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• Segundo momento: até a criação do SUDS,


UNIDADE I quando os serviços se organizam desenvol- vendo
programas por meio das ações básicas da saúde,
PROGRAMAS NACIONAIS DE SÁUDE MA- combinando-se com atenção médi-ca individual.
TERNO/INFANTIL Concepção que orienta o PAISM é a
integralidade da assistência.

O Programa Materno-Infantil

O Programa Materno-Infantil (PMI) era constitu- ído


de seis subprogramas:

1. Assistência materna: gestação, parto e pu-


erpério;
2. Assistência à criança e ao adolescente: controle
de crianças menores de 05 anos edo grupo
de 05 a 14 anos;
A institucionalização da proteção de saúde ma- 3. Expansão da assistência materno-infantil:
terno-infantil no Brasil ocorre com a reforma integração de grupos comunitários, controle
sanitária de Carlos Chagas, na década de 20, e orientação de curiosas;
desenvolvendo-se em períodos subseqüentes por 4. Suplementação alimentar: prevenção de
força dos dispositivos legais e programáti- cos. desnutrição materna, gestação e lactação
(Programa coordenado pelo INAM);
Os programas de saúde materno-infantil foram 5. Atividades educativas;
amplamente utilizados nos serviços de Saúde 6. Capacitação de recursos humanos.
Pública, na década de 70, até meados da déca-
da de 1980, como resposta do governo a alguns Observa-se já nessa época a distinção dada às
problemas sanitários selecionados como priori- enfermeiras para o atendimento às gestantes nos
tários. centros de saúde, atribuindo-se a estas
profissionais a responsabilidade pela maioria das
Apesar dos vários programas, dois delinearam consultas durante a gravidez, onde a con- sulta de
os contornos da assistência à mulher: enfermagem aparece como instrumentode atenção
individual.
• Programa Materno-Infantil (PMI), 1975;
• Programa de Assistência Integral à Sa- Além disso, a enfermeira era elemento central da
úde da Mulher (PAISM), 1984. assistência à criança de 0 a 4 anos, como também
responsável pelo cadastramento, trei- namento,
Cada um destes programas foi construído em supervisão e controle das curiosas.
contextos históricos diferentes: o primeiro, de uma
conjuntura política do período de regime militar e O Programa de Assistência Integral à Saúde
implantado no conjunto das políticas de extensão da Mulher - PAISM
de cobertura, e o segundo, discutido e implantado
no período de transição democráti- ca, fruto de
negociação com o movimento de mulheres.

Estas delimitações são importantes para a com-


preensão de algumas características que se
observam nos processos de trabalho organiza- dos
para a assistência à mulher nas unidades básicas,
nesses momentos históricos:

• Primeiro momento: período compreendido a


partir da Segunda metade da década de 1970 até
meados da década de 1980, quando os serviços
se organizam fundamentados no Programa
Materno-Infantil; A partir de meados da década de 1980 observa-

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se no cenário nacional um crescente
sentimento de democratização do país com
a organização

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de movimentos sociais, como o movimento fe-minista. Ações Integradas de Saúde (AIS). Esta estraté- gia
de ação política instituída a partir de 1985
As mulheres passam a expor suas reivindica- ções representava a conjugação de princípios e dire-
que dizem respeito às temáticas (que tam- bém se trizes entre os níveis federal, estadual e munici- pal
tornam públicas): direito à procriação, sexualidade para viabilizar um modelo assistencial cujas
e saúde, planejamento familiar, discriminação do premissas básicas eram a descentralização e a
aborto, democratização da educação para a saúde, universalização do atendimento.
e outras medidas en-tendidas na esfera da saúde
pública e não do ato médico. A criação do Sistema Unificado e Descentrali- zado
de Saúde (SUDS) em julho de 1987 repre- sentou
O interesse pelo tema Saúde da Mulher cresceu um passo decisivo no processo de des-
no país não apenas nos espaços acadêmicos, mas centralização e de redefinição de papéis e atri-
também na maioria dos movimentos soci- ais buições entre os níveis federal, estadual e mu-
organizados. No processo de abertura políti- ca, nicipal.
feministas e profissionais da saúde iniciaram uma
parceria com o Ministério da Saúde para elaboração O Inamps deixou de atuar como órgão respon-
de propostas de atendimento à mu- lher que sável pela execução direta e indireta das ações de
garantissem o respeito a seus direitos de cidadã, saúde (quer por meio de serviços próprios ou de
resultando em uma proposta concre- ta do Estado contratos e convênios), repassando estas
como resposta às reivindicações: o Programa de atribuições aos Estados e Municípios. Estas
Assistência Integral à Saúde da Mulher - PAISM. medidas ampliaram o campo de atuação e o volume
de recursos financeiros das instituições, habituadas
Este novo Programa passa a ser prioridade do a trabalhar com escassez de recur-sos e voltadas
Ministério da Saúde por ter amplo respaldo no exclusivamente ao campo da Saúde Pública.
movimento de mulheres e por representar, no
conjunto das suas concepções, um substancial O resultado deste investimento foi a ampliação da
avanço em relação à proposta anterior (Progra- ma rede de unidades básicas nos Estados e Municípios.
Materno-Infantil). Além deste incremento, modificou- se o perfil das
unidades, pois além do desenvol- vimento dos
A partir de 1984, começaram a ser distribuídos tradicionais programas, estas deve- riam prestar
às Secretarias Estaduais documentos técnicos que atendimento médico individual an- teriormente
iriam nortear as chamadas "ações básicas de prestado pelo Inamps ou pelos ser- viços
assistência integral à saúde da mulher", en- particulares.
globando o planejamento familiar, o pré-natal de
baixo risco, prevenção de câncer cérvico-uterino Algumas características dos processos de tra-
e de mamas; as doenças sexualmente trans- balho na vigência do PAISM estão contidas nos
missíveis, a assistência ao parto e puerpério. manuais que definem de modo simples e direto
Posteriormente foram sugeridas as ações rela- o conteúdo das ações, normalizando os proce-
cionadas à sexualidade na adolescência e à mulher dimentos e padronizando as condutas que delas
na terceira idade. decorrem, em relação a :

Nesse período, várias experiências alternativas • Doenças sexualmente transmissíveis (DST);


foram feitas em saúde: capacitação de profis- • Câncer cérvico-uterino e da mama;
sionais, novas práticas educativas em saúde da • Planejamento familiar;
mulher, bem como formas alternativas de aten- • Parto e puerpério;
dimento. • Gravidez de baixo, médio e alto risco;
• Assistência à adolescente e a mulher no cli-
Toda mobilização e discussão em torno das matério.
questões específicas de saúde da mulher eram
articuladas às lutas mais gerais pela saúde co-mo O momento atual no Brasil: que modelo é esse?
"direito do cidadão e dever do Estado" rea- firmada
na 8º Conferência Nacional de Saúde.
O texto constitucional, aprovado em 1988, insti-tui
o Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com as
Para o movimento de mulheres era imprescindí- vel diretrizes:
que o PAISM fosse implantado por meio das

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1. DESCENTRALIZAÇÃO, com direção única de enfermagem na área materno-infantil, foi
em cada esfera do governo; limitada por condições históricas que impediram sua
2. ATENDIMENTO INTEGRAL, com priorida- expansão e fortalecimento.
des para as atividades preventivas, sem
prejuízos dos serviços assistenciais; No período de 1970 e 1985 e mesmo na década de
3. PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE. 1985 a 1995, muitas proposições emergemde
eventos técnico-científicos promovidos pela classe,
Com a regularização do SUS acelera-se no país com assessoria, principalmente, da O- PAS/OMS.
o processo de municipalização dos serviços de Neles, verificam-se diretrizes e con- ceitos sobre
saúde. assistência de enfermagem dirigida à mãe e à
criança que, no plano do discurso,são até bem
Inserção dos Profissionais nos Programas: o avançados.
papel da Enfermagem
Nesses períodos, alguns modelos de prática,
As propostas internacionais e nacionais sobre também, surgem liderados por docentes de
os "recursos humanos de saúde", décadas de 70 enfermagem. Mas neste contexto ainda é possí- vel
e 80, se caracterizam por dar destaque he- evidenciar alguns problemas como a carac-
gemônico ao profissional "médico", em detri- mento terização de um papel (de desempenho) da
dos outros profissionais e demais traba- lhadores da enfermeira, suas funções específicas, divergên-
área da saúde com sérias implica- ções para a cias existentes quanto à prática da consulta e à
prática profissional e para a adoção do trabalho em prática da execução do parto e da auditoria dos
equipe. cuidados pela enfermeira.

A questão da inserção da enfermagem nos Pro- UNIDADE II


gramas Nacionais da Saúde Materno-Infantil,
quando de sua implantação, em 1974, ocorre em SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
um período em que se reabre o debate na área da
saúde, possibilitando a discussão e a reflexão sobre Infância: a vulva apresenta-se sem pêlos, os
a situação da enfermagem no contexto político- pequenos lábios e o clitóris, o meato urinário e o
social brasileiro. hímen não são visíveis facilmente. As mamasnão
estão desenvolvidas e abaixo do mamilo não há
saliência glandular. Não existe função genital (os
Desde o primeiro programa de saúde materno-
ovários não secretam hormônios e não há muco
infantil, a enfermagem foi caracterizada pela
na vagina).
concepção de "execução" de tarefas e de acor-do
com o local onde se realizam os cuidados,
Puberdade: ocorre maturação dos órgãos e
indicando-se o que deve ser feito e descreven- do-
liberação de alguns hormônios. Ocorre em mé- dia
se procedimentos tradicionais na assistência à
entre 11e 12 anos. Antes dos 9 anos, consi- dera-
mãe e à criança. se puberdade precoce e, após os 15 anos,
retardada.
Quanto à prática da enfermagem profissional, a
situação era, contudo, legal nos termos da Lei Nº Começa a produção do muco cervical no colo
2.604/55, que dispunha sobre o exercício uterino, inicia-se a menarca (sangramento devi-
profissional em geral e o da enfermagem obsté- do à descamação do endométrio). A mucosa vaginal
trica. espessa-se e se descama, produzindo um muco
espesso e branco.
Esta Lei não respondia às necessidades senti- das
Idade Adulta: a repetição das ovulações, da
pela categoria que questionava, principal- mente, a
puberdade até a menopausa, constitui-se a cada
condição ambígua de ser a enfermeira universitária
vez, tentativa de gravidez. A menstruação é prova
e de desempenhar um papel subsi- diário (situação
evidente da não conclusão desse pro- cesso.
que só foi modificada em 1986, quando é
promulgada a Lei Nº 7.498 de 25/06/86, ❖ Ciclo Menstrual: é uma hemorragia uterina
regulamentada pelo Decreto Nº 94.406 de cíclica devido à espoliação do endométrio (ca- mada
08/06/87).
interna do útero). Inicia-se no primeiro dia do ciclo
e termina no primeiro dia da menstrua- ção
A participação das enfermeiras, em nível cen- tral, seguinte e tem variação de uma mulher para a
em que pese certo grau de qualidade da outra (20 a 40 dias e em média 28 dias).
contribuição da enfermagem na área, através da
capacitação e do desenvolvimento de recursos

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❖ Ocorre devido às influências hormonais; dois sobrevive por até 30 horas no trato genital femi-
hormônios são liberados pela hipófise (F- SH, nino).
hormônio folículo estimulante, e LH, hormô- nio
luteinizante) e dois hormônios liberados pelo ovário Nidação: é o processo de implantação do ovona
(estrogênio e progesterona). cavidade interina. Por volta do 7° dia após a
❖ Fases do Ciclo Menstrual: fecundação o ovo começa a se implantar no
endométrio (camada interna do útero). O endo-
1ª fase – Prolíferativa: vai do 1º dia da mens- métrio tem a função de nutrir o embrião até que
truação até o dia em que ocorre a ovulação. Nesta a placenta se desenvolva.
fase há o amadurecimento do óvulo que será
expulso do Folículo de Graf, sendo que esse irá A prática da enfermagem obstétrica, da mesma
migrar para o ovário (ovulação). O en- dométrio maneira que qualquer outra profissão é subs-
atinge o máximo de espaçamento, fica bastante tancialmente influenciada por numerosos fatores
vascularizado. Os hormônios que atu- am nesta dentro da própria profissão e na sociedade em
fase são: FSH e estrogênio. A ovula- ção ocorre geral, fato este evidenciado no decorrer da his- tória
14 dias antes do primeiro dia da menstruação da obstetrícia.
vindoura.
A obstetrícia, enquanto conjunto de práticas teve
2ª fase – Secretora: vai do momento da ovula- ção sua origem no conhecimento acumulado pelas
até o 1° dia da menstruação e durará maisou parteiras, sendo a participação destas
menos 14 dias. Devido à ação da progeste- rona, o predominantemente femininas. Desconhecem- se
endométrio permanece aderido ao útero. registros na literatura feitos pelas parteiras em
relação aos primórdios da sua prática.
3ª fase – Menstrual ou Espoliativa: caso não haja
fecundação do óvulo, haverá descamação do Um dos paradigmas que existiam na assistência
endométrio e ocorrerá então o sangramento vaginal ao parto era que a parturição se devia a um
(menstruação); logo após o ciclo inicia- se processo natural, fazendo com que, por muito
novamente. tempo, a prática médico-cirúrgica permaneces- se
latente, bem como a participação masculinano
❖ Menopausa: ocorre entre os 45 anos e os 50 parto.
anos, em média, há alterações hormonais e não
ocorre mais ovulação. O nascimento da obstetrícia sob tutela cirúrgica
direcionou um saber mais voltado para a técni- ca,
❖ Pode ocorrer bruscamente ou por etapas,
como a sutura e a drenagem, deixando de lado as
inicia-se com espaçamento das menstruações,
particularidades da gestação e do parto.
seguindo-se períodos longos de amenorréia até
a suspensão completa do ciclo. Podem ocorrer
O fórceps obstétrico foi o evento influenciador na
alterações de comportamento até mesmo mani-
aceitação da obstetrícia como uma área téc- nica e
festações físicas.
científica, onde foi incorporado o conceitode que o
parto era perigoso e a presença de um médico era
UNIDADE III
imprescindível, inaugurando o esto- pim da disputa
profissional entre médicos e parteiras. No
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA
imaginário do homem comum, instalava-se a noção
de que é possível "coman- dar o nascimento".
Desenvolvimento embrionário e fetal
Após a junção do espermatozóide e o óvulotem-se No Brasil, o declínio da prática da parteira nofinal
o ovo ou zigoto. Após a nidação inicia-se um rápido do século XIX ocorreu quando se instalou o
processo de divisão celular provo- cando uma paradigma médico de que a atenção ao parto é
multiplicação celular que ira se dife- renciar dando estritamente intervencionista, cirúrgico. A partir daí,
origem aos tecidos e órgãos. O desenvolvimento a profissional de enfermagem passou por várias
embrionário dá-se em duas fases: embrionária e designações – parteiras, obstetriz, enfer- meira
fetal. obstetra – que reflete a inconstância que a
profissão passou durante os últimos anos
Fecundação: também denominado fertilização
ou concepção. Ocorre quando o espermatozói- de A Enfermagem Perinatal em substituição a En-
encontra e consegue penetrar e fecundar um óvulo, fermagem Obstétrica representa o termo mais
com fusão de seus núcleos (ovo e es- recente e é atualmente empregado pela Ameri- can
permatozóide) em uma única célula. Presume- Nurse’s Association para designar uma área
se que a fecundação ocorre 24 horas após a especializada de enfermagem materno-infantil.
entrada do espermatozóide (pois o esperma

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Esta área de enfermagem se concentra no di- Anamnese: Uma história cuidadosamente colhi- da
agnóstico e no tratamento das respostas, tanto proporcionará não somente fatos objetivos, mas
fisiológicas como psicossociais, de todas as também informações valiosas sobre as crenças e
famílias à procriação: desde o planejamento da sentimentos da cliente e sobre as formas em que
gravidez até os três primeiros meses após o ela prefere ser ajudada, dados estes
nascimento da criança. importantíssimos para formular os diag- nósticos de
enfermagem.
A clareza a respeito do que a Enfermagem Pe-
rinatal seleciona e que ela exclui como valorizar 1. História Menstrual:
mais o humano ou o tecnológico, o peso do intuitivo
e do racional nas decisões, significa reconhecer os • Menarca;
paradigmas que orientam a pro- fissão, ajudando a
• Regularidade, intervalo, quantidade e
compreender que tipo de desfecho a enfermagem
duração do fluxo;
obstétrica vem seguin-do enquanto profissão.
• Dismenorréia ou outras complicações;
Diagnóstico de Enfermagem por Trimestre de • Data da última menstruação (DUM);
Gravidez • Data provável de parto (DPP).

1º Trimestre de Gravidez 2. História Obstétrica:

• Uso anterior de anticoncepcional e ou-tros


tipos de controle de nascimentos;
• Gravidez anterior: complicações durante
a gravidez/parto/pós-parto, horas de
trabalho de parto, tipo e local do parto
(hospitalar, domiciliar, normal, fórceps,
cesárea), abortos, nascidos mortos,
nascidos vivos (sexo, peso ao nascer, idade
gestacional).

3. História Pessoal/Social:

• Idade, cor da pele;


• Estado civil e há quanto tempo;
• Composição familiar, idade dos outros
filhos;
Definição: O primeiro trimestre começa com a
• Apoio social e financeiro disponível;
concepção e continua até a 12ª semana de
• Grau de instrução e profissão do casal;
gestação. Assim que começam as primeiras
mudanças fisiológicas, surgem várias questões • Uso de drogas (prescritas e não prescri-
psicológicas e de desenvolvimento que devem ser tas, uso de drogas ilícitas, consumo de
consideradas pelo profissional de saúde. álcool, quantidade de ingestão de cafeí-
na), tabagismo;
• Expectativas dos cuidados pré-natais,
Estas questões podem estar relacionadas à: aceitação da gravidez por parte da cli-ente,
desejos durante a gravidez, medos sobre as parceiro e sua família (gravidez planejada
capacidades maternais, bem-estar do feto, e ou não);
expectativa de mudança de vida. • Padrão alimentar e peso anterior à gra-
videz.
Estabelecimentos seguros e confiáveis que
ofereçam assistência de enfermagem de quali- 4. História familiar:
dade e modelo-padrão de cuidados pré-natal são
indispensáveis para o bem estar da mãe e do
• História patológica pregressa;
bebê.
• História psicossocial;
• História genética (doenças genéticas,
Avaliação de Enfermagem:
gemelaridade);
• Antecedentes patológicos pessoais.

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Exame Físico: peso e altura, sinais vitais, exa- me Manutenção da Saúde Alterada relacionado à
físico geral, exame físico ginecológico usual dos falta de cuidados com a gravidez.
órgãos reprodutivos, abdome e pelve. O abdome
será palpado para determinar a alturado fundo Objetivos:
uterino e, se a gestação estiver desen- volvida o
suficiente, o contorno do feto, sua situação e A cliente deverá:
apresentação. Dados físicos especí- ficos da
gravidez. Presença de batimentos car-díacos fetais
(BCF) e os testes laboratoriais e exames, que ✓ Reconhecer a necessidade dos cuidados pré-
segue: natal que promovem ótimos resultados;
✓ Estabelecer um relacionamento terapêutico
com os profissionais de saúde;
 Tipagem sangüínea ABO e Rh+ (com Co-
✓ Reconhecer os fatores de risco e sinais de
ombs Indireto quando Rh negativo);
complicações.
 Hemograma (repetir Hb/Ht às 28 semanas);
 Sorologia para sífilis (VDRL). Se VDRL (+),
solicitar FTA-Abs ou TPHA. Repetir às 28 Planejamento de Enfermagem:
semanas;
 Urina I; ✓ Discutir a razão dos cuidados pré-natais e
 Glicemia de jejum; incluir na discussão a questão do suporte dado
 Sorologia para Toxoplasmose (EIA e imuno- pelo companheiro, familiares, amigos e
fluorescência com IgG e IgM se IEA (+); outros;
 Sorologia para Rubéola (com IgG e IgM); ✓ Emprego de um padrão eficaz de comuni-
 Sorologia consentida para HIV; cação;
 HbsAg; ✓ Fazer referências apropriadas, como a ne-
 Protoparasitológico; cessidade de atendimento por outros profis-
 Ecografia obstétrica (para ser realizada sionais da saúde (psicólogos nutricionis-
entre 20-24 semanas); tas...).
 Citologia oncótica do colo uterino (Papani-
colau); Resultados Esperados
 Medida do pH vaginal e teste de Whiff (1ª
consulta e às 28 semanas). A cliente/família deverá:

A vacinação antitetânica deverá ser realizada em  Reconhecer a necessidade e importância


todas as gestantes não vacinadas ou vaci- nadas há dos cuidados pré-natais;
mais de 5 anos, iniciando-se após 20 semanas.  Verbalizar suas dúvidas para a enfermeira;
 Recorrer a outros profissionais quando ne-
A suplementação de ferro deverá ser feitaquando cessário;
a gestante tiver maior risco de estar depletada em  Participar ativamente na manutenção dos
suas reservas de ferro (desnutri- da, multípara, cuidados com a saúde.
puérpera recente, cliente previa-mente anêmica).
Diagnóstico de Enfermagem
Conhecimento da Família e da Cliente: Efei-tos
da gravidez no corpo e organismo da ges- tante, Nutrição Alterada: ingestão menor que as
sinais de problemas ou complicações, crescimento necessidades corporais relacionado ao au-
e desenvolvimento do feto, neces- sidades mento das necessidades nutricionais;
nutricionais, planejamento para o parto e
alimentação para o bebê.
Alteração de Conforto (náusea/vômitos) re-
lacionado a efeitos das alterações gravídi- cas.
Assistência de Enfermagem
A nutrição adequada é um fator importante que
 Meta: A cliente/família deverá aceitar a gra- contribui promovendo ótimos resultados na gra-
videz; colaborar para assegurar uma gravi-dez videz. Algumas substâncias (álcool, drogas,
saudável e identificar mudanças físicas e cigarros) podem afetar negativamente no de-
emocionais normais durante a gravidez. senvolvimento fetal.

Diagnóstico de Enfermagem Náuseas e vômitos durante o 1º trimestre (fre-


qüentemente a indisposição ocorre pela manhã,

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mas pode ocorrer em qualquer hora do dia) O peristaltismo do trato gastrointestinal torna-se
promovem complicação na manutenção ade-quada lento devido ao aumento do nível de progeste- rona.
dos nutrientes ingeridos. Isto resulta em aumento da absorção de água. Com
a evolução da gravidez, a dilatação do útero
A exata causa é desconhecida, mas pode ser o comprime os intestinos contribuindo para o
resultado do aumento de hormônios, especial- agravamento do problema. Suplemento de ferro
mente (HCG). Normalmente estes problemas (embora geralmente iniciado no 2º tri- mestre)
diminuem com o fim do primeiro trimestre. também pode causar constipação.

Objetivos Objetivo

A cliente deverá: A cliente deverá:

✓ Adotar uma dieta bem balanceada, apropri- ✓ identificar métodos para manter o padrão
ada para a gravidez; normal de eliminação intestinal.
✓ Descrever os nutrientes necessários que
devem ser consumidos para atender as de- Planejamento de Enfermagem:
mandas metabólicas;
✓ Ter experiência mínima com náuseas e ✓ Identificar padrão normal de eliminação;
vômitos. ✓ Encorajar a cliente a beber 8 a 10 copos de
água/dia e escolher dieta rica em fibras;
Planejamento de Enfermagem: ✓ Encorajar manutenção do nível de atividade
apropriada para o estágio de gravidez;
 Levantar uma história da dieta para identifi-car ✓ Orientar a cliente a evitar a ingestão de
se a cliente tem dieta especial ou receita de laxantes e enemas, a menos que especifi-
suplemento vitamínico; camente prescrito pela enfermeira ou médi- co.
 Perguntar se está mantendo a dieta balan- ceada;
rever isto com a cliente e fazer ajus- tes se Resultados Esperados
necessário;
 Avaliar a não ingestão de comida; A cliente deverá:
 Fornecer aconselhamento nutricional;
 Reforçar informações através de material ✓ Descrever fatores que contribuem para a
impresso; predisposição de constipação durante a
 Pesar cliente em cada consulta;
gravidez;
 Fornecer parâmetros de ganho de peso;
✓ Identificar funcionamento normal dos intes-
 Ensinar métodos que minimizem as náu-
tinos;
seas e vômitos. ✓ Manter ingestão de líquidos e fibras;
✓ Comer alimentos leves, para ter movimen-
Resultados Esperados tos intestinais regulares.

A cliente deverá: Diagnóstico de Enfermagem

✓ Relatar as ingestas necessárias durante a Intolerância à atividade relacionada a fadiga


gravidez; associada à gravidez.
✓ Manter dieta balanceada para gravidez e rever
esta nas próximas consultas; Fadiga é uma sensação comum no primeiro
✓ Verbalizar sintomas de alívio após interven- trimestre de gravidez. A exata etiologia é des-
ções; conhecida, mas pode ser devido ao aumento do
✓ Relatar diminuição de ocorrências ou desa- nível de progesterona.
parecimento dos sintomas até o final do
primeiro trimestre;
✓ Ganhar 1-2 kg durante o primeiro trimestre. Objetivos

Diagnóstico de Enfermagem A cliente deverá:

Constipação relacionada a efeitos das alte- ✓ Repousar adequadamente;


rações gravídicas.

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✓ Planejar atividades que concilie com as ✓ Verbalizar a aceitação da gravidez;
necessidades da gravidez. ✓ Verbalizar seus sentimentos para a enfer-
meira e(ou) outras pessoas;
Planejamento de Enfermagem: ✓ Aceitar seus sentimentos como normais;
✓ reestabelecer e manter a função de cada
 Preparar a cliente para enfrentar o aumentoda
um (companheiro, família).
fadiga e ajudá-la a identificar as ativida- des
diárias que podem ser adaptadas, ajus- tadas; Planejamento de Enfermagem
 Estimular cliente a repousar quando neces- sário
e ajudá-la a encontrar os períodos de descanso  Facilitar a comunicação ajudando a cliente a
e repouso dentro das suas ativi-dades diárias; identificar as áreas de estresse dentro da vida
 Enfatizar a importância de estar consumindo em família;
alimentos adequados para a manutenção dos  Identificar as experiências comuns entre as
níveis energéticos; mulheres grávidas;
 Aconselhar com atenção a manutenção e ajuste  Encorajar a cliente a expressar seus senti- mentos
dos exercícios direcionados para a gravidez e para seu parceiro; enfatizar que o sentimento
avisar a cliente em relação a contra-indicação instável durante a gravidez é normal;
de iniciar durante a gravi- dez a prática de  Sugerir a leitura de materiais sobre o assun-to;
exercícios rigorosos; fazer referência a recursos externos quando
 Identificar as atividades diárias que devem ser apropriado.
reguladas e ajudar a criar estratégias que
atendam as suas necessidades. Resultados Esperados

Resultados Esperados A cliente/família deverá:

A cliente deverá: ✓ Verbalizar sentimentos para a enfermeira;


✓ Manter sistema de suporte mútuo (esposa e
✓ Fazer períodos de repouso quando neces- marido);
sário; ✓ Discutir a leitura do material indicado nas
✓ Regular o nível das atividades diárias para próximas consultas;
minimizar o aumento da fadiga; ✓ Verbalizar melhora após ajustamentos as-
✓ Manter ingestão de dieta adequada; sociados à mudança de libido.
✓ Ajustar o nível de exercícios direcionados
para a gravidez, quando necessário. Diagnóstico de Enfermagem

Diagnóstico de Enfermagem Déficit de Conhecimento com relação a efeitos


da gravidez, sinais de complicações.
Processo Familiar Alterado relacionado a
gestação. Mudanças anatômicas e fisiológicas deverão
continuar ocorrendo com o avanço da gestação.
Padrão de Sexualidade Alterado relacionado A cliente precisa conhecer e compreender as
a mudanças da libido durante a gravidez. mudanças normais para ajudar a aliviar os me- dos
e ansiedades.
A família deve tratar com a realidade que embreve
terá um novo membro dentro da família. O O conhecimento da cliente deverá ser trabalha- do
estresse familiar durante a gravidez pode resultar para que seja dado um cuidado pré-natal
em alterações potenciais. A mudança hormonal apropriado principalmente se surgirem eventu- ais
pode aumentar ou diminuir a libido, promovendo condições anormais.
estresse na interação entre mari- do/mulher.
A mulher grávida também deverá saber sobre o
Objetivos desenvolvimento de seu feto no útero. Contanto
que estas informações podem também ajudara
A cliente/família deverá: cliente a cumprir com as recomendações feitas para
proteger a sua saúde e do bebê que esta por
nascer.

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Objetivos ou perdido durante o primeiro trimestre, início de
desconforto; resultados laboratoriais, proble-
A cliente deverá: mas/complicações durante o primeiro trimestre (por
ex.: indisposição - náuseas e vômitos- pela manhã,
fadiga, constipação, azia...).
✓ Identificar mudanças normais durante a
gestação;
✓ Listar sinais e sintomas de complicações que Achados Físicos: sinais vitais, peso, alturauterina,
podem surgir na gravidez. batimentos cardíacos fetais.

Planejamento de Enfermagem: Questões Psicossociais: percepção do fetocomo


um ente separado, questões sobre auto-concepção
e relacionamento sexual.
 Rever instruções com relação a nutrição,
atividades e providenciar material escritocomo
um suporte de informações; Conhecimento da Família e da Cliente: efeitos
 Encorajar, estimular cliente a perguntar quando da gravidez sobre o corpo e o organismo; de-
tiver dúvidas/questões; senvolvimento e crescimento fetal; sinais e sin-
 Listar sintomas específicos que requerem atenção tomas de problemas ou complicações; necessi-
imediata (por ex.: sangramento va- ginal, dades nutricionais; habilidade no papel de ser
contrações, vômitos prolongados). pai/mãe, capacidade de aprendizagem; prepa-
ração e disposição para aprender.
Resultados Esperados
Assistência de Enfermagem
A cliente deverá:
Meta
✓ Verbalizar entendimento, compreensão das
mudanças físicas durante a gravidez; A cliente deverá manter uma gravidez normal e
✓ Enumerar sinais e sintomas que devem ser começar a perceber o feto como um novo ente
informados imediatamente; dentro da família.
✓ Ter número de telefone do serviço que dê
informações sobre o assunto e esclareça Diagnóstico de Enfermagem
dúvidas.
Manutenção da Saúde Alterada relacionada a
 A Cliente no 2º Trimestre de Gravidez falta de cuidados pré-natais.

Cliente e família podem não enxergar a neces-


sidade das consultas pré-natais. A falta de cui-
dados regulares pode resultar em deterioração da
saúde maternal com maus resultados para o bebê.

Objetivos

A cliente deverá:

✓ Reconhecer a necessidade das consultas


periódicas para cuidados pré-natais que, por
sua vez, levam a uma gravidez com melho- res
resultados;
✓ Estabelecer/manter um relacionamento
Definição: O segundo trimestre de gravidez
terapêutico com os profissionais de saúde;
começa na 13ª semana e continua até a 24ª
✓ Participar na identificação dos fatores de risco
semana de gestação. e descrever os riscos.

Avaliação de Enfermagem:
Planejamento de Enfermagem:

Histórico: Rever a data provável do parto (DPP);


 Usar um padrão de comunicação efetivo,
desenvolvimento da gravidez; dieta; peso ganho
ser um ouvinte ativo, não apressar a cliente;

148
 Rever os cuidados pré-natais fundamentais,  Discutir atividades que são convenientes e
permitir perguntas e questionamentos, lem- seguras durante a gravidez;
brar a cliente que toda questão feita é váli- da,  Estimular o repouso quando necessário e ajudar
nenhuma é ridícula; a desenvolver um plano que promova um
 Marcar consultas num horário que seja me- lhor equilíbrio entre atividade e repouso;
e convenha para a cliente;  Evitar atividades que causem estresse ou
 Perguntar para a cliente como ela prefere ser permanecer longos períodos de tempo em pé,
chamada (Sra., você, primeiro nome, para prevenir estagnação de sangue nas
apelido...); extremidades e diminuição do retorno venoso;
 Estimular envolvimento ativo no auto- cuidado,  Reforçar as precauções de segurança (usar
providenciar oportunidades para a cliente corrimão quando subir ou descer escadas,
tomar decisões, elogiar a cliente quando carregar sacolas ou pacotes com ambas as
apropriado; mãos, utilizar apoio firme quando tomar ba-
 Rever estilo de vida, fatores de risco (fumo, nho no chuveiro ou banheira para evitar
consumo de álcool, uso de drogas), traba-lhar problemas com a descoordenação).
com a cliente a eliminação dos riscos.
Resultados Esperados
Resultados Esperados
A cliente deverá:
A cliente deverá:
✓ Reconhecer mudanças no corpo que pre-
✓ Manter o acompanhamento dos cuidados dispõem a falta de coordenação;
pré-natais através das consultas marcadas; ✓ Permanecer ativa dentro das recomenda-
✓ Recorrer à enfermeira sempre que sentir ções gerais;
necessidade; ✓ Estar livre de prejuízos, lesões, ferimentos.
✓ Continuar sendo uma participante ativa na
manutenção dos cuidados à saúde. Diagnóstico de Enfermagem

Diagnóstico de Enfermagem Déficit de Conhecimento com relação aos


efeitos da gravidez no organismo, cresci-mento
Intolerância à Atividade relacionada à gesta- do feto.
ção.

Fadiga é uma sensação comum no primeiro Mudanças anatômicas e fisiológicas deverão


trimestre de gravidez e é normalmente resolvida continuar ocorrendo com o avanço da gestação.
no segundo trimestre de gestação. Estudos atuais A cliente precisa conhecer e compreender as
apontam que a mulher deve manter ativi- dades mudanças normais para ajudar a aliviar os me- dos
durante a gravidez, mas não a ponto de exaustão, e ansiedades.
pois pode causar diminuição da circu- lação
sangüínea do feto. O conhecimento da cliente deverá ser trabalha- do
para que seja dado um cuidado pré-natal
Com o avanço da gestação o centro da gravida- apropriado principalmente se surgirem eventu- ais
de muda, colocando a cliente em risco de preju- condições anormais. A mulher grávida tam- bém
ízo pessoal devido a falta de coordenação. deverá saber sobre o desenvolvimento de seu feto
no útero. Estas informações podem também ajudar
Objetivos a cliente a cumprir com as re- comendações feitas
para proteger a sua saúde e do bebê.
A cliente deverá:
Objetivos
✓ Manter o equilíbrio entre a atividade e o
repouso; A cliente deverá:
✓ Reconhecer as mudanças fisiológicas que
causam falta de coordenação; ✓ Compreender as mudanças anatômicas e
✓ Não deverá ser prejudicada caso venha a fisiológicas normais que ocorrem durante a
ter mudanças no equilíbrio, estabilidade. gravidez;

Planejamento de Enfermagem:

149
✓ Reconhecer desvios normais e proporcionar Mudanças físicas e psicossociais associadas a
cuidados com a saúde; gravidez podem alterar o auto-conceito da mu- lher.
✓ Descrever o crescimento normal do feto Não há resposta fixa para o distúrbio de auto-
apropriado para a idade gestacional; concepção e a pessoa pode manifestar
✓ Falar sobre os cuidados que devem ser comportamento que projeta o problema em ou- tro
tomados com a saúde quando for sua pri- meira lugar (por ex.: brigas com o marido sem mo- tivo).
gravidez.
Objetivos
Planejamento de Enfermagem:
A cliente deverá:
 Fazer um plano de ensino específico para a
cliente, usar uma variedade de recursos de ✓ Aceitar as alterações na imagem do seu corpo;
ensino (gráficos, filmes, diagramas, impres- ✓ Começar a aceitar o papel de mãe e incluí-
sos); lo em seu auto-conceito.
 Discutir mudanças normais na anatomia e
fisiologia durante a gravidez, rever mudan- ças
Planejamento de Enfermagem:
que a cliente está vivenciando (aumento da
azia, aumento da secreção vaginal);
 Rever benefícios de uma boa higiene pes-soal,
✓ Atuar como uma ouvinte ativa;
roupas confortáveis e um sutiã ade- quado; ✓ Discutir mudanças de papel como mu-
 Discutir sinais de problemas (como sangra- lher/mãe/cuidadora que deverá ocorrer com
mentos) e a importância de estar avisando o nascimento;
sobre quando isto ocorrer para providenciar ✓ Discutir conceito em relação ao cuidar da mãe;
cuidados; ajudar a cliente a estabelecer seus re- ais
 Utilizar recursos visuais para apresentar o objetivos/expectativas no novo papel;
crescimento fetal em cada consulta pré- natal; ✓ Incorporar o pai nas discussões quando
 Explicar que movimentos fetais ocorrem apropriado;
normalmente entre 18 e 20 semanas na ✓ Dar instruções sobre modos seguros de
primípara e na 16ª semana na multípara. relações sexuais e outros métodos para manter
a intimidade;
✓ Elogiar a cliente devido a sua aparência
Resultados Esperados
(grávida);
✓ Ajudar a cliente a reconhecer a representa-ção
A cliente deverá: do seu comportamento; proporcionar re- forço
positivo para tentar limitar estes com-
✓ Relatar quando ocorrer movimentos fetais; portamentos.
✓ Atingir o objetivo dos estudos, aprendizado;
✓ Descrever mudanças comuns que ocorrem Resultados Esperados
no segundo trimestre de gravidez;
✓ Listar sinais de problemas e condutas apro-
A cliente deverá:
priadas que devem ser tomadas.

 Estabelecer seus objetivos realistas em


Diagnóstico de Enfermagem
relação ao desempenho do seu papel;
 Assumir as responsabilidades de mãe pla-
1- Potencial para Distúrbio no Auto-Conceito nejando um lugar no lar para o bebê;
relacionado com as mudanças físicas e psi-  Projetar uma auto-imagem positiva.
cossociais associadas à gravidez:
O casal:
2- Distúrbio da Imagem Corporal
→ Manter relacionamento íntimo.
3- Distúrbio da Auto-Estima
Diagnóstico de Enfermagem
4- Desempenho de Papel Alterado
Processo Familiar Alterado relacionado à
5- Distúrbio da Identidade Pessoal gravidez.

150
Risco para Paternidade/Maternidade Alterada dade/paternidade e recomendar referências
relacionado a falta de conhecimento sobre as adicionais;
técnicas de cuidado para o bebê.  Ajudar a identificar sistemas/grupos de a- poio;
 Dar continuidade à avaliação do desenvol-
A família deve tratar com a realidade de que, vimento do papel dos pais durante toda a
em breve, haverá um novo membro na família. gravidez.
A mulher grávida deve enfrentar o progressodas
mudanças físicas e emocionais. O pai pode- rá Resultados Esperados
preocupar-se com as condições financeiras ou
estar com ciúmes da atenção que sua espo- sa A cliente/companheiro/família deverão:
está recebendo. Mudanças ocorrem se a família
está pronta/disposta a aceitá-las ou não. ✓ Verbalizar sentimentos para a enfermeira;
✓ Estabelecer um sistema de apoio mútuo
A maternidade/paternidade é um aprendizado (marido e mulher; mulher e profissional);
comum no núcleo de uma estrutura familiar, muitas ✓ Discutir a leitura dos materiais em cada
vezes com resultado positivo para o ca-sal com consulta;
pequena experiência no cuidado de crianças. ✓ Identificar sistema de apoio disponível;
Intervenções para proporcionar infor- mações e ✓ Matricular-se em aulas sobre preparação
reduzir fatores de risco que predispõe a para o parto/maternidade.
cliente/casal a problemas na maternida-
de/paternidade devem ser iniciadas durante o A Cliente no 3º Trimestre de Gravidez
período pré-natal. Intervenções iniciadas duran- te
a gravidez podem continuar depois do nasci-
mento.

Objetivos

A cliente/família deverá:

✓ Realizar tarefas segundo o desenvolvimento


da gravidez;
✓ Estabelecer/manter comunicação terapêuti-ca
com os profissionais de saúde;
✓ Restabelecer/manter suporte funcional uns
com os outros;
✓ Identificar sistemas/grupos de apoio para
ajudar nas responsabilidades mater-
na/paterna;
✓ Participar na preparação do parto e assistir
a reuniões dos grupos de pais.

Planejamento de Enfermagem:

 Facilitar a comunicação encorajando a clien- te


a compartilhar seus sentimentos com seu
parceiro/marido;
 Escutar os sentimentos dos pais sobre as várias
mudanças que ocorrem no relacio- namento
deles; confirmar que os sentimen- tos são
normais e podem ser resolvidos;
 Estimular a freqüentar as consultas pré- natais
para apoio pessoal;
 Recomendar assistência na preparação para
o parto e participação em grupos depais;
 Proporcionar leitura de material sobre gravi- dez;
cuidados ao recém-nascido, materni-

151
Com o avanço para o 3º trimestre, a cliente vi-
venciará desconfortos relacionado as mudanças
anatômicas e fisiológicas da gravidez. Estes
Definição: O terceiro trimestre começa com a 24ª desconfortos vão incomodar, mas não ameaçar
semana de gestação e continua até o parto do a vida da gestante e do bebê. A enfermeira po-de
neonato, que normalmente ocorre na 42ªsemana. oferecer antecipadamente orientações que ajudem
A mulher deverá ter completado o desenvolvimento a mulher a enfrentar esses desconfor- tos.
da primeira e segunda etapa da gravidez e estar
trabalhando na terceira eta- pa, que é a preparação Objetivos
para o nascimento e desenvolvimento do papel de
mãe/pai. A cliente deverá:

As consultas de cuidados à saúde aumentam de ✓ Reconhecer os desconfortos comuns que


freqüência passando de 1 vez/mês para 1vez/2 ocorre no 3º trimestre;
semanas e depois, 1vez/semana com a aproxi- ✓ Diminuir os sintomas através de ações.
mação da data provável do parto.
Planejamento de Enfermagem:
Assistência de Enfermagem:
 Proporcionar antecipadamente orientações sobre
História: rever o histórico e atualizar dados; rever os desconfortos comuns durante o 3º trimestre
data provável do parto; desenvolvimento da (hemorróidas, insônia, varicosida- des, dor nas
gravidez; dieta; peso ganho ou perdido; ocor- costas);
rências incomuns (por ex.:sinais e sintomas de pré-  Ensinar a evitar esforço, manter eliminação
eclâmpsia, problemas para dormir, cãimbras nos intestinal regular, evitar permanecer por
MMII, trabalho de parto prematuro, sangra- mento longos períodos de tempo sentada;
anormal no terceiro trimestre).  Estimular a cliente a cochilar; a utilizar téc- nicas
de relaxamento que promovam o so- no;
Achados Físicos: sinais vitais, peso, altura sugerir o acréscimo de travesseiros para apoio
uterina, batimentos cardíacos fetais, notar sinais ao corpo; estimular a ingestão de leite morno e
geralmente apresentados no 3º trimestre, disp- um banho aquecido antes de dor- mir;
néia, contração Braxton-Hicks, hemorróidas,  Enfatizar a manter a boa postura e descan-sar
varicosidades. ou repousar quando necessário, ensinar
exercícios para a pelve, massagear as cos- tas
Questões Psicossociais/Fatores de Desen- para diminuir o desconforto;
volvimento: preparação para o nascimento e  Avisar a cliente à evitar o uso de roupas justas;
desenvolvimento do papel dos pais. estimular o uso de meias elásticas;
 Oferecer apoio quando puder e lembrar a cliente
que a gravidez está quase acaban-do.
Conhecimento da Cliente e Família: localiza- ção
do hospital, plano de cuidados para os ou- tros
filhos durante a internação da mãe, proces-so de Resultados Esperados
nascimento, cuidados com o recém- nascido,
reconhecimento de capacidades e limites, vontade A cliente deverá:
e disposição para aprender.
Diminuir os sintomas com intervenções apropri-
Assistência de Enfermagem adas.

Metas: Diagnóstico de Enfermagem

A cliente deverá manter uma gravidez normal e Déficit de Conhecimento com relação a sinais e
dar à luz a termo a um bebê saudável. sintomas de trabalho de parto.

Diagnóstico de Enfermagem Revisão e estudo precoce dos sinais e sintomas do


trabalho de parto podem ajudar a aliviar os
Conforto alterado relacionado ao estágio sentimentos de ansiedade sobre o processo de
avançado da gravidez.

152
nascimento, além de prevenir problemas poten- ✓ Tomar providências no caso de ocorrer rup-
ciais associados a trabalho de parto prematuro. Se tura de membranas;
os pais não tiveram aulas sobre parto, não estão ✓ Praticar técnicas de relaxamento e respira-
preparados. A enfermeira é a profissional indicada ção.
para educar a mulher e seu compa- nheiro sobre a
evolução normal do trabalho de parto. UNIDADE IV

Objetivos ANEXOS DO EMBRIÃO E FETO

A cliente deverá: Anexos Fetais

➢ Conceituação
✓ Identificar os sinais e sintomas do trabalho
de parto;
✓ Compreender o processo normal do traba- lho São todas as estruturas que envolvem direta-
mente o embrião e o feto e que se originam das
de parto;
células iniciais do ovo. São as seguintes estrutu-
✓ Chegar ao hospital em tempo, para que se
ras: placenta, as membranas da bolsa gestacio- nal
possa tomar a conduta ideal;
(córion e âmnio), o líquido amniótico e cor- dão
✓ Descrever e praticar técnicas de relaxamen-
umbilical.
to que podem ser usadas durante o trabalho de
parto.
➢ Placenta:

Planejamento de Enfermagem: É um órgão transitório com aproximadamente 12


cm de diâmetro, peso entre 400 a 500 gra- mas,
 Avaliar se a cliente/parceiro estão prepara- dos pesa de 1/5 a 1/6 do peso do bebê. È o órgão
para cursar aulas sobre parto e interes- sados responsável pelas trocas entre o feto e a mãe e,
em estudar suas necessidades; se não estão entre elas, as trocas de nutrientes e as respiratórias.
cursando as aulas, fornecer in- formações para
a cliente/família sobre téc-nicas de respiração, È importante na produção e liberação de hor-
tipos de anestesias, evolução do trabalho de mônios, fato este primordial para a manutenção da
parto e estimular a prática das técnicas de gravidez (os principais hormônios são a go-
respiração; nadotrofina coriônica humana – HCG, e a pro-
 Assegurar se a cliente está apta para cro- gesterona). O BETA-HCG é o hormônio que serve
nometrar a freqüência das contrações uteri- de base para os testes imunológicos de gravidez.
nas, duração e intensidade; Possui duas faces: a materna e a fe- tal.
 Orientar a cliente a falar no consultório mé- dico,
clínica ou hospital quando iniciar as contrações; ➢ Cordão Umbilical
 Enfatizar que uma vez rompidas as mem- branas,
a cliente deverá ir imediatamente ao hospital; O cordão umbilical estende-se do umbigo à
 Estimular a cliente a perguntar, esclarecer dúvidas superfície fetal da placenta. O seu comprimento
e desabafar seus sentimentos; ainda que muito variável, tem em média 55 cm; seu
 Assegurar se a cliente tem o número do telefone diâmetro oscila entre 1 e 2,5 cm.
do consultório e sabe onde fica lo- calizado o
hospital. Constitui-se de duas artérias e uma veia, envol-
vidas por uma substância denominada gelatina de
Resultados Esperados Warton (atua como elemento de sustentação que
protege os vasos, atenuando sua compres-são e
A cliente deverá: evitando sua rotura).

➢ As membranas – Âmnio e Córion :


✓ Listar sinais e sintomas que antecipam o
trabalho de parto;
• Âmnio – reveste a bolsa gestacional inter-
✓ Ter o número de telefone do seu obstetra e
namente.
saber localizar o hospital;
✓ Ir ao hospital em tempo apropriado para • Córion – reveste a bolsa gestacional exter-
avaliação; namente.

153
Essas duas membranas se reúnem, formando uma • Aumento do tamanho, consistência e
bolsa membranosa que envolve o feto. A principal sensibilidade das mamas.
via de intercâmbio entre o líquido am- niótico e o • Aumento de pigmentação, nos seios,
compartimento materno é através das faces e aparecimento da linha negra.
membranas. • Aspecto escuro da mucosa vulvar e va-
ginal (Sinal de Chadwick).
➢ Líquido Amniótico:
Sinais de Probabilidade:
O liquido âmnio ou amniótico contém 98 a 99%
de água e 1 a 2 % de substâncias sólidas, das quais, • Aumento do abdome (3° ou 5° mês de
metade de natureza orgânica e destas 50% são gestação).
proteínas. È levemente opaco e cir- cunda o • Alteração na forma, volume e consis-
concepto. O volume varia amplamente com o tência do útero perceptível através do
estado normal ou patológico, com a idade da toque.
gestação e de paciente para paciente em um • Teste Imunológico de Gravidez (TIG) -
mesmo período. pesquisa de gonadotrofina coriônica
humana na urina. Podem dar resultados
Na 10ª semana, por exemplo, calcula-se 30ml; na falso positivo ou falso negativo.
20ª semana 350ml; e na 38ª semana 1000ml.
Depois diminuiu até o termo, quando alcança o Sinais Positivos ou de Certeza de
valor médio e 800 ml. Gravidez:

Importância: Confirmaram realmente a existência ou não


de uma gravidez.
• O liquido contém células e secreções
provenientes do feto. Sua análise nos dá • Ausculta dos batimentos cardiofetais ( BCFs ):
informações valiosas relacionadas com a Estão audíveis com o estetoscópio de Pinard
saúde do feto. aproximadamente a partir da 21ª semana de
gestação e com o sonar a partir da 16ª sema- na.
• Serve como proteção ao feto de trau- mas, • Realização da ultra-sonografia que permite
das modificações de pressão e observar todas as estruturas do útero gravídi-
temperatura, permite os movimentos a- co e ate a calcular a idade gestacional.
tivos do feto durante a gravidez.

• Durante o parto, lubrifica o canal e pos- sui


princípios dotados de ação contrátil (por
exemplo: ocitocina).

• Possui atividade antimicrobiana.

CAPÍTULO V

GRAVIDEZ
Principais Modificações do Organismo Ma-

terno
Uma gravidez pode ser diagnosticada a partir de
métodos clínicos, laboratoriais e ultra- sonográficos. ✓ Pele – aumento na pigmentação especial-
Existem sinais presuntivos, de probabilidade e mente do rosto (cloasma gravídico); os seios têm
positivos de gravidez. a aréola escurecida e com seu diâmetro aumentado
e verifica-se o mesmo com os ma- milos; ocorre o
Sinais de uma possível gravidez aparecimento da linha negra no abdome, dividindo-
o ao meio e os órgãos geni- tais externos e região
Sinais Presuntivos: perineal tornam-se apa- rentemente azulados, que
é o sinal de Chad- wick. Esses sintomas ocorrem
• Amenorréia (atraso menstrual maior que devido à grande produção de melanócitos no
14 dias). organismo mater- no.
• Náusea, vômitos, aumento ou diminui-
ção do apetite. ✓ Peso – aumenta de peso após o primeiro
• Enjôos, aversões a odores. trimestre (1,5kg), segundo trimestre (5,0) e ter-
• Desejo de urinar com maior freqüência.

154
ceiro trimestre (4,5kg). Ocorre devido ao au- mento a largura de 4cm a 23 – 24cm. Há uma modifi-
dos órgãos maternos, do tecido adiposo e o cação na consistência no sentido de um amole-
próprio complexo ovular. Por exemplo: aofinal de
uma gestação: criança – 3 kg; liquido amniótico – cimento. O colo permanece sensível e irritável; na
650g; útero – 900g; placenta – 650g, totalizando primípara é fechado e na multípara é encur- vado
5,2 Kg de ganho real. Há con- seqüentemente
alteração da postura e da de- ambulação (marcha com dilatação do orifício cervical externo.
anserina).
▪ Tampão Mucoso: é um muco abundante e
✓ Sistema Cardiovascular – deslocamento
sobre o eixo cardíaco devido à elevação do espesso depositado no canal cervical, que pro-tege
diafragma. Leve diminuição da PA (síndrome da o feto contra ascensão de germes vaginais.
hipotensão supina) devido à compressão mecâ-
nica do útero sobre as veias ilíacas e a cava inferior.
▪ Vagina: coloração mais escura e espessa-
✓ Pressão Venosa – é aumentada cerca de 3 mento da mucosa devido à alterações hormo- nais.
vezes mais nos membros inferiores devido à
compressão das veias abdominais e pélvicas
ocasionando edema, varizes, hemorróidas e ▪ Mamas: hipertrofia devido ao crescimento
lipotímias.
dos condutos lactíferos.
✓ Volemia – acréscimo de 1 a 1,5 litros, sen-do CAPÍTULO VI
maior o aumento relativo do volume do plasma,
sendo que o hematócrito tende a dimi- nuir, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
ocasionando a pseudo “anemia fisiológica da
gestação”. 1- Definição

✓ Sistema Urinário – a compressão exercida A gravidez é um momento especial de toda mulher.


pelo útero sobre os ureteres predispõe as infec- E apesar de não ser uma doença, re-quer cuidados
ções e situações de incontinência urinária. especiais para assegurar-se a saúde da mãe e do
bebê.
✓ Sistema Digestivo – hiperemia e sangra-
mento das gengivas devido à hipovitaminose C. O pré-natal é a assistência prestada à gestante
Náuseas, vômitos e constipação devido à dimi- com vistas a atender às suas necessidades,
nuição do tônus e da motilidade gástrica e intes- obtendo melhores efeitos sobre a saúde da mãe
tinal. Sialorréia e aumento da fome (polifagia) e e do filho.
da sede (polidipsia).
Quanto antes o pré-natal tiver início mais rápido
✓ Sistema Respiratório – certo grau de hi- poderão ser detectadas doenças e prevenidas
perventilação devido ao aumento do consumo de as complicações da gestação ou do parto.
oxigênio.
Cada profissional de saúde tem um papel espe-
✓ Ossos e Articulações – poderá ocorrer cífico na realização da assistência pré-natal e
insuficiência de cálcio. compete ao Auxiliar de Enfermagem:

✓ Sistema Nervoso – maior sensibilidade, ❖ Orientar as mulheres e suas famílias sobrea


modificações de personalidade dentre outras. importância do pré-natal e da amamenta- ção.
Labilidade de humor.
❖ Preencher corretamente o cartão da gestan- te,
não deixando campos em branco e ori- entar à
Modificações Gravídicas no Aparelho Re- grávida da importância do zelo como cartão
produtor e de leva-lo sempre consigo como documento
dos procedimentos realizados em seu pré-
▪ Útero: aumenta seu volume em até 24 ve- zes natal.

e sua capacidade fica 500 vezes maior. O peso que ❖ Verificar o peso e a pressão arterial e anotar
normalmente é de 60g pode chegar a 1000g; a os dados no cartão da gestante.
altura passa de 7cm para 32 a 35cm e

155
❖ Fornecer medicação, mediante receita mé- Entre os grupos educativos, tem-se:
dica ou medicamentos padronizados para o
programa. ✓ Grupo de sala de Espera: feito no momen-
to em que a mulher espera por algum aten-
❖ Aplicar a vacina anti-tetânica. dimento.
✓ Grupo com Temas: feito com horário mar-
❖ Participar das atividades educativas
cado e temas definidos. Entre os principais
temas abordados estão:
De um modo didático a gravidez é dividida em
trimestres para melhor acompanhamento das ▪ Fisiologia feminina.
alterações ocorridas da seguinte forma: ▪ Desenvolvimento fetal.
▪ Mudanças corporais e emocionais na gesta-
❖ Abaixo de 13 semanas – 1º trimestre. ção.
▪ Visão geral do trabalho de parto.
❖ Entre 14 e 27 semanas – 2º trimestre. ▪ Pós-parto.
▪ Amamentação.
❖ Acima de 28 semanas – 3º trimestre
Calendário de Consultas
2- O que o Acompanhamento do Pré- natal
Inclui A gestante deverá ter, pelo menos, 6 consultas:
podendo ser três consultas com o enfermeiro e três
• Consultas médicas regulares durante toda a consultas com o médico, seguindo o se- guinte
gestação. calendário:

• O cartão da gestante que contém todas as 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª


informações sobre sua gravidez.
Consulta Consulta Consulta Consulta Consulta Consulta
• Reuniões de grupos de gestantes, onde são
discutidos problemas e esclarecidas as dú- Médico Enfermei- Médico Enfermei- Enfermei- Médico
vidas sobre gravidez, parto, cuidados com o ro ro ro
bebê e planejamento familiar.

• A realização de exames laboratoriais e se A gestante terá consulta mensal até a 32ª se-
necessário, tratamento das enfermidades. mana; quinzenal até 36ª semana; semanal até o
parto. A gestante não tem alta do pré-natal.
• Vacinação contra o tétano acidental e pre-
venção do tétano neonatal. 4- Procedimentos

• Orientação sobre direitos da gestante. Cálculo de Idade Gestacional

• Orientações sobre o câncer do colo uterino. Quando a data da última menstruação (DUM) é
conhecida, conta-se o número de semanas a partir
3- Práticas Educativas do 1° dia da última menstruação até a data da
consulta.
Durante a gravidez o corpo da mulher passa por
diversas modificações. Os objetivos básicos da Quando a data da última menstruação é desco-
educação em saúde dirigida à gestante são nhecida, mas se conhece o período do mês em
orientar, informar e trabalhar as ansiedades da que ela ocorreu: se o período for no início ou nos
gestante. meados ou no final do mês, considera como DUM
os dias 5,15,e 25, respectivamente.
A prática educativa é feita individualmente e/ou
em grupos. Quando não se conhece nem o mês da última
menstruação, proceder exame físico com a de-
Os grupos educativos são coordenados por um terminação da altura de fundo uterino ( AFU ).
membro da equipe de saúde e têm como objeti-
vos elaborar um programa de trabalho que su- A partir da 20ª semana existe uma relação a-
pere as necessidades, desejos e expectativas proximada entre as semanas da gestação e a
das gestantes. medida da altura uterina.

156
❖ ZONA B: GESTANTE NORMONUTRIDA.
5. Altura Uterina
❖ ZONA C: GESTANTE OBESA.
A altura do útero aumenta 4cm por mês a partir
do 4° mês. Deve-se ter o cuidado de reconhecer Deve-se também orientar as gestantes comrelação
a resistência óssea da borda pública sem com- às dietas aconselháveis no período gestacional,
primir o fundo uterino. A sínfise púbica é o ponto ressaltando-se a importância do acompanhamento
zero para medida da altura uterina. por nutricionista das gestan- tes zona A ou zona
C, bem como das grávidas com doença de base,
Cerca de 15 dias do parto, a cabeça fetal desce como hipertensão arterial, diabetes, anemia e
e fixa-se, acarretando diminuição da altura do outras.
fundo uterino; este fenômeno é conhecido por
aclaramento. Técnica de Medida:

OBJETIVOS DA MEDIDA DA AFU: Deve-se aferir o peso em todas as consultas pré-


natais, com a gestante usando roupa leve e
• Identificar o crescimento normal do feto e descalça. Recomenda-se a utilização de balan-
detectar seus desvios. ça com pesos, pois podem ser calibradas regu-
larmente.
• Diagnosticar as causas do desvio de cresci-
mento fetal encontrado e orientar oportuna- A estatura deverá ser medida na primeira con-
mente para as condutas adequadas a cada caso. sulta. A gestante deverá estar em pé, descalça,
6. Cálculo da Data Provável do Parto – DPP com os calcanhares juntos o mais próximo pos-
sível da haste vertical da balança, erguida, com
os ombros para trás e olhando para frente.
Mediante a utilização de um calendário ou dis-
cograma, calcula-se a data provável do parto
➢ Outros Cuidados Básicos
levando-se em consideração a duração médiada
gestação normal (280 dias ou 40 semanas a partir
Controle da Pressão Arterial: com o objetivo
da DUM).
principal de prevenir a hipertensão arterial, que
é o fator desencadeante da pré-eclampsia e
Outra forma de cálculo é utilizar a regra de Na-
eclampsia. Considera-se hipertensão arterial
egele :
sistêmica na gestação:
a) Para determinar o dia, soma-se 7 ao dia da
• O aumento de 30 mmHg ou mais na pressão
DUM
sistólica ( máxima ) e/ou de 15 mmHg ou mais na
b) Para determinação do mês, até o mês de março
pressão diastólica ( mínima ), em relação aos
somam-se nove; a partir do mês de abril
níveis tensionais previamente conhecidos.
diminuem-se três.
• A observação de níveis tensionais iguais ou
7. Avaliação do Estado Nutricional :
maiores que 140 mmHg de pressão sistólica,
e iguais ou maiores que 90 mmHg de pressão
O objetivo principal é identificar os casos de risco.
diastólica.
As gestantes que estão abaixo do peso ideal
possuem maiores riscos de desnutrição para a
➢ Os níveis tensionais alterados devem ser
mãe e feto. Já as obesas correm riscosde várias
confirmados em, pelo menos, duas medi- das,
complicações, como a toxemia graví- dica e o
com a gestante em repouso.
diabetes gestacional.
➢ Mantendo-se a hipertensão a gestante de- verá
Em média o ganho ponderal de uma gestante
ser encaminhada a consulta médica e orientada
de baixo risco é de 10-12Kg em toda a gravidez.
pela equipe de Enfermagem a:
O ganho de peso deve ser acompanhado visan-do
prevenir complicações, como as já citadas.
✓ Diminuir as quantidades de sal ingeridas
nas refeições.
O estado nutricional da gestante é avaliado com
o instrumento do NOMOGRAMA e a gestante é ✓ Abandonar o álcool e o fumo.
diagnosticada como:
✓ Realizar prática desportiva de baixo impac-
to. (caminhadas, hidroginástica, natação)
❖ ZONA A: GESTANTE DESNUTRIDA.

157
✓ Realizar o controle da PA verificando-a pe- transmitida ao feto por via transplacentária
riodicamente. quando a gestante contaminada não é trata-da,
daí a importância deste exame pré-natal e há
Verificação da Presença de Edemas: Com o tratamento eficaz na gravidez a fim de pro- teger
objetivo de detectar precocemente a ocorrência o concepto.
de edema patológico. Marca-se da seguinte • Sorologia para Toxoplasmose: A gestante
maneira: contaminada por toxoplasmose transmite ao
feto a doença e este pode desenvolver mal
→ (-) ausência de edema; formação de caráter infeccioso. No entanto com
→ (+) edema de tornozelo; a realização do exame tem-se condição de
tratar a gestante reagente e poupar o feto.
→ (++) edema de membros inferiores (pernas);
• Sorologia para rubéola: objetiva a detecção da
→ (+++) edema generalizado que já se mani- rubéola.
festa pela manhã.
• Hemograma completo: O principal objetivo do
hemograma é a dosagem de hemoglobina a fim
de se detectar a presença/ausência de anemia.
• Glicemia em jejum: Exame fundamental no
rastreamento da diabetes gestacional.
• Sorologia para detecção da AIDS: A gestante
soropositiva transmiti o vírus ao feto através
da placenta, no momento do parto ou no alei-
tamento. Se a sorologia anti-HIV for realizada
Ausculta dos Batimentos Cárdio-Fetais: A e conseqüentemente houver a detecção pre- coce
verificação do BCF(s) tem como objetivo consta- tar da positividade e tratamento precoce di- minui
a cada consulta a presença, ritmo, freqüên-cia e a para 2% as chances de contaminação fetal.
normalidade dos batimentos cardiofetais. Os
BCF(s) são verificados a partir da 20ª a 21ª semana Excluindo-se a tipagem sanguínea todos os demais
de gestação com o auxílio do estetos- cópio de exames devem ser colhidos trimestral- mente na
Pinard ou a partir da 12ª semana como auxílio gravidez.
do sonar. Os valores normais de fre- qüência
cardíaca fetal estão entre 120 a 160 bpm. Exames Complementares: Colpocitologia on-
cótica ( Papanicolau ou preventivo) e Ultra-
Exames Laboratoriais e Complementares: sonografia , entre outros necessários .
Alguns exames são rotinas no Pré-Natal, ou seja,
devem ser solicitados para todas as ges- tantes a Imunização: A imunização da gestante visa sua
fim de detectar potenciais problemas que proteção ao tétano acidental e a proteção ao feto
imponham risco à gravidez e ao feto. São: do tétano neonatal. O calendário de vacinas é
diferente dependendo do caso da grávida que deve
• Exame Sumário de Urina: tem como principal ser vacinada. A segurança da equipe de
objetivo identificar precocemente infecção uri- Enfermagem, especialmente do técnico de En-
nária. fermagem, que é o aplicador da vacina, é fun-
damental para que a gestante seja corretamente
• Exame Parasitológico de Fezes ( EPF ): Em-bora vacinada e imunizada desta doença prevenível.
ainda presente no último manual de con- dutas Segue o calendário de vacinação.
do Ministério da Saúde sua indicação é
questionada por vários autores visto que a Vacinação da Gestante
grávida não pode ser medicada nas diferentes
verminoses devido ao risco de teratogenicida- Prevenção do Tétano
de das medicações de escolha.
• Tipagem sangüínea e fator RH: visa identificar Tem por objetivo prevenir o tétano neonatal e a
o tipo sanguíneo materno a fim de checar ris- cos proteção da gestante contra o tétano acidental.
de incompatibilidade sanguínea com o fe-to. A vacina utilizada preferencialmente é a dupla do
tipo adulto (dT), ou, na falta desta, a toxóide
• Sorologia para sífilis ( VDRL ): A sífilis é uma tetânico (TT). A vacinação deve ser iniciada o
doença sexualmente transmissível que é

158
mais precocemente possível para se garantir a • Pré-eclâmpsia e eclâmpsia.
produção de anticorpos no organismo materno.
• Hipertensão.
Se a gestante tiver sido corretamente imunizada na • Diabetes.
infância com a DTP e realizado os reforços com dT
• Doenças infecciosas.
de 10/10 anos como é preconizado, deve se
verificar se está imunizada ou se rece- berá apenas
9. Principais Queixas na Gestação Normal
o reforço da vacina na gravidez. Se a grávida
desconhece seu esquema vacinal é candidata a
receber 03 doses com intervalo de2/2 meses para • Náuseas, vômitos e tonturas.
ser realmente imunizada, mas algumas regras • Pirose (Azia).
devem ser seguidas:
• Sialorréia.
• Prazo máximo para aplicar 2ª dose, até 20 dias • Fraquezas e desmaios.
antes da data provável do parto. A 3ª do- se
• Dor abdominal, cólicas, flatulência e obsti-
deverá ser realizada após o parto. Neste caso
pação intestinal.
não há garantia de imunidade.
• Contrações (endurecimento da barriga).
• Reforços de 10 em 10 anos, antecipar a dose
de reforço se ocorrer nova gravidez após 5 • Hemorróidas.
anos depois da aplicação da última dose.
• Corrimento vaginal.
• Efeitos adversos mais comuns: dor, calor,
• Dispaurenia.
eritema, endurecimento local e febre.
• Queixas Urinárias : Disúria e Polaciúria.
• Contra-indicações: reação anafilática após
aplicação de dose anterior, é muito rara. • Falta de ar e dificuldade para respirar.
• Intervalo mínimo entre as doses: 30 dias.
• Dor e sensibilidade mamária.
8. Alguns Fatores de Risco na Gravidez
• Lombalgia.
A gravidez não é doença, mas dependendo das
• Cefaléia (Frontal e Occipital).
condições da mulher que engravida, do contexto
sócio-econômico em que ela está inserida, bem • Gengivorragia.
como das condições da própria gravidez muitas
• Varizes.
vezes a gestação transcorre numa situação derisco
para a mulher e para o concepto. • Dor e edema em MMII.
Entre os muitos fatores de risco que podem • Cãibras.
enquadrar a mulher num programa de Assistên- cia • Cloasma gravídico.
de Alto Risco temos:
• Estrias.
• Idade menor que 17 e maior que 35 anos. • Distúrbios do Sono (Insônia ou Sonolência).
• Ocupação: esforço físico, carga horária,
rotatividade de horário, exposição a agentes
físicos, químicos ou biológicos, estresse. CAPÍTULO VII

• Situação conjugal insegura. ADMISSÃO DA PARTURIENTE


• Baixa escolaridade (menos de 5 anos ).
❖ Cuidados Primários com a Parturiente
• Condições ambientais desfavoráveis.
• Altura menor que 1,45m. Quando a mulher entra em trabalho de parto
(parturiente), ela necessariamente deve ser
• Peso menor que 45 Kg e maior que 75Kg. avaliada por um profissional médico. Nessa consulta
• Dependência de drogas lícitas e ilícitas. é de extrema importância que a ges-tante tenha
consigo o cartão do pré-natal que contém os fatos
• Abortamento habitual. importantes referentes à gesta- ção.
• Nuliparidade e multiparidade.
• Intervalo interpartal menor que 2 anos e
maior que 5 anos.

159
Nesse momento, faz-se uma anamnese comple- ta;
investiga-se a DUM (data da última menstru- ação),
DPP (data provável de parto), IG (idade
gestacional); intercorrências, tais como perda de
líquido amniótico, edema, entre outros.

O exame físico é essencial, é feita a verificação


dos sinais vitais, medida da altura de fundo do
útero, verificação da dinâmica uterina, verifican- do
a frequência e intensidade das contrações (caso já
existam); ausculta fetal e palpação ab- dominal a
fim de perceber os contornos fetais.

❖ Avaliações Prévias ao Trabalho de Parto

• Pesquisa do dorso e dos membros fetais, o


plano mais liso e duro corresponde ao dorso
e é o local para ausculta do BCF.
• Ausculta dos BCF (avaliar as condições
fetais).
• Toque vaginal para confirmar a apresenta-
ção.
• Avaliação do estado do colo uterino (amole-
cimento, dilatação e apagamento).
• Avaliar o estado das membranas (íntegras
ou rotas).

❖ Relação Útero –Feto


CAPÍTULO VIII
• Situação: é a relação mantida entre o maior
eixo fetal e o eixo uterino. Pode ser longitu- ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PARTO
dinal, transversa e até mesmo obliqua. A mais
fisiológica é a longitudinal.
1. PARTO NORMAL
• Apresentação: é a parte fetal que o primei-
ro ocupa o estreito superior da pelve.

Pode ser:

• Cefálica – cabeça; o ponto de referência mais


comumente encontrado é o occiptal.

• Pélvica – nádegas e membros inferiores. Diz-


se completa a apresentação de náde- gas e
membros inferiores e incompletos quando só
um membro se apresenta.

• Acronial ou Transversa – são as apresen-


tações de flanco e dorso, onde qualquer parte
pode se apresentar. Conceituação
Parto é fase resolutiva do ciclo gravídico, visto que
consiste na expulsão ou extração do feto e seus
anexos do organismo materno.
A duração do parto é em média de 15 horas na
primípara e de 10 horas na multípara, sendo o
período expulsivo de uma hora para aquela e

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de trinta minutos para esta. Considera-se pro-
longado o período expulsivo de mais de uma hora. Deve-se comunicar imediatamente o médico nos
casos de: alteração das contrações uteri- nas,
Sinais de parto Alteração dos batimentos cárdio-fetais,
hemorragias vaginas, eliminação de líquido
São constituídos pelas contrações uterinas (re-
aminiótico meconial.
gulares), dilatação do colo uterino, eliminação do
muco cervical ou tampão mucoso e ocasio-
Em seguida, deve-se encaminhar a parturiente
nalmente rompimento de bolsa d’água .
juntamente com o prontuário ao centro obstétri- co,
Sendo diagnosticado trabalho de parto, a paci- conforme orientação médica.
ente será hospitalizada, preparada e encami-
nhada ao pré parto. Faz-se anamnese (históriada
paciente) e um exame físico. ✓ EXPULSÃO

Preparo para trabalho de parto Inicia-se com dilatação completa em que o perí- neo
é distendido a cada contração, terminando com a
• Tricotomia: Caso não exista uma rotina na expulsão do feto.
clinica quanto a região a ser tricotomizada,
segue-se orientações médicas, pois existem O parteiro faz a assepsia das suas mãos. É feita
divergências entre autores. Caso seja opta- do a assepsia da paciente e esta é colocada na posição
por fazer, introduz-se na entrada da va- gina obstétrica ou ginecológica.
um tampão de gaze esterilizada afim de evitar
penetração de solução e até mes- mo de pêlos. Segue-se a anestesia local e a episiotomia (in- cisão
• Lavagem intestinal: Será ou não realizada que abrange a pele, os tecidos subjacen-tes, as
conforme a prescrição. Quando a parturien- fáscias superficiais e profundas do perí- neo).
te estiver no período expulsivo não será fei-
to. Recomenda-se a parturiente que faça força como
se fosse evacuar para ajudar na expulsão.
• Higienização corporal: Será feita quando a
paciente apresentá-la deficiente e o seu es- ✓ DEQUITAÇÃO OU SECUNDAMENTO OU
tado permitir. FASE PLACENTÁRIA

Após esses passos, a parturiente deverá ser Segue-se à expulsão do feto indo até a expul- são
encaminhada ao pré-parto e os familiares orien- da placenta e membranas. Ao se deslocar a
tados conforme a rotina da clínica. placenta, nota-se, através do intróito vaginal, a
eliminação de um pequeno jato de sangue.
Períodos clínicos de parto
Terminado o deslocamento, pratica-se massa-
✓ DILATAÇÃO gem uterina para facilitar a expulsão da placenta
que é feita através do canal de parto. faz-se toda
Considerado o 1º período de parto, é normal-mente a anotação no prontuário.
o mais longo.
Em seguida é feita episorrafia e a parturiente é
Deve-se proporcionar um conforto moral e um levada a enfermaria enquanto fazem-se os pri-
ambiente tranqüilo a paciente nesse período. A meiros cuidados com o bebê (identificar de ime-
dieta é liquida (com exceção do leite). Se ne- diatos mãe e filho).
cessário, para hidratar a parturiente, recorre-sea
solução de glicose 5% conforme orientação médica.
2. PARTO CESÁRIO
Enquanto a bolsa estiver intacta, não há
inconveniente que a parturiente ande. Depois será
melhor que fique acamada.

A verificação e anotações dos sinais vitais são


imprescindíveis, assim como o controle das
secreções vaginais. Anotar a hora do rompimen-
to da bolsa (caso haja) e observar aspecto do
liquido e manter observação constante junto a
paciente.

161
da 42ª semanas de gestação
Denomina-se cesariana a intervenção cirúrgica
que consiste em uma incisão na parede abdo- minal
CAPÍTULO IX
e uterina da grávida e conseqüente libera- ção do
feto.
COMPLICAÇÕES MAIS COMUNS NAGRAVI-
É indicado quando o parto normal é impossível ou DEZ
contra indicado (ex. sofrimento fetal agudo,
1- Aborto
distociais, fracasso da indução, entre outros). A
rotina é semelhante a rotina cirúrgica.
É a interrupção da gravidez antes da viabilidade
3. FÓRCEPS fetal (menos de 20 semanas).

Causas:

► Anomalias da gravidez, no desenvolvimento


inicial do ovo ou de anexos fetais.
► Má formação congênita, presença de tumo- res
maternos, causas infecciosas, traumáti- cas,
distúrbiospsíquicos.

► Drogas, alcoolismo e tabagismo.

Tipos:

► Espontâneo: acontece sem qualquer inter-


ferência externa, é aquele que ocorre sem
qualquer instrumentação.
► Provocado ou induzido: é aquele feito por
É um instrumento aplicado sobre a cabeça do razões médicas ou eletivas. Ocorre em de-
feto para tracioná-la, conduzi-la através do ca- corrência da destruição (por meio de suc- ção,
nal de parto. Sua aplicação está reservada aos injeção de substância tóxicas na cavi- dade
obstetras e o seu uso é bem criterioso devido aos uterina, curetagem, etc.) do ovo sadio e
riscos de complicações fetais e maternas. normalmente implantado, ou do embri-

✓ arto pós-termo – ocorre depois


✓ Distorcias: constituem o conjunto de difi- ão/feto.
culdades ao trabalho de parto: ► Terapêutica: são aqueles feitos para salva-
guardar a vida ou a saúde da mãe ou em casos
• Distorcia de trajeto: causada por defeitos da
de estupro.
bacia materna, tumores, anormalidades do
colo, vagina ou vulva.
Classificação do aborto espontâneo:
• Distorcia do motor (força): ocorre quando as
contrações uterinas fogem da normalida- de, • Ameaça de abortamento – É definida co- mo
podendo ser em relação à freqüência ou ao qualquer hemorragia ou cólica uterina que
tono muscular. ocorre nas primeiras 20 semanas de gestação.
• Distorcia fetal: surge em decorrência da má Nesse caso, existe a possibilida- de da
formação fetal ou variedade da apresen- tação gravidez prosseguir (70 a 80%).
fetal.
• É essencial o apoio psicológico, repouso no leito
Classificação do Parto em Relação ao Tempo e uso de medicamentos prescritos.
de Gestação
• Aborto iminente – Existe ainda a possibili-
✓ Parto pré-termo – ocorre da 28ª semana dade da gestação prosseguir, porém em
de gestação a 36ª semana e 6 dias. menores porcentagens (20 a 30%).
• Aborto inevitável – A gravidez neste caso,
✓ Parto a termo – ocorre entre 37ª a 41ª se- já não tem a possibilidade de prosseguir.
manas e seis dias de gestação.

162
• Aborto em evolução – O ovo/embrião/feto já
se desprendeu, mas ainda não foi expul-so. Causas:
• Aborto incompleto – Se parte do produto da
Atraso na concepção do óvulo, interrupção ou
concepção é eliminado, ou as membra-nas
retardamento na migração do ovo, seqüelas de
estão rompidas. O tratamento depende do
salpingites, anomalias tubárias.
sangramento.
• Aborto completo – Se todo o produto da Sinais e sintomas:
concepção foi eliminado e o útero contraídoao
seu tamanho normal. O tratamento cons- ta de Discreto sangramento, dor e cólica, presença de
repouso e observação do sangramen- to. todos os sinais e sintomas do início da gravidez,
ruptura seguida de dor forte, mais tardiamente
• Aborto séptico – Desenvolve-se quando o
sinais de choque.
conteúdo uterino torna-se infectado antes,
durante ou após um aborto. O tratamento
Tratamento:
consta da remoção do foco infectado, de an-
tibioticoterapia e acompanhamento da re-
O tratamento é cirúrgico e todo o esforço deve ser
posta orgânica do tratamento.
feito para manter as estruturas maternas. Deve-se
dar apoio psicológico e cuidados seme- lhantes aos
Complicações:
prestados aos pacientes cirúrgicos.
• Tétano, lesões vaginais, perfuração uterina,
3. Hiperemese Gravídica
intoxicação, septicemia e óbito.
Náuseas e vômitos malignos, numa gravidade
Seqüelas
tal que a gestante torna-se desidratada.
• Esterilidade, gravidez ectópica, distúrbios
Causa:
menstruais, psicose (idéia de culpa) entre
outros.
Permanece obscura; tem sido atribuída a fato-res
2. Gravidez Ectópica
alérgicos, a reflexos endócrinos.
É a implantação do ovo em outro local que não
Sinais e sintomas:
o endométrio ou a cavidade endometrial.
Náuseas e vômitos persistentes, epigastralgia,
soluços, sede intensa, perda de peso, desidra-tação
e deficiência nutricional.

Complicações:

Nas formas médias ocorre depleção de água e


eletrólitos com perda ponderada de cerca de 4%.
Já nas formas graves pode ocorrer desidra- tação
intensa, apatia, coma, podendo até levar a morte.

Tratamento:

Pode ser: Hospitalização, repouso, combate à desidrata- ção,


reposição volêmica e balanço hídrico rigo- roso
• Gravidez tubária: quando o ovo se implan-ta (controlar entrada e saída de líquidos).
no tubo uterino.
4. Alterações do Volume do Líquido Amnióti-
• Gravidez ovárica: quando o ovo se implan- co
ta no ovário.
Caracteriza-se pela alteração da quantidade de
• Gravidez abdominal: quando o ovo se líquido amniótico. Próximo ao termo, essa quan-
implanta na cavidade abdominal tidade varia entre 500 a 1700ml.
A mais comum acontece na tuba uterina.
• Polidrâmnio: Aumento excessivo do liquido
amniótico. Em torno de 1500ml, geralmente

163
devido à deglutição fetal. O diagnóstico é feito
através da observação clínica, quando há Depende do grau de deslocamento, perdas
aumento do útero desproporcionalmente à i- sangüíneas e do estágio de trabalho de parto.
dade gestacional. Faz-se a retirada do exces-
so de liquido pela amniocentese. 7. Placenta Prévia

• Oligoidrâmnio: É a redução acentuada na É a inserção ou implantação da placenta no


quantidade de liquido amniótico, o diagnóstico segmento inferior do útero.
antes do parto é raramente determinado. Co- mo
manifestação clínica tem-se um volume uterino
pequeno em relação a idade gestacio- nal.

5. Toxemia Gravídica

Doença hipertensiva específica da gravidez ocorre


após a 4ª semana. Apresenta três sinto- mas
básicos: hipertensão, edema e proteinúria. A
causa é desconhecida.

• Pré-eclâmpsia: Apresenta pressão arterial


elevada, ganho de peso, edema e proteinú-
ria em estágios controláveis (0,5 a 1,0 gra- mas
por litro).

• Eclampsia: Apresenta todos os sintomas


anteriores agravados, acentuando-se pelo
número crescente de convulsões, podendo
chegar ao coma. A morte pode ocorrer de- vido Tipos de Placenta Prévia
à hemorragia cerebral e insuficiência dos
órgãos. 1. Placenta prévia total: A placenta cobre
Tratamento: completamente o orifício cervical.

O ideal é que se tenham ações profiláticas es- 2. Placenta prévia parcial: A placenta cobre
sencialmente no pré-natal. Com o quadro já apenas parte do orifício cervical.
instalado, deve-se haver controle e estabiliza- ção
da PA, controle do peso, dieta hipossódica, repouso 3. Placenta prévia marginal: A placenta atinge
e controle do bem estar fetal. as margens do orifício cervical, não o obstruin- do.

6. Deslocamento Prematuro da Placenta Causas:

Ocorre a separação da placenta, antes da ex- Desconhecida. Mais comum nas multíparas e em
pulsão do feto. Qualquer área de deslocamento mulheres com antecedentes de aborto e/ou
provoca hemorragia. É uma situação séria, res- curetagem.
ponsável por altos índices de óbito fetal e ma-
terno, caso não haja intervenção imediata. Sinais e sintomas:

Causas: Hemorragia sem causa aparente.

Traumatismo sobre o ventre, cordão umbilical Tratamento:


curto, toxemia gravídica e hipertonia uterina.
Hospitalização, controle dos sinais vitais, obser-
Sintomas: vação das perdas sangüíneas e controle labora-
torial freqüente.
Dor abdominal súbita, violenta e duradoura,
hemorragia interna e externa, sinais de choque,
BCF(s) alterados evidenciando sofrimento. CAPÍTULO X

Tratamento: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PUER-


PÉRIO

164
Há certa paresia intestinal. Entre as causas da
Puerpério obstipação tem-se a rápida excreção de líquidos
e a flacidez dos músculos abdominais e perine-
Puerpério ou pós-parto é o período que vai da
ais. A paciente evacua normalmente um a dois
dequitação à volta do organismo materno às
dias após o parto.
condições pré-gravídicas. Este período dura cerca
de 6 a 8 semanas e corresponde à reepi- telização
Aparelho renal:
do endométrio e envolve ainda uma série de
processos involutivos.
Após o parto inicia-se intensa diurese por 4 a 5 dias.
Na primeira semana encontram-se subs- tâncias
Pode ser dividido em:
redutoras na urina: é a lactose.
• Puerpério imediato: primeiras 24 horas.
Parede abdominal:
• Puerpério mediato: até o 10º dia pós-parto.
Pouco a pouco vão recuperando suas funções
• Puerpério tardio: do 11º ao 40º dia pós-
normais, embora nunca adquiram suas primitiva
parto.
firmeza.
Modificações Gerais
Deambulação:
Logo após o parto, a mulher mostra-se esgota-da
pelo trabalho muscular, coberto o rosto de suores, O repouso é importante no pós-parto, porém, a
ritmo respiratório diminuído. O estado reclama paciente deve ser incentivada a movimentar-se
repouso e silêncio. inicialmente no leito e posteriormente fora dele.
Deve-se acompanhar a paciente por ocasiãodas
Calafrios: primeiras saídas do leito.
Cerca de 15 a 24 minutos após a dequitação, ocorre
Útero:
calafrio que dura de 5 a 10 minutos. O- corre devido
à estafa muscular, perda de calori- as entre outros.
Terminado o parto, o útero pesa cerca de 1000
gramas, mede 15 cm de altura por 12 cm de largura
Temperatura:
e 8 a 10 cm de espessura. Tem consis- tência dura
e não é doloroso ao palpar. Ele so-fre processo
Pode subir entre 12 e 24 horas subseqüentes ao
de involução. É importante certifi- car se há
parto. De modo geral, o parto que ocorre pela
manutenção deste globo de seguran- ça e
manhã acarreta elevações térmicas à tar-de. Após acompanhar a involução pela medida da altura de
esse período pré-determinado deve-se atentar o fundo uterino (AFU).
risco de infecções.
Vagina:
Peso:
Readquire gradualmente sua tonicidade habitu- al,
A puérpera perde dois a três quilos na primeira lentamente o edema desaparece e a mucosa vai
semana (lóquios, urina, leite, suor), ou seja, 1/5 do tomando uma coloração rósea.
peso total.
Lóquios:
Aparelho cardiovascular:
As secreções eliminadas pelo útero no pós- parto
têm aspecto sanguinolento e depois sero- so. É
Á tensão arterial cai um pouco com a gestação
importante avaliar as quantidades elimina- das bem
e normaliza-se prontamente nos cinco primeiros
como seu aspecto e odor.
dias do puerpério. As varizes regridem no puer-
pério por efeito da diminuição da pressão veno- sa Mamas:
e alterações hormonais.
Encontram-se turgescentes, dolorosas e secre- tam
Sangue: colostro (líquido amarelado) que o recém- nascido
suga após o parto.
O volume do plasma retorna aos níveis pré- A secreção de leite inicia-se pelo 2º ou 3º dia, é
gravídicos entre 6 a 8 semanas após o parto. o fenômeno da apojadura. As mães devem ser
orientadas a oferecer as mamas ao recém- nascido
Aparelho digestivo: de forma alternada. Deve-se dar espe- cial atenção
pelas possibilidades do apareci- mento de
“rachaduras”. As mamas devem ser

165
inspecionadas diariamente e a paciente incenti- seios e freqüência das mamadas (demanda livre).
vada a amamentar.
Rachaduras e fissuras:
COMPLICAÇÕES NO PUERPÉRIO
São os ferimentos que surgem nos mamilos
decorrentes da sucção. As rachaduras são mais
Hemorragia
superficiais e as fissuras mais profundas.
São todas as perdas sangüíneas aumentadas que
ocorrem no pós-parto. As causas mais co- muns Causas:
são: retenção de restos placentários, lace- rações
Sucção deficiente usa de lubrificantes (pois remove
do canal de parto e/ou perineal, hipoto- nia uterina
células protetoras) assim como o uso de
(o útero não se contrai satisfatoria- mente).
medicamentos tópicos, higiene excessiva, falta de
Os principais sinais e sintomas são: sangramen- to preparo do mamilo no pré-natal.
continuado, hipotensão, taquicardia, involu- ção
uterina deficiente, astenia, palidez cutânea, Sintomas:
confusão mental.
Dor quando a criança suga, feridas de formas
O tratamento depende da causa específica, por variáveis podendo apresentar sangramento e dor
exemplo: curetagem nos casos de retenção localizada.
placentária, sutura das lacerações, entre outros.
Tratamento:
A equipe de enfermagem deve atentar-se para
os valores da pressão arterial e pulso, quantida- de A profilaxia é essencial a fim de se evitar essa
de sangue eliminado, infusões venosas, es- tado complicação devendo-se preparar o mamilo no pré-
geral da paciente, tônus uterino e higieni- zação. natal com massagem para formação do bico,
exposição ao sol e outros. Após a instala- ção do
Ingurgitamento Mamário quadro, manter os mamilos secos, expô- los ao
banho de sol, evitar o uso de medicamen- tos e de
Ocorre pelo congestionamento venoso e linfáti-
bombas de sucção.
co da mama, pela estase láctea em qualquer das
porções do parênquima. Caracteriza-se pelo
Mastite Puerperal:
excesso de produção láctea e/ou pela defi- ciência
no esvaziamento. Consiste na infecção da mama lactante causada
É comum sua ocorrência entre o terceiro e o oitavo pela invasão do tecido mamário por microorga-
dias do puerpério devido à pressão exer- cida pelo nismos patológicos. Ocorre com maior freqüên- cia
leite no sistema canalicular, podendo desaparecer entre o 8º e 12º dias de puerpério.
entre 24 a 48 horas após o seu início.
Causa:
Atribui-se o esvaziamento incompleto da glân- dula
mamária determinada pela sucção deficien- te ou O agente mais comum é o Estafilococos au-reus
pelo desequilíbrio entre a produção e eje- ção da e as formas de acesso variam desde as mãos da
secreção láctea. própria mãe ou das pessoas que lhe prestam
cuidados, da nasofaringe do bebê, que penetram
Quadro Clínico: através das fissuras, e até bactérias normais
presentes nos canais e canalículos.
Seios com volume aumentado, túrgidos e sensí-
veis; a amamentação torna-se difícil e a tempe-
Sintomas:
ratura eleva-se gradativamente a um estado febril.
Pode ocorrer mal-estar geral, cefaléia e calafrios. Presença de edema, calor, rubor, tumoração. Pode
ter calafrios, mal estar geral e aumento da
Tratamento: temperatura.
Uso de sutiã adequado (para que os seios fi- quem
Tratamento:
suspensos sem provocar o garroteamento da rede
venosa). Observa-se se o RN está su- gando bem e Higiene rigorosa, evitar fissura e caso haja in-
se as mamas estão sendo esvazi- adas fecção instalada, tratar conforme conduta médi-
corretamente. Observar pontos doloridos e túrgidos ca.
na mama. Estimular alternância dos
Infecção Puerperal:
São as infecções que se originam no aparelho
genital após o parto recente.

166
A cabeça do RN na proporção corporal equivalea
Causa: 1/3. As fontanelas ou moleiras são palpáveis e
representam espaços de cartilagem que permi-tem
Pode ser atribuída à falta de assepsia na técni-
o acavalamento dos ossos, facilitando a passagem
ca e/ou no instrumento utilizado na incisão ou pode
pelo canal de parto. Normalmente se fecham até os
estar relacionada a qualquer foco infeccio- so
dois anos.
preexistente.
Ocasionalmente pode-se constatar a bolsa se-
Sinais e sintomas:
rossangüinolenta que é um acúmulo de líquido
Febre, calafrios, subinvolução uterina e secre- ção (seroso + sanguinolento) substância que seforma
vaginal fétida. sob a parte fetal que se apresenta em conseqüência
de trabalho de parto prolongado que desaparecem
Tratamento: alguns dias após o parto.
Incentivar a higiene correta e uso de medica-
❖ Face
mentos conforme prescrição médica.
Pode-se ter edema, manchas, as pálpebras
Deiscência de sutura:
edemaciadas, olhos bem fechados. O estrabis- mo
É a abertura de pontos da sutura. Pode ocorrer pode persistir até o 6º mês de vida.
tanto nos pontos superficiais como profundos.
❖ Pele
Deve-se observar diariamente as condições da
ferida e em caso de qualquer alteração comuni- car
Apresenta-se rósea logo após o nascimento e
o médico.
as extremidades são cianóticas. Essa situação é
passageira.
CAPÍTULO XI
❖ Vérnix caseosa
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RE-
Material branco, gorduroso e pegajoso que re-cobre
CÉM-NASCIDO NORMAL
o RN, principalmente as dobras. Não de- ve ser
Definição retirado pois será reabsorvido durante o
aquecimento do bebê e é composto por subs-
• Recém-nascido: Segundo a Organização
tâncias nutritivas como albumina, glicerina, vi-
Mundial de Saúde, o termo recém-nascido
tamina A e ferro.
refere-se à criança que acabou de nascer até
❖ Lanugem
28º dia de vida.
Fina penugem que recobre o corpo fetal a fimde
• Recém-nascido a termo: São crianças protegê-lo do líquido amniótico no qual esta-va
nascidas no período entre 37 semanas e 42 mergulhado desaparece em poucos dias após o
semanas de gravidez e possuindo caracte- nascimento.
rísticas anatômicas e fisiológicas que permi-
tem sua adaptação ao meio externo. ❖ Descamação fisiológica
Ocorre devido à passagem do meio líquido para
• Recém-nascido pré-termo ou prematuro:
o gasoso, principalmente nas mãos e nos pés.
São crianças nascidas antes de 37 sema-nas
de gestação.
❖ Mancha mongólica
Características Anatômicas e Fisiológicas do Mancha arroxeada geralmente na região dorso-
RN glútea, devido à miscigenação de raças.

Ao nascer a criança pesa entre 2500g e 4500g, ❖ Aparelho respiratório


medindo normalmente entre 48 e 50 cm. Até o
O RN deve respirar nos primeiros oito segundos
5º dia de vida o RN perde de 10 a 12% do seu peso,
de vida; o choro é uma conseqüência da respi-
o que é denominado de perda fisiológica. Isto se dá
ração. A freqüência respiratória oscila entre 40 a 60
pela eliminação vesical, eliminação do mecônio
mrp.
e perdas de líquido (pela sudorese e escassa
ingestão alimentar).
❖ Aparelho circulatório
❖ Cabeça O pulso estabelece-se após a primeira hora de
vida em 120 e 130 bpm. A pressão arterial osci-

167
la entre 80/40 mm Hg, elevando-se posterior- Mede 5 a 10 cm, de aspecto gelatinoso e trans-
mente para 100/50mm Hg. parente logo após o nascimento. Após alguns dias
torna-se escuro e desidrata-se “mumifican- do” (vai
❖ Aparelho digestivo: secando e endurecendo). No período de7 a 14 dias
de vida o coto deverá cair.
O organismo do RN está preparado para meta-
bolizar o leite materno que é digerido após 1h45min
Cuidados com o RN na Sala de Parto
às 2h de digestão. A capacidade gás- trica do RN
oscila entre 30 a 50ml. O mecônio é um material
➢ Desobstrução das vias aéreas: O bebê
verde – escuro e viscoso que ocupaa luz intestinal
deverá ser colocado em posição de Trende-
e será gradativamente eliminado.
lemburg (cabeça em nível inferior ao restan- te
do corpo); remover as mucosidades e sangue
❖ Aparelho urinário
com gaze esterilizado da boca, narize olhos;
Inicialmente o RN urina pouco. A freqüência realizar aspiração e nasofaringe.
aumenta gradualmente podendo alcançar 60
➢ Avaliação do RN: Observar e anotar o ins-
vezes em 24h. a urina é pálida e transparente.
tante em que o RN chora e respira. Avaliar a
vitalidade do RN através da escala de Apgar
❖ Sistema nervoso
(esforço respiratório, tônus muscular, cor da
São testados vários reflexos em resposta a es- pele e irritabilidade reflexa). Realizar exame
tímulos, como o reflexo de Babiski, de Moro, de corporal.
Busca ou Procura, de Preensão e de Sucção.
➢ Secagem e aquecimento: Completar a
secagem, manter o RN em berço aquecido em
• Em Decúbito Dorsal - O reflexo de moro Trendelemburg e posição lateral (a fim de
é simétrico e rapidamente obtido em res-
eliminar secreções). Verificar constante- mente
posta ao estimulo adequado.
a temperatura do berço e incubadora para se
evitar aquecimentos.
➢ Ligadura do cordão umbilical: A criança
deve permanecer em nível inferior ao da mãe
até o cordão umbilical ser pinçado. De- ve-se
verificar se há sinais de hemorragia e
inspecionar os vasos umbilicais (existência
de duas artérias e uma veia para verificar se
• Reflexos de Preensão Palmar e Plantar há malformações).
presentes.
➢ Contato com a mãe: Assim que for seccio-
nado o cordão umbilical o RN deverá ser
entregue à mãe. O bebê deve ser identifica-do
imediatamente (uso de pulseira na mãe e
filho); colhe-se a impressão digital da mãe e
plantar do filho.
➢ Administração de vitamina K: Dependen- do
da rotina da instituição, ou prescrição médica,
para prevenir a doença hemorrági- ca
neonatal.

• Reflexo de Sucção. ➢ Aplicação de rede ocular: É a aplicação em


todo o RN de nitrato de prata 1% para a
prevenção da oftalmia neonatal.

CAPÍTULO XII

ALEITAMENTO MATERNO

❖ Coto umbilical
167
QUANTO À MAMA:

A) INGURGITAMENTO MAMÁRIO (peitos


muito cheios e dolorosos).

O ingurgitamento mamário consiste em parte no


aumento da quantidade de sangue e fluidos nos
tecidos que suportam a mama (congestão vas-
cular) e de certa quantidade de leite que fica retido
na glândula mamária.
É essencial que até os seis primeiros meses de vida
a criança seja amamentada com leite ma- terno. As Quando isto ocorre, as duas mamas ficam «in-
características do leite humano confe- rem ao bebê chadas» (aumentam de volume, dolorosas,
a composição ideal e incomparável a qualquer quentes, vermelhas, brilhantes e tensas por causa
do edema (líquido) nos tecidos). A mãequeixa-se
outro tipo de leite. Bacteriologica- mente é seguro
de dor principalmente na axila e podeter febre (a
e imunologicamente apresentafatores de proteção
chamada “febre do leite”). "Pode haver diminuição
e de defesa contra infec- ções, especialmente as
da produção de leite".
gastrintestinais.

Os benefícios psicológicos se revestem em igual O inchaço (ingurgitamento) geralmente ocorre


importância, uma vez que através da a- alguns dias (2 a 5) após o nascimento, ou em
mamentação estabelece-se uma profunda rela- ção qualquer época durante a amamentação.
mãe/filho.
Conduta: para evitar o ingurgitamento (in-
Têm-se ainda benefícios para a saúde da mu-lher chaço):
com fenômenos regressivos do puerpério
(involução uterina) que ocorrem mais rápido. A • As mães devem amamentar no sistema de
probabilidade da mulher engravidar diminui e a "sempre à disposição" logo após o parto.
incidência do câncer de mama é menor. • Verificar se a criança mama em boa posi-ção
desde o primeiro dia .
Vantagens: É econômico, supre as necessida- des
nutricionais da criança, previne infecções,
Para tratar o ingurgitamento:
estabelece o relacionamento mãe/filho, serve como
fator de proteção às mulheres.
• Mantenha a criança a amamentar.
Amamentação é um direito garantido por lei • Se a criança não amamentar (sugar) ade-
quadamente, ajude a mãe a retirar o leitepor
expressão manual.
Todas as mães têm o direito de amamentar seus • Aconselhe o uso de um sutiã firme com a
filhos. No trabalho, em casa e até quando estão finalidade de provocar o ingurgitamento me-
privadas de liberdade, elas têm direito a alimentar nos doloroso.
o seu filho no peito. O aleitamento materno é • Indique a utilização de banhos mornos so- bre
também um direito da criança. o seio por 20 minutos, massageando-os e
retirando um pouco de leite logo após pa-ra
Segundo o artigo 9º do Estatuto da Criança e do aliviar a dor.
Adolescente, é dever do governo, das institui- • Mantenha essas condutas até que o ingurgi-
ções e dos empregadores garantirem condições tamento desapareça.
propícias ao aleitamento materno. Existem vá- • Evitar lavar demasiadamente os mamilosapós
rias outras menções na legislação brasileira de cada mamada.
promoção ao aleitamento materno, como o alo-
jamento conjunto em hospitais e as normas para B) FISSURAS DO MAMILO (bico do peito
comercialização e anúncio de produtos como leite rachado):
em pó, mamadeiras e chupetas.
As fissuras do mamilo são provocadas pela má
A íntegra do Estatuto da Criança e do Adoles- posição da criança em relação à mama; do nú- mero
cente e os avanços na legislação sobre o alei- e duração inadequada das mamadas e
tamento materno no Brasil. principalmente da técnica incorreta de sucção.

Dificuldades e problemas mais comuns

168
Conduta: Para evitar a fissura • Estimular as mães a amamentar no sistema
de livre pedido por parte do bebe.
Orientação das mães durante o período pré- natal • Se o bebe não esvaziar a mama, complete com
sobre a preparação da mama e técnicas de aspiração.
amamentação, dando especial realce às estratégias
que devem ser utilizadas para o fortalecimento dos Para tratar a mastite:
tecidos aureolar e mamilar, tais como: banho de
sol nos seios, evitar a fric- ção de toalhas, utilização • Aplique compressas mornas sobre a área
de sutiã de algodão com orifício na região afetada; antes de cada mamada e se for
mamilar, evitar lavar cons- tantemente o mamilo necessário também, nos intervalos, até sen-
após cada mamada (para evitar rasgaduras e tir alívio (5 a 10 min.).
consequentemente a entra-da de micróbios; o • Amamente até esvaziar a mama doente.
próprio leite possui anticor- pos e protege o mamilo • Massageie delicadamente as áreas doentes
contra a entrada de bactérias, responsáveis pelas enquanto estiver a amamentar.
mastites) • Se necessário orientar a mãe para a toma
de analgésico antes de proceder à auto-
Para tratar da fissura aspiração do leite.
• Usar sutiã que sustente bem a base da mama,
• Corrija a posição da mamada e oriente a mãe mas que não a aperte.
na continuação da amamentação. • Se houver demora no início do tratamento,
• Aconselhar a mãe a lavar os mamilos ape- pode formar-se um abscesso mamário, e neste
nas uma vez ao dia. caso, ser necessário suspender a amamentação
• Aconselhar a mãe a expor os mamilos ao ar na mama afetada e então pa-ra a necessidade
e ao sol tanto quanto possível no intervalodas a drenagem. Após a cica- trização, retomar a
mamadas, ou banho de luz com lâmpa- das de amamentação nos dois seios.
40 watts, colocada a um palmo de distância da
mama 10 minutos de cada la- do, 3 vezes por D) DUCTO BLOQUEADO (mama ingurgitada):
dia.
• Aplicar sempre leite materno nos mamilos após Essa situação é provocada pelo esvaziamento
as mamadas, pois isto facilita a cicatri- zação. incompleto de um ou mais canais, neste caso, o leite
• Aconselhar a mãe a mudar a posição de do alvéolo mamário não drena, pois este encontra-
costume, preferencialmente utilizar a posi- se endurecido bloqueando o canal de tal alvéolo.
ção da bola de futebol americano ou do ca- Uma “tumoração” dolorosa forma-se então na
valinho. mama.
• Nos casos graves, dependendo da extensão da
fissura, orientar a mãe a suspender a sucção A causa exata do ducto bloqueado não está
directa ao seio por um período de 24a 48 clarificada, mas pode ser resultado de roupa
horas, aspirar o leite da mama e dá-lona apertada, ou porque a posição da criança, não
colher ou conta-gota. permite a mesma aspirar e sugar com eficiência
aquela parte da mama.
C) MASTITE (inflamação da mama):
Conduta:
A acumulação de leite sem o retirar na sua grande
parte pode facilitar o início da mastite, que é Para evitar o ducto bloqueado:
facilmente diagnosticada; mamas quen- tes,
febre, dor à palpação e por vezes saída depus.
• Orientar as mães durante o período pré- natal
sobre as técnicas de posição e adap- tação da
A mastite é mais freqüente na 2ª e 3ª semanas amamentação.
após do parto. A mãe deverá descansar por mais • Deixar o bebe sugar até ao completo esva-
tempo. Deverá tirar licença do emprego (caso ziamento da mama, e casa tal não ocorra,
esteja trabalhando). Se continuar a traba- lhar a proceder à aspiração manual.
infecção poderá voltar.
Para tratar:
Conduta: para evitar a mastite:
• Auxilie a mãe a melhorar a posição de a-
mamentação.

169
• Mostre à mãe as diferentes posições para infecciosa, mas caso aconteça, o leite de peito deve
amamentar de tal modo que o leite seja reti- ser dado em intervalos curtos.
rado de todos os segmentos da mama.
• Mantenha a criança a mamar frequentemen- Não se deve confundir as fezes semi-líquidas e
te do lado afetado. freqüentes do bebe que mama ao peito com
• Ensine a mãe como massagear delicada- mente diarréia. Estas são as fezes normais do leite
à parte afetada em direção ao mami- lo para materno do peito. Não medicar com remédios e
ajudar a esvaziar aquela parte da mama. nunca tentar mudar o leite, (algumas pessoas
inexperientes atribuem essas evacuações a
QUANTO À MANUTENÇÃO DA AMAMENTA- “alergia” ao leite de peito ou a enterite).
ÇÃO O Médico deve elucidar a mãe, que a criança
alimentada a biberão tem o risco de vir a ter diarréia
Muitas mães suspendem a amamentação pre- 14 a 25 vezes mais que uma criança amamentada
cocemente por não serem orientadas a prevenir ou exclusivamente ao peito.
tratar os problemas que surgem nos primei-ros
dias pós-parto ou pela pressão negativa da B) A OBSTIPAÇÃO ou prisão de ventre:
sociedade contra a amamentação materna ex-
clusiva, especificamente por familiares e vizi- nhos. Nos primeiros dias de vida, o bebe evacua de- pois
de cada mamada, depois o intervalo entre as
Os itens relacionados abaixo, são referido como evacuações vai sendo progressivamente alargado.
obstáculos à amamentação materna, porém é de Alguns bebes têm dificuldade em eva- cuar; fazem
valorizar que a maioria é superável através de força, ficam vermelhos e choram; as fezes são
uma boa orientação e estímulo do profissio- nal de semi-líquidas, coalhadas. Trata- se de uma
saúde experiente e consciente da impor- tância da descordenação recto-anal por imaturidade do
amamentação materna exclusiva. esfíncter anal: o bebe puxa para evacuar mas o
esfíncter anal não abre. É possí- vel ajudar a
A) MITOS: criança a evacuar, efetuando mas- sagens no
abdômen (barriga), flexionando fir- memente as
Leite fraco, leite salgado, pouco leite, arrotar ao suas pernas e coxas sobre o ab- dômen e
estimulando o esfíncter anal (basta introduzir e
seio, a minha família não é boa em leite, etc.,são
retirar em seguida, um supositório de glicerina
relatos freqüentes das mães. Os profissio- nais
ou até mesmo a ponta do termôme- tro "mas com
devem ter conhecimento da filosofia do aleitamento
muito cuidado") não se trata de uma verdadeira
e das estratégias que tranqüilizem as mães,
obstipação, e é um erro indicar alimentos laxantes
promovendo a amamentação materna exclusiva.
como mel, sumo de laranja, etc.
Durante o relato da mãe quanto à existência de
pouco leite ou leite fraco deve-se avaliar os A partir do 2º mês, alguns bebes evacuam em
seguintes pontos: verificar se a curva de cres- intervalos muitos longos (às vezes até a 1 se-
cimento do bebe está ascendente, realizar a mana). Observar se o crescimento da criança é
expressão manual da mama para avaliar a pro- normal, se não ocorre distensão abdominal a-
dução de leite; observar a existência de algum centuada e se as fezes são moles. Neste caso,
problema emocional da mãe que possa interferir considerar normal. Não dar alimentos, laxantes
na produção de leite; reafirmar que não existe leite e remédios; só se a criança se mostrar muito
fraco; recomendar a mão para tentar re- pousar incomodada, auxiliar com supositório de gliceri- na
entre algumas mamadas e beber mais líquidos; e as manobras acima referidas.
observar se a criança molha a fralda vária vezes
ao dia. C) RECÉM-NASCIDO DE BAIXO PESO (RN):

PROBLEMAS RELACIONADOS COM O BEBÉ É possível alimentar praticamente todos os RNde


baixo peso com o leite da própria mãe. Os RN
A) DIARREIA: são capazes de sugar e deglutir a partir de 34
semanas de gestação. Entretanto, podem ser
incapazes de sugar com força suficientepara
Num bebe alimentado com leite materno exclu- ingerir tudo que necessitam até que atin- jam o
sivo, praticamente não ocorre diarréia aguda peso de aproximadamente 1800 gramas.

170
Quando uma criança é prematura, o leite de sua
mãe contém mais proteínas que o leite maduro. Os ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RE-
prematuros precisam de quantidade extra de CÉM-NASCIDO PREMATURO
proteínas. Quando recebem o leite da própria mãe
crescem melhor do que quando recebem leite Características Anatômicas de um Prematu-
maduro de outra mulher. ro

Deve-se alimentar um recém-nascido (RN) de Sabe-se pouco sobre os fatores que desenca- deiam
baixo peso seguindo determinados itens: partos prematuros. Acredita-se que haja relação
com nutrição, raça, idade materna, ge- melaridade
e morbidade perinatal.
→ A mãe deve retirar o leite por expressão
manual, o mais cedo possível após o parto.
O peso do recém-nascido pré-termo (nascido antes
Para manter boa produção retirar depois de
de 37º semana de gestação) varia entre 2500 a 700
cada mamada, isto é, a cada 3 horas; dia e
gramas no mínimo. Geralmente, a perda fisiológica
noite, ou oito vezes em 24 horas.
é maior do que ocorre com o nascido a termo.
→ RN com peso inferior a 1600 g geralmente
necessitam receber a alimentação por son-da Em geral, possuem rosto fundo, nariz achatado,
Nasogástrica. O leite deverá ser introdu- zido olhos salientes, cabeça relativamente grandeem
com uma seringa por gravidade. relação ao corpo, pescoço curto, unhas cur- tas e
→ Quando a criança pesa 1600 g e consegue
flexíveis. A pele é fina, transparente e a-
engolir, a mãe pode dar o leite extraído para vermelhada, devido à escassez do tecido adipo-so
a criança, com uma pequena chávena ou e a superficialidade da rede capilar.
pequeno copo de café.
→ Quando peso 1600 g a criança tambémpode
Possui labilidade térmica devido à escassez do
tentar sugar, e tal permite que aprendaa sugar tecido subcutâneo. A sobrevivência do prematu-ro
e a estimular os reflexos de produ- ção do leite, depende da idade gestacional em que nas-ceu de
ajudando a digestão e desen- volvendo o seu desenvolvimento anátomo-fisiológico e dos
crescimento. cuidados que recebe ao nascer.
→ Ajude a criança a segurar e pegar a mama numa
boa posição. Um recém nascido de baixo peso Características fisiológicas
provavelmente poderá mamar
adequadamente, mais cedo, se a amamen- O sistema imunológico é extremamente imaturo,
tação for realizada numa boa posição desdeo predispondo-o às infecções. É extremamente
início. suscetível ao desenvolvimento da Síndrome da
→ Inicialmente ele mama algumas vezes, des- Angústia Respiratória Aguda (SARA) causadapela
cansa e, então, mama novamente. Não reti- deficiência de sulfactante que leva à atelec- tasia
re o recém nascido da mama enquanto ele progressiva dos alvéolos pulmonares devi- do à
descansa. imaturidade pulmonar.
→ Depois de a criança ter sugado tudo o que pode,
retirar-se então o leite por aspiração ou O prematuro apresenta algumas deficiências
expressão manual, dando uma quantida- de decorrentes da imaturidade, com reflexo desucção
medida desse leite com uma chávena ou e de deglutição débeis e menor capaci- dade
copinho de café. gástrica.
→ Mantenha a criança aquecida, pois os RNde
baixo peso arrefecem facilmente, e es- tando Cuidados com o RN pré-termo
mal aquecidos gastam toda a energia obtida Estabelecimento e manutenção respiratória. Após
através da alimentação tentando manter o a aspiração, se necessário, iniciar oxige- noterapia,
calor de seu organismo, e, portan-to não vai devido ao risco de apnéia.
ganhar tanto peso.
→ Um bom método de aquecimento é a crian-ça Aquecimento
dormir com a mãe no mesmo cobertor ou a
mãe embrulhar o recém nascido dentro da O RN deve ser recebido em campo esterilizadoe
roupa, entre as mamas. levado ao berço aquecido, e em seguida deveser
→ Pese a criança regularmente para obter a certeza colocado na incubadora. Deve-se manter atenção
de que ela está a ganhar peso. rigorosa quanto à temperatura.

Isolamento e profilaxia das infecções


CAPÍTULO XIII

171
O RN deve ser isolado e receber cuidados com Características gerais de uma incubadora
técnicas assépticas.
Possui cúpula de acrílico com orifícios de aces-
Ganho ponderal so ao RN; termômetros para indicar a tempera- tura
interna; sistema de circulação de ar purifi- cado
Deve-se iniciar alimentação com 6 horas de vida
através de um filtro bacteriano; sistema de
e repetir a cada 2 horas. No prematuro com peso
aquecimento; entradas de oxigênio; reservatório
inferior a 1000 gramas a alimentação pa- renteral é
interno para água a fim de prover umidade; col-
normalmente escolhida. Entre 1000 a 1500 gramas,
chão com sistema de fixação em diferentes posições
indica-se a alimentação por SNG. Crianças que
e balança.
reagem e tiverem peso de 1500 a 2000 gramas
devem receber leite materno por mamadeira ou
Limpeza das incubadoras
ainda por colher.
As crianças com 2000 gramas, quando a condi- ções Deverá ser feita diariamente, enquanto a incu-
clínicas permitirem, devem ser levadas ao seio. O badora estiver em uso; É utilizado água e sa-bão.
controle do peso é feito diariamente. A limpeza terminal deverá ser feita a cada sete dias
ou a cada 72 horas quando em uso por crianças
Incubadora portadoras de infecção ou sempre que for utilizada
por uma nova criança. É feita com água, sabão e
soluções desinfetantes.

Fototerapia

Vem sendo usada desde 1958, quando foi ob-


servado que neonatos expostos à luz solar ou à
lâmpadas fluorescentes apresentam diminuição
de icterícia (coloração amarelada da pele, mu-cosa
e escleróticas devido a uma elevação das
concentrações séricas de bilirrubina).

Cuidados com a fototerapia

Alguns recém-nascidos prematuros com cres- • Manter o RN totalmente desnudo, colocarprotetor


cimento lento e lactante pequenos regulam ina- ocular para se evitar lesões na retina.
dequadamente sua temperatura. Assim se faz • Conferir para que a temperatura ambiente seja
necessário controlar a temperatura externa a fim de igual ou superior a 24ºC.
propiciar ambiente adequado ao desenvolvi- mento • Manter o aparelho de fototerapia com 6 lâm-
do RN prematuro. padas com uma distancia de aproximadamen- te
Atualmente existem vários tipos de incubadoras que 50cm do bebê.
podem oferecer além do ambiente termo
controlado, umidade e oxigênio necessários para • Utilizar lâmpadas fluorescentes e/ou luz bran- ca
cada criança em particular. com filamento de tungstênio (o aparelho deve
ter uma proteção de acrílico abaixo das lâmpadas
Entretanto, o controle do funcionamento das para que não ocorram acidentes).
incubadoras e a manutenção da temperatura ideal • Trocar as lâmpadas com 2000 horas de uso ou
devem ser rigorosos para evitar complica- ções e a cada 3 meses.
acidentes. • Deverá ser aumentada a fonte de líquidos do RN
As principais vantagens do uso de incubadoras são: enquanto estiver em fototerapia.
• Controlar a temperatura a cada 4 horas (risco
• Proporcionar um ambiente térmico neutro; de hipertermia).
• Maior facilidade de observação à distância; • Nas laterais do aparelho devem ser colocados
• Atuar como barreira na prevenção de infec- panos brancos para que, refletindo a luz, au-
ções; mente o rendimento.
• Prevenir perdas hídricas excessivas por eva- • Após ter sido colocado em fototerapia não se
poração; deve usar a cor da pele como parâmetro para
• A circulação de oxigênio úmido em seu interi- controle de icterícia.
or. • A fototerapia não deverá ser obstáculo para
amamentação.

172
Recém-Nascido de Alto Risco to às pessoas entre dezoito e vinte e um anos
de idade.
É aquele cuja vida encontra-se ameaçada em
Art 3° - A criança e o adolescente go- zam
decorrência de enfermidade materna, de gravi-dez
de todos os direitos fundamentais inerentes à
patológica. Deve ser assistido em unidade de
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral
observação contínua nas primeiras horas após o
de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou
parto.
por outros, meios, todas as oportuni- dades e
facilidades, a fim de lhes facultar o de-
Deve-se manter uma observação rigorosa, em
senvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
intervalos regulares, de todos os sinais vitais,
social, em condições de liberdade e de dignida-
características físicas, eliminações e qualquer
de.
outra intercorrências tais como vômitos, palidez
cutânea, contrações musculares, entre outros. Art 4° - É dever da família, da comuni-
dade, da sociedade em geral e do Poder Públi-
A seguir, algumas situações patológicas que o RN co assegurar, com absoluta prioridade, a efeti-
de alto risco pode apresentar: vação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,à
• Sofrimento respiratório – É freqüente. Con- profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
siste na alteração respiratória, determinando a respeito, à liberdade e à convivência familiar e
redução de oxigênio. comunitária.
Parágrafo Único - A garantia de priori-dade
• Insuficiência circulatória aguda – Pode compreende:
ocorrer uma hipoperfusão periférica, central e
visceral, deteriorando o estado geral da crian- ça. a) Primazia de receber proteção e socorro em
quaisquer circunstâncias.
• Convulsão – São acessos de contrações b) Precedência do atendimento nos servi- ços
musculares que sobrevêm por crises. Ocor- rem públicos ou de relevância pública;
mais freqüentemente por asfixia, hipogli- cemia
ou hipocalcemia. c) Preferência na formulação e na execu-
ção das políticas sociais públicas;
• Vômito – Ocorre devido a problemas digesti- vos, d) Destinação privilegiada de recursos pú-
hipertensão intracraniana e ainda erros blicos nas áreas relacionadas com a
alimentares.
proteção à infância e à juventude.
• Hemorragia – o RN apresenta grande sus- Art 5° - Nenhuma criança ou adolescen-
ceptibilidade a sangramento por apresentar te será objeto de qualquer forma de negligência,
deficiência em vitamina K e imaturidade hepá- discriminação, exploração, violência, crueldadee
tica.
opressão, punido na forma da lei qualquer
atentado, por ação ou omissão, aos seus direi-tos
UNIDADE II- PEDIATRIA fundamentais.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLES-
Art 6° - Na interpretação desta Lei levar-
CENTE
se-ão em conta os fins sociais e a que ela se dirige,
as exigências do bem comum, os direitos e
LEI N° 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
deveres individuais e coletivos, e a condição
peculiar da criança e do adolescente como pes- soas
TÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES
em desenvolvimento.
PRELIMINARES
TÍTULO II - DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Art 1° - Esta Lei dispõe sobre a proteção
integral à criança e ao adolescente.
CAPÍTULO I - DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
Art 2° - Considera-se criança, para os
efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade Art 7° - A criança e o adolescente têm
incompletos, e adolescente aquela entre doze e direito a proteção à vida e à saúde, mediante a
dezoito anos de idade. efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio
Parágrafo Único - Nos casos expressosem e harmonioso, em condições dignas de existência.
lei, aplica-se excepcionalmente este Estatu-

173
Art 8° - É assegurado à gestante, atra- vés ções para a permanência em tempo integral de
do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e um dos pais ou responsável, nos casos de in-
perinatal. ternação de criança ou adolescente.
§ 1° - A gestante será encaminhada aos Art 13° - Os casos de suspeita ou con-
diferentes níveis de atendimento, segundo crité- firmação de maus-tratos contra criança ou ado-
rios médicos específicos, obedecendo-se aos lescente serão obrigatoriamente comunicados
princípios de regionalização e hierarquização do ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem
Sistema. prejuízo de outras providências legais.
§ 2° - A parturiente será atendida prefe- Art 14° - O Sistema Único de Saúde
rencialmente pelo mesmo médico que a acom- promoverá programas de assistência médica e
panhou na fase pré-natal. odontológica para a prevenção das enfermida- des
§ 3° - Incumbe ao Poder Público propiciar apoio que ordinariamente afetam a população infantil, e
alimentar à gestante e à nutriz que dele necessi- campanhas de educação sanitária para pais,
tem. educadores e alunos.
Art 9° - O Poder Público, as instituições Parágrafo Único - É obrigatória a vaci-
e os empregadores propiciarão condições ade- nação das crianças nos casos recomendados pelas
quadas ao aleitamento materno, inclusive aos autoridades sanitárias.
filhos de mães submetidas a medida privativa
de liberdade. UNIDADE II
Art 10° - Os hospitais e demais estabe-
HISTÓRIA DA PEDIATRIA
lecimentos de atenção à saúde de gestantes,
públicos e particulares, são obrigados a: Após a metade final do século XIX houve
necessidade de maior resolutividade médica, pois
I - manter registro das atividades desen-
os índices de mortalidade infantil estavam muito
volvidas, através de prontuários individuais, pelo
altos, além disto ter uma especilalização agiria
prazo de dezoito anos;
como inibidor da concorrência profissional. A
II - identificar o recém-nascido mediante partir disto surgiu a Pediatria como uma
o registro de sua impressão plantar e digital e especialidade.
da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras
Mas houve certas dificuldades para
formas normatizadas pela autoridade administrativa
institucionalizar e reconhecer a especialidade, para
competente;
tanto os argumentos que foram utilizados é de que
III - proceder a exames visando ao di- para crianças deveria haver uma semiologia e uma
agnóstico e terapêutico de anormalidades no terapêutica voltadas especificamente para crianças.
metabolismo do recém-nascido, bem como prestar
Conforme a ampliação da especialização, os
orientação aos pais;
pediatras foram se unindo em sociedades,e
IV - fornecer declaração de nascimento surgiram em locais tais como São Paulo, Minas
onde constem necessariamente as intercorrên- cias Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do
do parto e do desenvolvimento do neonato Sul. A sociedade do Rio de Janeiro foi fundada
em 1910 e possuia somente 67 sócios, mas era
V - manter alojamento conjunto, possibi- para os residentes no estado do Rio de Janeiro,
litando ao neonato a permanência junto à mãe. somente em 1951 é que se nacionalizou a
Art 11° - É assegurado atendimento sociedade e passou a ser considerada Sociedade
médico à criança e ao adolescente, através do Brasileira de Pediatria.
Sistema Único de Saúde, garantido o acesso Com o aumento da expectativa de vida, o grande
universal e igualitário às ações e serviços para desafio do pediatra é a prevenção de doenças
promoção, proteção e recuperação da saúde. crônicas do adultos e idosos, modificando hábitos
§ 1° - A criança e o adolescente porta- nocivos à saúde futura,os quais se estabelecm
dores de deficiência receberão atendimento nesta faixa etária, tais como obesidade, diabetes,
especializado ateroesclerose, hipertensão arterial,
pneumomatias, entre outras.
§ 2° - Incumbe ao Poder Público forne-cer
gratuitamente àqueles que necessitarem os Puericultura
medicamentos, próteses e outros recursos rela-
tivos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. É a ciência médica que se dedica ao estudo dos
cuidados com o ser humano em
Art 12° - Os estabelecimentos de aten-
dimento à saúde deverão proporcionar condi-

174
desenvolvimento. Mais especificamente com o  Colegas.
acompanhamento do desenvolvimento infantil.
 Sociedade
É tradicionalmente uma subespecialidade da
Pediatria, mas, envolve também ações Pré-
 Contexto Histórico (desenvolvimento e rea-
Natais e mesmo Pré-Concepcionais dedicadas à
lidade social).
prevenção de patologias que se desenvolvem no
feto e afetam a vida do futuro recém-nascido.  Ideologias, leis e justiça.
 Cultura e religião.
UNIDADE III
 Política, economia...
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
 Educação e tecnologia...
Fatores que Influenciam o Desenvolvimento
 Crescimento é o aumento na estrutura do
Para entender o desenvolvimento infantil é ne- corpo, tendo em vista a multiplicação e au-
cessário saber que fatores interferem nesse mento do tamanho das células.
processo. As influências do meio, tanto as do
 Desenvolvimento é o aumento da capaci-
ambiente interno (aspectos biológicos e psicoló- dade do indivíduo na realização de funções
gicos) como as externas (ambiente social), co- cada vez mais complexas.
meçam atuar mesmo antes do nascimento e
continuam durante toda a vida dos indivíduos. Fases iniciais
 Criança: Aspectos Biológicos e Psicológicos
 Crescimento intra-uterino: vai da concepção ao
nascimento, sendo essa fase caracterizada como
 Tendências hereditárias (propensão à de-
de grande intensidade. A altura média de um
terminada doença, inteligência, etc.).
recém-nascido de "tempo certo" é de cerca de 50
 Constituição física (alto, baixo, cor dos o- cm. Ela, normalmente, aumenta 50% no primeiro
lhos, cabelos, etc.). ano de vida (uma criança de 1 ano tem cerca de 75
cm) e vai atingir 1 metro por voltade 4 anos de
 Sexo (menino ou menina). idade.
 Personalidade (introvertido ou extrovertido,
etc.)  A fase intermediária, que é a segunda in- fância
(5 aos 7 anos), representa o período de equilíbrio e
 Família crescimento, pois o peso mantém-se praticamente
estável, enquanto a estatura au- menta de forma
 Nível sócio econômico. moderada.
 Status (profissão dos pais, etc).  A fase acelerada após o primeiro ano de vida
 Religião e cultura. dá-se na fase da adolescência, quando
modificações em diversas partes do organismo
 Casamento e divórcio.
e transformações psicológicas e sociais são de suma
 Forma de comunicação entre pais e filhos, importância para a formação do homem adulto. No
relacionamentos sociais e interpessoais. início dessa fase o crescimento se acelera até
atingir um ponto máximo em tornodos 12 / 13
 Veículos de comunicação – mídia (TV, In-
anos para as meninas e dos 15 a- nos para os
ternet, Jornais, Revistas...).
meninos. Depois, a velocidade do crescimento
declina rapidamente até os vinte anos.
 Escola
O crescimento infantil depende de boa ali-
 Estruturação e Organização (condições e
mentação
relações político-sociais e econômicas, par-
ticular ou pública).
Segundo pesquisa realizada pelo ConselhoNacional
 Ideologia, Filosofia e Religião. de Saúde, 10,5% das crianças com menos de cinco
anos apresentam déficit de altura por idade e
 Proposta pedagogia e Metodologia de Ensi- no.
5,7% de peso por idade. A desnutrição atinge,
 Avaliação da Aprendizagem e Comporta- principalmente, crianças na faixa etária de seis
mento meses a dois anos. Entre as várias substâncias
importantes para o cresci-
 Professores.

175
mento saudável de crianças e adolescentes,
destaca-se a lisina, um aminoácido que o orga- Método de pesagem: Determinar o momento
nismo não produz. habitual do dia em que se realiza a pesagem,
pesar a criança com o mesmo tipo de roupa;
A importância deste aminoácido tentar usar a mesma balança. A balança tipo bebê
com capacidade para 16kg deve ser usa- da para
A Lisina é um aminoácido importante para a crianças de até 2 anos. Tipo “platafor- ma” ou
formação dos ossos graças à sua capacidade de adulta com intervalos na escala de até 100g, deve
aumentar a absorção intestinal de cálcio, bem ser usada para crianças maiores de 2 anos.
como tem papel fundamental na produção de
anticorpos, hormônios e enzimas, na forma- ção do
colágeno e das fibras musculares e na regeneração
dos tecidos. A falta desse aminoá- cido pode causar
anemia, dificuldade de con- centração, retardo no
crescimento, diminuição do apetite e perda de
peso, entre outros distúr- bios.

Como estimular o organismo infantil a pro-


duzir a lisina
Procedimento: Colocar a balança em local

A alimentação é a principal resposta para essa plano; destravar e tarar a balança antes de
pergunta. Arroz, trigo, aveia, centeio e milho - qualquer pesagem; criança menor de 2 anos deve
estar completamente despida; ler o peso da
Idade Peso Estatura Peso Estatura
Meninas Meninas Meninos Meninos
criança em quilos (kg) na escala maior e em gramas
0 meses 3,086 49 3,251 50 (g) na escala menor; anotar o peso na folha do
6 meses 7,237 65 7,845 66 prontuário e registrá-los no gráfico de crescimento.
12 meses 9,435 73 10,120 75 Não esquecer de proteger a ba- lança com fralda
2 anos 12,512 86 12,999 87 ou papel toalha e nunca deixá- la sozinha sobre a
3 anos 14,683 95 14,869 95
balança.
4 anos 16,595 102 16,629 101
5 anos 18,563 108 18,673 107
bases da alimentação em diversas regiões do
Estatura:
mundo - contêm esse aminoácido. Entre outros
alimentos ricos em lisina estão: o queijo, ovos, leite, É a medida fiel do crescimento de uma criança.
batatas, carne vermelha, peixe, leveduras e soja. Ao contrário do peso que pode variar muito e
Cuidados com o crescimento infantil: rapidamente a estatura é uma medida estável e
O acompanhamento do crescimento em peso, regular. Até a idade de dois anos, a criança é
estatura e perímetro cefálico é feito por meio das medida deitada e são necessárias duas pesso- as
para tomar essa medida.
consultas mensais ao médico e da anota- ção em
um gráfico que mostra as curvas res- pectivas. Durante o primeiro ano, a estatura aumenta de 20
a 22cm, a metade no primeiro trimestre.
UNIDADE IV
Infantômetro - Comprimento (0 a 2 anos de
PARÂMETROS E CARACTERÍSTICAS idade)
O infantômetro é um antropômetro horizontal em
Peso: madeira com fita métrica de 100 cm e escala de 1
mm, para medição do comprimento de crianças até
É um excelente indicador das condições de saúde dois anos de idade.
e da nutrição da criança. Suas variações na
infância são rápidas e importantes. As maio- res Há duas placas de madeira acopladas à réguade
informações não são obtidas, porém, com o peso madeira graduada em centímetros formando
de momento preciso, mas na evolução no tempo ângulos de 90º.
(curva de peso), na variação entre duas passagens
sucessivas. Entretanto, o método de pesagem deve Uma delas é fixa (1) onde se encontra a marca zero
ser preciso. e onde será encostada a cabeça da crian- ça. A
outra é móvel (2), ajustável aos pés da criança para
Indicações: Avaliar a situação da nutrição, si-nais permitir a leitura da estatura da criança (3).
de desidratação e sua gravidade.

176
UNIDADE V

PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO DE
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

O Ministério da Saúde propõe o acompanha- mento


do CD por meio de ações de saúde que, dentro de
um calendário mínimo de observa- ções periódicas
façam registro e interpretação das informações e
Perímetro cefálico:
promova assistência contí- nua.
O controle da evolução do perímetro cefálico tem
A população alvo é formada por crianças meno- res
por objetivo detectar uma anomalia cere- bral. Esta
de cinco anos; e este acompanhamento é realizado
pode ser particularmente grave no período de
todas as vezes que a criança compa- recer à
crescimento rápido.
unidade de saúde.
Perímetro cefálico é a medida da circunferência do
A inscrição no programa deverá constar do re-
crânio. O ritmo acelerado do PC é patológi-co.
gistro da criança na Unidade, abertura do pron-
tuário e preenchimento de cartão, que deverá ficar
Para controle verifica-se o tamanho da fontanela
com a mãe.
anterior, a largura das suturas e a consistência dos
ossos do crânio.
O calendário mínimo de atendimento registrará
dados relativos a: 1, 2, 4, 6, 9, 12, 18, 24 me-ses;
3, 4 e 5 anos (pode ser modificado confor- me
rotina da unidade; disponibilidade das famí-lias ou
mudanças na criança como por exemplo patologia
crônica ou aguda).

Atividades realizadas: pesar e medir a criança,


anotar no prontuário e registrar nos gráficos;
consulta clínica, avaliação do crescimento e
desenvolvimento; anotação de intercorrências e
orientação à mãe sobre a saúde da criança.
Método:
Avaliação do crescimento: feita pelo indicador
Aplicar a fita métrica em volta do crânio passan- “peso”. O gráfico utilizado á diferente para cada
do sobre os três pólos proeminentes à bossa sexo e contém duas curvas: a superior (percentil
occipital, atrás; as duas bossas frontais. 90º) e inferior (percentil 10º).
Um simples deslocamento da fita métrica pode
modificar o resultado. Deve ser verificado a cada Acompanhamento do desenvolvimento: tra-
consulta ambulatorial, se ocorrer anorma- lidades, duz integridade e maturação do sistema nervo-
deve ser medido diariamente. so central e interação da criança com seu meio
ambiente.
Valores normais:
UNIDADE VI
Idade PC/ ( cm
A CRIANÇA E SUAS NECESSIDADES
Nascimento 35,0 Há que se considerar as necessidade biológicas
3 meses 40,4 fundamentais que são a fome, a sede, o desejo
6 meses 43, de respirar, urinar, evacuar, dormir, movimentar-
9 meses 45, se ou não e de se sentir em conforto térmico. As
1 ano 46,6 necessidades afetivas são de extrema impor-
1 ano e 6 meses 47,9 tância.
2 anos 48,9
3 anos 49,2 1- Recreação
4 anos 50.4
5 anos 50,8

177
O brinquedo é uma necessidade inata da crian- ça. medos surgem da imitação e identificação dos
Representa a oportunidade para o aprendi- zado e adultos. A criança percebe as inseguranças e
desenvolvimento de suas habilidades. A educação temores dos pais, mesmo quando tentam es-
motora contribui para prevenir defor- mações, condê-los.
corrigir má postura e consolidar as aquisições
Um dos medos mais angustiantes da infância é
motoras da criança.
o temor da perda dos pais. Deve ser permitida a
expressão dos sentimentos negativos, desde cedo
2- Higiene
à criança desenvolve sentimentos ambiva- lentes.
Objetiva a promoção e proteção à saúde e, en- Na fase do pensamento mágico, a crian- ça mistura
quanto ciência refere-se à higiene física, ambi- ental fatos de sua fantasia com os da rea- lidade, o que
e mental. É conveniente desde cedo ensi- nar à é interpretado como mentira.
criança o autocuidado com o corpo, com a saúde e
Às vezes a criança muito castigada aprende a
com a alimentação.
mentir para fugir do castigo. Outras vezes, a-
prende que deve demonstrar sentimentos dife-
3- Vestuário
rentes dos reais para receber aprovação social.
Deve ser escolhida pela facilidade de uso, textu-
ra, peso, caráter lavável e pela condição de que não 6- Controle das eliminações
provoque irritações cutâneas.
Por volta do 18º mês, o sistema nervoso da criança
estará desenvolvido para iniciar o trei- namento de
4- Sono na infância
suas necessidades fisiológicas. Serve como sinal
É considerado um tempo de recuperação e re- para início do controle volun- tário esfincteriano o
construção. Fisiologicamente a estrutura do sono domínio da marcha: correr, mudar de direção, entre
é uma repetição que é composto do ador- outros.
mecimento; sono lento (duração 90 minutos); O atraso de maturação neurológica, doenças
período de sono rápido ou paradoxal de 15 a 20 somáticas ou psicossociais são causas que podem
minutos (é o momento do sonho tem-se dificul- levar ao atraso do desenvolvimento es- fincteriano.
dade de acordar o adormecido); intermediário
(predisposição ao despertar, é o momento de 7- Estimulação ambiental
escolha entre despertar e o novo ciclo).
A necessidade de maior proporção de sono para No primeiro semestre de vida a criança deverá
crianças e adolescentes é explicada pelo fato do receber estímulos visuais, auditivos, táteis e
hormônio do crescimento atingir a se- creção motores. No segundo semestre de vida, introdu-
máxima durante o sono. zem-se objetos de textura, cor, tamanho e pe- sos
variados.
Ritmo e duração do sono:
Para o desenvolvimento adequado é necessário
RN: sono polifásico (não alternância dia/noite) o que a criança tenha oportunidade de fazer sozi- nha
ritmo de adormecer e despertar está ligada à tudo que é capaz. E a cada idade, tem um
sensação de saciedade ou de fome. comportamento esperado:
1º ano: distribuído nos três períodos de acordo com ✓ 12 meses – ajuda a vestir-se, utiliza os de-
a necessidade da criança. dos para levar alimento à boca;
3º e 4º ano: a criança procurará a cama dos pais; ✓ 18 meses – usa colher, inicia o controle
este fato se relaciona com a fase de de- esfincteriano;
senvolvimento cognitivo e afetivo. Duração do sono ✓ 2 anos – pede para satisfazer suas neces-
de acordo com a idade: sidades fisiológicas;
O despertar da criança deve ser espontâneo ou ✓ 3 anos – usa bem a colher, põe sapatos;
quando provocado que o seja nos períodos
intermediários. Quando a necessidade de sono ✓ 5 anos – escova os dentes, penteia os ca-
e repouso não é satisfeita, deve-se investigar suas belos.
causas e detectá-las para corrigi-las.
8 - Curiosidades sexuais
5- Medos e mentiras
Se a criança demonstra curiosidade, deve rece- ber
A criança nasce com capacidade de sentir me-do, as explicações que deseja, corretamente para
demonstrado por uma excitação geral; mas com o evitar confusões de identificação sexual. As
desenvolvimento surgem os medos reais, brincadeiras sexuais entre crianças são for-
relacionados com suas experiências. Alguns

178
mas de satisfazer suas necessidades. A mas- Desmame
turbação, por exemplo, que é um comportamen-
É introdução de qualquer alimento diferente do leite
to normal, é bastante freqüente dos três aos seis
materno. Respeitando o ritmo básico de cada
anos e na adolescência.
criança. Deve-se introduzir alimentos de uma
As informações sobre o desenvolvimento sexu-al, forma gradual (em relação a qualidade, quantidade
devem se dadas progressivamente, à medida que a e consistência); considerar os hábi- tos
criança por manifestando seu interesse e alimentares da família; três a cinco refei- ções ao
curiosidade. As perguntas devem ser respondi-das dia além do leite materno.
com a verdade, em linguagem compreensí- vel,
sem criar mitos ou tabus, e deve ser expli- cado Alimentação relacionada às faixas etárias
apenas o que a criança deseja saber na- quele
 Crianças até o 6º mês: Preferencialmente e
momento.
exclusivamente o leite materno; com exposição ao
sol para suprir a vitamina D, após esta fase iniciar
com suco, papas de fruta e sopinhas, concomitante
UNIDADE VII
com o leite.
ALIMENTAÇÃO  Um ano até 2 anos: Há uma menor ingestão
alimentar e falta de apetite. Deve-se incentivar a
A importância da alimentação para a criança é criança a alimentar-se sozinha, substituir a ma-
maior porque nela o metabolismo é maior e mais madeira pelo copo e o uso dos talheres (garfo e
intenso que no adulto. colher), seguindo as refeições da família, na
seguinte ordem: manhã: leite, lanche, almoço; à
1- Aleitamento materno tarde: lanche, jantar e à noite lanche opcional.
 Entre 2 e 6 anos: Há predomínio do ganho
É a alimentação natural da criança. É um perío- do estatural em relação ao peso, tornando as cri- anças
transitório. As características bioquímicas e aparentemente mais magras. Segue o padrão
imunológicas próprias do leite humano lhe con- alimentar da família.
ferem uma composição ideal e incomparável a
qualquer outro tipo de leite; bacteriano logica- 3 - Alimentações em crianças não amamen-
mente é seguro e imunologicamente apresenta tadas ao seio
fatores de proteção e de defesa contra infec- ções.
Vantagens: É completo do ponto de vista nutri- O leite de vaca é diluído a 2/3 até o 5º mês e a
cional, possui vantagens econômicas e técnicas partir daí, deve ser integral. O leite de cabra é usado
(direto da mama para a criança em temperatura com as mesmas diluições, mas é defici- ente em
e concentrações adequadas); a digestão é mais fácil ácido fólico.
e o aproveitamento é melhor; é de fácil produção e
Introduzir suco de frutas mais cedo e os alimen- tos
está pronto (não precisando de pre- paro); em
sólidos no 4º mês, pois os leites de vaca e cabra
relação à mulher, proporciona maior rapidez na
são deficientes em vitaminas C e D e também em
contração uterina, menor risco de câncer; contribui
ferro.
para espaçar o intervalo das gestações.
O leite artificial não substitui plenamente o leite
Composição: colostro é o leite materno que
humano. Deve-se observar a prescrição quanto
contém células linfóides vivas e funcionais, com
ao tipo de leite, diluição e acréscimos; seguir
capacidade imunológica e de produção de anti-
calendário e as consultas para verificar as con-
corpos. Leite materno: O leite materno possui
dições nutricionais e o desenvolvimento da cri-
carboidratos e glicoproteínas que têm atuação
ança.
no crescimento da flora intestinal; possui lisozi-
Manter condições de higiene é primordial, no caso
ma que possui efeito bactericida direto e indire- to;
do uso de mamadeiras escolher a que melhor se
a lactoferrina que é uma proteína ligada ao ferro,
adapte a criança; após a alimentação posicionar a
possui efeito bacteriostático e ainda a presença de
criança do lado para evitar regurgi- tamento; estar
imunoglobinas (IG) A,G, M e D; há predominância
de IgA, que no tubo digestivo é fator de proteção e atendo a temperatura dos ali- mentos para evitar
de diminuição dos riscos de infecção. queimaduras. É essencial que a família estimule as
crianças quanto à ingestão de frutas, verduras e
carnes.
2- Alimentação artificial

UNIDADE VIII

179
ASSISTÊNCIA À CRIANÇA HOSPITALIZADA Para realizar determinados exames e tratamen-tos
pediátricos é necessário, muitas vezes, res- tringir
1. O Hospital Pediátrico os movimentos do paciente. Nesse caso, embora
sejam utilizadas as mesmas técnicas adotadas com
Hospital pediátrico é a instituição destinada à
pacientes adultos, deve-se agir com mais cautela,
internação de crianças de 0 a 12 anos. As fun- ções
já que a restrição dos movi- mentos pode tornar-se
do hospital pediátrico são principalmente as
para a criança, mais traumática que o próprio
seguintes:
tratamento.
• Prestar assistência às crianças doentes nas
Em face dessa situação, os profissionais de saúde
fases preventiva, curativa e de reabilitação;
devem orientar o paciente a colaborar com o
• Prestar orientação pediátrica para a comu-
tratamento ou solicitar auxílio à mãe ou responsável
nidade;
para conter a criança que ainda não possua
• Servir de campo de ensino referente à área
capacidade de compreensão.
pediátrica;
• Desenvolver pesquisas científicas. Durante o período de internação de uma crian- ça,
devem ser tomados os cuidados necessá-rios
Esse tipo de hospital é planejado de forma a para prevenir acidentes que podem até ser fatais.
atender às necessidades próprias de cada faseda Dentre os cuidados básicos para preven- ção de
infância. O hospital pediátrico é composto acidentes podem-se destacar os seguin-tes:
basicamente pelas seguintes instalações:
• Manipular com cuidado as grades dos ber- ços
• Enfermarias (com o máximo de 8 leitos) ou (na hora de abaixá-las ou levantá-las podemos
quartos; prender braços, pernas e até mesmo a cabeça
• Sala de recreação; da criança);
• Refeitório para os pacientes; • Prender as portas para evitar que as crian- ças
• Refeitório para os funcionários; machuquem os dedos, mãos ou pés ao
• Unidade de isolamento; manuseá-las;
• Instalações sanitárias próprias para crian- • Gradear as janelas devido ao perigo de queda
ças; e traumatismo;
• Instalações sanitárias para os funcionários; • Deixar os medicamentos e os objetos des-
• Rouparia; cartáveis fora do alcance das crianças;
• Lavanderia; • Embalar os vidros com restos de medica-
• Postos de enfermagem; mentos, encaminhando-os para fora da uni-
• Ambulatório (sala de recepção e admissão, dade;
sala de exames e tratamentos, etc.); • Manter os banheiros e pisos rigorosamente
• Cozinha; limpos (nunca encerá-los para não ficarem
• Copas; escorregadios).
• Laboratório;
Qualquer outro fator que possa causar acidente,
• Expurgos;
(como por exemplo, caixas empilhadas que
• Centro de material;
possam cair sobre a criança) deve ser removido
• Centro cirúrgico.
o mais rápido possível.
O hospital pediátrico, além de proporcionar tra-
tamento às crianças, deve oferecer-lhes condi- ções 2 - Internações pediátricas
satisfatórias de repouso porque o sono é Deve-se procurar atender à especificidade da
fundamental à sua recuperação. A equipe de criança, naquilo em que ela é diferente do adul- to.
enfermagem deve tomar providências que pro-
piciem o descanso dos pacientes, tais como: O espaço físico deve respeitar os padrões defi-
nidos para áreas hospitalares mas é imprescin- dível
• Acostumar à criança a dormir nas horas certas; considerar as necessidades de locomoção e
• Fornecer ambiente calmo e silencioso na hora recreação das crianças, outro aspecto impor- tante
de dormir;
é o da segurança, deve-se evitar qualquer fator que
• Evitar emoções violentas, nervosismo, inse- possa causar acidentes ou colocar em risco à
gurança durante o dia e, principalmente, an-
integridade da criança , como por exem- plo
tes de dormir;
escadas, janelas altas sem grade de prote- ção.
• Evitar a assistência de programa de TV com
forte teor emocional; Quanto às regras e rotinas, deve haver certa
• Verificar se a criança está vestida conforta- flexibilidade, sempre que possível, pois as cri-
velmente para dormir, com roupas limpas e
secas e próprias para a estação.

180
anças têm dificuldade de se sujeitarem os es- É de extrema importância que à criança e o
quemas rígidos; além de ser desfavorável ao seu acompanhante sejam bem orientados sobre os
desenvolvimento que ela permaneça limita-da a cuidados domiciliares. Deve-se registrar a saí-da
regras e rotinas inflexíveis. da criança no prontuário assim como em que
condições ocorreram à alta.
O ambiente deve ser bem ventilado e com ilu-
minação adequada; as decorações com temas
6 - Hospitalizações da criança
infantis são primordiais em uma clínica pediátri-
ca. Uma das características próprias da infância é a
de transcorrer através de fases de crescimentoe
Os leitos e demais mobiliário de uso dos pacien- tes
evolutivas, nas quais as crianças elaborando,
devem ser variados quanto ao tamanho e á altura,
diferentemente as relações consigo mesma, com
procurando atender as diversas faixas etárias,
os outros e com o mundo que a cerca.
desde recém-nascidos até adolescen- tes.
Estes aspectos são amplos e profundos e são de
3 - Recursos humanos interesse da equipe, para a prevenção de
ocorrências de agravo durante a hospitalizaçãoda
Para que a criança receba uma assistência in-tegral
criança e/ou atenuá-los caso já tenham se
e de qualidade, é importante que tenha a seu dispor
instalado.
uma equipe multidisciplinar, contem- plando não
só suas necessidades de tratamen- to, como
7 - Características evolutivas da criança e
também as necessidades advindas da fase de
implicações na problemática da hospitaliza- ção
crescimento e desenvolvimento em que se
encontra.
 Recém-nascido e lactente:
A enfermagem assume posição de destaque dentro
da equipe, visto que pela natureza de sem O RN ainda que tenha individualidade demons-
trabalho, permanece mais tempo e mais próxima da trável, sua interação com o ambiente é previa-
criança. mente fisiológica; tem bem desenvolvido a suc- ção,
sensibilidade nos movimentos e sensibili- dade para
Os profissionais da equipe devem levar em con- ta
o som.
as particularidades de cada criança, levando em
conta sua etnia, gênero e classe social. De- ve-se Nesta fase os ruídos fortes são assustadores;
ter gosto pelo trabalho com criança, espí- rito movimentos pouco firmes; privação ou diminui- ção
alegre, delicadeza no trato com a criança e da sucção e do contato corporal causa sen- sação
conhecimentos específicos em pediatria. de desprazer, irritabilidade e carência afetiva.
A sucção torna-se entre 3 e 6 meses, a ativida-
4 - Admissões da criança
de mais gratificadora, pois é através desta ativi-
É a recepção da criança e de seu acompanhan- dade que a criança tem várias sensações rela-
te na unidade de hospitalização com o devido cionadas ao mundo exterior e ao prazer.
registro de entrada. A forma como a criança é
No segundo semestre do 1º ano de vida, a cri- ança
recebida pode repercutir bem ou mal em sua
começa a diferenciar como ser indepen- dente da
adaptação e participação no processo terapêuti-
mãe, esta passa a servir de referência da realidade
co.
externa, de companheira, proteto- ra, contribuindo
para a formação do ego.
A criança e o acompanhante bem recebidos ebem
orientados geralmente têm mais facilidade para A privação materna precoce está relacionada com
aceitar a hospitalização e colaborar com os conseqüências tardias, tais como: depen- dência
procedimentos necessários. excessiva, transtornos do ego, caráter delitivo e
Deve-se receber a criança identificando-se; os estados depressivos do adulto.
apresentar a unidade e a equipe, informar a criança
A idade em que a criança é mais sensível a
e o acompanhante sobre as rotinas da unidade,
separação da mãe é entre 6 meses e 2 anos de
verificar os sinais vitais, realizar exame físico e
vida. E a idade em que a hospitalização provoca
anexar tudo no prontuário.
mais sofrimento para a criança é entre 18 me-
ses e 5 anos.
5 - Altas da criança
A hospitalização do RN e lactente pode inter-
Ocorre quando a criança possui condições de deixar
romper os estágios iniciais do desenvolvimento de
o hospital, em função do alcance dos objetivos do
uma relação saudável mãe/filho, comprome- tendo
tratamento, é a etapa final da inter- nação.
sua ligação. A presença da mãe junto a

181
criança é indispensável para que os laços nãose cada criança respeitando sua maneira de ser;
rompam. procurar conhecer e compreender as reações
esperadas tanto da criança como as da família.
 Pré-escolar:
Evitar restrições, proibições e as padronizaçõesde
As rotinas e os rituais são importantes para sua cuidados; permitir sempre que possível, que traga
segurança. É negativista, egocêntrico; a com- de casa um brinquedo ou objeto importan- te para
preensão das situações está ligada as suas ela. Ensinar e estimular as crianças e os pais ao
percepções imediatas; tem grande atividade autocuidado.
motora. A relação com a mãe é mito intenso.
Jamais mentir para a criança inclusive sobre a dor;
Não teme perigos por isso correm riscos de procurar detectar qualquer problema emo- cional
acidentes. Uma de suas limitações é a incapa- da criança ou da mãe, tentando solucio- ná-lo ou
cidade de situar-se no tempo e dominar concei- tos minimizá-lo o mais rápido possível.
de espaço e distância, com isso não supor-tam ou
suportam mal um pequeno espaço de tempo sem a Os pais da criança hospitalizada
mãe.
Sempre que uma criança fica doente o estresseé
criado e envolve a família como um todo. In-
 Escolar:
dependente da doença esta situação terá im- pacto
É o período em que as crianças obtêm uma grande não apenas na criança, mas também em toda
independência física, psicológica e ideo- lógica. família.
Nesta etapa, passa pelo período de transição do A ansiedade dos pais, como que por contágio se
individualismo para o de participação em gru- pos. transmite à criança, fazendo-a sofrer e con-
Os adultos são menos necessários e refu- gam-se sumindo a energia necessária ao processo de
entre os companheiros. recuperação.
Para o escolar, na hospitalização a diminuição da Tendo em vista estes fatores, a criança hospita-
oportunidade de manter relacionamento como lizada trás consigo uma estrutura familiar que
grupo familiar e pessoas significativas, pode também está envolvida no processo de hospita-
desencadear grande carência afetiva. lização; sendo assim também se faz presente
dentro da assistência de enfermagem.
A hospitalização ameaça a sua integridade físi- ca,
a sua capacidade intelectual (não vai à es- cola);
mantém-se em passividade e ociosidade.
UNIDADE IX
 Adolescente:
CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO
Tem maturidade emocional progressiva, porém
grande instabilidade emocional; seu comporta- O Recém-Nascido Normal
mento é muito imitativo, especialmente em rela-
O ser humano apresenta, ao nascer, certos traços
ção às pessoas que admira.
– físicos e fisiológicos – que são caracte- rísticos do
Mantém esforço para a independência e eman-
que se considera um recém-nascido normal.
cipação dos pais, porém pode-se sentir muito
Características:
ameaçado pelo abandono. Pode ver a doença como
punição por sensações não dominadas.
Aparência física
Assistência psicoemocional da criança hos- Postura
pitalizada e sua família
• Tonicidade flexora aumentada (conservando
atitude fetal);
Deve-se dar carinho e atenção a todas as crian- ças,
• Extremidades são atraídas sobre o tronco;
particularmente às que corre risco de ca- rência
• Controle deficiente da cabeça;
afetiva. Quando a separação da mãe ou pessoa
• Colocado sentado, sua coluna vertebral se
importante for inevitável procurar fazê-la de modo
curva, formando um arco desde os ombros até
gradual; no caso de rejeição da mãe para com a
a bacia.
criança encaminhá-la ao atendimen- to
psicológico. Pele
Colaborar com as mães que estão fisicamente • Rósea ou avermelhada;
cansadas para que este fato não interfira nega- • Fina, suave, coberta com lanugem e um
tivamente na relação com a criança. Prestar pouco de vérnix caseoso;
assistência individualizada, ou seja, atender a • Boa elasticidade e turgor;

182
• Corpo grande em relação ao peso. Peso
• Varia de acordo com a idade gestacional;
Cabeça
• Abaixo de 2500g é considerado recém- nascido
• ¼ do comprimento total do corpo; de baixo peso, podendo ser prema- turo
• Circunferência com limite normal em torno (menos de 37 semanas) ou não;
de 37 cm; • Após o nascimento há uma perda fisiológica de
• A fontanela anterior (bregmática) é macia, peso em virtude da eliminação de urina e
pulsa a cada batida cardíaca; mecônio e do jejum das primeiras horas de
• Ossos flexíveis pouco calcificados, podendo vida. Esta perda é da ordem de 10% e por volta
apresentar céfalo-hematoma; do décimo dia de vida o peso do nas- cimento
• Cabelos finos e macios normalmente im- é novamente atingido.
plantados.
Temperatura
Face
• Centro termo-regulador imaturo, gastando
• Redonda e pequena em relação à cabeça; muita energia para equilibrar a temperatura;
• Expressão facial simétrica; • Reagem às mudanças de temperatura atra-
• Olhos normalmente implantados, de colora- vés de manifestações como tremores e cia-
ção cinza ou azul, ausência de lágrimas, nose.
movimentos descoordenados;
• Orelhas macias de conformação e implanta- Função cardiorespiratória
ção normal.
• Freqüência de 35 a 60 respirações por mi-nuto
(rpm) e de 80 a 100 batimentos cardía- cos por
Pescoço e tórax
minuto (bpm);
• Pescoço curto com várias pregas e mobili-dade • Predominantemente diafragmática, irregular
normal; em sua profundidade, freqüência e ritmo;
• Tórax cilíndrico com circunferência que va-ria • Silenciosa, rápida, superficial, observando-
entre 31 e 35 cm; se movimentos abdominais;
• Mamas normalmente implantadas, podendo • Facilmente alterada por estímulos externos
apresentar nódulos ou tumefação e pseudo e internos.
colostro.
Sistema imunológico
Abdome
• Pouco desenvolvido
• Protuso, circunferência aproximadamente
igual à torácica; Icterícia fisiológica
• Coto umbilical composto por duas artérias e
• Surge após as primeiras 48h, desaparecen- do
uma veia.
em torno do 7º dia de vida.
Genitais
Alimentação
No menino:
• Capacidade gástrica de 30 a 40ml;
• Prepúcio recobrindo a glande. Testículos • A função digestiva inicia-se logo após o
tópicos e escrotos normalmente enrugados. nascimento, estando presentes os reflexos de
sucção e deglutição;
Na menina: • Digere melhor o leite materno;
• tendência a baixar os níveis de glicose e
• Os grandes lábios recobrem os pequenos
cálcio.
lábios e o clitóris é bem evidente;
• Pode apresentar pseudomenstruação.
Eliminação
Membros superiores e inferiores
Urina:
• Curtos em relação ao corpo;
• Função renal deficiente por imaturidade;
• as mãos são fletidas; são pequenas, roliças
• Primeira micção ocorre dentro das primeiras
e apresentam palmares e plantares;
24h;
• Dedos curtos, separados em número de
• Elimina em média de 30 a 40ml por vez, com
cinco, com movimentação livre.
uma freqüência de 15 a 20 micções por dia.
Ajustamento fisiológico Fezes:

183
• Fossadura: encostando-se a ponta do dedo em
• Trato gastrintestinal assume sua função
uma das comissuras labiais, observa-se que o
imediatamente após o nascimento;
recém-nascido volta à cabeça naque- la
• O mecônio deverá ser eliminado dentro das
primeiras 24h; direção; preensão: está presente nasmãos e
• A partir do segundo ou terceiro dia passa a nos pés (verifica-se quando, ao co- locar um
eliminar fezes de transição até estas se tor- objeto na mão do recém-nascido, ele fecha e
narem amarelas. agarra o objeto com energia);
• Babinski: passando-se a ponta de um ins-
Órgãos dos sentidos trumento na ponta dos pés, no sentido do
calcanhar para os dedos, observa-se uma
Visão: distensão do grande artelho enquanto os outros
se abrem em forma de leque; suc-ção: é o
• Reação pupilar à luz;
ato de sugar vigorosamente o dedo ou
• Pode seguir objetos, embora a acuidade
qualquer outro objeto introduzido na bo- ca do
visual seja deficiente.
recém-nascido; deglutição: o recém- nascido
deglute qualquer líquido que seja introduzido
Audição:
na sua boca;
• Rudimentar; pode orientar-se para a origem
• Marcha-reflexa: colocando-se o recém-
do som.
nascido em pé ele dá passadas.
Olfato e paladar:
Cuidados com o Recém-Nascido
• Sente cheiro de leite, chegando a procurar o
mamilo; Os cuidados básicos com o recém-nascido são
• Rejeita substâncias ácidas e amargas e as os indicados a seguir:
doces são facilmente aceitas.
• Colocar o recém-nascido sobre a bancadade
Tato: cuidados, sob a lâmpada de aquecimen- to
• É o mais desenvolvido dos sentidos; ou em berço aquecido;
• Aspirar suavemente as vias aéreas superio- res,
• É maior nos lábios, língua, orelhas e testa.
quando necessário, observando os se- guintes
procedimentos:
Respostas emocionais
• Aspirar primeiro a boca, depois do nariz;
• O choro é a única forma de vocalização, • Cuidar do cordão umbilical, desinfetando a
através do qual exprime as suas necessida- parte seccionada com álcool iodado e en-
des; volvendo-a com gaze.
• Fazer higiene sem retirar o vérnix caseoso, pois
• Aparência tranqüila exprime satisfação;
ele é reabsorvido;
• Contato físico, satisfação das necessidades, • Aplicar em cada um dos olhos uma gota de
acalanto desde o nascimento são fatores que colírio de nitrato de prata ou de um colírio
contribuem para o desenvolvimento sa- dio da antibiótico;
personalidade. • Verificar a ausência de malformações con-
gênitas como lábio leporino, malformações
Atividade neuro-muscular genitais, etc.
• Pesquisar reflexos do recém-nascido;
• As respostas reflexas do recém-nascido estão • Avaliar o estado da criança pela escala deApgar
presentes desde o nascimento e são mais bem (critério de pesquisa: batimentos car- díacos,
evidenciadas a partir do segundo dia de vida choro, coloração, respiração e tô- nus);
quando este se encontra em re- pouso.
Poderão ser alteradas por trauma- tismo, Escala de Apgar
drogas ingeridas pela mãe ou outras afecções;
Valor 2 1 0
• Os principais reflexos são: protetores: tosse,
Choro vigoroso fraco ausente
espirro, bocejo e movimento palpebral; mo- no
ou do abraço: ao menor abalo próximo, fecha Respiração normal irregular ausente
as mãos, contrai os braços e pernas, curva-se Coloração rosada pálida cianótica
sobre si mesmo e, às vezes, entra em choro; Tônus normal fraco ausente
Coração regular lento ou ausência de

184
irregular batimentos A prematuridade pode ocasionar seqüelas mo-
toras.
Verificar respiração (35 a 40 rpm) e pulsa- As crianças nascidas prematuramente, com baixo
ção (140 batimentos por minuto); peso ou com alguma patologia que exija cuidados
Identificar o recém-nascido com pulseira; especiais, poderão precisar passar algum tempo
Administrar vitamina K por via oral, confor- em um Centro de Terapia Intensi- va Neonatal
me prescrição do pediatra. Em situações (Cetin).
especiais que exijam o uso de via intramus-
cular, fazer a aplicação no terço médio da A incubadora é um aparelho elétrico que man- tém
face ântero-lateral da coxa direita ou es- controladas a temperatura, a umidade, a
concentração de O2 e do gás carbônico, além
querda;
Pesar o recém-nascido, observando se a de isolar o bebê e fornecer uma microfiltragem
bandeja foi limpa e tarada e se está forrada do ar ambiente ou de mistura de gases.
com papel-toalha; Sempre que possível, todo o cuidado com o recém-
Medir: nascido de alto risco deverá ser executa- do
✓ Comprimento (com o recém-nascido em dentro da incubadora. Nesse aparelho pode-se
decúbito dorsal, observando se os membros executar a higienização, verificar o peso, a
estão bem estendidos); temperatura e a alimentação ou tomar cuidados
✓ Perímetro cefálico (a fita à altura do occipí- similares, bem como realizar exames.
cio e dos supercílios);
✓ Na fase de internação do recém-nascido de alto
Perímetro torácico (à altura dos mamilos);
✓ risco não se deve separá-lo dos pais. É na rela- ção
Perímetro abdominal (à altura do coto umbi-
do recém-nascido com os pais que se de-
lical);
Verificar a temperatura; senvolvem os laços afetivos. Os pais devem ser
orientados sobre como proceder dentro do Cetin
Recolher a impressão digital do pé da crian-
e sobre qualquer tipo de tratamento ao qual o filho
ça;
está sendo submetido.
Registrar no prontuário os seguintes dados:
nome da genitora, hora do nascimento, se- xo; Os pais também serão orientados sobre os cui-
Vestir o recém-nascido e apresentar à mãe dados que eles próprios poderão desenvolver como
e ao pai. troca de fralda, higiene corporal na incu- badora,
gavagem, administração de leite pela gavagem,
ém-Nascido Pré-Termo administração de leite pela mamadei- ra, dentre
Rec
criança nascida com 37 semanas ou menos, outros.
É a um peso inferior a 2.500g. Quanto maior o
Esse trabalho integrado favorecerá aos pais a
comu de prematuridade, maiores serão os riscos, do
compreensão dos procedimentos que deverão ser
gra à imaturidade de certos órgãos ou apare- vitais
adotados mais tarde, quando a criança pas-sar a
devi
como: receber os cuidados em casa. Assim, por ocasião da
lhos
O aparelho termo-respiratório; alta, serão necessários apenas complementar as
O centro termo-regulador; orientações.
Sistema circulatório (fragilidade capilar); Os cuidados prestados aos recém-nascidos de alto
O sistema hepático; risco devem ser executados por pessoa preparado
O sistema digestivo; para a função, pois o atendimento deve ser rápido,
O sistema de defesas naturais. eficiente e preciso.
rematuridade é ocasionada freqüentemente Existem procedimentos que devem ser execu- tados
A p problemas se saúde materna, tais como:
ainda na sala de parto e logo após a en- trada do
por
Desnutrição; recém-nascido de alto risco no Cetin, porém a
Gravidez gemelar; seqüência desses procedimentos de- penderá de
Multiparidade; como se encontra o bebê.
Esforço físico em demasia; Os cuidados com o recém-nascido de alto risco
Placenta prévia; devem ser os seguintes:
Ruptura prematura das membranas;
Malformação uterina. • Na sala de partos:
traumatismos ✓ Colocar o recém-nascido em incubadora
ognóstico para um pré-termo é tanto melhor aquecida a 37ºC estéril ou em berço aque- cido,
O prnto mais adiantado for o estado da gravidez. para prevenir a hipotermia, que apare- ce
qua rapidamente;

185
✓ Proceder à aspiração, identificação, pesa- gem Deve-se calcular a extensão do cateter a ser
e mensuração como no recém-nascido normal; introduzido, medindo a distância entre a pontado
✓ Providenciar, o mais rápido possível, trans- nariz e o trágus da criança. Só começar a aspirar
ferência para a unidade especializada, oque após a introdução do cateter, se houver obstáculo,
será feito por equipe especializada. não forçar (introduzir-se novamente, modificando o
ângulo do cateter). Alternar-se as narinas e pode
Alimentação repetir o procedimento quantas vezes forem
necessárias. Observar e anotar o aspecto da
O recém-nascido deve ser levado ao seio damãe
secreção.
logo após o nascimento, ainda na sala de parto. A
seguir, em alojamento conjunto, alimen- tar-se
2- Nebulização ou aerossolterapia
sempre que chorar com fome (livre de-manda).
Caso não haja condições de propiciar o aloja- mento É o processo terapêutico que distribui suspen- são
conjunto e o recém-nascido for levado para um de partículas de água em oxigênio ou ar
berçário, deve-se evitar a prática de dar água comprimido, com ou sem medicação associada, nas
glicosada em mamadeira. A criança que é vias aéreas, para alívio de processos infla- matórios,
mantida junto à mãe, mamando no seio, não congestivos ou obstrutivos. O objetivoé umidificar
necessita de água nem de glicose. o trato respiratório e facilitar a lique- fação de
secreções espessas para melhorar sua
Alojamento conjunto designa o sistema hospita- lar
expectoração.
em que a mãe tem o seu recém-nascido emum
berço ao lado da cama, desde algumas ho-ras A inspiração lenta e profunda, que auxilia na
após o parto até a alta hospitalar. Este sis- tema captação das partículas d’água para as vias aéreas
tem por objetivos: inferiores. Só pode ser efetuada com a colaboração
da criança e viabiliza-se a partir da idade pré-
• Permitir que a mãe receba orientação ade-
escolar. é necessário a retirada do bico da
quada enquanto se encontra na maternida- de
e se sinta capaz de cuidar plenamentedo criança, o que muitas vezes produz agitação e
seu filho; aumento do consumo de O2 .

• Estimular o aleitamento materno; 3- Oxigenoterapia


• Estreitar o relacionamento mãe-pai-filho;
É uma terapêutica utilizada, usando oxigênio (que
• Reduzir a incidência de infecção hospitalar; é um gás essencial para a vida) em con- centrações
• Possibilitar à equipe de saúde a observação superiores a 21%, para corrigir e atenuar
ao comportamento normal do binômio mãe- deficiências de O2 ou hipoxia (oxigênio insuficiente
filho. no sangue); entretanto doses ex- cessivas de O2
podem causar lesões como, por exemplo, a
UNIDADE X displasia pulmonar.

PROCEDIMENTOS RELATIVOS ÀS VIAS AÉ- O oxigênio pode ser liberado por um torpedo ou por
REAS SUPERIORES uma rede central. Precisa de um manômetro (reduz
a pressão) e fluxômetro (controla o nú- mero de
1- Aspiração das vias superiores litros de O2 que está sendo liberado por minuto).
Como é combustível, existe o risco de incêndio
Consiste na remoção do excesso de secreções se não houver precauções adequadas. Deve-se
existentes na cavidade oral, na cavidade nasal e na colocar avisos de não fumar nas enfermarias e ter
nasofaringe. O objetivo principal é manter a extintor de incêndio carregado e de fácil a- cesso.
permeabilidade do ar garantindo boa respiraçãoe
oxigenação. Para iniciar a oxigenoterapia é indispensável
certificar-se de que o nível de água destilada do
A técnica utilizada para as crianças é a mesma para umidificador esteja adequado; fazer as cone- xões
os adultos. Deve-se escolher um cateter de número do sistema: umidificador ao fluxômetro e o látex ao
adequado à idade e às condições da criança; a umidificador e regular o fluxo de O2.
posição da criança lactente é em decúbito semi-
elevado; num ângulo de 30º a criança pré-escolar e
a criança escolar semi sentada. UNIDADE XI
EXAMES EM PEDIATRIA

186
Em várias situações a criança é submetida a algum Exame do escarro: é a pesquisa que visa en-
tipo de exame laboratorial. É indispensá- vel a contrar microorganismos no escarro, como, por
preparação psicológica da criança e dos familiares, exemplo, o bacilo da tuberculose e outros. O exame
coleta certa do material solicitado eidentificação da pode ser realizado em amostra de escar- ro ou
amostra colhida. secreção gástrica (nas crianças menores que
deglutem o escarro).
1- Coleta de material para exames laboratoriais
Caso a criança seja capaz, pede-se que a cri- ança
escarre no recipiente de preferência esteri- lizado,
Urina: a urina, sendo uma solução constituídade
o exame deve ser colhido em jejum.
produtos resultantes do metabolismo orgâni- co,
permite através de sua análise, avaliar a O exame da secreção gástrica (lavado gástrico)
normalidade ou anormalidade que eles resul- tem. deve ser realizado com a criança em jejum. A
amostra do material é colhida através da aspira- ção
As características gerais da urina são: cor (ama-
por sondagem nasogástrica, com seringa. Colhe-se
relo cítrico-âmbar); aspecto (límpido); densidade
também secreção da orofaringe, colo-cando-se as
(em média 1012); odor (característico) e ph (varia
amostras em ambientes separa- dos.
entre 4,5 4 8).
Exames radiológicos
A coleta de urina em menores de três anos, embora
não seja ideal, é feita em coletor (tipo saco Radiografias simples: não é necessário preparo
plástico), provido de um orifício com envol- tório prévio.
aderente à pele (a partir dos 2 anos e meio a 3
Eletroencefalograma – EEG:
anos o uso do coletor é normalmente dis- pensado).
Registra a atividade elétrica gerada no cérebro, por
É sempre válido realizar higiene local, antes da
meio de eletrodos aplicados na superfície do couro
adaptação do coletor; o volume satisfatório para
cabeludo. Na noite anterior ao exame os cabelos
encaminhar ao laboratório é de 20ml. Deve-se
devem ser lavados rigorosamente.
transferir a amostra do saco coletor para o fras-co
limpo de acordo com o exame a ser utilizado. Eletrocardiograma – ECG:
Aplicam-se as bordas do orifício do coletor em torno É o registro gráfico dos impulsos elétricos do
do pênis nos meninos e grandes lábios nas coração. Deve-se manter a criança tranqüila
meninas. A aderência do coletor na medida deve durante o exame.
iniciar da região perineal para a região pubiana
Punção lombar:
(evita-se que a urina escoe entre a porção terminal
dos grandes lábios e do cole-tor). É um procedimento cuja finalidade é obter a-
mostras de liquor para análise química, citológi- ca,
Em crianças maiores oferece-se um recipiente limpo
microbiológica e sorológica. Verifica-se tam- bém a
ou estéril para a micção, caso tenha con- dições
pressão de sangue no liquor. A posição apropriada
para tal.
e a contenção adequada são im- prescindíveis para
Fezes: permite o estudo das funções digestivas, o sucesso da punção lombar.
dosagem da gordura fecal, pesquisa de sangue
oculto, de parasitas e germes. A quantidade de UNIDADE XII
fezes necessária deve ser no mínimo de 10g (1
colher de sopa rasa). PATOLOGIAS FREQUENTES NA INFÂNCIA

Nas fezes de consistência normal, após a eva- 1- Dermatológicas


cuação da criança, colher a amostra com espá- tula Os problemas dermatológicos são os de maior
e transferir para o coletor. Com fezes líqui- das e incidência em crianças. Deve-se à convivência com
semi-líquidas, obter a amostra (após eva- cuação meios externos: terra, areia, etc., além da falta de
da criança) com auxílio de uma seringa. higiene ideais e baixa resistência.
Sangue: podem-se utilizar amostras de sangue
Tipos:
venoso, arterial e capilar para finalidades diag-
nósticas. A coleta de amostras de sangue em • Dermatites (irritações): São problemas ocasi-
crianças nem sempre é um procedimento fácil, onados por irritações e não por microorganis-
deve-se preparar psicologicamente a criança e mos.
muitas vezes a contenção correta da criança é
• Dermatite por contato (por exemplo, assadu-ras);
necessária.

187
• Dermatite seborréica (pré-disposição constitu- • Monilíase oral (candídiase oral): Também
cional do indivíduo ou por higiene pessoal i- conhecida como “sapinho”, é uma infecção oral
nadequada); causada pela Cândida albicans, bastantecomum
em RN e crianças imunodeprimidas (desnutridas
• Viroses (vírus): causada por vírus por baixa ou em uso de antibióticos). Ra- ramente é
resistência do indivíduo. recidivante, pode desaparecer com duas semanas
• O herpes pelo Herpes vírus que possui duas
de tratamento e caso não seja tratada, pode
formas: evoluir para esofagite, enterites e até septicemia
(infecção generalizada).
• Herpes simples: bem hiperemiado, apresenta
• Caracteriza-se por placas brancas semelhan- tes
vesículas. Atinge áreas próximas a orifícios como
a nata de leite que se localizam em qual- quer
olhos e boca. O uso de Zovirax vem sendo
parte da mucosa oral; a remoção das placas é
abolido. Evitar sol e deixar curar sozi- nho.
difícil e deixa uma mucosa inflamada e
• Herpes Zoster: bem hiperemiado causando muita hiperemiada.
dor. Tropismo por nervos (localiza-se mais nas
• Escabiose: É uma afecção cutânea parasitá- ria
costas).
e contagiosa causada por um ácaro deno- minado
• Infecções bacterianas (bactérias): Geral- Sarcoptis scabiei. O contágio é atra- vés de
roupas contaminadas ou do contato di- reto com
mente são secundárias. As bactérias provo- cam
o indivíduo infestado.
infecções denominadas biodermites.
• Ex.1: Impetigo (infecção secundária) – Des- • Ás lesões assemelham-se a uma língua gros-
continuidade da pele. sa, curta, ondulada ou linear, saliente sobre a
pele e avermelhada. Outras lesões também
• Micoses superficiais (fungos): Associada estão presentes como vesículas, pápulas, ex-
basicamente por uma diminuição de resistên- sudatos e crostas. Localizam-se mais nas
cia. pregas das axilas, mãos, pés, dobras ingui-
nais, nas nádegas, prepúcio e escroto.
• Dermatite da área das fraldas (ou amonical): • Deve-se usar quarto privativo para criança e
É a dermatose mais comum na infância. É manter cuidados de isolamento (usar luvas,
chamada popularmente de assadura. A alta aventais); manter a criança com as unhas cur- tas
temperatura ambiente, a gordura subcutânea e limpas (se necessário usar luvas restriti- vas
espessa, o excesso de roupas, o uso freqüen- te para evitar coçar).
de calças plásticas e de fraldas descartá-veis e
ainda a higiene inadequada são fatores que • Observar a possibilidade de transmissão à mãe
predispõem a dermatite das fraldas. Outro foco e a outras pessoas que tenham contato com a
criança.
importante é a infecção secundária por Cândida.
• Em nível domiciliar, deve-se ter cuidados comas
• Os sintomas são: hiperemia, vesículas, bo- lhas,
crostas, erosões da pele, fissuras, pruri-do e dor. roupas pessoais e de cama (estas devem ser
lavadas diariamente, ser expostas ao sol e
Além de uma irritação constante da criança.
passadas com ferro quente).
Os principais cuidados com a criança são:
• Pediculose: É a ingestão pelo Pediculus hu-
• Suspender o uso de calça plástica ou fralda
descartável; trocar freqüentemente as fraldas. manus capitis (piolho), o parasita se aloja no
• Realizar higiene com água a cada troca de couro cabeludo e nos cabelos. Encontram-se
fraldas, sem esfregar a área. parasitas adultos e as lêndeas (ovos) que são
esbranquiçadas, fusiformes e bem aderentes
• Expor a região à luz solar duas vezes ao dia à haste do cabelo.
(iniciar com 2 minutos e aumentar gradativa-
mente até 5 minutos); deixar a área descober-ta Impetigo: Lesão inflamatória superficial, conta-
para promover a ventilação. giosa; as lesões geralmente surgem na face ou
• Identificar fatores predisponentes e afastá-los. orelha, sobre a cabeça ou na nádega das crian- ças.
Quando o agente é o estreptococo, a lesão inicial é
• Como medicamentos (prescrito pelo médico) uma crosta espessa, amarelada.
podem ser usados o permanganato de K; cremes
emolientes e violeta genciana. Ao redor da lesão a pele fica vermelha e infla-
mada. Quando o causador é o estafilococo, as
bolhas são mais tensas, duram mais e quandose
dessecam, formam crostas finas. As lesões

188
curam-se no centro e vão se estendendo perife-  Os sinais e sintomas são variáveis, entre eles:
ricamente. urina cor de “coca-cola” ou de aspecto alaran-
jado; edema ao redor dos olhos, face e mem-
2- Urinárias bros e nos casos mais graves anasarca; ele-
vação da PA, diminuição do volume urinário;
 Infecção do trato urinário: É o conjunto de palidez e prostração.
alterações patológicas e fisiológicas da multi-
plicação de microorganismos patogênicos no rim  Septicemia: É caracterizada por uma infec- ção
e nas vias excretoras da urina. Pode per- sistir generalizada, a partir de um foco primário. Apesar
meses ou anos sem sintomas se levar a dano do avanço da antibioticoterapia a mor- bidade e
renal grave. a mortalidade infantil continuam ele- vadas,
devido a septicemia. Este fato é atribu- ído à
 Os sintomas podem ser: febre; dor à palpa- ção;
deficiência do tratamento hospitalar e profilático.
alterações da micção; comumente me- nor,
perda de apetite; vômito; atraso do cres- cimento  A septicemia ou sepsis consiste na invasão e
e desenvolvimento. O modo de con- taminação multiplicação de microorganismos patogêni- cos
mais comum é através da via as- cendente por na corrente sangüínea, a partir de um fo-co
higiene deficiente da genitália externa, região infeccioso inicial. A bacteremia é a presen-ça
perineal e nádegas. Pode ser ainda por defeitos do patógeno na corrente sangüínea, po- dendo
anatômicos que permitem o refluxo vesico- ou não ter repercussão clínica para opaciente.
ureteral. Os cateterismos tam- bém são fontes de
 Entre os sintomas tem-se: mau estado geral,
infecção.
febre alta ou hipotermia, calafrios, anorexia,
 A equipe de enfermagem deve ter o máximo de dores vagas ou generalizadas, choque sépti- co,
cuidado com a técnica de cateterismo ve- sical. entre outros.
Estimular ingesta hídrica (se não houver contra-
indicação); aliviar a dor da criança; ob- servar a  Anomalias congênitas: São malformações
freqüência das micções e caracterís- tica da urina na estrutura de órgãos e/ou sistemas. Decor- rem
e administrar a antibioticoterapia criteriosamente. de falhas no desenvolvimento embrioná- rio e
estão presentes na criança por ocasião do
 Síndrome nefrótica: É a alteração da perme- nascimento.
abilidade renal, levando a grande perda pro-téica
 As principais causas são: as doenças da mãe
através da urina (proteinúria), principal-mente de
durante a gravidez (ex.: rubéola e toxoplas-
albumina.
mose) alguns medicamentos, radiações, des-
 Os sinais e sintomas são: edema (principal- nutrição da mãe durante a gravidez; fator he-
mente ao redor dos olhos) que vai se esten- reditário, alcoolismo e outros fatores desco-
dendo às outras partes do corpo, podendo evoluir nhecidos.
para anasarca. A PA eleva-se, a diure- se diminui
e a criança fica prostrada e muito suscetível a  Fissura labial e/ou palatina: É um grupo
infecções. importante de mal-formações congênitas que
podem acarretar defeitos tanto funcionais co-mo
 A etiologia pode estar relacionada com cau- sas
na aparência da criança. Calcula-se que a cada
alérgicas (ex.: picada de insetos), causas tóxicas,
700 crianças nascidas vivas, uma apre- senta este
doenças metabólicas (ex.: diabetes), causas
problema.
infecciosas, doenças sistêmicas (co- mo lúpus
eritematoso) e até mesmo causas não  As fissuras labiais (ou lábio leporino): ocorreem
definidas. graus variáveis. Pode ser uni ou bilateral, desde
um pequeno entalhe no lábio até for- mas que
 Glomerulonefrite difusa aguda – GNDA:
atingem alvéolos dentários e assoa- lho das
Consiste na inflamação dos rins, em conse-
narinas.
qüência da lesão glomerular induzida por um
 As fissuras palatinas: pode ser isolado ou
complexo antígeno-anticorpo, é consideradauma
associado ao lábio leporino. Pode acontecer até
doença do complexo imunitário.
a ausência total de palato mole duro (uma
 A causa mais comum da GNDA é a reação abertura contínua entre a boca e a cavidade
imunitária a infecções de pele (impetigo) e de vias nasal).
aéreas superiores (faringites, amigdalites, etc)
que geralmente são causadas pelos Es-  Atresia de esôfago: É a obstrução do esôfa- go,
treptococos. impedindo o trânsito livre e contínuo da fa- ringe
até o estômago. Freqüentemente está

189
acompanhada da fístula traqueoesofagica, que possui sintomas (pode haver um leve abaula-
é a comunicação anormal entre a traquéiae o mento na pele).
esôfago.
 Meningocele: As meninges e a medula são
 Os principais sintomas são: salivação exces- siva projetadas para fora do canal vertebral, for-
e grande quantidade de secreção pelo nariz, mando um cisto cheio de liquor e recobertopor
dispnéia, tosse constante, cianose in- termitente, pele. Pode ocorrer em qualquer nível da medula,
distensão abdominal e dificuldade para desde a nuca até a região sacrococ- cígea.
alimentação.
 Mielomeningocele: É mais comum, a localiza- ção
ocorre mais na coluna lombosacra. As meninges
 Imperfuração anal: Anormalidades congêni- tas
e a medula são projetadas para forado canal
na formação do canal anorretal ou locali- zação
vertebral (formando um saco que é recoberto por
do ânus dentro do períneo.
uma pele muito fina que podese romper ainda
 Os sinais são: ausência da abertura anal, dentro do útero ou após onascimento) caso haja
ausência de mecônio ou presença em local rompimento, o risco de infecção é altíssimo.
anômalo (fístula), urina esverdeada, fístula.
 Cardiopatias congênitas: São malformações
 Hipospádia: É a posição anormal da abertura da anatômicas do coração ou dos seus grandesvasos
uretra. Neste caso, a uretra abre-se na su- e que estão presentes ao nascimento.Variam de
perfície ventral do pênis podendo ser no cor- po, leves, podendo até ser fatais. A causa é
na base ou até no períneo. No sexo femi- nino desconhecida, podendo ter alguns fa- tores
esta anomalia é rara, mas quando ocor-re, a associados.
abertura uretral se encontra na vagina.
 As manifestações clínicas mais comuns são:
 Criptorquia: É a ausência de um ou ambos os dispnéia, dor torácica, cianose, pulsos perifé-ricos
testículos na bolsa escrotal (podem ser en- fracos ou ausentes, entre outros.
contrados no abdome ou no canal inguinal).
Geralmente no último trimestre de vida intra-  Insuficiência cardíaca congestiva (ICC):
uterina, os testículos migram para a bolsa es- Ocorre quando o coração não consegue bom-
crotal caso isto não ocorra, chamamos de bear o sangue em quantidade suficientes para
criptorquia. o resto do organismo, podendo resultar em
acúmulo de sangue no sistema pulmonar e/ou
 Há também anorquia, ou seja, a não formação
sistema nervoso.
dos testículos. O tratamento é cirúrgico, con-
siste na fixação dos testículos na bolsa escro- tal,  As causas estão relacionadas com cardiopati-as
os cuidados pré e pós - operatórios são os gerais congênitas adquiridas e causas não vascu- lares.
de rotina. As principais manifestações são: disp- néia, pulso
rápido, fadiga, palidez entre ou- tros.
 Hidrocefalia: É o excesso de liquor dentro da
 Os principais cuidados são: observação dos sinais
cavidade intracraniana e no conseqüente au-
vitais; cuidados rigorosos com a medi- cação;
mento da cabeça da criança. Os sinais e sin-
balanço hídrico; proporcionar conforto para o
tomas no RN são: crescimento exagerado da
paciente.
cabeça, demora para fechar as fontanelas; si-
nais de aumento da pressão intracraniana; fa-
 Cateterização cardíaca: É a introdução de um
lhas no desenvolvimento físico e/ou mental.
cateter em uma veia ou artéria, na região inguinal
Já nas crianças maiores pode ocorrer cefaléi-
ou no membro superior. É introduzido até
a, vômitos, visão dupla e alteração dos de- mais
alcançar as cavidades cardíacas e seus vasos
sinais vitais.
(onde se verifica as pressões e são reti- radas
 Deve-se ter o cuidado de verificar o perímetro amostras de sangue para analisar a o-
cefálico diariamente, observar sinais de au- xigenação). O exame é realizado com a visua-
mento da pressão intracraniana, estimular a- lização por vídeo.
limentação.
 Após o procedimento deve-se verificar cons-
tantemente o local da inserção e observar al-
 Espinha bífida: É uma malformação da colu- na,
terações anormais, e manter os cuidados ge- rais.
na qual ocorre uma abertura devido ao não
fechamento da parte posterior das lâmi- nas
vertebrais.
 Espinha bífida oculta: O defeito é apenas na parte
óssea (vértebras), praticamente não

190
 Asma: É uma afecção caracterizada pelo • Fazer aspiração buco-faríngea;
desequilíbrio entre broncoconstrição e bron- • Administrar medicação prescrita;
codilatação, pendendo mais para o lado da • Realizar exames solicitados;
broncoconstrição. Aparece clinicamente como • Auxiliar na entubação nasotraqueal e na
uma dispnéia expiratória e dificuldade respira- ventilação assistida;
tória intensa. • Auxiliar na punção lombar, quando esta se
faz necessária.
 Num mesmo indivíduo doente, a crise de as- ma
aparece sempre com os mesmos sinto- mas que
 Coqueluche: É uma doença infecto- contagiosa
a caracterizam e é mais freqüente durante a
provocada pelo bacilo Bordetella pertussis,
noite.
através de contato direto com o in- divíduo
 A asma pode ser de origem alérgica ou cau- sada infectado. Caracteriza-se por acessos de tosse
por anomalia dos mecanismos fisiológi- cos que violenta e seca, predominantemente noturna.
regulam a broncomotricidade. Ela po- de ser  A doença apresenta uma evolução boa, comraros
evitada ou amenizada pelos cuidados de casos de complicações como, por e- xemplo, a
profilaxia de alérgenos inalantes (poeira encefalite. Nas crianças muito pe- quenas
domiciliar, mofo, fumo, poluentes aéreos, etc.). (recém-nascidos) a mortalidade é mais
 A conduta da enfermagem nos casos de asma acentuada.
deve ser a seguinte:  A prevenção é feita através de isolamento dos
• Verificar a freqüência respiratória; doentes e vacinação. Cabe à enfermagem
• Observar aparecimento de cianose, suores, observar rigorosamente a criança com coque-
irregularidades respiratórias; luche, para evitar os acidentes que podem
• Colocar a criança na posição sentada; decorrer das crises de tosse.
• Promover a umidificação do ambiente;
• Manter vias aéreas superiores permeáveis;  Diabetes insulinodependente: É uma insufi-
• Administrar medicação prescrita. ciência da secreção de insulina pelo pân- creas,
que acarreta uma hiperglicemia e glico- súria.
 Convulsões: São contrações musculares
 A criança portadora da doença e sua família
involuntárias tônicas ou clônicas de origem
precisam ser orientadas sobre a aplicação da
cerebral. A crise generalizada começa com uma
técnica de insulinoterapia. Essa técnica, porser
fase tônica com imobilidade, contração do
dolorosa e usada diariamente, pode ser
rosto, repulsão ocular, rigidez do tronco e dos
traumática e afetar o equilíbrio emocional da
membros e perda da consciência.
criança e dos pais. A orientação básica deve
 Alguns segundos depois aparecem à fase clônica, constar dos seguintes princípios:
caracterizada pelos movimentos dos globos
• A criança maior de dois anos e a família devem
oculares e movimentos bruscos de fle- xão e compreender a doença e seu contro- le;
extensão dos quatro membros. Após al- guns
minutos, instala-se a fase hipotônica que se • A criança maior de seis anos e a família devem
caracterizam por respiração estertorosa e coma ser treinadas a executar a insulinote- rapia e
pós-crítico de duração variável. A am- nésia da testes de glicose urinária;
crise é uma constante. • A administração da insulina por várias pes- soas
 Essa crise convulsiva pode manifestar-se de está mais sujeita a erros do que se re- alizada
forma generalizada ou apenas parcialmente. pelo paciente, pelos pais ou respon- sáveis;
É importante distinguir uma crise convulsiva de • Imposição do autocontrole numa idade pre-
outros quadros como, por exemplo, os es- coce pode resultar em conflitos.
pasmos da glote que se manifestam pelo blo- • A conduta da enfermagem nos casos de
queio da respiração, ocasionado por choros ou diabetes insulinodependentes deve com-
gritos intensos nas situações em que a cri- ança preender os seguintes procedimentos:
é contrariada. É difícil fazer o diagnósti- co da
convulsão, porque na maioria dos casos o • Verificar glicosúria;
profissional se baseia na descrição dos sin- • Colher material para exame de glicemia;
tomas, realizada através de entrevista. • Orientar a família e a criança sobre como fazer
os exames de urina, a administração da
 A conduta da enfermagem nos casos de con- insulina e da dieta alimentar;
vulsões deve ser a seguinte:
• Colocar a criança em posição de segurança
para evitar traumatismos;

191
• Observar a dieta alimentar; do sugere que o conteúdo não alcançou o es-
• Administrar insulina. tômago ou permaneceu pouco tempo no local
aspecto de odor fecalóide podem indicar obstru- ção
UNIDADE XIII intestinal baixa.

DISTÚRBIO HIDROELETROLITICO Os principais cuidados são: observar a freqüên- cia


e o aspecto do vômito, posicionar a criança em
Definição: São distúrbios do equilíbrio de água decúbito lateral ou semi-fowler (evitar aspi- ração),
e de eletrólitos. As causas da desidratação com administrar medicamentos prescritos.
o vômito e a diarréia são os principais fatores que
levam a este distúrbio. Diarréia: É a alteração da fisiologia intestinal que
resulta em aumento do volume e freqüência das
Vômito: É a ejeção do conteúdo gástrico atra- vés evacuações. É causada por uma maior secreção
da boca, sendo acompanhado de náuseas e de água e eletrólitos pela mucosa intestinal. As
contrações da musculatura da parede abdomi- nal. causas são: falta de saneamento, fala de
Podem ser de origem central ou de origem tratamento de verminoses, alimentação
periférica. São chamados vômitos precoces os que inadequada e água inadequada. Classificação
ocorrem logo após a ingestão alimentar e os quanto à freqüência:
tardios os que acontecem duas a três horas após a
ingestão. • Diarréia leve: 5 a 8 vezes ao dia (sem grau
de desidratação).
Eructação: É a eliminação ruidosa de gazes do
estômago pela boca • Diarréia moderada: 8 a 15 vezes ao dia
(sinais de desidratação).
Regurgitação: O conteúdo gástrico é eliminado
passivamente, sem náusea e sem contratura da • Diarréia Grave: mais de 15 vezes ao dia
musculatura abdominal. Normalmente o volumeé (desidratação)
pequeno e está relacionado à repleção gástri-ca.
Os recém-nascidos apresentam diarréia no pri-
Golfadas: São caracterizadas por coleção de meiro mês pelo leite materno. É uma adaptação
alimentos na boca, em quantidades apreciáveis, ao meio externo. Durante a gestação o RN de- glute
sendo a seguir expelidos. Segundo a faixa etá- ria líquido (e outros) que se alojam no intesti- no.
as principais causas de vômito na infância são: Interessante não restringir o leite (ele vai limpar o
trato intestinal do RN). Não causará desidratação
 RN : irritação gástrica (aspiração de líquidos), pela pouca eliminação.
lesões intracranianas (traumas no parto), a-
nomalias cerebrais, meningites, erros alimen- Classificação quanto ao tempo:
tares, infecções agudas e anomalias do trato
digestivo. • Aguda: dura 7 a 10 dias.

 Lactente: erros alimentares, rapidez na inges- • Protraída ou prolongada: até 30 dias (pode
tão, deglutição exagerada de ar por sucção causar desnutrição).
prolongada, infecções enterais e parentais,
alergias ao leite ou componentes, estenose ou • Crônica: mais de 30 dias (desidratação +
compressão do trato digestivo. desnutrição).

 Pré-escolar e escolar: doenças intra- abominais, Classificação quanto ao mecanismo produ- tor:
infecções de trato urinário, afec- ções cranianas,
doenças endocrinais, vômito psicogênito • Osmótica: Ingestão exagerada de alguns
(alimentação inserida à força, ten- são emocional alimentos (hipertônico).
na hora das refeições); drogas podem provocar
vômitos, mesmo em dose te- rapêuticas. • Secretória: por microorganismos (bactérias,
vírus, parasitas).
A observação do aspecto é muito importante, por
exemplo tipo borra de café sugere sangra- mento • Mista: Microorganismos – Maior trânsito
lento do esôfago, cárdia, estômago ou duodeno. intestinal tornando difícil a absorção comple-
Aspecto quase ou totalmente inaltera- ta dos alimentos, ocasionando a diarréia.

192
Na diarréia aguda: prevenção da desidratação, vés de soluções de reidratação oral, uso de líquidos
tratamento da desidratação, manutenção da caseiros, alimentação correta.
alimentação durante e após o episódio diarréico
As principais vantagens em relação à reidrata- ção
e uso racional de medicamentos para reduzir a
por via endovenosa são: método seguro, fácil
mortalidade.
aplicação, não traumático, educativo e de eficácia
comprovada.
A prevenção é primordial, caso o quadro já este-
ja instalado a reposição hídrica eletrolítica é
Deve-se oferecer o soro respeitando a vontade
essencial (evitar a desidratação), estimular in- gesta
e a capacidade da criança. Tentar fazer a repo-
de uma dieta mais branda e promover conforto do
sição em até 8 horas. pesar e observar as con-
paciente.
dições gerais das crianças.
As primeiras medidas preventivas são: orientar
Avaliação do grau de desidratação
o desmame adequado, sobre higiene (incluindo
saneamento básico) e incrementar a imuniza- ção.
Dados Leve (1º grau) Moderada (2º Grave (3º
clíni- grau) grau)
Desidratação e terapia de reidratação oral cos

Menos de 5% De 5 a 10% Mais de 10%


É um termo geral que significa perda de água Perda
de Alerta Irritada Deprimida,
de um tecido ou organismo. Junto com a água, peso débil, comato-
o organismo perde eletrólitos, ou seja, sódio, cloro, Aspec- sa. Pele fria
potássio, entre outros. to da
criança
O equilíbrio hídrico depende da ingestão de Elasti- Sinal da prega Sinal da prega Sinal da prega
líquidos, do conteúdo de proteínas e sais mine- cidade discreta presente presente e
rais da dieta, da carga de solutos a ser excreta- da da pele muito acentu-
pelos rins, da freqüência respiratória e da ada
temperatura corporal. Estado Normais ou Secas ou Muito secas
das ligeiramente pouco úmidas,
Os fatores predisponentes são: baixa idade, muco- secas saliva espessa.
desmitrição, clima quente (devido ao aumento sas
de insetos e perdas hídricas cutâneas) e condi- ções Olhos Normal ou pou- Fundos Muito fundos,
sócias econômicas e habitacionais desfa- voráveis. co fundos olhos sem
lágrimas.
Causas: Diarréia, vômitos, ingestão insuficiente de
líquidos, aumento das perdas insensíveis, Fonta- Normal ou pou- Funda Muito funda
nelas co funda
queimaduras, doenças metabólicas entre ou-tros.
Classificação da desidratação:
Pulso Presente ainda Presente, Débil ou
radial forte porém, mais ausente
 Quanto à intensidade: 1º grau ou leve; 2º grau fraco. taquicar-
ou moderada; 3º grau ou grave. dia

 Quanto às proporções de água e de eletróli- Diure- Normal ou ligei- Diminuída Escassa ou


tos: se ramente diminu- ausente
ída

✓ Isotômica (perda de água e eletrólitos é Sede Moderada Intensa Criança de-


proporcional); primida

✓ Hipertônica (o déficit de água é proporcio-


nalmente superior ao de eletrólitos); UNIDADE XIV

✓ Hipotônica (perda de sais é superior à de DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS


água).
1- Desnutrição: É um estado crônico de carên- cia
calórico-protéica no qual o organismo apre-
senta desaceleração (casos leves), interrupção
Terapia de reidratação oral:
(casos moderados) e involução (casos graves) de
sua evolução normal com prejuízo bioquími- co,
É a administração de líquidos por via oral, para funcional e anatômico.
prevenir ou corrigir a desidratação. É feita atra-

193
→ Kwashiorkor: É a desnutrição predominan-
Na pediatria brasileira, a maioria dos casos de temente protéica e incide em crianças entre 24e
desnutrição é decorrente da fome, ou seja, da 36 meses.
insuficiente ingestão de alimentos. Há também os
casos originados por processos patológicos, sendo
os mais comuns os relacionados com a má
absorção de alimentos. A incidência da des-
nutrição está relacionada à pobreza. O diag- nóstico
é feito levando em consideração três fatores:
anamnese do paciente, exame físico e a avaliação
antropométrica.

2- Classificação da desnutrição

 Quanto à origem:
✓ Primária – oferta insuficiente de nutrientes.
É a maior prevalência no Brasil. É o chama-
do distúrbio nutricional.
✓ Secundária – ingestão ou absorção dos
alimentos insuficientes em nutrientes.
✓ Mista – é a oferta e absorção insuficientes
de nutrientes.

 Quanto à gravidade:

✓ 1º grau – déficit de 10 a 25% do peso nor-


mal.
✓ 2º grau – déficit de 25 a 40% do peso nor-
mal.
✓ 3º grau – déficit acima de 40% do peso
normal em desnutridos com edemas.

3- Desnutrição de 3º grau

→ Marasmo: É a desnutrição na qual a carên- cia


dietética é de calorias e proteínas proporcio-
nalmente e incide mais em crianças menores de
1 ano.

Características: grande emagrecimento atrofia


muscular, criança faminta, inquieta, choro forte,
olhar vivo, face senil. As alterações bioquímicas são
menos intensas.

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