Você está na página 1de 7

Processo n.

º […]
[…] Seção dos Serviços do Ministério Público

Exmo. Senhor
Juiz de Instrução Criminal do Tribunal
Judicial de […]

[…], ofendida nos autos à margem referenciados, em que é arguida […], tendo sido notificada
do douto despacho de acusação, vem, nos termos do disposto no art. 77.º, n.º2 do Código de
Processo Penal, deduzir

Pedido de Indemnização Cível

O que faz nos termos e com os fundamentos seguintes:


1.º
Dão-se por integralmente reproduzidos os factos vertidos na douta acusação.
De facto,
2.º
A ofendida foi alvo do crime de ofensa à integridade física qualificada e de injúria agravada
praticados pela arguida.
Assim,
3.º
A ofendida é professora do […], e no âmbito da sua atividade exerce funções letivas e de
coordenação na Escola […], em […], assegurando a lecionação da turma onde o menor […],
filho da arguida, se encontra integrado.
Sucede que
4.º
No dia […], a ofendida encontrava-se a lecionar na sala de aulas onde o filho da arguida se
encontra integrado,
5.º
E pese embora a aula tenha começado às 9 horas, o filho da arguida apenas compareceu por
volta das 10h25m.
6.º
Nessa altura, já os seus colegas de turma se encontravam no interior da sala de aula a lanchar,
para, momentos depois, irem para o intervalo.
7.º
Após entrar na sala de aula pelas 10h25m, o filho da arguida colocou a sua mochila na cadeira
que ocupava, e informou a ofendida que iria, naquele momento, para o intervalo.
8.º
Porquanto o filho da arguida tem um historial escolar pautado pelos sucessivos atrasos na
comparência às aulas bem como por dificuldades de aprendizagem, a ofendida considerou
que, visto que o aluno havia chegado atrasado à aula e como tal não tinha resolvido qualquer
exercício escolar, lhe seria mais proveitoso que permanecesse, durante o período de intervalo,
no interior da sala, efetuando duas operações com o auxílio da ofendida.
9.º
A ofendida solicitou ao filho da arguida que permanecesse no interior da sala para esse fim, o
que, apesar de ter recusado inicialmente, fez.
10.º
Nesse dia, o filho da arguida permaneceu no interior da sala até ao final do período letivo, com
respeito pelas interrupções letivas, realizando todas as atividades que lhe foram propostas.
11.º
Após o termo do período de aulas, pelas 15h30m, o filho da arguida, juntamente com os
demais colegas, prepararam-se para abandonar a sala de aula, dirigindo-se à porta de saída
daquela.
Ato contínuo,
12.º
E enquanto a ofendida permanecia no interior da sala de aulas e os alunos já se dirigiam à
porta de saída do edifício onde decorrem as aulas, irrompeu uma funcionária da escola e
dirigiu-se à ofendida, dizendo: “Estou toda a tremer”.
Nessa sequência,
13.º
A ofendida dirigiu-se à funcionária, questionando-a sobre a razão para aquela declaração,
14.º
Ao que esta responde que se tinham gerado tumultos no portão de saída da escola visto que a
arguida, que se encontrava do lado de fora do portão, afirmava, junto dos demais pais e
encarregados de educação, que a ofendida tinha batido no seu filho.
15.º
Perante aquela situação, e como forma de acalmar os ânimos, a ofendida ordenou à
funcionária que trouxesse a arguida à sua presença, e, ao mesmo tempo, solicitou aos alunos
que se preparavam para abandonar o edifício onde decorrem as aulas que aguardassem mais
uns minutos.
16.º
No momento em que a arguida chegou à sala de aula, a ofendida questionou os seus alunos
sobre se alguma vez a tinham visto bater numa criança, e, em particular, se alguma vez a
tinham visto bater no filho da arguida.
17.º
A resposta de todos os alunos foi negativa.
18.º
Após os alunos responderem, a ofendida dirigiu-se à arguida, na tentativa de lhe transmitir
aquilo que os alunos haviam dito, ou seja, de que nunca bateu em qualquer criança.

Porém,
19.º
A ofendida foi, de imediato, interrompida pela arguida, a qual lhe disse, em plena sala de
aulas, e perante os menores dos quais aquela é professora: “Você é uma besta. Eu não quero
falar consigo. Só lhe quero bater.”
20.º
Logo após proferir esta afirmação, a arguida levantou as mãos em direção à ofendida,
tentando desferir-lhe socos na face,
21.º
A qual, na tentativa de se proteger, colocou os braços e mãos em frente ao rosto,
22.º
Determinando que as ofensas atingissem os braços e mãos da ofendida.
23.º
Durante o lapso temporal em que ocorreram as ofensas verbais e as agressões, os alunos da
ofendida permaneceram no interior da sala de aula, assistindo a toda a situação,
24.º
Os quais, perturbados com a violência da ocorrência, começaram a chorar e a gritar.

Entretanto,
25.º
E como a arguida continuava a ofender o corpo da ofendida, esta tentou parar as agressões e
agarrar-lhe nos braços por forma a imobilizá-la e colocá-la fora da sala de aula.
26.º
Face à agitação que se gerou, a professora da sala de aula ao lado apercebeu-se da situação e,
com vista a obstar a que as agressões contra a ofendida persistissem, tentou intervir e segurar
a arguida.
27.º
A confusão gerada pela arguida tornou-se audível pelas demais professoras e funcionárias, as
quais conseguiram intervir, fazendo parar as agressões, e conduzindo a arguida para a entrada
da escola, onde permaneceu a aguardar a chegada do agente da PSP da Escola Segura.
28.º
Logo após as agressões, a ofendida experienciou fortes dores no dedo indicador da mão
esquerda, o qual começou a inchar e a ficar negro,
Motivo pelo qual
29.º
Se dirigiu ao Hospital […], em […], onde foi assistida e diagnosticada uma fratura no dedo
indicador da mão esquerda, com posterior imobilização e indicação de realização de
fisioterapia.
30.º
Este quadro clínico determinou um período de 15 dias para a sua consolidação sem afetação
de trabalho geral e com afetação de trabalho profissional de 5 dias.
31.º
Com a conduta supra descrita, a arguida praticou agressões físicas e ofensas verbais contra a
ofendida, o que fez enquanto esta exercia a suas funções de professora e perante os seus
alunos, dentro de uma escola básica frequentada por menores.
32.º
Tais agressões e ofensas determinaram que a ofendida fraturasse o dedo indicador da mão
esquerda, sofresse dores, e ainda experienciasse humilhação, nervosismo, inquietude e
trauma,
Pois
33.º
As mesmas foram praticadas no local de trabalho da ofendida (escola básica), perante os seus
alunos menores, e enquanto aquela se encontrava no exercício das suas funções,
34.º
Em pleno desrespeito pela qualidade de professor da ofendida, que era do conhecimento da
arguida, e do seu papel fundamental na educação das crianças,
35.º
Aumentando a exposição negativa a que a ofendida foi sujeita e, consequentemente, a carga
emocional adjacente,
36.º
Tendo a ofendida ficado fortemente perturbada, não só pelas agressões perpetradas como
pela humilhação a que foi sujeita,
37.º
Passando a ofendida, quer em virtude das agressões físicas como das ofensas verbais, a recear
pela sua integridade física e pela sua segurança,
38.º
Temendo mesmo que, nas suas deslocações diárias e no exercício da sua atividade laboral, a
arguida a agredisse e ofendesse de novo,
39.º
Ficando perturbada no seu sentimento de segurança e na sua liberdade de movimentação.
40.º
Face ao supra exposto e, em conformidade com o disposto no art. 483.º do Código Civil, com a
prática de um crime de ofensa à integridade física qualificada e de um crime de injúria
agravada, a arguida tornou-se responsável pelos danos que daí advierem para a ofendida,
41.º
Cujo ressarcimento apenas será possível através do pagamento de uma indemnização em
montante nunca inferior a €[…] [importância por extenso].

Nestes termos e nos melhores de Direito, deve o presente


pedido de indemnização cível ser julgado procedente por
provado e em consequência ser a arguida condenada no
pagamento à ofendida de indemnização por danos não
patrimoniais em valor nunca inferior a €[…] [importância por
extenso], bem como no pagamento das custas processuais a
que houver lugar.

Prova:
- Documental: a dos autos

- Testemunhal:
- […], id. A fls. 21;
- […] id. A fls. 23;

- Pericial: autos de exame médico a fls. […] a […].

Valor: € […] [importância por extenso]


Junta: Duplicados legais.
E.D.
A Advogada,

Assinatura e carimbo profissional

Você também pode gostar