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A Igualdade entre mulheres e homens é uma questão de direitos humanos e uma condição
de justiça social, sendo igualmente um requisito necessário e fundamental para a igualdade,
o desenvolvimento e a paz.
A Igualdade de Género exige que, numa sociedade, homens e mulheres gozem das mesmas
oportunidades, rendimentos, direitos e obrigações em todas as áreas.
Dito de outra maneira, mulheres e homens devem e beneficiar das mesmas condições:
• No acesso à educação
• Nas oportunidades no trabalho e na carreira profissional
• No acesso à saúde.
Apesar de as mulheres viverem mais e durante mais tempo (número absoluto de anos) sem
incapacidade, vivem um período maior das suas vidas em situação de incapacidade (numa
idade mais avançada) comparativamente aos homens. As mulheres são também utilizadoras
mais frequentes dos cuidados de saúde e têm mais cuidados ao nível da prevenção e
promoção da saúde do que os homens.
Contudo, as mulheres idosas têm maior probabilidade que os idosos de se deparar com uma
situação em que necessitem de cuidados de longa duração: estas predominam no grupo
etário mais velho, sendo que as necessidades identificadas pelos/as próprios/as ao nível dos
cuidados de longa duração revelam uma maior incidência de dependência e incapacidade
com o avançar da idade.
Uma primeira etapa neste sentido consiste em adquirir conhecimentos adequados acerca das
necessidades e do estado de saúde das mulheres e dos homens, respetivamente, bem como
acerca do seu acesso, utilização e participação nos cuidados de saúde e nos cuidados de
longa duração.
Apenas tendo acesso a esta informação, seguida da adaptação das políticas a fim de reduzir
as desigualdades de género, poderão os sistemas de cuidados de saúde e cuidados de longa
duração responder de forma mais adequada às necessidades específicas das mulheres e dos
homens.
A intervenção no âmbito da SSR envolve uma dimensão ética, médica e legal, chamando à
ação diferentes tipos de atores, desde os profissionais de saúde e educação até decisores
políticos e legisladores.
Numa abordagem que se caracteriza por ser multidisciplinar, são consideradas como áreas
de atuação para a promoção da SSR:
• Prestação de cuidados de saúde perinatais e pós-parto
• Implementação e promoção do acesso a serviços de planeamento familiar
• Prevenção da gravidez indesejada
• Eliminação do aborto não seguro
• Combate à infertilidade
• Prevenção das infeções sexualmente transmissíveis e doenças do aparelho reprodutor
• Combate à violência sexual baseada no género e orientação sexual.
Planeamento familiar
Em todos os centros de saúde deve existir uma equipa multiprofissional que promova e
garanta:
• O atendimento imediato nas situações que o justifiquem
• O encaminhamento adequado para uma consulta a realizar no prazo máximo de 15
dias, ponderado o grau de urgência
• Consulta de PF para utentes que dela não disponham
• A existência de contracetivos para distribuição gratuita aos utentes.
Gravidez
De acordo com a Lei 16/2007, a interrupção voluntária da gravidez é legal em Portugal desde
que:
• Constitua o único meio de remover perigo de morte ou de grave e irreversível lesão
para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida;
• Se mostre indicado para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão para
o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida, e seja realizada nas
primeiras 12 semanas de gravidez;
• Haja seguros motivos para prever que o nascituro venha a sofrer, de forma incurável,
de grave doença ou malformação congénita, e for realizada nas primeiras 24 semanas
de gravidez, excecionando-se as situações de fetos inviáveis, caso em que a
interrupção poderá ser praticada a todo o tempo;
• A gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual e
a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas de gravidez;
• Por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas de gravidez.
As complicações decorrentes do aborto não seguro são uma das principais causas de
mortalidade materna em todo o mundo. Porém, se realizado na fase inicial, e com os cuidados
de saúde apropriados, a Interrupção Voluntária da Gravidez é um procedimento médico
seguro e com menores riscos para as mulheres.
A consulta prévia marca o início formal do processo de IVG. É uma consulta de carácter
obrigatório. Nesta, o técnico de saúde deve esclarecer todas as dúvidas da mulher e fornecer
a informação necessária tendo em vista uma tomada de decisão livre, informada e
responsável.
A consulta pode ser marcada num serviço de saúde legalmente autorizado, como centros de
saúde, maternidades, hospitais públicos ou em clínicas privadas devidamente autorizadas.
A mulher pode fazer-se acompanhar por terceiros durante todo o processo de IVG.
Violência doméstica
Um atendimento a uma mulher vítima de violência, seja num Serviço de Urgência, seja num
Centro de Saúde, pode ser determinante para o seu restabelecimento de saúde, em particular
(pelo tratamento imediato) e, no geral, para toda a sua vida (pelo apoio que pode facultar
para a resolução dos seus problemas).
Por isso, os profissionais deverão tentar sempre promover um processo de apoio que não
termine aí. Tão pouco devem realizar um atendimento como se não estivessem diante de
uma vítima de violência, ainda que, em muitos casos essa condição de vítima lhes tente
ocultar, pelo que devem proceder segundo uma Intervenção na Crise.
Por isso, a entrevista constitui o núcleo da relação entre o profissional e o paciente. E, muito
mais além de uma simples recolha de informações, a entrevista clínica deve ser o processo
pelo qual o entrevistador tenta compreender todos os fatores -biológicos, psicológicos e
sociais- que desempenharam um papel no aparecimento do problema de saúde e que irão
afetar a recuperação do paciente.
É essencial que o profissional oriente a sua entrevista consoante as informações que obteve
previamente sobre a pessoa que vai consultar: se a mulher vítima declarou, à entrada no
hospital que foi vítima de violência, a entrevista decorrerá desde logo numa abordagem direta
sobre o problema.
Tudo isso dependerá, obviamente, da pessoa que tem à sua frente, do modo como esta
discursa e como se comporta, pelo que deverá adaptar o seu próprio comportamento durante
a entrevista.
j) Despedir-se.
É importante que o profissional distinga que estes aspetos não são mais que algumas técnicas
de entrevista e que o seu uso não basta para uma adequada Intervenção na Crise: eles
apenas podem ajudar a intervir, nomeadamente no que diz respeito à comunicação com a
mulher vítima.
Assim, o profissional deverá saber que a intervenção tem de ter em conta a importância de:
a) Utilizar o empowerment;
b) Validar os direitos e interesses da mulher vítima;
c) Otimizar todos os recursos existentes para a apoiar;
e) O restabelecimento da segurança e do domínio sobre a sua própria vida;
f) A compreensão da opressão que sente perante as decisões a tomar; acompanhá-
la pessoalmente nas diligências que são próprias do processo de apoio.