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Casamento Infantil em Portugal

Embora seja possível casar a partir dos 16 anos de idade com consentimento
parental ou autorização judicial, a UNICEF em Portugal considera que casar com
menos de 18 anos é uma violação dos direitos da criança e não devia ser possível.
De acordo com o Jornal de Notícias, houve um total de 536 casamentos
envolvendo menores de idade desde 2017. Um dos problemas mais sonantes do
casamento em idade menor, é sobretudo a quantidade de raparigas que nem a
escolaridade obrigatória chegam a concluir. Já entre as outras demais
consequências do casamento infantil estão as gravidezes, problemas de saúde
maternal, neonatal e infantil; limitações à mobilidade e às redes sociais das
meninas; exposição à violência e a abusos sexuais por parte do parceiro, que
geralmente costuma ser um indivíduo muito mais velho do que elas, entre outras.
Segundo as estatísticas, as meninas mais afetadas pelo casamento infantil em
Portugal, são as de etnia cigana. Chocantemente, essas raparigas, mal atingem a
menarca, são praticamente obrigadas a casarem-se com homens muito mais
velhos, alguns com idade suficiente para serem avôs delas, seja por questões
económicas, familiares ou até por motivações machistas.
Ainda há pela frente um caminho muito longo para acabar de uma vez por
todas com o casamento infantil, e isso requer muitas mudanças incluindo o reforço
de legislações contra a prática, é preciso ainda avançar com a igualdade de gênero
e assegurar que o compromisso das comunidades com os direitos das meninas.
Mas os jovens também precisam de empoderamento para conhecer e exigir seus
direitos.

Mutilação genital feminina em Portugal

A mutilação genital feminina refere-se aos procedimentos que envolvem a


remoção parcial ou total dos órgãos genitais externos femininos ou qualquer outra
lesão nos órgãos genitais das mulheres sem justificação médica. Tradicionalmente a
circuncisão é feita com uma lâmina e sem qualquer anestesia.
A prática envolve a remoção dos lábios e do clitóris, deixando apenas um orifício
para o parto, para a passagem da menstruação e para as relações sexuais.
Entre janeiro de 2018 e dezembro de 2021 foram registados 433 casos de
mutilação genital feminina em Portugal, de acordo com o mais recente relatório da
Divisão de Saúde Sexual, Reprodutiva, Infantil e Juvenil da Direção-Geral da Saúde,
divulgado no Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres.
Este procedimento costuma ocorrer em meninas pré-púberes, ou seja, entre
os 8-9 anos de idade. O objetivo principal é manter a mulher em submissão ao
homem. A circuncisão impede a mulher de desfrutar do sexo na sua totalidade e
sendo assim, as mulheres têm uma vida sexual de completa subordinação.
O relatório indica que, em média, a realização da mutilação ocorreu aos 8,4
anos de idade, sendo apenas uma ocorrida em território português, em 2021.
As restantes 272 mutilações foram realizadas na Guiné-Bissau e 126 na Guiné
Conacri em mulheres que entretanto foram acompanhadas em Portugal.
Entre as inúmeras consequências da mutilação genital feminina estão as
dores imensas sentidas nas relações sexuais, perda de auto-estima, partos
dolorosos, sangramento execessivo, dificuldade na eliminação da urina e das fezes,
doenças sexualmente transmissíveis como hepatites (B e C) e VIH/SIDA, sendo que
muitas delas acabam mesmo por morrer devido a excessivas perdas de sangue e
diversas infeções, como tétano e septicemia.
Curiosamente em Portugal, esta prática é punida com pena de apenas dois a dez
anos de prisão.
É importante que haja uma maior cooperação internacional para a
consciencialização, sensibilização e combate da prática da MGF, com envolvimento
da sociedade civil em dimensões tanto nacionais como internacionais, através de
trabalho em rede. E é necessário que a questão seja abordada nas escolas, como
forma de consciencializar.

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