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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

Cadeira: Psicopatologia

TEMA

Perturbações Quantitativa e Disfunções Sexuais

Nome dos Estudante:

 Argentina Inês Luciano Mpuana


 Milagre Feliberto
 Priscila Carlos Aluciano

LICENCIATURA EM PSICOLOGIA CLINICA, PÓS LABORAL

3º ANO, 1º SEMESTRE

Chimoio, Março de 2024


INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

Cadeira: Psicopatologia

TEMA

Perturbações Quantitativa e Disfunções Sexuais

DOCENTE:

Msc: Ferreira Juliasse

LICENCIATURA EM PSICOLOGIA CLINICA, PÓS LABORAL

3º ANO, 1º SEMESTRE

Chimoio, Março de 2024

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Índice
CAPITULO I: ................................................................................................................................... 4

1.Introdução ...................................................................................................................................... 4

Objectivos: ........................................................................................................................................ 4

1.1.1 Objectivo geral: ........................................................................................................................ 4

Objectivos específicos: ...................................................................................................................... 4

CAPITULO: II .................................................................................................................................. 5

2.Avaliação Neuropsicológica no Diagnostico .................................................................................. 5

2.1.Tipo de avaliação neuropsicológica............................................... Erro! Marcador não definido.

2.2.O papel do profissional é crucial na avaliação Neuropsicológica .. Erro! Marcador não definido.

2.3.Aplicação da avaliação Neuropsicológica ..................................... Erro! Marcador não definido.

2.4.Utilidade da avaliação Neuropsicológica ...................................... Erro! Marcador não definido.

2.5.Os principais objectivos da avaliação Neuropsicológica ............... Erro! Marcador não definido.

2.6.A importância da Avaliação Neuropsicológica ............................. Erro! Marcador não definido.

2.7.Trancamento Neuropsicologia ....................................................... Erro! Marcador não definido.

CAPITULO III .................................................................................... Erro! Marcador não definido.

2.1.1Metodologia do Trabalho ............................................................ Erro! Marcador não definido.

CAPITULO: IV................................................................................... Erro! Marcador não definido.

3.Conclusão ......................................................................................... Erro! Marcador não definido.

4. Referências bibliográficas ............................................................... Erro! Marcador não definido.

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CAPITULO I:

1.Introdução

O presente trabalho que vai abordar sobre Perturbações Quantitativa e Disfunções Sexuais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a sexualidade como um dos pilares da
qualidade de vida, sendo um aspeto central presente em toda a vida do ser humano. Ela
abrange a relação sexual, o prazer, o erotismo, a orientação sexual e a reprodução, sendo
expressa e percebida por pensamentos, desejos, fantasias, intimidade, comportamentos,
valores e relacionamentos. A sexualidade é afetada por uma interação de fatores
biológicos, psicológicos e sociais. Desta forma, a qualidade da saúde sexual pode exercer
uma enorme influência no bem-estar e na qualidade de vida.

Objectivos:

1.1.1 Objectivo geral:


 Analisar os estudo sobre Perturbações Quantitativa e Disfunções Sexuais,

Objectivos específicos:

 Definir o conceito Disfunções Sexuais;


 Identificar os Tipos de disfunções sexuais,
 Descrever as disfunções sexuais Masculino e Feminino;

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CAPITULO II:

Perturbações Quantitativa e Disfunções Sexuais


Conceito: Disfunção sexual

Disfunção sexual define-se como uma “perturbação do desejo sexual e das modificações
psicofisiológicas que caracterizam o ciclo de resposta sexual e provocam acentuado mal-
estar e dificuldades interpessoais” (DSM-IV TR, APA, 2000). Ou seja, uma disfunção
sexual pode ser qualquer alteração na resposta sexual (quer seja, na capacidade de sentir
desejo sexual, de sentir excitação, de alcançar o orgasmo, etc.) do indivíduo, que provoque
mal-estar e afecte a sua vida e as suas relações

A disfunção sexual pode ser resultante de factores físicos ou psicológicos. Muitos


problemas sexuais resultam de uma combinação de factores físicos e psicológicos. Um
problema físico pode levar a problemas psicológicos (tais como ansiedade, depressão ou
estresse), que por sua vez pode agravar o problema físico. Às vezes, os homens
pressionam-se a si mesmos ou se sentem pressionados pela parceira ou parceiro sexual
para ter um bom desempenho sexual e ficam angustiados quando não conseguem
(ansiedade de desempenho). A ansiedade de desempenho pode causar problemas e piorar
ainda mais a capacidade do homem de desfrutar das relações sexuais.

As disfunções sexuais caracterizam-se por alterações ou perturbações no ciclo de resposta


sexual da pessoa, impedindo a vivência de uma vida sexual satisfatória e gratificante.
Assim, as disfunções sexuais designam os vários problemas no desenvolvimento da
resposta sexual humana, que se evidenciam de maneira persistente ou repetida, impedindo
o desfrutar de uma vida sexual satisfatória.

Como função sexual, entende-se o envolvimento de componentes neurofisiológicos e


anatómicos que capacitam o indivíduo ao desejo, à excitação e ao orgasmo. Todos os
órgãos, aparelhos e sistemas que entram em acção devem ter um mínimo funcional para o
seu desempenho.

Quando estas dificuldades (leia-se, disfunções sexuais) associadas ao funcionamento


sexual são ocasionais, habitualmente não geram grande preocupação. No entanto, quando
são persistentes e se mantêm durante muito tempo causam bastante frustração e mal-estar à
pessoa que tem essas dificuldades e/ou ao casal que é afectado por elas.

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Ao contrário do que possa ser pensado, as disfunções sexuais são comuns e a maioria das
pessoas sente, em alguma fase da sua vida, dificuldade nas relações sexuais. Além disso, as
disfunções sexuais podem afectar tanto os homens como as mulheres.

A abordagem científica actual entende as disfunções sexuais de uma forma multifatorial e


integrada, com influências genéticas, neurofisiológicas, psicológicas intra e interpessoais e
socioculturais.

Importa ainda distinguir entre disfunções sexuais e dificuldades sexuais. Dificuldades


sexuais são um conjunto diferenciado de queixas que incluem por exemplo dificuldade em
relaxar, medo da intimidade, ansiedade de desempenho, dificuldade de comunicação entre
os parceiros, etc. São factores que não implicam necessariamente uma falha na
performance sexual, mas que reflectem uma insatisfação e podem eventualmente levar a
algum tipo de disfunção sexual

Como funciona o ciclo de resposta sexual?

Para compreender as disfunções sexuais é importante, primeiro, perceber a resposta sexual.


Esta pode ser dividida em fases distintas, e as disfunções sexuais podem ocorrer ao nível
de qualquer uma destas fases ou, então, podem estar associados a sensações dolorosas
durante a relação sexual.

As fases da resposta sexual são então as seguintes:

Desejo: fantasias acerca da actividade sexual e no desejo de actividade sexual;

Excitação: sensação subjectiva de prazer sexual acompanhada por modificações


fisiológicas;

Orgasmo: pico de prazer sexual, acompanhado da libertação da tensão sexual e da


contracção rítmica de músculos e dos órgãos reprodutores;

Resolução: sensação generalizada de relaxamento muscular e bem-estar. Durante esta fase


é mais difícil para os homens ter nova erecção e orgasmo, enquanto que as mulheres são
capazes de responder a uma estimulação adicional, quase imediata.

Porque é que as disfunções sexuais acontecem?

Como foi referido, as disfunções sexuais só podem ser explicadas entendendo que na
sexualidade interferem uma multiplicidade de fatores, nomeadamente genéticos,

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neurofisiológicos, psicológicos e socioculturais. Por isso, não existe apenas uma causa
direta para explicar as disfunções sexuais, podendo existir múltiplas causas que variam
mediante o tipo de disfunção e cada indivíduo e situação em particular.

É necessário ter em conta que as disfunções sexuais e o sofrimento associado dependem


muito das expectativas, dos desejos e das oportunidades do indivíduo quanto à actividade
sexual (bem como os mesmos elementos no parceiro).

É importante considerar factores como os efeitos do envelhecimento, as normas sociais e


religiosas face aos comportamentos sexuais, bem como o que significa funcionar
sexualmente do ponto de vista masculino ou feminino.

Importa também ter em conta factores como doenças existentes, medicação, que podem
reduzir o desejo e/ou interferir nas funções sexuais. É fundamental compreender que,
embora possam existir factores biológicos na base das disfunções sexuais, a resposta
sexual é vivenciada a partir de perspectivas intrapessoais, interpessoais e culturais que
interferem de forma significativa no desenvolvimento de uma disfunção sexual.

Por exemplo, as normas e expectativas sociais muitas vezes associadas ao facto de o


homem ter de conseguir sempre ter uma erecção e um desempenho sexual satisfatório
podem levar ao desenvolvimento de disfunções sexuais como a disfunção erétil, causada
pela ansiedade associada ao ato sexual.

Por isso, e para sumarizar, ao considerar uma disfunção sexual é necessário ter em conta
uma série de factores, que interferirão também na forma como essa disfunção sexual é
depois tratada:

 Factores relacionados ao parceiro (p.ex. problemas sexuais, estado de saúde);


 Factores associados ao relacionamento (p.ex. falta de comunicação, discrepâncias
no desejo para atividade sexual);
 Factores relacionados a vulnerabilidade individual (p.ex. má imagem
corporal, história de abuso sexual ou emocional);
 Comorbidade psiquiátrica (p.ex. depressão, ansiedade);
 Stressares (p.ex. perda de emprego, luto);
 Factores culturais ou religiosos (inibições relacionadas a proibições da atividade
sexual ou prazer, atitudes em relação à sexualidade;
 Factores biológicos e médicos.
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Tipos de disfunções sexuais

Existem vários tipos e subtipos de disfunções sexuais, os quais abordaremos cada de forma
pormenorizada, nomeadamente:

 Transtornos do desejo sexual;


 Transtornos da excitação sexual;
 Transtornos do orgasmo;
 Transtornos da dor sexual.

Transtornos do desejo sexual

Transtorno do desejo sexual hipoativo

Esta disfunção sexual consiste na ausência ou escassez de pensamentos ou fantasias


sexuais / eróticas, bem como um desejo para a actividade sexual escasso ou ausente, de
forma persistente ou recorrente.

É importante ter em conta que para que consideremos que existe uma disfunção sexual, a
falta de desejo para o sexo e a deficiência ou ausência de pensamentos ou fantasias eróticas
devem ser persistentes ou recorrentes e ter duração mínima de aproximadamente 6 meses.
Isto porque se houver uma diminuição do desejo de forma temporária, por exemplo porque
o indivíduo está a passar por uma situação difícil de vida, não podemos dizer que se trate
de uma disfunção sexual. Imaginemos por exemplo alguém que está a pensar terminar o
relacionamento, e que por causa disso não tem sentido desejo sexual. É uma situação
natural e temporária e não uma disfunção sexual.

Esta disfunção sexual parece ser influenciada por fatores como a ansiedade, autoestima, o
consumo de álcool, traumas resultantes de experiências precoces, problemas interpessoais
e distúrbios endócrinos. A idade também é um fator de risco relevante, bem como os níveis
de testosterona por exemplo. Existem ainda outras condições orgânicas que podem estar na
origem desta disfunção sexual, tais como doença hepática, tumores ou mesmo a toma de
alguns tipos de fármacos (antihipertensores, antidepressivos, antipsicóticos,
anticonvulsionantes).

Transtorno de Aversão sexual

Esta disfunção sexual caracteriza-se por uma aversão ou fuga do contacto sexual genital
com o parceiro sexual. Os factores que explicam esta perturbação podem ser variados. Por
exemplo, os indivíduos com perturbações do desejo frequentemente usam a inibição do
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desejo como forma defensiva, isto é, no sentido de se protegerem dos medos associados ao
sexo.

Atitudes negativas face ao sexo, educação sexual repressiva, historial de violência / abuso,
são alguns dos factores que podem contribuir para esta dificuldade.

Transtornos da excitação sexual

Transtorno do Interesse / Excitação Sexual Feminina

Esta disfunção sexual consiste na ausência ou redução significativa do interesse ou da


excitação sexual, manifestada por pelo menos 3 dos seguintes aspectos:

 Ausência ou redução do interesse pela actividade sexual;


 Ausência ou redução dos pensamentos ou fantasias sexuais / eróticas;
 Nenhuma ou quase nenhuma iniciativa de actividade sexual e, geralmente, ausência
de receptividade às tentativas de iniciativa feitas pelo parceiro;
 Ausência ou redução na excitação / prazer sexual durante a actividade sexual em
todos ou quase todos os encontros sexuais;
 Ausência ou redução do interesse / excitação sexual em resposta a quaisquer
indicações sexuais ou eróticas, internas ou externas (p.ex. escritas, verbais,
visuais…);

Ausência ou redução de sensações genitais ou não genitais durante a actividade sexual em


quase todos ou em todos os encontros sexuais.

Os sintomas desta disfunção sexual devem ser persistentes e existirem há pelo menos
aproximadamente seis meses. Importa ter em conta que a forma como esta disfunção
sexual se expressa é diferente entre as mulheres. Por exemplo, em algumas mulheres esta
disfunção sexual pode ser expressa sobretudo pela falta de interesse sexual, de
pensamentos eróticos e de iniciativa em iniciar a atividade sexual e responder aos convites
sexuais do parceiro, enquanto que para outras pode tratar-se sobretudo da incapacidade de
ficar sexualmente excitada.

Muitas vezes esta disfunção sexual está associada a problemas para experimentar o
orgasmo, dor sentida durante a actividade sexual, actividade sexual pouco frequente e
discrepâncias no desejo do casal. Também é comum existirem dificuldades de
relacionamento, bem como expectativas não realistas e normas sobre o nível “adequado”
de interesse ou excitação sexual, juntamente com técnicas sexuais pobres e falta de
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informações sobre a sexualidade. Algumas condições médicas também podem ser factores
de risco para esta disfunção sexual (p.ex diabetes, disfunção da tiróide).

Transtorno erétil masculino

Comumente conhecido como disfunção erétil, esta disfunção sexual caracteriza-se pela
presença de pelo menos um dos três sintomas seguintes, vivenciado em quase todas ou em
todas as ocasiões de actividade sexual e durante um período de pelo menos 6 meses:

 Dificuldade acentuada em obter ereção durante a atividade sexual;

 Dificuldade acentuada em manter uma ereção até ao fim da atividade sexual;

 Diminuição acentuada na rigidez erétil.

Importa perceber se o homem é capaz de ter ereção em determinadas circunstâncias, mas


não noutras (ex: ter uma relação satisfatória com uma prostituta e não o conseguir com a
esposa). A causa da impotência pode ser orgânica ou psicológica, ou uma combinação de
ambas. Muitos homens com transtorno erétil podem apresentar baixa autoestima, baixa
autoconfiança e senso diminuído de masculinidade, além de afeto deprimido. Podem
ocorrer situações de medo e/ou evitamento de futuros encontros sexuais. Também é
comum a satisfação sexual diminuída e o desejo sexual reduzido na/o parceira/o do
indivíduo.

 Dificuldade acentuada em obter ereção durante a atividade sexual;

 Dificuldade acentuada em manter uma ereção até ao fim da atividade sexual;

 Diminuição acentuada na rigidez erétil.

Importa perceber se o homem é capaz de ter ereção em determinadas circunstâncias, mas


não noutras (ex: ter uma relação satisfatória com uma prostituta e não o conseguir com a
esposa). A causa da impotência pode ser orgânica ou psicológica, ou uma combinação de
ambas. Muitos homens com transtorno erétil podem apresentar baixa autoestima, baixa
autoconfiança e senso diminuído de masculinidade, além de afeto deprimido. Podem
ocorrer situações de medo e/ou evitamento de futuros encontros sexuais. Também é
comum a satisfação sexual diminuída e o desejo sexual reduzido na/o parceira/o do
indivíduo.

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Alguns dos fatores de risco desta disfunção sexual incluem idade, tabagismo,
sedentarismo, diabetes e desejo diminuído. Enquanto os indivíduos mais jovens têm mais
probabilidade de desenvolver disfunção eréctil de causa psicológica (stress, depressão,
ansiedade de desempenho, medo do fracasso, baixa autoestima, insatisfação ou conflito
conjugal…), os homens com mais idade desenvolvem habitualmente disfunção eréctil de
causa orgânica, devido a uma maior comorbilidade com diversos fatores de risco (doenças
vasculares, problemas neurológicos, diabetes, problemas hormonais, uso de medicação…).

3. Transtornos do orgasmo

Transtorno do orgasmo feminino

Esta disfunção sexual caracteriza-se pela presença de qualquer um dos seguintes sintomas,
vivenciado em quase todas ou todas as ocasiões de atividade sexual:

 Retardo acentuado, infrequência acentuada ou ausência de orgasmo;

 Intensidade muito reduzida de sensações orgásmicas.

Vários fatores psicológicos estão associados a este transtorno, tais como: rejeição pelo
parceiro sexual, danos na vagina, sentimentos de culpa em relação aos impulsos sexuais,
ansiedade e preocupação com a gravidez, etc. Também podem existir múltiplos fatores
genéticos e fisiológicos na base do transtorno do orgasmo, tais como esclerose múltipla,
lesões no nervo pélvico, lesões na medula espinal, entre outros.

É importante ter em conta que muitas mulheres precisam de estimulação do clitóris para
atingir o orgasmo, enquanto que uma proporção relativamente pequena de mulheres afirma
atingir sempre o orgasmo durante a penetração. Por isso, se uma mulher atinge o orgasmo
por meio de estimulação do clitóris, mas não durante a penetração, não se considera que
tenha uma perturbação do orgasmo. Por vezes também acontece que as dificuldades em
atingir o orgasmo têm que ver com uma estimulação sexual inadequada.

Ejaculação retardada

Esta disfunção sexual consiste na presença de qualquer um dos seguintes sintomas durante
pelo menos 6 meses, vivenciado em quase todas ou em todas as ocasiões de atividade
sexual, sem que o indivíduo deseje o retardo:

 Retardo acentuado na ejaculação;

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 Baixa frequência marcante ou ausência de ejaculação.

Assim, neste tipo de disfunção sexual o homem apresenta dificuldade ou incapacidade para
ejacular, apesar de existir estimulação sexual adequada e desejo de ejacular. Por vezes os
casais relatam tentativas prolongadas de atingir o orgasmo a ponto de causar exaustão ou
desconforto. Alguns homens podem também acabar por evitar a atividade sexual devido à
dificuldade persistente e repetitiva em ejacular. Algumas parceiras podem sentir-se menos
atraentes sexualmente devido ao parceiro não conseguir ejacular com facilidade.

Existem fatores genéticos e fisiológicos associados a este transtorno, nomeadamente a


perda de nervos sensoriais periféricos de condução rápida e a redução na secreção de
esteroides sexuais, ambas as condições associadas à idade, e que geralmente estão
associadas ao aumento da ejaculação retardada em homens com mais de 50 anos.

Ejaculação precoce

Esta disfunção sexual consiste na existência de um padrão persistente ou recorrente de


ejaculação que ocorre durante a atividade sexual dentro de aproximadamente um minuto
após a penetração e antes do momento desejado pelo indivíduo. Apesar de também poder
existir um diagnóstico de ejaculação precoce mediante atividades sexuais não vaginais, não
existem critérios estabelecidos para o tempo de duração dessas atividades.

Muitos homens com queixa de ejaculação precoce queixam-se de uma sensação de falta de
controlo sobre a ejaculação e demonstram apreensão relativamente à incapacidade prevista
para retardar a ejaculação em futuros encontros sexuais. Esta disfunção sexual pode ser
mais comum em homens com transtornos de ansiedade, especialmente transtorno
de ansiedade social. Também existe uma contribuição genética para esta disfunção sexual,
e ela pode ainda estar associada a condições como doença de tiroide, prostatite e
abstinência de drogas. No entanto, na ejaculação precoce as causas mais comuns são as
psicológicas, relacionadas com ansiedade e stress.

4. Transtornos da dor sexual

Transtorno da Dor Génito-Pélvica / Penetração

Esta disfunção sexual consiste na existência de dificuldades persistentes e recorrentes com


um ou mais dos seguintes sintomas:

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 Dificuldade marcante para ter relações / penetrações vaginais (pode variar desde
incapacidade total para experimentar penetração vaginal em qualquer situação,
p.ex. exames ginecológicos ou inserção de tampão, até a capacidade para
experimentar facilmente a penetração numa situação, mas não noutra);

 Dor vulvovaginal ou pélvica intensa durante a relação sexual vaginal ou nas


tentativas de penetração;

 Medo ou ansiedade intensa de dor vulvovaginal ou pélvica em antecipação a,


durante ou como resultado da penetração vaginal (este medo ou ansiedade pode
levar a mulher a evitar situações sexuais / íntimas e a evitar a penetração vaginal);

 Tensão ou contração acentuada dos músculos do assoalho pélvico durante


tentativas de penetração vaginal (pode variar de espasmo semelhante a um reflexo
do assoalho pélvico em resposta às tentativas de penetração vaginal, a proteção
muscular em resposta à experiência de dor antecipada ou repetida, ao medo ou à
ansiedade).

Esta disfunção sexual está frequentemente associada a outras disfunções sexuais,


particularmente o desejo e interesse sexual reduzidos. Existem alguns fatores de risco, tais
como a violência sexual e/ou física, historial de infeções vaginais, inflamações
ginecológicas, entre outros.

Como prevenir as disfunções sexuais?

Prevenir as disfunções sexuais significa contribuir para a existência de uma sexualidade


satisfatória, minimizando os possíveis fatores de risco que contribuem muitas vezes para
que as disfunções sexuais se instalem. Assim, algumas das estratégias que podem ajudar a
prevenir a instalação de disfunções sexuais são:

 Monitorização adequada da saúde física, com exames periódicos por forma a


detetar precocemente possíveis problemas orgânicos que interfiram com a
resposta sexual;
 Tratamento atempado de problemas emocionais ou psicológicos, tais como a
depressão ou ansiedade, pois quando instalados estes podem ter um impacto
significativo na vida sexual e inclusivamente estar na origem de disfunções
sexuais;

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 Educação sexual apropriada, quer seja no contexto educativo quer seja no
contexto familiar;
 Informação sobre o sexo e a sexualidade adequada e disseminada pela
população;
 Desconstrução de estereótipos e crenças negativos associados ao sexo;
 Comunicação aberta e transparente entre o casal relativa à sua vida sexual.

No caso dos problemas e dificuldades sexuais ocasionais, por exemplo uma disfunção
erétil que acontece esporadicamente mas não se configura como disfunção sexual, algumas
estratégias podem também ser importantes, designadamente:

 Controlar / diminuir a ingestão de álcool, tabaco e outras substâncias;

 Reduzir os níveis de stress e ansiedade;

 Ter uma boa higiene de sono;

 Ter uma alimentação saudável e equilibrada;

 Praticar exercício físico;

 Comunicar com o/a parceiro/a acerca das preocupações, receios e preferências no


âmbito sexual.

Tratamento das disfunções sexuais

Uma vez que as disfunções sexuais têm causas múltiplas e existem inúmeros fatores que
influenciam o seu aparecimento e desenvolvimento, também a intervenção deve ser
integrada e incluir várias valências, para uma resposta mais eficaz.

Tratamento médico para as disfunções sexuais

Como vimos, existem vários fatores orgânicos que podem estar na origem das disfunções
sexuais. Deste modo, muitas vezes é necessário o acompanhamento médico,
maioritariamente urológico ou ginecológico, para adequação de tratamento, por exemplo
através de medicação prescrita pelo clínico.

Para a disfunção erétil, por exemplo, existem diversos fármacos que podem ser prescritos
pelo médico, mediante avaliação do quadro clínico. Em alguns de disfunções sexuais pode
ainda estar indicada uma ajuda mecânica (implantes penianos ou sistemas de vácuo) e, no

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caso da mulher, existem dilatadores que podem ser úteis em casos de estreitamento do
canal vaginal.

Fisioterapia no tratamento das disfunções sexuais

Para algumas disfunções sexuais a fisioterapia pode ser indicada com diversos propósitos:
tonificar a musculatura perineal; aumentar a irrigação sanguínea local; aumentar a
capacidade sensória vaginal. Podem ser prescritos exercícios diversos para a pessoa fazer
em casa, bem como utilizada a eletroterapia para estimulação propriocetiva, reforço
muscular e efeito analgésico. Muitas vezes na fase, por exemplo, de pós-parto pode ser
particularmente importante este tipo de intervenção.

Intervenção psicológica no tratamento das disfunções sexuais

A terapia sexual assegurada por psicólogo especialista na área da sexualidade revela-se


muito útil para diversas disfunções sexuais.

O psicólogo clínico com formação em sexologia utiliza técnicas psicoterapêuticas para


identificar mitos e crenças disfuncionais em torno da sexualidade (que possam estar na
origem de disfunções sexuais), prescrevendo também técnicas e aconselhando o casal por
forma a capacitar o cliente a experimentar uma sexualidade mais saudável.

Uma consulta de terapia sexual é semelhante a qualquer outra sessão de psicoterapia. O


psicólogo irá avaliar a situação, definir os objetivos da intervenção e proceder à
intervenção propriamente dita. Poderá fornecer-lhe material educativo, informações, dicas,
sugestões e algumas tarefas para realizar em casa.

As estratégias e técnicas de intervenção variam conforme a pessoa, o casal e as


necessidades específicas. Podem ser usadas tarefas comportamentais específicas, técnicas
específicas direcionadas às preocupações e pensamentos, biofeedback, técnicas de
relaxamento e redução da ansiedade, exercícios de comunicação entre o casal, entre outros.

Por isso, se sofre ou acredita poder sofrer de alguma disfunção sexual ou dificuldade no
âmbito sexual, é importante que consulte um profissional de saúde, por exemplo o médico
de família, para que este o possa encaminhar devidamente. Muitas vezes existe vergonha e
inibição em falar sobre as dificuldades sexuais, no entanto lembre-se que os profissionais
estão devidamente preparados para isso. Além disso, quanto mais atempada for a
intervenção, mais eficazes serão os seus resultados.

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Disfunção sexual feminino

A disfunção sexual em mulheres inclui dor durante a relação sexual, contracções


involuntárias dolorosas (espasmos) dos músculos ao redor da vagina (vaginismo), falta de
interesse por sexo (baixa libido) e problemas com a excitação ou orgasmo. Esses
problemas precisam causar angústia na mulher para que um transtorno de disfunção sexual
possa ser diagnosticado.

Os problemas sexuais em mulheres podem ter causas físicas, psicológicas ou,


frequentemente, uma combinação, sendo que cada uma afeta a outra.

Para diagnosticar problemas sexuais, os médicos costumam conversar com a mulher e, às


vezes, com seu parceiro; um exame pélvico costuma ser necessário quando a mulher tem
dor ou problemas com o orgasmo.

O tratamento de problemas sexuais em mulheres varia por causa, mas pode incluir
educação sobre a função sexual, medicamentos, fisioterapia pélvica ou psicoterapia ou
terapia sexual.

As mulheres costumam ter preocupações sobre a função sexual. Se os problemas forem tão
graves a ponto de causar desconforto, eles possivelmente serão considerados disfunção
sexual. Aproximadamente 12% das mulheres nos Estados Unidos têm disfunção sexual.

A disfunção sexual pode ser descrita e diagnosticada em termos de problemas específicos,


como, por exemplo:

Falta de interesse na actividade sexual e/ou dificuldade de ficar excitado (um quadro
clínico denominado transtorno de desejo/interesse sexual)

Contracção involuntária dos músculos ao redor da vagina ou dor durante a actividade


sexual (um quadro clínico denominado transtorno da dor gênito-pélvica/penetração)

Dificuldade em alcançar o orgasmo apesar de ter um interesse normal na actividade sexual


(um quadro clínico denominado transtorno do orgasmo feminino)

Disfunção sexual induzida por substância/medicamento

Outros tipos de disfunção sexual (que os médicos chamam de “outra disfunção sexual
especificada e não especificada”)

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Na disfunção sexual induzida por substância/medicamento, a disfunção sexual é
relacionada ao fato de que uma substância (incluindo entorpecentes) ou medicamento
começou a ser usado, sua dose foi modificada ou seu uso foi interrompido.

O termo outra disfunção sexual inclui a disfunção sexual que não cabe nas outras
categorias. Ele inclui a disfunção sexual que não tem uma causa identificável ou que não
atende exatamente aos critérios de um transtorno de disfunção sexual específico.

O distúrbio de excitação genital persistente é um distúrbio raro que pode ocorrer em


homens e mulheres, mas não tem critérios específicos para o diagnóstico. A mulher com
transtorno de excitação genital persistente sente excitação física (indicada pelo aumento do
fluxo sanguíneo para os órgãos genitais e o aumento das secreções vaginais) mas o desejo
sexual está ausente. Nenhuma causa para a excitação é identificada, e a excitação
geralmente não se resolve após o orgasmo.

Geralmente, uma mulher com disfunção sexual apresenta características de mais de uma
causa específica. Por exemplo, a mulher que tem dor durante a relação sexual ou
dificuldade para ficar excitada geralmente não gosta muito de ter relações sexuais e talvez
tenha dificuldade para atingir o orgasmo.

A resposta sexual de uma mulher é fortemente influenciada pela sua saúde mental e pela
qualidade do relacionamento com seu parceiro. O desejo inicial normalmente diminui com
a idade, mas aumenta com um novo parceiro em qualquer idade.

Função sexual normal

A função sexual e as respostas envolvem mente (pensamentos e emoções) e corpo


(incluindo os sistemas nervoso, circulatório e hormonal). A resposta sexual inclui

 Desejo, também chamado interesse ou libido


 Excitação
 Orgasmo
 Resolução
Desejo (libido)

Desejo é a vontade de praticar ou continuar a actividade sexual. O interesse sexual pode ser
desencadeado por pensamentos, palavras, imagens, cheiros ou toque. O desejo pode ser
óbvio já no início ou pode se desenvolver conforme a actividade sexual e a estimulação
começam.
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No caso das mulheres, o desejo sexual e a excitação com frequência estão intimamente
relacionados. A estimulação sexual pode desencadear excitação, prazer e respostas físicas
(incluindo o aumento do fluxo sanguíneo para a região genital). O desejo pela satisfação
sexual aumenta à medida que a actividade sexual e a intimidade continuam.

Excitação

A excitação tem um elemento subjectivo; a excitação sexual que é sentida e pensada.


Também tem um elemento físico: um aumento do fluxo sanguíneo até a área genital. O
fluxo sanguíneo pode aumentar sem a mulher estar ciente disso e sem que ela esteja se
sentindo excitada. O aumento do fluxo sanguíneo na mulher faz com que o clitóris e as
paredes vaginais fiquem inchadas (um processo chamado de ingurgitamento). O aumento
do fluxo sanguíneo também faz com que as secreções vaginais (que fornecem lubrificação)
aumentem.

Essa resposta reflexiva que causa ingurgitamento e lubrificação ocorre apenas alguns
segundos após um estímulo sexual. O cérebro, ao perceber algo com característica sexual,
não necessariamente erótica ou subjetivamente excitante, desencadeia essa resposta.
Durante essa resposta, o formigamento e o latejamento genitais costumam ser relatados por
mulheres mais jovens. À medida que a mulher envelhece, o fluxo de sangue genital de
estímulos sexuais diminui, mas é possível que a lubrificação em resposta a estímulos
sexuais não diminua.

Orgasmo

Orgasmo é o pico ou clímax da excitação sexual. Pouco antes do orgasmo, a tensão


muscular em todo o corpo aumenta. À medida que o orgasmo começa, os músculos ao
redor da vagina se contraem ritmicamente. A mulher pode ter vários orgasmos. Os
hormônios liberados no orgasmo podem contribuir para as sensações de bem-estar,
relaxamento ou fadiga posteriores (resolução).

Resolução

Resolução é uma sensação de bem-estar e relaxamento muscular generalizado. A resolução


normalmente segue o orgasmo. No entanto, a resolução pode ocorrer lentamente após uma
atividade sexual altamente excitante sem orgasmo. Algumas mulheres podem responder a
estimulação adicional quase imediatamente após a resolução.

Causas
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Muitos fatores causam ou contribuem para os vários tipos de disfunção sexual.
Tradicionalmente, as causas são consideradas como físicas ou psicológicas. No entanto, os
dois tipos de causas não podem ser separados. Fatores psicológicos podem causar
mudanças físicas no cérebro, nervos, hormônios e até nos órgãos genitais. Alterações
físicas podem ter efeitos psicológicos, que, por sua vez, têm mais efeitos físicos. Alguns
fatores estão mais relacionados com a situação do que com a mulher. Além disso, a causa
da disfunção sexual com frequência é desconhecida.

Factores psicológicos

A depressão e a ansiedade frequentemente contribuem para a disfunção sexual. Às vezes,


quando a depressão é eficazmente tratada, a disfunção sexual também melhora. No
entanto, alguns tipos de antidepressivos (inibidores seletivos de recaptação da serotonina)
também podem causar disfunção sexual.

Vários tipos de temor como, por exemplo, de se liberar, de ser rejeitada ou de perder o
controle, além de baixa autoestima podem contribuir com a disfunção sexual.

Experiências anteriores podem afetar o desenvolvimento psicológico e sexual da mulher,


causando problemas, como os seguintes:

 Experiências sexuais negativas, incluindo trauma sexual, podem causar sentimentos


de baixa autoestima, constrangimento ou culpa.

 Abuso emocional, físico ou sexual na infância ou adolescência pode ensinar a


criança a controlar e ocultar suas emoções, um mecanismo de defesa útil. No
entanto, a mulher que controla e oculta suas emoções talvez tenha dificuldade em
expressar os sentimentos sexuais.

 Se a mulher tiver perdido um dos pais ou outro ente querido durante a infância, é
possível que ela tenha dificuldade em ter intimidade com seu parceiro sexual por
medo de uma perda semelhante, às vezes sem se dar conta disso.

Várias preocupações sexuais podem comprometer a função sexual. Por exemplo, é possível
que a mulher esteja preocupada com as consequências indesejadas do sexo (por exemplo,
gravidez ou infecções sexualmente transmissíveis) ou com o próprio desempenho sexual
ou do parceiro.

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Os fatores relacionados à situação atual da mulher (chamados fatores contextuais) que
podem afetar a função sexual incluem

 Autoimagem: Por exemplo, a mulher talvez tenha uma baixa autoimagem sexual se
ela tiver uma autoimagem corporal negativa, incontinência urinária, estiver tendo
problemas de fertilidade ou tiver realizado uma cirurgia para remover uma mama, o
útero ou outra parte do corpo associada às relações sexuais.

 Relacionamento: A mulher talvez não confie ou talvez tenha sentimentos negativos


em relação ao seu parceiro. É possível que ela sinta menos atração pelo parceiro do
que sentia no início do relacionamento.

 Ambiente: É possível que o ambiente não seja suficientemente erótico, privado ou


seguro para permitir a expressão sexual.

 Cultura: A mulher talvez pertença a uma cultura que limita a expressão ou a


atividade sexual. Às vezes, algumas culturas fazem com que a mulher sinta
vergonha ou culpa em relação à sexualidade. Tanto a mulher como o parceiro
talvez pertençam a culturas que têm opiniões diferentes sobre determinadas práticas
sexuais.

 Distrações ou estresse emocional: Família, trabalho, finanças ou outras coisas que


podem preocupar a mulher e, portanto, interferir na excitação sexual.

Diagnóstico

 Entrevista com a mulher e, às vezes, com seu parceiro

 Exame pélvico

Uma disfunção sexual é geralmente diagnosticada quando os sintomas estiverem presentes


por, no mínimo, seis meses e causarem angústia significativa. É possível que algumas
mulheres não se sintam incomodadas com a diminuição ou a ausência de desejo ou
interesse sexual, excitação ou orgasmo. Nesses casos, um transtorno não é diagnosticado.

A disfunção sexual feminina pode ser caracterizada quando no mínimo um dos critérios a
seguir está presente:

 Dor durante as atividades sexuais

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 Perda do desejo sexual

 Excitação comprometida

 Incapacidade de atingir o orgasmo

O diagnóstico dos transtornos de disfunção sexual geralmente envolve um interrogatório


detalhado da mulher e, às vezes, do seu parceiro. Primeiramente, o médico pede à mulher
que descreva o problema com suas próprias palavras. Então, o médico faz perguntas sobre:

 Sintomas

 Outras doenças

 Realização de procedimentos ginecológicos e obstétricos

 Lesões na região pélvica

 Trauma sexual

 Uso de entorpecentes

 Relacionamento com o parceiro

 Problemas de função sexual no parceiro

 Humor

 Autoestima

 Relacionamentos na infância

 Experiências sexuais passadas

 Traços de personalidade (por exemplo, sua capacidade de confiar em alguém,


tendência a se sentir ansiosa e a necessidade de se sentir no controle)

O médico faz um exame pélvico para procurar por anomalias nos órgãos genitais externos
e internos, incluindo a vulva, a vagina e o colo do útero. Frequentemente, o médico
consegue identificar de onde vem a dor. Algumas mulheres com dor sexual ou histórico de
trauma sexual têm dificuldade em realizar um exame pélvico. Isso pode ser discutido com
o médico antes do exame. Algumas estratégias para tornar um exame pélvico mais
tolerável são as seguintes:

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 A mulher e o médico podem discutir o exame antes de ele começar e chegar a um
acordo sobre como se comunicar durante o exame.

 A mulher pode segurar um espelho para poder ver o que o médico vê durante o
exame e permitir que o médico mostre qualquer problema que seja detectado.

 A mulher pode colocar a mão sobre a mão do médico para ter uma maior sensação
de controle durante o exame.

No entanto, se o médico suspeitar que existe infecção sexualmente transmissível ou outra


infecção (por exemplo, candidíase ou vaginose bacteriana), é possível que ele insira um
espéculo (instrumento) na vagina para poder ver a vagina e o colo do útero (assim como é
feito durante um exame de Papanicolau) e colete uma amostra da secreção vaginal ou do
colo do útero e a envie para o laboratório para ser analisada.

Tratamento

 Tratamento das causas da dor sexual

 Medicamentos, incluindo terapia hormonal

 Fisioterapia pélvica

 Às vezes, psicoterapia ou terapia sexual pessoal ou de casal

Certos tratamentos dependem da causa da disfunção sexual. No entanto, algumas medidas


gerais podem ajudar, independentemente da causa:

 Para o casal, aprender sobre a anatomia da mulher e maneiras de aumentar a libido


ou fazer com que ela fique excitada

 Melhorar a comunicação, incluindo em relação ao sexo, entre a mulher e seu


parceiro

 Incentivar a confiança, o respeito e a intimidade emocional entre os parceiros:


Essas qualidades devem ser cultivadas com ou sem ajuda profissional. O casal
talvez precise de ajuda para aprender a resolver conflitos, o que pode interferir no
relacionamento.

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 Dedicar tempo para estarem juntos sem envolvimento de atividade sexual: O casal
que conversa regularmente está mais propenso a querer e desfrutar da atividade
sexual juntos.

 Dedicar tempo e espaço para a actividade sexual: É possível que a mulher esteja
preocupada ou distraída com outras atividades (que envolvem trabalho, tarefas
domésticas, filhos). Assegurar que o local seja privado pode ajudar se a mulher
tiver medo de descoberta ou interrupção. Dedicar tempo suficiente e estar em um
ambiente que incentiva os sentimentos sexuais talvez ajude.

 Envolver-se em muitos tipos de actividades sexuais: Por exemplo, acariciar e beijar


partes sensíveis do corpo e tocar os órgãos genitais um do outro o suficiente antes
de iniciar a relação sexual pode aumentar a intimidade e diminuir a ansiedade.

 Tomar medidas para evitar as consequências indesejadas: Tais medidas são


especialmente úteis quando o medo de gravidez ou de infecções sexualmente
transmissíveis inibir o desejo.

 Praticar a atenção plena: Atenção plena envolve aprender a se concentrar no que


está acontecendo no momento, sem fazer julgamentos ou monitorar o que está
acontecendo. Manter-se concentrada ajuda que a mulher se livre de distrações e
permite que ela preste atenção às sensações durante a actividade sexual,
concentrando-se no momento. Recursos para aprender como praticar a atenção
plena estão disponíveis na internet.

Apenas estar ciente do que é necessário para uma resposta sexual saudável talvez seja
suficiente para ajudar a mulher a mudar seu pensamento e comportamento. No entanto,
geralmente é necessário mais de um tratamento, porque muitas mulheres têm mais de um
tipo de disfunção sexual. Às vezes, é necessária uma equipe multidisciplinar que inclui
clínicos gerais, ginecologistas, especialistas em dor, psicoterapeutas, terapeutas sexuais e
fisioterapeutas.

Medicamentos

Para Fertonani et al. (2015), A terapia à base de estrogênio pode ser usada para tratar a
disfunção sexual em mulheres com síndrome genito-urinária da menopausa. Quando a
mulher tiver apenas sintomas vaginais e urinários, geralmente os médicos receitam
apresentações farmacêuticas de estrogênio que são inseridas na vagina na forma de creme

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(com um aplicador plástico), na forma de comprimido ou na forma de um anel. Um creme
à base de estrogênio também pode ser aplicado externamente à vulva. Esses tratamentos
conseguem tratar eficazmente os sintomas que afetam a vagina (tais como secura e
adelgaçamento da vagina, uma necessidade urgente de urinar e infecções do trato urinário
frequentes), mas não ajudam a tratar problemas de humor, ondas de calor ou problemas de
sono. (Pablo, (2004), 357-70).

A prasterona (uma forma sintética de dehidroepiandrosterona [DHEA]) inserida na vagina


na forma de supositório, também pode aliviar a secura vaginal e tornar o sexo menos
doloroso para mulheres na pós-menopausa.

O ospemifeno (um modulador seletivo do receptor de estrogênio) pode ser usado para
tratar a síndrome genito-urinária da menopausa em mulheres que não podem aplicar terapia
hormonal vaginal.

Para Fertonani et al. (2015), Uma vez que os inibidores seletivos de recaptação da
serotonina (ISRSs, um tipo de antidepressivo) podem contribuir para vários tipos de
disfunção sexual, a substituição por outro antidepressivo que comprometa menos a
resposta sexual talvez ajude (por exemplo, bupropiona, moclobemida, mirtazapina e
duloxetina). Além disso, a bupropiona com um ISRS pode ser melhor para a resposta
sexual do que o ISRS sozinho. Existe alguma evidência sugerindo que se a mulher tiver
parado de ter orgasmos depois que começou a tomar um ISRS, a sildenafila (usada para
tratar disfunção erétil) pode ajudá-la a voltar a ter orgasmos. No entanto, a sildenafila não
costuma ser recomendada, uma vez que não existe evidência clara de sua eficácia em
mulheres. (Pablo, (2004), 357-70).

No caso de mulheres na pós-menopausa que estejam tomando uma dose de estrogênio e


um progestogênio de corpo todo, adicionar testosterona (administrada na forma de
comprimido ou creme aplicado na pele) pode ajudar com o transtorno de desejo/interesse
sexual. No entanto, o uso de testosterona para essa finalidade é considerado experimental,
e as mulheres devem discutir os riscos e benefícios com o médico. No caso de mulheres
que estão tomando testosterona, o médico precisa monitorar regularmente quanto à
presença de efeitos colaterais, como acne, crescimento excessivo de pelos (hirsutismo) e
desenvolvimento de características masculinas (virilização). (Frank, Anderson e
Rubinstein, 1978 apud Carey, 2005

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Psicoterapias

Psicoterapias podem ajudar a mulher com problemas sexuais. Por exemplo, a terapia
cognitivo-comportamental pode ajudar a mulher a reconhecer uma autoimagem negativa
resultante de doença ou infertilidade. A terapia cognitiva baseada na atenção plena
combina terapia cognitivo-comportamental com a prática da atenção plena. Como acontece
na terapia cognitivo-comportamental, a mulher é incentivada a identificar os pensamentos
negativos. A mulher é, então, incentivada a observar simplesmente esses pensamentos e a
reconhecer que são apenas pensamentos e possivelmente não refletem a realidade. Essa
abordagem pode tornar tais pensamentos menos distrativos e perturbadores. A terapia
cognitiva baseada na atenção plena pode ser usada para tratar o transtorno de
desejo/interesse sexual e a dor que ocorre quando a abertura da vagina é pressionada (um
quadro clínico denominado vestibulodinia provocada, um tipo de transtorno da dor gênito-
pélvica/penetração). (FERTONANI et al., 2015).

Talvez seja necessária psicoterapia mais profunda quando problemas de infância (por
exemplo, trauma sexual) estiverem interferindo na função sexual.

A terapia de casal pode ser útil para melhorar a comunicação ou abordar questões de
relacionamento. Terapia sexual costuma ajudar a mulher e o parceiro a lidar com questões
que afetam sua vida sexual, como problemas sexuais específicos e o relacionamento um
com o outro. (Frank, Anderson e Rubinstein, 1978 apud Carey, 2005

Outros tratamentos

Vários tipos de fisioterapia podem ser úteis para mulheres com transtorno da dor gênito-
pélvica/penetração.

Os fisioterapeutas podem usar várias técnicas para alongar e relaxar os músculos pélvicos
tensos:

 Mobilização de tecidos moles e liberação miofascial: Usar movimentos variados


(por exemplo, empurrar de maneira rítmica ou massagear) para pressionar e alongar
os músculos ou os tecidos que cobrem os músculos (liberação miofascial) afetados

 Pressão sobre pontos-gatilho: A aplicação de pressão em regiões muito sensíveis


dos músculos afetados, que podem ser onde ocorre o início da dor (pontos-gatilho)

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 Estimulação elétrica: A aplicação de corrente elétrica suave, transmitida através de
um dispositivo posicionado na abertura da vagina

 Treinamento da bexiga e reeducação intestinal: Fazer com que a mulher siga um


regime rigoroso de micção e recomendar exercícios para fortalecer os músculos ao
redor da uretra e do ânus, às vezes com biofeedback

 Ultrassonografia terapêutica: Aplicação de energia (gerada por ondas sonoras de


alta frequência) nos músculos afectados (e com isso aumentar o fluxo de sangue
para a região, melhorar a cicatrização e relaxar músculos tensos)

Caso a presença de músculos pélvicos tensos esteja tornando a actividade sexual dolorosa,
a mulher pode inserir dispositivos autodilatadores, disponíveis com receita médica e de
venda livre, para alongar e tornar a vagina menos sensível. É possível que a actividade
sexual seja então mais confortável. (Pablo, (2004), 357-70).

Lubrificantes e hidratantes vaginais podem reduzir a secura vaginal, que causa dor durante
a relação sexual. Esses tratamentos incluem óleos à base de alimentos (por exemplo, coco),
lubrificantes à base de silicone e produtos à base d’água. Lubrificantes à base de água
secam rapidamente e possivelmente precisam ser reaplicados, mas seu uso é preferível ao
de outros lubrificantes à base de vaselina ou óleo. Lubrificantes à base de alimentos podem
danificar os contraceptivos à base látex, como, por exemplo preservativos e diafragmas.
Eles não devem ser usados com preservativos. Tanto lubrificantes à base de silicone como
à base d’água podem ser usados com preservativos e diafragmas. A mulher pode perguntar
ao médico qual tipo de lubrificante é melhor para ela. (Pablo, (2004), 357-70).

Dependendo do tipo de disfunção, treinamento de habilidades sexuais (por exemplo,


instruções para masturbação) e exercícios para facilitar a comunicação com o parceiro
sobre as necessidades e preferências sexual podem ser implementados.

Dispositivos como, por exemplo, vibradores ou dispositivos de sucção clitoriana podem ser
usados por mulheres com transtorno de desejo/interesse sexual ou transtorno do orgasmo
feminino, mas há poucas evidências para respaldar sua eficácia. Muitos desses
medicamentos são de venda livre. (Frank, Anderson e Rubinstein, 1978 apud Carey, 2005

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Conclusão

A sexualidade é parte integrante da saúde, qualidade de vida e bem-estar do Ser Humano.


As DS são um problema multifatorial que envolvem determinantes biológicos, físicos e
interpessoais. As suas causas são múltiplas desde as relacionadas com o estado fisiológico
da mulher (gravidez, amamentação, menopausa), as comorbilidades associadas, assim
como ao uso de determinados fármacos e abuso de substâncias. Apesar da sua alta
prevalência, as DS deixam de ser diagnosticadas muitas vezes, devido à dificuldade que os
profissionais de saúde têm em falar do assunto e na formação adquirida nesta área. O
diagnóstico desses quadros é de extrema relevância, uma vez que interferem na qualidade
de vida e na saúde geral. É importante o profissional de saúde ter esta visão geral da
mulher, antes de fazer um diagnóstico ou prescrever um fármaco. Muitas vezes é
necessário uma abordagem multidisciplinar, permitindo assim a identificação da causa de
conflitos psíquicos e relacionais e/ou quadros psiquiátricos

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Referências

CAREY, M. P. Tratamento cognitivo – comportamental das disfunções sexuais. In:


CABALLO, V. E. Manual para tratamento cognitivo – comportamental dos transtornos
psicológicos. São Paulo: Livraria Santos, 2005.

CATANIA, A. C. Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. Porto Alegre:


Artmed, 1999.

CAVALCANTI, R., CAVALCANTI, M. - Tratamento clínico das inadequações


sexuais. São Paulo: Roca, 1992

CEREJO, A. - Disfunção sexual feminina: prevalência e fatores relacionados. Rev


Port Clin Geral, vol. 22, 6 (2006), 701-20.

COSTA, J. F. L. V. Abordagem Psicoterapêutica no Tratamento da Disfunção Erétil.


2010. 27f. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina). Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, Porto, 2010.

PABLO, C., SOARES, C. - As disfunções sexuais femininas. Rev. Port. Clin. Geral,
vol. 20, 3 (2004), 357-70.

PEDROSA, J. B. Pedrosa. Disponível em: http://www.syntony.com.br/ Acessado em 27


de outubro de 2012.

PERALTA, P. G. - Tons femininos: uma visão sobre as disfunções sexuais das


mulheres. Cadernos de sexologia, 2 (2010), 9-25

SKINNER, B. F. Sobre o behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 1993.

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