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Sexualidade

 fenómeno estritamente humano,


influenciado por factores culturais,
hormonais e neurofisiológicos;
 Sexo entre animais  não há
contacto visual, objectivo é
procriação;
 Sexo entre humanos  reforça
vínculos, objectivo é prazer;
O PRAZER COMO OBJECTIVO

1956 – Lançamento da pílula contraceptiva


- Relativização da castidade e da monogamia;
- Afirmação da homossexualidade como opção legítima (Taylor, 2007);

1960 - Fim do modelo sexual reprodutivo


- Separação entre sexualidade e reprodução, erotismo e maternidade.

1970 - Função erótica da sexualidade (revolução dos costumes sexuais)

1975 - OMS define saúde sexual


SAÚDE MENTAL SAÚDE SEXUAL
• Saúde sexual - “ Integração harmoniosa dos aspectos somático, emocional,
intelectual e social do ser sexuado, de forma a enriquecer a personalidade, a
comunicação e o amor.” OMS (1975).

• Sexualidade é um realidade global que envolve toda a personalidade humana ao


longo da vida como uma “energia que nos motiva a procurar contacto, afecto,
prazer, bem estar e que influencia sentimentos, pensamentos, acções e
interacções“.

• Dimensões integrantes:
 Biológica
 Psico-afectiva
 Comunicativa
 Ética
 Socio-cultural e política
 Ainda hoje em dia a sexualidade é tabu;
 Entretanto, a sexualidade faz parte de
uma boa qualidade de vida;
 Existem problemas de saúde que
muitas vezes se ligam a factores
emocionais e fazem com que muitas
mulheres e homens se queixem de
algum tipo de disfunção sexual.
SAÚDE MENTAL / SAÚDE SEXUAL
AO LONGO DA VIDA

Infância Sexualidade infantil Repressão


Oral Estimulação
Anal Culpa
Fálica Castigo

Puberdade Masturbação Mitos


Medos
Privação
Gravidez Início vida sexual Vivência grupal
Parto
Fantasias
Estereótipos
Puerpério Vida sexual activa Prazer
Risco de gravidez

Climatério A mudança de padrões Planeamento familiar


Disfunções
Vida da relação
Rotina
Adaptação
Evolução
Bem estar mental e sexual

Velhice Declínio da actividade genital Trabalho


Reforma
Interesses
Saúde geral
Vida erótica/sexual
Disfunções Sexuais
 Inabilidade para ficar excitado ou atingir o orgasmo,
tanto nas relações heterossexuais como
homossexuais.  

 O conceito actual das disfunções sexuais baseia-se


no ciclo da resposta sexual, que possui 5 etapas:
 fase do desejo;
 fase de excitação;
 fase de platô;
 fase do orgasmo; e a
 fase de resolução.
( Barlow, 2011)
 Sendo que, a maioria dos modelos do
funcionamento sexual saudável são
centrados na fase do desejo,
excitação e no orgasmo. 

( Barlow, 2011)
DESEJO
 Vontade de praticar relação sexual, ocorre
em resposta a insinuações ou a fantasias
sexuais.

( Barlow, 2011)
Alterações bioquímicas nas fases do comportamento
sexual

•Fase 1. (Desejo): relacionada ao desejo por sexo e é considerado


um fenómeno mediado pelas vias dopaminérgicas centrais
ligadas aos mecanismos de recompensa (vias nigroestriatal,
mesolímbica e hipotalámica).

(Neves & Rates 2004)


EXCITAÇÃO
Sentido subjectivo de prazer sexual e sinais
fisiológicos de excitação sexual:
 nos homens, intumescência do pênis, ou seja, maior
fluxo sanguíneo no órgão;
 nas mulheres, vasocongestão, ou seja, acúmulo de
sangue na área pélvica, que resulta em lubrificação
vaginal e intumescência dos seios (mamilos
erectos).

( Barlow, 2011)
Alterações bioquímicas nas fases do
comportamento sexual (2)

 Fase 2: A mensagem neuroquímica que resulta na


preparação do pénis para a relação sexual se inicia no
cérebro, segue caminhos descendentes através da
medula espinhal e é conduzida por fibras autonómicas
periféricas simpáticas e parassimpáticas aos tecidos
vasculares e à genitália. Os dois principais
neurotransmissores pró-erécteis são a acetilcolina e o
óxido nítrico.

(Neves & Rates 2004)


Platô

 Período breve antes do orgasmo.

( Barlow, 2011)
ORGASMO
 Nos homens, sensação de
inevitabilidade da ejaculação,
seguida por ejaculação;
 nas mulheres, contracções das
paredes da parte inferior da vagina. ( Barlow, 2011)
Alterações bioquímicas nas fases da função
sexual (3)

 Fase 3: A última fase da função sexual masculina é o


orgasmo, acompanhado de ejaculação. Fibras
serotoninérgicas, que descem através da coluna espinhal,
exercem função inibitória sobre este comportamento via
activação de receptores 5-HT2A, enquanto fibras
descendentes noradrenérgicas facilitam tanto a
ejaculação quanto o orgasmo.

(Neves & Rates 2004)


RESOLUÇÃO
Sensação de bem estar e relaxamento:
 A maioria dos homens tornam-se
refratários ao início de um novo ciclo
sexual (período que pode variar de
minutos, horas ou dias, sendo esse
período dependente da idade);
 As mulheres não apresentam período
refratário. 

( Barlow, 2011)
Fases da erecção

(Neves & Rates 2004)


Disfunção sexual feminina

Na disfunção sexual por dor


torna-se relevante a realização do
exame ginecológico (despiste de
atrofias vaginais, bartholinites,
vulvo vaginites, cervicites,
endometrioses, doença
oncológica, variações anatómicas
do hímen, cicatrizes perineais,
etc.).

Avaliação dos níveis hormonais


(FSH, LH, TSH, Testosterona,
Prolactina, etc.)
 As definições e a classificação da
disfunção sexual incluem a deterioração ou
a perturbação de uma destas três etapas;
 Sendo que a experiência de dor em
qualquer momento da actividade sexual
também é classificada como disfunção
sexual.

(Caballo, 2007)
 Pessoas com
disfunção sexual
têm dificuldade
para alcançar um
bom desempenho
sexual, ou seja, por
exemplo: não ficam
excitadas ou não
atingem o
orgasmo.
(Caballo, 2007)
As disfunções sexuais podem
ser permanentes ou adquiridas:
 Permanente refere-se a uma
condição crónica que se faz presente
durante toda a vida sexual de uma
pessoa;

 Adquirida refere-se a um distúrbio


que se inicia após a actividade sexual
ter sido relativamente normal
(satisfatória);
(Caballo, 2007)
Além disso, os distúrbios podem
ser generalizados ou situacionais:
 Generalizados ocorrem  todas as
vezes que a pessoa tenta praticar
sexo;

 Situacionais ocorrem somente com


alguns parceiros ou em certas
ocasiões, porém não com outros
parceiros(as) ou em outras ocasiões.
(Caballo, 2007)
 Por fim, as disfunções sexuais também são
especificadas, em decorrência de factores
psicólogicos ou em razão de factores
psicólogicos combinados com condições
médicas gerais (distúrbio físico
diagnosticável de ordem vascular, hormonal
ou a um problema físico que se sabe
contribuir para a disfunção sexual);

(Barlow, 2011)
Categorias de
disfunção sexual em
homens e mulheres
Tipo de Transtorno
Desejo: Homens / Mulheres
 Transtorno do desejo sexual hipoactivo (pouco ou
nenhum desejo de praticar sexo)
 Transtorno de aversão sexual (aversão e evitação do
sexo)

(Barlow, 2011)
 F52.0 Falta ou perda de desejo sexual;
 F52.1 Aversão sexual e falta de prazer:
 F52.10 Aversão sexual;
 F52.11 Falta de prazer sexual

(CID-10, 1993)
Excitação: Homens
 Transtorno eréctil (dificuldade para
conseguir ou manter ereções);

Excitação: Mulheres
 Transtorno da excitação sexual feminina
(dificuldade para conseguir ou manter
lubrificação ou resposta);
(Barlow, 2011)

 F52.2 Falha de resposta genital

(CID-10, 1993)
Orgasmo: Homens
 Orgasmo masculino inibido, ejaculação
precoce.

Orgasmo: Mulheres
 Orgasmo feminino inibido;

(Barlow, 2011)

 F52.3 Disfunção orgásmica


 F52.4 Ejaculação precoce
(CID-10, 1993)
Dor: Homens
 Dispareunia (dor associada à actividade sexual)

Dor: Mulheres
 Dispareunia e vaginismo (espasmos musculares
na vagina que interferem na penetração)

 F52.5 Vaginismo não-orgânico;


 F52.6 Dispareunia não-orgânica. (Barlow, 2011)

(CID-10, 1993)
 F52.7 Impulso sexual excessivo: ambos,
podem ocasionalmente queixarem-se de
impulsos sexual excessivo como problema por
si só, usualmente durante o final da
adolescência ou início da idade adulta
(ninfomania/satiríase);
 F52.8 Outras disfunções sexuais, não
causados por transtorno ou doença orgânica;
 F52.9 Disfução sexual, não causada por
transtorno ou doença orgânica, não específica.

(CID-10, 1993)
Hipersexualidade: Disfunções Sexuais - CID 10 (1992); DSM IV (1994)
Ausência ou Diminuição da Libido
Aversão Sexual
Perturbações do Desejo Perda do Prazer Sexual
Hiperssexualidade
Disfunção Eréctil
Perturbações da Excitação Diminuição da Lubrificação Vaginal
Anorgasmia
Dificuldade Orgásmica
Perturbações do Orgasmo Ejaculação Precoce
Ejaculação Tardia

Vaginismo, Dispareunia
Perturbações da Dor Ejaculação Dolorosa
Anestesia Peniana

Outras Perturbações Disf. Sexuais devido a Fármacos


e a Doenças Somáticos ou Psíquicas

A. Pacheco Palha, 2002


Prevalência:
 Dentre os transtornos sexuais, as disfunções
sexuais (DS) são as mais prelaventes;
 Acredita-se que as mulheres sejam mais
acometidas, quando comparadas aos homens,
sendo que 43% delas apresentam algum sintoma
de disfunção sexual ao longo da vida;
 A falta de desejo, parece ser o sintoma mais
comum de 20 a 40%, sendo seguida pela
dificuldade de chegar ao orgasmo 30%;
 Problemas de erecção acometem de 10 a 20% dos
homens e a ejaculação prematura é responsável
por 35 a 40% das queixas clínicas masculinas.
(Parisotto in Cordioli, 2008)
Etiologia

 As disfunções sexuais raramente se


apresentam de forma isolada;
(Barlow & Durand, 2011)

 Mesmo nos casos em que aparece uma


causa orgânica há sempre um
comprometimento psicológico que é
preciso considerar e entender;
(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)
CAUSAS ORGÂNICAS

 Anomalias genéticas e congênitas


 Doenças agudas e crónicas

 Drogas

(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)


DOENÇAS AGUDAS E
CRÔNICAS

 Distúrbios endócrinos
 Doenças Cardiovasculares

 Doenças do aparelho genital

 Doenças do sistema nervoso

(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)


Diabetes Melito

 40 a 60% dos diabéticos são


portadores de disfunção eréctil.

(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)


Doenças Cardiovasculares

 Após um ataque cardíaco, é comum as pessoas


ficarem precavidas quanto ao esforço físico
envolvido na actividade sexual.
(Barlow & Durand, 2011)

 Alguns médicos aconselham a retomada plena


da actividade sexual passado 8 a 14 semanas
após o acidente coronariano, considerando a
gravidade do mesmo, condições emocionais,
intensidade do desejo sexual, esforço físico, etc.
 Geralmente, aconselha-se que o retorno às
actividades sexuais aconteça de forma lenta e
progressiva, iniciando pela masturbação;
(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)
USO DE DROGAS
A maior parte dos agentes farmacológicos é capaz de
interferir negativamente sobre a resposta sexual.
Pode-se classificar as drogas em 3 grupos:
 Actuam no sistema nervoso central
 Depressores:
- Álcool
- Hipnóticos barbitúricos e não barbitúricos
- Hipnoanalgésicos (estimulantes, alucinógenos,
neurotransmissores, antidepressivos e tranquilizantes)
 Actuam no sistema nervoso autónomo
 Actuam em outras partes do organismo

(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)


DEPRESSORES DO SNC

Álcool
 Em doses mais elevadas
diminui a apetência
erótica e interfere
negativamente no
desempenho sexual, pois
o álcool é um depressor
do SNC, o que dificulta a
erecção nos homens e a
lubrificação nas
mulheres.

(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006; Barlow & Durand, 2011)


Estimulantes do SNC

 Existem fortes indícios de que o uso


prolongado de cocaína e anfetaminas
causa disfunção eréctil.

(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006; Barlow & Durand, 2011)


Alucinógenos
 Os efeitos do LSD, THC (princípio
activo da maconha) e MDA na vida
sexual são muito individualizados;
 Essas drogas reduzem a inibição
sexual e alertam a consciência
sensorial;
 Porém tudo depende da dose
utilizada.

(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)


ANSIOLÍTICOS E
ANTIDEPRESSIVOS
 Os ansiolíticos (maiores e menores), em pequenas
doses, podem ter acção indireta favorável sobre a
resposta sexual por diminuírem os níveis de ansiedade;
 Porém seus efeitos sedativos não favorecem a vida
sexual;
 Os ansiolíticos maiores (ataráxicos, neurolépticos,
antiesquizofrénicos ou antipsicóticos) costumam exercer
acção desfavorável sobre a vida sexual;
 Dentre os ansiolíticos e tranquilizantes menores, pode-se
destacar os benzodiazepínicos, que em pequenas doses,
graças ao efeito ansiolítico e miorrelaxante, melhoram a
apetência e o desempenho sexual.
(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)
ANTI-DEPRESSIVOS
 Os anti-depressivos tricíclicos exercem
acções desfavoráveis sobre a apetência e
as respostas sexuais manifestas;
 Sabe-se que os ISRS podem determinar
anorgasmia, diminuição da libido e
impotência;
 Os efeitos antiorgásmicos dos ISRS (como
a fluoxetina e a sertralina) fizeram com que
essas drogas fossem usadas como
coadjuvantes da TCC no tratamento de
ejaculação precoce.
(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)
CAUSAS
PSICOSSOCIOLÓGICAS
Possuem duas categorias:
Causas Socioculturais
 Instituições sociais (família e religião);
 Revolução sexual (motivação individualista);
 Tabus e crenças sexuais.

Causas Comportamentais
 Vivências destrutivas:
 (violências sexuais, vivências desastrosas das primeiras relações,
partos traumáticos e factores circunstanciais de inibição);
 Relações cotidianas inadequadas.

(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)


TABUS E CRENÇAS
SEXUAIS
Idéia do proibido e a sanção para o
trangressor.

Tabus do “faz mal”


 “faz mal ter relações durante a
menstruação”
 “faz mal ter relações durante a
gravidez”
(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)
Muitos acreditam que o tamanho dos
órgãos sexuais é fundamental para o êxito
erótico das pessoas.

 “Pessoas que tem pênis bem dotados são


mais capazes de satisfazer sexualmente
suas parceiras”
 “Mulher grávida não tem desejo sexual”
 “A mulher não possui as mesmas
necessidades sexuais que o homem”
 “Um homem não se satisfaz com uma só
parceira”
(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)
Violências Sexuais

 Em geral, as vítimas de violência


sexual tendem a transferir suas
lembranças sexuais negativas para os
futuros relacionamentos.

(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006)


RELAÇÕES COTIDIANAS
INADEQUADAS

 Na maioria dos casos, a gênese do


processo disfuncional a as forças que
o sustentam estão no relacionamento
diário e actual com o parceiro.

(Cavalcanti & Cavalcanti, 2006; Lara, 2008)

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