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Transtornos de

Personalidade

Profa. Edilaine Cristina Silva Gherardi-Donato


Profa. Sandra de Souza Pereira
O que é
personalidade?
“O modo característico como
uma pessoa sente, pensa, reage,
se comporta e se relaciona com
as outras pessoas” (WIDIGER, 2011)

“É o conjunto integrado de traços


psíquicos, consistindo no total
das características individuais,
em sua relação com o meio,
conjugando tendências inatas e
experiências adquiridas no curso
de sua existência” (BASTOS, 1997)
→ Termo grego persona

→ Máscara teatral

→ A pessoa por trás da máscara – a pessoa


real

→ Totalidade das características emocionais


e comportamentais que são particulares
de uma pessoa específica e que
permanecem de certa maneira estáveis e
previsíveis ao longo do tempo
• Duplo aspecto
1. Relativamente estável ao longo da vida
2. Relativamente dinâmica, sujeita a determinadas modificações,
dependendo de mudanças existenciais ou alterações
neurobiológicas

“mostra-se essencialmente dinâmica, podendo ser mutável – sem ser


necessariamente instável – e encontra-se em constante
desenvolvimento” (BASTOS, 1997)
Traços de
personalidade

• “padrões duradouros de percepção,


relacionamento e pensamento acerca do
ambiente e de si que são exibidos em
uma grande variedade de contextos
sociais e pessoais” (APA, 2000)
Transtornos de personalidade
• “ocorrem quando os traços de personalidade tornam-se inflexíveis e mal adaptativos e
causam prejuízo funcional significativo ou distresse subjetivo” (APA, 2000)

• Insanidade moral, monomania moral, neurose de caráter, caracteropatia, psicopatia,


transtorno de personalidade.

• “personalidades anormais como desvios estatísticos de uma norma mediana estimada”


(SHNEIDER, 1950)

• Implica frequentemente um sofrimento significativo para si e para as pessoas que mais


convivem com o indivíduo
Caracterização dos TPs (CID-11 e DSM-5)
1. Geralmente começam a surgir no final da infância e adolescência e, no início
do período adulto, costumam estar claramente configurados. Tendem a durar e
permanecer ao longo da vida, a ser relativamente constantes no ciclo vital,
com atenuação de alguns traços apenas na idade adulta madura e na velhice

2. Manifestam um conjunto amplo de comportamentos e experiências internas,


assim como reações afetivas e cognitivas que são claramente desarmônicas,
envolvendo vários aspectos da vida e da experiência do indivíduo, como
afetividade, expressão emocional, comportamento (controle de impulsos,
modo e estilo de relacionamento interpessoais
Caracterização dos TPs (CID-11 e DSM-5)
3. O padrão comportamental é mal adaptativo, produz uma série de
dificuldades para o indivíduo e/ou para as pessoas que com ele
convivem (padrão em desacordo com a cultura)

4. São condições, de modo geral, não relacionadas diretamente a


lesão cerebral evidente ou a outro transtorno psiquiátrico (embora
haja alterações de personalidade secundárias a lesão cerebral)
Caracterização dos TPs (CID-11 e DSM-5)
5. Leva a diferentes graus de sofrimento (solidão, sensação de fracasso
pessoal, dificuldades nos relacionamentos, vividos com amargura, dor
psíquica)

6. Contribui para pior desempenho ocupacional (trabalho, estudos,


etc) e social (familiares, amigos, colegas de trabalho ou estudo). Tal
desempenho precário não é condição obrigatória
Caracterização dos TPs (CID-11 e DSM-5)
7. Identificado algumas mudanças relacionadas ao envelhecimento.
Pode haver certa atenuação (impulsividade e instabilidade afetiva
menos intensa – borderline). Em outros parece revelar menor mudança
com a idade, tendendo a ser mais estáveis
Classificações dos TPs (CID-11 e DSM-5)
Grupo a. ESQUISITOS E/OU DESCONFIADOS
Esquizóide (distanciamento) Paranóide Esquizotípico
• Indiferença • Desconfiança constante • Ideias e crenças estranhas e de
• Distante, sem relações íntimas • Sensível às críticas autorreferência
• Esquisito (estranho) • Rancoroso, arrogante • Desconforto nas relações
• Vive no seu próprio mundo • Culpa os outros interpessoais
• Solitário • Reivindicativo • Pensamento muito vago e
• Não se emociona • Sente-se prejudicado nas excessivamente metafórico
(imperturbável) relações • Aparência física excêntrica
(não está na CID-11 como TP)
Classificações dos TPs (CID-11 e DSM-5)
Grupo b. INSTÁVEIS E/OU MANIPULADORES E/OU CENTRO DAS ATENÇÕES
Borderline (emocionalmente Antissocial (dissocial) Histriônico
instável) • Frio, insensível • Busca atenção, visa ser o centro
• Relações pessoais muito • Sem compaixão das atenções
instáveis • Agressivo, cruel • Dramatiza, é muito teatral
• Atos auto lesivos repetitivos • Não sente culpa ou remorso • Sugestionável e superficial
• Humor muito instável • Irresponsável, inconsequente • Manipulador
• Impulsivo e explosivo • Mente recorrentemente • Discurso vago, impressionista
• Graves problemas de identidade • Aproveita-se dos outros • Erotiza situações não
• Sentimentos intensos de vazio normalmente erotizáveis
Classificações dos TPs (CID-11 e DSM-5)
Grupo b. INSTÁVEIS E/OU MANIPULADORES E/OU CENTRO DAS ATENÇÕES
Narcisista
• Tem necessidade intensa e
constante de admiração, sente-
se muito superior, muito melhor
que os outros
• Grandiosidade
(não está na CID-11 como TP)
Classificações dos TPs (CID-11 e DSM-5)
Grupo c. ANSIOSOS E/OU CONTROLADOS-CONTROLADORES
Anancástico ou obsessivo Dependente Evitativo
• Rígido, metódico, minucioso • Depende em alto grau • Evita ao máximo interações
• Não tolera variações ou • Necessita muito agradar sociais
improvisações • Desamparado quando sozinho • Sentimentos constantes de
• Perfeccionismo e escrupuloso • Sem iniciativa inadequação
• Muito convencional, segue • Sem energia • Muita sensibilidade à avaliação
rigorosamente as regras • Sem autonomia pessoal negativa
• Controlador (dos outros e de si) (não está na CID-11 como TP)
TP Borderline
• TP mais frequente
• Mais jovens
• Mulheres (1,8:1)
• Populações urbanas e pobres
• Maioria apresentará outro
TM ao longo da vida (humor;
uso SPA)
• Traumas emocionais importantes na infância
(negligência, abuso físico e/ou sexual, problemas graves
em termos de má ou não responsividade emocional de
figuras adultas – ligação, genética)
• Experiências de adversidades marcam a vida adulta
(qualidade e confiança nas relações interpessoais)
• Marcante impacto sobre a vida

TP Borderline • Importante instabilidade nas relações pessoais


(oscilação em curtos prazos)
• Dificuldades sérias e instabilidade na autoimagem, na
vida afetiva e emocional, na identidade pessoal e social
• Padrão de impulsividade em diferentes contextos
• Sentimentos crônicos de vazio
• Esforços excessivos para evitar abandono
• Atos repetidos de auto lesão, envolvendo-se em
situações perigosas
• Atos suicidas repetitivos
Critérios (DSM-5) – pelo menos 5 https://vimeo.com/117969172

características
1. Esforços excessivos e desesperados para evitar abandono, real ou imaginário
2. Relacionamentos pessoais intensos e instáveis
3. Perturbação da identidade
4. Impulsividade em pelo menos duas áreas autodestrutivas (gastos, sexo, abuso,
dirigir, comer...)
5. Comportamentos, gestos e atos suicidas repetitivos ou auto mutilação
6. Instabilidade emocional intensa
7. Sentimentos crônicos de vazio
8. Raiva intensa e inapropriada e/ou muito dificuldade de controla-la
9. Ideias de perseguição relacionada ao estresse momentâneo
Cuidados de enfermagem

• Encorajar o paciente a assumir responsabilidades por si mesmo


• Não tentar socorrê-lo das consequências de suas ações
(exceção: comportamento suicida e automutilação)
• Transmitir empatia e apoio
• Manter uma abordagem consistente em todas as interações
• Assegurar de que os outros membros da equipe usam a mesma
abordagem
• Evitar respostas simpáticas e que alimentem os traços
negativos
TP Antissocial (sociopatia, psicopatia)
• Muita dificuldade em ter uma interação afetiva recíproca, respeitosa e duradoura
• Não tem consideração ou compaixão
• Mentem, enganam, trapaceiam, prejudicam os outros
• Muita dificuldade nas relações interpessoais
• Falta de sensibilidade ao sofrimento do outro
• Satisfação ou prazer com o sofrimento alheio
• Padrão difuso de desconsideração pelas pessoas
• Violação dos direitos alheios
• Propensão marcante por culpar os outros
• Homens (2:1 e 7:1)
• Jovens adultos
• Áreas urbanas e baixo nível socioeconômico
• Baixa tolerância a frustração
→ Influências biológicas: filhos de pais
antissociais são mais propensos (mesmo se
criados separados)
→ Crianças com atitude de bullying
→ Não tem medo de castigo – incontroláveis –

TP TDAH e de conduta
→ Dinâmica familiar: ausência de disciplina
parental

Antissocial → Pobreza extrema


→ Remoção da casa
→ Crescer sem figuras parenterais
→ Métodos erráticos de disciplina
→ Ser resgatado dos apuros e privação materna
Critérios (DSM-5) – pelo menos 3
características
1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais (repetição de atos –
detenção)
2. Tendência à falsidade, a mentir repetidamente, a praticar falsidade, falsificar nomes, documentos,
trapacear para ganho pessoal ou prazer
3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro (incapacidade de manter relacionamentos)
4. Irritabilidade e agressividade, envolvimento frequente em brigas, lutas e agressões verbais e físicas.
Hostilidade em muitos contextos. Baixa tolerância a frustração e baixo limiar para descarga de agressão
5. Descaso pela segurança de si e dos outros
6. Irresponsabilidade reiterada, indicada por falha em manter conduta consistente no trabalho e honrar
obrigações financeiras (desrespeito por normas, regras e obrigações sociais)
7. Ausência de remorso, verificada pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado,
prejudicado gravemente ou roubado outras pessoas (incapacidade de experimentar culpa)
Cuidados de enfermagem

• Lembre-se que o paciente pode ser


charmoso e convincente
• Usar linguagem firme e franca
• Estabelecer limite ao comportamento
aceitável
• Encorajar comportamentos positivos
• Comunicar claramente suas
expectativas, assim como as
consequências se ele não as atender
TP Histriônica

▪ Padrão de excessiva emotividade e busca de atenção


▪ Leve predominância em mulheres
▪ Certa infantilidade (reações infantis, regredidas)
▪ Pouca tolerância a frustração
▪ Hereditariedade pode ser um fator
▪ Reforço positivo era condicionado à capacidade de executar
comportamentos aprovados e admirados pelos pais
▪ Aceitação e aprovação dos pais vem de maneira inconsciente
▪ A frustração em obter a atenção dos pais leva ao exagero dos
comportamentos básicos
▪ Entram na adolescência com sede insaciável por atenção e
amor
Critérios (DSM-5) – pelo menos 5
características
1. O indivíduo sente desconforto em situações em que não é o centro das atenções. Busca contínua de
atenção e apreciação por parte dos outros
2. A interação com as pessoas com frequência é caracterizada por comportamento sexualmente sedutor,
inadequado e provocativo
3. Apresenta mudanças rápidas das emoções e expressão superficial delas. A afetividade tende a ser
superficial, pueril e lábil
4. Usa de modo reiterado a aparência física para atrair atenção para si
5. Tem um estilo de falar, um discurso carente de detalhes e de exatidão, com um caráter impressionista,
meio vago
6. O indivíduo utiliza dramatização e auto dramatização, teatralidade, expressão exagerada das emoções
7. Há sugestionabilidade aumentada (facilmente influenciado)
8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são
TP Narcisista
• Necessidade de ser admirado

• Grandiosidade (fantasia ou na vida real)

• Falta de empatia

• Sentido exagerado de autoestima

• Hipersensíveis à avaliação

• Acreditam que tem o direito inalienável de receber consideração especial

• Seu desejo é justificativa suficiente para possuir o que quer que procurem

• É sugerido que quando crianças tiveram seus medos, falhas ou necessidades de dependência
respondidos com críticas, desprezo ou negligência

• Os pais também eram narcisistas

• Pais podem ter submetido a criança a abuso físico ou emocional ou negligência

• Também pode desenvolver em ambientes em que os pais tentam viver suas vidas indiretamente
por meio de seus filhos
Critérios (DSM-5) – pelo menos 5
características
1. Senso grandioso (e irreal) da própria importância. Julga ter talentos especiais e espera ser reconhecido como superior
sem que tenha feito algo concreto
2. É muito voltado para fantasias de grande sucesso pessoal, de poder, brilho, beleza ou um amor ideal
3. Acha-se excepcionalmente “especial” e “único”, acreditando que só pessoas ou instituições também excepcionalmente
especiais ou únicas podem estar a sua altura
4. Requer admiração excessiva
5. Apresenta expectativas irracionais de tratamento especial, sentimento de ter “direitos”, ou de que as pessoas estejam
de acordo com suas expectativas
6. Tende a ser “explorador” nas relações interpessoais, buscando vantagens sobre os outros para atingir seu fim ou
sucesso pessoal
7. Sem empatia pelos outros, reluta em reconhecer os sentimentos e as necessidades das pessoas sem se identificar com
elas em tais sentimentos e necessidades
8. Frequentemente invejoso dos outros ou do sucesso alheio; acha sempre que os outros têm inveja dele
9. É frequentemente arrogante nos seus comportamentos e atitudes
TB Esquizoide
• Padrão de distanciamento nas relações sociais (todos os
contextos)
• Faixa restrita de expressão das emoções (relações
interpessoais)
• Capacidade limitada para expressar sentimentos calorosos,
ternos ou raiva
• Padrão ao longo da vida de isolamento social (aparente
desconforto com a interação humana)
• Característica de introversão altamente hereditária
• Provavelmente é influenciado pelos primeiros padrões de
interação que a pessoa encontrou como frios e insatisfatórios
• Infância caracterizada como sombria e fria, sem carinho e
empatia
Critérios (DSM-5) – pelo menos 4
características
1. Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma família
2. Tem preferência quase invariável por atividades solitárias
3. Demonstra pouco interesse em ter experiências sexuais com outras pessoas
4. Realiza poucas atividades que produzem prazer
5. Não tem amigos próximos nem pessoas confidentes, a não ser familiares de primeiro grau
6. Mostra indiferença aparente a elogios ou críticas
7. Demonstra frieza emocional, apresenta distanciamento ou embotamento afetivo
TP Paranóide
• Padrão de desconfiança difusa
• Sentem suspeita de que os outros estão sempre
contra elas
• Sensibilidade excessiva a rejeições e contratempos
• Tendência exagerada a distorcer as experiências
• Senso obstinado por direitos pessoais
• Sensação de estar sendo injustiçado
• Atitude persistente de autorreferência
• Preocupações com explicações conspiratórias e sem
fundamento
Critérios (DSM-5) – pelo menos 4
características
1. Suspeitas recorrentes, sem base na realidade, de estar sendo enganado, maltratado ou
explorado pelos outros
2. Se preocupa sem justificativas ou embasamento real e tem dúvidas sobre a lealdade ou a
confiabilidade de amigos e sócios
3. Porque pensa ou conclui que as informações serão usadas negativamente contra si, reluta em
confiar nas outras pessoas e tem medo infundado da ação delas
4. Tende a perceber significados ocultos humilhantes ou ameaçadores em comentários ou
acontecimentos benignos ou indiferentes
5. Guarda rancor de forma persistentes
6. Tende a perceber ataques a sua reputação ou a seu caráter que não são percebidos pelos
outros, reage com raiva e contra-ataca rapidamente
7. Tem suspeitas recorrentes, sem justificativa, com respeito à fidelidade do cônjuge ou parceiro
sexual
TB Esquizotípica
• Padrão de desconforto em relacionamentos
pessoais (aumenta a intimidade)
• Dificuldades e desconfianças nas relações
interpessoais
• Apresentam distorções cognitivas (perceber e
interpretar os fatos) e perceptivas (sensações
estranhas no corpo)
• Sensação de paranormalidade, percepções
anômalas (sexto sentido, telepatia,
clarividência...)
• Sob estresse, podem descompensar e
demonstrar sintomas psicóticos
• Costumam falar ou gesticular para si mesmos
• Afeição branda e inadequada, como rir em
situações consideradas tristes ou de si mesmo
Critérios (DSM-5) – pelo menos 5
características
1. Ideias de referência (tendência de interpretar os eventos que acontecem ao seu redor, no seu local de
moradia, de trabalho ou lazer, como relacionados especificamente consigo, geralmente com sentido
negativo)
2. Ideias e crenças estranhas, pensamento mágico, ideias inconsistentes com as normas subculturais
3. Experiências perceptivas incomuns, inclusive ilusões corporais
4. Pensamento e discursos incomuns, estranhos – pensamento vago, exageradamente metafórico, hiper
elaborado ou estereotipado
5. Ideação paranóide, indivíduo muito desconfiado
6. Afetos inapropriados ou muito reduzidos
7. Comportamento e/ou aparência física muitos estranhos, demasiadamente excêntricos ou muito
peculiares
8. Ausência de amigos íntimos ou confidentes além dos parentes de primeiro grau
9. Ansiedade excessiva em situações sociais
• Homens (5:1) / > escolaridade
• Pessoas muito controladoras em relação a vida e suas relações interpessoais
TP Obsessivo- • Estilo perfeccionista
Compulsiva • Carente de flexibilidade
• Caracteriza pela rigidez e controle
• Dificuldade em relaxar e ter prazer na vida e nas relações interpessoais
• Adesão excessiva às convenções sociais
Critérios (DSM-5) – pelo menos 4
características
1. Preocupação excessiva com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou esquemas a ponto de o
objetivo principal da atividade que realiza ser perdido
2. Perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas e preocupação indevida com detalhes da vida
3. Dedicação excessiva ao trabalho e à produtividade em detrimento de ocupar-se com amizades, lazer,
relações pessoais (não explicada por dificuldades financeiras)
4. Excesso de escrúpulos e inflexibilidade em relação a assuntos de moralidade, ética ou valores (não
explicado por questões religiosas ou culturais)
5. Incapacidade de jogar fora objetos usados ou sem valor, mesmo quando não tem valor sentimental
6. O indivíduo reluta em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas a menos que elas se submetam ao
seu modo exato de fazer as coisas. Insistência incomum para que os outros se submetam exatamente a
sua maneira de fazer as coisas.
7. Estimo mesquinho para lidar com gastos, com o dinheiro, mesmo que isso não se justifique por carência
econômica
8. Tendência a rigidez e teimosia
TP Dependente
• Muito dependentes de outras pessoas
• Se submetem de forma intensas a elas
• Temem intensamente a separação dessas pessoas
• Se percebem como incapazes e sem habilidades
pessoais
• Necessidade exagerada e excessiva de ser cuidado
(comportamento submisso e aderente e a temores de
separação)
• Tendência a permitir que outros tomem decisões
• Tolera maus-tratos e humilha-se para ganhar aceitação
• Não funciona em situações que exigem
comportamento assertivo ou dominante
Critérios (DSM-5) – pelo menos 5
características
1. Subordinação das próprias necessidades e desejos àqueles dos outros dos quais é dependente
2. Dificuldades para tomar decisões cotidianas e solicitação constante de que outros tomem as decisões diárias e
importantes em sua vida. Pedem frequentemente reasseguramentos e conselhos dos outros
3. Necessidade de que os outros assumam responsabilidade na maior parte dos assuntos de sua vida
4. Dificuldades em manifestar desacordo em decorrência do medo que têm de perder o apoio ou aprovação
5. Dificuldades em iniciar projetos, em fazer coisas por conta própria, por falta de confiança em si, nas suas
capacidades ou julgamentos (falta de autoconfiança)
6. Tais pessoas podem ir a extremos para obter apoio, aprovação e carinho dos outros, a ponto de se voluntariar
para fazer coisas desagradáveis
7. Sentimento de desamparo e desconforto significativo quando sozinho por causa de medo exagerado de ser
incapaz de se cuidar
8. Logo após o término de um relacionamento íntimo, tais pessoas buscam intensamente, com urgência, outro
relacionamento para obter fonte de cuidado e apoio
9. Preocupações e/ou medo importante de ser abandonado à própria sorte
TP Evitativa

• Padrão importante de inibição social


• Sentimentos marcantes de inadequação
• Sensibilidade muito acentuada diante da
possibilidade de receber avaliações
negativas
Critérios (DSM-5) – pelo menos 4
características
1. Evitação de atividades profissionais ou estudantis que impliquem contato interpessoal significativo, pois o
indivíduo tem muito medo de críticas, desaprovação ou rejeição
2. Falta de disposição para se envolver com outras pessoas
3. Reserva e evitação de relacionamentos íntimos, recorrentes do medo de passar vergonha ou ser
ridicularizado
4. Muita preocupação com possíveis críticas ou rejeição em situações sociais
5. Inibição para interações, decorrente dos sentimentos de inadequado
6. Tendência a ver a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros
7. Relutância em assumir riscos pessoais ou em se envolver em atividades ou situações novas por medo de
constrangimentos
Resumindo...
• Início precoce, seja na infância ou na adolescência
• Persistem ao longo do tempo
• Se manifestam através de um padrão de comportamento não-normal
em variadas situações pessoais e sociais
• Produzem prejuízo ou sofrimento pessoal e/ou social e/ou
ocupacional
Manejo na Atenção Primária
• Deve enfocar o manejo dos sintomas ou comportamento particulares
• Deve ser visto como um transtorno crônico com sintomas flutuantes
• O objetivo é melhorar o funcionamento e não curar
• Importante ter claro os limites do tratamento
• Encorar os pacientes a terem responsabilidade diante de seus atos e
não culpa pelos sintomas ou reprovação de outros
Manejando o transtorno de personalidade
• Há sintoma ou problema específico que eu posso resolver?
• Há uma comorbidade psiquiátrica que mereça tratamento ou
encaminhamento?
• Evitar reforçar os comportamentos mal adaptados
• Coerência na equipe
• Não aceitar para si a responsabilidade pelas ações dos pacientes e/ou
ameaças
Tratamento farmacológico
• Pode ser necessário
• Tentativa sem criar grandes expectativas e esperanças
• Interrompido se não for efetivo
• Benzodiazepínicos devem ser evitados (dependência, abuso, reações
de fúria)
• Não há tratamento farmacológico para TP
• Fármacos auxiliam a controlar os sintomas
Tratamento farmacológico
SINTOMA FÁRMACO
Humor instável Antidepressivo (recapitadores seletivos de serotonina)
Raiva Doses baixas de neurolépticos (antipsicóticos)
Comportamento impulsivo Baixas doses de antidepressivo (recapitadores seletivos de
serotonina)
Pode-se associar uma dose baixa de neurolépticos
(antipsicóticos)
Persecutoriedade, paranóia Doses baixas de neurolépticos (antipsicóticos)
Sugestões de filmes

• Garota Interrompida
• Precisamos falar sobre o
Kevin
Referências
• DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 14. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014.

• STEFANELLI, M. C.; FUKUDA, I. M. L.; ARANTES, E. C. Enfermagem psiquiátrica em suas dimensões


assistenciais. Barueri: Manole, 2008.

• TOWSEND, M. C. Enfermagem psiquiátrica: conceitos de cuidados na prática baseada em


evidencias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

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