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Defini-se sensação como o fenômeno elementar gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, originados
fora ou dentro do organismo, que produzem alterações nos órgãos receptores, estimulando-os.
As diferentes formas de sensações são geradas por estímulos sensoriais específicos, como visuais, táteis, auditivos, olfativos,
gustativos, proprioceptivos e cinestésicos.
Compreendendo conceitos:
● Imagem perceptiva real: o elemento básico do processo de sensopercepção, se caracterizando por algumas
qualidades: nitidez, corporeidade, estabilidade, extrojeção, ininfluenciabilidade voluntária (quando o indivíduo não
consegue alterar voluntariamente a imagem percebida) e completitude;
● Imagem representativa ou mnêmica: uma revivescência de uma imagem sensorial determinada, sem que esteja
presente o objeto original que a produziu. Se caracteriza por: pouca nitidez, pouca corporeidade, instabilidade,
introjeção, incompletude;
● Imagem eidética: é a evocação de uma imagem guardada na memória;
● Pareidolias: são imagens visualizadas voluntariamente a partir de estímulos imprecisos do ambiente. Exemplo, ao
olhar para uma nuvem e poder ver nela um gato ou um elefante.
A imaginação: uma atividade psíquica que consiste na evocação de imagens percebidas no passado. É o processo de
produção de imagens, geralmente ocorre na ausência de estímulos sensoriais.
A fantasia ou fantasma: é uma produção imaginativa, produto minimamente organizado da imaginação. No sentido
psicanalítico pode ser consciente ou inconsciente. Se origina de desejos, temores e conflitos. Muito frequente em crianças.
Capítulo 16: A sensopercepção e suas alterações
Alterações da sensopercepção:
° alucinações cenestésicas e cinestésicas (nessas o indivíduo tem sensações claramente anormais como sentir o cérebro
encolhendo ou uma víbora dentro do abdome);
° alucinações funcionais;
° alucinações combinadas (de várias modalidades sensoriais, auditivas, visuais, táteis, etc);
° alucinações extracampinas (fora do campo sensoperceptivo usual, por exemplo vê uma imagem às suas costas ou atrás
de uma parede);
° alucinações autoscópia (quando o indivíduo enxerga a si mesmo, vê o seu corpo, como se estivesse fora dele);
° alucinações hipnagógicas e hipnopômpicas (geralmente ocorrem quando o indivíduo está adormecido, podem ocorrer
em pessoas sem transtornos mentais).
Capítulo 16: A sensopercepção e suas alterações
- Alucinose: é o fenômeno pelo qual o paciente percebe tal alucinação como estranha à sua pessoa. Nela, embora o
doente veja a imagem ou ouça a voz ou o ruído, falta a crença que comumente o alucinado tem em sua
alucinação;
° alucinose visual
° alucinose auditiva
Capítulo 16: A sensopercepção e suas alterações
Teorias etiológicas das alucinações
● Teorias psicodinâmicas, psicológicas e afetivas das alucinações: necessidades e tendências afetivas, desejos e, sobretudo,
conflitos inconscientes, construíram a base das alucinações. O indivíduo projetaria no espaço exterior seus desejos,
temores, conflitos e recalques;
● Teoria irritativa cortical: as alucinações corresponderiam a lesões irritativas em áreas cerebrais corticais, relacionadas à
percepção complexa;
● Teoria neurobioquímica das alucinações: os agentes químicos que ocasionam alucinações estão relacionadas a três
neurotransmissores, serotonina, dopanina e acetilcolina;
● Alucinações como fenômeno de deaferentação/liberação neuronal: o sistema nervoso, ao ser privado de estímulos
externos, produz, ele próprio, o fenômeno sensorial, para manter a homeostase, um certo nível de ativação básica;
● Teoria da desorganização global do funcionamento cerebral: alterações globais e amplas do funcionamento cerebral
produziriam a perda das inibições mais desenvolvidas filogeneticamente e complexas funcionalmente, permitindo a
eclosão de circuitos em geral inibidos. A perda das inibições superiores favoreceria o surgimento de fenômenos
patológicos, como as alucinações, as ilusões e outros automatismos;
● Teoria da alucinação como desordem da linguagem interna: pensamentos verbais do próprio paciente, que falsamente os
percebe como sendo de origem externa, como se fossem vozes de terceiros.
Capítulo 17: A memória e suas alterações
Definição básica:
fatos já ocorridos. Relaciona-se intimamente com o nível de consciência, atenção e interesse afetivo.
- Tudo que uma pessoa aprende em sua vida depende da capacidade de memorização;
- Todos os processos relacionados com a memória são altamente contextualizados, havendo uma interação de
modalidades sensoriais e contexto emocional;
- A memória possui um papel central na definição do ser humano.
Capítulo 17: A memória e suas alterações
Tipos de memória:
Atividade do sistema nervoso, que permite ao indivíduo registrar, conservar e evocar os dados vivenciados. Composta
de 3 fases: registro (percepção/ início); conservação (retenção); evocação (lembranças/ recuperação).
Conteúdos de informações biológicas adquiridos ao longo da história filogenética contidos no material genético.
- Memória imunológica:
- Repetição;
- Associação com outros elementos.
Observações:
Tipos de memória (com relação ao processo temporal de aquisição e evocação de elementos mnêmicos):
Confunde-se com a atenção e com a memória de trabalho. É a capacidade de reter o material imediatamente após ser
percebido.
O indivíduo que sofre uma lesão ou doença cerebral, sempre que esse processo patológico atinge seus mecanismo
mnêmicos de registro e recordação, tende a perder os conteúdos da memória seguindo algumas regularidades:
- O sujeito perde as lembranças e seus conteúdos na ordem e no sentido inverso que os adquiriu, isto é, perde
primeiro elementos recentemente adquiridos e, depois, os elementos mais antigos;
- Perde primeiro elementos mais complexos e, depois os mais simples;
- Perde primeiro os elementos mais estranhos, menos habituais e, posteriormente, os mais familiares;
- Primeiramente, perde os conteúdos mais neutros e, depois, os elementos afetivos.
Capítulo 17: A memória e suas alterações
Tipos específicos de memória:
● Com relação ao caráter consciente ou não-consciente do processo mnêmico:
- Memória explícita:
Adquirida de forma plenamente consciente, mais relevante do ponto de vista clínico, inclui lembranças de fatos
autobiográficos.
- Memória implícita:
Adquirida de forma mais ou menos automática, o indivíduo não se dá conta de que está aprendendo uma habilidade, ex:
andar de bicicleta, adquirir uma língua.
- Memória declarativa:
Diz respeito a fatos, eventos e conhecimentos que são memorizados, sendo possível, declarar verbalmente a forma que
foram memorizados. É uma memória plenamente consciente e diz respeito a eventos autobiográficos e conhecimentos
gerais.
- Memória não-declarativa:
Refere-se a hábitos e capacidades, em geral, motores, sensoriais e eventualmente linguísticos. É difícil declarar como são
lembrados, deve-se agir para que sejam lembrados, ex: tocar uma música.
*Obs.: Quase sempre a memória explícita é também declarativa, e a implícita, não-declarativa.
Capítulo 17: A memória e suas alterações
● Memória de trabalho:
- É a combinação de habilidades de atenção e da memória imediata. Ex.: ouvir um número telefônico e retê-lo na
mente para utilizá-lo em seguida. É, de modo geral, explícita e declarativa.
- Diz respeito a um amplo conjunto de habilidades que permite manter e manipular informações novas. As
informações são mantidas por um curto período de tempo (1 a 3 minutos) para serem manipuladas, com o
objetivo de selecionar um plano de ação e realizar uma tarefa.
- Seu papel não é de formar arquivos, mas de analisar e selecionar informações, mantendo-as on-line por breve
período até que a decisão seja tomada;
- As regiões corticais pré-frontais são importantes para esse tipo de memória.
Capítulo 17: A memória e suas alterações
● Memória episódica:
- É a forma mais relevante de memória para a clínica;
- Trata-se de uma forma de memória explícita e declarativa relacionada a eventos específicos da experiência
pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado contexto. Ex.: relatar o que foi feito na noite anterior;
- Refere-se à recordação consciente de fatos reais. Corresponde a eventos concretos, comumente
autobiográficos, bem-circunscritos em determinado momento e local.;
- Obedece à Lei de Ribot.
Capítulo 17: A memória e suas alterações
● Memória semântica:
- Diz respeito ao registro e à retenção de conteúdos em função do significado que têm. É um componente da
memória de longo prazo que inclui os conhecimentos de objetos, fatos, operações matemáticas, assim como
das palavras e seu uso.
- É compartilhada socialmente, reaprendida de forma constante, não sendo temporalmente específica.
- Se refere ao aprendizado, conservação e utilização de uma espécie de arquivo geral de conceitos e
conhecimentos factuais do indivíduo.
- Relaciona-se a capacidade de nomeação e categorização
Capítulo 17: A memória e suas alterações
● Memória de procedimentos:
- Automática, não-consciente. Ex.: habilidades motoras e perceptuais mais ou menos complexas ( andar de
bicicleta); habilidades visuoespaciais e habilidades automáticas relacionadas ao aprendizado de línguas;
- Quase sempre implícita, e não-declarativa, porque manifesta-se tipicamente por ações motoras e não pode ser
expressa por palavras (tornando-se consciente apenas com esforço). Entretanto, durante a aquisição da
habilidade, pode ser explícita ou implícita.
Capítulo 17: A memória e suas alterações
● Alterações patológicas da memória:
- Alterações quantitativas:
1. Hipermnésias: as representações afluem rapidamente, ganhando em número, perdendo em clareza e precisão. Traz a
aceleração do ritmo psíquico.
2. Amnésias (ou hipomnésias): perda de memória, seja capacidade de fixar ou manter e evocar antigos conteúdos mnêmicos
a) Amnésia psicogênica: perda de elementos mnêmicos focais, os quais têm valor psicológico específico (simbólico, afetivo)
b) Amnésia orgânica: menos seletiva. Em geral, perde-se primeiramente a capacidade de fixação, em estados avançados,
começa-se a perder conteúdos antigos. Segue a lei de RIbot.
* Amnésia anterógrada: não consegue fixar elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou dano cerebral
* Amnésia retrógrada: perde a memória para fatos ocorridos antes da doença/ trauma.
* Amnésia retroanterógradas: déficits de fixação para o que ocorreu dias, semanas ou meses antes e depois do evento
patógeno.
Capítulo 17: A memória e suas alterações
● Alterações patológicas da memória:
- Alterações qualitativas
Envolvem a deformação do processo de evocação de conteúdos mnêmicos previamente fixados. O indivíduo apresenta lembrança
deformada que não corresponde à sensopercepção original.
1. Ilusões mnêmicas: há um acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro de memória . Ocorre, por exemplo, na esquizofrenia e na
paranóia.
2. Alucinações mnêmicas: criações imaginativas com a aparência de lembranças ou reminiscências que não correspondem a qualquer
lembrança verdadeira. Ocorrem principalmente na esquizofrenia e em outras psicoses funcionais.
- Fabulações (ou confabulações): elementos da imaginação do doente ou mesmo lembranças isoladas completam artificialmente as lacunas
de memória, produzidas, em geral, por déficit da memória de fixação.
- Criptomnésias: falseamento da memória, em que as lembranças aparecem como fatos novos ao paciente, que não as reconhece como
lembranças, vivendo-as como uma descoberta. Ocorre, comumente, em casos de Alzheimer.
- Ecmnésia: trata-se da recapitulação e da revivescência intensa, abreviada e panorâmica, da existência, uma recordação condensada de
muitos eventos passados, que ocorre em breve período. Pode ocorrer em crises epiléticas e em experiências de quase-morte.
- Lembrança obsessiva: manifesta-se com o surgimento espontâneo de conteúdos do passado involuntariamente e apesar de indesejável
reaparece de forma constante e permanente. É comum em casos de transtornos do espectro obsessivo-compulsivo.
Capítulo 17: A memória e suas alterações
● Alterações patológicas da memória:
- Alterações do reconhecimento
1) Agnosias: déficits de reconhecimento de estímulos sensoriais, objetos e fenômenos, que não podem ser
explicados por um déficit sensorial, por distúrbios da linguagem ou por perdas cognitivas globais. São
classificadas de acordo com a modalidade sensorial que o indivíduo perdeu capacidade de reconhecimento.
Possui origem essencialmente cerebral. Ex.: agnosia tátil, visual, prosopagnosia, auditiva, anosognosia,
grafestesia.
A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivências humanas.
Afetividade é um termo genérico, que compreende várias modalidades de vivências afetivas, como o
humor, as emoções e os sentimentos.
Capítulo 18: A afetividade e suas alterações
Distinguem-se cinco tipos básicos de vivências afetivas:
2. Emoções
3. Sentimentos
4. Afetos
5. Paixões
Capítulo 18: A afetividade e suas alterações
● Humor ou estado de ânimo
É o estado emocional basal e difuso em que se encontra a pessoa em determinado momento. É a disposição afetiva
de fundo , a lente afetiva que dá às vivências do sujeito a cada momento, uma cor particular, ampliando ou reduzindo
o impacto das experiências reais.
● Emoções
São reações afetivas agudas, momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos. A emoção é um estado
afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente como a reação do indivíduo a certas excitações internas ou
externas, conscientes ou inconscientes.
Capítulo 18: A afetividade e suas alterações
● Sentimentos
São estados e configurações afetivas estáveis; em relação às emoções, são mais atenuados em sua intensidade e
menos reativos a estímulos passageiros. Os sentimentos estão comumente associados a conteúdos intelectuais,
valores, representações e, em geral, não implicam concomitantes somáticos. Constituem um fenômeno muito mais
mental que somático.
● Afetos
São a qualidade e o tônus emocional que acompanha uma idéia ou representação mental. Os afetos acoplam-se a
idéias, anexando a elas um colorido afetivo.
Capítulo 18: A afetividade e suas alterações
● Paixões
A paixão é um estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psíquica como um todo, captando e
dirigindo a atenção e o interesse do indivíduo em uma só direção, inibindo os demais interesses.
Afetividade: alterações patológicas
Alterações do humor
Distimia: Em psicopatologia geral, é o termo que designa a alteração básica do humor, tanto no sentido da inibição
como no sentido da exaltação.
Disforia: Diz respeito à distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada
Hipertimia: (ou distimia hipertímica) refere-se a humor patologicamente alterado no sentido da exaltação e da alegria.
Euforia/Alegria patológica : define o humor morbidamente exagerado, no qual predomina um estado de alegria
intensa e desproporcional às circunstâncias.
Afetividade: alterações patológicas
Puerilidade: é uma alteração do humor que se caracteriza pelo aspecto infantil, simplório, regredido.
A ansiedade é definida como estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação
interna desagradável. Inclui manifestações somáticas e fisiológicas.
Do ponto de vista existencial, a angústia tem significado mais marcante, é algo que define a condição humana, é um
tipo de vivência mais “pesada”, mais fundamental que a experiência da ansiedade.
O medo refere-se a um objeto mais ou menos preciso, diferencia-se da ansiedade e da angústia, que não se referem a
objetos precisos (o medo é, quase sempre, medo de algo).
Afetividade: alterações patológicas
Alteração das emoções e dos sentimentos :
Apatia : É a diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. Na apatia, o indivíduo, apesar de saber da importância
afetiva que determinada experiência deveria ter para ele, não consegue sentir nada.
Hipomodulação do afeto: Incapacidade do paciente de modular a resposta afetiva de acordo com a situação
existencial, indicando rigidez na sua relação com o mundo.
Sentimento de falta de sentimento: É a vivência de incapacidade para sentir emoções, experimentada de forma muito
penosa pelo paciente. Ao contrário da apatia, o sentir o “não-sentir” é vivenciado com muito sofrimento, como uma
tortura. Pode ocorrer em quadros depressivos graves.
Anedonia: É a incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com determinadas atividades e experiências da
vida.
Afetividade: alterações patológicas
Indiferença afetiva: Foi descrita particularmente na histeria como uma “bela indiferença”. Trata-se de certa frieza
afetiva incompreensível diante dos sintomas que o paciente apresenta.
Labilidade afetiva e incontinência afetiva: São os estados nos quais ocorrem mudanças súbitas e imotivadas de humor,
sentimentos ou emoções. O indivíduo oscila de forma abrupta, rápida e inesperada de um estado afetivo para outro.
Neotimia: É a designação para sentimentos e experiências afetivas inteiramente novos vivenciados por pacientes em
estado psicótico. São afetos muito estranhos e bizarros para a própria pessoa que os experimenta.
Medo: Trata-se do estado de progressiva insegurança e angústia, de impotência e invalidez crescentes, ante a
impressão iminente de que sucederá algo que o indivíduo quer evitar, o que progressivamente se considera menos
capaz de fazer.
Afetividade: alterações patológicas
Fobias: São medos determinados psicopatologicamente, desproporcionais e incompatíveis com as possibilidades de
perigo real oferecidas pelos desencadeantes, chamados de objetos ou situações fobígenas.
Pânico: É uma reação de medo intenso, de pavor, relacionada geralmente ao perigo imaginário de morte iminente,
descontrole ou desintegração. O pânico se manifesta quase sempre como crises de pânico. Estas são crises agudas e
intensas de ansiedade, acompanhadas por medo intenso de morrer ou de perder o controle e de acentuada descarga
autonômica.
Capítulo 19: Vontade, psicomotricidade, o agir e suas
alterações
A vontade é uma dimensão complexa da vida mental, relacionada intimamente com as esferas instintiva, afetiva
e intelectiva, bem como com o conjunto de valores, princípios, hábitos e normas socioculturais do indivíduo.
● Ato volitivo ou ato de vontade: é traduzido pelas expressões típicas do “eu quero” ou “eu não quero”, que
caracterizariam a vontade humana sensu strictu. O ato volitivo se dá, de forma geral, como um processo,
o chamado processo volitivo, no qual se distinguem quatro etapas ou momentos fundamentais e, em
geral, cronologicamente seguidos:
- A fase de intenção ou propósito; A fase de deliberação; A fase de decisão propriamente dita; A fase de
execução.
Alterações da vontade
Hipobulia/abulia: Pacientes com hipobulia/abulia apresentam diminuição ou até abolição da atividade volitiva.
Geralmente, a hipobulia/abulia encontra-se associada à apatia (indiferença afetiva), à fadiga fácil, à dificuldade de
decisão, tão típicas dos depressivos graves.
- A abulia não se confunde com a ataraxia, que é um estado de indiferença volitiva e afetiva desejada e buscada
ativamente pelo indivíduo.
Alterações da vontade
Atos impulsivos : . O ato impulsivo abole abruptamente as fases de intenção, deliberação e decisão, em função tanto
da intensidade dos desejos ou temores inconscientes como da fragilidade das instâncias psíquicas implicadas na
reflexão, na análise, na ponderação e na contenção dos impulsos e dos desejos.
Características:
O ato compulsivo, ou compulsão, difere do ato impulsivo por ser reconhecido pelo indivíduo como indesejável e
inadequado, assim como pela tentativa de refreá-lo ou adiá-lo.
Características:
- Há a vivência frequente de desconforto subjetivo por parte do indivíduo que realiza o ato compulsivo;
- São egodistônicos, isto é, experienciados como indesejáveis, contrários aos valores morais e anseios de
quem os sofre;
- Há a tentativa de resistir;
- Há a sensação de alívio ao realizar o ato compulsivo;
- Ocorrem frequentemente associados a ideias obsessivas muito desagradáveis, representando, muitas vezes,
tentativas de neutralizar tais pensamentos.
Alterações da vontade
Piromania: é o impulso de atear fogo a objetos, prédios, lugares, etc. Ocorre principalmente em indivíduos com
transtornos da personalidade.
Alterações da vontade
O impulso e o ato suicida parecem ocorrer em todas as culturas. Tal impulso ocorre quase sempre associado a outros
sintomas mentais e condições gerais como humor depressivo, desesperança, ansiedade intensa, desmoralização
crônica, dor ou disfunções orgânicas crônicas.
Dipsomania: ocorre como impulso ou compulsão periódica para ingestão de grandes quantidades de álcool;
bulimia é o impulso irresistível de ingerir rapidamente grande quantidade de alimentos. Após a ingestão rápida, o
paciente bulímico sente-se culpado, com medo de engordar, e induz vômitos ou toma laxativos.
Potomania: é a compulsão de beber água ou outros líquidos sem que haja sede exagerada.
Alterações da vontade
● Atos e compulsões relacionados ao desejo e comportamento sexual:
Fetichismo: é o impulso e o desejo sexual concentrado em partes da vestimenta ou do corpo da pessoa desejada;
Exibicionismo: é o impulso de mostrar os órgãos genitais, geralmente contra a vontade da pessoa que observa. O
ato de mostrar já é suficiente para o indivíduo obter prazer;
Voyeurismo é o impulso de obter prazer pela observação visual de uma pessoa que está tendo relação sexual, ou
simplesmente está nua ou se despindo;
Gerontofilia é o desejo sexual por pessoas consideravelmente mais velhas que o indivíduo.
Poriomania: É o impulso e o comportamento de andar a esmo. Ocorre em pacientes esquizofrênicos, em pessoas com
quadros psico-orgânicos e nos deficientes mentais, etc.
Cleptomania ou roubo patológico: É o ato impulsivo ou compulsivo de roubar, precedido geralmente de intensa
ansiedade e apreensão, que apenas se alivia quando o indivíduo realiza o roubo.
Jogo patológico: É a compulsão por jogos de azar, fazer apostas, especular com dinheiro, apesar de prejuízos
financeiros e sociais percebidos pelo sujeito.
Compulsão por comprar: O indivíduo sente necessidade premente de comprar objetos, roupas, livros, CDs, etc.
Compra de forma compulsiva, sem observar a utilidade, e sem ter necessidade ou poder utilizar adequadamente tais
objetos.
Alterações da psicomotricidade
Dentre todas as alterações da psicomotricidade, a agitação psicomotora é uma das mais comuns. Implica a aceleração
e exaltação de toda a atividade motora do indivíduo, em geral secundária a taquipsiquismo acentuado.
Lentificação reflete a lentificação de toda a atividade psíquica. Toda a movimentação voluntária torna-se lenta, difícil,”
pesada”, podendo haver período de latência entre uma solicitação ambiental e a resposta motora do paciente.
Alterações da psicomotricidade
Estereotipias motoras: são repetições automáticas e uniformes de um ato motor complexo, indicando perda de
controle voluntário. Ex.: repetir um mesmo gesto com a mão várias vezes em um dia. Observado, por exemplo, em
alguns quadros de esquizofrenia.
Maneirismo: estereotipia motora caracterizada por movimentos bizarros e repetitivos complexos que buscam certo
objetivo.
Tiques: atos coordenados, repetitivos, resultantes de contrações súbitas, breves e intermitentes. Acentuam-se muito
com a ansiedade. Tiques múltiplos, motores e/ ou vocais, podem indicar a presença do transtorno de Tourette.
Conversão: surgimento abrupto de sintomas físicos de origem psicogênica. Ex.: paralisias, anestesias. Comum na
histeria e no transtorno de personalidade histriônica.
Alterações da psicomotricidade
Inibição psicomotora: é um estado acentuado e profundo de lentificação psicomotora, com ausência de
respostas motoras adequadas, sem que haja paralisias ou déficit motor primário.
Estupor: é a perda de toda a atividade espontânea, que atinge o indivíduo globalmente, na vigência de um nível
de consciência aparentemente preservado e de capacidade sensório-motora para reagir ao ambiente.
Catalepsia: é um acentuado exagero do tônus postural, com grande redução da mobilidade passiva dos vários
segmentos corporais e com hipertonia muscular global de tipo plástico.
Alterações da marcha
Marcha do paciente psiquiátrico:
- Marcha espástica: traça com o membro inferior comprometido um semicírculo, caminha com dificuldade, passos curtos e
arrastando os pés.
- Marcha atáxica: sem informações proprioceptivas, apresenta um caminhar inseguro, descoordenado, pernas afastadas.
- Marcha nas miopatias: amplo afastamento das pernas, lordose exagerada e movimentos oscilatórios dos quadris.
- Quadros pseudobulbares; afecções extrapiramidais; polineuropatias periféricas; lesões vestibulares; síndromes cerebelares
Outras alterações da psicomotricidade e apraxias
Hiperventilação psicogênica: a respiração se torna muito acelerada, associada à ansiedade ou à situação estressante.
Observa-se no transtorno do pânico, por exemplo.
Apraxia: impossibilidade ou dificuldade de realizar atos intencionais, gestos complexos, voluntários, conscientes, sem que
haja paralisias, paresias ou ataxias, e sem que faltem o entendimento para fazê-lo. Decorre de lesões neuronais. Pode ser
ideativa (incapacidade de usar objetos comuns de forma adequada); ideomotora (incapacidade de completar um ato de
forma voluntária em resposta a uma ordem verbal); construcional (incapacidade de construir figuras geométricas, montar
quebra-cabeças…); vestimenta (perda da capacidade de vestir-se); de marcha (incapacidade de iniciar o movimento
espontaneamente e organizar a atividade gestual da marcha, ocorrendo com frequência em pequenos passos).
Alterações motoras relacionadas ao uso de
psicofármacos e a doenças neurológicas
Os psicofármacos, principalmente os neurolépticos como (haloperidol, clorpromazina, etc) utilizado no
tratamento das psicoses, produzem uma série de alterações no tônus muscular, na postura e na movimentação
voluntária e involuntária. Da mesma forma, são descritos pela semiologia neurológica diversos movimentos
involuntários decorrentes de lesões neurais.