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Sexualidade e

Disfunções Sexuais
nos Idosos
SERVIÇO DE GERIATRIA – HSL/PUCRS
PRM GERIATRIA
DANILO DE SOUZA PINTO
Introdução

• Até a segunda metade do século XX, pouco se discutia a respeito,


devido aos tabus existentes e pelo fato de as disfunções sexuais serem
atribuídas somente a distúrbios psicológicos.
• A qualidade de vida tornou-se um dos importantes parâmetros na
avaliação do paciente, e esta é uma das esferas envolvidas nesse
processo.
Introdução

• Mito da velhice assexual.


• Mito da demência e inatividade sexual.
• Embora haja diminuição da atividade sexual com o envelhecimento, o
interesse por ela muitas vezes é mantido entre os idosos.
• O grau de expressão sexual documentado é bastante amplo, com a
menor ênfase no intercurso sexual e um maior interesse em toques e
outras formas de intimidade.
Alfred Kinsey et
al – 1948 e 1953
• O homem que soltou a
“bomba atômica sexual”,
destruindo tabus e dando
origem a revolução de
costumes.
Pfeiffer et al – 1968
“Sexual behavior in aged men and women”
• Primeiro estudo com foco na população idosa.
• Relataram que as mulheres embora tivessem um interesse mais constante,
abandonavam a atividade sexual porque seu cônjuge tinha morrido, ficara
doente, perdera o interesse ou perdera a potência.

• Pfeiffer et al. (1986) determinou que, na faixa etária de 46 a 50 anos, mais


de 90% dos homens tinham relações sexuais pelo menos 1 vez/semana, e
na faixa dos 66 a 71 anos de idade somente 28% tinham relações
semanais.
Bretschneider e McCoy, 1988
“Sexual interest and behavior in healthy 80 to 102-year-olds”

• Os indivíduos eram saudáveis, de classe média alta, e viviam em casas


de repouso.
• Tanto para homens quanto para mulheres, a atividade sexual mais
comum foi tocar e acariciar, seguida de masturbação, seguida de
relação sexual c/ penetração.
• A importância do sexo no passado foi significativamente
correlacionada com a frequência atual.
Crenitte et al – 2019
“An approach to the peculiarities
of LGBT aging”
• A invisibilidade do envelhecimento LGBT
é uma realidade.
• Sofrem com os etarismos da sociedade, por
diversas formas de discriminação e pela
presunção de que todos são heterossexuais
e cisgêneros.
• Poucos são os estudos que abordam esse
tema:
 Pope M, Schulz R, 1991, pequeno
inquérito em homossexuais masc. > 60
anos : 86% eram sexualmente ativos.
• Expressam maiores riscos de estarem
morando sozinhos, de não apresentarem
contatos de emergência e de receberem
piores cuidados de saúde.

• Estudo de 2010 com 217 idosos LGBT


institucionalizados mostrou que 23% deles
já sofreu algum assédio verbal ou físico por
parte dos outros residentes e que 14%
vivenciou essa mesma experiência por parte
da equipe de saúde.
Ciclo da Resposta Sexual
• Segundo Masters e Johnson em 1966 e
modificado por Kaplan, o ciclo de resposta
sexual consiste de quatro estágios:
• Desejo (libido): impulsos psicológicos,
pensamentos e fantasias – Testosterona.
• Excitação: Alteração fisiológica do tecido
genital, secundária ao contato íntimo.
• Orgasmo.
• Resolução.
Ciclo da Resposta Sexual Feminina

• A intimidade é valorizada como


motivação para o sexo, levando,
assim, ao desejo/libido.
Mudanças fisiológicas nas mulheres

• Atrofia do tecido urogenital levando à diminuição do tamanho uterino


e vaginal,
• Diminuição da lubrificação vaginal e da vasocongestão,
• Declínio na sensibilidade erótica do mamilo, clitóris e tecido vulvar
durante a atividade sexual.
• Podendo resultar em alterações na libido, receptividade sexual, nível
de conforto (dispareunia ), frequência sexual.
Mudanças fisiológicas nos homens

• As ereções levam mais tempo para se tornarem eficazes,


• Podem precisar de estimulação mais direta para conseguir uma ereção,
• A fase de platô é geralmente mais longa,
• As secreções pré-ejaculatórias estão reduzidas ou ausentes,
• O orgasmo em si é mais curto, porém, sem prejuízo no prazer,
• O período refratário é mais longo.
Disfunção Erétil – DSM5
A. Pelo menos um dos três sintomas a seguir deve ser vivenciado em quase todas ou em
todas as ocasiões:
• Dificuldade acentuada em obter ereção durante a atividade sexual;
• Dificuldade acentuada em manter uma ereção até o fim da atividade sexual;
• Diminuição acentuada na rigidez erétil;
B. Os sintomas persistem por um período mínimo de 6 meses
C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental ; por uma
perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é
atribuível aos efeitos de uma substância/medicamento, ou de uma condição médica geral.
Fisiopatologia

• A ereção se dá por atividade


parassimpática.
• A tumescência peniana comprime as vias
de drenagem venosa, propiciando
enchimento dos corpos cavernosos.
• O relaxamento da musculatura lisa é
regulado pelo GMPc (estimulado pelo
NO).
• O GMPc é inativado pela PDE-5,
ocorrendo contração da musculatura lisa
e perda da ereção.
Fatores de Risco e Causas

Vasculares DCV, HAS, DM, DSL, Tabagismo, Cx de grande porte (prostatectomia) ou radioterapia
(pelve ou retroperitônio).
Neurológicas Lesões medulares e cerebrais, Parkinson, Alzheimer, Esclerose múltipla, Prostatectomia
e RT de próstata.
Anatômicas Doença de Peyronie, Fibrose cavernosa, Fratura peniana.
Hormonais Hipogonadismo, Hiperprolactinemia, Hiper e hipotireoidismo, Hiper e hipocortisolismo.
Medicamentosas Anti-hipertensivos, antidepressivos, antipsicóticos, antiandrogênicos (digoxina),
metoclopramida, opioides, drogas recreativas, álcool.
Psicológicas Ansiedade pelo desempenho, Experiências passadas traumáticas, Problemas de
relacionamento, Ansiedade, Depressão, Estresse.
Pistas Etiológicas
Avaliação
Laboratorial
Solicitar:
• Hemograma
• Painel bioquímico para detecção de:
Diabetes,
Dislipidemias,
Nefropatia,
Hepatopatia e
Tireoidopatia

Eco-Doppler das artérias penianas


pode revelar a existência de
vasculopatia obstrutiva.
Avaliação do RCV
• Para aqueles com evidências de
coronariopatia alguns
especialistas recomendam a
realização de um “teste de
esforço Pré-Viagra” para detectar
isquemia miocárdica.
• Caso o paciente consiga chegar a
pelo menos 5 MET sem
isquemia, o risco de angina
durante o ato sexual é pequeno.

* A atividade sexual é equivalente a


caminhar 1.6 Km no plano em 20 min ou
subir rapidamente dois lances de escada
em 10 seg.
Avaliação do RCV
Tratamento

• Sempre compensar as causas subjacentes.


• Exercício físico, mudanças na dieta, perda de peso, cessação do
tabagismo e ingesta de álcool moderada.
• Depressão? => Antidepressivos menos relacionados com redução da
libido (Bupropiona – Trazodona – Mirtazapina).
• Hipogonadismo? => Reposição hormonal
Inibidores da PDE-5 - Viagra
Sildenafila e IAM

• Relatos de casos de IAM em associação com sildenafila podem não ter


relação com a droga.
• Consistente com esta hipótese são os resultados de extensa vigilância
pós-comercialização que não conseguiram demonstrar uma associação
significativa entre sildenafila e evento cardíaco.
• É geralmente bem tolerado em homens com doença coronariana grave
que não usam nitratos.
Inibidores da PDE-5 - Levitra

Lodenafila (Helleva) 80mg 1h antes do ato sexual. Molécula desenvolvida no Brasil.


Inibidores da PDE-5 - Cialis
Prostaglandina E1
Dispositivo a Vácuo

• Aumenta o influxo arterial por pressão


negativa. Necessário um anel peniano
para evitar a vasão venosa.
• Taxa de abandono inicial por volta de
50%.
• Pode ser usado em conjunto com IPD-5.
• Usar por até 30 minutos.
Prótese Peniana

• Reservado para os casos de falha nas terapias anteriormente citadas.


• Alto nível de satisfação dos usuários.
• Modelos semirrígidos, infláveis e articuláveis.
Transtorno do interesse/excitação sexual feminina
(baixo desejo)
• Ausência/redução do interesse ou fantasias na atividade sexual, ou
redução/nenhuma iniciação sexual, falta de receptividade às iniciativas de um
parceiro ou ausência/redução da excitação sexual ou prazer.
• Transtorno mais comum nas idosas.
• Mediado pela redução testosterona e menopausa.
• Baixo desejo sexual salta de 10% das mulheres com < 50 anos para quase 50%
das mulheres entre 60-70 anos.
• Frequentemente envolve fatores psicológicos, incluindo má imagem corporal
ou autoimagem e sentir que a sexualidade é inapropriada para mulheres idosas.
Distúrbio orgástico feminino

• Atraso acentuado, infrequência ou ausência de orgasmos, ou


intensidade acentuadamente reduzida das sensações orgásticas.
• Normalmente comórbido com o transt. de baixo desejo.
Dor genito-pélvica/distúrbio de penetração
(dispareunia/vaginismo)
• Dificuldade persistente na penetração vaginal ou dor vulvovaginal ou
pélvica acentuada durante a relação.
• Medo, ansiedade ou aperto dos músculos do assoalho pélvico em
antecipação ou durante a penetração.
• Mais comum no período peri e pós-menopausa => Atrofia, redução da
lubrificação.
• Também por patologias que afetem a região vulvar e pélvica (Cx, RT,
vulvite, vulvodinia e vestibulite vulvar...)
Tratamento

• Psicoterapia/ Terapia de Casal/ Psicofármacos(Bupropiona)


• MEV / Melhora da percepção da imagem corporal
• Fisioterapia do Assoalho Pélvico / Tratar Prolápsos e Incont.
• Uso de lubrificantes / Uso de vibradores / Masturbação.
Tratamento da atrofia vaginal com estrogênio tópico:
• Estriol 1mg/g => 0,5 g diariamente por 2 semanas, depois
duas vezes por semana.
• Promestrieno 10mg/g ou cápsula vaginal 10mg.
Tratamento
• Terapia com Testosterona pode ser utilizada como última linha para
mulheres peri e pós-menopausa com distúrbio do desejo sexual.
• Dosagem de T pré-tratamento não tem correlação com sintomatologia.
• Manter os níveis de T-livre dentro da faixa normal para mulheres em
idade reprodutiva.
• Dose média de 300 mcg/dia /// 0.5g/dia do gel.

• As pacientes devem entender que os dados sobre segurança e eficácia


são limitados, incluindo dados sobre uso a longo prazo ou uso sem
terapia concomitante de estrogênio.
OBRIGADO !

SERVIÇO DE GERIATRIA –
HSL/PUCRS
PRM GERIATRIA
DANILO DE SOUZA PINTO

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