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DIREITOS SEXUAIS E

REPRODUTIVOS (Brasil, 2010)

Enfª Mônica Azevedo


Conceito

 Os direitos sexuais e reprodutivos são


parte integrante dos direitos humanos e,
basicamente, abrangem o exercício da
vivência da sexualidade sem
constrangimento, da maternidade
voluntária e da contracepção
autodecidida
Direitos Reprodutivos
 Pode-se afirmar que os direitos reprodutivos são
entendidos como “a capacidade de se reproduzir e a
liberdade de decidir-se, quando e com que frequência
se reproduzir” (PETCHESKY, 1999, P. 21).
 Abordam discussões sobre aborto,
homossexualidade, concepção, contracepção e
mortalidade materna, antes restritos aos aspectos
legais e de saúde, para o campo dos direitos
humanos.
 Inicia-se uma discussão em 1980 no I Congresso
Internacional em Saúde da Mulher, em Amsterdã a
partir de um grupo de feministas.
 Termo passa de “saúde da mulher” para direitos
reprodutivos sendo consagrado internacionalmente
pela ONU em 1990
Direitos reprodutivos
 O direito das pessoas
decidirem, de forma livre e
responsável, se querem ou
não ter filhos, quantos filhos
desejam ter e em que
momento de suas vidas.
 O direito de acesso a
informações, meios,
métodos e técnicas para ter
ou não ter filhos.
 O direito de exercer a
sexualidade e a reprodução
livre de discriminação,
imposição e violência.
Direitos sexuais
 Já o conceito de direitos sexuais, que
tem uma história ainda mais
contemporânea, origina-se nos
movimentos gays e lésbicos
interessados na anulação da
estigmatização das chamadas
sexualidades alternativas, e abrange
fundamentalmente o exercício da
vivência da sexualidade, da livre escolha
de parceiros e práticas sexuais sem
constrangimento ou discriminação.
Direitos sexuais

 O direito de viver e expressar livremente a


sexualidade sem violência, discriminações e
imposições, e com total respeito pelo corpo
do(a) parceiro(a).
 O direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual.
 O direito de viver plenamente a sexualidade
sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças.
 O direito de viver a sexualidade,
independentemente de estado civil, idade ou
condição física.
 O direito de escolher se quer ou não quer ter
relação sexual.
Direitos sexuais – cont.
 O direito de expressar livremente sua
orientação sexual: heterossexualidade,
homossexualidade, bissexualidade.
 O direito de ter relação sexual,
independentemente da reprodução.
 O direito ao sexo seguro para prevenção da
gravidez e de doenças sexualmente
transmissíveis (DST) e Aids.
 • O direito a serviços de saúde que garantam
privacidade, sigilo e um atendimento de
qualidade, sem discriminação.
 • O direito à informação e à educação sexual
e reprodutiva.
Direitos sexuais e reprodutivos
 Envolve o cuidado dos indivíduos e
famílias inseridos em contextos diversos,
onde é imprescindível realizar
abordagens que considerem os
aspectos sociais, econômicos,
ambientais, culturais, entre outros, como
condicionantes e/ou determinantes da
situação de saúde.
 Necessário considerar mudanças no
núcleo familiar (que deixa de ser pai,
mãe e filhos) para outros tipos de família
ADOLESCENTES
 O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
circunscreve a adolescência como o período de
vida que vai dos 12 aos 18 anos de idade.
 A Organização Mundial de Saúde (OMS), por
sua vez, delimita a adolescência, período
compreendido entre os 10 e os 19 anos, 11
meses e 29 dias; e a juventude como o período
que vai dos 15 aos 24 anos.
 O Ministério da Saúde toma por base a definição
da OMS e para referir-se ao conjunto de
adolescentes e jovens, considera a faixa
compreendida entre 10 e 24 anos.
ADOLESCENTES
 O ECA, no que se refere ao adolescente,
qualquer exigência, como a obrigatoriedade da
presença de um responsável para
acompanhamento no serviço de saúde, que
possa afastar ou impedir o exercício pleno pelo
adolescente de seu direito fundamental à saúde
e à liberdade, constitui lesão ao direito maior de
uma vida saudável (BRASIL, 2005a).

 Portanto, constituem-se direitos fundamentais do


adolescente a privacidade, a preservação do
sigilo e o consentimento informado
Objetivos do Milênio
2017 a 2030
Objetivo 5 – Igualdade de
Gênero
 Visa a erradicação de todas as formas de violência
contra meninas e mulheres, uma das metas da
Agenda 2030 é viabilizar que meninas e mulheres
recebam os mesmos incentivos e oportunidades
educacionais, profissionais e de participação
política que meninos e homens, bem como o igual
acesso a serviços de saúde e segurança.
No Brasil
 2006 - foram criados programas de redução
da mortalidade infantil e materna, controle do
câncer de colo de útero e da mama, saúde
do idoso, promoção da saúde e o
fortalecimento da Atenção Básica.

 2007 - Programa Mais Saúde: Direito de


Todos - planejamento familiar

◦ A atenção em planejamento familiar implica não


só a oferta de métodos e técnicas para a
concepção e a anticoncepção, mas também a
oferta de informações e acompanhamento, num
contexto de escolha livre e informada.
Desafios na saúde sexual e
reprodutiva no Brasil
 Foco na mulher adulta e pouco centrada
em homens
 Predominam políticas voltadas ao ciclo
gravídico-puerperal e à prevenção do
câncer de colo de útero e de mama.
 É preciso ampliar a abordagem para
outras dimensões que contemplem a
saúde sexual em diferentes momentos
do ciclo de vida e também para
promover o efetivo envolvimento e
corresponsabilidade dos homens.
Princípios da Bioética
 Respeito à autonomia: as pessoas têm o
direito de decidir sobre as questões
relacionadas ao seu corpo e à sua vida. Na
atenção à saúde, as ações devem ser
autorizadas pelas pessoas.
 Beneficência: refere-se à obrigação ética de
maximizar o benefício e minimizar o prejuízo.
 Não maleficência (ação que não faz o mal): a
finalidade é reduzir os efeitos adversos ou
indesejáveis das ações diagnósticas e
terapêuticas no ser humano. Desse modo, a
ação realizada deve causar o menor prejuízo
ou agravo à saúde da pessoa.
Princípios da Bioética
 Justiça e equidade: todas as pessoas devem
ser tratadas com igual consideração,
independentemente de sua situação
socioeconômica, cultural, étnica, orientação
sexual, religião, profissão, entre outras
situações ou características. Por sua vez, as
especificidades das pessoas e dos grupos
devem ser levadas em conta, a partir do que
os recursos e esforços devem ser
direcionados em maior proporção àqueles
que precisam mais ou estão em maior risco
de adoecer/morrer, sem prejuízo da atenção
à população como um todo.
DIREITOS FUNDAMENTAIS
 Preservação de sigilo: a pessoa tem
direito a ter resguardado o segredo
sobre dados pessoais, por meio da
manutenção do sigilo profissional,
desde que isso não acarrete riscos a
terceiros ou à saúde pública. Esse
segredo abrange não só as
informações expressas verbalmente,
mas também aquelas registradas em
prontuário.
DIREITOS FUNDAMENTAIS
 Garantia de privacidade: visual e
auditiva.

 Consentimento informado: qualquer


procedimento deve ser informado,
esclarecido em suas finalidades,
formas/características, riscos etc. A
pessoa faz escolhas com autonomia,
compreendendo o que será realizado.
Aos profissionais, recomenda-se
que primeiro ouça, depois pergunte e
depois se posicione, com o cuidado
de:
 Não tomar decisões pelas pessoas,
não impor escolhas, não emitir juízo
de valor.
 Desenvolver atividades educativas e
de aconselhamento.
 Somente realizar prescrições após
avaliação clínica e oferecer
acompanhamento periódico.
O desenvolvimento da
sexualidade

 Quando nos tornamos mães ou pais?


Quando nos tornamos pais
 A criança começa a existir antes
mesmo de sua concepção, no
imaginário dos pais. de forma
consciente e inconsciente, os pais ou
os familiares constroem uma imagem
do futuro filho, a partir de seus
desejos e expectativas, incluindo-se
aqueles relacionados à sexualidade.
O bebê imaginário x real
 No pré-natal ou no nascimento, os pais podem
se deparar com uma criança que não
corresponde ao que esperavam.
 Descobrir que o bebê não corresponde ao
desejado pode, por exemplo, ser motivo de
angústias e frustrações.
 É fundamental que ocorra, então, um processo
de elaboração, a partir da ressignificação do
bebê idealizado.
 A não elaboração desse processo pode interferir
no desenvolvimento da criança, incluindo a sua
sexualidade. Esse é um aspecto muito
importante a ser trabalhado na atenção pré-natal
pelos profissionais de saúde.
O bebê após o nascimento

 Ao nascer, o bebê sai de um lugar


protegido e chega a um ambiente
onde precisará vivenciar algumas
frustrações. É por meio da
receptividade, tanto emocional quanto
cognitiva, dos pais e/ou de outras
pessoas responsáveis pelo cuidado
da criança, aos sinais que o bebê
apresenta, que ele irá aprender a lidar
com suas fantasias, medos e
desconfortos.
Disfunções Sexuais

 As disfunções sexuais são problemas


que ocorrem em uma ou mais das fases
do ciclo de resposta sexual, por falta,
excesso, desconforto e/ou dor na
expressão e no desenvolvimento dessas
fases, manifestando-se de forma
persistente ou recorrente.
 Por exemplo, homens que não tenham
ereção ou tenham ejaculação precoce,
mulheres que nunca tiveram ou
frequentemente não tenham orgasmo.
 As disfunções sexuais muitas vezes
deixam de ser diagnosticadas porque
a pessoa não apresenta a queixa ou
porque o profissional de saúde não
aborda a questão, seja por sentir
dificuldade em realizar essa
abordagem, seja por não se sentir
suficientemente preparado.
Planejamento familiar

 O planejamento familiar é definido no art. 2º


da Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, da
seguinte forma:
◦ Para fins desta Lei, entende-se planejamento
familiar como o conjunto de ações de regulação
da fecundidade que garanta direitos iguais de
constituição, limitação ou aumento da prole pela
mulher, pelo homem ou pelo casal.
 Parágrafo único – É proibida a utilização das
ações a que se refere o caput para qualquer
tipo de controle demográfico. (BRASIL,
1996).
Planejamento familiar x
planejamento reprodutivo
 Considerando que o planejamento pode
ser realizado pelo homem e pela mulher,
isoladamente, mesmo quando estes não
querem instituir uma família.
 Por exemplo, o adolescente, o jovem ou
o adulto, homem ou mulher,
independentemente de ter ou não uma
união estável ou de constituir uma
família, pode fazer, individualmente ou
com o(a) parceiro(a), uma escolha
quanto a ter ou não ter filhos.
 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria
de Atenção à Saúde. Departamento
de Atenção Básica. Saúde sexual e
saúde reprodutiva / Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção
Básica. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2010. 300 p. : il.

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