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SALVADOR/BA
2021
BEATRIZ SANTANA OLIVEIRA
SALVADOR/BA
2021
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SUMÁRIO
2. OBJETIVO…………….…………….……….……….….………………………………3
3. ORIENTAÇÃO TEÓRICA……..…………….…….……..........…………….………..3
4. MÉTODO……………………………………………………………………………..…4
5. RESULTADO E CONCLUSÕES………………………………………………….…..5
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………….……………….………….…..........6
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INTRODUÇÃO E A RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA SOCIAL E OS NÍVEIS DE
RACISMO
O racismo é um fenômeno complexo e que se manifesta de diferentes formas e em múltiplas
esferas da sociedade. Lima (2020) atribui a ele duas características essenciais: a primeira é a
sua capacidade de mudar, se transformar e se adaptar a novos contextos de relações entre
grupos e de normas sociais. A segunda é a ruptura entre atitudes e comportamentos, na qual,
ainda que a maioria das pessoas admita a existência desse fenômeno, elas raramente admitem
compactuar e participar dele.
Lima (2020) destaca que as expressões do racismo, embora se manifestem no âmbito das
relações interpessoais e entre indivíduos, são apenas facetas da complexa configuração que
caracteriza o fenômeno do racismo como um todo, que é também sistêmico e se manifesta
nos níveis cultural e estrutural/institucional.
A Psicologia Social é uma excelente ferramenta para analisar os mecanismos que regem essa
relação do macro (estrutural) ao micro (individual) no fenômeno do racismo: a expressão de
um comportamento racista que escapa do controle voluntário e da percepção crítica dos
indivíduos, por exemplo — o chamado “preconceito automático” — é uma pauta constante
nos estudos da Psicologia Social, sendo tal fenômeno associado ao das atitudes implícitas. As
teorias implícitas da personalidade tendem a ocorrer automaticamente e sem a nossa
consciência; quando se trata de como conscientemente explicamos o comportamento de outra
pessoa, tem-se a chamada teoria da atribuição de causalidade, que analisa o modo como
inferimos as causas do comportamento de outras pessoas. Fritz Heider descreve que quando
tentamos deduzir o motivo pelo qual uma pessoa age de certa maneira, podemos chegar a
uma atribuição interna (a pessoa se comporta de certa forma por conta de algo intrínseco e
próprio dela, como sua atitude, caráter ou personalidade) ou a uma atribuição externa (a
pessoa se comporta de tal forma devido a algo circunstancial, uma situação particular em que
ela se encontra, na qual a maioria das pessoas responderia da mesma forma). Os autores
discutem como o tipo de atribuição varia de acordo com a maneira como indivíduos se
relacionam e conhecem a realidade ao seu redor, podendo influenciar fortemente no modo
como julgam as pessoas. Uma sociedade estruturada em fundamentos racistas, portanto, tende
a produzir tipos de atribuição igualmente racistas, cabendo à Psicologia Social analisar a
fundo como essa interação estrutural-individual ocorre, justificando, generalizando e
perpetuando comportamentos preconceituosos.
OBJETIVO
Analisar como o contexto estrutural e a ideologia do sistema socioeconômico vigente ajuda a
produzir discursos que justificam o racismo e o ajudam a se perpetuar através de
comportamentos a nível individual.
ORIENTAÇÃO TEÓRICA
O racismo individual, expresso nas relações interpessoais, pode ter duas subdimensões: a
primeira é o racismo inconsciente ou implícito, no qual a expressão de um comportamento
racista escapa do controle voluntário e da percepção crítica dos indivíduos. A segunda
subdimensão diz respeito ao racismo expresso, que pode ocorrer no nível privado ou em
contexto público, como no futebol e na política. No plano cultural, o racismo encontra-se
propagado por comportamentos, expressões, estereótipos e representações que preveem
“espaços sociais específicos, formas de autoapresentação/representação predeterminadas e
territórios de mobilidade limitados para o negro”, fazendo cair sobre eles estereótipos sociais
negativos ou pseudopositivos que são perpetuados e reproduzidos através de meios de
comunicação de massa como a TV e o cinema, por exemplo. O racismo institucional diz
respeito ao nível macro do sistema social, abrangendo as “instituições, ideologias e a outros
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processos que interagem uns com os outros para gerar e reforçar as desigualdades entre
brancos e negros”.
Essas esferas constantemente influenciam umas às outras: Lima (2020) esquematiza em um
quadro o fluxo dinâmico nas relações entre o espectro e os espaços de expressão do racismo
com seus níveis de produção. (Figura 1). O esquema a variação nos níveis de expressão do
racismo (não consciente, privado e público) e sua relação com o âmbito das relações sociais
(interpessoal e intergrupal), considerando também os âmbitos de manifestação do racismo
(individual, cultural e institucional), para gerar tipos de racismo (infrarracismo, racismo
fragmentado, racismo político e racismo total).
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Observa-se, com o quadro, que o racismo no âmbito individual, que se confunde com o
preconceito explícito, está também englobado pelo racismo cultural/grupal, indicando que
uma cultura racista molda e influencia o comportamento racista no âmbito interpessoal e
individual. Da mesma forma, o racismo no âmbito institucional abarca em seu espaço de
manifestação também as esferas cultural e individual, de modo que uma estrutura pautada em
elementos racistas constantemente necessita ser legitimada por uma cultura que a fundamente
e hábitos individuais que a mantenha vigente.
MÉTODO
Para alcançar os objetivos almejados por esse trabalho, realizou-se uma revisão bibliográfica
de autores da Psicologia Social e foram coletados, de artigos científicos, dois experimentos: o
primeiro deles foi o discutido por Almeida et al. (2003), que estudaram a influência de um
discurso justificador da discriminação sobre o preconceito racial a partir de um experimento
no qual, em um cenário onde a gerente de uma loja contrata uma moça branca, discriminando
uma negra, metade dos participantes (grupo experimental) recebeu um discurso justificando a
discriminação, o que, no geral, fez com que considerassem a atuação da gerente mais
profissional e menos injusta do que os participantes do grupo de controle (sem o discurso
justificador).
O segundo experimento, trazido para fins somente de citação dos resultados, foi o descrito
por ÁVILA et al. (2005), que procuravam analisar o papel dos contextos de resposta no
preconceito automático (ÁVILA et al., 2005). Foram realizados três estudos: “No primeiro
estudo, investigamos os efeitos de dois contextos normativos (igualitário e meritocrático)
sobre o preconceito automático contra os negros. No segundo estudo, investigamos que
sentidos as pessoas atribuem à ‘igualdade’. Dois sentidos principais foram encontrados:
solidária e formal. Essas duas formas de igualdade foram utilizadas como priming no terceiro
estudo, juntamente com contexto meritocrático.” (ÁVILA et al., 2005)
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RESULTADOS E CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS:
ALMEIDA, Saulo Teles. PEREIRA, Cícero. TORRES, Ana Raquel Rosas. Um estudo do
preconceito na perspectiva das representações sociais: análise da influência de um discurso
justificador da discriminação no preconceito racial. 2003. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/prc/a/B8xn3m8C4y3SfMqSTkw3RPc/?lang=pt>. Acesso em: 21 de
novembro de 2021.
ÁVILA, Josele. LIMA, Carolina. LIMA, Marcos Eugênio Oliveira. MACHADO, Caliandra.
VALA, Jorge. Normas Sociais e Preconceito: O Impacto da Igualdade e da Competição no
Preconceito Automático Contra os Negros 2004. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/prc/a/4xbKhZrLkPPCg94KZ49yWPj/?format=pdf&lang=pt>.
Acesso em: 21 de novembro de 2021.
LIMA, Marcos Eugênio Oliveira. Psicologia social do preconceito e do racismo. São Paulo:
Blucher Open Access, 2020.