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IDOSOS
CURITIBA
2016
ARMANDO FELIPE MIRANDA RASOTO
IDOSOS
CURITIBA
2016
TERMO DE APROVAÇÃO
IDOSOS
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito da
Universidade Tuiuti do Paraná
Curitiba, de de 2016
____________________________________
Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite
Coordenador do Núcleo de Monografia da
Faculdade de Direito da
Universidade Tuiuti do Paraná
Art. – Artigo
LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
CF – Constituição Federal
CC – Código Civil
OMS – Organização Mundial de Saúde
IBDFAM – Instituto Brasileiro de Direito de Família
RESUMO
A responsabilidade civil dos filhos perante os pais é tema cada vez mais debatido no
meio jurídico. Existe uma obrigação de prestação material aos pais idosos quando
estes não possuírem meios próprios para a subsistência. Apesar disso, existe um
debate doutrinário se além desse dever material existiria também um dever imaterial
de assistência, de cunho moral. Parte da doutrina entende que há obrigação
imaterial dos filhos para com os pais idosos (convivência familiar, afeto, amparo).
Outra parte afirma não ser possível uma indenização imaterial se não existe afeto
entre pais e filhos. O dever dos filhos em prestar assistência imaterial aos pais
idosos é alvo de grande controvérsia, que deve ser apreciada em cada caso
particular. Um estudo detalhado sobre o tema faz-se necessário, visto que é
crescente o número de ações de reparação por dano moral recorrente de abandono
afetivo.
The Legal Responsibility of Adult Children to Care for Indigent Parents is subject
increasingly debated in the legal environment. There is an obligation material to
provide elderly parents when they do not have their own means of subsistence.
Nevertheless, there is a doctrinal debate beyond this duty materials exist also an
immaterial duty of care, moral character. Part of the doctrine understands that there
are immaterial obligation of children to elderly parents (family life, affection, support).
Another part says an immaterial compensation not be possible if there is no affection
between parents and children. The duty of the children to provide intangible
assistance to elderly parents is great controversy target, which must be assessed in
each particular case. A detailed study on the subject is necessary, as an increasing
number of remedial actions by recurrent moral damage of emotional abandonment.
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................9
2 O DIREITO DOS IDOSOS NA LEGISLAÇÃO…....................................................10
2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 .................................................................10
2.2 LEI ORGÂNICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS) .........................................11
2.3 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO...............................................................................12
2.4 CÓDIGO CIVIL DE 2002......................................................................................12
2.5 ESTATUTO DO IDOSO.......................................................................................14
3 OBRIGAÇÃO E DEVER DE AMPARO DOS FILHOS PERANTE PAIS
IDOSOS......................................................................................................................16
4 RESPONSABILIDADE CIVIL.................................................................................18
4.1 AÇÃO OU OMISSÃO...........................................................................................19
4.2 DANO...................................................................................................................20
4.3 NEXO CAUSAL....................................................................................................21
4.4 CULPA..................................................................................................................22
5 RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FILHOS EM RELAÇÃO AOS PAIS
IDOSOS.....................................................................................................................24
5.1 RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FILHOS EM RELAÇÃO AOS PAIS IDOSOS
DECORRENTE DE ABANDONO AFETIVO..............................................................24
5.2 RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FILHOS EM RELAÇÃO AOS PAIS IDOSOS
DECORRENTE DE ABANDONO MATERIAL...........................................................26
6 ANÁLISE DE JULGADOS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FILHOS
PERANTE PAIS IDOSOS.........................................................................................30
6.1 ENTENDIMENTO A FAVOR...............................................................................30
6.2 ENTENDIMENTO CONTRA................................................................................32
7 CONCLUSÃO.........................................................................................................34
REFERÊNCIAS.........................................................................................................36
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1 INTRODUÇÃO
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.
1993.
vigente, que trata dos direitos estabelecidos aos idosos em diversos de seus artigos,
destacando-se os de natureza alimentar:
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem
bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e
aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do
necessário ao seu sustento.
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Essa obrigação, como se sabe, pode ser tanto material como imaterial.
Apesar da lei tratar em especial desta obrigação material (prestação de alimentos,
por exemplo), a responsabilidade entre pais e filhos vai além da obrigação
pecuniária.
O chamado abandono afetivo inverso, que é uma negação de amparo
afetivo, psíquico e moral, pode gerar graves consequências ao idoso, tornando mais
do que claro a real necessidade de que haja uma possibilidade de tentar inibir,
impedir e por fim punir esse abandono pela família, o que comprova que a
responsabilidade civil e o dever de indenizar não se trata apenas desta obrigação de
amparo material como também amparo afetivo.
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Como explica Álvaro Villaça Azevedo, essa punição pelo descaso entre pais
e filhos não objetiva preservar o amor ou a obrigação de amar, o que seria
impossível, mas sim responsabilizar ante o descumprimento do dever de cuidar, que
causa o trauma moral da rejeição e da indiferença (AZEVEDO, 2004).
Qualquer violação a essas garantias legais descritas será punida na forma
da lei, como poderá ser observado a seguir.
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4 RESPONSABILIDADE CIVIL
Para que haja obrigação de indenizar, Clayton Reis (2011, p.4) nos ensina:
Ainda, a obrigação de reparar o dano pode ser por ato de terceiro que esteja
sob responsabilidade do agente, bem como por danos causados por coisas que
estejam sob sua guarda, mas que não fazem parte do assunto abordado neste
trabalho.
A ação poderá ser identificada de várias formas, mas em especial no efetivo
maltrato do filho com os pais por agressões físicas e psicológicas (agressões,
xingamentos), além de iniciativas que atinem contra o interesse do idoso, como por
exemplo uma internação em um asilo precário, algo muito comum de acontecer.
Sendo assim, conclui-se que a conduta é um comportamento humano,
voluntário e consciente, que se exterioriza através de uma ação ou omissão (fazer
ou não fazer), e se houver uma real lesão ao bem jurídico protegido, haverá a
obrigação de reparar, isto claro, se acompanhadas da culpa, dano e nexo causal.
A omissão, portanto, é a desatenção a um mandamento imperativo (o
agente se omite quando a norma o manda agir). Neste caso, podemos identifica-la
pela negligência do filho para com os pais. Como exemplo, quando o filho deveria
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prestar o auxílio moral ou material mas se omitiu. Não raros os casos em que os pais
precisam de auxílio médico e seus filhos são negligentes, pensando ser algo natural
da idade.
4.2 Dano
caracterizar como a ofensa ou violação dos bens de ordem moral da pessoa, busca
a compensação pelo injusto experimentado pela vítima, visto que não é possível
voltar ao estado anterior. É, por síntese, um dano aos direitos de personalidade,
tutelado e protegido constitucionalmente, e por isso há o dever de indenizar quando
transgredido.
Na responsabilidade civil que trata este trabalho, o dano causado pode ser
tanto o material como o moral.
O dano material pode ser observado, por exemplo, quando o filho não presta
alimentos ao pai idoso (sujeito que sofre o dano direto).
O dano moral, por outro lado, caracteriza-se, como vimos, como a ofensa ou
violação dos bens de ordem moral da pessoa. Seria um dano aos direitos de
personalidade, tutelado e protegido constitucionalmente, e, em razão disso, há o
dever de indenizar quando transgredido. Neste caso, quando um filho insulta um pai,
agride sua honra e moral, lhe nega afeto, estará lesionando um direito assegurado
ao idoso, gerando então o dever de indenizar.
4.4 Culpa
agente culpado, medindo-se a indenização pela extensão do dano, e não pelo grau
de culpa do agente.
A temática da responsabilidade civil só se preocupa, portanto, que no
momento da conduta, ou o sujeito causou prejuízo intencional a outrem, no caso do
dolo, ou o causou por agir sem o dever de cuidado, no caso da culpa stricto sensu.
A culpa, como o nexo de causalidade, devem ser analisados
casuisticamente, visto que é um pressuposto que deve ser comprovado. Se o
agente, no caso o filho, não agiu com culpa, não há que se falar em dever de
indenizar, visto que trata-se aqui de responsabilidade civil subjetiva. Em suma, a
culpa pela simples negligência do filho com o dever de cuidado dos pais gera a
responsabilidade civil e o dever de indenizar.
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Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.
5.1 Responsabilidade civil dos filhos em relação aos pais idosos decorrente de
abandono afetivo
Este abandono do idoso por familiares torna-se, cada dia, mais comum.
Segundo o desembargador Jones Figueirêdo Alves, diretor nacional do Instituto
Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM):
5.2 Responsabilidade civil dos filhos em relação aos pais idosos decorrente de
abandono material
Sabe-se que o dever de amparo pode ser imaterial como material. Quando
fala-se em dever material, é expresso em lei que os pais idosos possuem o direito a
alimentos quando não possuírem recursos suficientes para sua própria subsistência.
Estes alimentos referem-se tanto ao necessário para a alimentação como também
para a assistência médica, medicamentos e outras despesas básicas em geral.
Conforme já visto anteriormente, de acordo com o artigo 229 da Constituição
Federal: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os
filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade”.
Não obstante, também encontra-se expresso no artigo 1696 do Código Civil:
“O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos (...)”.
Sobre o direito aos alimentos, Helena Diniz (2007, p. 537) ensina:
Direito civil e processo civil. Ação de alimentos proposta pelos pais idosos
em face de um dos filhos. Chamamento da outra filha para integrar a lide.
Definição da natureza solidária da obrigação de prestar alimentos à luz do
Estatuto do Idoso. - A doutrina é uníssona, sob o prisma do Código Civil, em
afirmar que o dever de prestar alimentos recíprocos entre pais e filhos não
tem natureza solidária, porque é conjunta. - A Lei 10.741/2003, atribuiu
natureza solidária à obrigação de prestar alimentos quando os credores
forem idosos, que por força da sua natureza especial prevalece sobre as
disposições específicas do Código Civil. - O Estatuto do Idoso, cumprindo
política pública (art. 3º), assegura celeridade no processo, impedindo
intervenção de outros eventuais devedores de alimentos. - A solidariedade
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Esta decisão ganhou bastante destaque por ser a primeira condenação por
abandono afetivo no Brasil, decisão esta que será analisada a seguir.
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Diante da falta de julgados sobre o tema em si, parece ser certa a aplicação
análoga do entendimento a seguir nos futuros casos sobre indenização por
abandono afetivo inverso.
O abandono afetivo dos filhos em relação aos pais idosos afetará, como já
visto, na sua saúde psicológica, bem como atinge sua dignidade e desrespeita o seu
direito à saudável convivência familiar. Não há dúvidas que deve ser caso de
responsabilidade civil, visto que preenche todos os seus pressupostos, não havendo
justificativa contrária à sua possibilidade.
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. 5º edição São Paulo: Editora Revista Dos
Tribunais, 2006.
DIAS, Maria Berenice . Manual de direito das famílias. 10ª edição. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2015.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 22ª edição.
São Paulo: Editora Saraiva, 2007.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 21ª
edição. São Paulo, Editora Saraiva, 2007.
37
FILHO, Sergio Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil. 11. ed. São Paulo:
Atlas, 2014.
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil:
Responsabilidade Civil. 13. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2015. vol. 3.
MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos à pessoa humana: uma leitura civil -
constitucional dos danos morais. Rio de Janeiro: Renovar, 2009.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/10/envelhecimento-da-populacao-mundial-
preocupa-pesquisadores.html. Acesso em: 11 mai. De 2016.
http://www.ibdfam.org.br/noticias/5086/+Abandono+afetivo+inverso+pode+gerar+ind
eniza%C3%A7%C3%A3o%22 Acesso em: 05 out. De 2016.
SILVA, Cristina Aparecida da. O abandono afetivo inverso da pessoa idosa do Brasil
e seus aspectos relevantes à luz do estatuto do idoso. Conteudo Juridico, Brasilia-
DF:19jan.2015.
Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.52230&seo=1>.
Acesso em: 10 out. 2016.
VILAS BOAS, Marco Antonio. Estatuto do idoso comentado. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2005.