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FACULDADE MARIA MILZA


BACHARELADO EM ENFERMAGEM

ERIKA ABBEHUSEN FERNANDES PIRES

DISMORFIA E TRATAMENTO ESTÉTICO: VISÃO DE PROFISSIONAIS DE


SAÚDE

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2013
1

ERIKA ABBEHUSEN FERNANDES PIRES

DISMORFIA E TRATAMENTO ESTÉTICO: VISÃO DE PROFISSIONAIS DE


SAÚDE

Monografia apresentada na Faculdade


Maria Milza no curso de Bacharelado em
Enfermagem, como requisito parcial para
obtenção do título de graduada.

Prof.ª Rita de Cássia Calfa Vieira Gramacho


Orientadora

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2013
2

Ficha catalográfica elaborada pelo processamento Técnico da Biblioteca da FAMAM

P667d Pires, Erika Abbehusen Fernandes.


Dismorfia e tratamento estético: visão e profissionais de saúde. / Erika Abbehusen
Fernandes Pires. – Governador Mangabeira, BA: FAMAM, 2013.

50 f.

Orientadora: Profª. Rita de Cássia Calfa Vieira Gramacho.


Monografia (Graduação em Enfermagem) – Faculdade Maria Milza, 2013.

1. Dismorfia Corporal. 2. Cirurgia Plástica. 3. Estética. 4. Transtorno Comportamental. I.


FAMAM- Faculdade Maria Milza. II. Gramacho, Rita de Cássia Calfa Vieira, orient. III. Título.

CDD 616.972
3

ERIKA ABBEHUSEN FERNANDES PIRES

DISMORFIA E TRATAMENTO ESTÉTICO: VISÃO DE PROFISSIONAIS DE


SAÚDE

Aprovada em: ___/___/___

BANCA DE APRESENTAÇÃO

__________________________________________________
Prof.ª Rita de Cássia Calfa Vieira Gramacho
Orientadora/FAMAM

____________________________________________________
Liliany Santana
FAMAM

___________________________________________________
Profª Drª Andrea Jaqueira da Silva Borges
Profª de TCC II e avaliadora/ FAMAM

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2013
4

Dedico este trabalho a meu querido


marido, pelo seu amor e incentivo a minha
formação, minha mãe guerreira que me
ensinou a lutar pelos meus objetivos e
jamais desistir, aos meus filhos, meus
irmãos e em especial aos meus sogros,
pelo carinho e dedicação.
5

AGRADECIMENTOS

Conviver é uma atitude que precisa ser muito bem administrada, em todos os
âmbitos de nossa vida. Valorizar e reconhecer o que temos de melhor é
imprescindível para que sejamos grandes seres humanos. Hoje vivo um momento
de grande alegria, que com certeza vocês professores fazem parte da trajetória até
aqui percorrida.
Agradeço a Deus, pois sem ele eu não teria forças para essa longa jornada.
Agradeço em especial a minha orientadora Prof.ª Rita de Cássia Calfa Vieira
Gramacho, que teve paciência e que me ajudou bastante a concluir este trabalho.
A minha brilhante Prof.ª Dr.ª Andréa Jaqueira da Silva Borges que graças a
seus estímulos não somente por ter-nos proporcionado à ampliação dos nossos
conhecimentos, mas pela experiência de vida diária, com a qual crescemos
humanisticamente ainda mais.
A direção, coordenação e professores da FAMAM, pela instrução, orientação
e direcionamento.
Aos pacientes que de uma forma ou de outra me ajudaram a crescer e a
cuidar sem perder o olhar humanizado.
As minhas preceptoras que contribuíram para essa vitória.
Aos amigos que infelizmente foram poucos, mas, fieis, pelas alegrias e
tristezas, pela individualidade incontestável, pela amizade e respeito.
Enfim, a todos que de forma direta ou indireta, contribuíram para essa vitória,
os meus sinceros agradecimentos.
6

Que eu não perca a vontade de doar este


enorme amor que existe em meu coração,
mesmo sabendo que muitas vezes ele
será submetido a provas e até rejeitado”.

(Chico Xavier)
7

RESUMO

A dismorfia corporal é um transtorno psicológico caracterizado por demasiada


insatisfação com a imagem do corpo e desejo incessante de buscar corresponder
aos padrões de beleza impostos pela sociedade, sacrificando sua própria saúde.
Muitos profissionais não transferem o valor necessário à análise comportamental e
cognitiva do paciente dismórfico, assim, não prestam adequadamente o acolhimento
necessário a estes pacientes que, se não tratada adequadamente, pode trazer
sérias consequências à vida das pessoas. Nesse sentido, o estudo teve como
objetivo descrever a visão dos profissionais de saúde em relação á dismorfia
corporal numa Clínica de Cirurgia Plástica e Estética em Salvador- Bahia. Foi
realizado um estudo de caráter exploratório, descritivo, por meio de uma abordagem
qualitativa. Os sujeitos do estudo foram 06 médicos e 01 enfermeiro (a). Para a
coleta dos dados, foi utilizada a técnica da entrevista estruturada. A análise de
dados foi realizada através da análise de conteúdo. Os resultados demonstraram
que apesar dos investigados terem participado de capacitações nos últimos anos a
temática dismorfia ainda não é bem compreendida por alguns profissionais que
focam apenas na realização do procedimento. A intervenção ou estratégia utilizada
pela maioria dos investigados é encaminhar os pacientes para psiquiatras e
psicólogos. Sabe-se que é correto tal encaminhamento, mas, todos os profissionais
tem sua parcela de contribuição para melhoria do bem estar físico e emocional dos
pacientes, logo, a equipe pode instituir ações primárias na própria instituição
mantendo uma relação harmoniosa entre equipe e pacientes através do diálogo e
acompanhamento.

Palavras-chave: Cirurgia Plástica. Estética. Transtorno Comportamental.


8

ABSTRACT

Body dysmorphia is a psychological disorder characterized by too much


dissatisfaction with body image and unceasing desire to look up to the standards of
beauty imposed by society, sacrificing their own health. Many professionals do not
transfer the required value to the behavioral and cognitive analysis of dysmorphic
patients, thus not adequately provide the needed care to these patients, if left
untreated, can have serious consequences for people's lives. In this sense, the study
aimed to describe the view of health professionals in relation to body dysmorphia in a
Clinic for Aesthetic Plastic Surgery in Salvador, Bahia. A study of exploratory and
descriptive was conducted through a qualitative approach. The study subjects were
06 doctors and 01 nurses (a). To collect the data, the structured interview technique
was used. Data analysis was performed through the content analysis. The results
showed that although the investigation had participated in training in recent years the
theme dysmorphia is not well understood by some professionals that focus only on
the procedure. The intervention or strategy used by most investigated is to refer
patients to psychiatrists and psychologists. It is known that such routing is correct,
but every professional has its share of contribution to improving the physical and
emotional well being of patients, so the team can establish primary actions within the
institution maintaining a harmonious relationship between staff and patients through
dialogue and monitoring.

Keywords : Plastic Surgery. Aesthetics. Behavioral disorder.


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LISTA DE SIGLAS

CEP/FAMAM - Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade Maria Milza


CNS - Conselho Nacional de Saúde
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
TCLE - Termo de Consentimento Livre e esclarecido
TDC - Transtorno dismórfico corporal
TDM - Transtorno Depressivo Maior
10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 13


2.1 TRANSTORNOS DISMÓRFICOS CORPORAL (TDC) .............................. 13
2.2 FATORES QUE INFLUENCIAM NO DESENVOLVIMENTO DE
DISMORFIA CORPORAL ................................................................................ 16
2.3 O PAPEL DA ENFERMAGEM NAS POSSÍVEIS INTERVENÇÕES A
PACIENTES COM DISMORFIA CORPORAL .................................................. 18

3 METODOLOGIA ........................................................................................... 20
3.1 TIPO DE ESTUDO ..................................................................................... 20
3.2 LOCAL DE ESTUDO .................................................................................. 20
3.3 SUJEITOS DO ESTUDO ........................................................................... 21
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................... 21
3.5 CRITÉRIOS ÉTICOS ................................................................................. 22
3.6 ANÁLISE DE DADOS................................................................................ 23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 25


4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS .......................................... 25
4.2 VISÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM RELAÇÃO À DISMORFIA
CORPORAL ..................................................................................................... 27
4.3 TÉCNICAS ADOTADAS NA TENTATIVA DE MELHORAR A PERCEPÇÃO
QUE O INDIVÍDUO TEM SOBRE O SEU CORPO .......................................... 32
.4 CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS EM RELAÇÃO AOS AVANÇOS
TERAPÊUTICOS NO TRATAMENTO A PACIENTES DISMÓRFICOS ........... 36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 37

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 38

APÊNDICES .................................................................................................... 41
APÊNDICE A – ENTREVISTA ESTRUTURADA ............................................. 42
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(TCLE) .............................................................................................................. 43
APÊNDICE C–TERMO DE COMPROMISSO ÉTICO DO PESQUISADOR .... 45
APÊNDICE D–DECLARAÇÃO DA INSTITUIÇÃO COPARTICIPANTE ........... 46

ANEXOS .......................................................................................................... 47
ANEXOS A- PARECER DO COMITE DE ÉTICA E PESQUISA ...................... 48
11

1 INTRODUÇÃO

O mundo atual vem exigindo um padrão exacerbado nas formas e valorizando


em demasiado a estética. A ditadura da beleza tem levado muitas pessoas a buscar
incessantemente por academias de ginástica e cirurgias plásticas, tudo isso em
busca de um padrão imposto pela mídia e pela sociedade. As pessoas estão sempre
buscando por correções e modelagem do corpo em clínicas estéticas, algumas delas
estão sempre insatisfeitas com a imagem de seu corpo (CASTILHO, 2001).
A insatisfação constante pela imagem corporal é um distúrbio de imagem
denominado Transtorno Dismórfico Corporal (TDC). Esta doença é um transtorno
mental caracterizado por demasiado descontentamento com a imagem do corpo e
desejo incessante de buscar corresponder aos padrões de beleza impostos pela
sociedade atual, sacrificando sua própria saúde (BRANDÃO et al., 2011).
Logo, a pessoa que possui dismorfia não consegue enxergar a perfeição ou
normalidade em seu corpo, sempre acha que está faltando alguma coisa que não
corresponde ao padrão normal. A insatisfação do dismórfico gera complexos que
pode incluir qualquer área do corpo, a exemplo disso, existem pessoas que sempre
acham que estão acima do peso, outras acham que tem pernas mais grossas e
contornos mais volumosos, orelhas grandes, e outros (MORIYAMA, 2003).
Quem apresenta dismorfia transforma uma simples característica em
um defeito imaginário. A pessoa insatisfeita com sua imagem corporal dá início a
prejuízos sociais, ocupacionais e psíquicos, sente-se insegura com o próprio corpo a
ponto de isolar-se e desenvolver outros transtornos psicológicos, a exemplo da
depressão, vergonha, sofrimento, baixa autoestima, isolamento social, e outros
(BRANDÃO et al., 2011; MORIYAMA, 2003).
Vale ressaltar que a Cirurgia Plástica bem indicada, planejada e esclarecida
pode devolver a autoestima e autoconfiança aos pacientes, porém, deve ser
realizada de maneira segura, humana e ética. Contudo, a maioria das clínicas de
estética não se preocupam com o bem estar e saúde dos pacientes, a maior parte
delas visam apenas os lucros e aumento de clientela, colocando em risco a vida e a
saúde da população. Assim, os profissionais de saúde, lotados em clínicas estéticas
devem buscar demonstrar para os clientes, os perigos dos tratamentos estéticos,
especialmente quando realizado sem indicação e/ou necessidade.
12

O perfil de um paciente com dismorfia é muito marcante, são pessoas que se


apresentam tristes, com baixa autoestima, perfeccionistas, ansiosos, com
dificuldades de relacionamentos interpessoais, introvertidas, e outros. Assim, muitos
sinais podem sugerir que uma pessoa tenha a dismorfia corporal que são indagar
sobre sua aparência a outras pessoas constantemente, olhar-se muito no espelho
procurando imperfeições, buscar intensamente tratamentos estéticos, perder tempo
escolhendo roupas que disfarcem imperfeições, nunca fica satisfeito com a cirurgia
que fez, e outras (BRANDÃO et al., 2011).
Neste sentido, o interesse em desenvolver este tema partiu da minha vivência
enquanto profissional em uma Clínica de Cirurgia Plástica, ao qual pude notar a não
observância e falta de interesse dos profissionais em avaliar de forma adequada os
pacientes, negligenciando a percepção quanto aos distúrbios comportamentais e
cognitivos apresentados pelos pacientes, em especial a dismorfia corporal.
Percebe-se que muitos profissionais não transferem o valor necessário à
análise comportamental e cognitiva do paciente que procura demasiadamente as
clínicas de cirurgia plástica e estética, assim, não prestam adequadamente o
acolhimento necessário a estes pacientes que, por sua vez, ficam susceptíveis a
distúrbios como a dismorfia corporal que, se não tratada adequadamente, pode
trazer sérias consequências à vida das pessoas.
É preciso fazer com que os profissionais de saúde tenham outro olhar sobre a
insatisfação na autoimagem das pessoas que apresentam algum sinal de dismorfia,
visando obtenção de uma visão mais humanizada do atendimento a este cliente.
Assim, este estudo teve como questão problematizadora: Qual é a visão dos
profissionais de saúde em relação à dismorfia corporal numa Clínica de Cirurgia
Plástica e Estética em Salvador- Bahia.
Diante do exposto, o objetivo geral do estudo foi descrever a visão dos
profissionais de saúde em relação à dismorfia corporal numa Clínica de Cirurgia
Plástica e Estética em Salvador- Bahia e como objetivos específicos têm-se:
identificar as técnicas adotadas pelos profissionais na tentativa de melhorar a
percepção que o indivíduo tem sobre o seu corpo e averiguar o conhecimento dos
profissionais em relação aos avanços terapêuticos no tratamento a pacientes
dismórficos.
Este trabalho justifica-se por possibilitar uma reflexão sobre estratégias que
poderão ser adotadas pelos profissionais para levar o paciente à percepção sobre o
13

seu corpo. Logo, explicitará dados subjetivos que podem fazer diferença no cuidado
prestado por clínicas estéticas ao paciente dismórfico. Ainda, será relevante para a
ciência, pois contribuirá cientificamente para o avanço na terapêutica dos usuários,
fazendo com que os profissionais levem os pacientes com dismorfia a entender que
a solução para determinado problema pode não estar na cirurgia plástica.
14

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 TRANSTORNOS DISMÓRFICOS CORPORAL (TDC)

Muitas pessoas olham-se no espelho e se acham diferentes ou defeituosas,


mesmo outras pessoas achando-as perfeitas, elas não conseguem enxergar a
normalidade em si, caracterizando assim, um distúrbio dismórfico corporal
(BALLONE, 2008; BRANDÃO et al.,2011). Percebe-se que as pessoas que possuem
este tipo de transtorno não conseguem enxergar o corpo como ideal, apenas
desejam melhorá-lo a cada dia e, para isso, utilizam-se das cirurgias reparadoras
para satisfazer os seus desejos. Também, sabe-se que a preocupação com a
imagem corporal pode atingir altos níveis de interferência no cotidiano das pessoas.
"Dismorfia é um termo mais antigo e igualmente usado para designar a
discrepância ou diferença entre aquilo que a pessoa acredita ser (em termos de
imagem corporal) e aquilo que realmente é.” (BALLONE, 2008, p. 1).
A pessoa com dismorfia pensa que a beleza está no uso de silicone ou no
botox, algumas delas se imaginam feias ou gordas, sendo que na realidade estão
dentro dos padrões da normalidade (BALLONE, 2008; ORTEGA, 2008).
Como salienta Ortega (2008) o corpo na atualidade é mais que um objeto de
desejo, ele é um objeto de design, pode ser personalizado por meio de práticas
como o fisiculturismo e a dietética e adoção de tecnologias médicas como cirurgias
plásticas e de modificações radicais em sua anatomia, que incluem amputações
voluntárias. Isto porque o corpo, como tela em que projetamos nossos ideais, nosso
cartão de visitas na rede de relações sociais, é o último reduto em que os indivíduos
se sentem capazes de reinventar-se. Ballone (2008, p.1) traz que:

Na Anorexia Nervosa, e quase sempre na Bulimia, há também


uma deformação da imagem corporal. A pessoa se vê muito mais gorda do
que é de fato, não acredita nas pessoas que dizem-lhe o contrário.
Portadores de Anorexia costumam ver gordurinhas e dobrinhas que, ou não
existem, ou são fisiológicas e normais em todas as pessoas. Isso é também
uma espécie de Transtorno Dismórfico Corporal, onde a crença de estar
gordo tem características delirante, ou seja, são irremovíveis pela
argumentação lógica (foto, balança, opiniões) .

Para Ballone (2008) a dismorfia corporal leva o indivíduo a ideias persistentes


de percepção do corpo, são pessoas que frequentemente se olham no espelho, se
15

isolam, acham defeitos no corpo a toda a hora, e outros. Ainda, o autor supracitado
diz que este distúrbio leva a outros distúrbios sérios como, por exemplo, a vigorexia
que é um tipo de transtorno da imagem muscular, exigindo assim, maior vigilância e
intervenção. Como destaca Ortega (2006, p.45):

A obsessão pelo corpo bronzeado, malhado, sarado e siliconado faz


aumentar o preconceito e dificulta o confronto com o fracasso de não atingir
esse ideal, como testemunham anorexias, bulimias, dismorfias e
depressões cada vez mais comuns entre jovens e adultos na nossa
sociedade.

As pessoas com distúrbios corporais acham necessário realizar intervenções


radicais como cirurgias estéticas por se sentirem prejudicados pela natureza
humana, logo, utilizam de procedimentos invasivos para tentar atingir o padrão de
beleza exigido pela mídia. Tais intervenções cirúrgicas são associadas a um
excesso de aperfeiçoamento do corpo e uma busca por uma maior autoestima,
todavia, nas clínicas que realizam tais procedimentos, os profissionais não
questionam a insatisfação que gerou a busca pelas intervenções estéticas. Muitas
clínicas, não explicitam os reais riscos da cirurgia e também não se preocupam em
demonstrar as complicações que podem ocorrer no pós-operatório (GOLDENBERG;
RAMOS, 2007; BRANDÃO et al., 2011).
Geralmente as pessoas com TDC tendem a ficarem apáticas, melancólicas e
muito insatisfeitas com suas características físicas. Assim, Breton (2007) diz que o
paciente dismórfico pode ter vários tipos de atitudes como utilização de remédios
vendidos legalmente em farmácias, reprodução assistida impulsionada pelo
desenvolvimento da genética e ainda, intervenções estéticas sucessivas e
exageradas.
Numa pesquisa feita pela revista Veja intitulada ‘Geração Vaidade’ com 2359
moradores de sete capitais brasileiras com idade entre 15 e 30 anos, de classes A,
B e C, as principais características autodenominadas pelos jovens dismórficos são:
consumistas, acomodados, individualistas e vaidosos. Desta forma, percebe-se que
as cirurgias entre jovens e adolescentes estão crescendo a cada dia e, muitas
vezes, com consentimento dos pais e sem avaliação dos riscos à saúde, culminando
em mal desenvolvimento destes jovens (VEJA, 2005).
O culto ao corpo perfeito esteja crescente entre os homens, e estes também
sofram para corresponder a um ideal de ser homem, que está associado a um corpo
16

musculoso. A mulher é visivelmente mais atingida pela ‘ditadura da beleza’. Esta é


culturalmente imposta com maior profusão entre as mulheres, pois, é
prioritariamente feminino o cuidado com a perfeição estética (GOLDENBERG, 2006).
Linhares, Rizek e Mizuta (2005, p.86) enfatizam que:

Entre os anos de 2002 e 2003, o número de jovens que se submeteram a


cirurgias plásticas no país cresceu 45%, segundo a Sociedade Internacional
de Cirurgia Plástica Estética. Mais de 11% do total de plásticas realizadas
no país são feitas em pacientes de até 20 anos, lidera o ranking das
plásticas o implante de prótese para aumento dos seios.

O distúrbio da imagem é frequente e tem maior predominância para o público


feminino. Pela questão social, as mulheres ficam mais vulneráveis, porém, os
homens não estão imunes ao problema. A diferença é que os homens o que saltam
aos olhos é detalhes como nariz ou orelhas. Nos consultórios de cirurgias cerca de
90% dos pacientes são mulheres, os homens procuram a cirurgia para melhorar a
aparência resolvendo pequenos defeitos, como a calvície (VEJA, 2005; NOVA,
2013). Contrariando esta lógica, Ballone (2008, p.1) traz:

O Transtorno Dismórfico Corporal parece ser diagnosticado com frequência


aproximadamente igual em homens e mulheres, iniciando-se em geral na
adolescência de forma gradual ou súbita e seu curso é flutuante e crônico.
Porém, os portadores do tipo Vigorexia (Transtorno Dismórfico Muscular)
são, em sua maioria, homens entre 18 e 35 anos, os quais começam a
dedicar demasiado tempo (entre 3 e 4 horas diárias) as atividades de
modelação físicas, resultando em algum tipo de prejuízo sócio-ocupacional.
A idade de início mais comum do Transtorno Dismórfico Corporal também é
no final da adolescência ou início da idade adulta. A média de idade está
em torno dos 20 anos, não sendo raro que o diagnóstico seja feito mais
tardiamente.

Nota-se, dessa maneira que, o transtorno dismórfico pode ser identificado e


tratado logo em seu início se houver o reconhecimento da doença. A família tem um
papel fundamental neste processo, pois, é ela quem primeiro identifica os distúrbios
de seus membros.
Para Ballone (2008, p. 1) “[...] a psicoterapia é fundamental e deve ser,
preferencialmente, comportamental e cognitiva. O objetivo é modificar a conduta da
pessoa, recuperando sua autoestima e superando o medo do fracasso social”.
Portanto, compreendo que o estudo do corpo necessita de uma abordagem
que inclua, além das questões anatômicas e fisiológicas, as psicológicas e sociais.
17

Sabe-se que a medicina estética contribui muito para o desenvolvimento de


TDC, pois, nos últimos tempos houve um avanço na realização destes
procedimentos, diminuíram-se os cortes e tornaram o pós-operatório menos dolorido
e prolongado. Corroborando, muitos profissionais envolvidos em clínicas de estética
estão visando apenas os lucros e não se dão conta da responsabilidade que está
em suas mãos. Portanto, torna-se necessário que haja uma relação médico-paciente
responsável para com a sua obsessão estética, ao qual seja percebida entre as
pessoas envolvidas a responsabilidade de cada um. Também, é preciso que haja
uma melhor visão dos profissionais de saúde sobre o exagero das cirurgias em seus
pacientes, visando diminuir os riscos que estes procedimentos venham a causar aos
mesmos e contribuir para a saúde mental destes indivíduos (BALLONE, 2008).

2.2 FATORES QUE INFLUENCIAM NO DESENVOLVIMENTO DE DISMORFIA


CORPORAL

Alguns fatores influenciam no desenvolvimento de dismorfia como a cultura, a


mídia, os valores sócios culturais e os costumes. Por um lado existe a questão da
remuneração profissional, pois, as cirurgias estéticas costumam ser bastante caras e
dar muito lucro às clínicas e seus profissionais que, a cada dia, vem inovando em
tecnologias. Aliado a este fator, os procedimentos de cirurgias plásticas estão se
tornando um mercado mais promissor a cada dia. Porém, Ballone (2008, p.1)
enfatiza que:

Ainda que não se tenham dúvidas sobre a importância do elemento


sociocultural no desenvolvimento e na incidência do Transtorno Dismórfico
Muscular, também parece que a patologia está relacionada com
desequilíbrios de diversos neurotransmissores do sistema nervoso central,
mais precisamente da serotonina. A causa do Transtorno Dismórfico
Corporal também é desconhecida, embora existam relatos de algum
envolvimento orgânico em casos que tiveram início pós-encefalite ou
meningite. Isso reforça a hipótese de envolvimento ou disfunção dos
gânglios da base nestes quadros. Essa mesma hipótese tem sido
emprestada ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo e outros transtornos
do Espectro Obsessivo-Compulsivo.

As revistas brasileiras direcionadas ao público feminino incentivam suas


leitoras a modificar seu corpo por meio de diversas atividades físicas e de dietas,
estimulando as pessoas a adquirirem um físico semelhante ao das modelos
18

apresentadas nas revistas. Estas apresentam o corpo dentro do padrão de beleza


vigente e suscitam a vergonha dos corpos que não correspondem a este padrão
(VEJA, 2005; NOVA, 2013).
“Grande parte dos transtornos de saúde da idade adulta estão pautados com
os hábitos alimentares inadequados na infância [...] sendo a população jovem muito
sensível ao impacto de modelos sociais ou publicitários” (BRACHT, 2011, p. 05). O
autor ainda refere que alguns fatores propiciam o desenvolvimento de TDC são o
uso de drogas, o baixo peso, insatisfação corporal, medo de ficar gordo ou mais
gordo, desejo de aumento da massa muscular, e outros.
Quanto à etiologia, os fatores hereditários influenciam no desenvolvimento do
TDC. Devem-se observar ainda os fatores neurobiológicos, pois, o uso de alguns
medicamentos alteram os níveis de neurotransmissores como a serotonina e
dopamina. É preciso ainda ficar atento a transtornos psicológicos e alterações do
humor, pelo fato de haver evidências de que o Transtorno Depressivo Maior (TDM)
estar associado ao desenvolvimento de TDC (CONRADO, 2009).
De acordo com o mesmo autor supracitado alguns fatores devem ser
observados, a exemplo dos aspectos demográficos como a idade, pois, na fase da
adolescência começam a surgir os primeiros sintomas do TDC. Também, o autor
refere que as diferenças de gênero também influenciam na detecção do TDC, pois, a
maioria dos estudos demonstra maior prevalência de desenvolvimento do distúrbio
entre as mulheres.
Quanto ao fator risco problematiza-se a necessidade de tornar a propaganda
da cirurgia estética mais exigente no Brasil. A propaganda, a publicidade e a
promoção comercial de cirurgias estéticas no país precisariam ser disciplinadas
como é feito com os remédios no Brasil pela Agencia Nacional de Vigilância sanitária
(ANVISA) (ORTEGA, 2006). Desta forma, torna-se importante um papel interventivo
do profissional de saúde, a fim de detectar os fatores de risco para desenvolvimento
da dismorfia corporal, visando melhorar a autoestima destas pessoas e reinseri-las
de forma eficaz na sociedade.
19

2.3 O PAPEL DOS PROFISSIONAIS COM ENFOQUE NA ENFERMAGEM NAS


POSSÍVEIS INTERVENÇÕES A PACIENTES COM DISMORFIA CORPORAL

A enfermagem possui um papel imprescindível e interventivo sobre os


pacientes com dismorfia. Assim, estas ações devem ser voltadas a levar o indivíduo
a compreender a necessidade de tratamento, demostrar ao mesmo que suas
características físicas são normais e apontar os aspectos positivos dessa pessoa,
como a capacidade intelectual, habilidades, o afeto e seus atrativos físicos, assim,
acolher esta pessoa de forma multidisciplinar para um tratamento efetivo.
As mulheres brasileiras são as que mais realizam cirurgias plásticas com
indicação estética no mundo e tal fato é crescente entre os jovens (PINHEIRO,
2001; LINHARES; RIZEK; MIZUTA, 2005; EDMONDS, 2007). Por tal motivo, as
intervenções de enfermagem é uma ação importante sobre este aspecto.
Para Leonidas e Santos (2012) é preciso investigar mais sobre a problemática
a fim de esclarecer os fatores que envolvem os problemas com a imagem corporal e
evidenciar as melhoras nas práticas clínicas, com intuito de levar os profissionais de
saúde a compreender a necessidade de assistência, prevenção e promoção da
saúde. Diante disto, Assunção (2012, p. 83) corrobora afirmando que “apesar de seu
tratamento ainda não estar definido, é importante que o quadro seja identificado e
que as diretrizes terapêuticas atualmente disponíveis sejam aplicadas”.
Desta maneira, considerando a alta prevalência de dismorfia corporal, torna-
se necessário a participação de todos os profissionais de saúde, através de um
trabalho interdisciplinar que abranja não somente os aspectos psicológicos, mas
também a realidade social, nutricional, educacional, cognitiva e pessoal de cada
pessoa, visando fortalecer a autoestima e ainda resgatar a vontade de viver e
aceitação de si mesmo.
Diante do exposto Carvalho et al. (2009, p. 01) trazem que “antes mesmo de
se realizarem programas de prevenção, considera-se importante conhecer os fatores
de risco que desencadeiam os transtornos alimentares”.
É importante ressaltar e repensar o verdadeiro papel dos profissionais de
saúde, especificamente do profissional de enfermagem, ao qual deve ser pautado
em prevenção e promoção da saúde e diminuição dos agravos ao bem estar da
população, sendo assim, é importante orientar as pessoas através de campanhas
educativas, alertar os profissionais quanto a detecção dos sintomas e sinais de
20

distúrbios de imagem e fornecer as informações necessárias para a identificação


dos fatores de risco, fatores que predispõem e incidência para o desenvolvimento
dos TDC, buscando identificar possíveis distorções comportamentais, a fim de
impedir ou minimizar essa busca compulsiva pela beleza exterior (SOUZA, 2009;
PINHEIRO, 2001; ASSUNÇÃO, 2012).
Portanto, conclui-se que é necessário que sejam oferecidos subsídios para
que as pessoas tomem consciência da importância de um trabalho interdisciplinar e
multiprofissional apropriado para o alcance de resultados expressivos na precaução
e tratamento do TDC.
21

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Pelo caráter do presente estudo foi realizado um estudo exploratório,


descritivo, por meio de uma abordagem qualitativa.
A escolha por esta abordagem se deu por possibilitar ao pesquisador
entender e conhecer o sujeito como ser individual além de interessar-se pelos seus
valores, mitos, crenças e atitudes. Proporciona também abordagens de aspectos
que não podem ser enumerados e fazer exploração da temática mais
profundamente, buscando entendimento através de fatos subjetivos expressados
pelos investigados.
Gil (2002) afirma que o objetivo da pesquisa exploratória é melhorar as ideias
ou descobrir concepções, além disso, busca adequar o envolvimento do investigador
com o problema abordado, o que promove uma melhor apreensão do objeto
inquirido.
Segundo Cervo e Bervian (2002) a pesquisa descritiva desenvolve-se
principalmente nas ciências humanas e sociais, abordando dados e problemas que
não foram estudados e que merecem serem abordados, buscando diversas
situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômicos e os aspectos
do comportamento humano tanto isoladamente como em grupos.
Gil (2002) complementa que a pesquisa descritiva tem o objetivo primordial a
descrição das determinadas características de determinada população ou fenômeno
ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.
A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos,
valores e atitudes, que correspondem aos processos e aos fenômenos que não
podem ser descritos em quantidades (MINAYO, 2006).

3.2 LOCAL DE ESTUDO

O estudo foi realizado em uma Clínica de Cirurgia Plástica da cidade de


Salvador- Bahia.
Salvador é um município brasileiro, capital do estado da Bahia e é primeira
capital do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
22

(2008) Salvador possui como municípios limítrofes as cidades de Lauro de Freitas,


Simões Filho, Candeias, Itaparica e Vera Cruz. Possui uma área de 706,799 km². A
cidade é rica em shoppings, hospitais, supermercados, e demais áreas da
economia, assim, também possui diversas clínicas de estética e cirurgia plástica.
A clínica de estética da Bahia atua com 12 funcionárias, sendo 02
enfermeiras, 08 técnicas de enfermagem e 02 serviços gerais, além de 07 médicos
especialistas em cirurgia plástica prestadores de serviços, realiza procedimentos de
Cirurgia Plástica e Estética.

3.3 SUJEITOS DO ESTUDO

Os sujeitos do estudo foram 06 médicos e 01 enfermeira da clínica de estética


da Bahia, onde 01 enfermeira foi excluída devido a sua falta de interesse sobre a
pesquisa. No entanto, por se tratar de pesquisa qualitativa, os dados foram
coletados de acordo com a disponibilidade dos sujeitos. Para a realização dessa
pesquisa foram considerados como critérios de inclusão:
1) Os profissionais que estavam trabalhando no período de coleta de dados;
2) Profissionais que consentiram a realização da coleta de dados, através da
assinatura do Termo de Consentimento Livre e esclarecido (TCLE);
3) Ter, no mínimo, seis meses de experiência na instituição.

Portanto, foram adotados ainda alguns critérios de exclusão, a saber:


1) Os profissionais que não aceitaram participar da pesquisa;
2) Os profissionais que não estavam presentes nos dias da aplicação da entrevista.
3) Tempo na instituição inferior ao exigido na investigação.

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para a coleta dos dados, foi utilizada a técnica da entrevista que constitui uma
coleta de informações, por meio do diálogo com o indivíduo entrevistado, que o
induz para uma reflexão sobre a realidade a qual vivencia, logo, optou-se pela
entrevista estruturada.
Inicialmente, foi feito um levantamento bibliográfico para uma maior
fundamentação e embasamento com a literatura, buscando o que há de mais novo e
23

científico sobre o tema. Em seguida, aplicou-se a entrevista com os profissionais da


unidade na própria clínica numa sala pré-determinada pela direção da clínica.
A entrevista contemplou questões que abordou dados de caracterização do
entrevistado e questões relativas ao objeto de estudo que é a dismorfia corporal
(APÊNDICE A).
Anterior à aplicação, foi apresentado a cada profissional participante, o
objetivo da pesquisa, contribuição para os profissionais de saúde e principais pontos
abordados. Consequentemente, foi realizada a entrevista na clínica de cirurgia
plástica. Logo, deu-se início à pesquisa, após assinatura do TCLE (APÊNDICE B),
pelo qual autorizou a participação dos sujeitos no estudo, garantindo-lhes o sigilo
das identidades dos participantes conforme determina a lei.

3.5 CRITÉRIOS ÉTICOS

Primeiramente foi enviado um ofício solicitando a autorização da instituição


participante para o desenvolvimento da pesquisa. Por ser um estudo que contempla,
no contexto de saúde, a participação de seres humanos, como sujeitos da pesquisa,
através de suas falas, ações e atitudes. Tornou-se necessário também, o envio do
projeto de pesquisa, por meio de um protocolo, ao Comitê de Ética e Pesquisa da
Faculdade Maria Milza (CEP/FAMAM) para apreciação e aprovação.
Posterior a essa fase e após parecer favorável do CEP/FAMAM através do
número 137/2013, é que ocorreu a execução do trabalho, sendo apresentado no
primeiro contato com os investigados, o TCLE, conforme a Resolução nº 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS), que rege os princípios éticos da pesquisa
envolvendo seres humanos.
É importante ressaltar, que foi garantido o sigilo e o anonimato dos sujeitos
envolvidos na investigação, não constando no roteiro local para identificação dos
sujeitos do estudo, preservando dessa maneira a identidade dos participantes.
Assim, os entrevistados receberam as seguintes denominações (PROF01, PROF02,
PROF03, PROF04...).
24

3.6 ANÁLISE DE DADOS

Nessa etapa da pesquisa foram analisadas todas as informações coletadas


através da entrevista estruturada.
A análise de dados realizou-se através da análise de conteúdo de Minayo
(2006). Foi adotado este tipo de análise, porque possibilita organizar o material
após uma leitura profunda onde, posteriormente, procedeu-se à análise
propriamente dita. Logo, esta análise é muito utilizada nas pesquisas cujo material
tem base qualitativa e consiste em um conjunto de técnicas, que através de
procedimentos sistemáticos e diretos de transcrição dos conteúdos das respostas,
tornando-se necessário o rigor da objetividade conjuntamente com a fecundidade
da subjetividade (MINAYO, 2006). Assim, as etapas seguidas foram:
1 - Pré-análise: Nesta etapa foi feita uma seleção dos documentos e referenciais
que foram utilizados, bem como, transcrição das respostas e arranjo dos dados
obtidos, sempre os comparando aos objetivos propostos, esta fase serviu para
produzir um esquema preciso e eficaz de desenvolvimento do estudo.
2 - Exploração dos materiais: Aqui foi feita a análise sistemática de toda a
pesquisa e respostas.
3 - Tratamento e interpretação dos resultados coletados: nesta fase foi realizada
a leitura e releitura dos dados até a sua compreensão e apreensão, respeitando-se
suas particularidades, em seguida fez-se a análise e discussão com base nas
respostas obtidas.
Assim, para analisar os dados encontrados neste este estudo foi necessário
criar quatro categorias, aos quais ficaram assim distribuídas:

1 - Visão dos profissionais de saúde em relação à Dismorfia Corporal.

Nesta categoria discutiu-se o conhecimento e visão dos profissionais em


relação à dismorfia corporal, identificação de um paciente com o distúrbio, possíveis
pacientes lotados na clínica que aparentemente possui a doença, bem como as
atitudes e perfil dos pacientes que apresentam a dismorfia.
25

2 - Técnicas adotadas pelos profissionais na tentativa de melhorar a percepção


que o indivíduo tem sobre o seu corpo.
Nesta categoria, buscou-se refletir sobre as técnicas adotadas pelos
profissionais na tentativa de melhorar a percepção que o indivíduo tem sobre o
corpo.

3 - Conhecimento dos profissionais em relação aos avanços terapêuticos no


tratamento a pacientes dismórficos.

Aqui se buscou investigar o conhecimento dos profissionais em relação aos


avanços terapêuticos no tratamento a pacientes dismórficos, também descrição
destes tratamentos.

4 - Ações dos profissionais de saúde em relação ao paciente dismórfico.

Nesta etapa, indagou-se sobre o que os profissionais da clínica fazem quando


descobrem que um paciente está com algum distúrbio que possa caracterizar a
Dismorfia. Também, solicita-se que os profissionais descrevam a conduta dos
profissionais de saúde ao se deparar com um paciente dismórfico e o papel da
enfermagem nas possíveis intervenções a pacientes com Dismorfia Corporal.
26

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS

Este estudo teve o intuito de descrever a visão dos profissionais de saúde em


relação à dismorfia corporal numa Clínica de Cirurgia Plástica e Estética em
Salvador- Bahia, averiguando também se os investigados sabem identificar as
técnicas que devem ser adotadas para melhorar a percepção que o indivíduo tem
sobre o seu corpo e os avanços terapêuticos no tratamento a pacientes dismórficos.
Desta maneira, tornou-se essencial caracterizar os investigados e assim,
correlacioná-los aos dados subjetivos que foram coletados.
Foram entrevistados 07 profissionais, sendo 06 (seis) médicos e 01 (uma)
enfermeira.
Vale ressaltar que para desenvolver este trabalho houveram algumas
dificuldades, principalmente no tocante à coleta de dados, ao qual os entrevistados
tiveram resistência à gravação da entrevista, somente após muita conversa e
explicação dos objetivos da pesquisa foi que os mesmos concordaram em responder
as questões.
Tive que dispor de vários dias para conseguir coletar os dados, pois, nenhum
deles queria dispor um tempo para responder à entrevista. Também, apenas uma
enfermeira quis responder à coleta de dados, ficando a pesquisa focada no modelo
médico. Apenas 6 médicos e 01 enfermeira responderam à entrevista. No dia 28/10
só consegui coletar duas entrevistas, neste espaço de tempo, fui coletar mais duas
entrevistas dia 11/11, seguido de mais uma entrevista dia 15/11, outra dia 19/11 e o
último dia 25.11.2013, sendo que houve um espaço de tempo considerável entre
uma entrevista e outra, sem contar os dias em que eu os profissionais da unidade
foram procurados e os mesmos negaram-se a responder, logo, tinha dias em que
não consegui coletar nenhuma entrevista. Apesar disso tudo, a coleta de dados foi
satisfatória e respondeu aos questionamentos feitos no decorrer do trabalho e aos
objetivos pré-selecionados.
Verificou-se através do quadro 1 que a maioria dos investigados (05 –
71,43%) eram profissionais do sexo masculino e apenas 02 (28,57%) eram do sexo
feminino. Apenas 01 profissional investigado era enfermeira e a maioria eram
27

médicos. Existem profissionais que possuem até 14 anos de atuação na instituição


(PROF 06) seguido do PROF03 que possui 11 anos e PROF05 que possui 10 anos.

Quadro 1 - Caracterização dos entrevistados. Clínica de Cirurgia Plástica e Estética.


Salvador- Bahia, 2013.
DADOS PROF01 PROF02 PROF03 PROF04 PROF05 PROF06 PROF07

Sexo Fem. Fem. Mas. Mas. Mas. Mas. Mas.

Atuação Enfermeir Médico Médico Médico Médico Médico Médico


a
Tempo de 01 ano 02 anos 11 anos 06 anos 10 anos 14 anos 04 anos
trabalho na
instituição
Capacitaçã Pós- Congresso Congresso Congresso Congresso Simpósio Simpósio
o que graduação Brasileiro de Brasileiro Brasileiro Regional de Int. de Int. de
participou em UTI Anestesiologia de de Anestesiologia Cirurgia Cirurgia
recente adulto – 2012. Cirurgia Cirurgia 2012. Plástica, Plástica,
março 2012. Plástica Plástica, Março, Março,
RJ, 2013. 2013. 2013. 2013
Fonte: dados da pesquisa, 2013.

Por perceber que a maioria possuía tempo considerável na instituição e que


este fator pode causar uma zona de conforto entre os profissionais, foi preciso
indagar a data e nome do último curso de capacitação que participou, a fim de
averiguar se os mesmos estão atualizando-se na área. Ainda de acordo com o
quadro 1, verifica-se que a maioria passou por capacitações neste ano e que os
cursos escolhidos abordam a temática cirurgia plástica, conforme pode ser visto nos
relatos abaixo.
Desta maneira, percebe-se o quanto a educação em saúde e a capacitação
de profissionais são importantes e esta deve ser ofertada pela instituição ou ainda
buscada pelos próprios profissionais, na procura por oferta de serviços de qualidade
ao paciente e com atualizações e tendências da área. Este enunciado corrobora
com os achados de Olivi e Oliveira (2003, p. 131) que ressalta que não é somente
por habilitar permanentemente os profissionais que é interessante a participação em
cursos e capacitações, é utilizada também no intuito de “desenvolver no indivíduo
a capacidade de analisar criticamente a sua realidade, de decidir ações
conjuntas, modificar situações e de organizar e realizar as ações e de avaliá-las
com espírito crítico.”
28

4.2 VISÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM RELAÇÃO À DISMORFIA


CORPORAL

A participação dos profissionais de saúde na detecção da dismorfia é muito


importante porque possibilita instituição de terapêutica adequada e prevenção de
anomalias que podem ser desencadeadas pelas pessoas que possuem
características dismórficas. Desta maneira, foi indagado aos profissionais
investigados se os mesmos sabiam conceituar a Dismorfia corporal. As falas abaixo
se complementaram, logo, encontrou-se que a Dismorfia pode ser cirúrgica ou não e
que, além de sua seriedade é um distúrbio psicológico que leva as pessoas a
distorcerem a sua própria imagem, sempre vendo em si defeitos inexistentes.

Um tipo de distúrbio psicológico que faz com que a pessoa encontre


defeitos no corpo constantemente e queira realizar mudanças (cirurgias ou
não) com frequência (PROF01).

É uma doença séria, mas que muitas vezes não se consegue diagnosticar
rapidamente há uma preocupação obsessiva com algum defeito que não
existe na aparência física (PROF02).

Entendo dismorfofobia como um distúrbio psicológico onde o indivíduo


percebe em si defeitos que não existem ou valorizam em excesso mínimas
alterações comuns na maioria das pessoas (PROF03).

É uma distorção que a paciente tem da sua própria imagem (PROF04).

Como indica o nome são alterações na forma de determinadas partes do


corpo (PROF05).

No meu entender, Dismorfia Corporal se refere ao comportamento que


determinadas pessoas apresentam diante de sua aparência física, onde
elas tem uma visão distorcida do seu corpo, por exemplo, uma pessoa que
já é magra, ao se observar no espelho se acha gorda (PROF07).

Foi visualizado ainda, na fala de PROF06, uma conceituação sobre a doença


e também explicado sobre as consequências que elas podem causar para a pessoa,
a exemplo da alteração da rotina da pessoa, uma vez que a mesma tende a ficar
estressada, inconformada e, muitas vezes, descontente, levando a depressão.

Transtorno psicológico relacionado a imagem corporal caracterizado por


uma incongruência entre a queixa da paciente e o verdadeiro defeito da
mesma, que leve a um sofrimento excessivo e alteração da rotina diária
(PROF06).
29

De acordo com Napoleon (1993) os profissionais, inclusive os cirurgiões,


devem se atentar para o diagnóstico deste distúrbio e evitar a realização de
procedimentos nestas pessoas, a fim de evitar agravo do quadro do paciente, uma
vez que este mesmo autor investigou uma amostra de 133 pessoas que iriam
realizar cirurgia e descobriu que 20% destes possuíam TDC.
Corroborando, Phillips e Dufresne (2001) trazem que a dismorfia passou a ser
reconhecida mundialmente e hoje já é um problema bastante conhecido devido aos
problemas que a mesma gera às pessoas que a desenvolvem, exigindo assim,
monitoramento e desenvolvimento de estratégias de combate.
Diante desta perspectiva, indagou-se se os profissionais sabiam identificar um
paciente com Dismorfia corporal. As respostas foram positivas.

Aquele paciente que se preocupa muito com a aparência, vê defeitos onde


não existe, faz procedimentos no corpo sem necessidade (PROF01)

Em consultório no pré-operatório quando a paciente demonstra grande


insatisfação com um problema mínimo; ou no pós operatório quando apesar
de todos os benefícios comprovados clinicamente e com foto, a paciente
manifesta uma insatisfação incompatível (PROF03).

Nunca estão satisfeitas com os resultados dos tratamentos por melhores


que sejam (PROF04).

Anamnese da avaliação visual e do exame físico (PROF05).

Anamnese minuciosa/atentar ao comportamento da paciente/intensidade


das queixas/ansiedade excessiva (PROF06).

Fico sempre atento aos pacientes que se cobram muito em relação a


“perfeição” corporal. Que se exigem demais, que através dos comentários,
agigantam pequenas “imperfeições” do corpo. Pacientes que já fizeram
intervenções cirúrgicas (por mim, ou por outros colegas) tecnicamente bem
conduzidas e ainda continuam insatisfeitos (PROF07)

É fundamental que os profissionais saibam identificar a dismorfia, para isso,


ele precisa estar dotado de conhecimento teórico científico e deter experiência
suficiente para abordagem deste paciente, visando melhorar a percepção que o
mesmo tem de si mesmo. Diante disto, Azevedo et al. (2012, p. 2) ressalta “a
identificação precoce da dismorfia muscular minimiza o uso de drogas que podem
ser nocivas ao corpo e a mente, por exemplo, os esteroides anabólicos
androgênicos [...]”.os autores ainda salientam que este comportamento é decorrente
da busca pela aceitação social e da influência exercida pela mídia que exige das
pessoas um biótipo pré-selecionado.
30

Porém, um investigado (PROF02) relatou que identificar este paciente é muito


difícil quando se passa pouco tempo com o mesmo.

As vezes é difícil de identificar um paciente com dismorfia na consulta pré-


anestésica, passo pouco tempo com o paciente (PROF02).

Para Amancio (2002) existe um perfil característico das pessoas dismórficas,


o profissional deve ser capaz de identifica-lo, pois, geralmente apresentam sintomas
como tristeza, são perfeccionistas demais, ansiedade, baixa autoestima, sempre
muito preocupados com o conceito criado por outras pessoas, possuem dificuldades
nos relacionamentos interpessoais, são introvertidos, e, muitas vezes possui
dificuldades de adaptar-se à realidade.
Diante disto, procurou-se investigar se existem pacientes nesta clínica que
aparentemente possui Dismorfia corporal. As perguntas foram divergentes e o PROF
4 chegou a se espantar com a pergunta, afirmando que toda clínica tem pessoas
com o distúrbio. Já PROF01 complementou afirmando que foi feito procedimento de
uma paciente que nem precisava da cirurgia, deixando uma interrogação ou uma
lacuna sobre a atitude de alguns profissionais que submetem um paciente a um
procedimento que, aparentemente não era preciso.

Já presenciei cirurgia de Lipoaspiração, na qual foi retirado apenas 50ml de


gordura da paciente (PROF01).

Numa clinica de estética é comum encontrar paciente com dismorfia


corporal, porque a clientela é grande e muito delas não necessitam de
cirurgia plástica e sim de um cuidado com a saúde, corpo e mente
(PROF02).

Graças a Deus não! Conheci recentemente uma pessoa que não se tornou
minha paciente e que já era acompanhada por Especialistas (PROF03).

Toda clinica tem! (PROF04).

Sim, sempre aparece (PROF05).

Sim (PROF06).

No momento não (PROF07)

Sobre esta questão, Pavan (2008) ressalta que muitas vezes a dismorfia é
subestimada por profissionais de saúde, pois, poucos deles sabem reconhecer a
doença no primeiro contato e, mesmo sendo reconhecida não é dada a importância
31

devida ao problema, muitas vezes isso acontece porque os profissionais estão


preocupados em obter lucro financeiro com o procedimento. Complementando,
Phillips (1996) ressalta que muitos pacientes sentem vergonha dos seus sintomas e
não os relatam, mesmo que desejem que o profissional de saúde fique sabendo de
suas queixas com a aparência, porém, só procuram por um tratamento quando
muito tempo já se passou e a doença já está totalmente instalada.
Assim, perguntou-se aos mesmos sobre sua visão em relação à Dismorfia
corporal. Não houve divergências nas ideias apresentadas, demonstrando assim,
compatibilidade de opiniões, trazendo á tona a necessidade de cuidado com o
paciente, visto que o mesmo apresenta distúrbios que podem acarretar em danos à
saúde física, social e mental dos mesmos.

Vejo como um distúrbio psicológico mesmo, pessoas que fazem tantas


mudanças, se submetem a tantas intervenções cirúrgicas precisam
realmente de um apoio psicológico, um profissional que a ajude a enxergar
a realidade do seu corpo (PROF01).

São pessoas que fazem várias plásticas em busca de perfeição e quanto


mais cirurgias esta pessoa se submete, mais ela acha que não está bom
porque ela possui uma visão distorcida da imagem de seu corpo e uma
preocupação exagerada com defeitos imaginários ou com um mínimo
defeito na aparência (PROF02).

Problema psicológico sério que necessita de tratamento (PROF03).

Problema de ordem psicológica que geralmente tem origem em outros


aspectos da vida da paciente e que são refletidos na sua estética
(PROF04).

Varia bastante em relação aos diferentes graus da dismorfia (PROF05).

Um transtorno psicológico que não combina com cirurgia plástica, pois a


paciente é insatisfeita por essência, solicito acompanhamento psicológico
(PROF06).
Para mim se trata de um distúrbio psiquiátrico, algo como uma compulsão
pelo que o indivíduo acha que seja o corpo perfeito (PROF07).

Diante do exposto, perguntou-se aos mesmos se sabiam identificar as


atitudes dos pacientes que apresentam a Dismorfia e qual o perfil deste paciente. As
respostas foram compatíveis com a literatura analisada, ao qual sugeriram que os
mesmos apresentam excesso de preocupação com a aparência. Também foi citado
que a mídia e a preocupação com a beleza têm causado tais transtornos nas
pessoas que tendem a querer seguir os padrões atuais de beleza exigidos pela
sociedade. A saber:
32

Paciente que se preocupa com a aparência em excesso, realiza


intervenções para modificação corporal com frequência, não aceita elogios,
está sempre encontrando defeitos que não existem (PROF01)

O paciente tem vergonha do seu próprio corpo, mantem dieta rigorosa sem
necessidade, tomam fármacos para conseguir seu objetivo, e buscam na
cirurgia plástica a solução de seus problemas. O culto ao corpo se tornou
uma corrida que vem chamando atenção pela obsessão pela boa forma. O
perfil do paciente se revela pela busca determinada e exagerada por um
ideal de beleza (PROF02).

Nunca estão satisfeitos com os resultados ou com o próprio corpo, no início


das consultas aceitam tudo que explicamos e depois de operado ficam
reclamando de tudo (PROF04).

Queixas excessivas inapropriadas/defeitos pequenos com grandes


repercussões/ ansiedade generalizada/ insatisfação (PROF06).

Pacientes que se cobram demais quanto ao corpo, que procuram


apresentar pequenas “imperfeições” do corpo como causas de suas
frustações, de seu insucesso na vida pessoal, amorosa e profissional.
Muitos desses pacientes já chegam no consultório com fotos de modelos ou
ícones da beleza atual, querendo um resultado cirúrgico e estético
semelhante ou bem próximo do ídolo (PROF07)

Desta maneira, são várias as atitudes de um paciente dismórfico, ambas


variam de pessoa a pessoa e podem se apresentar em ações, aparência física ou
sintomas psicológicos, porém, o que é unanime é que são pessoas insatisfeitas que
geralmente sentem-se inseguras com a sua figura apresentada. Em relação a isso,
compreende-se que “a excessiva valorização de um modelo ideal de corpo traz a
ideia de que ter um corpo “perfeito” é o caminho para encontrar a felicidade, obter
aceitação social e solução para questões afetivas e financeiras” (MACIEL, 2006
apud MOTA; AGUIAR, 2011, p. 50).
Um investigado salientou que muitas pessoas não aceitam ou acreditam que
estão com dismorfia corporal.

Não acreditam que tenham qualquer tipo de distúrbio psicológico. Já percebi


sintomas, mas sem confirmação diagnóstica em mulheres em torno dos 45
anos de idade que viveram decepção amorosa ou que tenha insegurança
no seu relacionamento amoroso (casada com homem muito mais novo)
(PROF03).

Foi identificado na fala de um profissional (PROF07) que as intervenções da


equipe de saúde são essenciais para evitar que os pacientes sofram as
consequências de um procedimento desnecessário e que o diálogo pode mudar ou
33

melhorar a relação paciente/profissional e interceder diante de uma situação de


perigo com a saúde.

Primeira coisa, procuro conscientizá-lo de que a “perfeição” é algo relativo.


O que é perfeito para uns, pode ser um defeito para outros. Inclusive
costumo citar o exemplo do umbigo. A maioria das pessoas não deseja
cicatrizes, porém o nosso umbigo, nada mais é do que uma cicatriz, e nem
por isso alguém se consegue imaginar sem o mesmo. Costumo também,
colocar o paciente diante do espelho, e peço para o mesmo me apontar as
regiões que o incomodam esteticamente, e assim vou explicando quais as
opções possíveis (se existirem) para uma melhora estética da área
apresentada. Além do que, costumo colocar para o paciente que, apesar de
todo avanço existente hoje na área da estética, ainda assim teremos que
aprender a conviver com determinadas imperfeições, querendo ou não.
Para isso, cito o exemplo de um amigo meu de infância que tinha uma
cicatriz de apendicite muito inestética no abdômen. E essa cicatriz, que para
muitos era uma ”imperfeição”, para ele era um trunfo para “ficar” com as
meninas. Como? Toda festa que nós íamos, ele alguma hora levantava a
blusa e as meninas perguntavam que cicatriz era aquela. Ele afirmava com
a “cara mais lavada” que foi uma facada que tomou ao tentar defender a
irmã de um pivete... pronto... ele virava o herói do grupo, e sempre “ficava”
com uma das meninas. Aquela cicatriz que para muitos poderia ser um
carma, era para ele, que aprendeu a conviver muito bem com a mesma,
como uma vara de condão.... que o transformava de um simples plebeu no
mais belo dos príncipes que defendeu a honra de sua irmã... e quem não
gosta de heróis? (PROF07)

4.3 TÉCNICAS ADOTADAS NA TENTATIVA DE MELHORAR A PERCEPÇÃO QUE


O INDIVÍDUO TEM SOBRE O SEU CORPO

Sabendo que o profissional de saúde deve utilizar instrumentos ou estratégias


para melhorar a percepção que o indivíduo tem sobre o seu corpo, foi indagado
também se os investigados possuíam conhecimento sobre quais técnicas adotar
diante de um paciente que possui Dismorfia. As repostas evidenciaram que a
anamnese, diálogo, os medicamentos e o exame físico minucioso podem ser
fundamentais para estabelecer uma boa relação com o paciente e descobrir
aspectos que estão mais subjetivas nos pacientes. Logo, houve complementaridade
nas respostas.

Por trabalhar em um serviço particular, fica difícil confrontar os pacientes


sobre uma possível dismorfia corporal. Acredito que nesses casos, o
cirurgião precisa ter um bom senso em negar certos procedimentos e iniciar
uma conversa com seu paciente (PROF01).

Nenhuma. Na consulta pré-anestésica a avaliação é feita focada em


antecedentes pessoais e familiares, se a histórias de doenças associadas,
alergias medicamentosas e fármacos em uso atual, exame físico, avaliando
34

vias aéreas, resultados de exames, prescrição pré-anestésica entre outras


orientações (PROF02).

Fotos. Procuro comparar sua queixa com pessoas que possuem alterações
semelhantes e que são famosas bonitas e bem-sucedidas (PROF03).

Entrevista de consulta bem feita e conversar com os familiares e amigos da


paciente (PROF04).

Anamnese do diálogo na avaliação do paciente (PROF05).

Protelar ao máximo qualquer procedimento cirúrgico/encaminhar a terapia


cognitiva/ aumentar os retornos da paciente (PROF06).

Percebe-se que as intervenções devem vir dos profissionais de saúde, pois,


estes possuem olhar apurado sobre alguns problemas que acometem a população
e, muitas vezes, detectam os problemas nos pacientes sem ao menos os mesmos
questionarem ou falarem sobre eles. O paciente com dismorfia, na maioria dos
casos não sabe que estão com o distúrbio e também não querem acreditar que o
possuem, logo, cabe aos profissionais identificá-lo e tratá-lo. Em relação aos
sentimentos dos pacientes dismórficos, Andreola (2008, p. 2) ressalta que “quanto
mais alto for seu ideal, mas baixa será sua autoestima diante do parâmetro
idealizado”. E é isto que deve ser amenizado pelos profissionais, antes que o
problema se torne cada vez mais crônico e exponha a vida do paciente a riscos.
Perguntou-se ainda o que os profissionais da clínica fazem quando
descobrem que um paciente está com algum distúrbio que possa caracterizar a
Dismorfia. As respostas ainda evidenciaram despreparo dos profissionais em
relação à temática, apesar de a dismorfia ser hoje em dia um assunto muito debatido
em reuniões e congressos de cirurgia plástica, ao qual nota-se que a maioria dos
investigados passaram por capacitação há pouco tempo sobre sua área de atuação.
Porém, PROF07 demonstrou conhecimento sobre o assunto e ainda deu exemplo
de estratégia a ser adotada em relação ao assunto, apontando a necessidade do
diálogo e posicionamento ético dos profissionais com o paciente. A saber:

Por ser um serviço particular não dá para fazer nada (PROF01)

Como trabalho de serviço prestado na clinica, não acompanho a conduta


para pacientes com dismorfia corporal, quando há algum caso é
comunicado ao cirurgião Plástico (PROF02).

A mesma coisa, quando preciso encaminho para um psicólogo ou psiquiatra


(PROF03).
35

Encaminha para mim pra avaliações e encaminho á Psicologia ou


Psiquiatria (PROF04).

Não sei (PROF05).

Encaminhar para terapia cognitiva e em alguns casos ao psiquiatra


(PROF06).

Oriento o paciente a trazer um acompanhante bem próximo (pai, irmão,


marido, esposa), na próxima consulta, para que possamos avaliar em
conjunto se a cirurgia é realmente necessária. Caso eu não concorde com a
indicação cirúrgica, que eu possa explicar ao familiar as razões de meu
posicionamento, e então, ele em conjunto com o paciente, decidirem se a
melhor opção é procurar outro profissional que deseje realizar a cirurgia ou
procurar um tratamento psiquiátrico/psicológico (que provavelmente
indicarei) (PROF07).

Ainda insistindo para que os investigados descrevam as possíveis condutas dos


profissionais de saúde ao se deparar com um paciente dismórfico. As respostas
ainda evidenciaram despreparo com a situação e, novamente PROF07 apresentou-
se coerente em suas opiniões ao instituir tratamento imediato do paciente com vistas
a evitar que o mesmo desenvolva maiores problemas a sua saúde.

Nenhuma, por ser um serviço particular (PROF01)

Normalmente a pessoa com dismorfia corporal é difícil de ser tratado porque


ela não irá querer fazer o tratamento, fazer o quanto antes as terapias e
tomar a medicação para que a doença não se agrave, em casos graves é
necessária a internação psiquiátrica (PROF02).

Acredito que seja psicoterapia e medicamentos (PROF03).

Orientações e encaminhamento pra Psicologia/Psiquiatria (PROF04).

Não sei (PROF05).

Conversar bastante/ não subestimar as queixas da paciente/tratar as


queixas com seriedade (PROF06).

A conduta deve sempre primar pela ética e pela compreensão de que o


paciente que apresenta o Dismorfismo Corporal, não opta espontaneamente
por aquela busca da “perfeição”, mas sim de que ele é portador de uma
“compulsão” pelo que ele acha belo. E como toda compulsão, o paciente
deve ser encaminhado ao tratamento psiquiátrico/psicológico o mais cedo
possível. Isto para que o distúrbio não evolua para casos graves de
anorexia, vigorexia, entre outros (PROF07).

A detecção precoce da dismorfia corporal é imprescindível para o


desenvolvimento e formulação prática de estratégias de educação voltada para o
controle e cuidado com a saúde psicológica da pessoa (SOUZA, 2009). Para
Carvalho et al. (2009, p. 1) “torna-se necessário demonstrar quais intervenções se
36

mostram eficientes. Trata-se de nosologias complexas que reservam sérios riscos à


saúde física e psicológica”.
Sabe-se que a enfermagem possui fundamental importância na vida dos
pacientes, isto porque, geralmente estes profissionais são a porta de entrada e
primeira pessoa a instituir os cuidados aos pacientes quando os mesmos
apresentam problemas com a saúde, seja com diálogo ou até mesmo através do
exame físico e anamnese. Neste sentido, perguntou-se aos investigados sobre o
papel da enfermagem nas possíveis intervenções a pacientes com Dismorfia
Corporal. As respostas demonstraram e complementaram este enunciado,
demonstrando que o profissional de enfermagem deve intervir, dar apoio, tirar
dúvidas, acompanhar o paciente, e outros.

Quando possível, oferecer apoio ao paciente e a família, tirar dúvidas e


esclarecer questões, chamar a atenção do cirurgião daquele paciente
(PROF01)

Saber identificar desde cedo e comunicar ao cirurgião para intervir


juntamente com a família o melhor tratamento para o paciente (PROF02).

Não saberia responder (PROF03).

Entrevista ampla e pesquisa com familiares e amigos para ver o perfil desse
paciente e sinalizar quando notar alguma alteração (PROF04).

Além do apoio pós-operatório, devem conduzir algum tipo de assistência


emocional aos pacientes (PROF05).

Auxiliar a condução/diagnóstico e em alguns casos o tratamento das


mesmas (PROF06).

O mesmo papel de toda a equipe, ser compreensivo com o paciente. Ser


sincero, porém delicado, em suas colocações em relação ao corpo do
paciente. E o mais importante, sugerir ao paciente, que na realidade o ideal
é que ele procure um tratamento psiquiátrico/psicológico para resolver o seu
distúrbio (PROF07).

Percebendo a importância das ações de enfermagem e sabendo que a


mesma deve ofertar ajuda e contribuir para o bem estar da população, torna-se
necessário que os profissionais estejam aptos a lidar com tal situação a fim de evitar
que o problema se agrave. Diante disto, Andreola (2008, p. 3) traz que “antes de
procurarem por tratamento a maioria precisa passar por situações complicadas para
se conscientizarem dos males. E é por esse motivo que devemos alertar a
sociedade para esse problema que se agrava a cada dia”.
37

4.4 CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS EM RELAÇÃO AOS AVANÇOS


TERAPÊUTICOS NO TRATAMENTO A PACIENTES DISMÓRFICOS

Diante da preocupação com a adoção de terapêuticas para o paciente que


apresenta dismorfia, procurou-se saber se os profissionais sabem quais os avanços
terapêuticos no tratamento a pacientes Dismórficos. As respostas forma divergentes,
logo, ficou nítido através das falas de PROF01, PROF03 e PROF06 que os
profissionais estão desatualizados quanto a avanços terapêuticos na área e os
demais profissionais realizam a interconsulta ou encaminhamento com profissional
psicólogo, psiquiatra ou terapeuta, evidenciando que não desenvolve nenhuma
técnica em relação ao problema, divergindo assim quanto às respostas anteriores.

Não, mas acredito que os avanços estejam na descoberta de novas terapias


e medicações que ajudem no tratamento (PROF01).

Psicoterapia e drogas (PROF02).

Não conheço. Quando precisar encaminharei para um Psicólogo ou


Psiquiatra (PROF03).

Encaminho sempre para a Psicologia ou Psiquiatria (PROF04).

Algumas são técnicas cirúrgicas. São bem sucedidas (PROF05).

Não (PROF06).

No momento conheço apenas acompanhamento psiquiátrico (inclusive com


uso de medicações) e psicológico (PROF07).

Para Souza (2009, p. 13) “fica evidente a importância do trabalho


interdisciplinar [...] desenvolvendo estratégias para educação nutricional e
fortalecimento da autoestima neste período tão crítico”.
Portanto, vale ressaltar que a responsabilidade com o paciente dismórfico não
é apenas de psiquiatras ou psicólogos, pauta-se na união entre todos os
profissionais que compõem a equipe de saúde, visando satisfazer aos anseios
objetivos e subjetivos dos pacientes de forma humanizada e holística.
38

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dismorfia é um distúrbio que pode trazer sérias consequências para quem a


desenvolve. Este estudo buscou descrever a visão dos profissionais de saúde em
relação à dismorfia corporal numa Clínica de Cirurgia Plástica e Estética em
Salvador- Bahia, logo, apesar de todas as dificuldades na coleta de dados, os
objetivos foram alcançados e trouxeram resultados muito satisfatórios.
Diante do que foi relatado, observou-se que os profissionais sabem
reconhecer a dismorfia corporal se o paciente apresentar as características mais
simples da doença, uma vez que houve relatos de que em poucas consultas pode
não ser possível reconhecer a doença imediatamente.
Muitas técnicas podem ser adotadas pelos profissionais na tentativa de
melhorar a percepção que o indivíduo tem sobre o seu corpo, no entanto, muitos
investigados ressaltaram o fato de a clínica ser particular e necessitar realizar o
procedimento cirúrgico para se manter financeiramente, exigindo assim,
desenvolvimento de políticas públicas que fiscalizem melhor a presença dos
pacientes em clínicas particulares para identificação precoce da dismorfia.
Apesar de os investigados terem participado de capacitações nos últimos
anos a temática dismorfia ainda não é bem compreendida por alguns profissionais
que focam apenas na realização do procedimento, visto que, ao identificar pacientes
dismórficos, os mesmos são encaminhados para especialistas no assunto em ao
menos ser tentado intervenção pelo profissional que o atendeu. A intervenção ou
estratégia utilizada pela maioria dos investigados é encaminhar os pacientes para
psiquiatras e psicólogos. Sabe-se que é correto tal encaminhamento, mas, todos os
profissionais tem sua parcela de contribuição para melhoria do bem estar físico e
emocional dos pacientes, logo, a equipe pode instituir ações primárias na própria
instituição mantendo uma relação harmoniosa entre equipe e pacientes através do
diálogo e acompanhamento.
Sugere-se intensificação dos estudos em relação a este transtorno,
especialmente em clínicas particulares, buscando assim, focar nas causas, evolução
dos casos, possíveis tratamentos, as possibilidades de reabilitação dos pacientes e
as consequências da dismorfia para a vida social, mental e física das pessoas
acometidas por esta doença.
39

REFERÊNCIAS

ANDREOLA, N.M. O culto ao corpo sob o olhar da Psicanálise. Curso de


Especialização em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal de Minas Gerais –
UFMG, 2008. Disponível em: <http://www.ajepsi.com.br/anexos-
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Internet, revisto em 2008. Disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/>. Acesso em:
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VEJA. Revista Veja. Geração Vaidade. Ed. 1904. 11 de maio de 2005. Disponível
em: <http://veja.abril.com.br/110505/p_084.html>. Acesso em: 21 Abr. 2013.
42

APÊNDICES
43

APÊNDICE A – ENTREVISTA ESTRUTURADA

Código do entrevistado:
Data:
Sexo:
Atuação:
Tempo de trabalho na instituição:
Data e nome do Último curso de capacitação que participou:

1. Você sabe o que é Dismorfia corporal? Explique:


2. Como identificar um paciente com Dismorfia corporal?
3. Existem pacientes nesta clínica que aparentemente possui Dismorfia corporal?
4. Qual a sua visão em relação à Dismorfia corporal?
5. Quais as técnicas adotadas por você na tentativa de melhorar a percepção que
o indivíduo tem sobre o seu corpo?
6. Você sabe quais os avanços terapêuticos no tratamento a pacientes
Dismórficos? Descreva:
7. O que os profissionais desta clínica fazem quando descobrem que um paciente
está com algum distúrbio que possa caracterizar a Dismorfia?
8. Descreva a conduta dos profissionais de saúde ao se deparar com um paciente
dismórfico.
9. Quais as atitudes dos pacientes que apresentam a dismorfia? Qual o perfil deste
paciente?
10. Qual o papel da enfermagem nas possíveis intervenções a pacientes com
Dismorfia Corporal?
44

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Eu,_________________________________________________________,
estou sendo convidado (a) a participar de um estudo denominado “DISMORFIA E
TRATAMENTO ESTÉTICO: VISÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE”, cujos
objetivos são: descrever a visão dos profissionais de saúde em relação à Dismorfia
corporal numa Clínica de Cirurgia Plástica e Estética em Salvador- Bahia; Identificar
as técnicas adotadas pelos profissionais na tentativa de melhorar a percepção que o
indivíduo tem sobre o seu corpo; Investigar o conhecimento dos profissionais em
relação aos avanços terapêuticos no tratamento a pacientes Dismórficos; discorrer
sobre o papel da enfermagem nas possíveis intervenções a pacientes com Dismorfia
Corporal.
A minha participação no referido estudo será responder a uma entrevista
semiestruturada que será gravada, apenas, se eu autorizar. Assim, terei que dispor
de algum tempo para responder às perguntas e lidar com a observação do
entrevistador em meu horário de trabalho, se o mesmo achar necessário.
Fui alertado de que, da pesquisa a se realizar, posso esperar alguns
benefícios, uma vez que esta possibilitará a divulgação das técnicas adotadas pelos
profissionais na tentativa de melhorar a percepção que o indivíduo tem sobre o seu
corpo.
Recebi, por outro lado, os esclarecimentos necessários sobre os possíveis
desconfortos e riscos decorrentes do estudo, levando-se em conta que é uma
pesquisa, e os resultados positivos ou negativos somente serão obtidos após a sua
realização. Desta forma, se alguma pergunta da entrevista me causar
constrangimento, eu não precisarei responder.
Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome
ou qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar,
será mantido em sigilo. Também fui informado de que posso me recusar a participar
do estudo, ou retirar meu consentimento a qualquer momento, sem precisar
justificar, e se desejar sair da pesquisa, não sofrerei qualquer prejuízo.
As pesquisadoras envolvidas com o referido projeto são Rita de Cássia Calfa
Vieira Gramacho, docente do curso de Enfermagem e orientadora responsável por
esta pesquisa e Erika Abbehusen Fernandes Pires, discente do curso de
45

Enfermagem, ambas vinculadas à Faculdade Maria Milza - FAMAM e com elas


poderei manter contato pelos telefones: (0xx75) 88529934.
É assegurada a assistência durante toda pesquisa, bem como me é garantido
o livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e
suas consequências, enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois da
minha participação.
Assim, tendo sido orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado e
compreendido a natureza e o objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre
consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor
econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.

Governador Mangabeira, ______ de _________________ de 2013.

_____________________________________
Participante da pesquisa

_______________________________
Erika Abbehusen Fernandes Pires
Pesquisadora
Graduanda Enfermagem

_______________________________
Rita de Cássia Calfa Vieira Gramacho
Pesquisadora / Responsável
Orientadora da pesquisa
46

APÊNDICE C - MODELO TERMO DE COMPROMISSO ÉTICO DO PESQUISADOR

TERMO DE COMPROMISSO ÉTICO DO PESQUISADOR

Em face da possibilidade de recolher a assinatura dos sujeitos do Termo de


Consentimento Livre Esclarecido, do estudo intitulado, DISMORFIA E
TRATAMENTO ESTÉTICO: VISÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE por se tratar
da coleta de dados primário, firmaram através deste documento, o compromisso
ético, de acordo com a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, que
versa sobre a pesquisa envolvendo seres humanos, de resguarda o sigilo e a
reprodução fiel das informações obtidas, o anonimato dos sujeitos envolvidos, bem
como garantir a utilização dos dados exclusivamente para fins científicos.

Governador Mangabeira, _____de_____2013

_______________________________
Docente/Orientador

_________________________________
Graduando de Enfermagem
47

APÊNDICE D - DECLARAÇÃO DA (S) INSTITUIÇÃO (ÕES) CO-PARTICIPANTES

Declaro ter lido e concordar com o parecer ético emitido pelo CEP da Instituição
proponente, conhecer e cumprir as Resoluções Éticas Brasileiras em especial a
Resolução CNS 196/96. Esta instituição está ciente de suas corresponsabilidades
como instituição coparticipante do presente projeto de pesquisa, e de seu
compromisso no resguardo da segurança e bem-estar dos sujeitos de pesquisa nela
recrutados, dispondo de infraestrutura necessária para a garantia de tal segurança e
bem-estar.

Assinatura e carimbo do responsável institucional


48

ANEXOS
49

ANEXOS A- PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA


50
51

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