do vínculo entre mãe e filho.

17
10- A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA
OBSTÉTRICA E A ASSISTÊNCIA AO PARTO

O papel do enfermeiro na assistência ao parto é fundamental para garantir o


bem-estar da mãe e do recém-nascido, fornecendo cuidados especializados e apoio
emocional durante esse momento crucial. A importância do enfermeiro nesse contexto
pode ser destacada em vários aspectos:
Preparação e Educação: O enfermeiro prepara a gestante para o parto,
oferecendo orientação sobre o processo, técnicas de respiração, posições para o
trabalho de parto, entre outras informações relevantes. Esse suporte educacional ajuda
a reduzir a ansiedade da paciente e contribui para um parto mais tranquilo.
Monitoramento e Avaliação: Durante o trabalho de parto, o enfermeiro monitora
constantemente os sinais vitais da mãe e do bebê, avalia a progressão do trabalho de
parto e identifica precocemente quaisquer complicações que possam surgir. Essa
vigilância ativa é essencial para a segurança da mãe e da criança.
Assistência durante o Parto: O enfermeiro desempenha um papel ativo durante o
parto, fornecendo suporte físico e emocional à parturiente, fazendo a administração de
medicamentos prescritos, e auxiliando no alívio da dor, seja por métodos não
farmacológicos como massagens e banhos, ou por meio da administração de analgesia
conforme protocolos estabelecidos.
Promoção do Parto Seguro: O enfermeiro está preparado para identificar e
intervir em situações de emergência, garantindo que medidas sejam tomadas
rapidamente quando necessário, como em casos de hemorragias, sofrimento fetal ou
outras complicações.
Vínculo Mãe-Bebê: Após o nascimento, o enfermeiro apoia o estabelecimento do
vínculo entre mãe e bebê, incluindo a primeira amamentação e cuidados iniciais,
proporcionando um ambiente acolhedor e seguro para essa transição.

18
Advocacia e Apoio Emocional: O enfermeiro atua como defensor da parturiente,
garantindo que suas preferências e necessidades sejam respeitadas sempre que
possível. Além disso, oferece suporte emocional, encorajando a mulher durante o
trabalho de parto e auxiliando na tomada de decisões para o seu bem-estar e o do
bebê.
Por meio de todas essas ações, o enfermeiro desempenha um papel crucial na
assistência ao parto, promovendo a segurança, o bem-estar e a experiência positiva da
parturiente, e contribuindo para um início saudável e seguro da vida do recém-nascido.

19
11- A LUTA FEMININA CONTRA A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

A luta feminina contra a violência obstétrica é parte integrante do movimento


global em prol dos direitos das mulheres e da saúde reprodutiva. A violência obstétrica
é caracterizada por práticas abusivas, desrespeitosas, coercivas, e/ou violentas durante
o parto, que resultam em danos físicos ou psicológicos para a mulher. Essas práticas
podem incluir intervenções médicas desnecessárias, tratamento desumano,
discriminação, humilhação e falta de consentimento informado.
As mulheres, ativistas, profissionais de saúde e defensores dos direitos humanos
têm se unido para denunciar e combater a violência obstétrica, buscando o respeito
pela autonomia, dignidade e direitos das mulheres durante o parto. Este movimento tem
sido impulsionado por relatos de experiências traumáticas de parto, bem como por
evidências de práticas obstétricas prejudiciais em todo o mundo.
A luta feminina contra a violência obstétrica envolve esforços para conscientizar
a população sobre esse problema, promover a legislação e políticas que protejam os
direitos das mulheres durante o parto, além de fornecer suporte e recursos para as
mulheres que foram vítimas de violência obstétrica.
As estratégias adotadas incluem campanhas de conscientização, advocacia por
mudanças nas práticas médicas e protocolos hospitalares, educação para profissionais
de saúde, empoderamento das mulheres para que possam fazer escolhas informadas
sobre seus cuidados durante o parto, e a promoção de abordagens humanizadas e
respeitosas para o parto e nascimento.
Organizações não governamentais, profissionais de saúde, acadêmicos e
defensores dos direitos das mulheres têm desempenhado um papel fundamental na
defesa do combate à violência obstétrica. A criação de espaços seguros para as
mulheres compartilharem suas experiências, a coleta de dados sobre violência
obstétrica e o engajamento de profissionais de saúde colaborativos, fazem parte das
iniciativas para erradicar essa forma de violência.

20
É fundamental reconhecer que a violência obstétrica não apenas viola os direitos
das mulheres, mas também tem impactos negativos na saúde física e mental, no
vínculo mãe-filho, e na continuidade de cuidados de saúde. Ao promover o respeito
pelos direitos humanos durante o parto, a luta feminina contra a violência obstétrica
busca garantir partos seguros, respeitosos e centrados nas necessidades das
mulheres.
Além disso, o movimento luta por mudanças estruturais que levem a uma
abordagem mais holística e centrada na mulher em relação ao cuidado obstétrico,
promovendo a autonomia das mulheres, proporcionando-lhes informações de qualidade
e garantindo que sejam tratadas com respeito e compaixão durante o parto.
A conscientização sobre a violência obstétrica e a defesa por práticas de
assistência ao parto mais humanizadas estão se tornando cada vez mais proeminentes,
impulsionando mudanças tanto nas práticas clínicas quanto nas políticas de saúde
pública em muitas partes do mundo. No entanto, é necessário um esforço contínuo para
garantir que as mulheres possam dar à luz em um ambiente seguro e respeitoso, livre
de violência e coerção.
Em conclusão, a luta feminina contra a violência obstétrica é fundamental para
garantir que as mulheres tenham uma experiência positiva e respeitosa durante o parto.
Ao desafiar práticas desumanas, criando consciência e advogando por mudanças
estruturais, esse movimento está contribuindo significativamente para a promoção dos
direitos das mulheres e para a melhoria da assistência ao parto em todo o mundo.

21
12- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar a discussão sobre violência obstétrica e humanização da assistência


no parto, é importante destacar a urgência de promover práticas de cuidado
respeitosas, empáticas e sensíveis às necessidades das mulheres durante o processo
de gestação, parto e puerpério. A violência obstétrica representa uma violação dos
direitos reprodutivos e humanos das mulheres, impactando negativamente sua
experiência de parto e saúde física e emocional.
A humanização da assistência no parto, por sua vez, busca garantir que as
mulheres sejam tratadas com dignidade, tenham autonomia para tomar decisões
informadas sobre seu parto, e recebam apoio emocional e físico adequado. Este
enfoque ressalta a importância de criar um ambiente acolhedor e de respeito mútuo
entre os profissionais de saúde e as mulheres, reconhecendo a singularidade de cada
processo de parto.
Para avançar nessa direção, é essencial o fortalecimento de políticas públicas
voltadas para a promoção da humanização do parto, assim como a capacitação dos
profissionais de saúde em práticas baseadas em evidências e centradas nas
necessidades e desejos das mulheres.
Além disso, o combate à violência obstétrica requer a conscientização da
sociedade sobre os direitos das mulheres durante o parto, o estímulo à denúncia de
casos de abuso e desrespeito, assim como a responsabilização dos autores dessas
práticas.
Em última análise, a superação da violência obstétrica e a promoção da
humanização do parto requerem um esforço conjunto entre gestores de saúde,
profissionais, mulheres e a sociedade em geral, visando garantir experiências de parto
seguras, respeitosas e empoderadoras para todas as mulheres.

22
13- BIBLIOGRAFIA

Livros:

1. "Violência Obstétrica: O que é, por que é feita, como prevenir", de Melania Amorim e
Simone Diniz.
2. "Humanização do Parto: Uma Análise Crítica", de Heloisa Lessa e Lígia Moreira
Almeida.
3. "Parto Humanizado: Reflexões e Experiências", de Elvira Pimentel e Emília Braga.

Artigos Científicos:

1. Bohren, M. A., Vogel, J. P., Hunter, E. C., et al. (2015). "The Mistreatment of Women
during Childbirth in Health Facilities Globally: A Mixed-Methods Systematic Review."
PLOS Medicine, 12(6), e1001847.
2. Diniz, C. S., d’Orsi, E., Domingues, R. M., et al. (2014). "Violência obstétrica e
cesárea no Brasil: resultados da Pesquisa Nascer no Brasil." Cadernos de Saúde
Pública, 30(Sup 1), S169-S182.
3. Davis-Floyd, R., & Gutschow, K. (2006). "Ecstatic Birth: Nature and Sensation in
Hospital Births." Social Science & Medicine, 62(10), 2123-2135.

Guias e Documentos Técnicos:

1. Organização Mundial da Saúde (OMS). (2018). "Intrapartum Care for a Positive


Childbirth Experience."
2. Ministério da Saúde (Brasil). (2014). "Humanização do parto e do nascimento."
3. Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (ReHuNa). (2000). "Carta de
Princípios da Humanização do Parto."

23
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

IV - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - Resolução 196/96 CONEP

O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após
consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou por
seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na pesquisa.

IV.1 - Exige-se que o esclarecimento dos sujeitos se faça em linguagem acessível e


que inclua necessariamente os seguintes aspectos:

a) a justificativa, os objetivos e os procedimentos que serão utilizados na pesquisa;


b) os desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados;
c) os métodos alternativos existentes;
d) a forma de acompanhamento e assistência, assim como seus responsáveis;
e) a garantia de esclarecimento, antes e durante o curso da pesquisa, sobre a
metodologia, informando a possibilidade de inclusão em grupo controle ou placebo;
f) a liberdade do sujeito se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em
qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado;
g) a garantia do sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados
confidenciais envolvidos na pesquisa;
h) as formas de ressarcimento das despesas decorrentes da participação na pesquisa;
e
i) as formas de indenização diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa.

IV.2 - O termo de consentimento livre e esclarecido obedecerá aos seguintes requisitos:


a) ser elaborado pelo pesquisador responsável, expressando o cumprimento de cada
uma das exigências acima;
b) ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa que referenda a investigação;
c) ser assinado ou identificado por impressão dactiloscópica, por todos e cada um dos
sujeitos da pesquisa ou por seus representantes legais; e
d) ser elaborado em duas vias, sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por seu
representante legal e uma arquivada pelo pesquisador.

IV.3 - Nos casos em que haja qualquer restrição à liberdade ou ao esclarecimento


necessários para o adequado consentimento, deve-se ainda observar:
a) em pesquisas envolvendo crianças e adolescentes, portadores de perturbação ou
doença mental e sujeitos em situação de substancial diminuição em suas capacidades
de consentimento, deverá haver justificação clara da escolha dos sujeitos da pesquisa,
especificada no protocolo, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, e cumprir as
exigências do consentimento livre e esclarecido, através dos representantes legais dos
24
referidos sujeitos, sem suspensão do direito de informação do indivíduo, no limite de
sua capacidade;
b) a liberdade do consentimento deverá ser particularmente garantida para aqueles
sujeitos que, embora adultos e capazes, estejam expostos a condicionamentos
específicos ou à influência de autoridade, especialmente estudantes, militares,
empregados, presidiários, internos em centros de readaptação, casas-abrigo, asilos,
associações religiosas e semelhantes, assegurando-lhes a inteira liberdade de
participar ou não da pesquisa, sem quaisquer represálias;
c) nos casos em que seja impossível registrar o consentimento livre e esclarecido, tal
fato deve ser devidamente documentado com explicação das causas da impossibilidade
e parecer do Comitê de Ética em Pesquisa;
d) as pesquisas em pessoas com o diagnóstico de morte encefálica só podem ser
realizadas desde que estejam preenchidas as seguintes condições:
- documento comprobatório da morte encefálica (atestado de óbito);
- consentimento explícito dos familiares e/ou do responsável legal, ou manifestação
prévia da vontade da pessoa;
- respeito total à dignidade do ser humano sem mutilação ou violação do corpo;
- sem ônus econômico financeiro adicional à família;
- sem prejuízo para outros pacientes aguardando internação ou tratamento;
- possibilidade de obter conhecimento científico relevante, novo e que não possa ser
obtido de outra maneira;
e) em comunidades culturalmente diferenciadas, inclusive indígenas, deve-se contar
com a anuência antecipada da comunidade através dos seus próprios líderes, não se
dispensando, porém, esforços no sentido de obtenção do consentimento individual;
f) quando o mérito da pesquisa depender de alguma restrição de informações aos
sujeitos, tal fato deve ser devidamente explicitado e justificado pelo pesquisador e
submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa. Os dados obtidos a partir dos sujeitos da
pesquisa não poderão ser usados para outros fins que os não previstos no protocolo
e/ou no consentimento.

25

Você também pode gostar