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TRANSTORNO

DO DESEJO
SEXUAL
HIPOATIVO (TDSH)
POR QUE É MAIS COMUM EM MULHERES?

Myrella Pontes
Thalia Brandão
O QUE É O TDSH?
Transtorno do desejo corresponde à principal queixa relacionada à
saúde sexual. É a disfunção sexual mais prevalente entre as mulheres.

Ausência ou frequência/ intensidade reduzida do interesse e da


excitação sexual ou incapacidade de ficar sexualmente excitado(a) e
de responder aos estímulos sexuais com desejo, além da ausência
correspondente de sinais de excitação sexual física.

(SILVA, 2011)
SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
PELO MENOS TRÊS DENTRE
Ausência ou
Redução

Do interesse, pensamentos ou fantasias pela atividade sexual;

Da excitação/prazer durante ou em quase todas as relações sexuais


seja situacional ou generalizado;

De resposta a quaisquer indicações sexuais, verbais, visuais etc;

De sensações genitais ou não genitais durante a atividade sexual em


quase todos ou em todos;

Nenhuma iniciativa ou iniciativa reduzida e não receptividade pelas


tentativas do(a) parceiro(a).
PARA O DIAGNÓSTICO, SINTOMAS DEVEM
(DSM 5)
PERSISTIR POR, NO MÍNIMO, SEIS MESES
ESTATÍSTICAS (MARQUES, CHEDID E EIZERIK, 2008)

43% 31%
das mulheres dos homens

Aumento proporcional à idade, destaca-se a


relação disfunções sexuais com a menopausa.
(SCHLOSSMACHER, 2021)
POR QUE É SERÁ QUE NÃO É POR
CONTA DOS ASPECTOS
EMOCIONAIS E
PSICOSSOCIAIS?
HMM...

MAIS COMUM
ENTRE AS
MULHERES?
FATORES BIOPSICOSSOCIAIS

Biológicos Psicossociais Contextuais


Fatores endócrinos, desordens Experiências sexuais não Crenças étnicas/religiosas/
no ciclo menstrual. desejadas, história de estupro culturais, acesso a cuidados
ou violência. médicos e informação.

• INTENSIFICANTES •
Menopausa, câncer, uso de Insatisfação com a relação, Conflito de relacionamento,
medicamentos ou drogas. desordens afetivas. estressores de período de vida.

(BROTTO et. al, 2010, p. 593.)


FATORES BIOPSICOSSOCIAIS
Nijland et al. (2006) pontuam que o comportamento sexual
é um comportamento social: “é preciso dois para dançar o
tango”. A perda de certos aspectos da sexualidade, como
excitação ou interesse, não resulta, automaticamente, em
problemas sexuais ou transtorno sexual, da mesma forma
que o aumento da excitação sexual ou do interesse não
resulta, automaticamente, em satisfação sexual.

O sexo é uma força sociológica e cultural mais do que


uma mera relação física de dois indivíduos
(MALINOWSK, 1929 apud SERATI et al., 2010).
NEUROFISIOPATOLOGIA
A FASE DO DESEJO SEXUAL (MODELO KAPLAN) ESTÁ RELACIONADA A

01 Regiões do Sistema Nervoso Central (SNC).


O sistema límbico, hipotálamo e neocórtex.

Hormônios.
02 Androgênios, estrogênios, progesterona, prolactina.

Neurotransmissores.
03 Serotonina, dopamina, melanocortina, norepinefrina,
ocitocina e endocanabinóides.

04 Estímulos sexuais.

(RUDGE, 2007)
MODELO PSICOSSOMÁTICO DE KAPLAN (1999)
Considera os elementos que regulam a motivação sexual humana. Segundo a autora, no SNC estão os centros de regulação sexual
que incluem estruturas límbicas e o hipotálamo. Estímulos fisiológicos e psicológicos, excitantes ou supressores da motivação sexual,.
NEUROFISIOPATOLOGIA
ALTERAÇÕES NEURAIS

Os neurotransmissores mais
importantes, envolvidos no
desejo e na excitação subjetiva,
são: noradrenalina, dopamina,
melanocortina, ocitocina,
serotonina agindo via
receptores 5HT1A e 5HT2C.
Prossexuais e prolactina, GABA e
serotonina, inibitórios ou
negativos. As ações dessas
substâncias são modificadas e
influenciadas pelo ambiente
endócrino fornecido pelo
estrogênio, progesterona e
testosterona (BROTTO et al.,
2010).
Regiões do Sistema Límbico. Diversas vias que se interconectam e
participam da fisiologia do comportamento emocional. (LENT, 2005, p. 669.)
FISIOLOGIA DAS 4 FASES
DO ATO SEXUAL

Desejo Excitação Orgasmo Resolução

(SILVA, 2011)
FISIOLOGIA DAS 4 FASES DO ATO
SEXUAL: HOMEM X MULHER
A resposta sexual do homem obedece um único padrão: excitação, platô, orgasmo, resolução (FIG. 1). Enquanto, a da mulher,
existe a possibilidade de de vários padrões de respostas: A- excitação, platô, multiorgasmos, resolução; B- experiência de excitação,
platô, sem, no entanto, atingir o orgasmo, resolução e C- excitação crescente até o orgasmo e resolução imediata (FIG. 2).
Modelo proposto por Masters & Johnson (1966)

(CAVALCANTI e CAVALCANTI, 2006, p.53 )


FISIOLOGIA DAS 4 FASES DO ATO
SEXUAL: HOMEM X MULHER
Segundo Basson, a fisiologia da resposta
sexual feminina é distinta da resposta
masculina e inclui um mecanismo de
retroalimentação no sistema límbico,
envolvendo aspectos genitais, emotivos e
cognitivos, caracterizados pela ação conjunta
da “mente e do corpo”.
Afirma também, que pode existir um desejo
espontâneo numa primeira fase, mas maioria
das mulheres, diferentemente dos homens,
partem de um estado de “neutralidade”
sexual e a motivação ou desejo sexual
depende da intimidade.
Fatores psicológicos (nível mental), como o
estresse, por exemplo, podem afetar a
produção de hormônios (nível fisiológico), o
que, então, poderia desencadear mudanças
na resposta sexual (BASSON, 2002).

Modelo proposto por Basson (2002).


FISIOLOGIA DAS 4 FASES DO ATO
SEXUAL: O DESEJO
O desejo é um impulso que o sistema neurológico
específico produz por meio de sua estimulação. A
libido ativa uma cadeia de processos complexos do
sistema nervoso de forma consciente e
inconsciente, resultando numa série de substâncias
químicas que envolvem o corpo. Como a
noradrenalina, dopamina, melanocortina, ocitocina,
serotonina.
O centro nervoso cerebral divide-se em dois
setores, que estão ligados a dois sistemas
de neurotransmissores importantes: um
que ativa o desejo e outro, que inibe. O
parassimpático e o simpático. E os
neurotransmissores são mensageiros
químicos que têm como função enviar
informação entre células nervosas.
(SILVA, 2011)
FISIOLOGIA DAS 4 FASES DO ATO
SEXUAL: A EXCITAÇÃO
O SISTEMA SIMPÁTICO É DOMINANTE

Nessa fase o corpo se modifica para a relação sexual


que é como o corpo responde ao desejo. Os
hormônios liberados na fase do desejo, junto do
estímulo físico, fazem acontecer um aumento da
frequência cardíaca e respiratória. Assim, os órgãos
localizados próximas a região genital sofrem
contrações musculares. Na mulher, o clitóris, os
grandes e os pequenos lábios há um aumento e
acumulo da circulação de sangue. Da mesma
forma que o homem acontece a ereção pelo pênis.

(SILVA, 2011)
FISIOLOGIA DAS 4 FASES DO ATO
SEXUAL: O ORGASMO
DOMÍNIO DO SISTEMA SIMPÁTICO

Nessa região acontece uma série de contrações


rítmicas e involuntárias. Na mulher, logo após o
orgasmo, ela pode ser novamente estimulada e iniciar
outro ciclo excitatório, essa capacidade de ter
múltiplos orgasmos não é vista no homem que em
seguida a essa fase já segue para a resolução.

(SILVA, 2011)
FISIOLOGIA DAS 4 FASES DO ATO
SEXUAL: A RESOLUÇÃO

Após o orgasmo, vêm a resolução, onde ocorrem o relaxamento


e a involução de todos os outros fenômenos descritos.
De forma subjetiva, podemos citar que existe a sensação de alívio
e cansaço, com retomo à plenitude sensorial. E de forma
objetiva, é quando ocorre o relaxamento muscular e da
descongestão sangüínea.
A mimir

(SILVA, 2011)
TRATAMENTOS
Não existe ainda tratamento farmacológico
recomendado pela instituição responsável pelo
controle de alimentos e drogas nos Estados Unidos da
América (Food and Drug Administration FDA) para
mulheres, apenas alguns, disponíveis para homens.

TRATAMENTO MEDICAMENTOSOS QUE ATUAM ALTERANDO OS NÍVEIS E


NEUROTRANSMISSORES RESPONSÁVEIS PELA EXCITAÇÃO SEXUAL

O tratamento por meio farmacológico é feito pela suplementação de testosterona.


Hormônio da libido, como diz Kaplan (1983), têm o papel sexualidade humana claro,
em ambos os sexos. No entanto, a maioria das evidências (Brotto et al., 2010) não
consegue encontrar uma correlação significativa entre o desejo sexual e os níveis de
testosterona em mulheres. Para os homens existe a possibilidade de testosterona
intramuscular para o tratamento de HSDD (ABDALLAH e SIMÃO, 2007). Nas
mulheres, a carência de testosterona o estímulo sexual pode ser dado pelo
Hormônio Luteinizante (LH), secretado pela hipófise anterior.
TRATAMENTOS
A abordagem terapêutica utiliza, preferencialmente,
a Terapia Psicossexual, de base comportamental,
preconizada desde Masters e Johnson (1966) e
Kaplan (1979), com restrita intervenção
farmacológica (BROTTO et al., 2010).

Acompanhamento psicoterapêutico vinculada a autoestima, reestruturação de


crenças morais, culturais e religiosas, além de técnicas de relaxamento. Atualmente
há evidências de que breves intervenções cognitivo-comportamentais (TCC) são
muito úteis para a abordagem dos transtornos do desejo sexual. Os novos
tratamentos TCC, que integram “midfulness”, são uma promessa para problemas de
desejo sexual, mas aguardam estudos randomizados controlados.

(BROTTO et al., 2010)


TRATAMENTOS
Outra alternativa de tentar combater o transtorno
de desejo sexual hipoativo é utilizar de métodos de
tratamentos complementares.

O uso de dispositivos mecânicos como uso de


vibradores e dilatadores, são exemplos de
métodos complementares.
Como também utilizar técnicas de relaxamento
e praticar a fisioterapia pélvica e pompoarismo,
que são especialidades que atuam na
reabilitação das disfunções do assoalho pélvico
como um todo.

(MACEDO, 2018)
OBRIGADA!
REFERÊNCIAS
ABDALLAH, R.; SIMON, J. 2007. Testosterone therapy in women: its role in the management of hypoactive sexual desire disorder.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA. 2014. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5.
BASSON, R. 2002. Women’s Sexual Desire-Disordered or Misunderstood?
BROTTO, L. 2010. The DSM Diagnostic Criteria for Hypoactive Sexual Desire Disorder in Men. The Journal of Sexual Medicine.
BROTTO, L. et al. 2010. Women’s Sexual Desire and Arousal Desorders. The Journal of Sexual Medicine.
CAVALCANTI, R. e CAVALCANTI, M. 2006. Tratamento Clínico das Inadequações Sexuais.
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um hospital escola no Recife, Pernambuco.
GUTERRES, J. L. et al. 2021. Mapeamento das disfunções sexuais femininas em mulheres usuárias de redes sociais a partir do Dsféminins.
KAPLAN, H. 1978. Manual Ilustrado de Terapia Sexual.
KAPLAN, H. 1983. A nova terapia do sexo: O Desejo Sexual e novos conceitos e técnicas da terapia do sexo.
KAPLAN, H. 1999. Transtornos do Desejo Sexual – regulação disfuncional da motivação sexual.
LARA, L. A. S. et al. 2021. Manejo do transtorno do desejo sexual hipoativo em mulheres no ambiente ginecológico. RANGEL, A. 2019. Transtorno
do desejo sexual hipoativo: o que é?
LENT, R. 2005. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociências.
MACEDO, T. 2018. Fisioterapia pélvica na libido feminina.
MAIA, L. A. C. R., & PESSOA, P. 2009. Estudo exploratório acerca da satisfação sexual em pessoas de meia-idade da cidade da Covilhã, Portugal.
MARQUES, F. Z. C.; CHEDID, S. B.; EIZERIK G. C. 2008. Resposta sexual humana.
MASTERS, W. e JOHNSON, V. 1966. A incompetência sexual.
NIJLAND, E. et al. 2006. Female sexual satisfaction and pharmaceutical intervention: A critical review of the drug intervention studies in female
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PAULO, T. M. M. 2017. Neurobiologia e Orientação Sexual.
RUDGE, C. 2007. Sexualidade Feminina – A evolução do conhecimento da resposta sexual e as classificações das disfunções sexuais femininas.
SCHLOSSMACHER, C. S.; BONATO, F.; SCHLOSSMACHER, L. 2021. Prevalência de disfunções sexuais entre mulheres atendidas em unidades de
saúde de Curitiba.
SERATI, M. et al. 2010. Female sexual function during pregnancy and after childbirth.
SILVA, S. L. F. G. 2011. NEUROPSICOFISIOLOGIA DO DESEJO SEXUAL: alguns aspectos da regulação funcional da motivação sexual.

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