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O SUS, uma das maiores políticas pública hoje no Brasil e no mundo, ganha com sua
regulamentação, muitos avanços foram alcançados na atenção a diferentes grupos populacionais,
respeitando as suas peculiaridades.
Com a população de mulheres não foi diferente, no entanto, a atenção à mulher já vinha sendo
engendrada havia mais tempo por meio da formulação de programas, como o Programa de Atenção
Integral à Saúde da Mulher (PAISM), o que foi um embrião do que estaria contemplado no futuro
no sistema de saúde nacional.
O texto trazia em seu bojo, a preocupação com a atenção às necessidades de saúde das mulheres e
introduziu a questão da integralidade reconhecendo a complexidade de suas vidas, uma vez que,
desde a década de 1960, vinham se inserindo no mundo do trabalho, especialmente nos centros
urbanos, sem deixar de representar um papel importante nas atividades de cuidado familiares.
Mas, e o que significou essa novidade da atenção integral às mulheres? Fundamentalmente, que elas
não deveriam ser vistas pelos serviços de saúde como responsáveis unicamente pela reprodução,
como defendiam os programas tradicionais de atenção materno-infantil. Mas sim, deveriam ser
vistas como mulheres que assumiam papéis sociais que já não suportavam proles tão numerosas
como no passado mais rural do país e que nos centros urbanos careciam de ajustes.
Além disso, uma mulher desempenhando atividades laborais apresentava outro perfil de
adoecimento, que deveria serconsiderado pelas equipes dos serviços de saúde. A mulher passaria a
ter o risco de desenvolver doenças decorrentes do trabalho, também as crônico-degenerativas,
hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito e as neoplasias malignas, especialmente o câncer de
colo uterino e o de mama. Como esperado, as ações de cuidado à gestante, no momento do parto e à
puérpera estavam presentes, e a disposição geral do programa era a de se organizar para atender as
demandas que fossem surgindo nos territórios, para além do oferecimento de pacotes prontos e
limitados.
Nos anos que se seguiram e até hoje os ajustes foram e são necessários. O que era novidade na
época já se mostra insuficiente nos dias de hoje, e novos e melhores cuidados devem ser
incorporados.
Como organizar a atenção hoje sem considerar a luta das mulheres para si e sua família, por saúde,
trabalho, moradia, educação, alimentação adequada, transporte, lazer e apoio para o cuidado da
família em suas novas configurações e nas demais relações sociais que estabelece? Esse apoio deve
ser traduzido no estabelecimento de vínculo com as usuárias, com o compromisso de compreender e
respeitar os seus direitos e prestar uma atenção de qualidade.
Agora que já sabe um pouco mais sobre como nosso sistema de saúde se
organiza para cuidar de forma integral da saúde da mulher, é hora de nos
aprofundarmos nesse cuidado dentro da Atenção Básica.
A potência dos serviços de saúde para apoiar a mulher no andar da sua vida está colocada
especialmente na atenção básica, que, com a atuação da equipe multiprofissional, somada à
tecnologia ali disponível para atender a maior parte dos agravos de saúde da população, resolve a
grande maioria dos problemas trazidos.
É muito importante que todos que estejam atuando na atenção básica saibam seus atributos
fundamentais e acessórios além e alguns aspectos próprios do cuidado neste nível de atenção.
Veremos a seguir, de como estas especialidades da atenção básica se relacionam com a saúde da
mulher.
INTEGRALIDADE
A integralidade se expressa pela atenção à saúde das mulheres, sob a ótica da clínica ampliada, com
a oferta de cuidado à (e com a) pessoa, e não apenas a seu adoecimento. Isso inclui também a
prestação de cuidados abrangentes, que compreendem desde a promoção da saúde, a prevenção
primária, o rastreamento e a detecção precoce de doenças até a cura, a reabilitação e os cuidados
paliativos, além da prevenção de intervenções e danos desnecessários (prevenção quaternária). Isto
é, o alcance da integralidade na Atenção Básica pressupõe a superação da restrição do cuidado às
mulheres a ações programáticas por meio do desenvolvimento de ações abrangentes de saúde e de
acordo com as necessidades de saúde das usuárias (BRASIL, 2016).
Ademais, a consulta com a mulher pode trazer a tona aspectos íntimos e com forte envolvimento de
componente psicológico e emocional. Cuidar integralmente da mulher é dar espaço para todas estas
dimensões.
ORIENTAÇÃO FAMILIAR
Na abordagem integral da mulher, aspectos relacionados a sua inserção familiar podem ter grande
relevância. Seja o ciclo gravídico puerperal, aspectos relacionados à vida conjugal (e anticoncepção) e
climatério.
Assim, o profissional da atenção básica deve estar atendo ao papel que a família exerce na saúde da mulher
e preparado para usar ferramentas de abordagem familiar no apoio integral à saúde da mulher.
COORDENAÇÃO DO CUIDADO
As questões relacionadas a saúde da mulher podem ser complexas e/ou demandarem trabalho de vários
profissionais – seja equipe de enfermagem na prevenção do colo uterino; seja necessidade de referência
para outros níveis de atenção por conta de um câncer ginecológico, ou ainda em casos de violência sexual.
Está se exercendo a coordenação do cuidado, portanto, por meio do um trabalho interdisciplinar na
atenção básica, utilizando-se de forma colaborativa e compartilhar de equipe do NASF que contenha
ginecologista, ou ainda fazendo parte da Rede de Atenção à Saúde.
ORIENTAÇÃO COMUNITÁRIA
O profissional da atenção básica deve estar atento aos aspectos relacionados a saúde do total das mulheres
no território onde atua. Ações que almejem a maior cobertura de exames preventivos para câncer
ginecológico (colo e mama) são necessários e devem considerar o perfil epidemiológico de população e a
indicadores específicos de mortalidade materno-infantil, por exemplo.
Ações de educação em saúde também atingem maior contingente de mulheres e devem ser realizadas
respeitando os preceitos da prevenção quaternária; ou seja, que não provoquem danos individuais por
orientações e exames desnecessários.
LONGITUDINALIDADE
Cuidar das pessoas (das mulheres, neste caso) no decorrer da vida, independente da presença ou não de
doença, em qualquer faixa etária, é um dos grandes potenciais da atenção básica. Uma criança, cuidada
efetivamente durante seu desenvolvimento, virará uma adolescente que tem suas demandas específicas,
como abordagem da sexualidade e anticoncepção. Durante a gravidez, puerpério, cuidado no climatério.
Consultas de rotina, a equipe de saúde consolida o vínculo com as mulheres, tendo grande potencial para
ações preventivas, curativas e de educação em saúde.
Conclusão
Vimos até aqui o quanto cada atributo da atenção básica está relacionado ao cuidado das mulheres.
Para além da questão conceituais, há aspectos práticos organizacionais do funcionamento da
atenção básica que determinam diretamente a qualidade dos serviços prestados no que diz respeito
ao cuidado das pessoas e, no caso deste curso, das mulheres. Por exemplo: organização da demanda
espontânea com possibilidade de exame ginecológico, formato de anotação em prontuário (SOAP),
estrutura para oferta de exames de colpocitologia oncótica ou relação com RAS e possibilidade do
trabalho da equipe de enfermagem para manejo clínico de problemas comuns.
Para orientar as ações dos profissionais de saúde, a utilização de protocolos de atenção exerce papel
de destaque.
No que diz respeito à saúde da mulher, o Ministério da Saúde juntamente com o Hospital Sírio
Libanês publicou em 2016 o protocolo de atenção a saúde das mulheres (Link). O protocolo cumpre
uma função primordial de oferecer respaldo ético-legal para a atuação dostrabalhadores da Atenção
Básica, conforme disposto em suas atribuições comuns e específicas constantes na PNAB,
particularmente no que se refere aos profissionais de enfermagem. Compondo a equipe mínima da
Saúde da Família – juntamente com médico, técnicos em enfermagem e agentes comunitários de
saúde – e outras modalidades de equipes de Atenção Básica, enfermeiras e enfermeiros
desenvolvem atividades clínico-assistenciais e gerenciais, conforme as atribuições estabelecidas na
Portaria no 2.488/2011, obedecendo também à regulamentação do trabalho em enfermagem,
estabelecida pela Lei n° 7.498/1986 e pelo Decreto no 94.406/1987, bem como às Resoluções do
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) no 159/1993 e no 358/2009. A ênfase aqui se justifica
pelo fato de que, observadas as disposições legais da profissão, algumas de suas atividades são
referendadas pela existência de protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor
federal.
Este protoloco da atenção básica para Saúde das Mulheres destaca-se por levar em consideração os
seguintes apectos da atenção básica:
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica: saúde das mulheres / ministério da
saúde. Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
Fluxograma
FIGURA 01
Referências
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Versão sob consulta pública.
Dor Pélvica
Fluxograma
Referências
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