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sexual
FEMININA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 2
MECANISMO 4
AVALIAÇÃO CLÍNICA 6
Condições associadas 12
DIAGNÓSTICO 16
MANEJO 21
Medidas gerais 23
Disfunção de interesse/excitação 25
Disfunção orgásmica, dor sexual e síndrome
genitourinária da menopausa 27
Disfunção sexual relacionada a inibidores
seletivos da recaptação da serotonina 27
A ARTMED 28
REFERÊNCIAS 29
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INTRODUÇÃO
Disfunção sexual feminina é um termo amplo,
que inclui diversas condições associadas
(e que, com frequência, se sobrepõem). Ela
é definida pela presença de problema na
função sexual que leve a sofrimento pessoal.
Ela se manifesta como ausência/redução do
desejo sexual (libido), redução da excitação,
dificuldade ou ausência de orgasmo ou,
ainda, dor com atividade sexual. Dor sexual
(dispareunia) com frequência é considerada
uma condição separada com causas e
abordagem específicas. Neste material, o
foco será a disfunção sexual relacionada à
redução do desejo e da excitação.
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MECANISMO
O ciclo de resposta sexual possui 4 fases: desejo, excitação,
orgasmo e resolução. Entretanto, deve-se estar atento ao
fato que, em um indivíduo específico, essas fases podem se
sobrepor e/ou ter sequências variadas. Mais importante, a
satisfação com a experiência sexual não necessita que se
passe por todas as fases (incluindo o orgasmo).
Esta divisão teórica é útil para compreender os distúrbios
sexuais e auxiliar no manejo das pessoas em dificuldade,
mas o mais comum é a sobreposição de situações (ou seja,
redução da libido pode estar associada com limitação do
orgasmo e com dor no ato sexual). Além disso, a versão
mais recente do Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders (DSM, 5a edição, que baliza os critérios
diagnósticos) substituiu as categorias transtornos do desejo
e da excitação por um único critério que engloba ambas
manifestações (ver sessão Diagnóstico).
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AVALIAÇÃO CLÍNICA
A avaliação da função sexual
feminina é frequentemente
negligenciada em consultas
médicas; acredita-se que seja
relacionada à sensação de falta
de tempo e conhecimento por
parte dos médicos. Dessa forma,
é necessário aprender como
abordar essas questões dentro
de uma consulta de rotina,
avaliando cuidados com sexo
seguro, uso de contracepção
e atenção a história de abuso.
A saúde sexual deveria fazer
parte de todas as consultas
médicas de revisão. É comum
as pacientes se sentirem
gratas apenas pelo assunto ser
abordado. Na Tabela 1, temos
alguns exemplos de perguntas
que podem auxiliar para iniciar o
assunto.
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DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA
Tabela 1. Sugestões de perguntas para iniciar conversa sobre função sexual com mulheres.
Adaptado da referência (1).
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Uma proposta de abordagem é introduzir e Na consulta específica, deve-se investigar queixas e desconfortos
iniciar a conversa em uma consulta geral e, se relacionados à saúde sexual. É central compreender se a
forem identificadas questões que necessitem queixa gera desconforto para a paciente. Questões sexuais
de aprofundamento, marcar uma avaliação são tipicamente multifatoriais e aspectos de relacionamento e
específica para este assunto. Entretanto, familiares têm um papel importante, bem como outras fontes
quando surgirem afirmações como práticas de estresse. Aspectos de imagem corporal também têm um
de sexo inseguras ou risco de abuso, elas grande impacto. Lembrar de explorar a cronologia (o sintoma é
devem ser abordadas imediatamente - novo, crônico, intermitente?), os efeitos pessoais (se ele causa
especialmente quanto a abuso para não sofrimento pessoal ou nos relacionamentos) e o contexto (se
perder a oportunidade de identificação. acontece em situação ou com parceria específica).
!
Além disso, lembrar-se de
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Endometriose
O exame pélvico é parte necessária para mulheres com dispareunia, mas deve ser considerado em
todas as mulheres com queixas sexuais para avaliação de locais de sensibilidade, lesões tróficas,
prolapsos, hipertonia e atrofia vulvovaginal. Além disso, corrimentos e sangramentos vaginais
devem ser investigados sempre que identificados. Quanto a exames laboratoriais, não existe
recomendação de dosagem rotineira de andrógenos, uma vez que o manejo não é baseado nesses
resultados. Da mesma forma, o diagnóstico de perimenopausa/climatério é melhor realizado
clinicamente do que com a dosagem de FSH. Demais investigações dependem da suspeita clínica
de condições associadas.
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CONDIÇÕES ASSOCIADAS
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A relação com um companheiro/ Apesar de serem fatores pouco A relação entre idade, climatério
companheira é um dos principais estudados, eles têm elevado e função sexual é complexa.
determinantes de satisfação sexual. impacto no desejo das mulheres. Apesar de os sintomas de
A duração do relacionamento Crises do ciclo vital, carga no disfunção sexual aumentarem
também é relevante, uma vez que trabalho (doméstico e profissional) progressivamente com a idade,
a atividade sexual e a satisfação e eventos de saúde na família a presença de desconforto
reduzem com o tempo de são fatores que impactam pessoal/interpessoal tende a
relacionamento. Problemas de saúde negativamente a função sexual. reduzir após os 65 anos. Estima-
física e sexual dos companheiros se que 40% das mulheres entre
também têm influência. Da mesma 65 e 74 anos sejam sexualmente
forma, presença de abuso é um fator ativas e 15% após os 75 anos. A
de risco maior para disfunção sexual. menopausa aumenta a chance
de sintomas de ressecamento,
dispareunia e redução da
excitação. Menopausa
cirúrgica parece ter efeito
mais marcado, em especial no
orgasmo (sugerindo um papel
dos andrógenos ovarianos).
Apesar disso, nem todos os
sintomas podem ser atribuíveis
a questões hormonais diretas na
menopausa.
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Outras doenças
sistêmicas Medicamentos
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DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de disfunção sexual feminina é baseado em critérios da história clínica. Ou seja, deve-se explorar os sintomas da
paciente e condições associadas de forma cuidadosa. Desenvolvimentos neste campo demonstraram a diferença da função
sexual feminina e masculina e que desejo espontâneo em mulheres é incomum e, exceto em novos relacionamentos, sua
ausência não é indicador de transtorno. Esse fato também reforça que é critério necessário para o diagnóstico a presença de
sofrimento ou dificuldade induzida pela disfunção sexual.
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Tabela 2. Critérios diagnósticos para transtorno do interesse/excitação sexual feminina. Adaptado de (2).
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Tabela 5. Critérios diagnósticos para disfunção sexual induzida por drogas ou substâncias. Adaptado de (2).
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Tabela 6. Critérios diagnósticos para outras disfunções sexuais especificadas. Adaptado de (2).
Tabela 7. Critérios diagnósticos para disfunção sexual não especificada. Adaptado da referência (2).
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MANEJO
O primeiro passo do tratamento é definir o(s) alvo(s) terapêutico. Isso não significa escolher uma classificação para a paciente
e oferecer o tratamento para aquele diagnóstico, mas sim identificar conjuntamente quais os objetivos do tratamento e quais
os objetivos realísticos a serem atingidos. Expectativas de um “ideal” baseado em contruções sociais, culturais/midiáticas ou
mesmo nas suas experiências prévias podem não ser atingidas e este aspecto deve ser discutido. É papel do médico identificar
os problemas sexuais presentes, definir prioridades e coordenar o tratamento. Por exemplo, pode ser necessário primeiro
manejar sintomas vulvovaginais climatéricos, que, por si só, podem melhorar significativamente o grau de interesse e libido.
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MEDIDAS GERAIS
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DISFUNÇÃO DE INTERESSE/EXCITAÇÃO
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Existem algumas divergências nos estudos primários: o conjunto dos ensaios clínicos randomizados indicam que há aumento
do desejo, responsividade, orgasmo e satisfação; numericamente, há aumento de aproximadamente 1 relação sexual satisfatória
a cada 4 semanas. Quando se optar pelo uso, a eficácia clínica deve ser avaliada em 3-6 meses e o tratamento suspenso se
não houver resposta adequada. Apesar dos potenciais benefícios, uma série de questões devem ser apontadas quando se está
considerando este tratamento:
Não existem estudos que comprovem segurança do Os dados de segurança são restritos a mulheres saudáveis,
tratamento em longo prazo. O estudo com maior seguimento sem comorbidades ou uso de medicações associadas. Ou
tem 24 meses e a maioria deles não ultrapassam 1 ano. seja, a população elegível se torna bastante restrita na prática
Em curto prazo, é um tratamento seguro, especialmente se clínica diária.
realizado acompanhamento médico adequado. Entretanto,
pela curta duração dos estudos, existe apreensão com risco de
câncer de mama, endométrio e saúde cardiovascular em longo A apresentação mais testada (e com melhores resultados) é
prazo. Além desses potenciais efeitos, pode ocorrer virilização de 300 mcg de testosterona de absorção transdérmica. Apesar
(hirsutismo, clitoromegalia, acne). disso, essa apresentação não está disponível (nem no mercado
nacional, nem mediante importação). Em função disso,
utilizam-se apresentações alternativas (para homens) com
A maioria dos estudos utilizou estrógenos e progestágenos
10% da dose e buscando atingir níveis séricos de testosterona
além da testosterona. Considerando as recomendações atuais
a 10% dos valores masculinos. A Endocrine Society propõe
quanto à terapia de reposição hormonal, essa é mais uma
que essas apresentações sejam utilizadas de forma cuidadosa
limitação ao uso.
e com monitorização dos níveis de testosterona (evitar
níveis suprafisiológicos) e com consentimento, orientação
e discussão com as pacientes. Medicamentos manipulados
devem ser evitados se houver apresentações comerciais,
mesmo que apenas em formulações masculinas.
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A ARTMED
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REFERÊNCIAS
1. Overview of sexual dysfunction in females: Epidemiology, risk factors, and evaluation. De Uptodate,
disponível em: https://www.uptodate.com/contents/overview-of-sexual-dysfunction-in-females-
epidemiology-risk-factors-and-evaluation. Acesso em 29/04/2023.
2. Sexual dysfunctions. Em: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th ed.
3. Global Consensus Position Statement on the Use of Testosterone Therapy for Women. J Clin Endocrinol
Metab 104: 4660–4666, 2019.
4. Safety and efficacy of testosterone for women: a systematic review and meta-analysis of randomised
controlled trial data. Lancet Diabetes Endocrinol. 2019 Oct;7(10):754-766.
5. Overview of sexual dysfunction in females: Management. De Uptodate, disponível em: https://www.
uptodate.com/contents/overview-of-sexual-dysfunction-in-females-management. Acesso em 29/04/2023.
6. Bupropion sustained release for the treatment of hypoactive sexual desire disorder in premenopausal
women. J Clin Psychopharmacol 2004; 24:339.
7. Sexual dysfunction caused by selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs): Management. De Uptodate,
disponível em: https://www.uptodate.com/contents/sexual-dysfunction-caused-by-selective-serotonin-
reuptake-inhibitors-ssris-management. Acesso em 30/04/2023.
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