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Casamentos prematuros
Docente :
Carlitos Bernardo
Discente:
Maiassa Juliana Benjamim Lingundo
Turma: C1/1
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Índice
Introdução .............................................................................................................................. 3
Conclusão .............................................................................................................................. 9
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Introdução
Moçambique tem uma das taxas mais elevadas de casamento prematuro do mundo,
afectando quase uma em cada duas raparigas, e tem a segunda maior taxa na sub-região
da África Oriental e Austral. Muitas pessoas, das quais mulheres em Moçambique com
idades entre os 20 e os 24 anos já foram casadas ou estiveram numa situação como essa
antes dos 18 anos e outras antes dos 15 anos. Devemos ainda saber que o Casamento
prematuro coloca na situação de risco e perigo as raparigas, pois, as raparigas quando se
casam sofrem maiores abusos, violência doméstica (incluindo abuso físico, sexual ou
psicológica) e abandono.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Pinto (2017), a origem de casamento de menores pode estar associada ao facto
de Moçambique ser um dos países mais pobre do mundo e como consequência não
possuir capacidades e mecanismos para desenhar estratégias de combate dos casamentos
precoces que partem das escolas, das famílias e lugares de lazeres ou convívio.
Basssiano e Lima (2018) advogam que, os casamentos prematuros, quanto a sua origem,
podem surgir dos hábitos, ritos, costumes, valores e tradições praticados num
determinado continente ou país. Neste sentido, para Moçambique, o autor a associa a
origem do casamento infantil os ritos de iniciação praticado pelas famílias quando,
principalmente as filhas atingem a fase de menstruação que começa com os 13, 14 e
15anos.
Com isso, podemos entender que existem vários factores que podem proporcionar a
perpetuação de vários tipos de violência contra crianças e adolescentes. Por outro
lado, vários factores socioculturais ocultam os fenómenos da violência, para que
sejam menos percebidos como a causa e a consequência do ciclo intergeracional da
pobreza no país, aumentando cada vez mais o número de mulheres e meninas que
vivem em situação extrema de pobreza.
Por esta via, pode-se dizer que o casamento prematuro é uma das piores formas de
violência contra meninas africanas, precisamente de Moçambique. Quase a metade das
meninas se casa antes da idade aceitável, ou seja, antes de 18 anos. Embora essa
forma de casamentos seja ilegal, os seus autores dificilmente são levados à
justiça. O governo moçambicano tem se preocupado com a situação nas últimas
décadas, facto que nos levar a definir o casamento prematuro.
Com base o Art.7 da Lei n.o 10/2004, que aprova a Lei da Família, em Moçambique,
o casamento, em linhas gerais, é “a união voluntária e singular entre um homem e uma
mulher, com o propósito de constituir família, mediante comunhão plena de vida”.
Este conceito é bastante limitada, ambígua e pode gerar mal entendidos, podendo
aproximar dele as pessoas com menos de 18 anos. Portanto, uma vez que Moçambique
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é um país multicultural, com diversas escolas, onde os pais encarregados e alunos
passam o seu maior tempo, é preciso divulgar aos alunos e seus pais ou responsáveis
acerca das vias plausíveis dos casamentos, com vistas a evitar diferentes interpretações
e o envolvimento de menores de 18 anos. Neste sentido, o UNICEF e o Fundo
das Nações Unidas para a População (UNFPA), consideram casamento prematuro
quando as duas pessoas envolvidas ou uma das pessoas for menor de 18 anos (UNICEF
& UNFPA, 2016).
Não é apenas a união entre um menor de idade e um maior que se designa casamento
infantil ou precoce, o casamento prematuro envolve também a união de dois menores,
dois jovens ou crianças menos de 18 anos, pois, a lei não permite o casamento desta
forma.
Atentando os diversos conceitos acima deixados, pode-se perceber que a maioria dos
casamentos prematuros são forçados. E podem ser forçados tanto por estímulos externos
aos envolvidos ou por estímulos internos ou pessoais aos envolvidos. Embora seja ilegal
o casamento prematuro, nem todos o praticam contra a sua vontade, outras, por vontade
própria vão atrás dos homens por razões diversos, dos quais que iremos perceber em
torno das causas do casamento prematuro.
Desta feita, na óptica de Basssiano e Lima (2018), as causas que motivam a ocorrência
dos casamentos prematuros no país são diversos, destacando-se, de acordo com os
estudos e dados estatísticos: a pobreza, a fraca difusão da legislação e das políticas
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públicas que protegem crianças contra casamentos prematuros, e outros os factores, tais
como socioculturais, especialmente os ritos de iniciação e a orfandade.
Começando pela pobreza, próprio Pinto (2017), lamenta que a busca por melhores
condições económicas constitui o principal factor no que diz respeito aos casamentos
infantis em Moçambique. Destaca ainda que, os pais também contribuem no abandono
da escola primaria por parte das suas filhas menores para se casarem com homens mais
velhos e financeiramente estáveis, pois apoiam na expectativa de obter um rendimento
para suas famílias, ter um genro que aliviará as despesas, sendo um agregado familiar.
Como resultado esperado, elas abandonam o ensino primário, para assumir os seus
novos papéis sociais, os de esposa.
Com este, podemos entender que os casamentos, então, servem para superar
dificuldades económicas, buscar soluções sofisticas de vida e sobrevivência. Para tal, as
mulheres começam por desenhar o perfil adequado sobre o rapaz ou homem que pode
aliviar todas suas despesas, incluindo as da sua família.
A fraca difusão da legislação e das políticas públicas que protegem as crianças constitui
outro factor indesejável na estatística dos casamentos prematuros. Conforme afirma
Basssiano e Lima (2018), a dificuldade que o governo moçambicano tem em
direccionar as acções estratégicas de combate aos casamentos prematuros nas áreas
rurais é uma grande lacuna para prevenir as raparigas de situações de ocorrência de
uniões prematuras. Focalizar acções para as zonas urbanas pode não contribuir tanto na
redução dos níveis de casamento prematuro no país, uma vez que os mesmos não se
verificam ao redor das cidades, mas sim fora delas, e, principalmente em zonas de
menos acesso aos meios de comunicação, transporte e conhecimento.
Entretanto, olhando para as várias dificuldades que o país enfrenta, é preciso repensar a
situação a que estão expostas as crianças e os adolescentes. A Convenção sobre os
Direitos da Criança prevê a igualdade de direitos e oportunidades, o que demanda o
envolvimento de todos os atores sociais para proporcionar, a toda menina moçambicana,
o acesso à informação ou conhecimento e à mesma oportunidade, independentemente
da região onde vive, conforme consta na Constituição da República de Moçambique de
2004.
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A um nível diferente, encontramos as causas socioculturais, precisamente os ritos de
iniciação. Nos estudos de Pinto (2017), os casamentos prematuros praticados nas zonas
rurais ou recônditas são maioritariamente motivados por ritos de iniciação que as
famílias exercem quando as suas meninas atingem os 14 anos ou 15 anos. Ressalta que,
os ritos são o conjunto de certos comportamentos, individuais ou colectivos, com
carácter repetitivo e forte carga simbólica para as famílias, a rapariga iniciante e todos
os convidados. Historicamente, pode-se dizer que os ritos de iniciação constituem as
diversas práticas tradicionais e ou regras costumeiras.
Ainda, segundo o autor supracitado acima, não é o ritual em si que incentiva os
casamentos prematuros, mas sim as percepções que se cultivam quando esses rituais
acontecem. O povo do norte principalmente, entendem o rito de iniciação como a
passagem da fase da criança para a fase adulta. Neste caso, se uma menina que cumpriu
esse ritual já se tornou adulta, não pode ter medo de se relacionar sexualmente, muito
menos de se casar com qualquer pessoa, independentemente da sua idade. Por
conseguinte, os rapazes e homens vem atrás das meninas, inclusive as meninas de pais e
responsáveis pobres, sobretudo da região rural, sem escolarização e ritualizadas, casam-
se mais prematuramente do que as demais.
Dos factores apresentados, a orfandade parece ser mais forte e também triste quando
associada as causas de uniões precoces. É uma razão que caracteriza as raparigas que
perdem seus pais cedo e passam a submeter no casamento mesmo não tendo idade
suficiente para se casar e assumir certos papéis sociais, complexas. Uma das razões que
levam essas raparigas necessitadas em termos de progenitores a recorrer a união como
um mecanismo, é a necessidade de continuar com o papel do pai e mãe, caso esta seja
deixada com irmãos mais novos.
Nada é luxo nos fenómenos socioculturais, todas as decisões tomadas mediante certas
situações sociais aceitáveis ou não, tem suas consequências. Assim, também acontecem
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com aqueles homens adultos que decidem, em função das causas que acabamos de ver,
se juntar com raparigas desfavorecidas e com menos de 18 anos.
Segundo Pinto (2017), são diversas consequências que recaem aos envolvidos no
casamento prematuro. Dentre eles, destacam-se aquelas que recaem para as raparigas,
sendo as mais notórias as seguintes:
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Conclusão
Os enunciados do estudo sobre a temática levado a cabo neste trabalho de Português nos
permite constatar que o abandono do ensino primário e secundário pelas meninas, é
motivado por casamentos. E casamentos pelas famílias, orfandade, ma empregabilidade
das acções que o governo desenha, pobreza e ritos de iniciação.
Com pouca dúvida, a escola é o local apropriado e inigualável para abranger um número
maior de pessoas na disseminação de informação que desmotivam para o casamento
prematuro e potencializam o empoderamento das meninas, pois saber ler e escrever
pode mudar muitas realidades. Pode mudar os casamentos prematuros. A protecção da
criança tem, como consequência, a prevenção da adulteração e do incentivo à erotização
e à sexualidade precoce, entre outros benefícios.
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Referências bibliográficas
Lei n. 10, de 25 de Agosto (2004). Protege a família e seus membros contra as ofensas
ilegítimas. Boletim da República. I Série, Numero 32. Recuperado em
http://jafbase.fr/docAfrique/Mozambique/Lei%2010.2004%20-
%20Lei%20da%20Familia.pdf.
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