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DESEJO SEXUAL HIPOATIVO

Acadêmicos:
Augusto Krause - 2320522
E. Noah David – 2320247
Eloisa Helena Jochem - 2320564
Helena Regina Polakoski Borges – 2320030
Karianna Tortato - 2320068
Rosane do Prado Batista Hilgenberg – 2221892
Tatiane dos Santos - 2320568
1. CARACTERÍSTICAS DA DISFUNÇÃO SEXUAL/PARAFILIA

O desejo sexual hipoativo é caracterizado pela diminuição do desejo


sexual para aquele indivíduo. Para ser considerada uma disfunção sexual, essa
redução do desejo precisa ocorrer por no mínimo seis meses consecutivos e de
maneira constante. Segundo ICD-11 for Mortality and Morbidity Statistics:

O Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH) é definido como a


ausência ou redução acentuada do desejo ou motivação para a
prática sexual manifestada por qualquer um dos seguintes critérios: i)
desejo espontâneo reduzido ou ausente (pensamentos ou fantasias
sexuais); ii) desejo responsivo reduzido ou ausente a pistas eróticas e
estimulação; ou iii) incapacidade de manter o desejo ou interesse
durante a atividade sexual por um período de pelo menos seis meses,
que causa sofrimento. (apud LARA, SCALCO, RUFINO, PAUL,
FERNANDES, PEREIRA, et al., 2021, p. 282)

Questões psicológicas e orgânicas podem acarretar essa condição,


como por exemplo um quadro depressivo, traumas, luto ou alterações do
organismo geradas por uso de medicamentos ou procedimentos
medicamentosos (tais como radioterapia e quimioterapia, por exemplo).

Qualquer condição médica que cause dor ou desconforto pode


conduzir indiretamente à redução do desejo sexual, enquanto que a
idade, o desequilíbrio endocrinológico e alguns fármacos
desempenham um papel mais direto na redução do desejo. (LUCAS,
OLIVEIRA e MONTEIRO, 2009, p.102)

Tratando-se de questões psicológicas, a depressão é um exemplo bem


impactante e propício para o desenvolvimento desta disfunção sexual à medida
que é uma doença em que as relações sociais são profundamente impactadas.
As relações sexuais, que também são relações sociais, não ficam fora deste
impacto.

Após o diagnóstico de depressão, foi percebido no público masculino


perda das funções de ereção, ejaculação, perda de libido e
dificuldade de se atingir o orgasmo, e no público feminino as
principais perdas foram em frequência orgasmo e queda na libido.
(SOUZA, 1999)
Outro item de ordem psicológica que afeta diretamente o desejo sexual
é a ansiedade. Segundo estudos relatados por Gama, Andrade-Silva e Canella
(2004) é ciente de que a ansiedade pode ser considerada um pano de fundo
para transtornos sexuais e a ansiedade ataque de forma direta o desejo e por
isso bloqueará a resposta sexual, isso pode interferir prejudicialmente em
outras fases da vida e prejudicar o amadurecimento sexual. O transtorno de
pânico, definido como uma das formas mais acentuadas e frequentes de
ansiedade, tem correlação direta com o transtorno de desejo hipoativo e há
relatos de que pacientes que sofrem de ansiedade tendem a ter problemas na
primeira fase da resposta sexual.

“Fazendo-se uma comparação com o único estudo relacionando TP e


sexualidade, encontrado por nós, de Figueira e col. (2001),
observamos que, o autor encontrou taxas de (14,30%) de TDSH em
pacientes homens com diagnóstico de TP, e (21,40%) em pacientes
mulheres. Nossas taxas foram bastante superiores à deste autor,
pois, encontramos 6 mulheres (46,15%) e 3 homens (23,07%) com
TP e Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo.” (GAMA, ANDRADE-
SILVA, CANELLA, 2004, p.94)

Essa disfunção afeta tanto homens como mulheres, que apresentam os


mesmos sintomas já relatados, apesar disso, é mais frequente que acometa as
mulheres.

As disfunções sexuais são altamente prevalentes, afetando cerca de


43% das mulheres e 31% dos homens, e no que concerne à
Perturbação do Desejo Sexual Hipoativo, este foi verificado em
aproximadamente 30% das mulheres e 15% dos homens da
população-base do estudo. (LUCAS, OLIVEIRA e MONTEIRO, 2009,
p.105)

A maior incidência no público feminino dá-se por diversas razões, entre


elas a cobrança social em relação à imagem, ao papel materno, traumas
relacionados à violência sexual (mais frequente em mulheres), crenças
pessoais embasadas em castidade - que acabam por tolher a sexualidade, uso
de contraceptivos que alteram as questões orgânicas/ hormonais, entre outras
situações de estresse contínuo.
O sexo feminino apresenta níveis médios de autoestima mais baixos
do que os membros do sexo masculino, se mantendo estável até a
fase adulta. A queda da autoestima acarreta na diminuição da
excitação, afetando dessa forma os relacionamentos amorosos e
prazer sexual. (JANEIRO et al., 2013, p. 510).

Para ambos os gêneros é comum ocorrer em períodos de mudanças


na vida, como por exemplo menopausa/ andropausa, gestação, pós-parto,
momentos intensos de carreira, entre outros.
Metade das pessoas acometida desta condição não se percebe nela ou
não confere a importância devida. A outra metade que está plenamente
consciente da condição espera solução imediata.

2. TRATAMENTO

Como a disfunção pode ter causas psicológicas ou orgânicas, o


tratamento não deverá ocorrer de forma isolada focando em apenas um desses
aspectos. O tratamento mais indicado focará na abordagem completa do
paciente de forma consistente e contínua.

Na terapia é importante uma equipa multidisciplinar, capaz de


oferecer acompanhamento psicoterapêutico e medicamentoso, além
de suporte psicoeducacional. (LUCAS, OLIVEIRA e MONTEIRO,
2009, p.107)

Por não se tratar de solução instantânea, boa parte dos pacientes


desiste do tratamento ainda durante seu andamento. Outro fator que favorece a
desistência é a insegurança de muitos pacientes.
É comum entre as pessoas que apresentam essa disfunção ter como
característica o vitimismo, de modo a culpabilizar todo o entorno pela situação
em que se encontra. Isso acaba por atrapalhar a plena conscientização do
quadro e consequentemente seu tratamento e melhora.
A psicoterapia comportamental é mais indicada para essa condição.
Refletir sobre o assunto, entender e pesquisar são fatores que auxiliam na
superação dos dilemas e travas que rodeiam o tema. A estimulação mental
para o tema é tão importante quanto a física, sendo uma das formas que
auxiliam na melhora da condição.

Segundo vários autores, o aumento da frequência das fantasias


sexuais constitui um elemento importante do tratamento (LUCAS,
OLIVEIRA e MONTEIRO, 2009, p.110)

Adicionalmente, técnicas de atenção plena aliadas à medicação correta


que reponha os hormônios e/ ou vitaminas necessárias ao organismo
representam um tratamento completo.
Em geral esta condição não é o foco principal da busca pela terapia.
Por questões de constrangimento, é comum que o assunto surja no decorrer
dos atendimentos. Por vezes o tema é levado ao consultório por influência do
parceiro, porém em algumas situações, a forma de abordagem do tema gera
uma culpa no paciente por não corresponder ao desejo do outro total ou
parcialmente.
Existe um acordo velado entre os parceiros sobre a frequência desse
desejo sexual e, por ser algo subentendido, não é discutido com clareza, o que
compromete o tratamento e reforça no paciente a sensação de insuficiência no
relacionamento, aumentando a fragilidade psicológica deste, podendo gerar ou
aumentar a crença de incapacidade favorecendo o quadro depressivo que em
um cenário geral contribui para a questão se tornar um tabu.

A disfunção sexual é uma doença do casal, e é comum tanto em


homens como em mulheres. Estudos epidemiológicos demonstraram
que mais de 50% dos homens com idades entre os 40 e os 70 anos
sofrem de disfunções sexuais, um problema que pode ser ainda mais
prevalente nas mulheres, sendo que foi sugerido que 43% das
mulheres com idades entre os 18 e os 59 anos sofrem de alguma
disfunção sexual. (LUCAS, OLIVEIRA e MONTEIRO, 2009, p.104)

a. Contribuições da Psicologia para o tratamento

Através do trabalho para disseminar o conhecimento de que a


sexualidade não se refere somente ao ato sexual em si - mas todo o contexto e
formas de expressão do relacionar-se, do reconhecimento que isso vem do
desejo, da autoestima, do autocuidado/ auto prazer - os profissionais da
Psicologia contribuem para que esse tema deixe de ser um tabu.

Medidas de educação podem ajudar as mulheres a compreenderem


os aspectos biológicos e psicológicos da resposta sexual feminina e
aspectos importantes dos direitos sexuais e do prazer sexual, como a
anatomia da genitália, zonas erógenas e repertório sexual. (LARA,
SCALCO, RUFINO, PAUL, FERNANDES, PEREIRA, et al., 2021, p.
282)

O atendimento precisa ser humano, além das teorias, CIDs e jargões


técnicos, educando aquele paciente para que ele se permita sentir e se
autoconheça, contribuindo para que ele perceba que não precisa dos
parâmetros do outro para se sentir satisfeito sexualmente.
REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ivandra Kamar Lodi. Entrevista concedida em 08 de junho de 2023.

GAMA, Leonardo, ANDRADE-SILVA, Maria do Carmo, CANELLA, Paulo


Roberto Bastos. Desejo sexual hipoativo e transtorno do pânico. Rio de
Janeiro: Revista Brasileira de Sexualidade Humana, 2004.

JANEIRO, J. M. D. S. V., OLIVEIRA, I. M. S., RODRIGUES, M. H. G.,


MACEIRAS, M. D. J., & ROCHA, G. M. M. As atitudes sexuais,
contraceptivas, o lócus de controle da saúde e a autoestima em
estudantes do ensino superior. Fortaleza: Revista Brasileira em Promoção
da Saúde, 2013.

LARA LA, SCALCO SC, RUFINO AC, PAULA SR, FERNANDES ES, PEREIRA
JM, et al. Manejo do transtorno do desejo sexual hipoativo em mulheres
no ambiente ginecológico. São Paulo: Femina, 2021.

LUCAS, Catarina Oliveira. OLIVEIRA, Cristina Matias. MONTEIRO, Maria


Isabel Alves. Perturbação do desejo sexual hipoativo: prevalência,
diagnóstico e tratamento. São Paulo: Instituto Metodista de Ensino Superior,
2009.

SOUZA, Fábio Gomes de Matos. Tratamento da depressão. São Paulo:


Brazilian Journal of Psychiatry, 1999.
ANEXO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

1. O que é o desejo sexual hipoativo masculino e feminino?


2. Quais os sintomas dos homens e das mulheres?
3. Quais são as maiores dificuldades que os pacientes relatam?
4. Quais as causas e fatores?
5. Com qual frequência ocorrem casos assim?
6. Qual o perfil médio das pessoas que relatam essa condição? (É mais
frequente em mulheres ou homens? Tem alguma idade padrão?)
7. Qual o tratamento recomendado?
8. As pessoas buscam esse tratamento? Caso não, qual motivo você
acredita que ocasiona isso?
9. Comumente os pacientes dão sequência ao tratamento ou há
desistência no processo? Em casos de desistência, qual o principal
motivo?
10. Você acha que existe um ambiente onde as pessoas se sintam livres
para falar disso? Se não, por quê?
11. Você considera o tema um tabu em nossa sociedade?
12. Você acredita que é um assunto abordado de forma suficiente na
sociedade?
13. Qual o papel da Psicologia (ou área de atuação do profissional
entrevistado) em relação ao tema?
14. Você acha que o assunto deveria ser mais discutido entre os
profissionais da saúde?

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