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Introdução

Saúde Reprodutiva

Conceito e implicações

O termo Saúde Reprodutiva, era apenas utilizado, durante muitos anos, em círculos restritos de
cientistas e profissionais. Porém, em 1994 na Conferência de População e Desenvolvimento do
Cairo, o conceito de saúde reprodutiva constituiu um dos temas centrais e atingiu novas
dimensões com o acréscimo da saúde sexual e direitos reprodutivos.

Evolução do conceito

1960 Anticoncepção e planeamento familiar 1970 Incorporou o tema aborto 980 Saúde Materno-
Infantil 1990 Saúde Integral da Mulher 1994 Ampliação do conceito: Saúde Reprodutiva é um
estado de completo bem-estar físico, mental e social em todas as matérias concernentes ao
sistema reprodutivo, suas funções e processos, e não simples ausência, de doenças ou
enfermidades. A saúde reprodutiva implica por conseguinte, que a pessoa possa ter vida sexual
segura e satisfatória, tendo capacidade de reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e
quantas vezes devem fazê-lo.

Esta implícito nesta última condição o direito de homens e mulheres de serem


informados e de terem acesso aos métodos eficientes, seguros, aceitáveis e
financeiramente compatíveis de planeamento familiar. Está incluído ainda, neste
conceito, o direito ao acesso a serviços apropriados de saúde que propiciem às mulheres
as condições de passar com segurança pela gestação e pelo parto, proporcionando aos
casais, uma chance melhor de ter um filho sadio. (VILLELA, 2003)

Logo Saúde Reprodutiva é definida como a constelação de métodos, técnicas e serviços que
contribuem para a saúde e bem-estar prevenindo e resolvendo os problemas de saúde
reprodutiva. Isto inclui igualmente a saúde sexual cuja finalidade é a melhoria da qualidade de
vida e das relações pessoais, e não o mero aconselhamento e assistência relativas à reprodução e
às doenças sexualmente transmissíveis.

Implicações da saúde reprodutiva

A saúde reprodutiva portanto implica em:


Opção de uma vida sexual responsável e satisfatória Direito da mulher e do homem a ter acesso a
métodos seguros da regulação da fecundidade

Direito ao acesso a serviços para a assistência a gravidez, parto e pós-parto e atenção imediata ao
recém-nascido. por idade da mãe reduziu em todos as faixas etárias entre 1980 a 1998 com
excepção da faixa etária da adolescência que apresentou elevação.

As mulheres no estado do Paraná tiveram em 1998, média de 2,2 filhos (TFT). Ainda que
persistam importantes diferenças regionais de fecundidade, os níveis observados podem ser
considerados reduzidos.

As menores taxas encontram-se nas regionais de Maringá com 1,8 filhos por mulher, enquanto a
maior correspondente à Regional de Saúde de União da Vitória (2,7), além de Ponta Grossa,
Irati, Guarapuava, Telémaco Borba e Foz do Iguaçu, que apresentaram taxas superiores a 2,5.

Estratégias gerais e específicas para a promoção da saúde reprodutiva

Estratégias gerais para promoção da saúde reprodutiva

Segundo VILLELA, para responder aos diversos factores que interferem na promoção da saúde
reprodutiva são necessárias acções intersectoriais como:

1. Incorporar componentes de saúde reprodutiva nas intervenções de promoção e


desenvolvimento social voltados a mulher.
2. Implementar programas que ampliem a discussão dos direitos reprodutivos na perspectiva
de género nas escolas com capacitação e apoio a docentes.
3. Implementar mecanismos efectivos de protecção social da maternidade: creches públicas,
subsídios a mãe solteira e chefes de família.
4. Ampliar as discussões sobre o aborto e sua assistência. 5- Buscar a utilização das altas
tecnologias de forma racional e não mercantilista evitando vícios de formação
profissional.

Estas estratégias entre outras, deverão integrar a promoção e atenção da saúde reprodutiva
assentada no enfoque integral que supre a perspectiva tradicional de programas materno infantis
e de planeamento familiar, para atender as necessidades específicas das mulheres e optimizar os
recursos físicos e humanos disponíveis. Esta estratégia deverá promover a participação das
mulheres e suas organizações no planeamento e execução das políticas e programas, para que
suas necessidades e preferências sejam consideradas explicitamente.

A inclusão da perspectiva de género, tanto na capacitação de pessoal como na avaliação das


acções se faz necessária, e a promoção dos direitos reprodutivos da população geral e em
particular das mulheres que são as mais prejudicadas quando ocorrem falhas na assistência.
Estratégias de promoção da Saúde Reprodutiva.

1. Aumentar a eficiência dos controles pré natais enfatizando a identificação do risco


gestacional com o propósito de melhorar sua capacidade de detectar e tratar
oportunamente patologias e responder mais apropriadamente as necessidades e
expectativas das mulheres, através da revisão dos critérios e procedimento utilizados na
prática assistencial habitual e organização formal das referências.
2. Implementar a assistência ao parto humanizado e vigilância de risco ao puérpero, além de
readequar os serviços de referência para que possam dar resposta assistencial eficaz nas
situações de emergência, assim como o livre acesso a banco de sangue entre outras.
3. Garantir acesso a anticoncepção a mulheres e homens. Particular atenção deverá ser
prestada a mulheres internadas por complicações por aborto, puérperas, e assegurar a
adolescentes a informação dos métodos necessários para prevenir a gravidez indesejada e
as doenças sexualmente transmissíveis e SIDA.
4. Capacitar o pessoal de saúde na dimensão género, e a relação entre sexualidade, saúde
reprodutiva e condições sociais e culturais, assim como avaliar indicadores básicos de
qualidade em saúde reprodutiva.
5. Melhorar a capacidade resolutiva dos serviços de saúde para evitar as mortes maternas,
perinatais, as quais são evitáveis em sua maioria assim como monitorar as suas acções
através Direcções Distritais de Saúde, dos Postos de Saúde e Maternidades.

Saúde Sexual Reprodutiva

Segundo VILLELA, o conceito de saúde sexual e reprodutiva corresponde, hoje, a uma forma
alargada de pensar e agir activamente na promoção de vivências gratificantes, informadas e
seguras no domínio da sexualidade de ambos os sexos. Tradicionalmente, este domínio da saúde
foi definido e encarado de modo mais restrito, valorizando, sobretudo, os aspectos directamente
relacionados com a reprodução, nos quais se incluíam a gravidez, o parto e a contracepção.

Por isso, até há cerca de duas décadas, a atenção dos serviços e dos profissionais centrava-se
nesses temas, em geral, sob a designação de Saúde Materna e Planeamento Familiar, dirigindo-
se, em particular, para a população feminina.

As mudanças sociais, as necessidades expressas pelos indivíduos em relação às suas vivências, a


reflexão dos profissionais e também algumas medidas das organizações de saúde vieram reforçar
a importância de enquadrar a problemática da reprodução num contexto mais vasto. Assumiu-se,
assim, que esse domínio está intimamente relacionado com a expressão e o prazer sexuais, as
relações conjugais, os papéis sociais atribuídos a cada um dos sexos, ao bem-estar e à
autodeterminação na vivência da sexualidade.

Por isso, quando se fala em saúde sexual e reprodutiva, referimo-nos, entre outros aspectos, à
promoção dos direitos sexuais e reprodutivos de ambos os sexos, através da divulgação de
informação credível e cientificamente sustentada, à facilitação do acesso à contracepção fiável e
a meios de prevenção das infecções sexualmente transmissíveis. Por outro lado, contempla-se
ainda a disponibilização de recursos que permitam que as gravidezes e os partos decorram de
forma segura e se garanta apoio aos indivíduos e aos casais no domínio da sexualidade.

Devido a esta abrangência de temas e de áreas de actuação, o sucesso das medidas e iniciativas
de promoção da saúde sexual e reprodutiva depende da acção de vários serviços e agentes, bem
como da adequada articulação entre eles. Para além do papel destacado dos profissionais e
serviços de saúde, deve reconhecer-se a importância do diálogo familiar acerca destes temas e
das actividades de educação sexual desenvolvidas em contexto escolar.

Este empenhamento colectivo é certamente uma das melhores vias para elevar os níveis
de saúde e de bem-estar individual e colectivo neste domínio específico, permitindo agir
sobre alguns dos problemas que, apesar das melhorias significativas, permanecem ainda
resistentes, como sejam as gravidezes não desejadas, as taxas de contágio de infecções
sexualmente transmissíveis e as situações de violência e exploração sexual.
(VILLELA,2003).
Desenvolvimento da sexualidade

Sem este enfoque, corre-se o risco de serem adoptadas posições normalizadoras da sexualidade e
reprodução dos\as jovens, impondo lhes modelos de comportamento que, além de não cobrirem
as suas necessidades reais, poderão ferir alguns dos seus direitos básicas. A sexualidade e
comportamento reprodutivo dos\as adolescentes entram, muitas vezes, com os projectos que a
sociedade lhes atribui de que antes de terem filhos\as é preciso que terminem os estudos, estejam
trabalhando, tenham um bom salário e condições de constituírem família.

A sociedade, por sua vez, tem respondido de maneira não satisfatória as necessidades e
direitos dos\as adolescentes sobre a sexualidade, reprodução e prevenção das
DTS/SIDA, para não falar de outros direitos sociais básicos como a educação, saúde em
geral, lazer, cultura, desporto, habitação e direito ao trabalho. Não lhes é facultada
informação sobre a sexualidade em geral, sobre serviços de boa qualidade para
aconselhamento e fornecimento de métodos contraceptivos incluindo preservativos para
a prevenção das DTS/SIDA. (MISAU, 2001).

A consciencialização sobre seus direitos e responsabilidade, sua participação activa em processos


relacionados com a vida particular ou social, também não lhes é, muitas vezes, fornecida. A
sexualidade, a reprodução e a prevenção das DTS/SIDA na adolescência devem ser
compreendidas na sua inter-relação com aspectos educativos, culturais, psicológicos, sociais,
jurídicos e políticos e cabe ao profissional ficar atento\a estes aspectos nas suas respectivas
acções.

Métodos de planeamento familiar

Segundo Almeida Filho, não existe método de prevenção da gravidez que atendem a todos os
requisitos com confiabilidade e durabilidade (uso prolongado), preço baixo, de uso fácil, que não
prejudique a saúde e a sexualidade, e que possibilite a mulher controlar e escolher por conta
própria os métodos contraceptivos. É muito importante escolher de comum acordo entre o casal,
o método que atenda a maioria dos requisitos desejados e que proporcione o bem-estar da
família.

Pílulas anticoncepcionais (via oral)


Método que impede a ovulação tomando-se pílulas anticoncepcionais que contém dois tipos de
harmónios femininos. Para tomar, é necessário receita médica. Seguir correctamente as
orientações médicas sobre o modo correto de tomar a pílula, através de consultas e exames
médicos periódicos.

Vantagens

 A mulher pode usar por conta própria.


 É altamente eficaz se tomado correctamente.

Desvantagens

DIU (uso de dispositivo intra-uterino) / DIU de cobre

Consiste na introdução do dispositivo no útero para impedir a fixação do óvulo fecundado na


parede uterina. Deve ser inserido pelo médico e efectuar exames periodicamente.

Vantagens

 A mulher pode usar por conta própria.


 Alta possibilidade de não engravidar
 Poderá usar por longo tempo.

Desvantagens

 Aumento e anormalidade no fluxo menstrual e dores abdominais em algumas pessoas.


 Não é aconselhável para pessoas que engravidou poucas vezes

Preservativos

Método que impede os espermatozóides penetrar no interior da vagina, através do uso da


camisinha no pénis em erecção. Pode-se usar logo após o nascimento do bebé, independente do
retorno do ciclo menstrual.

Vantagens

 É de fácil aquisição.
 Previne contra as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
 Não há efeitos colaterais.

Desvantagens

 Necessita da cooperação do parceiro.


 O uso incorrecto causará falhas.

Preservativo feminino

Método que impede os espermatozóides penetrar no interior da vagina, introduzindo o


preservativo feminino no seu interior.

Vantagens

 A mulher pode usar por conta própria.


 Previne contra as doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).

Desvantagens

 O uso incorrecto poderá deslocar e causar vazamento de espermas.


 É necessário prática para colocar a camisinha de forma correta.

Diafragma

Método que impede a entrada dos espermatozóides, vedando a entrada no útero com a introdução
do diafragma no interior da vagina. É necessário receber orientações sobre o modo correto de
usar.

Vantagens

 A mulher pode usar por conta própria.


 Não há efeitos colaterais.
 É econômico e pode-se utilizar várias vezes.

Desvantagens

 É necessário saber o tamanho adequado do dispositivo que difere conforme a pessoa.


 É necessário prática para usar de forma correta.
Outros Métodos que auxiliam na prevenção

Gel (Comprimidos espermicida)

Consiste na introdução do gel ou comprimidos no interior da vagina que funcionarão como


espermicidas. São fáceis de serem adquiridos, mas de pouco efeito contraceptivo. Aconselha-se o
uso conjugado com outras formas de prevenção como a camisinha ou diafragma.

Método de controlo da temperatura básica

Sistema Oguino

Todas as manhãs, antes de levantar-se, é necessário medir a temperatura do corpo com o


termómetro ginecológico e anotar em uma tabela. A ovulação ocorre no período quando
aumentar a temperatura do corpo. Portanto, nos dias em que a temperatura estiver baixa e nos
três primeiros dias em que a temperatura estiver alta, deve-se usar a camisinha ou outros para
prevenir a gravidez. Este método não é recomendado para mulheres no período pós-parto ou para
quem tem dificuldade em distinguir a variação da temperatura corporal.

Esterilização cirúrgica

Método cirúrgico através da ligadura ou fechamento dos canais deferentes no homem


(vasectomia), e ligadura das trompas na mulher (laqueadura). São métodos altamente eficazes
para prevenção da gravidez. Porém, realizando-se a cirurgia uma vez, torna-se muito difícil
revertê-la caso queira ter outro bebé.

Influência da cultura e os valores socioculturais no comportamento sexual

Como sabemos, a cultura tem grande influência no comportamento sexual da comunidade. Por
causa de crenças, tabus, mitos; esse comportamento varia de cultura para cultura e em vários
aspectos tais assim como: - Em relação ao trabalho: Homem e mulher tem um papel importante
de produção (bens e serviços). Ao nível doméstico, homens e crianças, devem ser cuidados e
sustentados, o que significa que a mulher tem muito trabalho e ainda sob carregada de que o
homem. Isto porque desde crianças na sua adolescência e os ritos de iniciação a mulher foi
ensinada a servir o marido, cuidar dele e dos filhos; enquanto o homem foi ensinado a trazer
dinheiro, fazer os trabalhos mais pesados ir a escola

Em relação aos direitos humanos: Antigamente, em todo mundo as mulheres eram negadas os
seus direitos. Metades delas eram subordinadas, apesar das leis darem direitos iguais sem
distinção do sexo, raça e tribo. Estes direitos iguais nos quais as mulheres eram negadas estavam
relacionados a: terra, propriedade, educação, alimento, oportunidade de emprego e poder de
decisão, mais actualmente, elas exercem os tais direitos. Alguns conceitos:

Cultura

A cultura define-se como hábitos, expectativas, comportamentos, ritos, valores e crenças que
grupos humanos desenvolvem na história. Através da cultura e tradição, as pessoas aprendem
comportamentos aceites como certos ou errados. Valor: é uma crença que é importante para um
indivíduo. Os valores podem ser influenciados por factores religiosos, educativos ou culturais, ou
por outras experiências pessoais.

Mesmo entre as pessoas da mesma cultura, com vários pontos em comum, tem havido diferença
entre seus valores. É muito raro, quase impossível entrar dois indivíduos que tenham valores
idênticos. Os valores de uma traduzem-se em costumes, práticas cerimoniais e ritos de iniciação-
alguns valores são praticamente universais, como por exemplo: O de preservar a vida.

No entanto, os valores que orientam o comportamento quotidiano costumam ser específicos à


cultura onde evoluem. Ritos: são cerimónias que as pessoas realizam para entrar em contacto
com os deuses, antepassados, e forças invisíveis. Os ritos de iniciação: são cerimónias que
preparamos os adolescentes para vida adulta, quando atinge determinada idade. Os ritos são
usados não só para ensinar assuntos ligados a sexo, mais também relativo a vida tais como: amor,
casamento e respeito em geral.

Dependendo da região, os ritos podem incluir os ritos de iniciação sexual, a partir dos quais a/o
adolescente pode casar e ou praticar relações sexuais. Com a organização da população esta a
desaparecer pouco a pouco, e, muitas vezes, não estão a ser substituídas por outro tipo de
educação.
Conclusão
Bibliografia

OMS/UNICEF. Cuidados primários de saúde. Brasília (DF); 1979 [Relatório da Conferência


Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde; 1978, 6-12 set; Alma-Ata, URSS].

Paim J. A reforma sanitária e os modelos assistenciais. In: Rouquayrol MZ, Almeida Filho N.
Epidemiologia e saúde. Rio de Janeiro: Medsi; 1999. p. 473-87. 3.

Almeida Filho N. A clínica e a epidemiologia. 2a ed. Salvador. APCE/Rio de Janeiro:


ABRASCO; 1997. 4. Clavreul J. A ordem médica. São Paulo: Brasiliense; 1980.

5.VILLELA,Wilsa, oficina de sexo mais seguro para mulheres, 6.MISAU/DNS/ Programa de


Saúde Sexual e Reprodutiva para Adolescentes e Jovens; Manual de Educação e aconselhamento
em sexualidade, Saúde e Direitos Reprodutivos e HIV/SIDA para Adolescentes e Jovens, Fundo
das Nações Unidas para à Popula População. Maputo, Moçambique. 2003.

Chipkevitch, Puberdade e Adolescência, Editora lglu, São-Paulo, Brasil, 1992 8.Bastos, Alvaro;
Ginecologia Infanto-Jovenil, Editora Roca, São-Paulo,Brasil,1994 9.

MISAU/DNS; Aconselhamento e testes voluntários-manual do Conselheiro e do Supervisor dos


Gabinetes de ATV, MISAU,Maputo,Moçambique, 2001.

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