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FACULDADE ANHANGUERA DE INDAIATUBA

CURSO DE PSICOLOGIA

TRANSTORNOS
SEXUAIS

PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): MYCHELE TAGUCHI


SEXUALIDADE HUMANA
A sexualidade é compreendida por três dimensões básicas: uma biológica, uma psicológica e outra cultural. Todas
essas dimensões são inseparáveis e ocorrem de forma conjunta, tanto nos processos e nas respostas normais como
nas disfunções. (Basson, 2006).

FATORES BIOLÓGICOS FATORES PSICOLÓGICOS FATORES CULTURAIS

Padrões de desejos,
Impulso sexual:
comportamentos e fantasias
• Processos fisiológicos,
sexuais criados e sancionados
cerebrais (principalmente o
historicamente pelos diversos
córtex do cíngulo, a área Desejos eróticos subjetivos e à
grupos sociais. Entretanto, há
septal, o hipotálamo, o vida afetiva intimamente
uma tendência a se considerar as
hipocampo e a amígdala); implicada na vida sexual.
origens biológicas, psicológicas
• Hormonais (testosterona, a
e socioculturais do impulso e da
vasopressina e a oxitocina e o
resposta sexual como separações
neurotransmissor dopamina).
artificiais.

02
CICLO DE RESPOSTA SEXUAL HUMANA
A resposta sexual constitui um processo que segue uma sequência previsível de alterações fisiológicas,
independentemente de qual seja a prática sexual.

Fase do desejo sexual:


• Depende do mundo das fantasias eróticas, das representações sociais e dos símbolos culturais relacionados à
sexualidade;
• O indivíduo pode já ter sensações físicas relacionadas à atração que uma pessoa ou um objeto lhe desperta;
• Tem também um componente biológico, influenciado por fatores hormonais e neuronais.

Fase da excitação:
• Etapa inicial da relação sexual, com modificações corporais preparatórias do intercurso sexual, implica uma
resposta genital de congestão que é organizada pelo sistema nervoso autônomo.

Fase do orgasmo:
• Pico do prazer sexual em que há liberação da tensão sexual e contração rítmica dos músculos do períneo e dos
órgãos reprodutivos pélvicos.

03
CICLO DE RESPOSTA SEXUAL HUMANA
Fase de resolução:
• Etapa de retorno às condições normais do organismo, voltando as frequências cardíaca e respiratória, a pressão
arterial e as condições dos genitais gradativamente ao estado anterior ao ato sexual.

04
DEFINIÇÃO TEÓRICA
As disfunções sexuais são um conjunto de diversos transtornos que se definem por uma implicação clinicamente
expressiva na competência de um indivíduo responder sexualmente ou de experienciar prazer sexual.

São caraterizados por:


- Inibição persistente de qualquer tipo de desejo de natureza sexual, de fantasias sexuais ou interesse por temas
ou pela atividade sexual, que precisa ser avaliada de acordo com a cultura do indivíduo, a faixa etária e a
situação de vida.
- Todo tipo de incapacidade em participar do ato sexual de forma satisfatória, seja pela falta, excesso,
desconforto, falhas nas respostas fisiológicas ou incapacidade de controlar ou experimentar o orgasmo.

Pode ser:
- Primária: coincide com o início da atividade sexual;
- Secundária: adquirida ao longo do tempo;
- Generalizada: presente em qualquer circunstância;
- Situacional: presente apenas em determinadas circunstâncias.

05
DEFINIÇÃO TEÓRICA
A edição mais recente do DSM-5 (Manual Diagnósticos e Estatísticos dos Transtornos Mentais) deixa de
apresentar o capítulo como Transtornos Sexuais e da Identidade de Gênero e passa a destaca-los como Disfunções
Sexuais, Disforia de Gênero e Transtornos Parafílicos.

DISFUNÇÕES SEXUAIS:
- Caracterizadas por uma perturbação clinicamente significativa na capacidade de uma pessoa responder
sexualmente, ou de experimentar prazer sexual;
- Uma mesma pessoa pode apresentar várias disfunções ao mesmo tempo, havendo ainda disfunções específicas
de cada gênero;
- Podem ser desencadeadas por causas orgânicas e, muitas vezes agravadas pela sua repercussão emocional.

DISFORIA DE GÊNERO:
- Refere-se ao sofrimento afetivo/cognitivo que pode acompanhar a incompatibilidade entre o gênero
experimentado (ou expresso) e o gênero designado de uma pessoa.

TRANSTORNOS PARAFÍLICOS:
- Parafilia (interesse erótico atípico) que causa sofrimento ou prejuízo ao indivíduo cuja satisfação implica dano
ou risco de dano pessoal, ou a outros.
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ETIOLOGIA
As disfunções sexuais têm causas multifatoriais, podendo ser de origem biológica, psicológica ou mistas, como:
- Alterações hormonais;
- Conflitos nos relacionamentos;
- Traumas sexuais;
- Consumo exacerbado de drogas
- Estresse.

Entre os fatores que podem refletir de forma negativa na resposta sexual, estão inclusos:
- Problemas de saúde, físicos e psicológicos;
- Uso de medicamentos, tabagismo, problemas afetivos ou de natureza relacional;
- Falta de experiência sexual e de conhecimento do corpo;
- Traumas sexuais;
- Fatores econômicos e profissionais.

07
DIAGNÓSTICO
Uma mesma pessoa pode apresentar diversas disfunções sexuais simultaneamente, sendo assim, cada disfunção
deve ser diagnosticada.

A avaliação clínica tem que ser empregada para definir se os problemas sexuais são decorrência de estimulação
sexual inadequada, e, mesmo nesses casos, ainda pode ser necessário um tratamento, ainda que o diagnóstico de
disfunção sexual seja descabido. Esses casos englobam, mas não se restringem a, circunstâncias onde a ausência
de compreensão sobre estimulação efetivo atrapalhe a vivência da excitação ou do orgasmo.

É preciso levar em conta ao longo da análise de uma disfunção sexual:


• elementos relacionados ao parceiro (p. ex., problemas sexuais; estado de saúde);
• elementos ligados ao relacionamento (p. ex., falta de comunicação; discrepâncias no desejo para atividade
sexual);
• elementos associados a vulnerabilidade individual (p. ex., má imagem corporal; história de abuso sexual ou
emocional), comorbidade psiquiátrica (p. ex., depressão, ansiedade) ou estressores (p. ex., perda de emprego,
luto);
• elementos culturais ou religiosos (inibições relacionadas a proibições de atividade sexual ou prazer; atitudes
em relação à sexualidade);
• elementos médicos importantes para prognóstico, curso ou tratamento.
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DIAGNÓSTICO
A avaliação clínica a respeito do diagnóstico de disfunção sexual precisa considerar elementos da cultura que
podem estar influenciando na criação de expectativas ou proibições na vivência do prazer sexual. O
envelhecimento geralmente está relacionado a diminuição da resposta sexual normal.

A resposta sexual possui uma base biológica fundamental, mesmo que geralmente seja experienciada em
circunstâncias intrapessoais, interpessoais e culturais. Dessa forma, a função sexual se relaciona entre meios
biológicos, socioculturais e psicológicos de forma complexa. Nem sempre é possível definir com clareza a
natureza dos sintomas das dificuldades sexuais.

O diagnóstico de disfunção sexual pode requisitar a eliminação de dificuldades que é melhor esclarecida por
transtornos mentais não sexuais, por decorrência de uso de drogas ou medicamentos, fatores médica (p. ex.,
lesões no nervo pélvico) ou por conflitos grave na relação, violências ou outros estressores.

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SINTOMAS
- Podem ser apresentados sintomas como ansiedade, insegurança e medo em situações que resultam quando se
fala sobre envolvimento sexual;
- A aversão é um sintoma que pode ser apresentado quando em contato genital ou em algum outro ponto que
seja da experiência sexual de um parceiro, como a impotência sexual, podendo ser manifestada de várias
maneiras, não somente pelo fato de não conseguir manter o pênis ereto, mas por problemas na ejaculação ou
orgasmo;
- Certos pacientes demonstram uma demora para manter uma ereção duradoura ou mesmo a ereção é obtida,
porém, não apresenta rigidez suficiente, outras vezes, mesmo apresentando uma ereção adequada, ocorre
ejaculação precoce;
- O medo de uma possível gravidez, medo da penetração vaginal, alguns homens se sentirem incomodados com
o odor vaginal, mulheres com receio do contato com o esperma, etc., pode fazer com que o paciente evite
esses riscos e acabando por desenvolver esse distúrbio, que, dependendo de como se manifesta, poderá afetar
tanto no caráter físico como emocional;
- Sintomas de ataques de pânico poderão surgir caracterizados por: estresse incontrolável, ansiedade excessiva,
náuseas, vômitos, calafrios, taquicardia, sensação de terror, desmaio, náuseas e dificuldades respiratórias.

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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
Nenhuma disfunção sexual deve ser atribuída a um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma
perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma
substância/medicamento ou a outra condição médica.

F52.0 TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL MASCULINO HIPOATIVO


- O transtorno do desejo sexual masculino hipoativo tem como características pensamentos e desejo para
atividade sexual ausentes de forma persistente ou recorrente;
- É identificado a partir de fatores que afetam o funcionamento sexual, tais como idade e contextos gerais e
socioculturais da vida do indivíduo e deve ter persistência de aproximadamente seis meses e causar sofrimento
clinicamente significativo para o indivíduo.
- A prevalência varia de acordo com os países e com o método de avaliação. Aproximadamente 6% dos homens
mais jovens (entre 18 e 24 anos de idade) e 41% dos homens mais velhos (entre 66 e 74 anos) têm problemas
com o desejo sexual. No entanto, a falta de interesse persistente pelo sexo, com duração de seis meses ou
mais, afeta apenas uma pequena proporção de homens com idades entre 16 e 44 anos (1,8%).

Fatores de risco:
- Temperamentais: sintomas de humor e de ansiedade parecem ser fortes preditores do baixo desejo sexual em
homens.
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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
- Ambientais: o consumo de álcool pode aumentar a ocorrência de baixo desejo sexual. Fatores contextuais
sociais e culturais também devem ser considerados.
- Genéticos e fisiológicos: distúrbios endócrinos como hiperprolactinemia afetam de forma significativa o
desejo sexual nos homens. Idade também é um fator de risco relevante.

F52.21 TRANSTORNO ERÉTIL


- O transtorno erétil tem três principais sintomas: dificuldade acentuada em obter ereção durante a atividade
sexual, dificuldade acentuada em manter uma ereção até o fim da atividade sexual, diminuição acentuada na
rigidez erétil;
- Pelo menos um dos três sintomas deve ser vivenciado em quase todas ou em todas as ocasiões de atividade
sexual, em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos os contextos, devem ser
persistente por um período de no mínimo seis meses e causar sofrimento clinicamente significativos.
- Entre homens na faixa etária de 40 a 80 anos, 13 a 21% queixam-se de problemas eréteis ocasionais. 2%
daqueles com idade abaixo de 40 a 50 anos queixam-se de problemas frequentes com ereções, enquanto 40 a
50% dos homens acima de 60 a 70 anos podem ter problemas significativos com ereções. Cerca de 20% dos
homens receiam ter problemas eréteis na primeira experiência sexual, ao passo que 8% vivenciaram
problemas de ereção que impediram a penetração durante a primeira experiência sexual.

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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
Fatores de risco:
- Temperamentais: traços neuróticos de personalidade podem estar associados a problemas de ereção em
estudantes universitários, e traços de personalidade submissa podem estar associados a problemas de ereção
em homens com idade igual ou superior a 40 anos.
Os fatores de risco para transtorno erétil adquirido incluem idade, tabagismo, sedentarismo, diabetes e desejo
diminuído.

F52.22 TRANSTORNO DO INTERESSE/EXCITAÇÃO SEXUAL FEMININO


- O transtorno do interesse/excitação sexual feminino tem como característica a ausência ou redução
significativa do interesse ou da excitação sexual;
- Tem como principais sintomas a ausência ou redução do interesse pela atividade sexual e dos pensamentos ou
fantasias sexuais/eróticas, nenhuma iniciativa ou iniciativa reduzida de atividade sexual e, geralmente,
ausência de receptividade às tentativas de iniciativa feitas pelo parceiro, ausência ou redução na
excitação/prazer sexual durante a atividade sexual em quase todos ou em todos os encontros sexuais, em
contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos os contextos, e do interesse/excitação sexual
em resposta a quaisquer indicações sexuais ou eróticas, internas ou externas (p. ex., escritas, verbais, visuais),
ausência ou redução de sensações genitais ou não genitais durante a atividade sexual em quase todos ou em
todos os encontros sexuais, em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos os
contextos;
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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
- Pelo menos três dos sintomas devem ser vivenciados em todas ou quase todas as ocasiões de atividade sexual,
devem persistir por no mínimo um período de seis meses e causar sofrimento clinicamente significativo para a
mulher;
- Não deve ser atribuído ao transtorno fatores externos como consequência de uma perturbação grave do
relacionamento (p. ex., violência do parceiro);
- Prevalência desconhecida. Pode variar substancialmente em relação a idade, ambiente cultural, duração dos
sintomas e presença de sofrimento. Nas situações em que o sofrimento envolvendo o funcionamento sexual é
um requisito importante, as estimativas de prevalência são significativamente mais baixas.

Fatores de risco:
- Temperamentais: incluem experiências e atitudes negativas acerca da sexualidade e história anterior de
transtornos mentais.
- Ambientais: incluem dificuldades de relacionamento, funcionamento do parceiro sexual e história do
desenvolvimento, como relacionamentos precoces com cuidadores e estressores da infância.
- Genéticos e fisiológicos: algumas condições médicas (diabetes melito, disfunção da tireoide). Aparentemente,
as mulheres sofrem forte influência de fatores genéticos sobre a vulnerabilidade a problemas sexuais.

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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
F52.31 TRANSTORNO DO ORGASMO FEMININO
- É caracterizado pela dificuldade de atingir o orgasmo e/ou pela intensidade muito reduzida das sensações
orgásmicas;
- Para o diagnóstico de transtorno do orgasmo feminino, os sintomas devem ser experimentados em quase todas
ou em todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual (em contextos situacionais
identificados ou, se generalizado, em todos os contextos) e devem ter duração mínima de aproximadamente
seis meses;
- É importante observar também se as dificuldades para atingir o orgasmo são resultado de estimulação sexual
inadequada; nesses casos, ainda pode haver necessidade de tratamento, embora o diagnóstico de transtorno do
orgasmo feminino não seja aplicável;
- As taxas de prevalência variam amplamente, de 10 a 42%, dependendo de vários fatores (p. ex., idade, cultura,
duração e gravidade dos sintomas); entretanto, essas estimativas não levam em conta a presença de
sofrimento. Apenas parte das mulheres que experimentam dificuldades orgásmicas relata também sofrimento
associado.

Fatores de risco:
- Temperamentais: uma ampla gama de fatores psicológicos, como ansiedade e preocupação com gravidez,
pode interferir na capacidade de uma mulher para ter orgasmos.
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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
- Ambientais: há forte associação entre problemas de relacionamento, saúde física e saúde mental e
dificuldades para atingir o orgasmo. Fatores socioculturais (p. ex., expectativas sobre o papel do gênero e
normas religiosas) também são influências importantes na experiência de dificuldades orgásmicas.
- Genéticos e fisiológicos: condições médicas (p. ex., esclerose múltipla, lesões no nervo pélvico, entre outras
condições) e uso de medicamentos.

F52.32 EJACULAÇÃO RETARDADA


- A característica particular da ejaculação retardada é retardo acentuado ou incapacidade de atingir a ejaculação
a despeito da presença de estimulação sexual adequada e do desejo de ejacular;
- Na maior parte dos casos, faz-se o diagnóstico a partir do relato do próprio indivíduo;
- Geralmente esse tipo de queixa envolve atividade sexual com parceira;
- A prevalência não é clara em virtude da falta de uma definição precisa dessa síndrome. Somente 75% deles
afirmam que sempre ejaculam durante a atividade sexual, e menos de 1% se queixa de problemas para
conseguir a ejaculação que tenham mais de seis meses de duração.

Fatores de risco:
- Genéticos e fisiológicos: a perda de nervos sensoriais e a redução na secreção de esteroides sexuais
relacionadas à idade, podem estar associadas ao aumento da disfunção em homens com mais de 50 anos.
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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
F52.4 EJACULAÇÃO PREMATURA (PRECOCE)
- A ejaculação prematura (precoce) manifesta-se pela ejaculação que ocorre antes ou logo após a penetração
vaginal, avaliada pela estimativa individual de latência ejaculatória (tempo decorrido antes da ejaculação) após
a penetração vaginal;
- O tempo de latência ejaculatória intravaginal de 60 segundos é um ponto de corte adequado para o diagnóstico
de ejaculação prematura (precoce) ao longo da vida em homens heterossexuais. Não existem dados suficientes
para determinar se esse critério de duração pode ser aplicado à ejaculação prematura (precoce) adquirida;
- A definição de duração aplica-se a indivíduos do sexo masculino de várias orientações sexuais, considerando
que as latências ejaculatórias parecem ser semelhantes entre os homens com orientações sexuais diferentes e
entre atividades sexuais distintas;
- As estimativas da prevalência variam amplamente de acordo com a definição utilizada. Em termos
internacionais, mais de 20 a 30% dos homens com idades entre 18 e 70 anos demonstram preocupação com a
rapidez da ejaculação. Com a nova definição, somente 1 a 3% dos homens seriam diagnosticados com esse
transtorno, essa prevalência podendo aumentar com a idade.

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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
Fatores de risco:
- Temperamentais: pode ser mais comum em homens com transtornos de ansiedade, especialmente transtorno
de ansiedade social (fobia social).
- Genéticos e fisiológicos: a disfunção pode estar associada a polimorfismos do gene do transportador de
dopamina e do gene do transportador de seretonina. Doença da tireoide, prostatite e abstinência de drogas
estão associadas à ejaculação prematura.

F52.6 TRANSTORNO DA DOR GÊNITO-PÉLVICA/PENETRAÇÃO


- Transtorno da dor gênito-pélvica/penetração refere-se a quatro dimensões de sintomas comórbidos comuns:
dificuldade para ter relações sexuais, dor gênito-pélvica, medo de dor ou de penetração vaginal e tensão dos
músculos do assoalho pélvico (Critério A).

Critério A1: Dificuldade marcante para ter relações/penetrações vaginais, variando desde incapacidade total para
experimentar penetração vaginal em qualquer situação até a capacidade para experimentar facilmente a
penetração em uma situação, porém não em outra.

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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
Critério A2: Dor vulvovaginal ou pélvica intensa durante a relação sexual ou nas tentativas de penetração sexual,
ou seja, dor que acomete locais diferentes na área gênito-pélvica. A localização da dor, bem como sua
intensidade, deve ser avaliada. Geralmente a dor se caracteriza como superficial (vulvovaginal ou durante a
penetração) ou profunda (pélvica, não é sentida até a penetração profunda).

Critério A3: Medo ou ansiedade intensa de dor vulvovaginal ou pélvica em antecipação a, durante ou como
resultado de penetração vaginal, sendo um relato comum de mulheres que sentem dor regularmente durante a
relação sexual. Essa reação “normal” pode levar a mulher a evitar situações sexuais/íntimas. Em outros casos,
esse medo perturbador não parece ter uma relação íntima com a experiência de dor, mas leva a uma atitude de
evitação da relação e da penetração vaginal.

Critério A4: tensão ou contração acentuada dos músculos do assoalho pélvico durante tentativas de penetração
vaginal, variando de espasmo semelhante a um reflexo do assoalho pélvico em resposta às tentativas de
penetração vaginal a proteção muscular “normal/voluntária” em resposta à experiência de dor antecipada ou
repetida, ao medo ou à ansiedade. A caracterização e a avaliação de disfunção no assoalho pélvico são geralmente
feitas com mais eficiência por um ginecologista ou por um fisioterapeuta de assoalho pélvico.

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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
- A prevalência é desconhecida, no entanto, aproximadamente 15% das mulheres norte-americanas relatam a
presença de dor recorrente durante a relação sexual.

Fatores de risco:
- Ambientais: a violência sexual e/ou física foi frequentemente mencionada como preditora dos transtornos
dolorosos sexuais dispareunia e vaginismo definidos pelo DSM-IV. Há controvérsias sobre esse tema na
literatura atual.
- Genéticos e fisiológicos: as mulheres que experimentam dor superficial durante a relação sexual muitas vezes
relatam o início da dor depois de uma história de infecções vaginais. A dor durante a inserção de absorvente
interno ou a incapacidade de inseri-los antes de tentativas de contato sexual também são fatores de risco
importantes para o transtorno da dor gênito-pélvica/penetração.

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DISFUNÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
F52.8 OUTRA DISFUNÇÃO SEXUAL ESPECIFICADA
- Essa categoria aplica-se a apresentações em que sintomas característicos de disfunção sexual que causam
sofrimento clinicamente significativo ao indivíduo predominam, mas não satisfazem todos os critérios para
qualquer transtorno na classe diagnóstica das disfunções sexuais;
- Usada nas situações em que o clínico opta por comunicar a razão específica pela qual a apresentação não
satisfaz os critérios para uma disfunção sexual específica. Isso é feito por meio do registro de “outra disfunção
sexual especificada”, seguido da razão específica.

F52.9 DISFUNÇÃO SEXUAL NÃO ESPECIFICADA


- Esta categoria aplica-se a apresentações em que sintomas característicos de disfunção sexual que causam
sofrimento clinicamente significativo ao indivíduo predominam, mas não satisfazem todos os critérios para
qualquer transtorno na classe diagnóstica das disfunções sexuais;
- A categoria disfunção sexual não especificada é usada nas situações em que o clínico opta por não especificar
a razão pela qual os critérios para uma disfunção sexual específica não são satisfeitos e inclui apresentações
para as quais não há informações suficientes para que seja feito um diagnóstico mais específico.

Fatores de risco (ambos):


- Diversos, avaliar histórico do paciente.
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TÉCNICAS INTERVENTIVAS
O tratamento com a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) inclui em:
- Contribuir para modificar condutas inadequadas ao centrar-se nas questões relatadas pelo paciente, tendo
como base o cerne do sofrimento do paciente;
- Auxiliar o paciente a avaliar a si mesmo e a realidade em que está inserido, trabalhando a possibilidade de a
pessoa alcançar uma posição mais confortável diante das próprias condições por ela criadas;
- E, objetivando a satisfação sexual, o processo terapêutico inclui a psicoeducação, a reestruturação cognitiva,
questionamento socrático, flecha descendente, estratégias comportamentais e o plano de prevenção à recaída.

PSICOEDUCAÇÃO
- Informa e esclarece a respeito da sexualidade humana, das disfunções sexuais e tratamento proposto;
- Inclui o autoexame genital com o objetivo de que o paciente “entre em contato” com o próprio corpo para
assim desenvolver uma percepção adequada do mesmo;
- Informações a respeito da anatomia masculina e feminina são discutidas nessa etapa, as diferenças na resposta
sexual entre o homem e a mulher, e explica-se a relação estabelecida entre pensamentos distorcidos, ansiedade
e comportamento sexual.

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TÉCNICAS INTERVENTIVAS
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA
- Trabalha crenças e pensamentos do paciente relacionados à disfunção e ao seu comportamento sexual de
maneira geral;
- Ao longo da reestruturação cognitiva, técnicas como questionamento socrático, flecha descendente, registro de
pensamentos disfuncionais e intenção paradoxal são utilizadas.

TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS
- O objetivo dessas técnicas é que o casal se aproxime e reconstrua seu relacionamento sexual, visando,
também, propiciar que o paciente consiga relaxar no momento de contato físico, na medida em que não se
sente no “dever” de finalizar a relação sexual. É composta por três etapas:
1. foco sensorial não genital: paciente é instruído a ter um contato físico com o parceiro, evitando zonas
erógenas e, principalmente, evitando a preocupação com o desempenho e ansiedade.
2. foco sensorial genital: soma-se às carícias anteriores a inclusão da região dos seios e dos genitais. A
exploração dessas regiões não deve ter a excitação como objetivo, mas sim como consequência.
3. penetração: tal estágio terá maior ou menor importância ao longo da terapia sexual de acordo com o tipo da
disfunção. O casal só passa de uma etapa para a seguinte no momento em que não sentir ansiedade e
conseguir aproveitar o momento tendo como foco de sua atenção o prazer que está sentindo e provocando no
parceiro.
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CASO CLÍNICO
• Informações sobre o paciente: Sr. Y, sexo masculino, 23 anos, engenheiro, branco, solteiro e evangélico não
praticante; mora com os pais na mesma cidade onde nasceu; segundo o mesmo, sempre foi tímido, sendo que
só no começo deste ano teve a primeira namorada.
- A sua primeira relação sexual foi em janeiro desse ano com ela; contou com quatro tentativas, em duas não
tinha ereção o suficiente para penetrar e em duas conseguiu ejacular sem uma boa ereção; em Setembro tentou
por mais três noites, perdendo a ereção na primeira, na segunda ejaculou muito rápido e na terceira não teve
uma boa ereção, tendo que masturbar a namorada para que a mesma chegasse ao orgasmo.
- Ao se masturbar sozinho, conseguia ter boas ereções, mas chegava ao orgasmo e muitas vezes era precoce.
- Fantasia estar com uma mulher enquanto realiza estimulação anal; nega qualquer interesse por homens e teme
ser chamado de homossexual.
- Engatou em um relacionamento com uma mulher de outra cidade que já havia sido casada, o mesmo a via
raramente e não chegou a ter relação sexual com a mesma; apesar de dizer que gostava do paciente, ela voltou
com o ex-marido, e desde então o paciente está com muita tristeza, choro e desânimo; continua a conversar
com ela.
- Diz ser uma pessoa muito exigente consigo mesmo e tem dificuldades em situações onde precisa se expor, fica
muito nervoso e com o rosto vermelho, por exemplo, se vai apresentar um seminário.

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CASO CLÍNICO
• Histórico psiquiátrico e médico:
- Nega tratamento psiquiátrico anterior;
- Relata ter feito uso de um medicamento para uma bactéria no ânus;
- Está com varicocele unilateral à esquerda e fez espermograma que mostrou espermatozoides com menor
mobilidade;
- Operou de fimose quando bebê;
- Foi obeso, chegando a pesar 120 kg, mas perdeu peso através de regime alimentar há três anos.

• Dados familiares:
- É filho único do segundo casamento do pai, o qual tem 76 anos e dificuldades para andar com trombose e
osteoporose. A mãe se sente presa por ter que cuidar deste. Tem apenas um irmão de 50 anos cuja mãe é
separada do pai do paciente.

• Hipótese diagnóstica:
- O exame psicológico não apresenta nenhuma alteração digna de nota. As hipóteses diagnósticas foram
transtorno erétil ao longo da vida e generalizado e ejaculação precoce ao longo da vida e generalizada.

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CASO CLÍNICO
• Discussões:
- O paciente apresentava transtorno erétil ao longo da vida e generalizado e ejaculação precoce ao longo da vida
e generalizada, e exigia-se muito, mostrando fortes características obsessivas de personalidade, assim, em
situações onde não dominava muito o tema sentia-se muito ansioso, caracterizando um quadro psiquiátrico de
fobia social.
- Apresentava intensa ansiedade de castração.
- A varicocele pode diminuir o nível de testosterona e, assim, dificultar o desejo e a ereção; no caso do paciente
as varizes diminuíram a mobilidade dos espermatozoides dificultando a fertilidade, mas não teve diminuição
hormonal. Mesmo assim, a suposta dificuldade para ser pai deixou-o com menor autoestima ainda.
- A identificação com um pai fraco e doente colabora para a sua perda de confiança para o exercício do papel
masculino.
- O paciente era um obsessivo, fóbico social, com fantasias sexuais ansiogênicas, identificado com um pai fraco
e com possíveis dificuldades para poder se reproduzir. Tais características colaboraram para que a ansiedade se
exacerbasse e as disfunções sexuais (DE e EP) se desenvolvessem.

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CASO CLÍNICO
• Tratamento:
- Seriam necessárias medicações que aliviassem a ansiedade, melhorassem a ereção e retardassem o orgasmo,
sem grandes diminuições de libido.
- Foi realizado um trabalho de psicoeducação quanto às fantasias de estimulação anal, que não significam que
quem as possua seja homossexual. O sentimento de culpa em relação tais fantasias foi aliviado no processo
psicoterapêutico.
- No processo psicoterapêutico foram trabalhados conflitos como as fantasias em relação à estimulação anal e o
pai interno fraco com intuito de aumentar a segurança e aliviar a ansiedade. Afinal, ele não é nem um super-
homem onipotente nem um impotente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• American Psychiatric Association, (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-5 (5. ed).
Tradução organizada por: Nascimento, M. I. C ... et al. Porto Alegre: Artmed.

• Dalgalarrondo, P. (2008). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais (2. ed.). Porto Alegre: Artmed, 2008.

• GROSSI, M. P. (1998). Identidade de Gênero e Sexualidade. Coleção Antropologia em Primeira Mão. Universidade Federal
de Santa Catarina.

• Hospital Santa Mônica (2015). O que é Transtorno da Aversão Sexual e quais são os sintomas? Recuperado em
https://hospitalsantamonica.com.br/transtorno-da-aversao-sexual/

• Meyer, F. (2018). Disfunção erétil: conheça causas, sintomas, prevenção e tratamentos. Trabalho publicado em Portal da
Urologia. Recuperado em
https://portaldaurologia.org.br/publico/faq/disfuncao-eretil-conheca-causas-sintomas-prevencao-e-tratamentos/

• Scott, J. (1995). Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & realidade, 20(2).

28
FACULDADE ANHANGUERA DE INDAIATUBA
CURSO DE PSICOLOGIA

MUITO
OBRIGADO!
ALUNOS:
Amanda Maria Giovana P. F. Silva
Beatriz Noronha Maia Meire
Camila Pereira Michelle Silva Rodrigues
Daniele Alves Sirlene
Elenice Maria Ferreira Thamires Lorena Moreira
Eneida Marisa Fabbro Cunha Victor Colan
Erik Rafael Victor Lemos Farias
Jéssica Yasmin de Souza Costola

PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): MYCHELE TAGUCHI

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