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Introdução..........................................................................................................................2
Objectivos..........................................................................................................................3
Definições..........................................................................................................................4
Casamento Prematuro........................................................................................................5
Conclusão........................................................................................................................13
Referencias Bibliograficas...............................................................................................14
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Introdução
Na estatística da população moçambicana, a Criança representa mais da metade da
população e a promoção do seu bem-estar constitui uma das grandes prioridades do
País. Este compromisso está plasmado na Constituição da República que protege de
forma inequívoca os direitos da Criança.
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Objectivos
Objectivo geral:
Objectivos específicos:
1. Procurar entender medidas que são tomadas para a sua prevenção, influenciadas
por quais factores e como.
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Os casamentos prematuros constituem uma violação dos direitos humanos e têm como
consequências a perpetuação da pobreza, a violência contra o género, problemas de
saúde reprodutiva e a perda de oportunidades de empoderamento por parte das crianças
do sexo feminino e mulheres. Os Países que apresentam uma taxa elevada de
casamentos prematuros tendem a ter um Produto Interno Bruto baixo. A pobreza é um
determinante dos casamentos prematuros tal como a violência e a discriminação
baseada no género.
Definições
Criança: Considera-se criança a todos os indivíduos com menos 18 anos de idade (Lei
nº 7/ 2008, de 9 de Julho, Sobre a Promoção e Protecção dos Direitos da Criança).
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Breve Historial da Evolução do Casamento
Sob o ponto de vista sociológico o casamento é um fenómeno humano muito antigo que
se formalizava sem qualquer acto solene. No direito romano distinguia-se o casamento
do simples concubinato pela affection maritalis, elemento subjectivo que evidenciava o
propósito comum de convivência duradoura entre o homem e a mulher. Era pois um
acto voluntário que começou com vontade dos 2 e poderia terminar com o repúdio
universal ou bilateral - é muito parecido com a figura da união de facto. Na idade média
e com a influência do cristianismo o casamento passou a ser encarado como um
sacramento em que intervinha a vontade divina, o casamento revestia-se de forma
canónica e era o ministro do culto que autorizava a celebração. Só a partir do Concilio
de Trento do século XVI em que o sacerdote passou a intervir na sua celebração. Com a
separação da igreja criou-se o advento do protestantismo e seu predomínio nalguns
países Europeus como a Inglaterra, retirou a igreja o controlo do casamento submetendo
o ao Estado. Foi só com a revolução francesa, no final do século XVIII que se passou a
adoptar a concepção do casamento como um acto meramente civil, como um contrato,
baseado na vontade dos nubentes e sem estar sujeito à intervenção obrigatória da Igreja,
surgindo assim o casamento de natureza laica de competência dos representantes do
Estado e independente do casamento religioso.
Casamento Prematuro
Em Moçambique, a idade núbil está fixada em 18 anos. Contudo, a Lei da Família
define que “a mulher ou homem com mais de dezesseis anos, a título excepcional, pode
contrair casamento, quando ocorram circunstâncias de reconhecido interesse público e
familiar e houver consentimento dos pais ou dos representantes legais”.
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O artigo 21° da Carta Africana sobre os Direitos e Bem-Estar da Criança, diz que os
estados signatários devem tomar medidas legais específicas para a eliminação do
Casamento Prematuro e da promessa de casamento de meninas e rapazes com menos de
18 anos de idade.
Entende-se por isso, que se deve ter em conta que, como prática cultural reiterada, o
casamento prematuro não é visto pela comunidade como uma forma de violação dos
direitos da criança emanados pelas convenções internacionais e pelas normas jurídicas
internas instituídas para o efeito.
Todavia, para melhor compreensão das motivações que determinam a manutenção deste
tipo fenómeno nas nossas sociedades, é importante promover uma reflexão crítica do
casamento prematuro, enquanto facto social, adoptando uma perspectiva Durkheimiana.
Facto social é “toda a maneira de fazer, fixada ou não, susceptível de exercer sobre o
indivíduo uma coerção exterior”, algo que é “geral no âmbito de uma dada sociedade
tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independentemente das suas
manifestações individuais”. Desta forma, é importante olhar para o casamento
prematuro como uma prática, socialmente fixada, e que foi sendo incorporada na
maneira de ser e estar de determinadas sociedades (pag. 47).
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conseguinte, define, também, a prontidão da mulher ao casamento, quer ela tenha
atingido a idade “legal”, quer não.
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Pobreza
A pobreza constitui o principal determinante no que diz respeito aos casamentos
precoces em Moçambique. Alguns pais apoiam-se na ideia de suas filhas menores de 18
anos deixarem de frequentar o ensino primário para se casarem, geralmente com um
homem adulto, muito mais idoso, na expectativa de obter um rendimento para suas
famílias, ter um genro que aliviará as despesas, sendo um agregado familiar, (Sitoe,
2017).
Para Bagnol, Sousa, Fernandes e Cabra (2015), nas situações em que os esposos
abandonam suas esposas (menores), elas ficam com os bebês que resultam desse
casamento, sob os cuidados de avós, fato que implica grande insegurança, tanto para a
mãe adolescente quanto para o bebê, especialmente quando a família tem poucos
recursos financeiros e é incapaz de sustentá-los.
De acordo com Sitoe (2017), são muitas as meninas casadas precocemente na área rural.
São os próprios pais ou familiares que as entregam a homens com idade avançada, em
troca de valores monetários, o que configura crime, ainda que desconheçam a legislação
internacional que trata do assunto. Essas meninas tornam-se mães na idade de 14 a 16
anos. Depois disso, infelizmente, muitas são abandonadas pelos seus esposos, que
emigram para áreas urbanas em busca de trabalho, sem deixar rastros. Assim, este
estudo salienta que os casamentos prematuros em Moçambique podem ser a principal
causa e a consequência do abandono escolar, além da perpetuação da pobreza entre
mulheres e meninas, ocasionando uma legião de pessoas em total situação de
vulnerabilidade.
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africanos, durante o período coberto pelo relatório (2015-2016). Assinala que “A
Região Africana continua a carregar um fardo elevado de doenças quando comparada
com outras regiões [...] até ao final de 2015 a maior parte dos países não tinha alcançado
totalmente os ODM relacionados com a saúde” (OMS, 2016, p. 57).
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Orfandade
Um dos determinantes que deixam meninas vulneráveis aos casamentos prematuros em
Moçambique é a orfandade. As meninas órfãs enfrentam severas dificuldades para
cuidar dos seus irmãos menores após o falecimento dos seus pais biológicos. A situação
é piorada quando os pais morrem em casas alugadas, porque as crianças ficam sem
abrigo. Preferem, então, casar-se com alguém para ajudar nas despesas (UNICEF,
2016). Daí a importância de o Conselho de Escola criar uma comissão que auxilie as
crianças a identificar colegas em risco de Casamento Prematuro. Após tal identificação,
a Comissão intervém, encaminhando os casos para a Ação Social, setor responsável pela
ajuda às crianças órfãs e vulneráveis, e consequentemente, busca-se garantir-lhes a
permanência na escola, até concluir pelo menos os sete anos de escolaridade gratuitos e
obrigatórios no país.
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moçambicano, pois não envolve ativamente o Conselho de Escola em ações de combate.
Os Conselhos teriam maiores possibilidades de atuação, posto estarem próximos das
comunidades onde estão situadas as escolas primárias. Francisco (2014) adverte que o
casamento prematuro é um flagelo social no país: gera altas taxas de desistência nas
escolas primárias e faz com que a maioria das mulheres viva em extrema pobreza e
desgraçadas, pois compromete a sobrevivência e o desenvolvimento integral das
crianças.
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Conclusão
A eliminação dos casamentos prematuros em Moçambique necessita ser prioridade na
agenda nacional. Por um lado, as ações do Estado moçambicano abarcam as entidades
não governamentais, que insistem em desenvolver as suas atividades sistematicamente
nas grandes cidades, onde o fenômeno ocorre com menos frequência.
Deixam em segundo plano as áreas rurais, onde está o berço das culturas e crenças que
favorecem essa prática e onde vivem meninas de famílias mais pobres, que mais
comumente vivenciam esse flagelo, com o consentimento dos seus pais e ou
responsáveis. Por outro lado, a legislação e as políticas relacionadas à proteção da
criança contra os casamentos prematuros não abordam de forma concreta a questão de
casamentos de crianças e como as instituições públicas devem se engajar para a sua
eliminação. É essencial que se redistribuam as metas e a periodicidade na elaboração de
relatórios para cada instituição.
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Referencias Bibliograficas
Assembleia Geral das Nações Unidas (2011). Resolução n. 66/170. Define o dia 11 de
outubro, como dia Internacional da Rapariga. Recuperado em 10 Maio, 2022, de
http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/RES/66/170&referer=/english/&
Lang=E
Bagnol, B., Sousa, L., Fernandes, F., & Cabra, Z. (2015). As barreiras à educação da
rapariga no ensino primário, na Zambézia. Propriedade: IBIS. S/ed. Maputo-
Moçambique.
Fundo das Nações Unidas para a Infância e Fundo das Nações Unidas para a População
(2016). Comunicado de imprensa da UNICEF e UNFPA contra os casamentos
prematuros. Nova Iorque
Fundo das Nações Unidas para a População e Coligação para a Eliminação dos
Casamentos Prematuros . (2015). Casamento Prematuro e Gravidez na Adolescência
em Moçambique: Causas e Impacto. Maputo-Moçambique.
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Lei n. 35-2014 Código Penal (2004). Maputo-Moçambique. Boletim da República. I
Série, Número 105. Maputo, 31 de Dezembro. Recuperado em 10 Maio, 2022, de
http://www.rosc.org.mz
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