Serginho Groisman: Apresentador bate recordes de audiência e conta

como mantém seu programa ‘vivo, importante, relevante’ SEGUNDO CADERNO

OGLOBO
ISSN 2178-5139

9 772178 513002

Irineu Marinho (1876-1925) (1904-2003) Roberto Marinho RIO DE JANEIRO, SÁBADO, 20 DE MAIO DE 2023 ANO XCVIII - Nº 32.793 • PREÇO DESTE EXEMPLAR NO RJ • R$ 5,00

INÊS249
G7 maior
SUSAN WALSH/AFP

de olho
em China
e guerra
O conflito
na Ucrânia
e a crescente
influência
chinesa pelo
mundo são temas
do encontro, que
foi estendido a
mais oito países
convidados.
Zelensky pediu
reunião com Lula
à parte da cúpula.
Cúpula. Os líderes do G7 no Japão: Giorgia Meloni (Itália), Justin Trudeau (Canadá), Emmanuel Macron (França), Fumio Kishida (Japão), Joe Biden (EUA), Olaf Scholz (Alemanha) e Rishi Sunak (Reino Unido) PÁGINAS 16 e 17

QUEDA DE BRAÇO Em liquidação, por R$ 59 milhões

Minas e Energia ROBERTO MOREYRA

e Petrobras
pressionam
governo contra
veto do Ibama
Estatal mantém sonda na Foz do Amazonas
e pede revisão de proibição para explorar
petróleo. Alckmin tenta mediar conflito
Depois de o Ibama negar a licença para a Petrobras fazer estudos
de viabilidade no subsolo da região da foz do Rio Amazonas, o
Ministério de Minas e Energia e a estatal pressionam o governo
pela revisão da medida. Além de recorrer da proibição, a Petrobras
afirmou que manterá por ora equipamentos na região e lembrou
gastar R$ 3 milhões por dia com sua manutenção. Com Lula
no Japão para a cúpula do G7, coube ao presidente em exercício,
Geraldo Alckmin, administrar o conflito entre as pastas. Ele teve
ontem reuniões separadas com os ministros de Minas e Energia,
Alexandre Silveira, e do Meio Ambiente, Marina Silva. PÁGINA 11

Guiana vive boom e vai superar CARLOS ALBERTO

Venezuela em barris de petróleo SARDENBERG

A exploração da Margem Equatorial faz o O petróleo no Frequentada pela alta-roda quando pertencia à família Guinle, a “maior cobertura do Brasil”, no Edifício Tucumã,
país vizinho dar um salto econômico e pode futuro verde na Praia do Flamengo,um triplex com 3,9 mil metros quadrados,baixou de preço para tentar atrair comprador.
atrair investimento da Petrobras. PÁGINA 12 PÁGINA 2 Corretor reconhece a importância histórica,mas diz que o imóvel não vale mais de R$ 20 milhões. PÁGINA 22

PF indicia ex-presidente da Para colorir Ministério contrata

empresa vista como
Falas de Gleisi
geram desgaste
Funai no caso Dom e Bruno laranja pelo TCU com bancada do PT
APF indiciou o ex-presidente da Funai Marcelo Xavier por homicídio Ministério da Assistência Social Para petistas, a deputada
com dolo eventual no caso do assassinato de Dom Phillips e Bruno contratou por R$ 12 milhões uma e presidente do partido, que
Pereira no Vale do Javari. Segundo a investigação, Xavier foi informado empresa que já burlou licitações, fez ressalvas ao arcabouço
do risco de vida para servidores do órgão e nada fez. Caberá ao segundo o TCU. Sem o serviço fiscal, defende posições
Ministério Público decidir se apresenta denúncia à Justiça. PÁGINA 9 feito, negócio será anulado. PÁGINA 5 minoritárias na sigla. PÁGINA 4

DROGA LETAL FOSSA NOVA FRAUDE EM APOSTAS ANCELMO GOIS

Fentanil, caso de
saúde e diplomático
Consumo da droga, 50 vezes mais
potente que a heroína, explode na
fronteira do México com os EUA. Brasil
convive com aumento de casos. PÁGINA 19
O embate entre o Sistema S e
Por que a música Celular de fora e a Embratur por recursos PÁGINA 23
triste nos atrai tanto? robôs para despistar
Pesquisas buscam explicar paradoxo do Para não deixar rastros, fraudadores
prazer pelas canções melancólicas, que mudavam de endereço, usavam PABLO ORTELLADO
pode passar por emoções múltiplas ou ser número de celular do exterior Humor de mau gosto testa limite
um joguete com a tristeza fictícia. PÁGINA 21 e robôs para realizar apostas. PÁGINA 26 da liberdade de expressão PÁGINA 3
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Opinião do GLOBO
Supremo não deve
mexer na demissão
sem justa causa
Revogar decreto de FH que suspendeu
adesão brasileira a acordo trabalhista
aumentaria insegurança jurídica
O D
s ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) re-
começaram a julgar uma
questão trabalhista que
entrou na pauta do tribu-
nal há 26 anos. Dependendo do resul-
tado, a decisão poderá engessar ainda
mais uma legislação já rígida e proble-
mática, gerando enorme insegurança
jurídica. Trata-se do dispositivo que re-
gula demissões sem justa causa em vi-
gor há décadas no Brasil.
Em 1997, a Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Agricultura
(Contag) e a Central Única dos Traba-
lhadores (CUT) entraram com uma
Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) exigindo a invalidação de uma
decisão do então presidente Fernando
Henrique Cardoso. Na forma de um
decreto, ele comunicara, em novem-
bro de 1996, o fim da adesão do Brasil à
Convenção 158 da Organização Inter-
nacional do Trabalho (OIT).
Tal convenção trata do término de
uma relação de trabalho por iniciativa
do empregador. Repete direitos já ga-
rantidos pela lei brasileira, como pro-
teção à participação em atividades
sindicais ou proibição de demissão
por motivo de raça, cor, gênero, esta-
Lula terá de arbitrar conflito entre
ambientalistas e desenvolvimentistas
Exploração de petróleo na foz
do Amazonas exige estudos mais
aprofundados para decisão ser sensata
A
decisão do Ibama de negar
licença para exploração de
petróleo na foz do Rio
Amazonas, numa região
vista como “novo pré-sal”,
pode ter aplacado a fúria dos ambien-
talistas, mas inflamou o próprio go-
verno. O assunto está longe de pacifi-
cado. O senador Randolfe Rodrigues
(AP), líder do governo Luiz Inácio Lu-
la da Silva no Congresso, anunciou a
desfiliação do partido Rede Sustenta-
bilidade, onde estava desde 2015. Os
motivos estão relacionados a atritos
com a ministra do Meio Ambiente (e
fundadora da Rede), Marina Silva, a
quem o Ibama está subordinado. O
conflito promete repetir o embate en-
tre Marina e a então ministra Dilma
Rousseff no segundo governo Lula.
Lideranças locais são favoráveis à
exploração. O governador do Pará,
Helder Barbalho (MDB), aliado de
Lula, afirmou que seria uma opor-
tunidade para a economia da região.
Chamou de “pensamento estreito”
a resistência dos ambientalistas e
disse que Lula mediará o conflito
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do civil ou ausência causada por doen-
ça comprovada. Apesar disso, havia —
eainda há —boas razões para cancelar
a adesão brasileira ao dispositivo da
OIT. O trecho redundante da Conven-
ção é inócuo. Mas um outro pode dar
margem a interpretações esdrúxulas
que gerariam enorme confusão.
Na parte relativa a normas gerais, a
convenção afirma que “não se dará
término à relação de trabalho de um
trabalhador a menos que exista para
isso uma causa justificada relacionada
com sua capacidade ou seu comporta-
mento, ou baseada nas necessidades
de funcionamento da empresa, esta-
belecimento ou serviço”. Está claro
para o bom entendedor que o empre-
gador precisa dar uma justificativa pa-
ra qualquer demissão. Pode ser queda
nas vendas, reestruturação ou qual-
quer outra questão relativa ao empre-
gado ou aos negócios. Nas mentes fér-
teis que habitam a Justiça do Trabalho
no Brasil, porém, o mesmo texto pode-
ria ser lido como uma proibição a de-
missões sem justa causa. Seria um en-
trave inaceitável, capaz de engessar
ainda mais um mercado de trabalho
que já dispõe de mecanismos de defesa
do trabalhador demitido, como segu-
entre os ministérios do Meio Ambi-
ente e de Minas e Energia.
Certo é que o governo está diante de
uma dor de cabeça. Lula tenta se equili-
brar entre o discurso ambientalista e o
desenvolvimentista. Em algum mo-
mento terá de arbitrar a contenda, an-
tes que o ambiente conflagrado leve a
defecções na equipe. Em seu segundo
governo, Marina pediu demissão ao
perder a batalha para o fogo amigo de-
senvolvimentista, liderado por Dilma.
O sucessor assumiu com a missão de
acelerar o licenciamento ambiental,
emperrado no entender do governo.
Agora, a intenção inicial da Petrobras
é perfurar um poço a 160 quilômetros
da costa do Oiapoque (AP) e a 500 qui-
lômetros da foz do Amazonas para ve-
rificar a viabilidade econômica. A regi-
ão —distante das florestas —integra a
Margem Equatorial, área que vai do
Amapá ao Rio Grande do Norte e é
considerada a nova fronteira do petró-
leo (a vizinha Guiana já tem extraído
óleo na região). Os investimentos pre-
vistos até 2027 nos 16 poços explorató-
rios são estimados em US$ 3 bilhões.
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ro-desemprego ou Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS).
No Supremo, os ministros se divi-
dem sobre o tema. Para uma ala, o pre-
sidente da República não poderia ter
revogado uma convenção internacio-
nal sem a aprovação do Congresso. Ou-
tra ala afirma que o decreto é constitu-
cional e segue válido. Uma terceira cor-
rente defende que o cancelamento ain-
da precisaria ser referendado pelo Par-
lamento. Não está claro qual tese sairá
vencedora do julgamento iniciado no
plenário virtual.
O certo é que a legislação trabalhista
brasileira não precisa de mais confusão
do que já tem. Leis que tornem menos
flexível a realocação de trabalhadores
são barreiras à produtividade. Empre-
sas precisam ter a liberdade de demitir
e contratar para crescer e gerar rique-
za, portanto mais empregos. Isso não
tira a razão de quem defende proteções
aos trabalhadores. “Proteja os trabalha-
dores, não os empregos” é um mantra
entre economistas que estudam o te-
ma. Mas cancelar o decreto de Fernan-
do Henrique não fará isso. Apenas ge-
rará uma nova obrigação burocrática e
disseminará insegurança jurídica. O
STF não deveria alimentar tal sandice.
O veto do Ibama se refere a um dos
pedidos da Petrobras e seguiu a avalia-
ção técnica, segundo a qual o projeto
“apresenta inconsistências preocu-
pantes”. Ao menos nos comunicados
oficiais, as divergências foram atenua-
das. O Ministério de Minas e Energia
disse ter recebido a decisão com “natu-
ralidade” e “respeito institucional”,
mas recomendou que a Petrobras
mantivesse equipamentos na foz do
Amazonas. A estatal alegou que pode
ser multada se não fizer o investimen-
to, pois há compromisso com a ANP.
A questão poderia ser resolvida se os
órgãos ambientais impusessem pa-
drões de segurança para perfurar o po-
ço exploratório, impondo à Petrobras
multas pesadas no caso de algum preju-
ízo ambiental. O importante é o gover-
no dispor de estudos técnicos aprofun-
dados para tomar sua decisão, e fazê-
los deveria ser a prioridade neste mo-
mento. Há no Brasil diversos exemplos
de iniciativas para explorar recursos
naturais mitigando os impactos ambi-
entais. Eles podem ser úteis no debate
que está apenas começando.
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Sábado 20 .5.2023 | OGLOBO
Artigos
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CARLOS ALBERTO
SARDENBERG
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Sobram recursos.
Mal utilizados
o ministro Fernando Haddad:
—Temos obrigação de crescer acima da média mundi-
al, dado nosso potencial de recursos naturais, recursos huma-
nos e parceria do Brasil com o mundo.
Há até abundância de recursos naturais, mas não valem
nada se não forem explorados de maneira eficiente e com
visão de futuro.
Petróleo, por exemplo. Na Margem Equatorial Brasileira,
região litorânea que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, es-
tão depositados 14 bilhões de barris de petróleo, numa esti-
mativa consistente. Para ter uma ideia: as atuais reservas pro-
vadas de óleo no Brasil, coisa certa, alcançam cerca de 15 bi-
lhões de barris.
A Petrobras já separou US$ 3 bilhões para começar a explo-
rar essa imensa riqueza. Mas, de cara, esbarrou no Ibama, que
negou a licença para pesquisas num poço, o primeiro, ao largo
da foz do Amazonas. Aregião tem enorme densidade socioam-
biental, diz o Ibama, de modo que é intolerável o risco de explo-
ração do óleo, mesmo que não aconteça nenhum desastre —tipo
vazamento de petróleo de alguma plataforma.
E aí?
A Petrobras não dá o caso por encerrado. Refará o pedido
de licenciamento e insistirá em outros poços. Em meios po-
líticos e econômicos nos estados que ganhariam investi-
mentos e, no futuro, os ricos royalties, há forte reação ao Iba-
ma e à atuação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
O caso vai parar na mesa do presidente Lula. Não será fácil.
O presidente assumiu fortes compromissos, locais e in-
ternacionais, com a preservação do meio ambiente e com a
Amazônia, em especial. Nessa linha, a exploração do óleo
na Margem Equatorial é inaceitável. Para começar se trata
de combustível fóssil —justamente o inimigo principal
quando se fala de aquecimento global. O mundo caminha
para uma economia verde —e o Brasil tam-
O mundo bém tem recursos aí.
caminha para Só que custa mais caro, é projeto de médio
uma economia e longo prazo, com introdução de novas tec-
verde, e o Brasil nologias. O petróleo está ali, à mão. A era do
também tem petróleo certamente acabará, mas em
recursos aí. quanto tempo, 30, 40 anos?
Só que custa Em qualquer caso, dizem os desenvolvi-
mais caro mentistas, o país tem tempo para impulsio-
nar o crescimento com a exploração do
óleo. Além disso, acrescentam, mesmo as petrolíferas glo-
bais mais empenhadas em desenvolver energias verdes
continuam retirando e vendendo o “ouro negro”.
Eis o ponto: sobram recursos naturais dos dois lados, o pe-
tróleo e a riqueza ambiental da Amazônia —dependendo
de uma escolha política.
Seguindo a lista do ministro Haddad, o Brasil tem recursos
humanos: é grande a população em idade de trabalhar. Mas a
educação desses trabalhadores é péssima, forte entrave ao cres-
cimento. Essa é uma das conclusões do importante estudo lan-
çado nesta semana pelo Movimento Brasil Competitivo, em
parceria com o Ministério do Desenvolvimento. O estudo me-
diu o que se chama de custo Brasil, o conjunto de entraves ao
ambiente de negócios. Ou, de maneira direta, a dificuldade que
enfrenta quem quer produzir e ganhar dinheiro honestamente.
Com o avanço de tecnologias digitais, a começar pela inteli-
gência artificial, o Brasil, mesmo tendo muita gente, corre o
risco de um apagão de mão de obra. Os trabalhadores não es-
tão preparados para a nova era. O assunto também cai na me-
sa do presidente Lula. O que fazer com o ensino médio, ponto
crucial na trajetória da educação? Até aqui, foi um fracasso.
Mas forças políticas ligadas a Lula, de estudantes a professo-
res, não querem saber de reformas. De novo: o recurso está
aí, mas, se não for utilizado, se perde.
Finalmente, temos as parcerias do Brasil com a economia
mundial. Há problemas. O país segue muito fechado tanto
para investimentos quanto para comércio. É protecionista —
situação que tem muitos interessados. A indústria automobi-
lística, por exemplo. Para um país do futuro, a gente deveria
estar tratando do carro elétrico. Em vez disso, corre no gover-
no e em setores próximos a ideia do “carro popular” —a com-
bustão, sem tecnologia e barateado com incentivos fiscais.
Isso não dá em desenvolvimento.
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OGLOBO | Sábado 20 .5.2023 Opinião | 3

_ SEG _ Fernando Gabeira _ Demétrio Magnoli (quinzenal) _ Miguel de Almeida (quinzenal) _ Edu Lyra (quinzenal) _ Irapuã Santana (quinzenal) _ Washington Olivetto (quinzenal)
_ TER_ Merval Pereira _ Carlos Andreazza _ QUA_ Vera Magalhães _ Elio Gaspari _ Bernardo Mello Franco _ Roberto DaMatta (quinzenal) _ QUI_ Merval Pereira _ Malu Gaspar
_ SEX_ Vera Magalhães _ Flávia Oliveira _ Pedro Doria _ Bernardo Mello Franco _ SÁB_ Carlos Alberto Sardenberg _ Eduardo Affonso _ Pablo Ortellado _ DOM_ Merval Pereira _ Dorrit Harazim _ Bernardo Mello Franco

PABLO EDUARDO
ORTELLADO AFFONSO

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eduardo@eduardoaffonso.com

Nem tudo o que pode, Os votos da

a gente deve fazer
primeira-dama
Lseméozoulimites.
Lins é um comediante que se especiali-
num tipo de humor ácido, ofensivo e
Faz piada com nordestinos, gor- O que você acharia se a mulher do mé-
dico entrasse na sala de cirurgia pa-
dos, velhos, mudos e negros e não foge de te- ra opinar sobre procedimentos, seda-
mas tabus, como pedofilia ou Holocausto. ção, sutura? Se o companheiro da den-
Na última quinta-feira, uma decisão da Jus- tista aparecesse para dar palpite sobre
tiça de São Paulo, a pedido do Ministério Pú- ser melhor tratar o canal ou extrair o
blico, determinou que o comediante deixe de dente logo de uma vez? Se o marido do
veicular, retire do ar e deixe de comentar con- engenheiro se manifestasse sobre a po-
teúdo que deprecie ou humilhe minorias ou sição dos pilares, porque ficou encanta-
pessoas vulneráveis. A determinação levou do com o “conceito aberto” num progra-
seu show “Perturbador”, que alcançara mais ma de televisão? Se a namorada do pilo-
de 3 milhões de visualizações, a ser retirado to resolvesse sugerir ajustes no plano de
do YouTube. Lins também está proibido de se voo ou no serviço de bordo?
ausentar de São Paulo por mais de dez dias, o Pois é. Mas aqui estamos nós, discu-
que o impede de sair em turnê. tindo as interferências da atual pri-
A decisão levantou um importante debate meira-dama na taxação de importa-
sobre a liberdade de expressão e seus limi- ções e na atuação do Gabinete de Segu-
tes, as regras que devem valer para a sátira e rança Institucional — sem saber até
o humor e a alteração da lei do crime racial, que ponto as críticas são fruto de nosso
que ampliou a pena para o que se convenci- machismo estrutural.
onou chamar de “racismo recreativo”. Já se foi o tempo em que as digníssi-
Não sabemos que passagens do show mo- mas esposas de presidentes, governa-
tivaram a ação do Ministério Público, mas dores e prefeitos estavam limitadas a
podemos olhar para alguns trechos que a fazer presença VIP nas cerimônias ofi-
imprensa destacou e que ilustram bem sua ciais e a participar de atividades filan-
forma de fazer humor. Numa delas, acusada trópicas. Mudou o papel da mulher na
de racismo, ele diz o seguinte: flito entre a proteção da dignidade humana e tuito de descontração, diversão ou recreação”. sociedade, mas o das primeiras-damas
— Negro não consegue achar emprego, aliberdade de expressão. Como regra, a liber- A solução para esse tipo de conflito me pa- não foi reescrito. Até porque se trata de
mas na época da escravidão já nascia em- dade de expressão deve encontrar seus limi- rece ser separar o que mais indiscutivel- uma espécie singular de função hono-
pregado e também achava ruim. tes na observância dos direitos humanos. mente é crime do que é eticamente questio- rífica. Assim como mesários e jurados,
Noutra, considerada pedofilia, diz: Mas nem sempre é claro o ponto em que esse nável. Para discursos que claramente confi- primeiras-damas vêm com prazo de
—Pra perder a virgindade, a menina do limite é alcançado —menos ainda numa so- guram racismo ou homofobia, devemos validade, não têm vínculo empregatí-
campo só precisa correr menos que o tio. ciedade que polarizou o tema dos limites da aplicar a lei. Para outros casos, devemos fa- cio nem recebem remuneração. Essa
Numa última, em que é acusado de pre- liberdade de expressão. O que para alguns é zer o debate público questionando a ética não é uma função (mas um status) e
conceito, afirma que “o Nordeste tem cida- preconceito claro, para outros é um comentá- do humor. Nem tudo o que a gente pode, a tampouco honorifica (não configura
des tão pobres que as crianças da África rio jocoso sobre uma situação. gente deve fazer. Há coisas que podem ser homenagem às suas notórias capaci-
mandam comida para lá”. Os conservadores têm visto certas leis ou legais, mas não são apropriadas. dades profissionais).
No final de “Perturbador”, Lins defende sua a aplicação de certas leis como motivadas Lins faz um tipo de humor de péssimo gos- Foi Marcia Tiburi quem melhor re-
forma de fazer comédia. Diz que o humor ajuda pela cultura “politicamente correta”, que, to, que se caracteriza por ser especialmente sumiu o paradoxo de essa figura conti-
a pôr as coisas em perspectiva e permite rir do no seu modo de ver, é uma hipersensibilida- ofensivo. Ele diz que ofende todo mundo, nuar existindo num governo dito pro-
que antes causava dor. Embora reconheça que de progressista. Lins sabe disso e, como ou- mas seu alvo preferencial são os mais fracos. gressista:
isso não vale para todos e que, para alguns, certo tros humoristas, construiu a carreira desa- Diz que ri dos nordestinos, mas ri também — Eu acho que não combina com
tipo de humor apenas traz sofrimento, acredita fiando o politicamente correto. dos sulistas. Porém sua piada com os sulistas uma feminista ser primeira-dama.
que a dor de alguns não deveria impedir o riso A situação fica ainda mais complicada por se é que são tão educados que, quando são se- (...) Eu sairia desse lugar inessencial e
dos outros. Afirma que a melhor maneira de re- tratar de humor, domínio que, pela própria na- questrados, querem dividir o aluguel com os subalterno e iria para um
gular esse conflito é os mais sensíveis não irem a tureza, explora os limites da liberdade de ex- bandidos. Será que a “ofensa” aos sulistas é O que você lugar de protagonismo.
um espetáculo como o dele. pressão. Tradicionalmente, ao discurso satírico equiparável à ofensa aos nordestinos, que, acharia se a A filósofa vai mais longe e
Os críticos de Lins são muitos e salientam são permitidas liberdades que não são toleradas noutra piada, são apresentados com apenas namorada aconselha a renúncia ao
que esse tipo de humor ri dos mais fracos e no discurso “sério”. Mas o Projeto de Lei que re- 72% do DNA humano? do piloto cargo (impossível: o cargo
vulneráveis e, quando não é diretamente centemente ampliou penalidades para o racis- Não vejo tantos problemas em existir um ti- resolvesse não existe, e a opção do di-
preconceituoso —e, portanto, criminoso mo recreativo fez o caminho oposto. Ampliou a po de humor que consegue fazer piada das si- sugerir ajustes vórcio parece fora de cogi-
—, ajuda a fomentar uma cultura racista. pena para discurso que venha a ser considerado tuações mais difíceis, mas me incomoda etica- no plano tação) e a “fazer alguma
O tema é delicado porque envolve um con- racista “quando ocorre em contexto ou com in- mente que esse humor só ria dos ferrados. de voo? coisa realmente mais revo-
lucionária” (improvável,
num governo que só involui).
A mulher de um governante daria
ARTIGO ótimo exemplo de protagonismo femi-
nino se continuasse em sua área de
O descontrole das plataformas atuação, onde se destaca por seus pró-
prios méritos, não por obra dos sagra-
dos laços do matrimônio. Sarah Ku-
bitschek e Ruth Cardoso souberam
midamente, equilibraria a concorrência des- que tanta gritaria contrária das plataformas? usar a proximidade com o poder para
leal desses conglomerados transnacionais. Simples: a regulação alterará e reduzirá seus ampliar seu legado. Uma, com os cen-
SYDNEY SANCHES Participamos de um debate mundial envol- modelos de monetização, muitos calcados no tros de reabilitação (hoje, Rede Sa-
vendo o enfraquecimento da democracia, que fomento à intolerância e discursos de ódio. rah). A outra, com projetos de comba-
nos leva à conclusão de que os últimos e inim- Alterar o ranqueamento das pesquisas, condu- te à pobreza (ajudou a criar o Comuni-

O s atos antidemocráticos de 8 de janeiro

desencadearam no país intenso debate
sobre a responsabilização das plataformas di-
putáveis mais de 20 anos do ambiente digital
terminaram, motivo para o inevitável rearranjo
regulatório, sempre na perspectiva de conferir
zir a busca do conjunto informativo, retirar a pa-
ridade do debate público, fazer uso do poder eco-
nômico e de influência, com vista à definição da
dade Solidária, depois transformado
no Fome Zero).
Com sua habitual incontinência ver-
gitais. Um pacto tácito entre os Três Poderes segurança, transparên- verdade que lhes convém, ações típicas de milíci- bal, Ciro Gomes causou enorme mal-
foi firmado e encontra-se em marcha. O PL Justifica-se cia e responsabilidade. as digitais, reforça a imperiosa necessidade de re- estar ao declarar, em 2002, que “a mi-
das Fake News (PL 2.630), que visa a assegu- a previsão no As big techs desfrutam gulação para que a sociedade tenha a certeza de nha companheira tem um dos papéis
rar a “liberdade, responsabilidade e transpa- PL das Fake posição dominante na que o debate público no ambiente digital tenha o mais importantes, que é dormir comi-
rência na Internet”, tem sido o centro das dis- News da internet originalmente colchão da neutralidade, pois o lucro a qualquer go”. Por mais deselegante que tenha si-
cussões e o meio para a regulamentação. remuneração não prevista e passaram preço não pode se sobrepor ao pacto civilizatório. do (e foi), totalmente errado ele não es-
O PL propõe um ambiente regulatório aos conteúdos a protagonistas do espa- Caso contrário, admitiremos o ato ilícito como tava. Nas monarquias, há uma família
que promova o dever de cuidado das plata- jornalísticos ço público, com graves legítimo, em clara distorção de todo ordenamen- reinante, que vira uma instituição (“A
formas sobre os conteúdos que distribuem e artísticos consequências nas es- to jurídico. Não à toa, o STF, ainda que sujeito a Firma”, como a chamam os britânicos);
aos milhões e fixa responsabilidades. Repe- truturas sociais, que nos crítica, vem sendo rigoroso em coibir tais inicia- nas repúblicas, o cônjuge e a prole do
te iniciativas de outros países, a fim de regu- obrigam a repensar seus modelos. Os “algorit- tivas, já que a manipulação do princípio da liber- governante deveriam manter com o
lar e responsabilizar as plataformas, sobre- mos de destruição em massa” (Cathy O’Neil) dade de expressão afronta nossa Constituição. poder relações mais... republicanas.
tudo, pela distribuição de notícias falsas, revelaram-se verdadeiros e nefastos. Cabe ao Parlamento exercer seu compromisso Margaret Thatcher, Angela Merkel e
discursos de ódio, ofensa aos direitos huma- As campanhas das grandes plataformas con- político em estabelecer a regulação digital do pa- Jacinda Ardern mostraram como se se-
nos e aos princípios democráticos. tra o PL desnudaram a capacidade de dirigismo ís; caso contrário, o Judiciário será compelido a para o público do privado nas questões
Não por acaso, as plataformas digitais hoje de seus algoritmos e representam uma aposta um posicionamento em defesa da democracia. conjugais. Aqui, Itamar Franco e Dil-
se equiparam aos veículos de comunicação, calculada no enfrentamento. A opção revelou O descontrole deliberado das plataformas ma Rousseff foram prova incontestá-
sujeitos a severa regulação. Por isso justifica- que é mentira a afirmação de que não interfe- confirma que urge a regulamentação, com a vel de que o país sobrevive muito bem
se a previsão no PL da remuneração aos con- rem no debate público e na distribuição de in- definição de parâmetros para defesa da civili- sem um primeiro-cônjuge.
teúdos jornalísticos e artísticos, cuja noticia- formações e conteúdos. A enxurrada de fake dade e da Constituição. Numa democracia, o poder é con-
da e injustificada exclusão, caso confirmada, news contra o PL pretendia inibir as iniciativas quistado pela força do voto. E os votos
serviria para retardar o reconhecimento de regulatórias do Congresso. Uma abjeta ação Sydney Sanches é presidente do da primeira-dama (ou do primeiro-ca-
um moderno direito remuneratório que, ti- atentatória às instituições democráticas. E por Instituto dos Advogados Brasileiros valheiro) estão no altar, não nas urnas.
4 |
Política
Disputa interna. Gleisi já enfrentou embates com Haddad sobre o arcabouço fiscal e a tributação de combustíveis; há reclamações no partido sobre posicionamentos que não ajudariam a ampliar o apoio
ESTRANHA NO NINHO
Gleisi enfrenta desgastes no PT e
no governo por guinada à esquerda
SÉRGIO ROXO
sergio.roxo@sp.oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
P residente do PT, a depu-
tada Gleisi Hoffmann
(PR) vem enfrentando des-
gaste com a bancada do
partido na Câmara por de-
fender posições mais à es-
querda e que por vezes coli-
dem com a pauta econômi-
ca do governo de Luiz Iná-
cio Lula da Silva. Lideran-
ças petistas afirmam que a
dirigente está afastada da
corrente majoritária da le-
genda, a CNB, pela qual foi
eleita. É levantada, inclusi-
ve, a hipótese de Gleisi dei-
xar o grupo, o que ela nega.
Nesse cenário, Gleisi fez
ressalvas ao novo arcabou-
ço fiscal apresentado pelo
ministro da Fazenda, Fer-
nando Haddad. Anterior-
mente, a dirigente petista
também se posicionou
contra a volta da cobrança
de impostos dos combustí-
veis. Haddad acabou ven-
cendo a disputa. Dos 68 de-
“Não podemos ser um
partido de oposição
sendo governo. Querem
estreitar a base do
Lula”
_ MARGEM ESTREITA
Washington Quaquá, deputado
e um dos vice-presidentes do PT
“Considero pouco a
opinião do Quaquá.
Não vejo desgaste e não
tem crise. PT está coeso
em torno do governo”
_ dos acompanharam o go-
Gleisi Hoffmann, deputada
e presidente do PT
putados do partido, 38 são
da CNB. O grupo, do qual PARTIDO EM DISPUTA
Lula e a própria deputada Presidente do PT vê insatisfação crescer em meio a gestos que ‘empurram’ legenda à esquerda
paranaense fazem parte, é
conhecido historicamente
por ter posições mais mo-
deradas em comparação
com as correntes minoritá-
rias de esquerda da sigla.
De acordo com deputados
da legenda, as falas de Gleisi
acabam sendo entendidas co-
mo posições do partido, em-
bora muita vezes sejam mino-
ritárias dentro da bancada. Em
razão disso, a relação entre ela
e seus colegas é considerada
desgastada pelos parlamenta-
res. O deputado Washington A presidente do PT
Quaquá (RJ), um dos vice-pre-
sidentes do PT e membro da regras defendidas
CNB, diz que hoje estão ali-
nhados com Gleisi na bancada Fazenda, Fernando gerou uma reclamação disseram que o partido não vai
apenas o ex-presidente do par-
tido Rui Falcão (SP), Bohn considerar o aperto medida para aumentar fiscal, tentativa de reduzir o
Gass (RS), Pedro Uczai (SC) e
Lindbergh Farias (RJ), que é
namorado dela. Nenhum de-
les é da CNB.
— Causa desgaste. Não
podemos ser um partido
de oposição sendo gover-
no — critica Quaquá. —
Estão querendo repetir
com o Lula o que foi feito
com a Dilma (Rousseff ),
que é estreitar a base de
apoio no Congresso. Que-
rem uma política fiscal
mais radical e que não tem
passagem na Câmara.
Como mostrou O GLOBO
ontem, nas duas votações
mais relevantes para o Pa-
lácio do Planalto até o mo-
mento —a urgência do no-
vo arcabouço fiscal e as
mudanças no marco do sa-
neamento, na qual Lula foi
derrotado —, 118 deputa-
verno em ambas as ocasi-
ões. O número representa
Sábado 20 .5.2023 | OGLOBO
BASE DESARTICULADA E LÍDER SEM FORÇA PARA
ACESSAR
Os impasses de Tarcísio na Alesp APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Relação do governador de SP com Assembleia é alvo de críticas até de aliados O QR CODE
LUCAS TAVARES/05-05-2023
peito e naturalidade algu-
mas posições dela.
Integrantes da direção
partidária que fazem parte
da CNB dizem que Gleisi
não tem participado, nos úl-
timos meses, das reuniões
da corrente que são realiza-
das sempre antes dos en-
contros da executiva e do di-
retório nacional, principais
instâncias decisórias da si-
gla. A presidente do partido
alega que os horários dos en-
contros a impedem de ir.
Também se queixam do es-
forço feito por ela para que
Paulo Teixeira, da Resistên-
cia Socialista, segunda mai-
or força interna, fosse indi-
cado por Lula para coman-
dar o Ministério do Desen-
volvimento Agrário.
Quaquá diz esperar que
Gleisi não deixe a corren-
te e “se ajuste na política”,
mas afirma que, se ela op-
tar por abandonar a CNB,
“perde a governabilida-
de” para continuar no co-
mando do PT.
O mandato da deputada à
frente do partido, que se en-
cerraria este ano, foi prorro-
gado até 2025.
—De jeito nenhum (exis-
te possibilidade de sair da
CNB). Só se alguém quiser
sair comigo —afirma Gleisi,
ironizando o correligioná-
rio. — Considero pouco a
opinião do Quaquá.
INCLINAÇÃO À ESQUERDA
Apesar de ter sido eleita
duas vezes para presidir o
PT com o apoio da CNB,
Gleisi nunca foi uma mili-
tante orgânica da corren-
te. Ao fim do primeiro
mandato à frente do parti-
do, em 2019, lideranças da
corrente articularam um
movimento para que Had-
dad assumisse a presidên-
cia da legenda. Lula, po-
rém, barrou a iniciativa e
Lista de embates
garantiu a reeleição da de-
putada paranaense.
Gleisi já reconheceu in-
ternamente que tem posi-
ções mais à esquerda nas
pautas econômicas, mas
seus aliados atribuem os
relatos de desgaste com a
bancada a intrigas partidá-
rias. Relatam que ela che-
gou a dizer, num primeiro
Arcabouço Resposta
R Tensão momento, que o arcabou-
ço fiscal poderia inibir o
fiscal Combustíveis da bancada interna crescimento econômico,
Gleisi defendeu o O ministro Alexandre Padilha Os posicionamentos mas depois que a proposta
fez ressalvas às adiamento da volta (Relações Institucionais) e o de Gleisi têm gerado foi chancelada por Lula,
dos impostos sobre líder da bancada do PT na incômodo na CNB, passou a defendê-la. Afir-
pelo ministro da combustíveis, o que Câmara, Zeca Dirceu (PR), corrente da qual Gleisi mam ainda que foram os
faz parte. O grupo é alertas da presidente do
Haddad, por de Haddad, a favor da apresentar emendas ao marco majoritário no PT e dá PT que fizeram com que o
sustentação ao governo blindasse o Bolsa
excessivo a arrecadação peso de declarações de Gleisi mandato dela na Família e a política de au-
e outros parlamentares presidência do partido mento do salário mínimo
das restrições impostas
Raio-X da bancada do PT em caso de descumpri-
mento da regra.
68 deputados Líder do Por fim, alegam que os
partido últimos posicionamentos
Zeca de Gleisi sobre o tema ti-
Dirceu (PR) nham o objetivo de evitar
que o relator Cláudio Ca-
Líder do
jado (PP-BA) alterasse o
governo
projeto para incluir mais
restrições. Aliados ainda
José
relatam que a relação da
38 da CNB, corrente majoritária Guimarães (CE)
presidente do PT com
Haddad foi pacificada.
—Tenho uma boa relação
Principais com a bancada. Obviamen-
te, posso ter divergências
aliados de
Gleisi na com alguns. Já tive com o
bancada Zeca (Dirceu) e com mais
um ou dois deputados, mas
Rui Falcão (SP) Bohn Gass (RS) Pedro Uczai (SC) Lindbergh Farias (RJ)
não vejo uma relação des-
gastada. Ser amplo (na ba-
Editoria de Arte se) não quer dizer não ter
posição política. Não tem
23% da Casa, patamar dis- CNB, tenta contornar as in- especial e diferenciada. Ela crise. O PT está com muita
tante do necessário para satisfações e afirma respei- é a única entre todos nós coesão em torno do gover-
aprovar projetos. tar as posições de Gleisi. que não é só deputada. É no. Mas isso não impede a
Líder da bancada, Zeca —Eu vejo a Gleisi na ban- presidente do partido tam- gente de fazer debate, in-
Dirceu (PR), também da cada sempre de uma forma bém. Então, vejo com res- clusive para ajudar.
 OGLOBO | Sábado 20 .5.2023
Governo contratou empresa suspeita de ser ‘laranja’
Mesmo sabendo das irregularidades, Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social assinou acordo de R$ 12,1 milhões para a entrega de
25,3 mil itens aos povos ianomâmis. Acusada pelo TCU de ter burlado licitações, firma não prestou serviço, e negócio será desfeito, diz pasta
PATRIK CAMPOREZ
patrik.camporez@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
U ma empresa apontada
pelo Tribunal de Contas
da União (TCU) como “la-
ranja” foi contratada pelo
Ministério do Desenvolvi-
mento e Assistência Social
por R$ 12,1 milhões para en-
tregar 25,3 mil cestas bási-
cas à população ianomâmi,
assolada por uma crise hu-
manitária. A fornecedora é
suspeita de ter sido usada
para burlar processos licita-
tórios no governo anterior e
entrou na mira da Corte.
Documentos revelam que a
pasta tinha conhecimento
sobre os indícios de irregu-
laridade e, mesmo assim,
decidiu seguir adiante com
o negócio, firmado com dis-
pensa de licitação, sem ne-
cessidade de concorrência.
Procurado, o ministério
informou ao GLOBO ter ini-
ciado um procedimento pa-
ra rescindir o acordo firma-
do com a Super Cesta Básica
de Alimentos sem que qual-
quer produto tenha sido for-
necido e antes de efetuar
qualquer pagamento, “em
razão de não cumprimento
contratual”. A pasta alega
ainda que a empresa “não
apresentou impedimento à
participação no processo, e,
por ofertar o menor preço e
demonstrar todas as certi-
dões necessárias, foi realiza-
da a contratação”.
A Super Cesta Básica de
Alimentos foi contratada
para providenciar itens co-
mo sardinha enlatada, car-
ne-seca, farinha e amen-
doim torrado aos ianomâ-
mis. No papel, a fornecedo-
ra é registrada no nome de
uma sócia-proprietária,
mas na prática, segundo o
PF e GSI acirram disputa pela chefia da segurança de Lula
Diretor-geral da Polícia articula junto a ministros e apela ao próprio petista, enquanto general Amaro nomeia militar experiente para a função
JENIFFER GULARTE
jeniffer.gularte@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
A disputa entre civis e milita-
res pela coordenação da
segurança do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ficou mais
acirrada nos últimos dias. O di-
retor-geral da Polícia Federal,
Andrei Rodrigues, procurou o
próprio chefe do Executivo pa-
ra tratar do tema e vem bus-
cando apoio de integrantes da
cúpula do governo para man-
ter a corporação à frente da ta-
refa. Do outro lado, o ministro
do Gabinete de Segurança Ins-
titucional (GSI), general Mar-
cos Amaro, insiste que ficará
sob a sua responsabilidade a
proteção do petista e passou a
escalar servidores para assu-
mir a função. Diante desse em-
bate, Lula ainda não manifes-
tou qual será a sua decisão.
Nos bastidores do Planal-
to, Amaro tem reforçado
que o GSI poderá assumir a
segurança de Lula a
partir de julho, quan-
do acaba o prazo do
decreto que criou a
Secretaria Extraordi-
nária de Segurança
Imediata da Presi-
dência, chefi-
ada por um
civil, o de-
legado da
PF Alex-
TCU, é controlada por dois
empresários que têm como
método utilizar nomes de
“laranjas a fim de não cum-
prirem com suas obriga-
ções, com objetivo fraudu-
lento de dificultar a locali-
zação de bens e valores”.
Procurada, a Super Cesta
Básica não se manifestou.
Um relatório do TCU pro-
duzido em agosto do ano
passado apontou indícios
de que empresas pertencen-
tes ao mesmo grupo dos dois
empresários foram usadas
para fraudar licitações no
governo passado. A Super
Cesta Básica de Alimentos
chegou a ser proibida de ser
contratada pelo poder pú-
blico por período de um
ano, em 2020.
CONDIÇÕES INCOMPATÍVEIS
Enquanto a punição estava
em vigor, o grupo passou a
utilizar outra empresa, com
o nome de Popular Cestas
Básicas de Alimentos, para
disputar licitações. Essa for-
necedora, que chegou a fir-
mar um contrato de R$ 39
milhões com o governo de
Jair Bolsonaro, está em no-
me de outro laranja e bene-
ficiário do Auxilio Emer-
gencial, segundo o TCU.
Procurada, a Popular Cestas
Básicas de Alimentos não se
manifestou.
O TCU diz ter identifica-
do os reais proprietários
após checar transações fi-
nanceiras e empréstimos,
além de realizar consultas
em cartórios e diligências
em endereços ligados à fir-
ma. Os técnicos da Corte de
Contas ainda realizaram
inspeções nos endereços
dos “laranjas” e constata-
ram que moram em residên-
cias que não condizem com
Sob guarda. Lula e a primeira-dama Janja descem a rampa do Palácio do Planalto acompanhados de seguranças
sander Oliveira e responsá-
vel por zelar pela integrida-
de do presidente e seu vice,
Geraldo Alckmin.
Na quinta-feira, o GSI no-
meou o coronel do Exército
Laurence Alexandre Xavier
Moreira como diretor do
Andrei
Rodrigues.
Diretor-geral
da PF
AGÊNCIA BRASIL
Pressa. O ministro Wellington Dias: pasta justificou dispensa de licitação devido à crise humanitária dos ianomâmis
O passo a > Irregularidades.
passo da Relatório do TCU de
contratação agosto apontou que
empresas que participa- uma das empresas
vam de licitações no
governo de Jair Bolso-
naro estavam em nome
de ‘laranjas’.
> Investigação inter-
na.Em janeiro, já no
governo Lula,o Ministé- mais de um mês de-
rio do Desenvolvimento
Social abriu procedi-
mento interno para
investigar as suspeitas contrato após a empre- de Almeida Júnior, chegou a
levantadas pelo TCU.
> Contratação.Apesar
das suspeitas,a pasta
o faturamento das compa- cas compatíveis com o porte da Super Cesta Básica de
nhias. Segundo o TCU, “ne- das empresas”.
nhuma dessas pessoas apa- Quando decidiu contratar Básicas de Alimentos em li-
renta condições econômi- a Super Cesta Básica de Ali- citações no governo anteri-
Departamento de Seguran-
ça Presidencial da Secreta-
ria de Segurança e Coorde-
nação Presidencial do GSI.
Caso essa atribuição fique
com a pasta, Laurence será
um dos responsáveis pela
estratégia de proteção do
Marcos
Amaro.
Ministro do
GSI
CRISTIANO MARIZ/05-05-2023
Política | 5
VINICIUS LOURES/CÂMARA DOS DEPUTADOS/26-04-2023
or. Apesar disso, a pasta de-
cidiu contratar uma dessas
fornecedoras.
Procurado, Almeida Júni-
or justificou ao GLOBO a
contratação da Super Cesta
Básica de Alimentos por dis-
pensa de licitação porque
precisava fazer compras de
forma emergencial para
atender aos indígenas. A
contratação direta, sem a
necessidade de um processo
em que empresas interessa-
das apresentam suas pro-
postas, é autorizado por lei
nos casos de emergência ou
de calamidade pública.
—A informação é que ha-
via suspeitas contra ela, mas
aí eu pedi as certidões. Se ela
mandou as certidões, para
nós, ela fica regular —justi-
ficou ele.
AVALIAÇÃO DE RISCOS
Ojurista Marçal Justen Filho,
mentos, em abril deste ano, especialista em Direito Ad-
decidiu contratar de o ministério já sabia dos ministrativo, avalia que a me-
forma emergencial,com problemas envolvendo a ra entrega de certidões por
dispensa de licitação, empresa no governo anteri- parte de uma empresa sob
or. Em janeiro, um parecer suspeita não obriga o gover-
apontadas pelo TCU do advogado da União e Co- no a efetivar a contratação.
como registrada em ordenador-Geral de Licita- —Havia indícios que de-
nome de laranja para ções, Contratos e Pessoal do saconselhavam a contrata-
fornecer 25 mil cestas Ministério do Desenvolvi- ção. Usualmente, há uma
básicas a ianomâmis. mento Social orientou a pluralidade de fornecedo-
pasta a abrir uma investiga- res. A escolha de um deles
> Rescisão. Pouco ção para a “completa eluci- em caso de contratação di-
dação dos fatos narrados na reta funda-se em razões es-
pois, o ministério anun- representação do TCU”. pecíficas. A mera titularida-
ciou que abriu procedi- O secretário-executivo do de de certidões não se cons-
mento para romper o ministério, Osmar Ribeiro titui em fundamento válido
para a contratação, e a nova
sa não cumprir termos enviar em janeiro um ofício Lei de Licitações exige a ava-
do acordo. Nenhuma ao TCU para comunicar a liação de riscos — diz ele,
cesta foi entregue e abertura de um procedi- acrescentando: —Somente
nada foi pago. mento interno para apurar há ausência de autonomia
supostas irregularidades em contratação direta
envolvendo a participação quando houver um único
fornecedor no mercado. Di-
Alimentos e Popular Cestas ante das circunstâncias, ha-
via indícios de inadequação
da escolha.
acompanhará Lula em com-
promissos oficiais.
Até o momento, cerca de
200 policiais federais fazem
a segurança de Lula. On-
tem, a Secretaria Extraordi-
BRENNO CARVALHO/10-05-2023.
nária de Segurança Imedia-
da Justiça, Flávio Dino, e ta da Presidência formou
tratou do tema com o pró- mais uma turma de 40 poli-
prio presidente. Lula, no en- ciais para trabalhar na pro-
tanto, ainda não manifestou
ao diretor-geral seu posicio-
namento sobre o assunto. O
teção de Lula, Alckmin e
seus familiares. Na próxima
segunda-feira, um novo
argumento de Rodrigues é grupo de policiais iniciará
que as principais democra- os treinamentos.
cias do mundo têm civis à Atualmente, a segurança
frente dessa tarefa. Em de Lula é dividida em três
meio à queda de braço com o camadas e não tem um co-
GSI, Rodrigues viajou na mando unificado: a imedia-
quarta-feira com Lula no ta é comandada pela PF, en-
avião presidencial para o Ja- quanto as seguranças apro-
pão, onde o presidente par- ximada e afastada — em
ticipa da cúpula do G7. O eventos e viagens — ficam
chefe da PF terá agendas com o GSI. Amaro e a PF tra-
com a Polícia Nacional do balham para ter o controle
Japão durante a viagem e total dessas estruturas.
presidente e seu vice. O co-
ronel integrou a equipe do
GSI, em 2022, durante a
gestão do general Augusto
Heleno, no governo de Jair
Bolsonaro. Entre os anos de
2004 e 2007, nos primeiros
dois governos de Lula, Lau-
COMPRO JOIAS EM OURO
OURO - PRATA - BRILHANTES -RELÓGIOS DE LUXO - PLATINA - MARFIM
rence também esteve no MOEDAS EM GERAL - ANTIGUIDADES QUADROS - ESCULTURAS
GSI, quando foi integrante OBRAS DE ARTE - PRATARIAS
do Departamento de Segu- (VENDA, CONSERTO, FABRICAÇÃO DE JOIAS EM GERAL)
rança Presidencial. ESCOLHA SEMPRE UMA EMPRESA SEGURA
Em outra frente, Andrei COM CREDIBILIDADE HÁ 33 ANOS NO MERCADO
Rodrigues, tem procurado * NÃO VENDA ANTES DE NOS CONSULTAR
* CUBRO OFERTA
angariar aliados na cúpula * PAGO NA HORA EM DINHEIRO NÃO T
EMOS
do governo para que a se- F ILIAIS
* ATENDEMOS EM DOMICÍLIO
gurança se mantenha
chefiada pela insti- Shopping dos Antiquários - COPACABANA
Rua Figueiredo de Magalhães, 598 / Terreo - Loja 92
tuição. Já buscou carolinajoiasoficial | www.carolinajoias.com.br
apoio do ministro
✆ 2235.8289 / 98059.7801 97940.2930
6 | Política Sábado 20 .5 .2023 | OGLOBO

ENTREVISTAS
Ricardo Salles / DEPUTADO FEDERAL (PL-SP) Sâmia Bomfim / DEPUTADA FEDERAL (PSOL-SP)
Relator da CPI e crítico ferrenho do MST diz que não usará colegiado como Parlamentar da base aliada acusa integrantes da oposição de usar a CPI para
palanque para eleição municipal, promete atuar com imparcialidade e afirma prestar contas a seus financiadores, confirma que ex-mulher de um dos líderes
que reforma agrária não é a solução para os ‘problemas do campo’ do MST trabalha em seu gabinete e promete defender reforma agrária no colegiado
LUÍSA MARZULLO luisa.castro@oglobo.com.br LUÍSA MARZULLO luisa.castro@oglobo.com.br

FOTOS DE VINICIUS LOURES/CÂMARA DOS DEPUTADOS

FOTOS DE PABLO VALADARES/CÂMARA DOS DEPUTADOS

‘LULA QUER SE ‘IDEIA DA OPOSIÇÃO

VINGAR DO AGRO É CRIMINALIZAR
PELO APOIO DADO O MOVIMENTO E
AO EX-PRESIDENTE’ DESGASTAR GOVERNO’
O senhor já defendeu tratar
o MST com tolerância
zero e classificou o
cala. A reforma não é essa bala
de prata que vai acabar com o
problema, mas pode ser que
um lado, ministros têm con-
denado as invasões crimino-
sas. Do outro lado, Lula levou
C omo defender o MST,um
movimento social que
promove invasão de
Enquanto ministros estiveram
na feira do MST,Carlos Fávaro
(ministro da Agricultura) não
àescravidão que ocorre dentro
das propriedades, a degrada-
ção ambiental...
movimento como um grupo em alguns casos possa ser fei- (João Pedro) Stédile (líder do propriedade privada? foi à Agrishow.Acredita que
criminoso. Considera-se to. E há um problema: o Brasil MST) para a China e enalte- O MST é um movimento esses episódios prejudicam a Usará o colegiado para
imparcial para relatar a CPI? praticamente não tem mais ceu as ações do movimento. histórico responsável por di- imagem do governo com o defender pautas antigas
Tendo a trabalhar de forma propriedades improdutivas. Também nomeou ex-inte- versas ocupações que resulta- agronegócio? Vê erros por parte como a reforma agrária?
imparcial. Já combinei com os grantes para a superintendên- ram em reforma agrária. Não de Lula e seu governo? Sem dúvida, acho que de
deputados do governo que va- No dia em que a CPI foi cia do Incra num claro desvio há nenhum assentamento de Não vejo essa indisposição certa forma essa CPI pode ge-
mos ter espaço para que os lí- instalada,o senhor riu quando de finalidade. Esses sinais con- terra no Brasil que não tenha do governo com o agronegó- rar o efeito contrário. Vi isso
deres apresentem suas visões e a deputada Sâmia Bomfim,do traditórios deixam uma dúvi- ocorrido por meio desse méto- cio. O governo tem diálogo. A pela própria feira da reforma
versões sobre os fatos (as in- PSOL,afirmou que o senhor da de quanto de responsabili- do legítimo. O uso social da própria viagem à China teve agrária. Pessoas de classe mé-
vasões ocorridas no mês passa- não deveria estar no colegiado dade tem sobre as invasões, o propriedade improdutiva é esse papel com a exportação, dia se encantando pelo concei-
do). Também combinamos por responder a processos por que ficará claro na CPI. previsto na Constituição, por nosso principal mercado con- to e conhecendo outras produ-
que vamos trazer membros do crime ambiental.Ela se referiu isso é muito tranquilo defen- sumidor. O agro não é um fan- ções rurais no país.
governo para opinar sobre as a investigações por suposto Osenhor não usará a relatoria der o direito à reforma agrária tasma. Agora, há setores bol-
diligências. Então, vai estar favorecimento a madeireiros... para alcançar objetivos ligado a movimentos sociais. sonaristas do agronegócio que Na tarde de quarta-feira,
bem equilibrado. Não existe nada concreto so- políticos? financiaram a campanha do quando a CPI foi instalada, a
bre mim. Sâmia é que escon- Não, apesar de ter repercus- Mas nem sempre as invasões ex-presidente e fazem uma senhora afirmou que Salles
Desde a campanha de 2018,o deu do plenário que emprega a são neste campo. têm ocorrido em terrenos movimentação política para não deveria estar no colegiado.
senhor sempre teceu críticas esposa do José Rainha (líder do improdutivos.Tivemos o caso desgastar o governo Lula. Ri- Por quê?
ao MST.Como avalia o MST), que está preso por ex- Mesmo tendo em vista a da Embrapa no mês passado, cardo Salles é grande parte dis- O relator não é uma figura
movimento hoje? torquir pessoas. É ela que tem prefeitura de São Paulo no por exemplo. Como isso pode so. Ele foi financiado por lati- tradicional da Frente Parla-
O MST e os movimentos conflitos de interesse em par- ano que vem? ser justificado? fundiários de São Paulo e vem mentar Agropecuária. Ele sur-
que lutam por terra ou mora- ticipar de uma CPI como essa. Uma coisa não tem nada a Existem ações que não ne- articulando esse movimento. fou na onda do bolsonarismo,
dia têm de tudo, como qual- ver com outra. A questão do cessariamente têm a ver com a foi ministro internacional-
quer grupo: gente boa, gente Qual seria a forma ideal de agro é a prioridade agora. reapropriação daquela terra. Aoposição é maioria no mente criticado e responde na
ruim, gente com legítimo in- frear as invasões? Oobjetivo é, às vezes, fazer um colegiado e ocupa todos os Justiça por crimes ambientais.
teresse em conseguir terras Primeiro, resolver o proble- No último final de semana, questionamento ou pressão. É cargos de maior relevância. Tem interesse político.
para poder produzir e gente ma de regularização fundiária ministros estiveram na 4ª Feira um método legítimo para cha- Acredita que a CPI será um
que está usando o movimento e, segundo, apontar os crimi- Nacional da Reforma Agrária, mar a atenção às demandas do palanque de ataque ao governo? Em contrapartida,Salles te
para fazer luta política, para nosos que estão por trás disso e em SP,o que não foi bem visto movimento. Não necessaria- Sem dúvida, esse é o objeti- acusou de empregar a mulher
obter vantagem econômica usando gente humilde como por parte da bancada ruralista. mente aquele terreno será vo. A oposição vai querer ques- do José Rainha em seu gabinete.
indevida. Nosso papel é sepa- massa de manobra. É um equívoco que autori- usado para reforma agrária. tionar o governo, trazer minis- Diolinda é sua servidora há mais
rar o joio do trigo. Parte do dades compareçam a um tros, criminalizar e enfraque- de um ano,certo?
MST tem experiências positi- Onde a CPI pode chegar? evento que tem, de certa for- Os deputados da oposição cer o movimento social. Al- Ela é ex-esposa, mais de uma
vas e reivindicações legítimas. Mostraremos quem coor- ma, pessoas envolvidas em cri- afirmam que o governo tem guns também querem usar co- década separados. É uma lide-
dena, quem paga, quem se me. Agora, essa exposição ti- participação nas invasões mo palanque eleitoral e pres- rança histórica. O artigo quin-
Quais? beneficia (das invasões) e nha algumas coisas positivas deste ano. Qual é sua tar contas para seus financia- to do nosso Código de Ética da
A reivindicação política so- quem se omite. como a produção das coopera- avaliação sobre isso? dores de campanha, que estão Câmara fala da impossibilida-
bre a reforma agrária. Outra tivas e exposição de produtos Não tenho conhecimento envolvidos nos conflitos de de de a relatoria ser enviesada
questão são os assentamentos Com frequência,os que eles mesmos fazem. de participação do governo. terra ou até na invasão de ter- por pessoas que tenham inte-
feitos pelo Incra (Instituto Na- parlamentares acusam o ras indígenas. resses particulares e foi isso
cional de Colonização e Refor- governo de leniência com o O senhor esteve com o Mas o governo tem feito que argumentei sobre Salles
ma Agrária) que deram certo, MST.Acredita que o governo ex-presidente na Agrishow e é acenos ao MST.Qual sua Como será sua atuação na —tem interesse econômico,
que conseguiram produzir, tenha responsabilidade sobre um político próximo do opinião sobre as nomeações CPI? político e ideológico. Não tem
gerar melhora de qualidade de as invasões do Abril Vermelho? agronegócio. Como avalia a no Incra (Instituto Nacional de Vamos expor as contradi- cabimento a comparação.
vida aos assentados. O governo Lula vive uma si- relação de Lula com o setor? Colonização e Reforma ções deles: a invasão às terras
tuação de incongruência. De O Lula pregou que iria paci- Agrária)? Por que o movimento indígenas, o trabalho análogo Qual é o objetivo desta CPI?
E qual é sua opinião pessoal ficar o Brasil e agora vemos tu- precisa desses cargos? Com certeza, é uma re-
sobre a reforma agrária? do, menos isso. A forma depre- O próprio movimento sa- vanche dos bolsonaristas
Em pleno século XXI, acho ciativa que ele trata o agro, o beria responder melhor. que querem seguir agluti-
que não é uma questão só de apoio a invasões, a redução de nando a base social e dialo-
acesso à terra. Há pessoas que “A reforma agrária não é financiamento do BNDES, dá Ministros estiveram na 4ª Feira “A CPI do MST gando com seus financia-
têm vocação para a produção o recado de que quer se vingar Nacional da Reforma Agrária. dores. É tirar o foco dos
rural e merecem ter um lote essa bala de prata que vai do setor pelo apoio dado ao ex- Essa aproximação com o é uma revanche crimes: a CPI foi proposta
com a devida regularização acabar com o problema presidente Bolsonaro. movimento social deveria ser dos bolsonaristas logo que começou a ser vi-
fundiária para que possam (no campo); em alguns prioridade do governo? que perderam as abilizada a CPI que vai
produzir. Mas não é verdade casos pode ser feito. Mas Mas Lula pode fazer as pazes Acredito que o governo de- eleições e querem seguir apurar os ataques de 8 de
que a solução dos problemas ve priorizar pautas sociais que janeiro e que Bolsonaro
no campo seja através da refor- o Brasil praticamente não com o agronegócio?
Sim, mas quem tem que fa- são urgentes, como as refor- aglutinando a base. começou a depor na Polí-
ma agrária. Grande parte da tem mais propriedades zer gesto de respeito e transpa- mas estruturais, e a reforma (O objetivo) é tirar o cia Federal. O intuito é cri-
produção exige tecnologia, es- improdutivas” rência é o governo. agrária é uma dessas pautas. foco da CPI do golpe” ar uma falsa comparação.
 OGLOBO | Sábado 20 .5.2023
Documentos e delações
sustentam ação contra Collor
STF já formou maioria para condenar ex-presidente em processo que reúne
relatórios, planilhas, registros de entradas de operadores e depoimentos
DANIEL GULLINO
daniel.gullino@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
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A ação penal que pode levar o ex-pre-
sidente Fernando Collor à prisão
—já há maioria no Supremo Tribunal
Federal (STF) para condená-lo por
corrupção passiva e lavagem de di-
nheiro —vai além das acusações feitas
por delatores ao réu. O processo con-
tém uma série de documentos, como
registros de entrada em empresas e
mensagens trocadas entre os suspei-
tos, que deverão sustentar a provável
condenação do político.
As alegações finais da Procuradoria-
Geral da República (PGR) e o voto do
relator, Edson Fachin, citam relatos de
três delatores da Operação Lava-Jato: o
doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da
Petrobras Nestor Cerveró e o empresá-
rio Ricardo Pessoa, da UTC. Ressal-
tam, porém, que as afirmações são
comprovadas por outros elementos.
O ponto de partida da denúncia é a
influência de Collor na BR Distribui-
dora. O então senador era o padrinho
político de diretores da subsidiária, de
acordo com Cerveró e Pessoa.
Uma dos itens citados é uma maté-
ria do GLOBO de 2010, que revelava
as indicações de Collor. Na época, o
então ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão, e o líder do PTB (parti-
do de Collor), Gim Argello, confir-
maram a informações.
“INGERÊNCIA EM FUNÇÃO DO CARGO”
As indicações também foram relatadas
em um diálogo de Léo Pinheiro, ex-do-
no da OAS e também delator da Lava-
Jato, em mensagens que foram apreen-
didas. Em 2013, um interlocutor diz a
ele que foram pedidos “os dois cargos
que eram do Collor” da empresa.
Além disso, a Polícia Federal
apreendeu na casa de Collor docu-
mentos relacionados à BR Distribui-
dora, como comunicações de empre-
sas destinadas à subsidiária.
“Tal documentação demonstra a
proximidade com a qual exercia a inge-
rência sobre a BR Distribuidora em de-
corrência do cargo ocupado e da influ-
ência política”, afirmou Fachin no voto.
A questão central da denúncia, por
Após cassação, Dallagnol é recebido por
aliados com carreata esvaziada em Curitiba
Deputados estaduais protestaram pelas ruas da capital paranaense contra a decisão do TSE
KATHLEN BARBOSA
kathlen.barbosa@bsb.oglobo.com.br
-
O deputado cassado Deltan Dallag-
nol (Podemos-PR) foi recebido na
manhã de ontem no Aeroporto Inter-
nacional Afonso Pena, próximo a Curi-
tiba, por aliados que protestavam con-
tra a perda de seu mandato, após o re-
gistro da candidatura do ex-parlamen-
tar ser indeferido pelo Tribunal Superi-
or Eleitoral (TSE) na terça-feira. Dal-
lagnol foi recebido pelos deputados es-
taduais Tito Barichello (União) e Fábio
Oliveira (Podemos), que convocaram
eleitores pelas redes sociais para com-
parecerem ao local. Os registros com-
partilhados por Barichello, no entanto,
mostraram uma manifestação esvazia-
da pelas ruas da capital paranaense.
Nos vídeos publicados por Barichel-
lo, não há apoiadores na entrada do ae-
roporto e nem durante o desfile dos
parlamentares no alto de um trio elé-
trico por Curitiba. Outro registro
compartilhado no Twitter mostra o
grupo gritando palavras de protesto
contra a cassação de Dallagnol ao mi-
crofone e sendo seguido por poucos
carros. Para Barichello, o colega foi
“cassado ilegalmente pelo TSE”:
Risco de prisão. O ex-presidente Collor, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
sua vez, é um benefício que teria sido
realizado em favor da UTC Engenha-
ria. A empresa ganhou quatro contra-
tos em seis meses, e por isso teria pago
R$ 20 milhões de propina a Collor, por
meio de seus operadores.
A vitória da UTC teria sido possibili-
tada de duas formas. Primeiro, a em-
preiteira teve acesso aos orçamentos
prévios da BR Distribuidora, o que lhe
permitiu apresentar uma proposta me-
lhor. Ao mesmo tempo, empresas me-
nor porte foram excluídas proposital-
mente da licitação, para evitar que
apresentassem propostas mais baratas.
Orelato foi feito por Pessoa.
Para comprovar esse favorecimento,
aPGR usou principalmente um relató-
rio feito por um grupo de trabalho ins-
tituído pela própria BR no início da La-
va-Jato. A equipe identificou que as
propostas apresentadas pela UTC ti-
nham, em diversos itens, a mesma va-
riação percentual em relação à plani-
lha de preços da BR Distribuidora. Isso
seria “estatisticamente inviável” e de-
monstraria acesso privilegiado.
O grupo também analisou docu-
mentos internos e e-mails que de-
monstram a exclusão de algumas em-
presas do processo. As informações co-
incidem com a delação de Pessoa.
Por fim, também há registros de en-
trada de Pessoa na BR Distribuidora
—Vamos lutar pelos interesses da re-
pública de Curitiba. O medo não faz
parte do nosso vocabulário. Já enfren-
tei facções criminosas e agora se tiver
de enfrentar poderosos, vamos enfren-
tar poderosos. Essa decisão do TSE tem
que ser modificada pelo Supremo por-
que não é justa e nem correta. Diga
não! Somos todos Deltan Dallagnol
agora —disse o deputado estadual.
Durante a carreata, Dallagnol e alia-
dos pararam na Praça Nossa Senhora
de Salette, em frente ao Palácio Iguaçu,
sede do governo do estado, para fazer
uma oração em nome do ex-deputado.
—Na última terça-feira o Brasil não
Política | 7
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em cinco oportunidades, “em datas Simcauto
consideradas chaves”, em meio às ne- Você encontra essa oferta na página 06 nos Classificados de Veículos.
gociações, ainda segundo o relatório.
Como contrapartida ao benefício,
a UTC combinou o pagamento de Novo Fiat
R$ 20 milhões, dividido da seguinte 500 Elétrico
forma: uma “entrada” de R$ 2 mi-
lhões e 20 parcelas de R$ 900 mil.
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Pessoa apresentou uma planilha
com um cronograma de pagamento,
que seria relacionado ao andamento Azzurra Fiat
das obras. A defesa dos réus contes-
tou a veracidade desse documento, Você encontra essa oferta na página 11 nos Classificados de Veículos.
mas tanto a PGR quanto Fachin con-
sideraram que há outros elementos Nova Montana LTZ 1.2 turbo 2023
que corroboram o relato.
Há registros de entrada de dois funci- R8D Completa
onários de Youssef —Rafael Angulo
Lopez, que também virou delator, e A partir de
Adarico Negromonte Filho —na sede R$ 133.990,00
da UTC, em datas que coincidem com
ocronograma de pagamentos. Simcauto
Além disso, foram apreendidos no
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escritório do doleiro oito compro-
vantes de depósitos a Collor e uma
transferência realizada para uma T-Cross Comfortline
empresa da qual ele é sócio.
Os dois outros réus, acusados de se-
rem operadores de Collor, Pedro Pau- Agora com Bônus
lo Bergamaschi de Leoni Ramos e de até R$12.000,00
Luis Amorim, também estiveram di- Taxa 0%
versas vezes no escritório de Youssef.
A defesa de Collor nega as acusa- Distac
ções e diz que ele é inocente. Você encontra essa oferta na página 02 nos Classificados de Veículos.
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ao lado de
aliados sobre
um trio elétrico:
carreata em
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apoio ao
ex-deputado Mitsubishi
pelas ruas de Você encontra essa oferta na página 05 nos Classificados de Veículos.
Curitiba reuniu
poucos carros
Suzuki Jimny Sierra
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dormiu. O paranaense ficou sem chão.
345 mil votos jogados no lixo. E quem
jogou no lixo são os criminosos que es- Suzuki Millenium
tão roubando o Brasil, são aqueles que
estão querendo nos calar. Quem jogou Você encontra essa oferta na página 04 nos Classificados de Veículos.
no lixo o teu voto é aquele que quer co-
locar uma mordaça na sua boca e dizer Nova Royal
que o poder não emana do povo —afir-
mou Fábio Oliveira em cima do trio. Enfield Scram
O protesto repercutiu nas redes en- 411CC
tre opositores, que debocharam da bai-
xa adesão. O deputado federal André R$ Confira!
Janones (Avante-MG) chamou a car-
reata de “marcha fúnebre”, e o ex-depu- Royal Enfield
tado Jean Wyllys postou: “Essa deca-
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dência ainda é muito pouco para ele”.
 8 | Política Sábado 20 .5 .2023 | OGLOBO

Mulher de Cid complica marido em depoimento

Gabriela contou à PF que ex-ajudante de ordens ‘tomava a frente da dinâmica familiar’ e era responsável por cartões de vacinação
adulterados. Bolsonaro diz que não tinha por que desconfiar dele, e Michelle, que militar pagava despesas, mas não com verba pública

BRENNO CARVALHO/ 19-05-2023

PAOLLA SERRA
paolla.serra@infoglobo.com.br
mas” em benefício de Bolso- Investigada. tos dele como presidente da
BRASÍLIA naro e de sua filha Laura com Gabriela Cid República. Não tem um tostão
-
ou sem o conhecimento do prestou de recursos públicos. Temos

M ulher do tenente-coro-
nel Mauro Cid, Gabri-
ela Cid afirmou que seu
marido era quem cuidava
dos cartões de vacinação da
família, que foram adulte-
rados e entraram na mira
da Polícia Federal. Em de-
poimento prestado à PF
ontem, ela disse que o mili-
tar, que era ajudante de or-
dens do ex-presidente Jair
Bolsonaro, “tomava a fren-
te da dinâmica familiar” e
que não o questionou sobre
a obtenção da carteira frau-
dada. Assim como Cid, Ga-
briela foi alvo de busca e
apreensão e é investigada
no inquérito que apura os
crimes de infração de me-
dida sanitária preventiva,
associação criminosa e cor-
rupção de menores.
A investigação mostra que
foram inseridas marcações
de vacinação contra a Co-
vid-19 não apenas nos car-
tões da família Cid, mas
também na de Bolsonaro.
Constam na documento do
ex-presidente que ele to-
mou o imunizante contra o
coronavírus, embora ele
afirme que jamais se vaci-
nou. A mulher do ex-aju-
dante de ordens disse não
saber se Bolsonaro foi infor-
mado sobre a falsificação.
Em cerca de duas horas e
meia, Gabriela afirmou aos
investigadores não ter questi-
onado Mauro Cid sobre os do-
cumentos por “ter certeza” de
que ele não falaria como os
obteve. No documento, ao
qual O GLOBO teve acesso,
ela negou saber se Mauro Cid
“arquitetou e capitaneou toda
a ação criminosa relativa às
inserções de dados nos siste-
ex-presidente.
As investigações aponta-
ram que Cid teria emitido os
certificados e os utilizado
para, por exemplo, embar-
car com a família para os Es-
tados Unidos.
Para a PF, a análise das men-
sagens de WhatsApp, decor-
rentes da quebra de sigilo tele-
mático, “reforça os indícios de
novas inserções de dados fal-
sos nos sistemas do Ministério
da Saúde”. As conversas de-
monstraram que as filhas de
Cid realizavam “atividades co-
tidianas” em Brasília nas datas
em que seus cartões de vacina-
ção registraram as imuniza-
ções em Duque de Caxias, na
Baixada Fluminense.
O inquérito mostra ainda
que um perfil associado aos
dados de Bolsonaro foi conec-
tado ao aplicativo Conecte-
SUS por pelo menos quatro
vezes desde dezembro do ano
passado. Segundo os investi-
gadores, até 22 daquele mês, a
conta era administrada pelo
ex-ajudante de ordens.
A partir dessa data, o cadas-
tro da conta de Bolsonaro foi
alterado para um e-mail de
Marcelo Costa Câmara, então
assessor especial e quem o
acompanhou em sua estadia
nos Estados Unidos. “A altera-
ção cadastral foi realizada a
partir do mesmo endereço de
IP utilizado para emitir o certi-
ficado de vacinação ideologi-
camente falso, com registro no
Palácio do Planalto”, disse a PF.
Em depoimento na terça-
feira, o ex-presidente negou
ter conhecimento da inserção
de dados falsos de vacinação
Preso. Mauro Cid teria emitido
certificados falsos de vacinação
em seu nome e no de Laura.
Ontem, Bolsonaro disse
não temer ser preso e defen-
deu Mauro Cid. O ex-presi-
dente afirmou não haver mo-
tivos para ir para a cadeia, mas
disse, sem apresentar provas,
que pessoas “importantes” já
discutiam prendê-lo antes do
fim do governo, numa espécie
de “prisão light”, segundo ele,
“apenas para carimbá-lo com
a pecha de ex-presidiário”.
Em entrevista à revista Veja,
Bolsonaro citou o caso da ex-
presidente boliviana Jeanine
Áñez, presa e condenada sob
acusação de atos antidemo-
cráticos, mas negou temer
que o mesmo ocorra com ele.
— Para ter algum motivo
que justificasse isso, eu preci-
saria ter feito pelo menos 10%
do que ela fez. E eu fiz 0%. Al-
gumas pessoas importantes,
não vou dizer os nomes, já di-
ziam antes de acabar o gover-
no que querem me prender.
Uma prisão light, apenas para
me carimbar com a pecha de
ex-presidiário —afirmou ele.
O ex-presidente afirmou
acreditar que “alguém fez bes-
teira” no caso da emissão de
certificados falsos de vacina-
ção. No entanto, defendeu
Mauro Cid:
—Quem indicou o Cid foi o
comando do Exército da épo-
ca, mas ele me serviu
muito bem. Nun-
ca tive nenhum
motivo para
desconfiar
dele, e não
quero
depoimento por
cerca de duas
horas e meia na
Polícia Federal
acusá-lo de nada. Eu tenho
um carinho muito especial
por ele. É filho de um general
da minha turma, considero
um filho.
CONTAS PESSOAIS
Também em entrevista à
Veja, a ex-primeira-dama
Michelle Bolsonaro ne-
gou ter qualquer relação
com Mauro Cid. Ela disse,
entretanto, que o militar
pagava as contas pessoais
dela porque ficava com o
cartão da conta-corrente
de Jair Bolsonaro.
Conversas interceptadas
pela PF revelaram trocas de
mensagens entre o ex-aju-
dante de ordens e duas asses-
soras de Michelle que apon-
tam a existência de uma ori-
entação para o pagamento
em espécie das despesas da
então primeira-dama.
—Todo o dinheiro usado pe-
lo coronel para pagar minhas
despesas foi sacado da conta
pessoal do Jair, dos rendimen-
os extratos para provar isso —
disse ela à revista.
Questionada por que não
pagava as próprias contas, Mi-
chelle disse que administrava
as despesas de casa até chegar
ao Palácio da Alvorada:
— A gente tinha vários
eventos, uma demanda mui-
to grande de trabalho, então a
gente deixava tudo na plani-
lha. Eu passava para a minha
assessora, que passava para o
Cid, que tinha acesso ao car-
tão pessoal. Ele sacava e pa-
gava a manicure, ou cabelei-
reiro, um dinheiro para o lan-
che das crianças.
A PF também apurou que
Michelle usava um cartão de
crédito vinculado à conta de
Rosimary Cardoso Cordeiro,
assessora parlamentar no Se-
nado e sua amiga de longa da-
ta. Ambas trabalharam como
assessoras de deputados na
Câmara. Cid pagava a fatura
do cartão em dinheiro vivo,
em uma agência do Banco do
Brasil dentro do Planalto.
—Nunca me pediram ex-
plicações. Uso esse cartão
desde 2011. Eu era quebra-
da. Em 2007, casei com o
Jair, fui para o Rio de Janei-
ro. Tenho três irmãos. A mi-
nha família é bem simples, e
eu sempre cuidei dos meus
irmãos. Na época, o limite
do meu cartão de crédito
era de 1.800 reais, porque
eu não tinha como compro-
var renda. Aí essa minha
amiga ofereceu um cartão
adicional na conta dela, que
tinha um limite maior. Eu
pagava minha parte na fatu-
ra. Tenho todos os compro-
vantes. Esses achismos des-
troem a reputação das pes-
soas —afirmou Michelle.

ISAC NÓBREGA/PR

Saída de Flávio abre

PABLO VALADARES/CÂMARA DOS DEPUTADOS ROQUE DE SÁ/AGÊNCIA SENADO PABLO VALADARES /CÂMARA DOS DEPUTADOS PABLO VALADARES / CÂMARA DOS DEPUTADOS

corrida na direita por

prefeitura do Rio
Após veto de Bolsonaro à candidatura do filho,
nomes como Pazuello, Portinho, Otoni e Luizinho
disputam apoio do ex-presidente para 2024

BELA MEGALE E JULIA NOIA

politica@oglobo.com.br
enfrentar o prefeito Eduardo
BRASÍLIA E RIO Paes (PSD), que pretende
-
disputar a reeleição.

A decisão de Jair Bolsona-

ro de vetar a candidatura
do seu primogênito, o sena-
A construção da candidatu- Luizinho. Apoio do governador
ra do senador, que foi líder do
governo Bolsonaro naquela
Portinho. Reunião com Bolsonaro Otoni. Combate à esquerda

alternativo até o momento:

Pazuello. Nome de confiança

Doutor Luizinho conta

dor Flávio Bolsonaro (PL-
RJ), à Prefeitura do Rio no
ano que vem abriu a disputa
entre nomes da direita dis-
postos a concorrer ao posto
com o apoio da família. Es-
tão no páreo o senador Car-
los Portinho (PL), os depu-
tados federais Otoni de Pau-
la (MDB) e Eduardo Pazuel-
lo (PL), além do secretário
estadual de Saúde do Rio,
Doutor Luizinho (PP). O ex-
ministro Braga Netto tam-
bém é cotado.
Antes de convencer Flávio
a desistir da empreitada, Bol-
sonaro se reuniu com Porti-
nho na sede do PL, segundo o
blog da coluna de Lauro Jar-
dim, do GLOBO. O presiden-
te nacional do partido, Valde-
mar Costa Neto, que acom-
panhou a reunião, quer, no
entanto, analisar pesquisas
antes de decidir quem deve
Casa, contaria com o apoio de Nomes da > Senador Carlos > Secretário estadual — Vamos escolher o me- com o apoio do presidente
caciques do PL, como o depu- direita que Portinho (PP) de Saúde,Doutor Lui- lhor nome para disputar a nacional de seu partido, o
tado Altineu Côrtes, presi- são cotados Ele se reuniu com Jair zinho (PP) capital com o nosso apoio. PP, Ciro Nogueira, que foi
dente estadual da legenda. Bolsonaro antes de o Deputado federal licencia- O PL chegou a aventar a ministro da Casa Civil de
— Vamos construir jun- ex-presidente rifar a do,conta com o apoio do possibilidade de Pazuello se Bolsonaro.
tos. É uma maratona, não candidatura do sena- governador Cláudio Cas- cacifar como cabeça de cha- Outro que tenta se cacifar
uma corrida de cem me- dor Flávio Bolsonaro tro (PL) e do presidente do pa, mas pessoas próximas ao é Otoni de Paula. Ex-vice-lí-
tros. Há bons quadros no (PL-RJ), um de seus PP,Ciro Nogueira ex-ministro da Saúde ne- der do governo Bolsonaro
PL, mas me coloco como filhos. Portinho con- gam que ele tenha sido pro- na Câmara, ele costumava
pré-candidato — disse taria com o apoio de > Eduardo Pazuello (PL) curado pela legenda desde a dizer que havia recebido a
Portinho. — Para enfren- caciques do PL, como Deputado federal foi retirada do nome de Flávio. missão do então presidente
tar Eduardo (Paes), que o deputado Altineu ministro da Saúde e é Em paralelo, outro nome para ser o “pitbull do Palá-
bem conheço, já que fui se- Côrtes, presidente próximo de Bolsonaro. que corre para se consolidar cio” e “combater ferozmen-
cretário por duas vezes, estadual da legenda. como a figura da direita nas te a esquerda”.
tem que ser carioca e ter > Braga Netto (PL) eleições municipais de 2024 é Entre os cotados no cam-
conteúdo. A cidade preci- > Deputado federal Ex-ministro da Defesa e osecretário estadual de Saúde po da direita também está
sa de um debate de alto ní- Otoni de Paula (MDB) da Casa Civil de Bolso- do Rio, Dr. Luizinho (PP), ho- Braga Netto (PL). Ex-minis-
vel e ser valorizada. Ex-vice-líder do go- naro,o general da reser- mem de confiança do gover- tro da Defesa e da Casa Civil
Na quinta-feira, em entre- verno Bolsonaro na va concorreu a vice na nador Cláudio Castro (PL). de Jair Bolsonaro, o general
vista à Jovem Pan, Bolsona- Câmara, dizia que chapa da reeleição. Foi — Sem a candidatura do da reserva concorreu a vice
ro afirmou que Flávio não havia recebido a interventor federal na Flávio, vamos começar a na chapa da reeleição, no
irá disputar a prefeitura do missão de ser o “pit- segurança pública do discutir a melhor opção no ano passado. Ele foi inter-
Rio no ano que vem porque bull do Palácio” e Rio em 2018,nomeado campo político, com PP, PL, ventor federal na segurança
precisa dele no Senado. O “combater ferozmen- pelo então presidente MBD e Republicanos na pública do Rio em 2018, no-
ex-presidente disse ainda te a esquerda”. Michel Temer mesa —disse ele, que é de- meado pelo então presiden-
que não definiu um nome putado federal licenciado. te Michel Temer.
OGLOBO | Sábado 20 .5.2023 | 9

INCLUSÃO LGBTQIAP+ PARA

Brasil
ACESSAR

Nova identidade não terá campo ‘sexo’ APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Governo anunciou ainda fim da distinção entre nome social e de registro civil O QR CODE

PUNIÇÃO NO ANDAR DE CIMA

PF indicia ex-presidente da Funai por
omissão na morte de Bruno e Dom
REPRODUÇÃO
EDUARDO GONÇALVES E
DANIEL BIASETTO
brasil@oglobo.com.br
BRASÍLIA E RIO
-

A Polícia Federal indiciou

o ex-presidente da Fun-
dação Nacional dos Povos
Indígenas (Funai), Marcelo
Xavier, pelo crime de homi-
cídio com dolo eventual no
caso dos assassinatos do in-
digenista brasileiro Bruno
Pereira e do jornalista britâ-
nico Dom Phillips, em ju-
nho do ano passado.
A PF entendeu que Xavier
poderia ter agido para evitar
o cenário de violência que
dominou o Vale do Javari,
no norte do Amazonas, on-
de ocorreu o crime. As in-
vestigações apontam que
ele foi omisso ao não tomar
providências voltadas para
o reforço da segurança dos
servidores da própria fun-
dação, mesmo após a direto-
ria ter sido alertada de que
eles vinham sofrendo amea-
ças de morte.

SUSPEITA D E OMISSÃO
Marcelo Xavier, que é dele-
gado da Polícia Federal, sur-
ge na investigação com uma
imputação prevista na legis-
lação brasileira. O dolo even-
tual significa que a pessoa
não teve a intenção de matar,
mas assumiu o risco do desfe-
cho trágico por omissão. A
pena prevista é de 6 a 20 anos
de prisão. Também foi indici-
ado o então coordenador-ge-
ral de Monitoramento Terri-
torial da Funai, Alcir Teixei-
ra. Xavier e Teixeira não re-
tornaram os contatos do
GLOBO.
No indiciamento, os inves-
tigadores citam o assassinato
de outro indigenista ocorrido
na mesma região em 2019.
Servidor da Funai, Maxciel
Pereira dos Santos foi morto
com dois tiros na cabeça em
Tabatinga (AM). O assassina-
to dele nunca foi esclarecido
pela polícia. Na ocasião, Xavi-
er já tinha sido nomeado para
a presidência da Funai pelo
ex-presidente Jair Bolsonaro.
A nomeação foi em julho de
2019, e a exoneração do cargo
em dezembro de 2022. Xavi-
er teria sido indicado pela
bancada ruralista.
No documento da investi-
gação, os agentes da PF desta-
cam o fato de que houve uma
Crime na floresta. O indigenista Bruno Pereira, que foi funcionário da Funai, e o jornalista britânico Dom Phillips desapareceram no Vale do Javari, no Amazonas, no ano passado
comunicação oficial sobre o
risco de vida que servidores
do órgão estavam correndo.
“Os ex-dirigentes tomaram
conhecimento, em reunião
da Funai, realizada no dia 09/
10/2019, e por meio de outros
documentos, sobre o risco de
vida dos servidores do órgão e
não tomaram as medidas ne-
cessárias” para protegê-los. O
documento concluiu que,
“desta forma, teriam assumi-
do o risco do resultado de suas
omissões, que culminou no
duplo homicídio”.
Em outubro de 2019, Perei-
ra foi demitido do cargo de
coordenador-geral de Indí-
genas Isolados da Funai após
liderar uma operação que ex-
pulsou centenas de garim-
peiros da terra indígena Ia-
nomâmi, em Roraima. Não
foi dada nenhuma justificati-
va para a exoneração dele.
Naquele mesmo mês, Al-
cir Teixeira foi a Atalaia do
Norte (AM) se inteirar das
ameaças relatadas já que o
entreposto do Javari tinha
sido alvo de dezenas de ata-
ques a tiros.
Os indigenistas Bruno Pe-
reira e Maxciel Santos chega-
ram a trabalhar juntos em
ações de combate a crimes
ambientais no Vale do Javari,
que fica próximo à tríplice
fronteira entre Brasil, Co-
lômbia e Peru. A reserva abri-
ga a maior concentração de
indígenas isolados do país e
vinha sendo pressionada por
pescadores ilegais, garimpei-
ros e narcotraficantes.
LUTA CONTRA CRIMINOSOS
Bruno e Dom desaparece-
ram no Vale do Javari. A in-
vestigação concluiu que eles
foram assassinados a tiros,
esquartejados e depois tive-
ram os corpos enterrados. Os
restos mortais foram locali-
zados pela polícia com a aju-
da de indígenas. Bruno en-
frentava o avanço da pesca
ilegal na região, e Dom o
acompanhava na missão.
Em janeiro deste ano, a PF
concluiu que o crime foi en-
comendado por Rubens Vil-
lar Coelho, conhecido como
Colômbia. Preso desde de-
zembro acusado de ser o
mandante, o suspeito já res-
ponde a processo na Justiça
DIVULGAÇÃO
Suspeita de
omissão.
Ex-presidente
da Funai, o
delegado da
Polícia Federal
Marcelo Xavier é
indiciado nas
investigações
por não ter
agido após
tomar
conhecimento
de ameaças
Federal por liderar pesca ocasião, se referindo a dois
ilegal no Vale do Javari. dos outros três suspeitos pre-
—Não tenho dúvida que o sos pela execução do indige-
mandante foi o Colômbia. nista e do jornalista.
Temos provas que ele forne- A Polícia Federal está reu-
cia as munições para o Jeffer- nindo todos os documentos
son e o Amarildo, as mesmas que reforçam a acusação de
encontradas nas investiga- que houve omissão, e o enten-
ções. Ele pagou o advogado dimento poderá definir o des-
inicial de defesa do Amarildo fecho do inquérito que apura
— disse o superintendente a morte de Maxciel Pereira
da Polícia Federal no Amazo- dos Santos. A investigação foi
nas, Alexandre Fontes, na retomada no ano passado.

ANÁLISE ponto mais distante em que
chegaram na viagem, mas
Indigenista fora da terra indígena. Dois
ajudava em livro dias depois, com a expedição
praticamente concluída, a
sobre Amazônia dupla começou a subir o Rio
BRUNO ALFANO bruno.alfano@extra.inf.br Itaquaí no caminho de volta
para Atalaia do Norte.
Os dois fizeram uma para-
da na comunidade ribeiri-
no a Atalaia. Foi a última
vez que foram vistos.
A viagem de 72 quilôme-
tros deveria durar apenas
duas horas, mas eles nunca
chegaram ao destino. As
vítimas foram mortas a tiros
e os corpos, esquartejados,
queimados e enterrados.
Segundo laudo de peritos
Oliveira, conhecido como
“Dos santos”, e Jefferson da
Silva Lima, conhecido co-
mo “Pelado da Dinha”, fo-
ram presos suspeitos de
cometerem os assassinatos.
Além dos três acusados, no
fim de janeiro, a Polícia Fede-
ral (PF) apontou Rubén Da-
rio da Silva Villar, conhecido
cumprir condições impostas
quando obteve liberdade
provisória. Colômbia tam-
bém é investigado por pesca
ilegal e tráfico de drogas.
Antes da viagem com Dom
Phillips, o indigenista Bruno
Pereira já tinha relatado inti-
midações de pescadores ile-
gais da área do Vale do Javari a

B runo e Dom faziam uma

expedição para uma in-
vestigação na Amazônia
quando foram vistos pela
última vez, no dia 5 de junho
de 2022, passando em uma
embarcação pela comunida-
de de São Rafael. O indige-
nista acompanhava o jorna-
lista, que realizava entrevis-
tas com lideranças indígenas
e ribeirinhas para um novo
livro chamado “Como salvar
a Amazônia?”.
No dia 3 de junho, Bruno e
Dom estiveram em um posto
de vigilância indígena próxi-
mo ao Lago do Jaburu — o
nha São Rafael para visitar
um líder comunitário co-
nhecido como “Churrasco”.
Eles chegaram ao local por
volta das 6h, mas o líder
comunitário não estava.
Bruno e Dom conversaram
com a mulher dele. Depois,
saíram de barco com desti-
da PF, Bruno foi atingido
por três disparos, dois no
tórax e um na cabeça. Já
Dom foi baleado uma vez,
no tórax. Os restos mortais
dos dois foram encontrados
em 15 de junho. Amarildo
da Costa Oliveira, o “Pela-
do”, Oseney da Costa de
como “Colômbia”, como o
mandante dos homicídios.
Colômbia está preso desde
dezembro do ano passado.
Ele chegou a ser solto após
pagar uma fiança de R$ 15
mil, em outubro. A prisão foi
decretada novamente pela
Justiça Federal após ele des-
equipes de fiscalização na
região. Numa mensagem de
áudio enviada a um amigo em
maio, Bruno citou uma reuni-
ão que ocorreria na comuni-
dade São Rafael. O encontro
tinha o objetivo de barrar o
avanço da pesca ilegal de pira-
rucu na terra indígena.
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OGLOBO | Sábado 20 .5.2023
Economia
QUEDA DE BRAÇO
MARGEM EQUATORIAL
Petrobras e ministério aumentam pressão
para Ibama rever veto à exploração
JENIFFER GULARTE, MANOEL
VENTURA, BRUNO ROSA, CAMILA
TURTELLI, EDUARDO GONÇALVES,
LAURIBERTO POMPEU
E HENRIQUE GOMES BATISTA
economia@oglobo.com.br
BRASÍLIA E RIO
-
D epois de o Ministério de
Minas e Energia orientar
a Petrobras a manter as son-
das de exploração na Foz do
Rio Amazonas, ontem foi a
vez de a empresa ampliar a
pressão sobre o Ibama, com a
divulgação de duas notas ofi-
ciais sobre o tema. Primeiro,
a estatal afirmou que gasta
R$ 3 milhões por dia com a
manutenção de equipamen-
tos na região. Depois, à noite,
confirmou que vai recorrer
da decisão do órgão, que ne-
gou uma licença ambiental
que permitia a perfuração de
poços exploratórios na cha-
mada Margem Equatorial,
uma extensa área no litoral
norte do país vista como o
“novo pré-sal”.
No Palácio do Planalto, o vi-
ce-presidente da República,
Geraldo Alckmin, tentou me-
diar a disputa em duas reuni-
ões com os ministros Alexan-
dre Silveira, de Minas e Ener-
gia, e Marina Silva, do Meio
Ambiente. Interlocutores di-
zem que ele conversou a sós
com cada um dos ministros,
sem a presença de assessores.
Silveira e Marina, por sua vez,
não se cruzaram pelos corre-
dores do Palácio. A avaliação
dessas fontes, no entanto, é
que somente com a volta do
presidente Lula do Japão, on-
de participa da cúpula do G7,
alguma decisão será tomada,
na próxima semana.
Embora o tema ainda não
tenha sido discutido com
Lula, interlocutores afir-
mam que é improvável que
ele volte atrás ou se oponha
à decisão do órgão ambien-
tal. A aposta é que, ao retor-
nar a Brasília, Lula chamará
o Ibama, os ministérios do
Meio Ambiente e de Minas
e Energia e a Petrobras para
entender, junto à área técni-
ca desses órgãos, o impasse.
O presidente será aconse-
lhado a pedir estudos com-
plementares do Ministério
de Minas e Energia e da Pe-
trobras para entender me-
lhor o projeto na foz do Rio
Amazonas.
PERMANÊNCIA ATÉ O DIA 29
A Margem Equatorial abran-
ge áreas de exploração e pro-
dução de petróleo e gás em
várias bacias marítimas pró-
ximas à Linha do Equador:
Foz do Amazonas, Pará-Ma-
ranhão, Barreirinhas, Ceará
e Potiguar. Ela se estende do
Oiapoque (AP), no extremo
norte do país, ao litoral do
Rio Grande do Norte.
Na quarta-feira, o Ibama
não concedeu licença para
que a Petrobras inicie a perfu-
ração do primeiro poço, loca-
lizado a uma distância de 175
quilômetros da costa do Ama-
pá e a mais de 500 quilôme-
tros de distância da foz do Rio
Amazonas. Levando em con-
Afavor.Alexandre Silveira tem argumentado que é preciso ao menos estudar a área
ENTENDA A REGIÃO
PAÍSES QUE JÁ
EXPLORAM RESERVAS
BACIAS QUE COMPÕEM
A MARGEM EQUATORIAL
POÇOS EXPLORATÓRIOS
DA PETROBRÁS
A Petrobras reservou
US$ 3 bilhões no
seu plano estratégico
de 2023-2027 para
perfuração de 16 poços
exploratórios na
Margem Equatorial
Editoria de Arte
sideração o custo de R$ 3 mi-
lhões por dia e que os equipa-
mentos e a sonda começaram
aser instalados na área no fim
de outubro, as despesas da es-
tatal com o projeto já ultrapas-
saram os R$ 500 milhões.
Na noite de ontem, a Petro-
bras disse que exercerá seu
direito de apresentar um pe-
dido de reconsideração ao
Ibama até o dia 24. Segundo a
estatal, o objetivo “é demons-
trar o atendimento de todas
as exigências reiteradamen-
te apresentadas pelo órgão li-
cenciador federal no curso
do processo de licenciamen-
to.” A empresa disse ainda
que vai manter a sonda e toda
a estrutura na Foz do Amazo-
nas, como foi pedido pelo mi-
nistro de Minas e Energia,
até o dia 29 deste mês. Após
esse período, se não houver
uma definição do Ibama, a
companhia disse que vai des-
mobilizar as estruturas.
De acordo com aliados do
presidente, assuntos de go-
verno que envolvem Mari-
DIVULGAÇÃO / MME
Guiana
Na Guiana, já foram descobertos 11
bilhões de barris de petróleo. O PIB do
país, um dos menores do América do Sul,
cresceu 62% em 2022 graças ao petróleo
Guiana
Suriname Francesa
RR
AP
PA
MA
na Silva são tratados direta-
mente por Lula, pela rela-
ção sensível entre o presi-
dente e a ministra. Lula e
Marina voltaram a se en-
contrar na campanha elei-
toral, após mais de uma dé-
cada separados. Em 2008,
Marina deixou o governo e,
mais tarde, o PT, por dis-
cordâncias com Lula sobre
questões ambientais. Em
2022, ao se reaproximarem,
o presidenciável aceitou in-
cluir no programa de gover-
no uma série de propostas
ambientais de Marina.
Aliados de Marina também
não veem espaço para
pressões internas sobre ela.
Os motivos apresentados são
os de que o parecer do Ibama
foi totalmente baseado em
critérios técnicos, o que não
abriria margem para questio-
namentos, e que Lula tem se
empenhado em fazer defesa
enfática sobre a proteção do
meio ambiente em suas via-
gens internacionais. Já Mari-
na tem evitado se pronunciar
CGU APONTA IRREGULARIDADES
Um milhão de mortos no CadÚnico
NA WEB Cadastro é base de pagamento do Auxílio Brasil, hoje Bolsa Família, e BPC
CRISTIANO MARIZ/27-2-2023
Contra. Marina Silva diz que Ibama toma decisões estritamente técnicas
reverter o veto ao licencia-
mento ambiental:
Foz do Amazonas
—Foi uma decisão técni-
Bacia mais sensível da região, por ca, tomada por toda a equi-
abrigar unidades de conservação, pe técnica de Petróleo e Gás.
ter grande biodiversidade marinha
e estar diante de terras indígenas
Segundo Agostinho, a Pe-
trobras não conseguiu com-
provar a viabilidade ambi-
ental do projeto:
—O Ibama pediu oito vezes
Pará-Maranhão complementação para tentar
Barreirinha
encontrar uma saída, e a Pe-
trobras não conseguiu de-
monstrar viabilidade disso.
Um dos principais proble-
Ceará
mas no plano entregue pela
Potiguar estatal é que o poço de perfu-
PI CE ração ficaria a 43 horas de
distância da base de atendi-
mento a desastres em Belém.
sobre o tema, para evitar acu- —Se tem um vazamento,
sações de interferência no ór- em 43 horas o petróleo já se
gão de fiscalização ambien- espalhou por toda a área —
tal. Mas, há dois meses, em explicou Agostinho.
entrevista ao site Sumaúma,
afirmou: “Estou olhando pa- SEM INTERFERÊNCIA
ra esse desafio do petróleo na O presidente do Ibama
Foz do Amazonas do mesmo também afirmou que Mari-
jeito que olhei para Belo na, a quem ele é subordina-
Monte.” E na última quarta- do, “não interferiu em ne-
feira, à GloboNews, disse nhum momento” no veto
que o tema era “muito com- ao licenciamento, “nem a
plexo”, mas que o Ibama to- favor nem contra”:
mava decisões estritamente —Ela entende que o Iba-
técnicas. ma tem que trabalhar com
Diante desses fatos, para liberdade e tecnicidade.
interlocutores, Marina es- Em audiência pública no
taria livre de questiona- Oiapoque, os senadores Da-
mentos, apesar das críticas vi Alcolumbre (União), pre-
vindas do líder do governo sidente da Comissão de
no Congresso, senador Ran- Constituição e Justiça
dolfe Rodrigues (Rede-AP), (CCJ), e Randolfe Rodri-
que pediu desfiliação do gues ampliaram a pressão
partido, do qual a ministra é para que o Ibama recue da
o principal expoente. decisão. Em vídeo enviado
Sobre a tensão nos basti- ao evento, Alcolumbre clas-
dores, o presidente do Iba- sificou o veto como “inad-
ma, Rodrigo Agostinho, missível” e disse que “conti-
afirmou ao GLOBO que não nuará firme lutando para
recebeu ligação de nenhum que esse projeto aconteça”.
político pressionando-o a Ele quer marcar uma reuni-
| 11
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
ão de parlamentares do
Amapá com Lula.
—É inadmissível o estado
com tantas riquezas, e a gen-
te a todo instante ser tolhido
de trazer e fazer com que
elas retornem ao seu povo e
sua gente. A gente precisa
saber se tem a riqueza. E
quando a gente descobrir,
dentro dos maiores padrões
ambientais do planeta, bus-
car a sua exploração — disse
o ex-presidente do Senado.
Randolfe disse que a deci-
são do Ibama é “um funda-
mentalismo dogmático”:
—Há um fundamentalis-
mo dogmático que, ao fim e
ao cabo, não é só contra o de-
senvolvimento, é contra o
Brasil, é contra o Amapá. A
batalha que se trava em rela-
ção a essa questão é decisiva
para o Brasil, não somente
para o Amapá.
Procurado, o ministro Sil-
veira, de Minas e Energia,
não quis se pronunciar.
Após o encontro com Alck-
min, tanto Silveira como
Marina deixaram o Palácio
do Planalto sem falar com a
imprensa.
SUSPENSE POR MAIS TEMPO
Já executivos do setor de pe-
tróleo de multinacionais
acreditam que o governo
deverá manter o suspense
de uma decisão final sobre a
exploração da área por mais
tempo. Diferentemente do
que ocorreu com o pré-sal
—quando houve um grande
anúncio de Estado do uso do
óleo das profundezas da cos-
ta como instrumento de de-
senvolvimento nacional —,
eles avaliam que Lula deve-
rá tentar equilibrar o inte-
resse econômico do petró-
leo e seu discurso ambien-
tal. A expectativa da realiza-
ção da Conferência das Na-
ções Unidas sobre Mudança
do Clima (COP) em 2025,
em Belém (cidade diante da
Margem Equatorial), é um
dos motivos que podem le-
var o governo a adiar uma
resolução definitiva sobre a
exploração.
Na visão dos executivos, o
adiamento pode não afetar
tanto o Brasil — apenas a
médio e longo prazos uma
indefinição poderia causar
uma mudança no fluxo de
investimentos. Eles defen-
dem, contudo, a importân-
cia de o país ter regras cla-
ras, como as que existem
nos Estados Unidos, onde
explorar petróleo no Golfo
do México é permitido, mas
na Costa do Atlântico não.
Para a Petrobras, contudo,
qualquer demora pode fazer a
estatal mudar seus planos e tal-
vez até retomar o investimen-
to estrangeiro, dizem os exe-
cutivos. Eles ponderam que a
estatal precisa de uma boa ba-
se de exploração para financi-
ar os projetos de transição
energética e na área de refino.
A falta de definição do go-
verno federal pode forçar a
Petrobras a adotar um cami-
nho parecido ao trilhado pe-
los franceses: explorar petró-
leo em países vizinhos, sem
“manchar” a agenda ambien-
tal nacional. Ao proibir a ex-
ploração de petróleo em seus
territórios — incluindo a
Guiana Francesa —por ques-
tões ambientais, a França
empurrou sua principal pe-
troleira para projetos no Su-
riname, onde, apesar da ex-
pectativa de existência de po-
ços de petróleo volumosos,
até o momento as prospec-
ções indicam maior potenci-
al para gás natural.
12 | Economia Sábado 20.5 .2023 | OGLOBO

SEG _ Rachel Maia (quinzenal) _Ricardo Henriques (quinzenal)_ TER _ Míriam Leitão _ QUA _ Zeina Latif _ QUI _ Míriam Leitão _ SEX _ Fabio Giambiagi (quinzenal)_Rogério Furquim Werneck (quinzenal) _ SÁB _ Carlos Góes (mensal) _ Alvaro Gribel (quinzenal) _ DOM _ Míriam Leitão

CARLOS lo lado da demanda: como o setor se utiliza

de insumos de vários outros, isso tenderia a
se serviço por meio de bancos públicos.
Outra razão é quando existem em deter-
é usuário de vários insumos, não um produtor
de insumos. Corrigir distorções nesse setor não
GÓES estimular a produção (e o emprego) ao lon-
go da cadeia de forma direta e indireta.
minados setores o que economistas cha-
mam “retornos crescentes de escala”. Por
vai beneficiar muitos outros setores exatamen-
te porque quase não há setores que usam carros
O interessante é perceber que, dada o que exemplo, para você sequer iniciar a opera- como insumos. É, nesse quadro, o contrário de
conhecemos hoje sobre qual deve ser a polí- ção em determinados setores, talvez seja um setor ideal para política industrial.
tica industrial ótima, esse argumento mos- necessário um investimento muito alto, de Uma alternativa não seria simplesmente
oglobo.com.br/economia
tra que o setor automobilístico brasileiro é modo que a empresa só se torna competiti- “investir na indústria”, poderiam pergun-
economia@oglobo.com.br precisamente o contrário do setor ideal pa- va depois de ter determinado tamanho. tar? Infelizmente, não é tão simples.
ra se fazer política industrial. O leitor vai Não é fácil saber em Outro trabalho recente, dos economistas
Política industrial entender o porquê em alguns parágrafos.
Quando o governo deve fazer política
industrial?
Refém dos quais setores existem
mesmos políticos essas motivações. Por is-
so, em geral, não é fácil
Paula Bustos, Juan Castro-Vincenzi, Joan
Monras e Jacopo Ponticelli, traz resultados
importantes. Ao estudar a expansão da soja
do passado
e sindicatos
Política industrial é toda e qualquer inter- patronais de fazer política industrial. geneticamente modificada no Brasil, que
venção de estímulo que privilegia determina- sempre, o Brasil Contudo, num ótimo induziu a realocação de trabalhadores da
e do futuro do setor. Não tem a ver, necessariamente,
com manufatura ou a indústria de transfor-
continua
apostando
trabalho recente, o pro-
fessor da Universidade
agricultura para a manufatura, eles de-
monstram que estes se realojaram na ma-
mação. Uma política pública que se foca no em receitas de Princeton Ernest nufatura de baixa produtividade.
setor agrícola, como a Embrapa, também é antigas Liu demonstrou que Ocorreu, portanto, uma “industrializa-

N os próximos dias, o governo federal deve

divulgar um pacote de medidas de in-
centivo para a indústria automobilística,
um tipo de política industrial. Portos secos e
zonas especiais de exportação são outros ti-
pos peculiares de política industrial.
aqueles setores que for-
necem insumos para outros tendem a ser os
mais afetados por essas distorções. Isto por-
ção sem inovação” no Brasil. A conclusão é
que nem toda a indústria de manufatura é
igual. A composição setorial importa mui-
enlatadas sob o marketing de um “novo car- Uma razão para o governo intervir na eco- que eles “absorvem” as distorções dos seto- to, e a produtividade de cada setor também.
ro popular”. Será o terceiro grande pacote nomia é quando existe algum tipo de falha res subsequentes. Enquanto o mundo discute a política indus-
de estímulos para o setor em uma década, de mercado que leva a uma ineficiência no Entre outras razões, é por isso que faz senti- trial do futuro, estudando os casos de desenvol-
depois do Inovar-Auto (no governo Dilma) processo produtivo. O que isso quer dizer? do o governo investir em ciência básica: pes- vimento recente com base na melhor evidência
e do Rota 2030 (no governo Temer). Por exemplo, se pequenos produtores gos- quisa básica tende a servir de insumo para vá- científica disponível, o Brasil, refém dos mes-
Não é por falta de incentivos que o setor tariam de expandir sua fábrica mas não con- rios setores. E é por isso também que uma ins- mos políticos e sindicatos patronais de sempre,
cambaleia. Ainda assim, sindicatos patro- seguem pela inexistência de um mercado tituição como a Embrapa é um sucesso no continua apostando nas receitas do passado. Se
nais e de empregados listam uma série de de crédito em partes do país, isso é uma fa- Brasil: ela está no topo da cadeia produtiva. ogoverno quiser levar adiante a agenda da polí-
argumentos para justificar o pedido por no- lha de mercado. Faz sentido, portanto, o go- Aqui fica claro porque o setor automobilístico tica industrial é preciso abraçar o futuro e aban-
vos auxílios. Em geral, o argumento vem pe- verno “completar o mercado”, provendo es- éo contrário disto. Ele produz um bem final que donar o fetichismo pelas velhas ideias.

Guiana, que já explora

REPRODUÇÃO DO SITE DA EXXONMOBIL GUYANA

a Margem Equatorial,
tem boom econômico
País deve ultrapassar a Venezuela na produção de petróleo.
Petrobras teria mostrado interesse no potencial da região

BRUNO ROSA E rica do Sul quando os pri- ploração & Produção (Upstre-
RENATO VASCONCELOS
economia@oglobo.com.br meiros grandes depósitos am) da Wood Mackenzie.
RIO E SÃO PAULO de petróleo foram encontra- O cenário animador cria-
-
dos em 2015. Com uma po- do pelos primeiros resulta-

S uspensa no Brasil por deci-

são do Ibama, a exploração
de petróleo na Margem Equa-
pulação inferior a 1 milhão
de habitantes, o país tinha
uma renda per capita menor
dos na Guiana não resultou
em uma investida sem frei-
os. Empresas como QatarE-
torial, faixa costeira no norte que todos os seus vizinhos, nergy, TotalEnergies, Tul- Produção em alta. Navio plataforma da ExxonMobil Guyana, na Guiana: extração de 500 mil barris/dia, dizem fontes do setor
da América do Sul voltada para com exceção da Bolívia (en- low Oil, Repsol, Frontera
o Caribe, provocou um dos tão com 15 milhões de habi- Energy Corporation, Ratio pá, é possível que a Petrobras pelos dados sísmicos da região vação, comunidades indíge-
maiores avanços econômicos tantes), segundo o Banco Petroleum Energy, CGX entre na disputa pelo direito antes da rodada de licitações nas, ribeirinhas e quilombo-
do mundo na Guiana. O pe- Mundial. Em 2021, segun- Energy, JHI Associates e Ca- de exploração do combustível de 14 blocos preparada pela las. E parecer conjunto feito
queno país encravado no ex- do os dados mais recentes taleya Energy Corporation fóssil no país vizinho, uma vez Guiana, cuja data final de pelo Ministério Público Fede-
tremo norte do continente do mesmo banco, a renda ainda fazem estudos de que a estatal precisa dos recur- apresentação de propostas vai ral do Pará e do Amapá já havia
deixou o posto de um dos mais per capita de US$ 10 mil do prospecção e mapeamento sos do petróleo para fazer sua até 15 de julho. A licitação destacado a “elevada probabi-
pobres para ter uma das maio- país ultrapassou a do Brasil da região antes de se com- própria transição energética. ocorrerá no modelo de parti- lidade” do óleo, em caso de va-
res rendas per capita da região e é a quarta maior do conti- prometerem com grandes A expertise adquirida com o lha, como é feito no pré-sal do zamento no Brasil, avançar so-
em menos de uma década, nente, atrás de Chile, Ar- investimentos. pré-sal, na leitura dos executi- Brasil, no qual parte dos ga- bre território internacional,
com projeções de ultrapassar a gentina e Uruguai. vos, tornaria a empresa um nhos vai para o caixa do gover- sobretudo no mar territorial
Venezuela em breve. Além dos poços em opera- CONCORRÊNCIA forte concorrente. no. Procurada para se manifes- da Guiana Francesa e sobre a
Aprodução de petróleo esti- ção, o país dispõe de reservas Os reservatórios de petróleo Segundo fontes da estatal, a tar, a estatal não retornou. costa de países caribenhos.
mada para 2023 no país é de comprovadas de 12 a 15 bi- em terra e offshore da Guiana empresa brasileira teria pago —Provavelmente (o leilão A regulamentação mais
318 mil barris por dia, segun- lhões de barris. Com as des- não são uma garantia de que terá sucesso), mas é difícil frouxa na Guiana acabou le-
do consultorias internacio- cobertas e as prospecções na existam bacias similares em antecipar, pois é um proces- vando as empresas em atua-
nais, embora fontes do setor região, o país deve ver sua outros trechos da Margem so diferente e existe tam- ção no país a criar espécies
apontem que o número atual produção de petróleo au- Equatorial. Pesquisas realiza- bém uma negociação do go- de mecanismo de autorre-
já gire em torno de 500 mil. As mentar em cinco vezes na das no vizinho Suriname, por “Na Guiana, existem verno guianês diretamente gulação, fiscalização e con-
mesmas projeções indicam próxima década, de acordo exemplo, encontraram mais com empresas estatais es- trole. De acordo com uma
que o país deve atingir a pro- com uma projeção feita pela reservas de gás natural do que várias empresas (na fase trangeiras —explicou Assis. fonte, as próprias empresas
dução de 1,5 milhão de barris consultoria internacional de petróleo. Fontes do setor de prospecção), mas, por têm pesado os riscos de ima-
entre 2030 e 2031 —enquan- Wood Mackenzie. indicam que, sem prospec- enquanto, o único bloco RISCO AMBIENTAL gem que um vazamento
to fontes ouvidas em reserva —Na Guiana, existem vári- ções, não é possível afirmar se que teve sucesso comercial A negativa do Ibama para per- provocaria, antes de inicia-
por O GLOBO dizem que a as empresas (na fase de pros- há o insumo e a viabilidade furação do poço de exploração rem suas operações no país.
marca de 1 milhão deva che- pecção), mas, por enquanto, o econômica da área brasileira. é operado pela Exxon com no Amapá, próximo da foz do A lógica, disse ele, é a mes-
gar antes do previsto. único bloco que teve sucesso Executivos ouvidos por O Hess e a CNOOC” Rio Amazonas, considerou ma que foi utilizada pelas
Ex-colônia de Espanha, comercial é operado pela Ex- GLOBO avaliam que, diante _ principalmente os riscos de grandes empresas que não
Holanda e do Império Britâ- xon com Hess e a CNOOC — da proibição do Ibama para Marcelo de Assis,chefe de um possível vazamento, prin- aderiram à exploração de
nico, a Guiana era um dos explicou Marcelo de Assis, prospecção e exploração da Exploração & Produção (Upstream) cipalmente pela localização petróleo em Abrolhos, no
países mais pobres da Amé- chefe do departamento de Ex- Margem Equatorial no Ama- da Wood Mackenzie próxima a unidades de conser- governo de Jair Bolsonaro.

INDICADORES DÓLAR
COMPRA R$ VENDA R$
OUTRAS MOEDAS
VENDA R$
ÍNDICES
IPCA IBGE
Abril
(12/93=100)
6649,99
MÊS ANO 12 MESES
+0,61% 2,72% 4,18%
POUPANÇA
ATÉ 03/05/12
TR
12/05 0,1517%
UFIR/RJ

Maio
UFIR
(extinta)

Maio
Comercial (Ptax) 4,9852 4,9858 Libra esterlina 6,1650 16/06 0,7079% 13/05 0,1514%
Março 6609,67 +0,71% 2,09% 4,65% 17/06 0,7082% R$ 4,3329 R$ 1,0641
Turismo esp.(BB) 4,83 5,12 Franco suíço 5,4888 14/05 0,1790%
Turismo esp.(Bradesco) N.D. 5,32 Iene japonês 0,0358 18/06 0,6809%

+0,58%
IGP-M FGV (8/94=100) MÊS ANO 12 MESES 15/05 0,2068% UNIF
IBOVESPA Abril 1152,307 -0,95% -0,75% -2,17%
Peso argentino 0,0213 A PARTIR DE 04/05/12 16/05 0,2069% A Unif foi extinta em 1996. Cada Unif vale 25,08
EURO Peso chileno 0,0062 Março 1163,359 +0,05% 0,20% 0,17% 15/06 0,7078% 17/05 0,2072% Ufir (também extinta). Para calcular o valor a ser
no dia

+2,50%
Comercial (Ptax) 5,3925 5,3951 Yuan chinês 0,7057 IGP-DI FGV (8/94=100) MÊS ANO 12 MESES 16/06 0,7079% 18/05 0,1800% pago, multiplique o número de Unifs por 25,08 e
Turismo esp.(BB) 5,21 5,54 Abril 1128,805 -1,01% -1,26% -2,57% 17/06 0,7080% depois pelo último valor da Ufir (R$ 1,0641). (1
Outras moedas estrangeiras podem ser consulta-
em abril Turismo esp.(Bradesco) N.D. 5,75 SELIC 13,75% Uferj = 44,2655 Ufir/RJ)
das nos sites www.xe.com/ucc e www.oanda.com. Março 1140,357 -0,34% -0,25% -1,16% 18/06 0,6809%

IMPOSTO DE RENDA INSS OUTROS ÍNDICES

Abril de 2023 Deduções: a) R$ 189,59 por dependente; b) para Maio de 2023 Trabalhador autônomo BOLSADE VALORES: FUNDOS DE INVESTIMENTO:
BASE DE CÁLCULO (R$) ALÍQUOTA A DEDUZIR* aposentados,pensionistas e transferidos para a Trabalhador assalariado Para o contribuinte individual e facultativo, o Cotações diárias de ações,evolução dos www.anbima.com.br. Clicar em “Fundos de
Até 2.112,00 Isento - reserva com 65 anos ou mais: R$ 2.112,00; c) SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (R$) ALÍQUOTA (%) valor da contribuição deverá ser de 20% do salá- índices Ibovespa e IVBX-2: www.b3.com.br investimento”
contribuição mensal à Previdência; d) pensão Até 1.320,00 7,5 rio-base. Contribuição mensal mínima de R$
De 2.112,01 a 2.826,65 7,5% R$ 158,40 CDB/CDI/TBF: IDTR: www.fenaseg.org.br. Clicar na
alimentícia.*Alternativamente às deduções, De 1.320,01 a 2.571,29 9 264,00 (para o piso de R$ 1.302,00) e máxima de
www.anbima.com.br barra “Serviços” e, posteriormente, em
De 2.826,66 a 3.751,05 15% R$ 370,40 poderá ser usado desconto mensal,de R$ 528, De 2.571,30 até 3.856,94 12 R$ 1.501,49 (para o teto de R$ 7.507,49)
se for mais benéfico ao contribuinte. Obs: para www.cetip.com.br FAJ-TR.Selecionar o ano e o mês desejados
De 3.856,95 até 7.507,49 14
De 3.751,06 a 4.664,68 22,5% R$ 651,73 calcular o imposto a pagar, aplique a alíquota e Percentuais incidentes de forma não cumulativa SALÁRIO MÍNIMO FEDERAL RJ* Taxa Básica Financeira (TBF): ÍNDICES DE PREÇOS:
deduza a parcela correspondente à faixa. A 1ª (artigo 22 do regulamento da Organização e do Maio R$ 1.320,00 R$ 1.238,11 www.bcb.gov.br. Clicar em “Estatísticas” FGV: www.fgv.br. IBGE: www.ibge.gov.br
Acima de 4.664,68 27,5% R$ 884,96 parcela do IRPF 2023 vence em 31 de maio. Custeio da Seguridade Social) * Piso para empregado doméstico,entre outros. e, posteriormente, em “Séries temporais” Anbima: www.anbima.com.br
 OGLOBO | Sábado 20 .5.2023
Aeroporto de RN é relicitado por R$ 320 milhões
Zurich Airport leva Terminal de São Gonçalo do Amarante com ágio de 41%. Especialistas avaliam
que leilão pode servir de modelo para eventual nova concessão do Galeão, no Rio
JOÃO SORIMA NETO E BRUNO ROSA
economia@oglobo.com.br
SÃO PAULO E RIO
-
A Zurich Airport venceu o
leilão de relicitação do Ae-
roporto de São Gonçalo do
Amarante, no Rio Grande do
Norte, com lance de R$
320.000.012,00, ágio de 41%
em relação ao valor mínimo
de outorga estabelecido pelo
edital. A Zurich venceu a con-
corrente XP Asset por uma di-
ferença de R$ 1.
O aeroporto potiguar foi
relicitado ontem na B3, em
São Paulo. Foi o primeiro
leilão de relicitação desde a
criação da lei, em 2017, que
permite que uma concessão
seja devolvida e relicitada.
Também foi o primeiro lei-
lão de concessão do governo
Luiz Inácio Lula da Silva.
AZurich esteve ausente nas
últimas licitações do setor,
mas já opera quatro terminais
no país: os aeroportos de Flo-
rianópolis (SC), Macaé (RJ) e
Vitória (ES), além de Confins
(MG), em parceria com a
CCR. O contrato de conces-
são, que tem duração de 30
anos, prevê R$ 308,9 milhões
de investimento em obras.
MERCADO TEM POTENCIAL
Como previsto por especialis-
tas, o leilão teve baixa concor-
rência, com apenas dois inte-
ressados, mas acabou sendo
decidido no viva-voz com 13
lances. O valor ofertado pela
XP, que entrou na disputa com
o nome de NK 30 Empreendi-
mentos e Participação, foi de
R$ 320.000.011,00. Ela teria
que aumentar seu próximo
lance em, no mínimo, R$ 5
milhões, mas acabou desistin-
Aéreas já vendem prioridade na fila de embarque
Taxa permite ‘furar fila’ de entrada no avião, garantindo lugar para a bagagem de mão. Anac afirma que cobrança é legal
ANA FLÁVIA PILAR
ana.costa@oglobo.com.br
-
D epois de várias confusões
envolvendo malas de
mão, as companhias aéreas
agora estão cobrando uma
nova taxa para garantir que a
bagagem não será despacha-
da no porão. São serviços que
garantem prioridade no em-
Lira quer iniciar discussão da
reforma tributária no 1º semestre
Para presidente da Câmara, aprovação do arcabouço fiscal facilitará processo
CAROLINA NALIN
carolina.nalin@infoglobo.com.br
-
O presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), afir-
mou ontem que espera colo-
car em pauta a discussão so-
bre reforma tributária na se-
mana que vem, após a apreci-
ação do arcabouço fiscal:
—Esperamos que essa aná-
lise seja vencida nesta sema-
na. A gente já vinha discutin-
do isso com as bancadas, e is-
so facilitará a discussão da re-
forma tributária. Alguns te-
mas podem ser antecipados
nessa discussão pós-votação
do arcabouço.
A fala de Lira ocorreu após
Processo bem-sucedido. Para o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, o leilão mostra que é possível fazer parcerias entre o setor público e o privado
do da disputa. A XP Asset es-
treou no segmento de aero-
portos no ano passado, ao ven-
cer a licitação dos terminais de
Campos de Marte (SP) e Jaca-
repaguá (Rio).
Tobias Markert, diretor da
Zurich América Latina, disse
que o novo aeroporto cai bem
ao portfólio da empresa no pa-
ís, com o potencial turístico do
Rio Grande do Norte. Ele citou
Brasil e Índia como mercados
prioritários para a companhia.
—A boa notícia é que não
vamos usar precatórios. Va-
mos usar caixa da Zurich e es-
tamos negociando uma linha
de empréstimo com um ban-
co brasileiro —disse Markert.
O uso de precatórios no
pagamento de outorgas de
barque, assegurando espaço
no bagageiro da cabine.
A Latam, por exemplo, tem
o chamado Embarque Pre-
mium, que, por R$ 10, permi-
te ao passageiro “furar a fila”.
Quem contratar o serviço po-
derá embarcar no terceiro gru-
po, logo após os passageiros
com embarque preferencial
sem custo — como acompa-
reunião do Consórcio de Inte-
gração Sul e Sudeste (Cosud),
em que governadores conver-
saram sobre o impacto da re-
forma tributária sobre os esta-
dos com Lira; o secretário ex-
traordinário da Reforma Tri-
butária, Bernard Appy; o coor-
denador do grupo de trabalho
da reforma na Câmara, depu-
tado Reginaldo Lopes (PT-
MG); e o relator da reforma
sobre o consumo, Aguinaldo
Ribeiro (PP-PB).
Segundo Lira, a aprovação
da nova regra fiscal facilita o
debate sobre a reforma tribu-
tária, embora ainda haja muita
discussão sobre o tema. Dada a
complexidade do assunto, ele
aeroportos está sendo rea-
valiado pelo governo e, se-
gundo especialistas, traz in-
segurança jurídica.
O ministro de Portos e Ae-
roportos, Márcio França,
afirmou que, por ser o pri-
meiro leilão de relicitação, é
normal haver dificuldades:
— O TCU agilizou o pro-
cesso permitindo fazer este
leilão ainda no primeiro se-
mestre. A experiência da
Zurich dá tranquilidade.
França afirmou que o leilão
reforça um começo de gover-
no em que é possível fazer
parcerias entre o setor públi-
co e o privado, “quando há
modelagem correta e gente
competente para operar”.
Para Claudio Frischtak, da
nhantes de crianças menores
de dois anos, gestantes, idosos
e pessoas com deficiência ou
necessidades especiais.
Isso, disse a empresa em no-
ta, garante “acesso prioritário
aos compartimentos superio-
res da aeronave para guardar
sua bagagem de mão”. Quem
se atrasar, porém, pode não
conseguir acomodar a mala.
espera que o Congresso já de-
bata o tema antes do recesso,
que começa em 15 de julho:
— Não posso garantir a
aprovação, mas posso ga-
rantir uma discussão ampla
no primeiro semestre.
Os governadores do Estado
do Rio, Cláudio Castro, e do
Espírito Santo, Renato Casa-
grande, afirmaram que o ob-
jetivo da reunião do Cosud
foi manifestar aos parlamen-
tares a preocupação dos esta-
dos tanto sobre o desconhe-
cimento do texto da reforma
tributária, quanto sobre os
efeitos que tais mudanças
podem acarretar aos estados.
Castro citou como alvo de
Inter.B Consultoria, o resul-
tado do leilão do aeroporto
do Rio Grande do Norte pode
ser considerado um sucesso:
— Apesar dos ruídos da
economia, o leilão mostrou
que o mercado brasileiro
tem condições e potencial
para atrair investidores.
A relicitação é um das solu-
ções na mesa para o Galeão, o
aeroporto internacional ca-
rioca. A Changi, acionista
majoritária da RIOgaleão,
chegou a assinar o termo de
adesão à relicitação em no-
vembro. Em fevereiro deste
ano, porém, a operadora dis-
se que tinha a intenção de
manter o terminal. Governo
federal e concessionária ne-
gociam um acordo.
A Gol, por sua vez, oferece
prioridade na acomodação de
bagagem de mão em um com-
partimento exclusivo para cli-
entes com assentos Gol+
Conforto, em voos domésti-
cos, e Gol Premium Eco-
nomy, nos internacionais.
Procurada, a Azul não res-
pondeu se tem pacotes se-
melhantes.
preocupação a apreensão
quanto à receita dos estados,
a política de desenvolvimen-
to regional daqueles que não
são grandes centros consu-
midores, a perda das ativida-
des econômicas e a falta de
soberania na gestão dos siste-
mas tributários estaduais.
Segundo Casagrande, Appy
disse que, na próxima reunião,
DIVULGAÇÃO
Frischtak, da Inter.B, avalia
que o leilão de ontem pode
servir de orientação para uma
possível relicitação do Gale-
ão, que tem especificidades.
Segundo Marcus Quintella,
diretor da FGV Transportes,
caso o Galeão seja relicitado,
os investidores deverão levar
em conta as condições socie-
conômicas e de segurança no
Rio para avaliar a retomada da
demanda no terminal. Ele diz
que hoje o Galeão, entre os dez
maiores aeroportos do país, é o
único em que o movimento
está em 42% do registrado em
2019, antes da pandemia.
—Está claro que a derro-
cada do Galeão está ligada à
renda média do trabalha-
dor, ao turismo, à falta de
Pelas regras do Código de
Defesa do Consumidor
(CDC) e da Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac), nin-
guém pode ser obrigado a con-
tratar serviços adicionais ao
comprar passagens aéreas. Em
nota, a Anac disse que as em-
presas podem oferecer servi-
ços opcionais. E ressaltou que,
apesar de o passageiro ter di-
em 6 de junho, serão apresen-
tados os estudos das alíquotas:
—O Bernard deu uma di-
ca de que a alíquota vai ser
de 24% a 26%, mas a gente
ainda não tem os dados para
trabalhar. Por isso a insegu-
rança. Enquanto não está no
papel a proposta, temos difi-
culdade de fazer análise.
A expectativa do Cosud
Economia | 13
negócios na cidade e à inse-
gurança pública.
Quintella ressalta que o
sucesso de um eventual lei-
lão do Galeão vai depender
de como será o edital, já que
os investimentos principais
já foram feitos:
—Será preciso ver como se-
rá a modelagem, se vai ter ou
não participação da Infraero.
Mas o mais importante é o es-
tudo de demanda de passagei-
ros e de carga —disse. —Te-
rão de ser feitos novos estudos
de demanda. E se o Galeão for
relicitado, terá que ser feito
em conjunto com o Santos
Dumont, permitindo que seja
gerado valor para todos.
CONTA DE R$ 230 MILHÕES
Em São Gonçalo do Amaran-
te, o governo terá que cobrir a
diferença entre o valor do lei-
lão e o da indenização à Infra-
mérica, concessionária que
desistiu do terminal. A Anac
estabeleceu indenização de
R$ 550 milhões; como o lan-
ce vencedor foi de R$ 320
milhões, o governo terá de ar-
car com R$ 230 milhões. O
cálculo, porém, está passan-
do por uma auditoria inde-
pendente. A Inframérica in-
formou que só vai se manifes-
tar após o resultado final.
O advogado Fernando Ver-
nalha, do escritório Vernalha
Pereira, lembra que o valor de
outorga só será pago após a
União depositar sua parte.
O aeroporto foi o primeiro
do país a ser concedido à ini-
ciativa privada, em 2011.
Foi devolvido em 2020, por-
que as previsões de movi-
mento de passageiros do
edital não se confirmaram.
reito a uma mala de mão de
10kg, a aérea poderá restringir
abagagem na cabine por moti-
vo de segurança ou de capaci-
dade de aeronave.
Para Igor Britto, diretor do
Instituto Brasileiro de Defesa
do Consumidor (Idec), essa
cobrança transforma em ser-
viço a fila para entrar no avião:
— O problema é como as
companhias trabalham em
uma lógica de reconhecer que
o serviço é ruim e demons-
tram isso vergonhosamente
cobrando por conforto. Você
paga mais para ter um nível de
conforto ridículo.
ALEXANDRE CASSIANO
Encontro.
Arthur Lira e
Cláudio Castro
na reunião do
Consud: os
governadores
manifestaram
preocupação
por desconhecer
os termos da
proposta
agora é que os estudos das
alíquotas e os cálculos que
levam à proposta de refor-
ma tributária sejam apre-
sentados por Appy na reuni-
ão do próximo dia 6.
Segundo Ribeiro, há uma
série de pontos do relatório
ainda em discussão, como o
debate entre estados sobre o
IVA único e individual.
 14 | Economia Sábado 20 .5 .2023 | OGLOBO

Um prédio de olho na
vacância nula do Leblon CAPITAL
Mariana Barbosa e Rennan Setti
A Mozak, construtora especializada blogs.oglobo.globo.com/capital
no segmento de luxo da Zona Sul
carioca, lançará nas próximas sema-
nas um novo empreendimento cor-
porativo no Leblon. Com VGV (valor

Somos expande atuação com

geral de vendas) estimado em R$
181 milhões, o prédio na área da
Avenida Afrânio de Melo Franco
quer absorver a demanda aquecida
em uma Zona Sul com taxa de vacân-
cia praticamente nula no setor de
escritórios —um abismo entre a
situação de bairros como o Centro. A
entrega do edifício está prevista para
2025. Recentemente, quem vendeu
um prédio de escritórios no bairro
foram Jorge Paulo Lemann e seus
sócios. A São Carlos Empreendi-
mentos, firma imobiliária deles,
embolsou R$ 91 milhões.
Novo chefe na Brastemp
A Whirlpool, dona das marcas Con-
sul, Brastemp e KitchenAid, promo-
veu Gustavo Ambar à gerência geral
da companhia no Brasil. O executivo
era vice-presidente de estratégia de
vendas e operações de negócios. Sua
missão será driblar uma economia
estagnada por juros elevados e pela
escalada de preços —conjuntura
especialmente perversa para a cha-
mada “linha branca”, feijão com arroz
da Whirlpool e que vem sofrendo
trimestres seguidos de quedas.
Apromoção de Ambar se dá pouco
mais de um mês após a Whirlpool
trocar o comando da operação na
América Latina. O Brasil é o segundo
mercado da empresa, atrás dos EUA.
—A gente acredita que há uma de-
manda reprimida pela troca de ele-
trodomésticos no pós-pandemia. O
desafio é capturá-la, sabendo que
não estamos com uma perspectiva
de crescimento astronômico. É fazer
escolhas certeiras para ter um cresci-
mento moderado —diz Ambar à
coluna, acrescentando que aposta
em lançamentos como um forno
A Future Carbon, holdingbrasileira de servi-
Brastemp com AirFryer embutida.
Com base em dados da GfK, o exe-
cutivo estima que a indústria de
eletrodomésticos crescerá de 5% a
7% no segundo semestre, ante o
mesmo período de 2022. Segundo
Ambar, o desempenho da Whirlpo-
ol costuma ser próximo ao do setor,
mas mirando ganhos de mercado.
—No ano como um todo, a indústria
deve ter crescimento nominal (sem
descontar a inflação) na casa de um
dígito baixo. Ou seja, vamos brigar
para bater o IPCA (índice de inflação
do IBGE), no máximo. O juro é o que
mais pesa, juntamente com a expecta-
tiva do consumidor —diz Ambar.
DIVULGAÇÃO
Novo CEO. Mélega quer 100 escolas em três anos
Future Carbon quer ‘globalizar’ seu crédito de carbono
ços e consultoria 100% focada no merca-
do de carbono, vai iniciar sua expansão inter-
nacional. Fundada na pandemia, a compa-
nhia abrirá em agosto um braço em Londres
com o objetivo de prospectar clientes de Eu-
ropa, Ásia e Oriente Médio interessados em
comprar créditos de carbono gerados no Bra-
sil. A operação será comandada por Pedro
Plastino, diretor de negócios da companhia.
—A gente quer fechar o gap que há entre a
Amazônia e a Europa. Nossa estratégia é ao
mesmo tempo de globalização e interiori-
zação —diz o CEO Fabio Galindo (foto).
A empresa surgiu para valer há pouco mais
de um ano. Os fundadores foram o próprio
Galindo, ex-promotor de Justiça que se torna-
ria presidente do conselho da Aegea (dona da
Águas do Rio); Marina Cançado, filantropa e
ex-sócia da área de investimento sustentável
nova rede de escolas bilíngues
C onhecida por seus sistemas de ensino
e soluções digitais pedagógicas e de
gestão para escolas de educação básica,
que renderam R$ 1,2 bilhão de receita no
ano passado, a Somos Educação agora
tem a sua própria escola: a Start Anglo Bi-
lingual School.
A nova rede de ensino básico nasce no
modelo de franquia e se baseia em conte-
údos que a Somos já tem em casa: o mate-
rial didático do sistema de ensino Anglo e
o Eduall, uma solução de ensino bilíngue
para escolas, desenvolvida em parceria
com a Macmillan Education.
— A gente conseguiu atrelar duas das
grandes demandas das famílias para uma
formação 360: um sistema bilíngue com
um sistema como o Anglo, que é o maior
colocador em universidades do país —diz
Guilherme Mélega, que acaba de assumir
como CEO da Somos. —Hoje nas escolas
bilíngues o aluno aprende inglês, mas aos
14 tem que ir para outra escola para se pre-
parar para o Enem.
As mensalidades devem ficar em torno de
R$ 5 mil nas grandes capitais, ou R$ 3,5 mil
em cidades do interior, o que a posiciona pa-
ra competir com marcas como Maple Bear
(do grupo SEB, com 145 unidades), e Red
DIVULGAÇÃO
da XP; e a dupla Marcelo Haddad e Thiago
Othero, que eram da consultoria Sustainable
Carbon (Marina deixou o negócio em abril).
Luciano Huck investiu quando “não passava
de um PowerPoint”, conta Galindo.
Em suma, a Future Carbon ajuda empresas
House International School, que tem uma
dezena de unidades. Hoje cerca de 3% das
escolas particulares do país se intitulam bi-
língues, um mercado que movimentou R$
250 milhões no ano passado.
Mélega calcula que existam 180 cidades
com renda e demanda potencial para rece-
ber uma Start Anglo e prevê o lançamento
de 100 unidades em três anos, principal-
mente na Região Sudeste.
—Temos uma lista de 60 interessados, que
já são parceiros nossos com o sistema de ensi-
no Anglo —diz Mélega, que vê nos 5,4 mil cli-
entes da Somos que já adotam o sistema An-
glo a principal vertente de crescimento.
O projeto da Start Anglo foi concebido
após a provocação de um parceiro do siste-
ma Anglo em São José do Rio Preto (SP),
que decidiu investir em uma nova unidade
baseada no sistema Anglo, mas bilíngue.
—Gostamos da ideia, customizamos o mo-
delo e então tivemos a ideia de fazer da expe-
riência um modelo de franquia —diz o Méle-
ga, que está há dez anos no grupo Cogna/So-
mos e, entre outras funções, presidiu a Red
Balloon, franquia de idiomas do grupo.
A Somos é sócia, com 51%, da escola de
Rio Preto, que vai funcionar como laborató-
rio para testar novidades para a franquia.
a estruturarem projetos que gerem créditos
de carbono por meio da descarbonização de
suas operações. Elas fazem isso, por exemplo,
por meio da geração de energia limpa ou da
preservação de florestas. A Future Carbon
atua de ponta a ponta, levando os projetos pa-
ra as verificadoras internacionais que emi-
tem o crédito e procurando investidores.
—A demanda por créditos é enorme. Já
vendemos até para Big Techs dos EUA —diz.
A companhia fica com uma parte dos
créditos emitidos. Até agora, já foram 58
projetos, que devem gerar um fluxo de re-
ceitas da ordem de US$ 230 milhões nos
próximos 20 anos, segundo ele.
No braço financeiro local, sua gestora, a Car-
bon Asset, prevê lançar até o início do ano que
vem três fundos. O objetivo é atrair investidores
institucionais interessados em ativos como
aquisição de terras com projetos de carbono.

Celulares, flexões, assédio: Caixa

REPRODUÇÃO

cobra R$ 13 milhões de Guimarães

Banco também quer que ex-presidente pague por equipamentos quebrados

GERALDA DOCA
geralda@bsb.oglobo.com.br
pagar após o então presi- danificados por Guima-
BRASÍLIA dente ordenar diretores e rães durante acessos de
-
executivos a fazerem fle- raiva para cobrar os preju-

D emitido no ano passado

sob acusação de assédio
sexual e moral a funcionári-
os, o ex-presidente da Caixa
Econômica Federal Pedro
Guimarães poderá ter de ar-
car com um prejuízo de cer-
ca de R$ 13,5 milhões causa-
do ao banco.
A conta inclui o valor do
acordo fechado pela insti-
tuição com o Ministério Pú-
blico do Trabalho (MPT)
para encerrar um processo
por danos coletivos, no va-
lor de R$ 10 milhões, além
de R$ 45 mil relativos a cin-
co celulares, modelo iPho-
ne, que teriam sido quebra-
dos durante ataques de fúria
de Guimarães, caso revela-
do pelo site Metrópoles.
Além disso, a Caixa se pre-
para para cobrar judicial-
mente de Guimarães o valor
que o banco foi condenado a
xões em um evento interno.
O gesto motivou o Sindi-
cato dos Bancários de São
Paulo a acionar a Justiça do
Trabalho, argumentando
“humilhação e constrangi-
mento” aos funcionários. A
sentença em primeira ins-
tância estipula uma inde-
nização de R$ 3,5 milhões.
O banco aguarda apenas o
julgamento de recursos pa-
ra também cobrar a cifra de
Guimarães.
ACESSOS DE RAIVA
Procurado, o advogado do
ex-presidente da Caixa,
Jose Luis Oliveira Lima,
classificou a ação de “jo-
gada política” da nova ges-
tão do banco.
O valor cobrado ainda
pode aumentar. A Corre-
gedoria do banco está le-
vantando todos os bens
ízos na Justiça. Fazem
parte da lista computado-
res, impressoras e moni-
tores quebrados.
Guimarães deixou a Cai-
xa em junho de 2022 após
uma série de denúncias de
assédio sexual e moral
contra ele de funcionários
do banco. O caso veio à to-
na em meados do ano pas-
sado, quando o site Metró-
poles publicou depoimen-
tos das supostas vítimas.
As denúncias, também
investigadas pelo Ministé-
rio Público Federal
(MPF), foram encaminha-
das à Justiça, que aceitou o
processo, tornando Gui-
marães réu. O processo
corre em sigilo.
Guimarães assumiu o
comando da Caixa em
2019, no início do gover-
no do ex-presidente Jair
Indenização. Guimarães põe funcionários para fazer flexões em Atibaia, SP: Caixa foi condenada a pagar R$ 3,5 milhões
Bolsonaro. Ele se aproxi-
mou do então mandatá-
rio, tornando-se presença
constante em suas lives
semanais e em viagens pe-
lo país.
Em nota, a Caixa confir-
mou já ter ingressado com
ação judicial para reaver os
R$ 10 milhões do acordo
com o Ministério Público
do Trabalho e o prejuízo
com os celulares. No caso
dos iPhones, o banco abre a
possibilidade de Guima-
rães devolver os aparelhos,
que haviam sido danifica-
dos, ou o valor correspon-
dente aos modelos.
“A Caixa informa que a
ação foi proposta perante a
Justiça Federal de Brasília-
DF, tendo sido distribuída
para a 20ª Vara Federal Cí-
vel da SJDF. O pedido for-
mulado na demanda refe-
re-se à obrigatoriedade de
devolução dos aparelhos
telefônicos disponibiliza-
dos ao Sr. Pedro Guimarães
para o desenvolvimento
das suas atividades, en-
quanto no exercício da pre-
sidência da Caixa, não de-
volvidos quando de seu
desligamento desta em-
presa”, afirma a instituição
financeira em nota.
Segundo a nota da Caixa,
“caso não seja possível a de-
volução dos equipamen-
tos, requer-se o pagamento
do valor correspondente
ao reembolso dos montan-
tes devidos, o que, de acor-
do com as respectivas no-
tas fiscais, gira em torno de
R$ 45 mil.”
 OGLOBO | Sábado 20 .5.2023
Governo deve piorar previsão de rombo neste ano
Em relatório que será apresentado na segunda-feira, déficit das contas públicas seria de cerca de R$ 140 bilhões.
Hoje, estimativa é de R$ 107 bilhões. Pesaram o aumento de salário mínimo e a ajuda federal a estados e municípios
MANOEL VENTURA
manoel.ventura@oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
O governo Lula deve divul-
gar na próxima segun-
da-feira uma piora nas pro-
jeções para o déficit nas con-
tas públicas neste ano. Téc-
nicos da equipe econômica
calculam que a estimativa
de rombo deve subir para
cerca de R$ 140 bilhões.
Oficialmente, a previsão
hoje é de um déficit de R$
107 bilhões. As projeções fa-
Prévia do PIB mostra economia mais aquecida
Bancos e consultorias começam a aumentar as projeções para o desempenho da atividade este ano e no primeiro trimestre
RENAN MONTEIRO
E VITOR DA COSTA
economia@oglobo.com.br
BRASÍLIA E RIO
-
O Índice de Atividade Eco-
nômica do Banco Central
(IBC-Br), considerado uma
prévia do PIB, subiu 2,41% no
primeiro trimestre, a maior
alta para o período desde
2010. Em março, houve que-
da de 0,15% contra fevereiro.
O resultado mensal foi um
pouco melhor que o esperado
pelo mercado, que projetava
retração de 0,30%.
A divulgação do IBC-Br de
março e de outros indicado-
res de atividade nas últimas
semanas mostrou um desem-
penho melhor do que o espe-
rado da economia brasileira
no primeiro trimestre. Com
isso, alguns bancos e institui-
ções do mercado já têm revi-
sado para cima suas projeções
de crescimento para este ano.
O resultado é explicado pela
melhora no mercado de traba-
lho, com o impulso econômi-
co do carnaval em fevereiro, a
expansão no setor de serviços
ea alta da safra agrícola.
—É um índice muito bom,
acredito que o mercado foi
surpreendido positivamen-
‘Cidadão Global’, projeto de
Valor e Santander, ganha prêmio
Para associação de jornais WAN-Ifra, iniciativa de debates foi a melhor das Américas
O projeto Cidadão Global,
uma iniciativa do jornal
Valor Econômico e do banco
Santander, foi o vencedor do
prêmio concedido pela World
Association of News Pu-
blishers (WAN-Ifra), na cate-
goria “conteúdo de marca”, em
cerimônia realizada na noite
da última terça-feira, dia 16,
em Mérida, no México. Com
isso, o projeto se classificou pa-
ra concorrer ao Digital Media
Awards Worldwide.
Realizada em dezembro de
2022, a quinta edição do Cida-
dão Global reuniu mais de
600 convidados no Teatro
Santander, em São Paulo, para
discutir o tema “ESG, do dis-
curso à prática” e contou com
aparticipação de especialistas
como Sanda Ojiambo (CEO
do Pacto Global), Jeremy Op-
penheim (fundador da Syste-
miq) e Paul Polman (autor e
empresário), com mediação
do advogado Ronaldo Lemos.
Na ocasião, os palestrantes
apontaram caminhos para
rão parte do segundo relató-
rio bimestral de avaliação
de receitas e despesas deste
ano. Por esse relatório, o go-
verno atualiza as estimati-
vas de receitas e despesas. O
último documento foi di-
vulgado em março.
Em qualquer cenário, po-
rém, há uma melhora signifi-
cativa com relação aos valo-
res previstos no Orçamento
de 2023, que autoriza um dé-
ficit de até R$ 231 bilhões, o
equivalente a 2,1% do PIB. O
Resultado melhor. Estimativas indicam que a safra agrícola, que puxou a atividade no 1º trimestre, será recorde este ano
te. Destaco o carnaval como
variável importante. As pes-
soas ficaram por dois anos
sem essa festa popular, e nós
vimos uma retomada forte
das atividades de serviço —
avalia Carla Argenta, econo-
mista-chefe da CM Capital.
Entram também na conta
do trimestre o ritmo mais
acelerado de transferências
de renda por parte do gover-
no federal, algo que já ocorria
Cidadão Global. Última edição, em dezembro, reuniu mais de 600 convidados
atingir as metas ESG.
O Digital Media Awards
Americas, prêmio concedido
ao projeto, é promovido anual-
mente pela WAN-Ifra e há
mais de uma década reconhe-
ce veículos de mídia inovado-
res em todo o mundo.
A edição de 2023 uniu o La-
tam Digital Media Awards e o
North American Digital Me-
dia Awards, para reconhecer
em uma única premiação pro-
jetos das Américas do Norte,
ministro da Fazenda, Fer-
nando Haddad, vem prome-
tendo entregar um resultado
primário neste ano menor
que R$ 100 bilhões.
Integrantes da equipe
econômica dizem que esse
discurso vai se manter, que
o relatório a ser divulgado
na próxima segunda-feira
precisa seguir formalismos
técnicos e que ainda não vai
considerar novas medidas
de arrecadação que serão
publicadas pelo governo.
desde meados do ano passa-
do, e uma resiliência maior
de setores que costumam so-
frer o impacto dos juros ele-
vados, como o varejo.
—As divulgações tanto dos
indicadores mensais do IBGE
quanto do IBC-Br indicam
uma atividade econômica
acima das expectativas do
mercado. O agro vem muito
bem, com uma safra recorde,
eem março vimos um desem-
SILVIA COSTANTI/VALOR
Central e do Sul. Um júri inter-
nacional avaliou 150 projetos
de 81 empresas.
“Inovação nos formatos,
qualidade na pesquisa e im-
pacto na audiência, tudo isso
caracteriza os vencedores do
Digital Media Americas
Awards 2023”, afirma texto no
site da WAN-Ifra.
—Por meio do Cidadão Glo-
bal, Santander e Valor Econô-
mico promovem temas essen-
ciais para a sociedade brasilei-
A piora de agora é decor-
rente de alguns fatores. Um
deles é um aumento de gas-
tos federais por conta do re-
ajuste do salário mínimo de
R$ 1.302 para R$ 1.320, no
início deste mês. O gasto ex-
tra estimado é de cerca de
R$ 4 bilhões. Isso ocorre
porque o mínimo nacional é
usado como referência para
aposentadorias e benefícios
sociais do governo.
Além disso, foram libera-
dos R$ 7,3 bilhões em ajuda
PABLO JACOB
penho muito forte da produ-
ção industrial, dos serviços e
vendas do varejo —destaca o
economista do Banco Modal,
Rafael Rondinelli.
Nos dados sem efeitos sazo-
nais, em março o IBC-Br teve
alta de 5,46%, na comparação
com o mesmo mês do ano an-
terior. No acumulado em 12
meses, o avanço foi de 3,31%.
A tendência, contudo, é
de desaceleração, especial-
ra. Para além do evento pre-
sencial, trata-se de uma plata-
forma de conteúdo, em dife-
rentes formatos, alcançando o
grande público — destaca
Edward Pimenta, diretor do
G.Lab, área de branded content
da Editora Globo e do Sistema
Globo de Rádio (SGR).
A Editora Globo foi indica-
da em três categorias na edi-
ção de 2023 do prêmio. Con-
correram quatro trabalhos:
“Guerras Culturais”, do
GLOBO, na categoria Me-
lhor Podcast; “Pelé Eterno”,
também do GLOBO, na cate-
goria Melhor Conceito de
Jornal Eletrônico; além de
“Cidadão Global” e “Embra-
tel – Vamos habilitar o próxi-
mo nível?”, ambos do Valor.
Desde 2017, o “Cidadão
Global” reúne grandes pensa-
dores do mundo contem-
porâneo. No primeiro ano,
contou com palestra do ex-
presidente americano Barack
Obama. Em 2019, foi a vez
dos historiadores Yuval Noah
Harari e Jared Diamond.
A edição de 2020 debateu,
no modelo on-line, o futuro da
globalização, com a atriz Viola
Davis e a ganhadora do prêmio
Nobel de Economia Esther
Duflo. O ambientalista, ex-vi-
ce-presidente dos EUA e prê-
mio Nobel da Paz Al Gore foi o
destaque em 2021.
federal para estados e muni-
cípios pagarem o piso da en-
fermagem neste ano.
Integrantes da equipe
econômica afirmam ainda
que as projeções de arreca-
dação devem ser afetadas
pela diminuição do ritmo de
trabalho de servidores da
Receita Federal, que reivin-
dicam a regulamentação de
um bônus de produtividade.
Aatuação dos servidores da
Receita fez com que não hou-
vesse tempo hábil, por exem-
mente no segundo semes-
tre, quando fatores que esti-
mularam a atividade neste
início de ano vão ajudar me-
nos, dizem analistas. Mas
essa perda de força deve
ocorrer de forma mais lenta
do que o esperado.
Com as divulgações recen-
tes, o Modal vai revisar sua
projeção de crescimento do
PIB do primeiro trimestre an-
te os três meses imediatamen-
te anteriores de 0,6% para
0,9%. Para o PIB anual, a pro-
jeção vai subir de 0,8% para
1%. A XP tinha como primeira
estimativa para o PIB do 1º tri-
mestre uma alta de 0,9%. Após
as divulgações recentes, a pro-
jeção já se encontra em 1,3%.
Para o ano, ela passou de 1%
para 1,4%, há duas semanas.
—A indústria extrativa-mi-
neral teve um primeiro tri-
mestre sólido. Outro ponto
de destaque é o consumo das
famílias. A desaceleração do
consumo se mostrou mais
suave do que o inicialmente
projetado, e isso está ligado
ao mercado de trabalho, com
aumento da geração de em-
pregos, e um maior volume
de transferências de renda do
governo, sobretudo a amplia-
Na defesa da autonomia,
Campos Neto reúne BCs
Autoridades monetárias abordaram manutenção
de juros e a pressão que sofrem para baixar a taxa
IVAN MARTÍNEZ-VARGAS
ivan.martinezvargas@edglobo.com.br
SÃO PAULO
-
Eco mforça,
uma demonstração de
o presidente do Ban-
Central (BC), Roberto
Campos Neto, conseguiu ter a
participação nomes de peso da
economia mundial, algumas
remotas ou gravadas, em even-
to organizado por ele em São
Paulo. O objetivo foi defender
a importância do combate à
inflação e da autonomia da au-
toridade monetária.
Durante a tarde de ontem, o
evento teve a participação do
presidente do Banco de Com-
pensações Internacionais
(BIS, na sigla em inglês),
Agustín Carstens, além de
cinco presidentes de autori-
dade monetária (de Canadá,
Chile, Colômbia, Espanha e
Peru, os dois primeiros remo-
tamente) e de três ex-presi-
dentes de BCs (de Argentina,
Colômbia e Índia), além de
participações gravadas de Ch-
ristine Lagarde, presidente do
Economia | 15
plo, de incorporar novas pro-
jeções de receitas decorren-
tes da decisão do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) de
proibir empresas de abater
incentivos fiscais concedi-
dos pelos estados por meio
do ICMS do cálculo dos tri-
butos federais —o Imposto
sobre a Renda da Pessoa Jurí-
dica (IRPJ) e a Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL). Com a decisão do
STJ, os técnicos precisam tra-
balhar em novas notas.
ção do Bolsa Família — diz o
economista da XP, Rodolfo
Margato.
Após a divulgação do IBC-
Br de março, o Santander re-
visou sua expectativa de cres-
cimento do PIB no primeiro
trimestre de 1,1% para 1,2%.
Para o PIB anual, a projeção é
de avanço de 1%, mas com
risco de alta no número.
MAIS PRESSÃO NA INFLAÇÃO
Se os dados mais fortes são po-
sitivos para a economia como
um todo, eles exercem pressão
de alta na inflação, que vem
sendo combatida pelo BC com
juros elevados. Parte do mer-
cado espera que a autoridade
monetária possa iniciar o cor-
te da Selic, hoje em 13,75%, no
segundo semestre.
—Essa atividade mais forte
deve pressionar mais a infla-
ção do que inicialmente espe-
rado, e isso vai trazer a pers-
pectiva de juros em patamar
elevado por período mais pro-
longado —diz Rondinelli.
O economista-chefe da
MB Associados, Sergio Vale,
ainda avalia que o primeiro
corte da Selic virá em setem-
bro, mesmo com os dados
econômicos mais fortes:
—Mais importante para a
Selic vai ser a aprovação de
um arcabouço fiscal razoá-
vel e a discussão da meta de
inflação. Se ocorrerem mu-
danças dramáticas, o cená-
rio pode mudar para pior.
Banco Central Europeu, e de
Mark Carney, ex-presidente
do Banco da Inglaterra.
Tiff Macklem, presidente
do BC canadense, afirmou
que, embora a entidade sofra
pressões políticas para baixar
os juros no Canadá, ainda não
é a hora de fazê-lo. A taxa está
em 4,5%. No Brasil, Campos
Neto tem sofrido pressões do
governo para baixar a Selic,
em 13,75% ao ano:
—É importante a gente ten-
tar minimizar conflitos, e uma
das maneiras de fazer isso é a
independência do BC. A con-
fiança é testada quando há cri-
se, e os bancos centrais estão
sendo testados —ressaltou.
Em sua mensagem gravada
para o evento, Lagarde afir-
mou que a inflação anual na
OCDE “subiu a um nível não
visto desde os anos 1980, e isso
levou os bancos centrais a
apertar de uma forma inédita”
os juros. Ela destacou que o BC
de Campos Neto foi um dos
primeiros a fazê-lo.
 16 | Sábado 20 .5.2023
Mundo
Em turnê. O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (à esquerda), cumprimenta o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na cúpula da Liga Árabe em Jedá: mês de viagens
OFENSIVA DIPLOMÁTICA
Em busca de apoio, Zelensky vai à Liga
Árabe e pede encontro com Lula no G7
JEDÁ (ARÁBIA SAUDITA) E HIROSHIMA (JAPÃO)
-
O presidente da Ucrânia, Vo-
lodymyr Zelensky, pediu
uma reunião bilateral com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva às margens da cúpula do
G7 —grupo que reúne sete dos
países mais industrializados
do planeta —no Japão. Um in-
tegrante do governo brasileiro
confirmou ao GLOBO o pedi-
do, mas acrescentou que até o
momento não há confirmação
se a conversar vai ocorrer.
O petista conversou com
Zelensky por telefone em fe-
vereiro. Na última semana, o
ucraniano recebeu em Kiev o
assessor para assuntos inter-
nacionais da Presidência,
Celso Amorim. Durante o
encontro, Amorim explicou
ao líder ucraniano a proposta
de Lula de criação de um gru-
po de países neutros que pos-
sa intermediar um acorde
paz entre Rússia e Ucrânia —
em guerra desde a invasão
OS PRINCIPAIS TEMAS EM DISCUSSÃO NA CÚPULA
Frente contra Rússia e China
Embora não haja apenas consen-
sos entre os países do G7,é certo
que uma questão que reúne o
grupo de maneira quase uniforme
é a oposição à Rússia e à China.
No encontro,a parceria dos dois
países e seus avanços no tabulei-
ros geopolítico mundial estarão
sobre a mesa para avaliação.
Sanções a Moscou
Aexpectativa é que o documento
final da reunião exclusiva dos países-
membros (sem os convidados)
inclua novas sanções à Rússia,com
aguerra na Ucrânia sendo um tema
das tropas de Moscou ao ter-
ritório do país vizinho em fe-
vereiro do ano passado.
Amorim relatou ter dito a
Zelensky que os dois países
devem levar em conta que é
preciso fazer concessões pa-
ra se chegar a um acordo. Na
visita, o líder ucraniano rei-
terou o convite feito ao presi-
dente Lula para que visite seu
país —a primeira vez em que
propôs a ida do chefe de Esta-
do brasileiro a Kiev foi em 24
de fevereiro, quando o confli-
to completou um ano.
— Não será fácil chegar a
uma confluência. Será neces-
sário que os dois lados che-
guem à conclusão de que o
custo da guerra é maior do que
ocusto de certas concessões —
disse Amorim à epoca.
Segundo o enviado do pre-
sidente Lula, Zelensky “en-
tendeu bem” ao ouvir que
Lula quer trabalhar pela
paz, juntamente com outros
países que conversam com
prioritário.Amaioria dos países
integrantes do grupo faz parte
também da Otan e apoia a Ucrânia
—espera-se que o presidente Vo-
lodymyr Zelensky participe presen-
cialmente.Os indícios de novas
sanções são fortes.O conselheiro de
Segurança Nacional da Casa Bran-
ca,Jake Sullivan,afirmou que um
reforço à bateria de sanções era
esperado,enquanto o chanceler
alemão,Olaf Scholz,declarou à
imprensa que o principal é evitar que
as sanções sejam contornadas.
Uma fonte da UE informou que
também será debatido um bloqueio
às exportações de diamantes rus-
sos,que alcançaram US$ 5 bilhões
(cerca de R$ 25 bilhões) em 2021.
Ucrânia e Rússia.
O presidente tem tentado
desde o início do seu tercei-
ro mandato fazer avançar
uma perspectiva que possi-
bilite a abertura de diálogo
para o fim do conflito entre
Rússia e Ucrânia. No mês
passado, no entanto, fez
uma série de declarações
polêmicas. Durante uma vi-
agem à China e aos Emira-
dos Árabes Unidos, Lula dis-
se que EUA e União Euro-
peia deveriam começar a
“falar de paz” e acusou ame-
ricanos e europeus de “in-
centivarem a guerra” ao for-
necerem armas à Ucrânia.
RECUO DO BRASILEIRO
Após reações da Casa Branca
edo bloco europeu, no entan-
to, o presidente recuou. Dias
depois, durante almoço com
o presidente da Romênia,
Klaus Iohannis, no Itamaraty,
reforçou a posição do governo
brasileiro nas Nações Unidas,
Armas nucleares
Uma discussão provavelmente a
ser pautada pelo premier japonês,
Fumio Kishida,sobre um compro-
misso para aumentar transparên-
cia sobre os arsenais nucleares de
cada país e pela redução deles
deve causar divergência.As expec-
tativas de êxito no tema são pe-
quenas,em um momento em que
a Rússia ameaça a Ucrânia com o
uso de armas nucleares táticas,
fontes de inteligência ocidental
afirmam que a China aumenta seu
arsenal e a Coreia do Norte testa
armas com capacidade de trans-
portar ogivas nucleares com um
alcance cada vez maior.
MAIS UM RIVAL PARA TRUMP
Senador negro na corrida à Casa Branca
NA WEB Tim Scott,da Carolina do Norte,enfrentará ex-presidente nas primárias
de condenar a invasão da
Ucrânia pela Rússia.
Lula está no Japão, onde
teve na tarde de ontem (ma-
drugada no Brasil) sua pri-
meira de sete reuniões bila-
terais marcadas para sua es-
tada em Hiroshima, onde
participa como convidado
da reunião do G7.
Os líderes do grupo anuncia-
ram ontem novas sanções
contra a “máquina de guerra”
da Rússia, ao mesmo tempo
que pretendem adotar uma
posição comum a respeito da
China. Em comunicado publi-
cado após uma reunião sobre a
Ucrânia, o grupo integrado
por EUA, Japão, Alemanha,
França, Reino Unido, Itália e
Canadá anunciou medidas pa-
ra “privar a Rússia da tecnolo-
gia, equipamento industrial e
serviços do G7 que sustentam
sua máquina de guerra" em
território ucraniano.
Em sua incansável busca
de apoio à Ucrânia, Zelensky
Ontem,os líderes mundiais fize-
ram uma visita ao Parque Memo-
rial da Paz de Hiroshima.
‘Coerção econômica’ da China
Outro ponto abordado,e que deve
ter boa fluência entre os líderes
do G7,são os esforços do grupo
para proteger suas economias do
de uma possível chantagem
econômica da China,por meio de
uma diversificação das redes de
suprimentos e dos mercados.
Sullivan destacou que os líderes
do G7 pretendem condenar a
“coerção econômica” e trabalhar
para solucionar as divergências
sobre a maneira de lidar com a
SPA VIA AFP
desembarcou ontem em Je-
dá, na Arábia Saudita, para
uma cúpula da Liga Árabe,
que tem entre seus membros
nações pró-Rússia e neutras
nestes quase 15 meses de
guerra. O mandatário em se-
guida deve ir a Hiroshima pa-
ra a reunião do G7 — etapa
mais recente de sua cruzada
internacional em busca de
apoio militar e financeiro pa-
ra repelir a invasão russa.
VIAGEM-SURPRESA A JEDÁ
Desde que seu país foi inva-
dido em 24 de fevereiro do
ano passado, Zelensky ain-
da não havia ido à Ásia. A vi-
agem sem anúncio prévio à
reunião da Liga Árabe é sim-
bólica em meio aos esforços
de Kiev para reduzir a influ-
ência russa no Oriente Mé-
dio e aumentar seu leque de
aliados no Sul Global, que
hesita em aderir à enxurra-
da de sanções ocidentais
contra Moscou.
China.O grau da condenação, no
entanto,não é sabido.Os EUA
adotaram uma postura agressiva
ao bloquear o acesso da China
aos semicondutores mais avan-
çados,mas os países europeus,
em particular Alemanha e França,
querem assegurar que as medi-
das não prejudiquem vínculos
com a China,um dos maiores
mercados do mundo.
Aproximação do Sul Global
Em paralelo aos temas centrais
que estarão em debate,o encontro
em Hiroshima também foi pensa-
do de uma forma de aproximar do
chamado “Sul Global” as grandes
| OGLOBO
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
Zelensky foi convidado pelo
regime saudita e recebido pe-
lo príncipe herdeiro, Moham-
med bin Salman, para uma
reunião bilateral. Rica em pe-
trodólares, Riad almeja ser
vista como a inconteste po-
tência econômica e política
da região e se apresenta como
uma possível mediadora para
o conflito russo-ucraniano.
Os sauditas adotam uma
posição de neutralidade
frente ao conflito: têm uma
boa relação com a Rússia e
cooperaram com Moscou
para cortes na produção na
produção de petróleo da
Opep+, a aliança de nações
ricas em petróleo que Riad e
Moscou coordenam em
conjunto. Também fazem,
contudo, acenos a Kiev, a
quem doaram US$ 400 mi-
lhões de ajuda humanitária
e financeira neste ano.
OITO PAÍSES ESTE MÊS
Não há, contudo, unanimida-
de entre as nações da Liga Ára-
be. Em seu discurso na reuni-
ão, Zelensky fez um apelo por
ajuda para salvar ucranianos
das “celas de prisões russas”.
Para Zelensky, a presença na
Liga Árabe é uma tentativa de
levantar mais fundos às véspe-
ras de sua aguardada contrao-
fensiva nesta primavera no
Hemisfério Norte.
Não à toa, o presidente ucra-
niano deve seguir neste fim de
semana para Hiroshima. Os
planos de viagem de Zelensky
são sigilosos devido a preocu-
pações com segurança, mas
fontes de seu governo e as im-
prensas americana e britânica
noticiaram que a ida presenci-
al acontecerá. A única confir-
mação oficial até o momento,
contudo, é que ele participará
virtualmente.
Se o apoio entre os países-
membros do G7 já ocorre, o ce-
nário não é o mesmo entre os
países convidados: entre eles,
Brasil, Índia e Indonésia, três
atores de peso do Sul Global
que adotam neutralidade di-
ante do conflito. O presidente
ucraniano deve tentar aproxi-
má-los de sua órbita, apesar de
sua agenda de reuniões bilate-
rais ainda não estar clara.
Um encontro de Zelensky
com o presidente Lula não está
previsto na agenda do manda-
tário brasileiro, que deve usar
o G7 para promover sua pro-
posta de um clube da paz para
chegar a uma solução negocia-
da que ponha fim ao conflito
russo-ucraniano.
Zelensky vem acumulando
milhas neste mês, em uma es-
tada prolongada no exterior
que aliados dizem buscar
também projetar a confiança
ucraniana na estabilidade de
seu próprio governo. Ele já vi-
sitou Finlândia, Holanda, Itá-
lia, Vaticano, Alemanha,
França e Reino Unido
economias industrializadas da
América do Norte,Europa e Ásia.
Foram convidados Austrália, Co-
mores,Ilhas Cook,Índia,Indoné-
sia,Coreia do Sul e Vietnã e Brasil.
Um documento final,subscrito
também pelos países convidados,
deve ser apresentado ao fim da
reunião,provavelmente relacio-
nando preocupações econômicas
e de abastecimento de alimentos.
No entanto,apontam especialis-
tas,a ideia é promover uma aproxi-
mação com países de interesse e
que aumentaram sua colaboração
com a China,recebendo grandes
investimentos.O objetivo é criar
caminhos para reduzir a influência
de Pequim.
 OGLOBO | Sábado 20 .5.2023
Convidados refletem relevância do Sul Global
Países do G7 perderam importância econômica nos últimos 30 anos, passando de 70% do PIB mundial a 44%;
nações emergentes têm papel de destaque em dois temas-chave na cúpula: a ascensão chinesa e a guerra na Ucrânia
Clube dos ricos. Charles Michel (UE), Giorgia Meloni (Itália), Justin Trudeau (Canadá), Emmanuel Macron (França), Fumio Kishida (Japão), Joe Biden (EUA), Olaf Scholz (Alemanha), Rishi Sunak (Reino Unido) e Ursula von der Leyen (UE)
ANA ROSA ALVES
ana.rosa@infoglobo.com.br
-
D os 15 chefes de Estado e
governo que desembarca-
ram em Hiroshima, só aque-
les que representam os países
do Grupo dos Sete (G7) tive-
ram lugar na foto de família
de ontem. Mas para entender
os interesses que pautam a
reunião, é necessário olhar
para os outros oito países con-
vidados: a presença de Brasil,
Índia e Indonésia, por exem-
plo, evidencia um Sul Global
cada vez mais disputado e in-
fluente em um cenário de
mudanças geopolíticas.
Há 30 anos, os integrantes
do G7 —Alemanha, Canadá,
Estados Unidos, França, Itá-
lia, Japão e Reino Unido —re-
presentavam juntos quase
70% do Produto Interno Bru-
to global. Hoje, respondem
juntos por cerca de 44%, em
termos nominais. E a tendên-
cia é de que o percentual con-
tinue a cair, segundo proje-
ções do Fundo Monetário In-
ternacional (FMI).
Os debates sobre a relevân-
cia do grupo e a necessidade de
expandir a mesa de conversa
são antigos: influenciaram,
por exemplo, a dimensão au-
mentada que o Grupo dos 20
(G20) adquiriu após a crise fi-
nanceira de 2008. Não à toa,
os países do G7 tentam corte-
jar aliados no Sul Global, mo-
vimento ao qual os anfitriões
japoneses são particularmen-
te favoráveis.
Tóquio convidou para a reu-
EUA apoiarão treinamento de
pilotos ucranianos em caças F-16
Anúncio feito por Biden indica possibilidade de entrega de aeronaves a Kiev
KIEV E WASHINGTON
-
O presidente dos Estados
Unidos, Joe Biden, anun-
ciou aos líderes do G7 que
Washington apoiará o treina-
mento de pilotos ucranianos
em caças F-16 que poderiam
ser fornecidos a Kiev, infor-
mou um alto funcionário da
Casa Branca ontem. Esta é a
indicação mais direta até ago-
ra de uma possível entrega
dessas aeronaves de combate
aKiev, apesar da relutância de
nião Brasil, Índia, Coreia do
Sul, Indonésia, Comores (país
na presidência rotativa da Uni-
ão Africana), Austrália, Vietnã
e Ilhas Cook (atualmente à
frente do Fórum das Ilhas do
Pacífico). São todos países es-
tratégicos no que diz respeito
aos dois assuntos que devem
pautar a cúpula: a guerra na
Ucrânia e a ascensão chinesa.
Os assentos extras por si só
não são novidade: esta, por
exemplo, é a sétima cúpula do
G7 do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, incluindo as par-
ticipações em seus dois pri-
meiros mandatos. Mas o octe-
to deste ano é um claro reflexo
da tentativa das nações indus-
trializadas de convencer o
mundo em desenvolvimento
de que há uma alternativa aos
russos e chineses.
NEUTRALIDADE NA GUERRA
Vários países de renda média e
baixa, contudo, têm depen-
dência econômica de Moscou
e Pequim. A maioria dos Esta-
dos emergentes adota uma po-
sição de neutralidade diante
do conflito entre Moscou e Ki-
ev e se recusa a adotar a enxur-
rada de sanções econômicas
encabeçadas pelos EUA e pela
União Europeia (UE).
Entre os convidados, o Vi-
etnã é um país próximo da
Rússia desde a época da
Guerra Fria —60% de suas
armas, por exemplo, vêm de
Moscou. Se Indonésia e
Brasil votaram na ONU para
condenar a invasão russa na
Ucrânia, a Índia se absteve.
Washington e em meio a uma
expectativa pela contraofen-
siva das tropas ucranianas pa-
ra recuperar territórios ocu-
pados pela Rússia, mas que
ainda não foi concretizada.
Biden, que está participan-
do da cúpula do G7 em Hi-
roshima, no Japão, disse que os
EUA “apoiarão um esforço
conjunto” com seus aliados e
parceiros “para treinar pilotos
ucranianos em aviões de com-
bate de quarta geração, inclu-
indo F-16, para fortalecer e
Ao lado da China, o país do
Sul da Ásia aumentou o vo-
lume de petróleo comprado
do Kremlin —que baixou o
preço —afirmando não po-
der se dar ao luxo de pagar
mais caro pelo combustível.
A vulnerabilidade do enten-
dimento entre Moscou e Kiev
que permitiu a exportação de
grãos ucranianos por meio de
portos no Mar Negro também
gera preocupação. O risco da
escassez que um novo blo-
queio pode causar é temido
particularmente nos países
mais pobres do mundo, em
sua maioria na África, onde o
impacto pode ser catastrófico.
Os convidados, portanto,
devem dificultar a transmis-
são de uma imagem coesa so-
bre o apoio à Ucrânia e os ris-
cos do conflito catalisado por
Convidados. O premier australiano, Anthony Albanese, e o presidente Lula em encontro bilateral em Hiroshima
melhorar ainda mais as capa-
cidades da Força Aérea ucrani-
ana”, disse o funcionário.
—À medida que o treina-
mento se desenvolver nos
próximos meses, nossa coa-
lizão de países participantes
neste esforço decidirá
quando fornecer aeronaves,
quantas fornecer e quem as
fornecerá —acrescentou.
A coalizão internacional
mencionada pelo alto funcio-
nário foi anunciada pelos pre-
miers do Reino Unido, Rishi
uma Rússia que, até 2014, fa-
zia o G7 ser G8. Há nove anos,
o país foi suspenso por tempo
indeterminado em represália
à anexação ilegal da península
ucraniana da Crimeia.
DESCONFORTO COM CHINA
O G7 surgiu em 1975 para
que os aliados não comunis-
tas debatessem preocupa-
ções econômicas acentuadas
pela crise do petróleo daque-
la década, mas a Guerra Fria
naturalmente tornou-se
pauta. Com o colapso soviéti-
co e a aproximação da Rússia
do Ocidente durante os anos
1990 e o início do milênio, o
ingresso russo veio em 1998.
A reunião ganhou nova
camada ontem, quando au-
toridades ucranianas sinali-
zaram que o presidente
Sunak, e da Holanda, Mark
Rutte, na terça-feira, garantin-
do apoio à Ucrânia com caças.
Kiev tem pressionado seus
aliados ocidentais a entrega-
rem aviões para reconquistar
áreas tomadas pela Rússia, que
invadiu o país em fevereiro de
2022, mas, até agora, os países
ocidentais se recusaram a fa-
zê-lo. Washington —que deve
aprovar qualquer transferên-
cia dos aviões fabricados nos
EUA —também não havia se
mostrado exatamente con-
vencida de que a Ucrânia ne-
cessita dos jatos, elementos
básicos —e caros —de muitos
arsenais militares modernos.
— O que é realmente im-
portante aqui é sinalizar para
a Rússia que nós, como na-
ções, não temos objeções fi-
losóficas ou de princípios a
fornecer à Ucrânia as capaci-
ucraniano, Volodymyr Ze-
lensky, também deve ir ao
Japão. Lá, deve reforçar seus
pedidos perenes às nações
do G7 por mais auxílio mili-
tar e humanitário, às véspe-
ras de uma aguardada con-
traofensiva cujas probabili-
dades de sucesso são vistas
com alguma hesitação.
O convite ao Brasil tam-
bém é indissociável da cres-
cente influência chinesa na
América Latina —a visita de
Lula a Pequim em maio e
seus comentários críticos aos
EUA e à UE geraram, na oca-
sião, desconforto em
Washington e em capitais eu-
ropeias. As relações econô-
micas de Pequim com a regi-
ão aumentaram exponenci-
almente desde o início do mi-
lênio, e o Ocidente está de
RICARDO STUCKERT/PRESIDÊNCIA DO BRASIL VIAAFP
dades de que ela precisa, de-
pendendo do que está acon-
tecendo no campo de batalha
—disse o ministro da Defesa
britânico, Ben Wallace, na
quarta-feira. —Cabe à Casa
Branca decidir se deseja libe-
rar essa tecnologia.
‘DECISÃO HISTÓRICA’
Além disso, a relutância ame-
ricana em permitir o treina-
mento dos pilotos poderia li-
mitar severamente a coalizão,
seja no conflito atual ou para se
proteger contra futuras
agressões de Moscou depois
que o Ocidente mudar seu fo-
co da guerra de 15 meses.
Nesse contexto, o presiden-
te da Ucrânia, Volodymyr Ze-
lensky, expressou satisfação
com o anúncio de Biden, que
classificou no Twitter de “deci-
são histórica” que “fortalecerá
Mundo | 17
JACQUES WITT/AFP
mãos relativamente atadas
para reverter tal tendência.
O ponto nevrálgico das
tensões sino-americanas, no
entanto, é no Pacífico: as
tensões ao redor de Taiwan,
ilha autogovernada que os chi-
neses consideram uma pro-
víncia rebelde, é fundamental.
O convite a aliados tradicio-
nais dos americanos, como
Austrália e Coreia do Sul —
com quem o Japão tem uma
relação historicamente com-
plicada —é sinal da relevância
do tema.
DISSENSÕES INTERNAS
Há, contudo, sinais de diver-
gência no próprio G7 sobre o
tema: mês passado, o presi-
dente Emmanuel Macron dis-
se que a França não está dis-
posta a ser arrastada a um con-
flito com Pequim por Taiwan.
À época, o New York Times
noticiou que fontes em
Washington receberam o pro-
nunciamento do mandatário
francês como ingratidão dian-
te da ajuda dos EUA à Ucrânia.
A outra face da disputa no
Pacífico são as nações-ilha, on-
de americanos e chineses dis-
putam influência. No ano pas-
sado, os chineses firmaram
um acordo de segurança sem
precedentes com as Ilhas Salo-
mão, que fizeram os america-
nos anunciarem um pacote
que inclui US$ 810 milhões
em ajuda financeira para os pa-
íses. Após o Japão, Biden iria a
Papua Nova Guiné e Austrália,
mas cancelou essas escalas por
questões internas nos EUA.
nossas Forças Armadas”.
Sunak, que participa da cú-
pula do G7 no Japão, saudou o
anúncio. O premier britânico
já havia anunciado durante
visita de Zelensky a Londres
que o Reino Unido está abrin-
do uma escola de aviação para
treinar pilotos ucranianos.
Por sua vez, o presidente fran-
cês, Emmanuel Macron, tam-
bém se ofereceu para fazer o
mesmo, embora tenha des-
cartado inicialmente o envio
de aviões de guerra para Kiev.
No mês passado, a Polônia e
aEslováquia disseram ter envi-
ado à Ucrânia mais de 20 caças
MiG-29 da era soviética para a
contraofensiva. Porém, Kiev
alega que o F-16 é mais bem
equipado para proteger de ata-
ques aéreos e escapar dos avi-
ões de guerra da Rússia. (Com
AFP e New York Times)
18 | Mundo
Prática condenada. Tripulantes de um navio da Guarda Costeira da Grécia transferem um grupo de etíopes, eritreus e somalis capturados na ilha de Lesbos para um bote: Atenas não quis comentar
Guarda Costeira grega
deixa migrantes e
refugiados à deriva
Vídeo flagra navio transferindo 12 africanos para bote no
Mar Egeu, levado até o limite das águas territoriais turcas
MATINA STEVIS-GRIDNEFF,
SARAH KERR, KASSIE BRACKEN
E NIMET KIRAC
Do New York Times
ATENAS
-
U m grupo de imigrantes e re-
fugiados em busca de asilo
já havia passado anos peram-
bulando para escapar da guer-
ra no Chifre da África. Eles mal
haviam pisado na Europa, es-
perando começar uma nova
vida, quando homens masca-
rados os cercaram e tiraram
seus pertences. Agora eles es-
tavam amontoados no bote,
sacudindo nas águas abertas e
tentando se proteger do sol en-
Aquecimento pode matar 9 milhões a mais por ano
Relatório anual da OMS, apresentado ontem, apresentou estimativa relacionada a aumento de doenças e crise de recursos
JANICE KEW
Da Bloomberg
-
O aumento da temperatu-
ra global pode levar a
mais de 9 milhões de mortes
relacionadas ao clima a cada
ano até o final do século,
apontou um relatório da Or-
ganização Mundial da Saú-
de (OMS) publicado on-
tem. De acordo com o docu-
mento, a mudança climáti-
ca aumenta o risco de trans-
missão de doenças, altera os
processos produtivos e in-
terfere nos meios de subsis-
tência de populações espa-
lhadas pelo mundo, de for-
ma desigual.
“Todos os aspectos da saú-
de são afetados pelas mudan-
ças climáticas — desde ar,
água e solo limpos até siste-
mas alimentares e meios de
subsistência”, apontou o rela-
tório, acrescentando: “Mais
atrasos no combate às mu-
danças climáticas aumenta-
rão os riscos à saúde, prejudi-
carão décadas de melhorias
na saúde global e violarão
nossos compromissos coleti-
vos”, apontou o relatório.
METAS DA ONU
De acordo com os objetivos
de desenvolvimento sus-
tentável adotados pelas Na-
ções Unidas em 2015, foi
quanto Naima Hassan Aden
segurava seu bebê de 6 meses e
chorava.
—Não esperávamos sobre-
viver naquele dia — disse
Aden, uma jovem de 27 anos
da Somália. — Quando nos
colocaram no bote inflável,
eles o fizeram sem piedade.
Sua provação poderia ter
permanecido amplamente
desconhecida, como a de tan-
tos outros requerentes de asilo
cujos relatos de maus-tratos
foram rejeitados pelo governo
grego. Mas um vídeo gravado
por um ativista foi comparti-
lhado com o New York Times.
Cenário preocupante. Deslocados internos pela seca em um campo na Somália: mudança climática ameaça sobretudo populações em países periféricos
acordado trabalhar para
acabar com a pobreza e a de-
sigualdade e garantir uma
vida saudável que promova
o bem-estar para todos.
No entanto, países africa-
nos, nações mais pobres e
pequenos Estados insulares
em desenvolvimento, ape-
sar de contribuirem menos
historicamente para as
emissões globais, enfren-
Uma investigação do jornal
americano verificou e corro-
borou a filmagem, e também
entrevistou 11 requerentes
de asilo de Somália, Eritreia e
Etiópia localizados em um
centro de detenção em Iz-
mir, na costa turca.
Muitos ainda usavam as
mesmas roupas que vestiam
no vídeo. Eles contaram o que
aconteceu, e os relatos corres-
pondiam às imagens, assim
como a altura e o tamanho dos
adultos e das crianças.
O governo grego não res-
pondeu aos repetidos pedi-
dos de comentários. Mas, em
tam as maiores consequên-
cias das mudanças climáti-
cas, disse a OMS.
“Dentro dos países tam-
bém pode haver grandes dis-
paridades naqueles mais vul-
neráveis aos impactos das
mudanças climáticas. Popu-
lações que vivem na pobreza,
idosos, mulheres, crianças,
povos indígenas, trabalhado-
res ao ar livre, socialmente
campanha em Lesbos na se-
mana passada, antes das elei-
ções gerais de domingo, o pri-
meiro-ministro Kyriakos
Mitsotakis defendeu as polí-
ticas migratórias “duras, mas
justas” de seu governo e se ga-
bou de uma queda de 90% na
chegada de “ilegais”.
O governo sempre negou
maltratar os requerentes de
asilo, apontando para o fato
de que carrega um fardo des-
proporcional de gerenciar os
recém-chegados à Europa.
Mas o vídeo, fornecido pelo
trabalhador humanitário
austríaco Fayad Mulla, que
passou a maior parte dos úl-
timos dois anos e meio traba-
lhando na ilha e tentando
documentar os abusos, pode
ser a prova mais contunden-
te até agora de que as autori-
dades gregas violaram leis
internacionais e as normas
da União Europeia (UE) que
regem o tratamento dos re-
querentes de asilo.
O vídeo foi apresentado
pessoalmente a três altos
funcionários da Comissão
Europeia em Bruxelas, com
a descrição de como foi veri-
ficado. Mais tarde, em co-
isolados e pessoas com con-
dições médicas pré-existen-
tes geralmente correm maior
risco. Aproximadamente 2
bilhões de pessoas não têm
acesso a água potável segura.
Além disso, existem cerca de
600 milhões de casos de do-
enças transmitidas por ali-
mentos em todo o mundo”
diz o relatório.
O impacto das mudanças
Sábado 20 .5 .2023
REPRODUÇÃO DE VÍDEO/NYT
mentários por escrito, a co-
missão disse que estava
“preocupada com as filma-
gens” e que, embora não ti-
vesse verificado o material
por si mesma, levaria o as-
sunto às autoridades gregas.
A Grécia “deve respeitar to-
talmente as obrigações sob as
regras de asilo da UE e o direi-
to internacional, incluindo
garantir o acesso ao procedi-
mento de asilo”, disse Anitta
Hipper, porta-voz da Comis-
são Europeia para migração.
As autoridades gregas recusa-
ram os pedidos de encontro
pessoal para revisar o vídeo.
ENDURECIMENTO EM 2015
A Grécia e a UE endureceram
suas medidas migratórias após
a chegada em 2015 e 2016 de
mais de um milhão de refugia-
dos da Síria, Iraque e outros lu-
gares. A onda de recém-chega-
dos reformulou a política eu-
ropeia, inflamando as forças
populistas de extrema direita.
A Grécia está longe de ser a
única a reprimir os migrantes
e refugiados. Polônia, Itália e
Lituânia mudaram recente-
mente suas leis para tornar
mais fácil repelir a entrada de
HASSAN ALI ELMI/AFP/1-5-2023
nos padrões de temperatura
e chuva também ameaça au-
mentar a transmissão de do-
enças por mosquitos, carra-
patos e roedores, ainda de
acordo com a organização, o
que já mata mais de 700 mil
pessoas por ano.
Enquanto algumas regi-
ões enfrentam secas severas
e outras enfrentam inunda-
ções e conflitos, surtos de
| OGLOBO
estrangeiros e punir aqueles
que os ajudam.
Mas os novos vídeos suge-
rem que as autoridades gregas
foram ainda mais longe, recor-
rendo a expulsões extrajudici-
ais sub-reptícias que varrem
até os mais vulneráveis com a
participação de suas forças
marítimas.
— Pela vontade de Deus,
conseguimos sobreviver —
disse Aden.
Foi pouco depois do meio-
dia de 11 de abril que uma
van branca sem identifica-
ção se dirigiu até uma pe-
quena enseada com uma do-
ca de madeira na ponta sul
de Lesbos, de acordo com o
vídeo de Mulla. Quando a
van parou, três homens sur-
giram, abriram as portas
traseiras e do veículo saíram
12 pessoas, várias delas cri-
anças pequenas.
GRÉCIA SEMPRE NEGOU PRÁTICA
Alguns minutos depois que o
grupo foi escoltado para fora
da van, todos foram levados
para as águas do Mar Egeu na
lancha. Mais três minutos se
passaram, e então a lancha se
aproximou do navio 617 da
Guarda Costeira, que foi pago
principalmente com fundos
da UE, segundo informações
da organização militar.
Um a um, os migrantes e
refugiados foram levados
para o barco da Guarda Cos-
teira, que então partiu para
a Turquia. Ele parou quando
se aproximou da borda das
águas territoriais da Grécia.
Em entrevistas no centro
de detenção de Izmir, todos
os migrantes relataram ter
sido empurrados para um
bote salva-vidas inflável
preto e deixados à deriva. As
autoridades gregas sempre
negaram deixar migrantes
flutuando nessas embarca-
ções porque elas são inave-
gáveis e podem virar.
Cerca de uma hora depois
que eles foram abandonados,
dois barcos da Guarda Costei-
ra turca apareceram. O resgate
de 11 de abril, como muitos
outros, foi publicado em um
site pelas autoridades turcas.
doenças —incluindo o vírus
Marburg, cólera e poliomie-
lite selvagem —estão sobre-
carregando recursos, pro-
fissionais de saúde e infraes-
trutura limitadas.
No cenário atual, para fins
de comparação, a organiza-
ção considera que um bilhão
de pessoas em 43 países cor-
rem isco de contrair cólera,
tratada por um representan-
te como a “pandemia dos po-
bres” por um porta-voz do
Fundo da ONU para a Infân-
cia (Unicef) durante uma co-
letiva em Genebra ontem.
RELATÓRIO ANUAL
O relatório apresentado pe-
la OMS também trouxe um
balanço da pandemia de Co-
vid-19. De acordo com a or-
ganização, os dois primeiros
anos da pandemia custaram
quase 337 milhões de anos
de vida, ao provocar mortes
prematuras. O balanço ofi-
cial de mortes atribuídas à
doença é atualmente de 6,9
milhões de pessoas.
—É como perder 22 anos
de vida para cada morte —
disse Samira Asma, chefe
adjunta de dados e análises.
A Organização Mundial de
Saúde decidiu suspender o ní-
vel máximo de alerta sanitá-
rio para a Covid-19 ao identifi-
car que o número de mortos
começou a aumentar em um
ritmo mais lento do que o vis-
to anteriormente. A organiza-
ção alertou, contudo, que a
doença não desapareceu de-
pois de mais de três anos de
pandemia. (Com a AFP)
OGLOBO | Sábado 20 .5.2023 | 19

SÍNDROME RESPIRATÓRIA PARA

Saúde
ACESSAR

Alta nas internações de crianças APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Boletim da Fiocruz mostra crescimento da SRAG em 19 estados do país O QR CODE

PRÓXIMA PARADA
Crise do fentanil se infiltra pelo
México e preocupa especialistas
MAX WHITTAKER/NYT
BEATRIZ GUILLÉN
Do El País
-

S eu braço esquerdo pende

frouxamente ao seu lado.
Hugo Arroyo foi espancado
pela polícia quando dormia
nas ruas de Tijuana, no Méxi-
co. Três anos se passaram e
ele ainda espera por uma ci-
rurgia para corrigir o proble-
ma. Enquanto isso, varre, es-
frega, poda as árvores, tira o
lixo, rega, parafusa e conserta
com um só braço: está acos-
tumado a fazer o serviço as-
sim, mas a dor é outra coisa.
—Acho que por causa do
fentanil aguentei o braço
quebrado, andando por aí
fingindo que não tenho na-
da — comenta Hugo, com
um sorriso tímido.
Arroyo usa fentanil diaria-
mente, como centenas de
pessoas ao longo da fronteira
do México com os Estados
Unidos. No país vizinho, essa
droga brutal, 50 vezes mais
poderosa que a heroína, está
por trás de 100 mil mortes a
cada ano. Não há dados ofici-
ais sobre o impacto em terri-
tório mexicano, mas especia-
listas e organizações insis-
tem: com a substância vem a
próxima grande crise de saú-
de pública no país.
O fentanil parece uma his-
tória para assustar as crian-
ças. Letal, mas muito bara-
to: uma dose pode ser obtida
por cerca de US$ 2,5 (cerca
de R$ 12). Uma pessoa pode
ficar viciada só de experi-
mentar a droga algumas ve-
zes. O efeito não dura muito
e a “malilla”, como é chama-
da a síndrome de abstinên-
cia no México, se espalha ra-
pidamente: os ossos doem
como se fosse uma gripe, a
cabeça como uma enxaque-
ca, o estômago simula uma
gastroenterite. A reação do
corpo sem a droga é feroz.
O fentanil é fumado, ina-
lado e injetado. Quantas ve-
“O fentanil é zes? Para os que tentam ga-
produzido em nhar tempo na luta contra o
laboratórios vício, apenas três vezes ao
simples, com dia é um exemplo de força
poucos de vontade, já outros podem
precursores chegar a dez punções diári-
químicos. as. Uma das poucas pesqui-
Com um sas do governo coloca a mé-
pouco de dia em sete. Aqueles que o
ingrediente consomem transformaram
ativo dá para suas vidas em uma corrida
fazer muito até a próxima dose.
produto. É —O que mais me dói, o que
altamente mais me pesa, é ter que levan-
rentável, mais tar de manhã e ter que usar
que a cocaína fentanil, obrigatoriamente,
ou heroína” porque senão não posso fazer
_ nada. Os ossos doem, a men-
José Andrés te não para de pensar nisso,
Sumano, não me concentro —descre-
pesquisador ve Arroyo, de 53 anos.
Sua história é a de muitos.
“Quando usei Nascido em Uruapan, ele
fentanil pela cruzou para os Estados Uni-
primeira vez, dos por conta da pobreza.
eu morri. Tentou por três vezes até se
Eram umas estabelecer na Califórnia.
cinco gotas no Trabalhou em uma fábrica e
meu nariz, como lavador de pratos, onde
sucumbi, me se tornou chef. Após 20 anos
reanimaram. nos EUA, foi expulso por diri-
Eu tinha 24 gir embriagado. Voltou em
anos” 2013 para um país que não
_ conhecia mais. Desde então
Karen, usuária entrou numa espiral.
Arroyo se viciou em heroí-
na, metadona e recorreu aos
centros de reabilitação para
deixar a dependência. Ele
conseguiu uma vez. Ele tra-
balhava para uma empresa
de coleta de lixo na Plaza Río
de Tijuana. Parou para se re-
cuperar e voltou depois de
três meses, limpo. Recupe-
rou o emprego e aguentou
um ano sem usar até a em-
presa falir.
— Eles me deviam seis
meses. De repente me vi
sem dinheiro, sem um lugar
Tijuana está repleta de
clínicas de reabilitação
para atender o número
crescente de usuários
para dormir. O efeito do fen-
tanil era como o da heroína,
mas muito mais forte. A
quantidade que eu tinha
que usar era menor, me cus-
tou menos —lembra.
Após o episódio com a polí-
cia, foi recebido para atendi-
mento médico na organiza-
ção Prevencasa em 2019.
Eles lhe deram um quarto pa-
ra morar e um trabalho.
ACOLHIMENTO
A poucos metros do muro
que separa o México dos Es-
tados Unidos, o pátio da Pre-
vencasa se tornou um oásis
em Tijuana. Nesse centro
gratuito, especializado em
redução de danos, quem usa
drogas recebe informações e
atendimento médico, água
potável, banho, tratamento
psicológico e também novas
seringas, para evitar contági-
os e infecções. Na cidade que
fala inglês e espanhol, os usu-
ários tornaram-se invisíveis;
sem-teto, caídos na rua, eles
fazem parte da paisagem. A
cidade está repleta de clíni-
cas de reabilitação, a maioria
privadas, e organizações reli-
giosas que oferecem o famo-
so método dos 12 passos. Ao
mesmo tempo, as gangues de
drogas estão aperfeiçoando
as substâncias: mais vician-
tes, mais disponíveis.
—Tijuana e Ciudad Juárez
têm funcionado como um
laboratório para testar com-
binações, doses, tentar in-
serir o fentanil em outras
drogas — diz José Andrés
Sumano, pesquisador de
narcotráfico e segurança
pública do Colégio de la
Frontera Norte (Colef).
Tijuana é uma das frontei-
ras mais ativas do mundo e o
epicentro, durante anos, das
apreensões de fentanil no
México, segundo relatórios
das autoridades mexicanas.
Orastro da droga é interna-
cional. A maioria de seus pre-
cursores —as moléculas que
são usadas para criá-lo —sa-
em da China e da Índia, che-
gam ao México por seus por-
tos ou pela Guatemala. Em
terras mexicanas são cozi-
dos, montados e enviados pa-
ra o norte, para os Estados
Unidos e Canadá, os maiores
consumidores no mundo.
—O fentanil é produzido
em laboratórios simples, pe-
quenos, com poucos precur-
sores químicos, não reque-
rem grandes instalações.
Com um pouco de ingredi-
ente ativo dá para fazer mui-
to produto. É altamente ren-
tável, mais que a cocaína ou
heroína —explica Sumano.
Além da produção mais
barata, os riscos para os nar-
cotraficantes também são
menores: eles também po-
dem transportar menos
produto porque gera muito
mais efeito. Por trás dessa
premissa simples estão as
200 mortes por dia nos EUA
causadas pelo fentanil.
Grande parte dos afetados
usava cocaína ou cristal em
suas doses habituais que,
sem seu conhecimento,
continham o opioide.
— O crime organizado
não tem controle claro das
doses, mandam fentanil
misturado, mas sem preci-
são —diz o pesquisador.
Tentativa e erro tem sido
Os riscos para o tráfico
são menores pois uma
pequena quantidade
consegue gerar barato
letal. Nos EUA mas também
do lado mexicano da fron-
teira, onde grande parte das
experiências de ajuste fo-
ram realizadas com a popu-
lação mais vulnerável.
Karen não registra mais
quantas doses ela tomou
desde que começou a usar
fentanil diretamente em
2020. São 12? 15? Ela era es-
tudante de psicopedagogia
em Guadalajara quando ex-
perimentou a droga.
—Foi quando tomei o fen-
tanil pela primeira vez que
morri. Eram umas cinco go-
tas no meu nariz, sucumbi,
e aí me reanimaram. Eu ti-
nha 24 anos —conta.
Não há números oficiais
no México. O governo de
Andrés Manuel López
Obrador decidiu cancelar a
Pesquisa Nacional de De-
pendências (Encodat), rea-
lizada desde 1998, devido
ao seu alto custo. O último
disponível é de 2016, quan-
do os vestígios da droga Desolação.
eram mínimos. A falta de Seringas de
dados dificulta a ação. usuários da
Califórnia.
QUESTÃO DIPLOMÁTICA Fronteira entre
O fentanil se tornou o mais EUA e México é
recente problema diplomá- o epicentro
tico entre os Estados Unidos da nova crise
e o México, uma batata
quente com a qual nenhum
governo quer lidar. López
Obrador insiste que se trata
de um “problema importa-
do”. Ele também propôs
proibir seu uso em hospi-
tais, uma reação ampla-
mente criticada pelos médi-
cos por ser essencial para
operações muito dolorosas.
O consumo explodiu mui-
to rapidamente no México.
Em 2017, um estudo realiza-
do com mais de 600 usuári-
os de heroína em Baja Cali-
fornia, Sonora e Chihua-
hua, apenas seis haviam to-
mado fentanil. Hoje os que
o consomem são a maioria.
— Primeiro detectamos
que as pessoas não sabiam o
que era o fentanil mas esta-
vam sendo expostas. Em
apenas quatro anos e meio,
elas passaram a procurar a
droga —explica Clara Fleiz,
pesquisadora do Instituto
Nacional de Psiquiatria.
Óscar penteia o cabelo pa-
ra a entrevista. Melissa pinta
as unhas. São jovens, 27 e 24
anos, mas já se drogam há
uma década. Subiram a esca-
da: maconha, cocaína, cris-
tal, heroína e fentanil.
—Há um ano queria com-
prar chiva (heroína) e não ti-
nha mais. Aí me ofereceram
essa droga que é igual, só que
mais forte, você usa apenas a
metade. E como todo mun-
do, comecei a “dobrar” (gíria
para overdose). É muito forte
—diz Óscar, após a dose no
pescoço que Melissa aplicou.
20 | Saúde Sábado 20.5 .2023 | OGLOBO

Paciente com
NIAID

suspeita de
gripe aviária
será liberado
Secretaria de Saúde do ES relatou que
homem monitorado está assintomático
e deve abandonar isolamento amanhã

BERNARDO YONESHIGUE
bernardo.yoneshigue@oglobo.com.br
nha, especialmente, foram
33 coletas de amostras por
-
precaução. Hoje (quinta-fei-

O primeiro paciente com

suspeita de gripe aviária
no Brasil, em Vitória, no Es-
pírito Santo, está sem sinto-
mas e deve ser liberado ama-
nhã. A informação é da se-
cretaria estadual de Saúde
do estado, que relatou ao
GLOBO que o homem está
assintomático desde on-
tem, quando passou por
avaliação médica. Hoje ele
deve ser submetido a novos
exames antes da provável
saída do isolamento.
Em coletiva na noite de
quinta-feira, o subsecretário
de Vigilância em Saúde do
estado, Orlei Cardoso, infor-
mou que o paciente é funcio-
nário de um dos parques on-
de foram encontradas aves
com o vírus (H5N1).
—Nós adotamos um pro-
tocolo de investigação, fize-
mos uma investigação no lo-
cal. No Parque da Fazendi-
ra), já temos 32 que estão fo-
ra do monitoramento, por-
que isso (a análise) come-
çou no dia 8 de maio. Tem
uma pessoa que se encontra
suspeita, que dentro de
mais 24 horas pode estar
sendo liberada (do isolamen-
to) porque já está assinto-
mática —disse Cardoso.
Segundo o comunicado do
ministério, o paciente tem
61 anos e apresentou sinto-
mas gripais leves. A suspeita
ocorre após o Ministério da
Agricultura e Pecuária (MA-
PA) confirmar, no último dia
15, os dois primeiros casos da
doença em aves no Brasil. O
resultado da análise da
amostra do homem deve sair
na próxima semana.
—Essas amostras são cole-
tadas aqui, passam pelo La-
cen (Laboratório Central de
Saúde Pública do Espírito San-
to) por organização e são en-
Apuração. Homem com sintomas de gripe é funcionário de parque onde aves com o vírus H5N1 foram encontradas; confirmação deve sair na próxima semana
caminhadas para o laborató-
rio de referência na Fiocruz
(...) É um caso suspeito, e a
amostra foi encaminhada pa-
ra o laboratório de referên-
cia. Provavelmente na próxi-
ma semana teremos o resul-
tado desse paciente. A situa-
ção encontra-se controlada
nesse sentido e continuamos
a fazer monitoramento —
afirmou o subsecretário.
A gripe aviária é uma do-
ença provocada por cepas
do vírus Influenza que circu-
lam entre aves, porém não
se disseminam com facili-
dade entre humanos. Algu-
mas dezenas de casos em
pessoas de fato são registra-
das pelo planeta anualmen-
te, porém sempre em trans-
missão direta pelo animal.
“É importante ressaltar
que não foram registrados
casos confirmados de influ-
enza aviária A (H5N1) em
humanos no Brasil. A trans-
missão da doença ocorre por
meio de contato com aves
doentes, vivas ou mortas. E,
de acordo com o que foi ob-
servado no mundo, o vírus
não infecta humanos com fa-
cilidade e, quando isso ocor-
re, geralmente a transmissão
de pessoa para pessoa não é
sustentada”, diz comunicado
do Ministério da Saúde.
No entanto, o crescimen-
to das infecções entre aves,
que bateu recordes no últi-
mo ano, e o registro de con-
taminação em outras espé-
cies, como mamíferos, têm
acendido o alerta entre es-
pecialistas, que temem uma cretaria da Agricultura,
mutação que leve o patóge- Abastecimento, Aquicultu-
no a circular entre pessoas. ra e Pesca do Espírito Santo
Como a gripe tem uma alta (Seag) confirmou que ou-
transmissibilidade, e a ver- tras 26 passaram por euta-
são aviária apresenta uma le-násia no Instituto de Pesqui-
talidade elevada ao infectar sa e Reabilitação de Animais
humanos (cerca de 53%), as Marinhas (Ipram).
autoridades de saúde moni- A ação foi tomada “confor-
toram de perto qualquer sus- me determinação do Minis-
peita da doença. Em feverei- tério da Agricultura e Pecu-
ro deste ano, a Organização ária como medida preventi-
Mundial de Saúde Animal va, uma vez que foi consta-
(WOAH) emitiu um alerta tada a possibilidade de
em que mencionou os surtos transmissão local, colocan-
“sem precedentes” entre do em risco as demais aves
aves e o risco de ela “se espa-
que estão no meio ambiente
lhar para humanos”. e as pessoas que trabalham
com essas aves. Todo proce-
AVES INFECTADAS dimento foi amparado na le-
Além dos dois casos iniciais gislação”, destacou a pasta
identificados nas aves, que en nota. (Colaborou Karolini
morreram, na quinta a Se- Bandeira, de Brasília)

Infarto precoce cresce em mulheres, alerta associação res de risco que não tinham
antes. Embora estejam fu-
mando menos, há mais obe-
sidade, mais sedentarismo,
Segundo entidade médica, mortalidade por doença isquêmica caiu no país nos últimos 20 anos, mas subiu na população feminina mais diabetes. E para além
disso, elas têm uma carga
emocional enorme, um es-

H istoricamente, o infarto
tem sido um problema
associado a homens e idosos.
Essa visão, no entanto, con-
trasta com a realidade de ho-
je da doença e pode corrobo-
rar para a tendência que se
observa nos últimos anos:
enquanto a mortalidade cai
no âmbito geral, há um cres-
cimento entre mulheres de
18 a 55 anos. É o que alerta
um novo posicionamento da
Sociedade Brasileira de Car-
diologia (SBC), lançado on-
tem, que pede uma maior
atenção à saúde cardiovascu-
lar feminina e aos devidos
cuidados de prevenção, diag-
nóstico e tratamento.
“A incidência e a prevalên-
cia da DIC (doença isquê-
mica do coração) vêm dimi-
nuindo no Brasil ao longo
dos últimos 20 anos em mu-
lheres e homens, embora te-
nha ocorrido aumento na
mortalidade precoce por
DIC entre 18 anos e 55 anos,
especialmente nas mulhe-
res”, diz o documento publi-
cado no periódico Arquivos
Brasileiros de Cardiologia.
“O reconhecimento, a dis-
cussão, a educação e o trata-
mento apropriado da DIC
nas mulheres são necessári-
os para reduzir os gaps (gar-
galos) no diagnóstico e trata-
mento, além dos desfechos
desfavoráveis nas mulheres”,
continua o posicionamento.
A DIC, também conheci-
da como doença arterial co-
ronariana, isquemia cardía-
ca ou isquemia do miocár-
dio é um quadro caracteri-
zado pela diminuição da
passagem de sangue pelas
artérias que levam o sangue
ao coração devido ao seu es-
treitamento. Em muitos ca-
sos, é resultado do acúmulo
de placas de gordura (ate-
rosclerose). É a principal
causa de morte no país.
Quando o músculo cardí-
aco não recebe a oxigenação
adequada, ele pode come-
çar a provocar sintomas co-
mo dor no peito ou sensação
frequente de pressão, a que
se dá o nome de angina. Já
quando o fluxo sanguíneo é
bloqueado, ocorre a doença
aguda que é o famoso infar-
to do miocárdio (IAM).
Segundo o novo docu-
mento da SBC, a DIC, em-
bora ainda seja a principal
causa de morte de homens e
mulheres, passou por uma
queda geral significativa en-
tre 1990 e 2019, de aproxi-
madamente 50%. Porém, a
mesma tendência não foi
observada entre as mulhe-
res mais jovens. A professo-
ra da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ)
Gláucia Maria Moraes de
Oliveira, membro da comis-
são executiva do Departa-
mento de Cardiologia da
Mulher da SBC, explica que
isso acontece devido a uma
“questão multidisciplinar”.
—As mulheres jovens são
submetidas hoje a uma
grande quantidade de fato-
tresse muito grande, uma
dupla, tripla jornada de tra-
balho. E como não é dito que
as mulheres têm infarto,
principalmente as jovens,
elas demoram a ser atendi-
das no pronto-socorro —
avalia a especialista.
Alguns sintomas devem
acender o alerta no sexo fe-
minino. Elas são mais pro-
pensas a apresentar sinais
“atípicos”, como náuseas;
vômitos; dor nas costas e no
pescoço; falta de ar; indiges-
tão; ardência na pele; fadiga
incomum e palpitações.
(Bernardo Yoneshigue)

Vitamina K ajuda a prevenir

FREEPIK
Já a K2 age diretamente na
mitocôndria, aumentando
a oxigenação do sangue e

diabetes, revela novo estudo dos tecidos e gerando bene-

fícios que incluem a melho-
ra do rendimento esportivo
Micronutriente tem ação em células produtoras de insulina no pâncreas e a prevenção de doenças
como a osteoporose.
São encontradas em fibras,
prebióticos e probióticos, co-

U m estudo canadense
identificou um novo pa-
pel para a vitamina K na re-
dução da diabetes tipo 2. A
descoberta, feita por cien-
tistas da Universidade de
Montréal e o Instituto de
Pesquisa Clínica de Mon-
tréal, e publicada na revista
científica Cell Reports, ex-
plica como o micronutrien-
te ajuda a prevenir a doença
e como isso pode levar a no-
vas aplicações terapêuticas.
A vitamina K é um micro-
nutriente conhecido por
seu papel na coagulação do
sangue, em particular na ga-
ma-carboxilação, uma rea-
ção enzimática essencial
para esse processo. Suspei-
ta-se há vários anos que essa
vitamina e, portanto, a ga-
ma-carboxilação, também
podem ter outras funções.
No estudo, o professor pes-
quisador associado de medi-
cina Mathieu Ferron e sua
equipe foram os primeiros a
determinar que as enzimas
envolvidas na gama-carboxi-
lação e, portanto, no uso da
vitamina K, estavam presen-
tes em grandes quantidades
nas células beta pancreáti-
cas, que produzem a insulina
responsável por controlar os
níveis de açúcar no sangue.
“Sabe-se que o diabetes é
causado por uma redução no
número de células beta ou
por sua incapacidade de pro-
duzir insulina suficiente, daí
nosso grande interesse nes-
sa nova descoberta. Para elu-
cidar o mecanismo celular
pelo qual a vitamina K man-
tém a função das células be-
ta, foi essencial determinar
qual proteína foi alvo da ga-
ma-carboxilação nessas cé-
lulas”, afirma Ferron.
A diabetes é uma doença
que afeta uma em cada 11
pessoas em todo o mundo e
não tem cura. O Brasil é o
quinto país em incidência
de diabetes no mundo, com
16,8 milhões de doentes
adultos (20 a 79 anos), per-
No prato. Queijos e uvas escuras estão entra as fontes de vitamina K na dieta
dendo apenas para China,
Índia, Estados Unidos e Pa-
quistão. A estimativa da in-
cidência da doença em
2030 chega a 21,5 milhões.
Conhecidas por seu papel
na coagulação do sangue, as
vitaminas do complexo K
também melhoram a oxige-
nação dos tecidos e ajudam
a prevenir doenças cardía-
cas e osteoporose.
A vitamina K1, que é a
mais conhecida, é a princi-
pal responsável pela coagu-
lação do sangue. Ela é en-
contrada majoritariamente
nas folhas verde-escuras,
como espinafre, brócolis,
agrião e alface, ou em meno-
res quantidades nas nozes,
castanhas e algumas frutas
como uva escura, figo, amo-
ra, morango e maçã.
mo a soja fermentada, en-
contrada em alimentos co-
mo o tofu e o shoyu. Queijos,
desde o branco, ricota ou cot-
tage, até os mais amarelos e
pesados, como os da Serra da
Canastra, produzidos a partir
do leite cru, incluindo op-
ções de queijo vegetal, tam-
bém são ricos em K2.
Iogurtes com lactobacilos
vivos também são fontes de
probióticos para a produção
da vitamina K2, bem como a
gema do ovo e carnes, especi-
almente o fígado do boi. O ór-
gão contém grande quanti-
dade da micronutriente e
gordura para garantir seu
melhor aproveitamento.
OGLOBO | Sábado 20 .5.2023 Saúde | 21

RECEITA principais periódicos de oncologia, procurou

avaliar as possíveis ligações entre a doença he-
DE MÉDICO pática gordurosa não alcoólica e o câncer.
Os pesquisadores analisaram dados de
mais de 5,2 milhões de adultos jovens, com
idade entre 20 e 39 anos, para verificar um
potencial aumento do risco de câncer, prin-
Fernando Maluf cipalmente na região do trato digestivo.
Oncologista; chefe do Depto. de Oncologia
Clínica da Beneficência Portuguesa e oncologista
A triagem selecionou pacientes do Serviço
do Hospital Israelita Albert Einstein Nacional de Seguro de Saúde da Coreia do Sul,
entre 2009 e 2012, e os acompanhou até 2018,
Gordura no fígado para determinar a incidência de cânceres. São
tumores no esôfago, estômago, intestino, fíga-
cirrose hepática. Algumas células podem se tor-
nar malignas, originando o câncer de fígado.
Agora, este estudo coreano traça um parale-
lo entre a gordura visceral e o desenvolvimen-
to de câncer em outros órgãos do sistema di-
gestivo. Na pesquisa, a esteatose hepática foi
associada a uma possibilidade aumentada de
tumores de trato digestivo geral (16%), esôfa-
go (67%), estômago e intestino (14%), fígado
(13%), pâncreas (23%)
Estudo coreano vias biliares (29%) e ve-
traça um paralelo sícula biliar (53%).
entre a gordura Os resultados evi-
Também é muito importante enfatizar que
a doença hepática gordurosa não alcoólica
pode ser considerada um fator de risco inde-
pendente e modificável, especialmente para
tumores do trato digestivo em adultos jovens.
Os pesquisadores dizem que os achados
“sugerem uma oportunidade crucial para re-
duzir a morbidade e a mortalidade prematu-
ras associadas aos cânceres do trato digestivo
de início precoce na próxima geração”.
O diagnóstico pode ser realizado por meio
de exames de imagem, como ultrassom, to-
mografia e ressonância. Pessoas com coleste-

e o risco de câncer
do, pâncreas, trato biliar e vesícula biliar. visceral e o denciaram que a asso- rol elevado também devem ter maior atenção
Para se ter uma ideia, só no Brasil, o Instituto desenvolvimento ciação entre a gordura à condição. E ainda pacientes magros, que
Nacional de Câncer (Inca) estima mais de 100 de câncer em no fígado e o aumento possuam alterações metabólicas, podem ter
mil novos casos de neoplasias nesses órgãos. O outros órgãos do no risco de câncer foi depósito de gordura no corpo. Trata-se de

E stima-se que 25% da população brasilei-

ra tenha esteatose hepática, popular-
mente conhecida como gordura no fígado,
condição que tem como principal causa o
sobrepeso e a obesidade e pode levar a pro-
blemas graves no funcionamento do órgão.
Nas últimas décadas o número de pessoas
com sobrepeso ou obesidade tem aumenta-
do em até dez vezes, dependendo do país.
Recentemente, um estudo coreano publica-
do no Journal of Clinical Oncology, um dos
tumor de cólon e de reto, por exemplo, é um dos
mais incidentes no país. Entre seus principais
fatores de risco estão comportamentos ligados
ao estilo de vida, como sedentarismo, baixo
consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes ma-
gras, ingestão regular de álcool e o tabagismo.
A ligação com os tumores de fígado e a estea-
tose já é estudada, e entendemos que o acúmu-
lo de gordura pode gerar uma inflamação que
começa a danificar as células. A partir do pro-
cesso crônico, é possível o desenvolvimento da
sistema digestivo bastante relevante
mesmo sem considerar
fatores como idade, sexo, consumo de álco-
ol, tabagismo e obesidade.
Esses dados são importantes porque
uma das causas do aumento de casos de
câncer do aparelho digestivo em pessoas
jovens está, também, relacionado a um es-
tilo de vida pouco saudável, tendo na gor-
dura visceral e na esteatose hepática suas
principais manifestações.
uma predisposição genética, que deve ser
acompanhada de perto por um especialista.
A adoção de uma dieta balanceada, pobre
em gorduras, rica em legumes e vegetais,
sem muitos alimentos processados, além
da prática de exercícios físicos, podem aju-
dar no controle da esteatose hepática e na
prevenção de vários tipos de câncer. Além
disso, a partir destes dados serão determi-
nadas a melhor forma de monitorar pessoas
com esteatose e o tratamento mais eficaz.

PEXELS

Uppsala, na Suécia, argu-

mentam que tais descober-
tas esclarecem pouco sobre
o valor da música triste.

CONEXÃO
Juslin e outros propuseram
que existem mecanismos
cognitivos através dos quais
a tristeza pode ser induzida
nos ouvintes. Reflexos in-
conscientes no tronco cere-
bral; a sincronização do rit-
mo com alguma cadência
interna, como um batimen-
to cardíaco; respostas con-
dicionadas a sons particula-
res; memórias desencadea-
das; contágio emocional;
uma avaliação reflexiva da
música... tudo parece de-
sempenhar algum papel.
Talvez porque a tristeza seja
uma emoção tão intensa,
sua presença pode provocar
uma reação empática posi-
tiva: sentir a tristeza de al-
guém pode movê-lo de algu-
ma forma pró-social.
— Você está sozinho, se
sentindo isolado, e então
ouve um pouco de música
ou pega um livro e sente que
não está mais tão sozinho —
afirma Knobe.
Mario Attie-Picker, filóso-
fo da Loyola University Chi-
cago, propôs uma ideia rela-
tivamente simples após estu-
dos: talvez ouçamos música
não por uma reação emocio-

Ciência tenta duas concepções da mesma

coisa, uma concreta e outra
abstrata. Por exemplo, as pes-
dos três. Os pesquisadores
chamaram seu estudo de
“Cinquenta tons de azul”.
Parceria.
A arte pode
trazer uma
nal, mas pela sensação de co-
nexão com os outros. Aplica-
do ao paradoxo da música

explicar apelo
soas podem ser consideradas
artistas se possuem um con-
junto de características con-
cretas, como ser habilidoso
Dadas as camadas de emo- sensação triste: nosso amor pela músi-
ção e a imprecisão da lin- de conexão, ca não é uma apreciação di-
guagem, talvez não seja de de que não reta da tristeza, é uma apreci-
admirar que a música triste sofremos sós ação da conexão.

universal das
com pincéis. Mas, se elas não
exibem certos valores abstra-
tos, como criatividade, curio-
sidade ou paixão, e simples-
pareça um paradoxo. Mas — Acredito — defendeu
ainda não explica realmen- Eerola, depois de se infor-
te por que pode parecer pra- mar sobre o estudo. — Pes-
zeroso ou significativo. soas mais empáticas estão

canções tristes
mente recriam antigas obras-
primas para lucro rápido, po-
de-se dizer que, em outro sen-
tido, eles não são artistas. Tal-
vez as canções tristes tenham
Especialistas afirmam que esse tipo uma natureza igualmente
dupla, pensaram Knobe e sua
de música transmite emoções profundas ex-aluna, Tara Venkatesan,
uma cientista cognitiva e so-
e complexas que nos dão grande prazer prano operística.
A pesquisa descobriu que
nossa resposta emocional à
OLIVER WHANG nios em resposta ao mal-estar música é multidimensional;
-
Do The New York Times
da música, criando uma sen- você não fica apenas feliz
sação de consolo. quando ouve uma música bo-
Alguns psicólogos exami- mais dispostas a se envolver
naram como certos aspectos nesse tipo de tristeza fictícia
da música — modo, anda- que a música traz.
mento, ritmo, timbre — se Essas pessoas também
relacionam com as emoções apresentam alterações hor-
que os ouvintes sentem. Es- monais mais significativas
tudos descobriram que cer- em resposta à música triste.
tas formas de música têm Mas a música triste tem
funções quase universais: várias camadas, como uma
em vários países e culturas, cebola, e essa explicação le-
por exemplo, as canções de vanta mais questões. Com
ninar tendem a compartilhar quem estamos nos conec-
características acústicas se- tando? O artista? Nossos
melhantes que provocam em “eus” do passado? Uma pes-
bebês e adultos uma sensa- soa imaginária? E como a

N ão gostamos de ficar tris-

tes na vida real, mas gos-
tamos da arte que nos faz
sentir assim: este é o para-
doxo da música triste.
Inúmeros estudiosos desde
Aristóteles tentam explicar o
fenômeno. Talvez experi-
mentemos uma catarse de
emoções negativas através da
música. Talvez haja uma van-
tagem evolutiva, ou talvez es-
tejamos socialmente condici-
onados a apreciar nosso pró-
prio sofrimento. Talvez nos-
sos corpos produzam hormô-
Joshua Knobe é filósofo
experimental e psicólogo na
Universidade de Yale e se ca-
sou com a artista de rock in-
die que cantava canções de
cortar o coração na sua ju-
ventude. Em um novo estu-
do, publicado no Journal of
Aesthetic Education, ele e
alguns colegas procuraram
enfrentar esse paradoxo
questionando o que é tão
atrativo nas músicas tristes.
Ao longo dos anos, a pesqui-
sa de Knobe descobriu que as
pessoas muitas vezes formam
nita, nem simplesmente fica
triste com uma música triste.
Em 2016, uma pesquisa com
363 ouvintes descobriu que
as respostas emocionais a
músicas tristes se enquadra-
vam em três categorias: luto,
incluindo sentimentos nega-
tivos poderosos como raiva,
terror e desespero; melanco-
lia, uma tristeza suave, sau-
dade ou autopiedade; e doce
tristeza, uma agradável pon-
tada de consolo ou aprecia-
ção. Muitos entrevistados
descreveram uma mistura
ção de segurança.
—Durante toda a nossa vi-
da, aprendemos a mapear as
música triste pode ser “tu-
do” sobre alguma coisa? O
poder da arte não deriva, em
relações entre nossas emo- parte, de sua capacidade de
ções e como soamos —afirma transcender o sumário, de
Tuomas Eerola, musicólogo expandir a experiência?
da Durham University, na In- Um a um, os pesquisado-
glaterra, e pesquisador do es- res reconheceram a com-
tudo “Cinquenta tons”. —Re- plexidade de seu assunto e
conhecemos a expressão as limitações do trabalho
emocional na fala, e a maioria existente. E então Attie-
das pistas são usadas de forma Picker ofereceu um argu-
semelhante na música. mento menos filosófico pa-
Outros cientistas, inclu- ra seus resultados.
indo Patrik Juslin, psicólogo —Apenas parece certo —
musical da Universidade de conclui ele.
22 | Sábado 20 .5.2023
Rio
Vista aérea. Em registro de drone, o terraço da cobertura na Praia do Flamengo, ocupada pela família Guinle a partir de 1941: área com piscina, sauna e jardim com gramado e árvores frutíferas
OUTRO PATAMAR
Maior cobertura do Brasil fica no Rio, tem
história e está à venda por R$ 59 milhões
CAMILA ARAUJO
camila.pinto@edglobo.com.br
-
Éinteressados,
típico do mercado: depois
de um tempo sem atrair
o imóvel à ven-
da tem seu valor reduzido. No
caso da cobertura do edifício
Tucumã, na Praia do Flamen-
go, Zona Sul do Rio, o abati-
mento foi dos R$ 65 milhões
cobrados em anúncios de
2021 para os atuais R$ 59 mi-
lhões pedidos pela proprietá-
ria. Tudo ali é grandioso, do
desconto no preço (R$ 6 mi-
lhões) às dimensões do trí-
plex com vista para o Aterro e
a Baía de Guanabara — são
3.900 metros quadrados de
área —, passando por sua his-
tória. Até onde se sabe, o ví-
deo que oferece um tour vir-
tual pelo apartamento, publi-
cado nas redes sociais, ainda
não conquistou potenciais
compradores, mas já fez mui-
ta gente sonhar acordada.
No seu tempo de criança,
Carlos Guinle sonhou de ver-
dade por lá mesmo: membro
de uma das famílias de traje-
tória mais tradicional (e rica)
na alta sociedade carioca, ele
nasceu em 1971 e viveu no
palacete suspenso da Praia
do Flamengo até os 8 anos.
Com a repercussão do vídeo,
publicou um comentário re-
lembrando histórias do lugar
que foi sua primeira morada.
A partir daí, uma extensa
conversa sobre o passado do
imóvel veio à tona.
No livro “Os Guinle - A his-
tória de uma dinastia”, o his-
toriador Clóvis Bulcão conta
que o avô de Carlos, de quem
11 quartos de empregados
Uma vasta equipe era acomodada na cobertura para
atender seus moradores.Os funcionários contavam
para as crianças histórias de assombração
Sala de jantar. Espaço originalmente reservado para adultos e ocasiões especiais
ele herdou o nome, teve a
ideia da construção do pré-
dio, concluída em 1941, e
mudou-se para o seu aparta-
mento mais suntuoso.
Carlos Guinle, o neto,
lembra que, no seu tempo,
quem habitava a cobertura
era seu tio-avô, o lendário
playboy Jorginho Guinle.
—Éramos eu, meu pai, mi-
nha mãe e meus três irmãos.
Eu tinha meu próprio quarto e
até hoje lembro do meu berço.
Cada filho morava num andar.
Meu pai morava no primeiro.
No segundo era o meu tio, co-
nhecido como Baby Guinle, e
o Jorginho, na cobertura. A
gente assistia filme, tinha uma
sala de cinema, fazíamos al-
moços na piscina. Isso eu lem-
R$ 6 milhões
É o valor do abatimento no preço do imóvel com vista para o
Aterro e a Baía de Guanabara que,inicialmente, em 2021,foi
anunciado por R$ 65 milhões
DEUS PERDOA
Rapper tem carro apreendido em blitz
NA WEB Filipe Ret passou na Lei Seca,mas McLaren GTde R$ 3 milhões estava sem placa
Sala de estar. O imóvel recebeu festas com celebridades na década de 40
Requinte.
A escada em
caracol que
une os pisos do
apartamento é
revestida de
mármore
italiano
bro bem —diz Carlos.
Os andares do interminável
apartamento são interligados
por uma escada em forma de
caracol, de mármore trazido
da Europa, assim como o re-
vestimento travertino (um ti-
po de mármore) das colunas
na portaria do edifício. Lá no
alto, o luxo espalha-se por cin-
co quartos, ambiente com pé-
ROBERTO MOREYRA
FOTOS DE REPRODUÇÃO
direito de 5,20 metros , salas
de jantar, de estar e de jogos,
além de piscina, duas saunas,
jardim suspenso com árvores
frutíferas, bar e adega.
—Praticamente tudo que
está ali veio da Europa: as es-
tátuas, mudas de planta, todo
o mármore da casa. Eu lem-
bro da torneira dourada do
lavabo, que tinha uma ave
lindíssima desenhada. A cu-
ba era toda de latão martela-
do à mão — conta Carlos,
sem disfarçar a saudade da
bagunça que fazia: —Descia
a escada escorregando de pi-
jama até lá embaixo. Meu pai
ficava desesperado.
Na rotina da família Guinle,
as crianças faziam as refei-
ções na copa: a sala de jantar
era exclusividade dos adultos.
—Na sala de jantar aconte-
ciam os negócios, os assuntos
eram todos “de adulto”, a gen-
te não participava. As únicas
ocasiões em que jantava todo
mundo na sala eram Natal e
3.900 metros quadrados
Esta é a área total do tríplex com pé-direito de 5,20 metros
na Praia do Flamengo: em busca de compradores,corretores
anunciam o imóvel como “a maior cobertura do Brasil”
| OGLOBO
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Ano Novo. Depois do jantar,
eles iam para o salão fumar
charuto, não tinha a ver cri-
ança estar com eles — relem-
bra Carlos Guinle.
CELEBRIDADES NO SALÃO
Festas black tie eram fre-
quentes na cobertura, que
tem elevador e garagem pri-
vativos. Jorginho recebeu ce-
lebridades nacionais e es-
trangeiras em seus salões —
chegou a hospedar o beatle
George Harrison, em passa-
gem pelo Rio.
—Era meio hipnótico sen-
tar e conversar com ele. Meu
tio era um poço de cultura so-
bre arte, música. Na década
de 40 ele promovia jam sessi-
onspor lá, reunia amigos para
ouvir um som e beber. Meu
avô era muito amigo do (can-
tor e compositor) Dorival
Caymmi, eles fizeram algu-
mas parcerias nesses encon-
tros. “Sábado em Copacaba-
na” foi uma delas —rememo-
ra o neto orgulhoso.
Filha de Jorginho, Georgi-
ana Guinle não chegou a
morar na cobertura, mas a
frequentou durante a infân-
cia. Segundo ela, sua mãe,
Ionita Salles Pinto, não quis
morar na cobertura por
achá-la “grande demais”.
— A mamãe era meio re-
fratária à ideia de morar lá,
ela dizia que se sentia asfixi-
ada por aquela imensidão,
mas eu frequentava a cober-
tura todos os dias, ia brincar
no jardim, que tinha um
parquinho completo, e ia
nas festas também —conta
Georgiana, antes de recor-
dar o folclore local: —Uma
estátua gigantesca de már-
more no canto do jardim era
bem assustadora, apavorava
as crianças. Alguns funcio-
nários contavam que viam
vultos e até ouviram o piano
tocando sozinho.
‘UM IMÓVEL ESPECIAL’
O tríplex foi vendido para o
empresário José Carlos Fra-
goso Pires na década de 1990
e, hoje, sua viúva busca nego-
ciá-lo. O valor, mesmo após o
abatimento mais recente, es-
tá acima do praticado pelo
mercado, na avaliação do
corretor Claudio Castro.
—É um imóvel antigo, ma-
ravilhoso. O primeiro andar
parece um palácio italiano,
mas os demais já têm decora-
ção mais dos anos 80 e 90. É
importante notar que o an-
dar do terraço já é mais de ho-
je em dia, dos anos 80, preci-
sa de muita obra. É uma bele-
za, mas não é o gosto das pes-
soas hoje em dia. Quem tem
recursos para comprar esse
tipo de imóvel procura mais
na orla de Copacabana, Ipa-
nema e Leblon —avalia.
O corretor faz questão de
ressaltar, no entanto, a impor-
tância histórica do imóvel.
—É um imóvel muito bom,
especial, mas, na nossa opini-
ão, não vale mais do que R$ 20
milhões. Isso não anula a evi-
dência de que se trata de um
dos mais emblemáticos ende-
reços da cidade do Rio de Ja-
neiro —analisa Castro. —O
fato de não valer esse preço
não tira seu mérito, que é o de
mostrar que a cidade é viva e
guarda uma rica história, atra-
vessada pelas histórias das fa-
mílias Guinle e Fragoso Pires,
nomes tradicionais da alta so-
ciedade carioca.
OGLOBO | Sábado 20 .5.2023 2ª Edição
SISTEMA S
O dinheiro é meu
Oprojeto que transfere 5% da
grana do Sesc e do Senac para
aEmbratur fez disparar o
temor em todo o Sistema S de
novas investidas sobre suas
receitas. Afinal, o próprio
ministro da Fazenda, Fernan-
do Haddad, há 15 anos, à épo-
ca ministro da Educação,
comprou uma briga com as
instituições. Ele queria uma
parcela dos recursos para
expandir as vagas em escolas
profissionalizantes de ensino
médio para alunos da rede
pública. Nessa briga, Haddad
perdeu mais do que ganhou.
‘Rico de marré deci’
Aliás, a votação desse tal pro-
jeto que transfere recursos do
Sesc e do Senac para a Embra-
tur está marcada para quarta-
feira dia 24 no Senado. O
presidente da agência de pro-
moção do turismo, Marcelo
Freixo, vai procurar os sena-
dores com demonstrativos
financeiros das duas institui-
ções, que comprovam a exis-
tência de R$ 15 bilhões no
caixa das entidades.
FUTEBOL
Segurança pessoal
Desde que concluiu a revi-
são de alguns contratos,
digamos, esquisitos, fecha-
dos por gestões passadas,
Ednaldo Rodrigues, presi-
dente da CBF, teve que refor-
çar sua segurança pessoal.
MÚSICA
Geração mais velha
Fundadores do MPB-4, Mil-
tinho e Aquiles estão entre
os criadores do movimento
Em Frente. A iniciativa re-
clama, entre outras coisas,
de que há pouca divulgação
de músicos brasileiros de
geração mais velha, que
nasceu entre 1950 e 1960.
LITERATURA
No país de Putin
A obra de Clarice Lispector
(1920-1977) faz sucesso
também na Rússia —que
está em guerra contra a
Ucrânia, onde nasceu nossa
grande escritora. Seus li-
vros recentemente ganha-
ram no país uma nova edi-
tora, a No Kidding Press,
que em 2022 lançou “Água
viva”. O selo em breve pu-
blicará também “Uma
aprendizagem ou o livro
dos prazeres”.
ONG lança campanha nacional
pelo controle de armas de fogo
Viva Rio vai reunir no Aterro religiosos de vários credos e vítimas da violência
ISABELLE RESENDE
isabelle.silveira@oglobo.com.br
-
A ONG Viva Rio, em parce-
ria com outras institui-
ções da sociedade civil, lança
amanhã uma campanha pelo
controle de armas de fogo no
país. Para marcar a iniciativa,
representantes de várias tra-
dições religiosas se reúnem
no Aterro do Flamengo, na
Zona Sul do Rio, para profes-
sar a fé pela paz e pelo contro-
le das armas no Brasil.
De acordo com o antropó-
logo Rubem César Fernan-
des, superintendente estra-
tégico da ONG Viva Rio, o
objetivo principal é mobili-
zar a população sobre a ne-
cessidade de conscientiza-
Marcos Palmeira
e o aquecimento global
Teatro Sérgio Porto vai
ganhar uma cara nova
Veja como vai ficar a entrada do
Teatro Municipal Sérgio Porto, no
Humaitá. O lugar fecha em agosto,
mas Eduardo Paes promete devol-
vê-lo, novinho em folha, em junho
de 2024. O teatro vai ganhar cara
nova. Internamente acontecerá
ção. Para ele, a questão vai
além do aumento do núme-
ro de armas em circulação
no país e esbarra na deses-
perança do povo diante de
problemas que se repetem
há muitos anos.
—Temos observado tiro-
teios diários nos lugares
mais absurdos. Parece im-
possível superar essa situa-
ção que já dura tanto tempo,
e piorou nos últimos anos.
Por isso, começamos por
um ato de fé, que nos possi-
bilita enxergar mais além —
afirma Rubem César Fer-
nandes. —Precisamos recu-
perar a crença de que é pos-
sível mudar a mentalidade
das pessoas. Várias religiões
e tradições do Rio de Janeiro
ANCELMO
GOIS
Com Ana Cláudia Guimarães e Nelson Lima Neto
oglobo.globo.com/ancelmo E-mail: coluna.ancelmo@oglobo.com.br Fotos: fotoancelmo@oglobo.com.br
uma reforma geral que irá resgatar o
projeto original do arquiteto José
Dias, mas o espaço, naturalmente,
vai manter a sua vocação, podendo
ser utilizado como galeria para ex-
posições e como sala para ensaios e
performances. A reforma do Sérgio
Porto faz parte do projeto Cultura
do Amanhã, que prevê R$ 75 mi-
lhões para reforma de todos os equi-
pamentos culturais do município.
estarão presentes, cada uma
com sua maneira de cultuar
e acreditar. Queremos ma-
nifestar essa diversidade em
um ato de fé e afirmar que é
possível, sim, controlar as
armas de fogo no Brasil.
‘A FORÇA DA FÉ’
O encontro denominado “A
força da fé no controle das
armas de fogo” está marca-
do para começar ao meio-
dia e terá a participação de
católicos, evangélicos, ju-
deus, umbandistas, espíri-
tas, maçons e seguidores do
candomblé, além de vítimas
da violência. A estimativa,
segundo a Viva Rio, é que ca-
da grupo religioso reúna en-
tre 20 e 80 pessoas. Tendas
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E ACESSE O BLOG
DO COLUNISTA
ALINE BRANCA
Vem aí, em outubro,
“A era dos humanos”,
série documental do
Globoplay em quatro
episódios apresentados
por Marcos Palmeira e
dirigidos por Iara Cardo-
so. A produção revela,
por exemplo, como os
incêndios, secas e inun-
dações podem fazer tan-
to estrago quanto massi-
vas erupções vulcânicas
ou um asteroide gigante:
“De uma maneira
completamente diferen-
te do que vimos até hoje,
a série explica como
cada um de nós tem a
possibilidade de contri-
buir para o bem ou para o
mal em relação ao aque-
cimento global e às mu-
danças climáticas”, con-
ta Palmeira.
Por causa do docu-
mentário, o ator voou
pela primeira vez de
balão sobre os cânions
do Rio Grande do Sul.
“Foi uma experiência
única ver o mundo lá de
cima, um silêncio abso-
luto”, finalizou.
O querido artista,
aliás, será homenagea-
do na 30ª edição do Fes-
tival de Cinema de Vitó-
ria, em junho
Ana Cláudia Guimarães
Acervo de Rogéria vai
para o Museu Histórico REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO
O Museu Histórico Nacional, o grande
espaço sobre a História do Brasil, recebeu
parte do acervo da travesti Rogéria
(1943-2017). A outra parte foi doada à
Prefeitura de Cantagalo, terra natal da
nossa atriz. São roupas e pequenos objetos
pessoais, como o programa do espetáculo
censurado “Por via das dúvidas” (1973),
uma escova com fios de cabelo e a carteira
de identidade onde aparece “Astolfo
Barrozo Pinto”, seu nome de batismo.
DIVULGAÇÃO/16-02-2023
Apreensão. Número de armas de fogo nas mãos de civis subiu 94% em três anos
estarão montadas no espaço autoridades religiosas e re-
onde funciona a adminis- presentantes do município e
tração do Parque do Fla- do estado. A campanha naci-
mengo, localizada entre as onal pelo controle de armas
ruas Buarque de Macedo e tem o apoio do Santuário Ar-
Ferreira Viana. quidiocesano Cristo Reden-
O encerramento será com tor e da Secretaria municipal
uma cerimônia no Cristo Re- de Saúde (SMS) do Rio.
dentor, com a presença de Em março deste ano, a Po-
Rio | 23
CULTURA
Othon 90 anos
Veja a primeira imagem di-
vulgada do curta-metragem
“Esta noite seremos felizes”,
que marca os 90 anos do
grande ator Othon Bastos.
Traz pela primeira vez um
trabalho conjunto dele com a
querida atriz Bete Mendes,
para contar a história român-
tica de um casal de idosos que
se encontra em bailes da
terceira idade. A direção é
assinada por Diego dos An-
jos, que escreveu o curta em
parceria com Daniel Fraiha.
RAÚL TAMAYO ESTRADA
Cultura na favela
AVale, em parceria com a
Central Única das Favelas, vai
destinar R$ 5 milhões para
projetos culturais em comuni-
dades dos seguintes estados:
Rio de Janeiro, Bahia, Mara-
nhão, Pará e Ceará.
CIDADE
Antônio Vieira
Sabe o prédio onde funcio-
nou por 82 anos o Colégio
Padre Antônio Vieira? Edu-
ardo Paes incluiu o imóvel
na Área de Proteção do Am-
biente Cultural (Apac) do
Humaitá. Nesse caso, só
serão permitidas modifica-
ções internas no imóvel.
O show voltou
OBNDES lança, na próxima
semana, edital para seleção de
espetáculos musicais para a
temporada 2023-2025 do seu
Espaço Cultural, na Avenida
Chile, no Centro do Rio, que
será reaberto após três anos.
República de Ipanema
Esta bandeira que tremula na
Barraca do Jorginho, no Posto
Nove, em Ipanema, é do Scot-
tish National Party (SNP) —
partido que luta pela inde-
REPRODUÇÃO pendência
da Escócia
em relação
ao Reino
Unido. Foi
hasteada
pelo ativista
escocês Peter
Hill, casado
com uma
brasileira.
lícia Federal (PF) apreen-
deu cerca de mil armas, en-
tre fuzis e metralhadoras,
em lojas em situação irregu-
lar no município de Nova
Iguaçu, na Baixada Flumi-
nense, durante a terceira
etapa da Operação Desar-
mada. Além do arsenal, fo-
ram apreendidos milhares
de munições e acessórios
usados por portadores de ar-
mas de fogo. De acordo com
a PF, as armas possivelmen-
te seriam introduzidas no
mercado clandestino por
organizações criminosas,
como milícias e facções.
Segundo dados sobre ar-
mas de fogo e mortes no
Brasil, compilados no Anu-
ário de Segurança Pública
de 2022, 76% das mortes vi-
olentas intencionais foram
cometidas com arma de fo-
go em 2021. De 2018 até
maio daquele ano, o núme-
ro de armas de fogo nas
mãos de civis cresceu 94%.
Mais de 47 mil pessoas fo-
ram mortas de forma vio-
lenta no país em 2021.
24 | Rio Sábado 20 .5.2023 | OGLOBO

Tempo
TEMPERATURA SOL E LUA Nasc. 6H20 Cheia Ming. Nova Cresc.
> 40º 37º/40º 33º/36º 29º/32º 25º/28º
12º/14º 20º/24º 16º/19º 12º/15º < 12º Poente 17H18 04/06 10/06 19/05 27/05

PREVISÃO Sol Nublado Nublado Pancadas Nublado Chuvas e Geada MARÉ Hora BAIXA 0h41m 5h51m BAIXA 13h03m 18h43m
parcialm. de chuva c/ chuvas trovoadas Altura 0,5m ALTA 1,1m 0,3m ALTA 1,1m

25°
Macapá Fortaleza
BRASIL RIO Porciúncula
13° Previsão
ZONA
SUL
ZONA
NORTE
ZONA
OESTE
SENSAÇÃO
TÉRMICA/RIO
PROBABILIDADE
DE CHUVA
Boa Vista 24°/ 29° 23°/ 32° Alerta de transtornos no Dia de sol em todo o estado do Bom Jesus do 26°
23°/ 30° Natal
litoral nordestino. Chuva RJ. Baixa nebulosidade e Itabapoana 14° HOJE 15°/26° 14°/28° 16°/27° 18°/23° Baixa
São Luís 24°/ 31°
Belém persistente no Norte e tempo baixas temperaturas, inclusive 28°
AMANHÃ 17°/27° 16°/29° 18°/28° 18°/24° Baixa
Manaus 24°/ 31° João Itaperuna NORTE São Francisco 27°
23°/ 29°
23°/ 32° firme prevalece sobre boa na capital. 14°
de Itabapoana 16°
Pessoa Santo Antônio 27° SEGUNDA 19°/29° 18°/31° 20°/30° 19°/24° Baixa
24°/ 30° parte do país. Chuva fraca na de Pádua 14°
Porto Velho
23°/ 33°
Teresina Recife metade sul do RS. 28° São João 27° TERÇA 19°/29° 18°/31° 20°/30° 20°/24° Baixa
24°/ 32° São Fidélis Campos
28° da Barra 15°
25°/ 28° 15°
Rio Branco Palmas Maceió
16° QUARTA 20°/28° 19°/30° 21°/29° 20°/25° Alta
24°/ 33° Santa Maria 21°
23°/ 33° 23°/ 27°
26° Paraíba SERRANA Madalena 8° QUINTA 20°/25° 19°/27° 21°/26° 20°/25° Baixa
Brasília Salvador Aracaju 13° do Sul Nova 19°
Cuiabá Friburgo 8°
21°/ 33° 13°/ 27° 24° / 29° 23°/ 29° 20° Visconde 24°
23°
Teresópolis
SEXTA 20°/25° 19°/27° 21°/26° 20°/25° Baixa
de Mauá Valença 28°
Vitória 7° 10° Casimiro 28° Macaé
Campo Grande 12° 16°
18°/ 27° 25° Volta de Abreu 16°
17°/ 30° 25° 12° Redonda Barra 27° Cachoeiras Rio das 28°
Belo Horizonte Resende Petrópolis de Macacu
12° do Piraí 13° Ostras 16°
10°/ 25° 25° Barra 22° 26° Silva Jardim
Goiânia
12° Mansa 28° Duque 9° 27° 25° Praias - Impróprias: Barra da Ondas - Ondas de 1,0 até Ventos - Vento de sul.
14°/ 29° Rio de Janeiro SUL 14° Búzios
14°/ 28° 16° de Caxias LAGOS 17° 15° Tijuca, Botafogo, Flamengo, 1,5m. Ondulação de sudeste. Rajadas de 15 a 35 km/h.
27°
28° Araruama
25° Ipanema, Leblon, Pontal de Melhores locais: Arpoador,
São Paulo Mangaratiba 28° Rio de 16° Cabo Frio
17°
14°
Janeiro Niterói
Maricá Saquarema 15° Sernambetiba. Macumba e Prainha.
12°/ 25° Angra 26°
28° 27° 26°
dos Reis METROPOLITANA 16°
Porto Alegre Florianópolis Curitiba 17° 16° 16° informações: Inea informações: Ricosurf
27°
12°/ 26° 15°/ 26° 8°/ 23° Paraty
16°

Polícia prende 17 e recolhe arsenal em Parada de Lucas

Principal alvo da operação, Peixão, chefe do tráfico do Complexo de Israel, conseguiu fugir, mas dez integrantes da facção foram
capturados em um bunker dentro de projeto social na comunidade; agentes encontraram 15 fuzis, duas metralhadoras e 17 granadas

FABIO ROSSI
MARCOS NUNES
jnunes@extra.inf.br
Wendel Rodrigues Oliveira,
-
o Noventinha, um dos ho-
mens de guerra de Peixão

P oliciais da Delegacia de
Repreensão a Entorpe-
centes (DRE) realizaram,
em Duque de Caxias; e Mil-
ton Santos da Silva, o Pivete,
que seria segurança pessoal
na manhã de ontem, uma do traficante.
operação em Parada de Lu-
cas, na Zona Norte do Rio, DURO GOLPE NA QUADRILHA
com o objetivo de evitar Integrante da cúpula de uma
uma guerra entre trafican- das facções criminosas que
tes rivais. Dezessete suspei- atuam no Rio, Peixão contro-
tos de pertencer à quadrilha la o comércio de drogas nas
de Alvaro Malaquias Santa Favelas de Vigário Geral, Pa-
Rosa, o Peixão, chefe do trá- rada de Lucas, Cidade Alta,
fico do Complexo de Israel, Cinco Bocas e Pica-pau. A re-
foram presos. gião foi batizada pelo trafi-
De acordo com o Departa- cante, que se intitula evangé-
mento Geral de Polícia Espe- lico, como Complexo de Isra-
cializada (DGPE), bandidos el. O bandido não tolera reli-
do Complexo do Camará (Vi- giões de matriz africana e,
la Aliança, Sapo, Coreia e Re- por isso, proíbe o funciona-
bu) iriam a Parada de Lucas mento de terreiros em seus
para uma reunião com Pei- Um milhão de reais em armas. Agente da DRE mostra uma das metralhadoras de alto poder de destruição apreendidas na operação, em Parada de Lucas domínios, que se estendem
xão. Objetivo seria deflagar até pontos de Nova Iguaçu e
uma invasão a uma comuni- e se jogando no asfalto da Recursos Especiais (Core) e trocaram tiros com os poli- colocar no papel que o res- Duque de Caxias, na Baixada
dade de Duque de Caxias. Avenida Brasil, na altura de dos DGPE da capital e da Bai- ciais, mas, após uma hora de ponsável pela ONG, que di- Fluminense.
Moradores de comunida- Parada de Lucas, tentando xada Fluminense, Peixão negociação, se renderam. zia ter largado o narcotráfi- —(Peixão) É um traficante
des do Complexo de Israel se proteger das balas. conseguiu fugir. Não houve feridos. co, ainda pertence ao tráfico que está dominando alguns
— que abrange Parada de Dez criminosos estavam Segundo a polícia, o escon- de drogas. E ainda é uma pe- bairros. Que comete vários
Lucas e Vigário Geral —re- PAI E FILHA REFÉNS em um bunker que era aces- derijo e o armamento foram ça fundamental dentro da homicídios e some com os
lataram um intenso tiroteio Na operação, foram apreen- sado através de um buraco encontrados na sede do “Pro- associação para fins de tráfi- corpos dos seus desafetos e
na região. Ninguém ficou didos 15 fuzis, uma metralha- na parede, na sede de um jeto Multiplicação Social”, co que se instalou naquela com pessoas com quem ele
ferido durante a operação, dora .50 e uma .30 (armas ca- projeto social. O refúgio, que fica em um galpão na co- localidade —disse o delega- não concorda. Inclusive pra-
que impactou o funciona- pazes de perfurar a blinda- com dois cômodos, tinha munidade. A ONG foi funda- do Marcus Amim, da DRE. tica inúmeros crimes com vi-
mento de escolas e chegou a gem de veículos e derrubar uma porta de concreto que da em julho de 2021 pelo tra- De acordo com a polícia, és de intolerância religiosa
afetar a circulação dos trens helicópteros), 17 granadas e pode ser aberta e fechada ficante José Cláudio Fontou- entre os 17 presos estão Ale- —explicou o delegado Felipe
no ramal Saracuruna por milhares de munições. A Po- por controle remoto. ra Piuma, o Gaúcho, investi- xandre Barbosa Germano Curi, diretor do DGPE. —A
quase uma hora. lícia Civil estima em mais de Outros sete foram captu- gado pela DRE. A reporta- Junior, o BG, apontado co- gente reputa que a ação foi
Em vídeos divulgados nas um R$ 1 milhão o valor do ar- rados em uma casa na co- gem não conseguiu contato mo o segundo na hierarquia extremamente importante
redes sociais, era possível mamento apreendido. Prin- munidade. Eles invadiram o com o projeto. do Complexo de Israel; Ge- porque deu um duro golpe
ver passageiros de um ôni- cipal alvo da operação, que imóvel e fizeram pai e filha —O Gaúcho já era investi- ovani Barbosa Coutinho, o em toda a hierarquia dessa
bus deitados no chão e mo- contou com a agentes da reféns, mantendo-os sob a gado pela DRE. Agora a gen- Stuart Little, que gerencia o organização criminosa que
toristas descendo dos carros DRE, da Coordenadoria de mira de fuzis. Os bandidos te tem materialidade para tráfico em Vigário Geral; age no local.

Corpo de chileno morto no Rio

FOTOS DE REPRODUÇÃO
Tragédia.
Ronald Tejeda
(à esq.) e

será levado hoje para Santiago Andrés

Orellana foram
empurrados de
Polícia investiga se Ronald Tejeda foi vítima de ‘boa noite, cinderela’ na Lapa um mirante em
Santa Teresa

BRUNA MARTINS
bruna.silva@oglobo.com.br
De acordo com a Delega- da identificação das mu-
-
cia Especial de Atendi- lheres que estavam com os
mento ao Turista (Deat), chilenos na Lapa e também

O corpo de Ronald Tejeda

Sobarzo, de 29 anos,
embarcará para Santiago,
responsável pelo caso, Ro-
nald teve traumatismo cra-
niano grave, causado por
do reconhecimento do mo-
torista que os levou até
Santa Teresa. Cinco bom-
no Chile, hoje, por volta das uma queda de quase dez beiros acionados para o
10h. O caixão foi levado pa- metros. Já Andrés está in- resgate dos chilenos pres-
ra o Aeroporto Internacio- ternado, mas fora de peri- taram depoimento na De-
nal Tom Jobim na tarde de go. Os turistas foram en- at, onde ficaram por cerca
ontem, após resultado do contrados sem celular e de quatro horas.
exame cadavérico e a parti- cartões de crédito. A car- Os bombeiros não deram com traumatismo craniano chegaram ao Rio na sexta-fei- Ao consultar câmeras de se-
cipação da família no pro- teira de identidade de Ro- entrevista após os depoi- grave. Eu estou nesta dele- ra. No sábado, decidiram gurança da Rua Mem de Sá, a
cesso de translado. nald também foi levada. mentos; já a delegada da De- gacia há quase três anos, e é passear por bares da Lapa, principal da Lapa, a Polícia Ci-
O chileno foi encontrado Na manhã de ontem, a at enfatizou não ser comum o primeiro caso de morte onde teriam encontrado du- vil viu as mulheres entrando
em uma encosta do Mirante delegada Patrícia Alemany turistas serem assassinados que temos registro. A maior as mulheres. Segundo gar- em um carro com os turistas,
do Rato Molhado, em Santa reafirmou que há lacunas no Rio de Janeiro. parte dos crimes contra tu- çons de estabelecimentos do mas não conseguiu identifi-
Teresa, na região central do na investigação. Avanços — O laudo da necropsia ristas é de roubos na praia — bairro, elas já foram vistas ou- car a placa do veículo. A prin-
Rio, com o amigo Andrés Orel- dependem do resultado ainda não saiu, mas, no disse Patrícia Alemany. tras vezes na região. cípio, acredita-se que elas
lana, na manhã de domingo, dos exames feitos no Insti- (hospital) Souza Aguiar, o Os chilenos Ronald Tejeda Até o momento, elas são as aplicaram o golpe “boa noite,
pelo Corpo de Bombeiros. tuto Médico Legal (IML), médico falou que ele estava Sobarzo e Andrés Orellana principais suspeitas do crime. cinderela” nos rapazes.
OGLOBO | Sábado 20 .5.2023
Leitores
MENSAGENS CARTAS@OGLOBO.COM.BR
As cartas, contendo telefone e endereço do autor, devem ser dirigidas à seção Leitores. O GLOBO, Rua Marquês de Pombal 25, CEP 20.230-240. Pelo fax, 2534-5535 ou pelo e-mail cartas@oglobo.com.br
Foz e nós
No embate entre explorar ou
não petróleo na foz do Rio
Amazonas, fica claro que ainda
tem gente que não percebeu
que a utilização de derivados de
petróleo para geração de
energia elétrica e transporte
está com os dias contados.
Isso além dos riscos envolvidos,
evidentes nos danos que ainda
perduram decorrentes dos
grandes acidentes com
derramamento de petróleo por
esse mundo afora.
Inclusive do ponto de vista
econômico, se a vista de
alguns dirigentes da Petrobras
e do governo tivesse um
alcance mais longo, eles
pensariam em investir
maciçamente na fabricação de
hidrogênio com as sobras da
capacidade instalada das
hidrelétricas nas horas de
menor demanda, em que a
água acumulada extravasa
pelos vertedores. Com
certeza, hidrogênio e/ou
álcool + motores elétricos será
a forma de movimentar
veículos no mundo mais
desenvolvido em tempo muito
mais curto do que os
favoráveis a petróleo.
VICTOR KOIFMAN
RIO
_
Será que a Petrobras
esqueceu o que aconteceu
no Alasca em 1989 e no
Golfo do México em 2010?
Milhões de toneladas
de óleo cru derramados
nas suas margens e no mar.
Centenas de milhares de
peixes, aves e animais
morreram com grande
prejuízo para a populacão.
Onze trabalhadores
morreram no México.
Será que vale a pena?
RODOLPHO BARATA DE ARAUJO
RIO
Pizzas e chopes para
brindar o fim de semana
Compre
e ganhe
Na compra de
uma pizza grande na
Bráz Pizzaria, no Jar-
dim Botânico, assinan-
te O GLOBO ganha um
Corniccione (aperitivo
com massa de pizza
“fininha”) ou dois cho-
pes. Com mais de 20
anos de história, a
marca é apaixonada
por pizza, igual a mi-
lhões de brasileiros e
LOTERIAS LOTOMANIA (concurso 2.470): 0 . 4 . 6 . 14 . 23 . 25 . 33 . 37 . 42 . 49 . 53 . 56 . 60 . 61 . 62 . 69 . 84 . 91 . 96 . 97 . QUINA (concurso 6.153): 22 . 24 . 41 . 57 . 70 . LOTOFÁCIL (concurso 2.816): 1 . 2 . 8 . 9 . 11 . 13 . 14 . 15 . 16 . 18 . 19 . 21 . 22 . 24 . 25
O leitor deve checar os resultados também em agências oficiais e no site da CEF porque, com os horários de fechamento do jornal, os números aqui publicados, divulgados sempre no fim da noite pela CEF, podem eventualmente estar defasados.
Rio | 25
ACERVO PARA
ACESSAR
Senador morto a tiro no Congresso APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Como o pai de Fernando Collor baleou um colega parlamentar há quase 60 anos O QR CODE
muitos suicídios. Continuar na todos os que defendem a considerável parcela da
Deu no que deu política foi um tapa na cara da Pura birra democracia brasileira. população gosta dessa baixaria!
sociedade. Sua hora chegou, NILA MARIA DO CARMO SIQUEIRA Plateia que ri às gargalhadas com
A notícia da cassação de exterminador de sonhos. Sou um grande apreciador dos RIO piada a respeito das mortes na
Dallagnol continua ocupando os MÁRCIO DOS SANTOS BARBOSA comentários e análises do Boate Kiss só pode ser de gente
jornais. Quando ele estrelava na RIO articulista Fabio Giambiagi, doente, como também doente é
Lava-Jato, os santos guerreiros sempre oportunas, lúcidas e ‘Me tira o tubo!’ o autor desse tipo de piada.
contra dragões da maldade eram, precisas . Em “Credibilidade e MARISA CRUZ
ao que parecia, funcionários a Só puxa-saquismo? previsibilidade” (19 de maio), um Os grandes humoristas e Sérgio RIO
nosso serviço. Exageraram muito, histórico do que foram as taxas Porto estão fazendo muita falta _
generalizaram muito. É verdade Mau caráter e covarde! É o de juros aplicadas pelo Banco na atual conjuntura brasileira.
que algo teria de ser feito contra mínimo que se pode dizer de um Central a partir de 2003 Lembrei-me deles ao me Ruth, tenho privilégio de ter 76
os desmandos. Talvez ex-presidente que abandona seu comparativamente às taxas hoje deparar com as explicações da anos e ter podido me divertir e rir
esperássemos soluções para fiel ajudante de ordens à própria vigentes. A conclusão a que ex-primeira-dama para de Chaplin a Chico Anysio,
sempre eficientes em relação à sorte, deixando todas as chego, assistindo à pregação de assuntos de gestão financeira passando pelo humor judeu &
limpeza política no país. Porém, consequências de seus atos Lula contra a política de juros da renda da família Bolsonaro. inglês dos cinemas. Havia uma
os desdobramentos dali para a sobre as costas da parte mais adotada pelo Bacen atualmente, Há sempre alguém para segurar certa delicadeza. Hoje, para mim,
frente revelaram os projetos fraca. Não é crível que tudo o que é que o presidente vocifera por o rabo de foguete. Primeiro a esse humor é insuficiente para
individuais dos saneadores da foi feito se resume em um pura birra, pelo fato de Roberto surgir foi Queiroz, amigo do peito, demonstrar o tremendo
moral e dos bons costumes. simples gesto de puxa-saquismo. Campos Neto ter sido indicado que depositava generosos ressentimento, crueza, crueldade
Projetos eleitoreiros, em última Nem o mais fiel seguidor de pelo governo anterior, além de cheques na conta da Michelle, do ser humano. Querem sangue.
instância. E que não foram Bolsonaro é capaz de acreditar ainda ter pela frente um ano e que não tinha um tostão. Depois Eu, não. Quero sol.
claramente explicitados na nessa hipótese absurda. meio de mandato. tivemos o Wassef, que não FERNANDO VINHAS
vigência da dita operação. EVANDRO VIEIRA Simplesmente isso, pura birra ! conhecia Queiroz, mas o abrigou RIO
Certamente poderiam ser RIO HÉLIO RIBEIRO em casa quando a história dos
inferidos e até aí nada demais. RIO depósitos começou a feder.
Todos podem, numa democracia, Agora temos um ajudante de Cadáver maravilhoso
lançar candidaturas para o que Rastros que ficam ordens, tenente-coronel do
quer que seja. Agora, cassado Nise aplaudiria nosso valoroso Exército, mas Enquanto Curitiba vem sendo
Dallagnol, vemos que o que não Desde vereador, elege-se pela que se dispõe a correr os salões vista como a cidade que não
deveria poder é ser democracia para atacá-la, A reportagem “Fim dos de Brasília atrás de manicures e dorme, investindo
ideologicamente falso. Ele está enriquecendo com dinheiro manicômios” (19 de maio) nos cabeleireiros, para pagar as ostensivamente na ampliação da
só. Não há movimento ou público. Fez o mesmo na remete à luta da psiquiatra Nise contas de Michelle, mas com o muralha digital em novos pontos
intenção de resgatá-lo. Usar alhos Presidência, diariamente da Silveira. Pioneira na defesa de dinheiro do marido (dela). da cidade, o Rio, em termos de
por bugalhos tem, afinal, alguma pregando golpe de Estado. Na PF, tratamentos humanizados para Finalmente, mas não menos segurança pública, nem diria que
consequência. E aquela ação o valentão da internet foi o pulha pacientes com transtornos importante, Rosimary, titular do dorme, e sim que tenha virado
redentora, pontificada pela de sempre, culpando cúmplices. mentais, criticava a utilização de cartão que Michelle usa desde cadáver. Vergonhoso demais isso.
Lava-Jato, deu no que deu. A cada comparsa preso, o rastro tratamentos baseados em 2011, amigas que eram desde FLAVINE MENDES
Então... agora resta-nos lembrar da burrice com roubalheira tem lobotomia, insulinoterapia e os tempos de absoluta penúria. RIO
de Cícero : “até quando suas pegadas. E lá vêm cocaína eletrochoque. Defendeu Fico pensando na coluna de
continuarão a abusar da nossa no avião, morte de Marielle, tratamentos que colocavam Sérgio Porto e em programa de
paciência? O tempora! O mores!”. Covid, 8 de Janeiro etc. pacientes em contato com Jô Soares. Seria cômico, não Parada dura
MARIA INÊS ESCOSTEGUY CARNEIRO JOÃO BOSCO EGAS CARLUCHO animais domésticos e expressões fosse trágico. “Me tira o tubo!”.
RIO GARIBALDI, RS artísticas. Nise foi presa pela ERNANI ALVES BRAZ FILHO Li cartas condenando pisão de
ditadura militar por conta do seu RIO Gabigol em Ganso. Realmente, é
envolvimento com organizações lamentável a violência no futebol.
Fatura atrasada Opiniões diversas de esquerda, como o Partido Deveria ser combatida com mais
Comunista Brasileiro. De certo, o Humor maligno rigor. E aí Felipe Melo não pode
Demorou muito isso aí, hein? Concordo com a leitora Maria motivo de o ex-presidente Jair ficar de fora. Extremamente
(Collor) Teve tempo para curtir a Angélica (”Pelo contraditório”, 19 Bolsonaro ter vetado a inclusão Gostei demais do texto da violento, deveria ser punido com
vida adoidado ( literalmente). A de maio) sobre O GLOBO precisar do seu nome no Livro de Heróis e sempre ótima Ruth de Aquino a penas mais longas devido ao seu
fatura está chegando atrasada, ter colunas com diferentes visões Heroínas da Pátria. Nise respeito de censura no caso de combate em campo contra os
mas chegou. Vale pelo políticas. A linha de pensamento ingressou no ensino superior aos humor ofensivo (19 de maio). E adversários, sempre com muita
simbolismo. O confisco da é sempre a mesma e falta o 16 anos. E foi a única mulher a me pergunto como esses violência, podendo até quebrar a
poupança da população brasileira contraditório. graduar-se em Medicina em sem-noção que se dizem pena de um.
produziu danos irreversíveis a GILSON CARLOS DE SOUZA MARTINS turma de 157 pessoas. Além de “humoristas”conseguem fazer ILTOM GOMES DE SOUZA
milhões de pessoas, inclusive RIO heroína, Nise é um orgulho para sucesso. É porque uma RIO
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e assadas no forno a em Itacaré,na Bahia, com atendimento desde a de População,a ser definida visando ao
lenha. A experiência 15% de desconto na baixa chegada — com um desenvolvimento econômico-social do país, já foi
fica ainda mais temporada.Na alta e em Welcome Drinkgratui- aprovado pelo presidente Médici.Apolítica, a ser
completa com o feriados,a oferta é de 10% to para os turistas. Ao defendida na próxima Conferência Mundial de
atendimento profis- OFF.É preciso apresentar todo,são 56 dormitóri- População,da ONU,em agosto de 1974,considera
sional junto ao ambi- carteirinha válida do Clube os (6 suítes master o crescimento da população fator positivo do
ente acolhedor. (física ou digital na valida- com hidromassagem), desenvolvimento nacional.O governo já tem dado
Confira no site do de) e reservar antecipada- além de SPA,espaço demonstrações claras de que é contrário a uma
Clube os detalhes do mente por WhatsApp para massagem, política oficial de controle do aumento da
benefício, que não é (73-99922-6689) ou academia,piscina e população e de que,nesse setor,não aceitará
válido no delivery. e-mail (reservas@pousa- outras opções. nenhum padrão mundial.
26 | Sábado 20 .5.2023 | OGLOBO

ESFRIOU PARA

Esportes
ACESSAR

Ancelotti deve permanecer no Real APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Alvo da seleção brasileira,técnico já planeja próxima temporada, diz jornal O QR CODE

Quadrilha usou
MP-GO/DIVULGAÇÃO

táticas para
tentar despistar
autoridades
Acusados de manipulação mudaram de
endereço e buscaram evitar alerta de
fraude nas casas de apostas

FELIPE GRINBERG
felpe.grinberg@infoglobo.com.br
primeira sugestão é para ele
conseguir um número de
-
WhatsApp de fora do país.

A s conversas recuperadas
pelo Ministério Público
de Goiás (MP-GO) revelam
as tentativas do grupo acusa-
do de manipular jogos no
Brasil em tentar fugir do ra-
dar das autoridades e dos sis-
temas de segurança. Entre as
artimanhas discutidas e ado-
tadas está a utilização de ro-
bôs para concretizar as apos-
tas, uso de números de celu-
lar de fora do Brasil e mudan-
ças de endereços. A Opera-
ção Penalidade Máxima já
denunciou 15 jogadores,
além de apostadores e em-
presários. O novo foco da in-
vestigação do Grupo de Atua-
ção Especial de Repressão ao
Crime Organizado (Gaeco) é
identificar outros envolvidos
e descobrir como o grupo la-
vava o lucro das apostas.
Além de uso de laranjas pa-
ra não alertar as autoridades
financeiras, o grupo tinha
medo de ser localizado e ter
conversas interceptadas.
Num dos diálogos em que dis-
cutem como despistar as au-
toridades, o apostador Thiago
Chambó conversa com Bru-
no Lopez —acusado de lide-
rar a quadrilha —sobre o que
podem fazer para dificultar
possíveis investigações. Em
setembro de 2022, Chambó
diz que nem sua própria famí-
lia sabe seu endereço.
O apostador continua e dá
dicas a Lopez do que fazer. A
Apesar de estar em São Pau-
lo, Thiago Chambó usa nas
conversas um telefone com
código de Discagem Direta
Internacional (DDI) +1, que
pode ser dos Estados Unidos
ou de países da América Cen-
tral. No lugar de seu nome,
ele colocou três letras: T Y C.
“Nunca deixa seu número
original. Igual meu número
de rede. Ninguém tem. E nem Busca. Operação Penalidade Máxima já denunciou 15 jogadores, além de apostadores e empresários suspeitos de manipularem partidas de futebol
meu nome. Nem família
tem”, escreve Chambó, que conta. Há mais de R$ 46 mil lado”. Ícaro Fernando Calix- um homem não identifica-
ainda sugere o uso de laranjas disponível para ser transferido to, outro apostador denunci- do e diz que vai encontrar
para movimentar o dinheiro: para seu banco. Após defini- ado, se demonstra com res- com Ícaro Fernando, onde
“Nem transfere mais da “Nunca deixa seu rem o pagamento de 10% do salvas de efetuar a operação: haveriam dois computado-
sua mulher nem seu CNPJ. número original” valor para investimentos na “Tem que ser jogo diferen- res com os sistemas.
Pra ninguém. Nas próxi-
mas, entendeu? Pega umas
_ cooptação de novos atletas, te. Não consigo conjugar “Sempre dá uma trava.
McLaren diz já ter pedido o sa- (fazer as duas apostas jun- Não é que dá uma travadi-
contas laranja pra mandar”. Thiago Chambó, apostador que e demonstrou medo que a tas). E se desse para conju- nha. De 50 contas que você
A tática, no entanto, se de- operação fosse cancelada. gar, ficaria muito na cara. passa, entra umas 30 de uma
monstrou falha. Apesar de “Não sacaram tudo Bruno Lopez então per- Não seria aconselhado”. vez, 35”, diz Lopez.
tentar driblar alertas finan- num saque não, né? gunta: “não sacaram tudo A prática, no entanto, é
ceiros, o MP conseguiu rela- (tem que ser) até R$ 24 num saque não, né?”. E o USO DE ROBÔS proibida pelas empresas de
tórios que mostram uma mil, R$ 24,5 mil” apostador responde com Os promotores do Gaeco aposta. A Bet365, uma das
movimentação atípica de
R$ 2 milhões em seis meses
_ outra indagação: “Tem que também identificaram que plataformas em que o grupo
fazer como?”. a quadrilha usava robôs para operava, destaca no termos
de 2022 do casal acusado de Bruno Lopez, apontado como O suspeito de ser o líder da realizarem as apostas. de uso que monitora os aces-
liderar a quadrilha. líder da quadrilha de apostadores quadrilha então explica co- Em uma conversa com um sos e pode bloquear as con-
mo levantar menos suspei- dos investigados, Bruno Lopez tas com atividade automati-
‘TEM QUE FAZER COMO?’ e movimentando menos di- tas na operação: “até R$ 24 orienta que seu interlocutor zada ou robótica.
Não eram apenas as autorida- nheiro. Um dos processos que mil, R$ 24,5 mil. (De) uma deposite R$550 em 12 contas. —Robôs existem e as casas
des que os suspeitos tentavam os integrantes usavam era evi- vez eu não recomendo”. Após receber o login e senha de apostas não autorizam. Se
despistar. Para continuar com tar saques acima de R$ 25 mil Tendo cooptado diversos de cada uma delas, responde: eventualmente descobrirem o
o esquema lucrativo, eles tam- das empresas de apostas. jogadores, Bruno Lopez se “É boa que eu já mando assim uso, vão derrubar as contas.
bém pensavam em como não No grupo denominado “Pa- vangloria de, em uma partida tudo pro cara lá do robô”. Não há notícias que eles te-
ligar o sinal de alerta de fraude gamento Operação”, em que deste ano, ter contatos com O uso de automação tam- nham sido usados no Brasil —
nas casas de apostas. Para isso, se discutia valores e investi- dois atletas, um de cada equi- bém aparece em outro diá- diz Wesley Cardia, CEO da As-
entenderam ser melhor fazer mentos a serem feitos, Willi- pe. Ele pergunta no grupo o logo interceptado em escu- sociação Nacional de Jogos e
as transferências dos créditos am de Oliveira Souza, o McLa- que os parceiros acham de ta telefônica em fevereiro. Loterias, que tem 13 empresas
dos lucros de forma parcelada ren, compartilha a foto de sua “fazer um pênalti para cada Bruno Lopez conversa com de apostas associadas.

‘Anti-estrela’, Jokic lidera Denver na briga por final da NBA maior “ousadia” da estrela
que não quer ser estrela foi
começar a chegar à Ball Are-
na de terno antes das parti-
Pivô sérvio revolucionou a posição e foi apelidado de ‘Coringa’; fora das quadras, é dono de um estilo contrário à badalação da liga das, por uma razão simples:
—Para ser sincero, come-
cei a fazer isso nessa tempo-
VITOR SETA
vitor.seta@eextra.inf.br
Na era dos armadores pon- —Ganhamos o jogo 1 e to- rada, é um jeito de se apre-
tuadores e do arremesso de do mundo só falava dos DOMINANTE sentar. Não gosto muito de
-
três, Jokic ajudou a resgatar o Lakers. Ninguém fala de co- como o pessoal se veste para

N uma liga cultuada tanto

pelo que acontece em
quadra, quanto pelas ques-
tões de cultura, estilo de vida
e estrelato que rondam seus
atletas fora delas, há um pivô
“diferentão”. Nikola Jokic,
principal jogador do Denver
Nuggets, que disputa a final
da Conferência Oeste contra
oLos Angeles Lakers, é um ti-
po raro. Com um perfil dis-
creto, o sérvio tenta superar
LeBron James e levar sua
franquia para a final da NBA
pela primeira vez. A equipe
lidera a série (2 a 0) e vai a Los
Angeles hoje, às 21h30
(ESPN transmite).
Os Nuggets não disputavam
os playoffs há cinco anos antes
de Jokic começar a despontar
como grande nome da liga e
ajudar o time a chegar a duas
semifinais e duas finais de con-
ferência desde a temporada
2018/19. Tudo isso enquanto
revoluciona a posição de pivô.
papel dos jogadores de garra-
fão: o sérvio é capaz de sair do
perímetro para armar o jogo,
se movimenta e fornece as-
sistências com facilidade e
inteligência. Ainda tem arre-
messo refinado de todas as
distâncias possíveis. A versa-
tilidade lhe rendeu o apelido
de “joker” (coringa).
Marcar o jogador de 2,11m
é uma tarefa dificílima. Uma
arma que o técnico do Nug-
gets, Michael Malone, sabe
usar muito bem. Quando es-
tá bem marcado e não conse-
gue pontuar, Jokic potencia-
liza o jogo de companheiros
como Jamal Murray e Micha-
el Porter Jr. Na série contra os
Lakers o sérvio quem tem to-
mados as rédeas de craque:
foram dois dos oito triplos-
duplos que fez até aqui, um
recorde para uma única pós-
temporada, igualando uma
marca do lendário Wilt
Chamberlain de 1967.
mo Nikola fez um jogo his-
tórico. São 13 triplos-duplos
agora em playoffs, é o tercei-
DENVER NUGGETS
ro maior da história. O que
ele está fazendo é incrível e
a narrativa é só sobre os
Lakers e seus ajustes (para
pará-lo) — ironizou Malo- Jogo 1
ne.
Dono de dois prêmios de Jogo 2
MVP (melhor jogador da li-
ga), Jokic já afirmou acha
“chata” a expectativa pela
premiação. Também não
gosta de ouvir os gritos de MÉDIA DOS PLAYOFFS
MVP quando bate lances li- JOGOS
vres, já que se desconcentra.
Seu tipo físico não é dos que PONTOS
chama mais atenção na liga: ASSISTÊNCIAS
não tem músculos demarca- REBOTES
dos e por vezes precisa segu-
rar a variação de peso — o
próprio diz que tinha a “pior
condição física da NBA”
quando chegou, numa épo-
ca em que bebia três litros
de refrigerante por dia. O
cabelo, sempre raspado. A Editoria de Arte
X L.A. LAKERS os jogos. Vestir um terno sig-
nifica negócios, estou aqui
para fazer meu trabalho.
PONTOS ASSISTÊNCIAS REBOTES O estilo divide opiniões
dentro da liga. Quem convi-
ve com o sérvio, acaba con-
quistado pelo bom humor e
34 14 21 excentricidade. Fora do bas-
quete, ele é fã de cavalos e
costumeiramente fotografa-
23 12 17 do em situações simples,
quando volta de férias ao seu
país. Uma simplicidade pre-
sente até quando foi escolhi-
do pelos Nuggets no Draft de
13 2014: quando foi anunciado
como a 41ª escolha, o então
30,4 jogador do Mega Vizura-SER
10,2 estava dormindo em casa.
13,8
— Eu estava dormindo
quando meu irmão ligou de
Nova York. Ele estava feste-
jando, abrindo um champa-
Nikola Jokic nhe, e eu ‘cara, eu estava
(DENVER NUGGETS)
dormindo’. Naquela hora
não achei que fosse algo
grande, nunca tinha me
imaginado aqui (na NBA).
OGLOBO | Sábado 20 .5.2023 Esportes | 27

GUSTAVO razoável. Nos Fla-Flus é um ai-jesus, pen-

sou talvez profeticamente.
POLI A paixão pelo esporte o levara a tentar a car-
reira de jogador. Não deu certo. Optou pelo api-
to. Se tornou o melhor juiz da cidade. Depois do
estado. Depois do país. Transmitia tranquilida-
de, seriedade, isenção. Cometera sua cota de er-
esporteglb@oglobo.com.br ros —mas sobrevivera. Tinha bom comando
em campo e respeito dos jogadores. Olhou de
novo o cronômetro: 46 minutos.
Uma fábula O Fluminense precisava de um gol. O Fla-
mengo se defendia. O lateral tricolor avan-
em que saiu debaixo de garrafas em Fribur-
go. Riu baixinho enquanto media a distân-
cia da barreira e lançava o spray na grama.
Estava se lembrando dos pequenos jogos —
não dos grandes. Como é irônica nossa memó-
ria, refletiu. E percebeu que estava celebrando
já sua vitória particular. Olhou de novo para o
cronômetro: 47 minutos. Levou o apito a boca
e soprou. A bola foi lançada na área.
Depois de um raspão, a
O que fala mais
alto? Ética ou
esférica caiu diante do
centroavante, que emen-
do, pressionou o fone do VAR e perguntou:
—Algo a reportar no lance?
— Possível mão do defensor evitando o
gol, Aloísio. Sugiro revisão.
Possível. Mão. Do defensor. Sugiro. Revi-
são. Seu mundo desabou num segundo. Su-
bitamente se lembrou de todos os Fla-Flus
como torcedor —das inúmeras vitórias e es-
pecialmente das amargas derrotas — do
“vencer Fla-Flu é normal” que o irritava
tanto. E a vaga na Copa do Mundo pareceu
algo menor, menos importante, irrelevante

do apito
çou pela intermediária e sofreu uma falta.
Ele apitou. Bola a ser lançada na área. Ele
respirou fundo. Havia muito em jogo ali —
título, zoações, eternidade, um Fla-Flu é
sempre algo transcendental. Mas havia
emoção? Razão dou de primeira. A bola quase. O VAR o chamou de novo. E ele, qua-
ou coração? O ser entraria não fosse um se resignadamente, fez o gesto indicativo e
humano é capaz desvio no braço aberto — rumou para a beirada do campo. Teria sido
de muitas coisas, ou teria sido o peito? — mesmo pênalti? Que decisão tomaria?
mas driblar a de um zagueiro rubro- Esta crônica não traz a resposta para a per-

A os 45 minutos do segundo tempo, ele

acariciou o escudo da Fifa no peito. O
placar indicava 1 a 1. O empata garantia o tí-
tulo do Flamengo, secretamente seu time
de coração, na decisão contra o Fluminen-
se. Olhou para o quarto árbitro com a mão
espalmada, indicando cinco minutos de
acréscimos. Era pouco? Era muito? Soava
mais. Uma arbitragem limpa praticamente
lhe garantiria o sonho: a vaga de árbitro bra-
sileiro na próxima Copa do Mundo.
Num instante, num daqueles flashes de
recordação, se lembrou do início da carrei-
ra, dos jogos apitados em várzeas, viagens
para Itaperuna, Campos, Bacaxá. Partidas
em Moça Bonita, no Ítalo del Cima. O jogo
paixão é seu
maior desafio
negro. Não entrou. Su-
biu acima do travessão,
ganhou a linha de fundo.
Escanteio, sinalizou numa decisão auto-
mática. Não viu onde a bola bateu —só perce-
beu o desvio. Todos os jogadores do Flumi-
nense partiram em sua direção. Tinha acon-
tecido algo. Logo agora. Levou a mão ao ouvi-
gunta acima. Pelo contrário, traz uma per-
gunta: o que o leitor faria nessa hora? Tro-
que camisas como exercício e seja sincero.
O que fala mais alto? Ética ou emoção? Ra-
zão ou coração? O ser humano é capaz de
muitas coisas, mas driblar a paixão é seu
maior desafio. Isso vale para tantos grama-
dos. E tantos tribunais.

Em busca dos três pontos e de paz para trabalhar

Vaiado pela torcida após a derrota contra o Santos, o técnico Maurício Barbieri deve repetir a escalação inicial
do jogo contra o Peixe. Na 16ª colocação, Vasco pode entrar no Z4 caso não vença o São Paulo hoje, às 18h30

DANIEL RAMALHO/VASCO
JOÃO PEDRO FRAGOSO
joao.fragoso@oglobo.com.br
2 a 0, no Recife, na última Com Dorival, o São Paulo
quarta-feira. Por isso, Dori- realizou oito partidas, com
-
val Júnior teve apenas uma quatro vitórias e quatro em-

R eflexo de um profundo
processo de transição
dentro e fora dos gramados,
o Vasco faz, até o momento,
um Campeonato Brasileiro
de oscilação. Por um lado,
teve jogos ruins em partidas
consideradas fundamentais
para os planos da tempora-
da, como contra Bahia e
Santos em São Januário. Por
outro, teve apresentações
melhores contra adversári-
os difíceis, como Atlético-
MG, Palmeiras e Fluminen-
se. É nisso que o cruz-malti-
no se apoia para conseguir
um bom resultado hoje, às
18h30, quando enfrenta o
São Paulo no Morumbi.
Embora o revés por 1 a 0
no último domingo tenha
sido um péssimo resultado,
o desempenho do Vasco
não foi de todo mal. Pelo
menos é o que acredita o
técnico Maurício Barbieri.
Após a partida, o treinador
elogiou a produção ofensi-
va da equipe. Por isso, até
como prova de confiança
para os jogadores que atua-
ram contra o Santos, Barbi-
eri deve repetir a escalação
que iniciou o jogo do últi-
mo fim de semana. A atitu-
de foi aprovada pelo za-
gueiro e capitão Léo:
— Trabalhamos todos os
dias. O Barbieri é um cara
muito inteligente. Um cara
que tem o lado humano e o
lado tático muito bom. Te-
mos a forma dele trabalhar.
Acreditamos na forma dele
trabalhar, está muito claro.
Vejo equipes campeãs jo-
gando da mesma forma.
sessão de treinamento, on-
tem, para preparar a equipe
para enfrentar o Vasco. A
pates. Atualmente na déci-
ma colocação, o tricolor po-
de se aproximar do pelotão
ideia foi, através da exibição de cima do Brasileirão em
de vídeos e trabalhos no caso de vitória. Já o Vasco, só
campo, corrigir alguns erros uma posição acima da zona
que a equipe vem apresen- de rebaixamento, precisa
tando e promover ajustes de dos três pontos para não cor-
acordo com o estilo de jogo rer o risco de entrar no Z4
do time de Barbieri. nesta rodada.
Apoio. Capitão do time, o zagueiro Léo diz que jogadores acreditam na forma de trabalhar do técnico Maurício Barbieri
Não acredito que tenhamos balado São Paulo, que ainda
que mudar. Nós temos que não perdeu sob o comando
buscar o desempenho à al- de Dorival Júnior, no Mo-
tura daquilo que é recomen- rumbi lotado —cerca de 45
São Paulo Vasco dado para cada atleta. mil ingressos foram vendi-
Rafael; Rafinha, Léo Jardim; Mais do que a aprovação dos para a partida —, será
Alan Franco Pumita Rodrí-
(Diego Costa), guez, Robson,
pela manutenção da equipe fundamental para aumen-
Beraldo e Patryck Léo e Lucas que tem atuado, os elogios tar a paciência dos vascaí-
(Caio Paulista); Piton; Jair, de Léo para Barbieri foram nos com o técnico.
Pablo Maia,Gabi Galarza e feitos num momento im-
Neves, Rodrigo Barros;
Nestor e Alisson; Figueiredo,
portante para o treinador, PEQUENOS AJUSTES
Luciano (Marcos Gabriel Pec que tem sido criticado por Enquanto o cruz-maltino
Paulo) e Calleri. e Pedro Raul. parte da torcida nas redes tem apenas o Brasileirão pa-
sociais e foi xingado e vaiado ra jogar, o São Paulo segue
Local: Morumbi.Horário: 18h30.
durante e após a última par- vivo na Sul-Americana e na
Árbitro: Leandro Vuaden (RS). tida. Dessa forma, um resul- Copa do Brasil, competição
Transmissão: Premiere. tado positivo contra um em- pela qual venceu o Sport por

VAR não viu pisão de Gabigol “A perna do jogador é atin-

gida, ele vai e segue bem on-
de o jogador vai pousar a per-

em Ganso como intencional na”, diz Fabricio Porfirio de

Moura, assistente do VAR.
“Sim, exatamente. Tem o
Áudio divulgado pela CBF diz que atacante do Flamengo tentou retirar a perna pisão do jogador do Fla-
mengo, porém ele está ten-
tando retirar a perna e a per-
na do jogador do Fluminen-
MARCELLO NEVES
marcello.neves@oglobo.com.br
co ficou por conta do pisão tão vermelho chegou a ser se está exatamente onde o
de Gabigol em Paulo Henri- checada pelo VAR, mas a jogador do Flamengo vai es-
-
que Ganso, que não acarre- decisão foi de seguir com a tar o pé, ok? Não é intencio-

A Comissão de Arbitra-
gem da CBF divulgou os
áudios com a atuação do ár-
bitro assistente de vídeo da
parteida entre Fluminense
e Flamengo, pelas oitavas
de final da Copa do Brasil,
disputada na última terça-
feira. O lance mais polêmi-
tou em cartão para o atacan-
te rubro-negro. O técnico
Fernando Diniz viu o lance
como intencional. A arbi-
tragem de vídeo pensou o
contrário.
O lance aconteceu aos 18
minutos do segundo tem-
po. A possibilidade de car-
decisão de campo e não re-
comendar a revisão. O ár-
bitro da partida foi Ander-
son Daronco, enquanto
Daiane Caroline Muniz
dos Santos estava como as-
sistente de vídeo.
“Eu não tenho essa clareza
(para ver a falta)”, diz Daronco.
nal esse pisão. Daronco, o
lance já está checado. Existe
o pisão. Porém, não é uma
ação que ele quis fazer. Não
é uma ação deliberada, tá
bom? E quando acontece o
contato, ele tira a força tam-
bém, tá?”, encerra Daiane
Caroline Muniz.
 OGLOBO | Sábado 20 .5.2023
ESPORTES
esporteglb@oglobo.com.br
GIOVANNA DURÃES
giovanna.duraes@oglobo.com.br
-
Tpo?empo dá resultados ou re-
sultados vêm com o tem-
Após seis rodadas, o Brasi-
leirão tem no topo tabela três
clubes —Botafogo, Palmeiras
e Fluminense — que estão
com o mesmo técnico há
mais de um ano. O desempe-
nho linear dos time no início
do campeonato mostra que o
trabalho de longo prazo feito
pelos treinadores está dando
resultado. Com campanhas
consistentes, Luís Castro,
Abel Ferreira e Fernando Di-
niz conquistaram o que mui-
tos não têm: tempo para ali-
nhar o time à sua tática. Hoje,
Castro e Diniz estarão frente a
frente no clássico entre Bota-
fogo e Fluminense, às 18h30,
no Nilton Santos.
O sucesso de um técnico
costuma ser medido pelos re-
sultados. Mais vitórias refle-
tem em mais tempo para que o
treinador coloque em prática
seu estilo de jogo. Um cenário
que se contrapõe, já que, para
que um treinador forme
uma equipe vencedora,
ele precisa de tempo
e, para conquistar
esse tempo, não é
permitido falhar.
Tricampeão
brasileiro como
técnico do São
Paulo em 2006,
2007 e 2008, e atual
coordenador do clu-
be, Muricy Ramalho
vê o cenário vivido
pelos três líderes,
e por ele mesmo
no passado,
como o mais
desejado por
todos os pro-
fissionais:
— O ideal é
o treinador
ter tempo para
conhecer seus
jogadores e de-
senvolver seu
pensamento tá-
tico. É impossí-
vel fazer isso
sem tempo. O
problema é que
a forma de
permanecer
em um time e
ter esse tempo
é ganhando,
O duelo de artilheiros de Botafogo x Fluminense
Tiquinho Soares e Cano têm responsabilidade de colocar a bola na rede, mas com características diferentes em campo
JOÃO PEDRO FRAGOSO
joao.fragoso@oglobo.com.br
-
C om gols em profusão, co-
memorações marcantes
e crescimento da idolatria
entre suas torcidas, Tiqui-
nho Soares e Germán Cano
despontam como dois dos
principais jogadores do fu-
tebol brasileiro em 2023.
Embora tenham caracterís-
ticas e estilos de jogo dife-
rentes, os dois centroavan-
tes se assemelham na habili-
dade em balançar as redes e
na importância que têm pa-
ra suas equipes.
Artilheiro do Brasil na
temporada, Cano balançou
as redes 24 vezes em 25 jo-
gos —12 dentro da área e 10
na pequena área, com ou-
tros dois de longa distância.
Oportunista, o argentino
impressiona pelo faro de gol
e pela capacidade de marcar
em bolas consideradas im-
prováveis, como no golaço
PODER DA
CONTINUIDADE
Líderes do Brasileiro
mantêm técnicos
há mais de um ano
então não dá para errar. In-
felizmente é assim.
O tricampeonato de Mu-
ricy pelo tricolor paulista,
por exemplo, veio mesmo
após um pedido de demis-
são do técnico diante da eli-
NÚMEROS NA TEMPORADA
Tiquinho
do meio-campo contra o
Vasco pelo Carioca. Dos 24
gols do centroavante, 17 fo-
ram com a perna direita —
dois de pênalti —, seis com a
esquerda e um de cabeça.
Além de marcar muitos
gols, Cano também tem pa-
minação na Libertadores de
2007. Na ocasião, o presi-
dente Juvenal Juvêncio não
aceitou sua saída.
— Os clubes precisam
contratar treinadores para
desenvolver. A gente joga
14
meses
É o tempo em que Luís Castro
está à frente do Botafogo.No
Brasileirão,o time tem aproveita-
mento de 83%.
13
meses
É quanto já dura a segunda passa-
gem de Fernando Diniz no Flumi-
nense.O tricolor tem 72% de
aproveitamento no Brasileirão.
23 Jogos 25
Gols
16 24
5 Assistências
UMA PARTICIPA-
ÇÃO EM GOL A
UM GOL A
CADA 86
CADA 82 MINUTOS MINUTOS
No Brasileirão
6 Jogos
6 Gols
2 Assistências
pel tático importante no
Fluminense de Fernando
Diniz. Acostumado a pres-
sionar os adversários no
campo de ataque — com
Cano e Ganso na frente de
duas linhas de quatro joga-
dores —, muitas vezes o ti-
Frente a frente.
Botafogo de Castro
enfrenta o Flu de
Fernando Diniz hoje
Cano
0 avante do Botafogo tem pa-
6 que, principalmente pelo
2 com os companheiros, co-
0 que deu na vitória por 2 a 1
Editoria de Arte
me tricolor precisa se orga-
nizar rapidamente no cam-
po de defesa, atrás da linha
da bola. Nessas horas, é co-
mum ver Cano correr atrás
de laterais e pontas, com
botes e bloqueios.
Embora tenha marcado
MANIPULAÇÃO CAMPEONATO
DE JOGOS BRASILEIRO
As táticas usadas Vasco visita o
pela quadrilha São Paulo às 18h30
PÁGINA 26 PÁGINA 27
pedir sua saída. Na época, o
treinador tinha apenas 51%
de aproveitamento.
Quando o Brasileirão co-
meçou, o jogo virou. À fren-
Botafogo Fluminense
Lucas Perri; Di Fábio; Samuel te do time há um ano e dois
Plácido,Adryel- Xavier,Nino,
son (Sampaio), Felipe Melo e
meses, Luís Castro chega à
Cuesta e Marçal; Guga; André, sétima rodada da competi-
Marlon Freitas, Lima, Paulo ção com 83% de aproveita-
Gabriel Pires Henrique mento, acumulando cinco
(Tchê Tchê) e Ganso e
Eduardo; Victor Jhon Arias;
vitórias e uma derrota.
Sá,Júnior Santos John Kennedy No início de campeonato,
(Sauer) e (Lelê) e a constância e a construção
Tiquinho Soares. Germán Cano. tática fazem ainda mais di-
ferença. É o que mostra o ti-
Local: Estádio Nilton Santos.
Horário: 18h30.Árbitro: Braulio da Silva
me do Fluminense, adversá-
Machado (Fifa-SC). rio do líder alvinegro hoje. A
Transmissão: Premiere e Rádio CBN. estratégia de Fernando Di-
niz, conhecida como “Dini-
tanto que não dá para ven- zismo”, aparece de forma ca-
cer tudo. Uma eliminação da vez mais clara.
ou derrota cria um clima
ruim e, se a diretoria acredi- O FENÔMENO ABEL
ta no trabalho do técnico e Diniz acaba de completar um
aguenta a pressão da derro- ano no clube e mostra que,
ta, os resultados são ainda com o tempo que conquistou,
melhores a longo prazo conseguiu adaptar o time à
—comentou Muricy. sua filosofia, encantando a
No Botafogo, atual lí- torcida com seu estilo de jogo.
der do Campeonato Mas o treinador já passou por
Brasileiro, o português maus momentos em clubes
Luís Castro sofreu forte anteriores. Em 2019, no pró-
pressão pouco tempo prio Fluminense, sua passa-
antes do início da gem durou sete meses.
competição. Após o Na tabela, entre o tricolor e
fracasso no Carioco o alvinegro está o Palmeiras
deste ano, o técni- do vitorioso Abel Ferreira. À
co chegou ao Bra- frente do time há quase três
sileirão sob for- anos, o português soma oito
tes críticas da títulos pelo clube, incluindo
torcida, duas Libertadores e o Brasi-
que che- leirão do ano passado.
gou a O tempo de permanência
de Abel é incomum. Ao re-
novar seu contrato, o treina-
dor chegará a quatro anos
no clube e pode se tornar o
técnico mais longevo da his-
tória do Palmeiras.
O troca-troca de treinado-
res é algo comum no futebol
brasileiro. Só neste ano, des-
de o início do Brasileirão,
quatro times já mudaram
suas comissões técnicas:
Coritiba, São Paulo, Cuiabá
e Corinthians.
BRASILEIRO
7ª RODADA
P J
1 Botafogo 15 6
LIBERTADORES
2 Palmeiras 14 6
3 Fluminense 13 6
4 Cruzeiro 12 6
5 Athletico 12 6
P: Pontos J: Jogos
MARCELO THEOBALD/23-10-2022
saiu o gol do centroavante
contra o Magallanes-CHI,
pela Copa Sul-Americana,
e a assistência para Eduar-
do, contra a Portuguesa,
pelo Carioca. Com carac-
terística de ataques verti-
menos que o adversário de cais e bolas longas, é co-
hoje, Tiquinho Soares par- mum ver os jogadores bus-
ticipa diretamente de gols carem o pivô de Tiquinho
com mais frequência que
Cano. Além de ser um fina-
lizador nato — com seis
assim que a bola é recupe-
rada, para que o atacante
possa tabelar ou encontrar
gols, é o artilheiro isolado os pontas bem abertos.
do Brasileirão —, o centro-
SEM DESCANSO
pel mais construtor no ti- Numa sequência de três jo-
me de Luís Castro. Durante gos seguidos nos últimos
os jogos, é comum ver Ti- nove dias, Tiquinho é um
quinho sair da grande área dos poucos jogadores do Bo-
para iniciar jogadas de ata- tafogo que não vêm sendo
poupados com frequência,
lado esquerdo, ou tabelar muito por conta da falta de
um centroavante no elenco
mo nas duas assistências para substituí-lo — Ma-
theus Nascimento, reserva
sobre o Bahia. imediato, está com a seleção
Até por participar mais brasileira para disputa da
da construção ofensiva do Copa do Mundo sub-20. Por
Botafogo, o camisa 9 tem isso, por mais que venha nu-
menos função defensiva. ma boa fase, com quatro
Quando o time não tem a gols e uma assistência nas
bola, Tiquinho realiza a últimas três partidas, Tiqui-
primeira pressão alvine- nho pode ter o desempenho
gra ainda no campo de ata- no clássico afetado pelo des-
que — assim, inclusive, gaste físico.
 OGLOBO | Sábado 20 .5.2023

SEGUNDO CADERNO segundocaderno@oglobo.com.br

EDILSON DANTAS
TALITA DUVANEL
talita.duvanel@oglobo.com.br

N a TV há quase quatro dé-

cadas, Serginho Grois-
man vive “uma das fases mais
fortes” da carreira. Ele faz a
avaliação em conversa por ví-
deo numa manhã de sexta-
feira, horas antes de sair de
casa, em São Paulo, para bus-
car Thomas, seu único filho,
de 7 anos, no colégio. Para o
apresentador e diretor do “Al-
tas horas”, exibido nas noites
de sábado na TV Globo há 22
anos, a atração está “viva, im-
portante, relevante”.
A percepção vem das edi-
ções temáticas especiais,
que nos últimos tempos es-
tão levando o programa a
dominar conversas nas re-
des sociais e bater recordes
de audiência. Até o momen-
to, ele cresceu 9% em rela-
ção ao mesmo período do
ano passado. Algumas de
maior impacto foram as de-
dicadas a Milton Nascimen-
to, no dia 7 de janeiro, e aos
60 anos de Xuxa, em 11 de
março. A homenagem a Rita
Lee, de 15 de abril, ultrapas-
sou os limites da TV: um ví-
deo da artista assistindo ao
programa, uma das últimas
imagens dela com vida, co-
moveu muita gente.
—A minha vida inteira foi
ligada à música. Todos os
meus programas tiveram
musicais muito fortes. Nós
já havíamos feito especiais
com Erasmo, Gil, Djavan...
Mas, neste ano, intuitiva-
mente, acelerei isso — diz
Serginho. —Foi uma intui-
ção mesmo, que começou a
ter repercussão, e agora es-
tamos nesse caminho.
Hoje, vem mais um da leva:
filhos famosos cantarão com
suas mães, ou mães famosas
cantarão com seus filhos. No
palco, estarão Joelma e a filha;
Márcio Vitor, vocalista do Psi-
rico, e a mãe; Lucy Alves e a
mãe; e Karol Conká e o filho,
entre outros. A atração seria
exibida a semana passada, mas
foi postergada por causa do es-
pecial com os melhores mo-
mentos de Rita Lee no próprio
“Altas horas”. A artista, que
morreu no último dia 8, era a
madrinha do programa, a pri-
meira convidada a pisar em
seu palco.
—Tenho também muitas
histórias pessoais (com Ri-
ta). Eu adorava Os Mutantes
esoube que, na TV Excelsior,
eles tinham ou apresenta-
vam um programa, não lem-
bro bem. Fui lá e, pela pri-
meira vez, entrei num estú-
dio de TV só para vê-los —re-
lembra. —Percebi que aqui-
lo era mágico, uma coisa que
gostaria de fazer um dia.

OUTRAS TELAS
Sérgio Groisman começou a
carreira na televisão em 1987,
na TV Gazeta de São Paulo, on-
de ficou até 1989 no comando

OS EMBALOS DE
do TV Mix. Viera do programa bém a estabilidade profissi- No controle.
jovem da rádio Cultura “Maté- onal e o amadurecimento. Serginho
ria-prima”, que virou atração — Tenho uma dedicação Groisman no
da TV Cultura entre 1990 e muito grande (ao filho). En- palco do “Altas
1991. Foi quando criou o bor- quanto tiver saúde, posso fi-

dão “Fala, garoto; fala, garota”,
nacionalizado com o “Progra-
ma livre”, do SBT. O paulistano
ficou na emissora de Silvio
Santos entre 1991 e 1999,
quando assinou com a Globo.
—Na minha vida, nunca
fiz previsões. Não achei que
ficaria 22 anos, como estou,
numa emissora —diz ele.
Nessas duas décadas, a im-
previsibilidade o levou a ex-
perimentar outro tipo de
palco, o do teatro (esteve no
elenco da peça “Brasas no
congelador”, de Gerald Tho-
mas, em 2006) e o mundo
da literatura infantil, com o
“Meu pequeno corintiano”,
lançado em 2008. A lista de
SÁBADO À NOITE
PROGRAMA BATENDO possibilidades ainda parece
grande —apesar de ele ga-
RECORDE DE AUDIÊNCIA rantir que é uma pessoa fo-
cada no presente.
E REVERBERANDO —Tenho vontade de fazer
NAS REDES, DESEJO um programa de entrevistas,
tenho algumas ideias. Penso
DE FAZER ENTREVISTAS, em documentário também,
PLANOS PARA UM DOC: isso vou fazer. O que faço ho-
je me permite novos desafios
COM A PALAVRA, dentro do programa tam-
SERGINHO GROISMAN bém —lista, salientando
que, apesar da longevidade
do “Altas”, nunca viveu a mo-
notonia. —Acham que é a
mesma coisa, mas não é. Por-
que as pessoas mudam, os fa-
tos mudam, o Brasil e o mun-
do mudam.
As mudanças —principal-
mente a digitalização de
etapas do trabalho na estei-
ra da pandemia —têm aju-
dado o profissional a se apli-
car com mais integridade ao
papel de pai. Contam tam-
horas”: “Acham
sicamente ficar com ele. que é a mesma
Não fico preocupado com o coisa, mas não
tempo. Eu vivo agora. Nin- é. Porque as
guém pode ter segurança de pessoas
nada em qualquer idade — mudam, os fatos
diz o pai, antes de uma certa mudam, o Brasil
dose de natural corujice.— e o mundo
No (especial com o) Milton, mudam”, diz
ele foi incrível, estava com
pão de queijo e deu para o
Milton fora do ar, os dois se
abraçaram. Quando ele vai
ao programa, fica muito em
casa. Ele é meio tímido, mas
chega lá e cumprimenta to-
do mundo, fala “bem-vin-
do”, “você cantou bem”.
FONTE DA JUVENTUDE,
NA PÁGINA 3
2 | Segundo Caderno
ETERNAMENTE
INDIANA JONES
CARLOS HELÍ DE ALMEIDA
Especial para O GLOBO
CANNES, FRANÇA
H arrison Ford ainda tem em
casa uma cópia do chapéu
de Indiana Jones, um dos per-
sonagens mais marcantes de
sua carreira, mas não por mo-
tivos sentimentais.
— Não é uma questão de
nostalgia. A experiência de
ter interpretado o persona-
gem (por tanto tempo) é
mais importante. É isso que
mais prezo em relação ao
meu trabalho —disse o ator
americano em seu primei-
ro encontro com a impren-
sa internacional após a pre-
mière mundial de “Indiana
Jones e a relíquia do tem-
po”, que marca sua despedi-
da do papel que interpretou
cinco vezes ao longo dos úl-
timos 40 anos.
UNIVERSO CRIATIVO QUE FAZ
SURGIR PLANETAS E ESTRELAS
NELSON GOBBI
nelson.gobbi@oglobo.com.br
uatro dias antes de inau- RIO, YHURI CRUZ PARTICIPA DO FESTIVAL FUTURAMA, NO PARQUE
Q gurar sua nova instalação DAS RUÍNAS, E TEM FOTONOVELA EM REVISTA EDITADA PELO MIS
no Festival Futurama, que
ocupa hoje e amanhã o Par-
que das Ruínas, em Santa Te-
resa, no Rio, Yhuri Cruz não
havia definido o nome da
obra, uma estrela de granito
de dez quilos com 13 pontas e
pedaços de cordas de dez me-
tros, que saem do centro do
casarão até sua parte externa.
Na tarde de terça-feira, ao
tentar traduzir o trabalho em
palavras, o artista visual e es-
critor de 32 anos acabou es-
crevendo um poema, em vez
de definir um título.
A passagem ilustra o pro-
cesso de criação de Yhuri,
intrinsecamente vinculado
à narrativa. Além da instala-
ção no Futurama (ocupação
na qual estará ao lado de no-
mes como Ernesto Neto,
Alexandre Vogler e o coleti-
vo Opavivará), ele está em
cartaz até 10 de outubro
com a individual “Reven-
guê”, no Museu de Arte do
Rio, com 58 obras criadas ao
longo de dois anos, sétima
cena de seu projeto Pretofa-
gia, que mescla artes visu-
ais, dramaturgia e perfor-
mance (duas encenações no
espaço estão programadas
paras os dias 4 e 5 de junho).
Também no MAR, parti-
NOVO FILME DA FRANQUIA, QUE
MOSTRA VERSÕES DE HARRISON
FORD HOJE E COM 40 ANOS
A MENOS, EMOCIONOU ATOR
EM CANNES: ‘MAS ESTOU FELIZ
COM A IDADE QUE TENHO’, DISSE
EM CARTAZ COM A INDIVIDUAL ‘REVENGUÊ NO MUSEU DE ARTE DO
Conjunto.
Yhuri Cruz com
um dos trabalhos:
“As obras querem
seduzir, querem
dizer: ‘Olhe
para mim’”
cipa da coletiva “Um defeito
de cor” com a obra “Jongo &
Adriano”, publicada como
fotonovela na edição de
maio da “Zum”, revista de
fotografia editada pelo Ins-
tituto Moreira Salles (IMS).
Revelado ao grande público
pela obra “Monumento à
voz de Anastácia” (2019),
na qual recriou a célebre fi-
VALERY HACHE/AFP
Palma de Ouro.
Harrison Ford, com
Iris Knobloch,
presidente do
festival, recebeu o
prêmio honorário
pelo conjunto de
sua carreira
gura da escravizada do sécu-
lo XVIII sem a máscara de
flandres que cobria sua bo-
ca, Yhuri viu seu trabalho
chegar a todo Brasil pela TV,
quando Linn da Quebrada
entrou no “BBB 22” vestin-
do uma camisa com a ima-
gem estampada. Natural de
Olaria, Zona Norte do Rio, o
artista parte de fabulações
O filme, que ganhou ses-
são de gala na noite de
quinta-feira da 76ª edição
do Festival de Cannes, en-
cerra a saga do persona-
gem criado da imaginação
de Steven Spielberg e Ge-
orge Lucas e lançado em
“Caçadores da Arca Perdi-
da” (1981). Na ocasião,
Ford também recebeu
uma Palma de Ouro hono-
rária pelo conjunto de seu
trabalho, parcialmente re-
lembrado em clipes de
seus filmes exibidos antes
da principal atração do
programa.
— Estou muito emociona-
do. Acabei de ver minha vida
passar diante dos meus olhos
— reagiu o ator no palco do
Grand Theàtre Lumière, com
um sentimento que voltou a
comentar no dia seguinte com
os jornalistas —Foi extraordi-
nário, uma relíquia da sua vida
bem diante de você. A sensa-
ção de pertencer a uma comu-
nidade e o calor do acolhimen-
to por ela ontem foram inima-
gináveis. Fizeram me sentir
muito bem.
Dirigido por James Man-
DIVULGAÇÃO/TAYNÁ URÀZ
para ressaltar as críticas so-
ciais que perpassam sua
produção.
—Quando não sei uma coi-
sa, pergunto à obra: “Qual é a
sua história”? No caso do Par-
que das Ruínas, em vez do tí-
tulo, me respondeu com um
poema — diz Yhuri, sobre a
instalação finalmente nome-
ada de “Estrela negra”.
Sábado 20 .5.2023
Cena de “Indiana Jones e a relíquia do
filme-sensação do evento é o primeiro
da série não dirigido por Spielberg
gold (de “Logan”), “Indiana
Jones e a relíquia do tempo”
é um dos títulos mais aguar-
dados da temporada do ve-
rão nos EUA, onde estreia
no final de junho. Foi esca-
lado por Cannes como o fil-
me-sensação do festival,
como foi “Top Gun — Ma-
verick”, ano passado, quan-
do a presença de Tom Crui-
se atraiu as atenções do
mundo para a Riviera Fran-
cesa. É o capítulo mais caro
da saga protagonizada pelo
arqueólogo e aventureiro,
com orçamento em torno
de US$ 294 milhões.
Parte desse montante foi
gasta nos efeitos especiais
do longo prólogo ambienta-
do em 1939, segmento em
que Ford aparece 40 anos
mais jovem.
— Não é uma mágica de
Photoshop. É como eu pa-
recia 35 anos atrás. Um
truque que apenas serve de
apoio para a história que
estamos contando, usado
de forma apropriada. Mas
estou feliz com a idade que
tenho — afirmou o ator,
que se disse contente com
Com curadoria de Daniel
Toledo, integrante do Opa-
vivará, e Consuelo Bassane-
si, idealizadora do progra-
ma de residências artísticas
Despina, o Futurama seleci-
onou trabalhos prontos e
encomendou site specifics,
como a obra de Yhuri.
—O espaço é convidativo,
os artistas chegam com uma
ideia na cabeça e mudam
completamente lá. Foi o ca-
so do Yhuri, que fez duas vi-
sitas técnicas antes de defi-
nir a obra que faria especial-
mente para a mostra — diz
Consuelo.
Toledo complementa:
— O trabalho dele se co-
necta perfeitamente com a
proposta do festival, de ima-
ginar esses futuros possí-
veis, mas sem deixar de pen-
sar no aspecto histórico.
ERRO DÁ NOME À MOSTRA
A narrativa também perpas-
sa todo o processo de cria-
ção de “Revenguê”, pensado
como uma ópera espacial
em que dois planetas coexis-
tem. Nas encenações, Yhuri
e outros seis artistas que
participam da performance
finalizam obras que já estão
presentes na exposição, nu-
ma proposta de que a mostra
só estará pronta quando
chegar ao fim. O título vem
de um erro ortográfico que
acrescentou um “u” a mais
em “revenge” (vingança,
em inglês) durante uma lei-
tura em grupo, que o artista
anotou por gostar da sonori-
dade da palavra.
| OGLOBO
DIVULGAÇÃO/LUCASFILM
Tela quente.
tempo”: longa escalado como
a chance de ter podido dar
um desfecho à trajetória do
personagem. —Queria ver
o peso da idade sobre eles,
vê-lo reivindicando uma
espécie de reinvenção. Eu
queria que ele tivesse uma
relação (emocional) que
não fosse apenas um flerte.
“Indiana Jones e a relí-
quia do tempo” é o primei-
ro filme da franquia não di-
rigido por Steven Spiel-
berg. Na última aventura
do arqueólogo, o herói da
jaqueta de couro e chicote
volta a enfrentar nazistas
em busca de artefatos mi-
tológicos. Ford é acompa-
nhado por um elenco inter-
nacional que inclui Phoebe
Waller-Bridge, da série
“Fleabag”, interpretando
uma afilhada do persona-
gem, e Mads Mikkelsen,
como o cientista nazista
que persegue um artefato
criado por Arquimedes ca-
paz de permitir viagens no
tempo. A maior parte da
trama é ambientada em
1969, e envolve sequências
de ação em Nova York, no
Marrocos e na Itália.
—Ficou algo meio banto,
lembra o “Benguelê”, da
Clementina de Jesus. Por
outro lado, o Yuri mergulha
de forma tão intensa neste
universo que as questões ét-
nicas se integram nessa
grande ficção que ele criou,
sem que os trabalhos este-
jam essencialmente associ-
ados a este tema —observa
Marcelo Campos, curador-
chefe do MAR.
As performances da Pre-
tofagia convidam o públi-
co a se integrar às propos-
tas das obras. Foi o caso de
“Negrociação”, cena mon-
tada há um ano no Centro
Cultural Inclusartiz, na
Gamboa, e que será refeita
no Centro Cultural São
Paulo (CCSP) no fim de ju-
lho. Nesta performance,
Yhuri trocou camisas com
imagens de sua “Anastácia
livre” pela permissão de
registrar em vídeo a língua
dos espectadores. Agora,
nas apresentações de “Re-
venguê”, o público perma-
nece por cerca de uma ho-
ra na exposição, e as obras
se transformam em obje-
tos de cena:
— Segundo pesquisas,
as pessoas ficam 30 se-
gundos, em média, diante
de cada obra. O meu tra-
balho é trazer a estratégia
do teatro para o museu,
para que o público perma-
neça ali. As obras querem
seduzir, querem dizer:
“Olhe para mim, não sou
só um objeto, tenho uma
história por trás.”
OGLOBO | Sábado 20 .5.2023 Segundo Caderno | 3
ANDRÉ HAWK

TCHAU, Jornada dupla

MOLDES Em meio ao ritmo intenso

de “Terra e paixão”, Tony
ANTIGOS Ramos concluiu nos últi-
mos dias as suas cenas na
segunda temporada de
No ar como Lui Lo- “Encantado's”. Madurão
renzo em “Vai na fé”, aparecerá novamente com
José Loreto vive um a peruca, mas com a barba
momento inspirado que o ator está usando por
PATRÍCIA também fora das
telas: ele planeja um
conta da novela. A explica-
ção será que o persona-
KOGUT programa solo, que gem, após sofrer uma re-
Com Anna Luiza Santiago, Thayná Rodrigues,
Gabriel Menezes e Giulia Costa
negocia com o GNT. jeição amorosa de Dona
kogut@oglobo.com.br Em entrevista à re- Ponza (Dhu Moraes), fica-
patriciakogut.com
colunapatriciakogut
pórter Thayná Rodri- rá desiludido e relaxará
gues, ele explica ain- com o seu visual.
da por que tem usado
roupas agênero e Melodrama
maquiagem: “A ideia
équebrar moldes Visto recentemente em
antigos. E as pessoas “Filhas de Eva”, Juliano
podem entender que Lobreiro fará “Pedaço de
esse tipo de fluidez mim”, produção da Netflix
não trata de sexuali- estrelada por Juliana Paes e
dade”. Mais no site Vladimir Brichta. Antonio
Carrara, Raquel Fabbri e
Para Caio Manhente,um Alcemar Vieira também
elogio já com atraso pelo foram escalados.
Rafa de “Vai na fé”,novela de
Rosane Svartman.O Caso Henry Borel
personagem,um rapaz cheio
de problemas,é difícil. E ele O“Linha direta” de anteon-
vem mostrando talento e tem marcou 12 pontos no
sensibilidade desde o início. Rio e em São Paulo, sua
melhor média desde o iní-
cio da temporada. O pro-
grama também ficou nos
trending topics do Twitter.
BRUNA PAULIN HENRIQUE ALQUALO

Música e poesia
Conceição Evaristo
ao lado da diretora
Isis Mello nos basti-
Para a RedeTV!,que lançou dores da série docu-
um programa abaixo da mental “Música e
crítica até para os padrões poesia”. Com cura-
da própria emissora.É o doria de Heloísa
“Hora de ação”,uma atração Buarque de Hollan-
policialesca indigente, da e produção musi-
impossível de assistir. Não à cal de Lan Lanh, ela
toa,está dando traço. mergulhará no uni-
verso de seis poetas.
Vai ao ar no canal
Arte 1

SAMARA OLIVEIRA

Em família
Priscila Ubba cortou
o cabelo curtinho
para viver Nebset
em “Reis”, da Re-
cord. Ela terá como
‘Nós ainda somos os mesmos’ colega de elenco o
cunhado, Marcelo
Silvero Pereira nos bastidores do clipe de “Como nos- Faria. Os dois estão
sos pais”, sua versão para o clássico de Belchior. O ví- ainda no longa “Go-
deo, com direção e roteiro de Gil Tuchtenhagen e par- diva”, dirigido por
ticipação do bailarino Gabriel Leonard, será lançado Candé Faria, marido
no “Fantástico” em breve dela e irmão dele

CONTINUAÇÃO DA CAPA

C om uma rotina que come-

ça às 6h da manhã (para le-
var o filho à escola), Serginho
Groisman conhece todo mun-
do no “Altas horas”, ele diz.
Dos técnicos ao comercial,
passando pela área de relações
públicas. Em sua equipe, há
quem trabalhe com ele desde
os anos 1980, época em que já
levava jovens para a plateia de
suas atrações. O paulistano
pode até achar que as coisas
mudam, mas disso ele não
abre mão. Desde quando tra-
balhava ao vivo no rádio, faz
questão de conversar com ga-
rotos, garotas e agora garotxs
(como mostra um dos lambe-
lambes que compõem o cená-
rio atual).
Apesar de reconhecer que
sua audiência não seja majori-
tariamente jovem, essa turma
é a ideal para se ter por perto
por causa da espontaneidade,
acredita. Os filtros, eles costu-
mam deixar só para as fotos.
—Nessa idade, não há fi-
lhos ou esposa que vão falar:
“Mas por que que você per-
‘VOCÊ PODE ADAPTAR
ALGUMAS LINGUAGENS, MAS
CADA VEÍCULO TEM A SUA’
SERGINHO GROISMAN EXPLICA POR
FALA, GAROTO
QUE É IMPORTANTE TER JOVENS NA
PLATEIA E DIZ NÃO QUERER CORRER > Último filme a que
ATRÁS DA AUDIÊNCIA DA INTERNET assistiu com o filho.
“Super Mario Bros.”
DIVULGAÇÃO/TV GLOBO
> Livro que gostaria de ter
escrito.“Qualquer um do
Fernando Pessoa”
> Convidado que sempre
sonhou em levar ao progra-
ma,mas nunca conseguiu.
“Chico Buarque”
> Última música a tocar no
streaming antes de respon-
der a estas perguntas. “Al-
guma dos Mutantes”
Solta o som. Serginho no programa, 20 anos atrás: de olho em tudo
> Momento de maior emo-
ção que viveu com o Corin-
thians. “Em 1977 eu estava no
jogo em que o time saiu da fila
(do título paulista) de 22 anos
e meio”
> Maior perrengue que
passou no ar. “Uma briga de
torcidas no ‘Programa Livre’,
antes de o programa começar”
> Funk ou sertanejo?
“Os dois”
> Instagram ou Twitter?
“Tanto faz”
guntou aquilo?” Trago essas
pessoas porque elas ainda
falam o que realmente pen-
sam—diz. —Mas sei que o
nosso público é mais velho.
Mas ele conta que não se
deixa seduzir pelas novas for-
mas de comunicação.
— Não adianta querer fa-
zer TikTok em televisão. Tik-
Tok você faz no TikTok. Você
pode adaptar algumas lin-
guagens, mas cada veículo
tem a sua, com aquilo que as
pessoas esperam. Fazemos
TV sabendo de tudo o que
acontece no Brasil, no mun-
do, no Twitter. Mas não adi-
anta se transformar num
programa de outras platafor-
mas —reflete. —Se eu qui-
ser correr atrás da audiência
da internet, vou ter que fazer
internet também. Quem sa-
be um outro programa, com
músicas de dois minutos, em
formato de vídeo curto...
Por enquanto, Serginho
Groisman está bem assim,
obrigado. (Talita Duvanel)
4 | Segundo Caderno Sábado 20.5 .2023 | OGLOBO

OBITUÁRIO • ANDY ROURKE MÚSICO, 59 ANOS

COFUNDADOR E
MIKE COPPOLA/GETTY/ AFP/25-10-2014
mais quente, ele chegou a
ser demitido pelo vocalista
e compositor Morrissey,
Twitter, que “Andy será lem-
brado como uma alma gen-
til e bela por aqueles que o

BAIXISTA DOS SMITHS sendo readmitido pouco

tempo depois. No ano se-
guinte, os integrantes do
conheceram e como um
músico extremamente ta-
lentoso pelos fãs”.

N ascido em Manchester,
Inglaterra, em 17 de ja-
neiro de 1964, Andrew Mi-
cal) e Mike Joyce (bateria)
para criar a formação que os
tornou mundialmente famo-
popularizar o grupo em to-
do o mundo. Em 1984, a
banda alcançou pela pri-
The Smiths se separaram
em definitivo após quatro
álbuns lançados.
Morrissey também se ma-
nifestou nas redes sociais:
“Andy nunca conheceu seu
chael Rourke ganhou um vi- sos: The Smiths, uma das meira vez o top 10 das para- Longe a sua banda origi- próprio poder. (...) Ele nun-
olão dos pais quando tinha 7 bandas de rock mais influen- das britânicas. nal, Rourke tocou com Si- ca morrerá enquanto sua
anos. Aos 11, conheceu John tes de sua época. No auge do sucesso, néad O’Connor e gravou música for ouvida”.
Maher (o futuro Johnny Álbuns como “The queen Rourke acabou desenvol- com o grupo The Preten- Rourke era fundador e um
Marr), com quem gostava de is dead”, lançado em 1986, e vendo uma dependência de ders, entre outros. dos mantenedores da orga-
tocar guitarra na escola. Em canções como “There is a heroína, que chegou a atra- O baixista morreu ontem, nização beneficente Versus
1982, Marr e Rourke, agora light that never goes out”, palhar sua relação com o aos 59 anos, vítima de cân- Cancer, criada em 2006
já apaixonado pelo baixo, “How soon is now” e “This grupo. Em 1986, quando a cer de pâncreas, em Nova após o músico perder o pai e
juntaram-se a Morrissey (vo- charming man”, ajudaram a banda vivia seu momento História. Rourke: talento precoce York. Marr escreveu, no a irmã pela mesma doença.

HORÓSCOPO Cláudia Lisboa

ÁRIES (21/3 A 20/4) Elemento: Fogo. Modalidade: Impulsivo.
Signo complementar: Libra. Regente: Marte.
Sua sociabilidade estará em alta, e com isso as
conversas serão fonte de grandes conselhos. Esteja atento ao
que o outro lhe dirá e incremente seu caminho com novos
conhecimentos. Cultive a curiosidade.
CÂNCER (21/6 a 22/7) Elemento: Água. Modalidade: Impulsivo.
Signo complementar: Capricórnio. Regente: Lua.
Ao se deparar com situações turbulentas, você
deverá adotar uma postura madura e flexível, ao invés de deixar
que as emoções se expressem indiscriminadamente. Use a
razão para encontrar boas soluções.
LIBRA (23/9 A 22/10)Elemento: Ar. Modalidade: Impulsivo.
Signo complementar: Áries. Regente: Vênus.
Ao se atentar a um único ponto de vista a respeito de
uma determinada situação, você perderá a oportunidade de
tirar grandes aprendizados dela. Considere outros ângulos e
expanda seus conhecimentos.
CAPRICÓRNIO (22/12 A 20/1) Elemento: Terra.
Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Câncer. Regente: Saturno.
Você deverá estar atento às necessidades do corpo
para que seu compromisso com o trabalho não comprometa
sua saúde física. Dê atenção às suas demandas e evite desgas-
tes excessivos. Acolha seus limites.

TOURO (21/4 A 20/5) Elemento: Terra. Modalidade: Fixo. Signo
complementar: Escorpião. Regente: Vênus.
Sua produtividade crescerá à medida que você
estabelecer boas parcerias. Una-se a quem estimula sua mente
e investe em seus projetos, compartilhando e multiplicando seu
entusiasmo. A união faz a força.
LEÃO (23/7 a 22/8) Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo. Signo
complementar: Aquário. Regente: Sol.
Agora será fundamental equilibrar a autoconfiança e
a parcimônia em suas ações. Lembre-se que sua postura contri-
bui para construir a realidade. Fique atento para expressar sua
verdade com consciência.
ESCORPIÃO (23/10 A 21/11)Elemento: Água. Modalidade:
Fixo. Signo complementar: Touro. Regente: Plutão.
Ainda que você queira expressar seu lado mais forte
e equilibrado, lembre-se que, ao expor seus reais sentimentos,
você se sentirá mais aliviado e em paz consigo. Sinta-se seguro
para abrir seu coração.
AQUÁRIO (21/1 A 19/2) Elemento: Ar. Modalidade: Fixo. Signo
complementar: Leão. Regente: Urano.
Por melhor que seja sua capacidade de assimilar
variadas informações, agora será fundamental cultivar o foco e
direcionar a atenção para não se perder na velocidade de seus
pensamentos. Crie objetivos.

GÊMEOS (21/5 A 20/6) Elemento: Ar. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Sagitário. Regente: Mercúrio.
Antigos caminhos lhe parecerão obsoletos agora, e o
reconhecimento de seu desânimo é o que proporcionará a
renovação da jornada. Confie nas suas escolhas e você se
libertará do que não lhe serve mais.
VIRGEM (23/8 A 22/9) Elemento: Terra. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Peixes. Regente: Mercúrio.
A sua flexibilidade tornará seu dia mais leve, já que
será através dela que você encontrará os meios para lidar com
eventuais obstáculos, sem se desgastar mental e emocional-
mente. Mantenha o olho vivo.
SAGITÁRIO (22/11 A 21/12)Elemento: Fogo. Modalidade:
Mutável. Signo complementar: Gêmeos. Regente: Júpiter.
Sua confiança e seu entusiasmo se unirão para
aumentar sua força de realização, mas será preciso ter prudên-
cia para não deixar a organização e os bons limites de lado.
Planeje os próximos passos com atenção.
PEIXES (20/2 A 20/3) Elemento: Água. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Virgem. Regente: Netuno.
Sua alma sabe reconhecer e honrar a beleza do
mundo e, para aproveitar tal habilidade, você deverá nutrir tudo
aquilo que desperta a sua alegria e contentamento. Identifique
e valorize o que lhe faz bem.

JOGOS QUADRINHOS
Foram encontradas 37 palavras: 20 de 5 letras, 7 de 6 letras, 6 de 7
MACANUDO Liniers
LOGODESAFIO
POR SÔNIA PERDIGÃO
letras, 4 de 8 letras, além da palavra original. Com a sequência de letras
CE foram encontradas 7 palavras. UM FANTASMA,CAPITÃO.

Instruções: Este jogo tem os seguintes objetivos: 1. Encontrar a palavra

S D A N original utilizando todas as letras contidas apenas no quadro maior. 2. E É
Com estas mesmas letras formar o maior número possível de palavras ENORME!
I
CE
de 5 letras ou mais. 3. Achar outras palavras (de 4 letras ou mais) com
o auxílio da sequência de letras do quadro menor. As letras só poderão
E ser usadas uma vez em cada palavra. Não valem verbos, plurais e
nomes próprios.
A D F A
de letras CE: acesa, asnice, ceia, cedida, cena, face, sandice.
fendida, fincada, saneada, sediada// defasada, desfiada, safenada, sanidade// DESAFINADA. Com a sequência NADA COM COISA ALGUMA José Aguiar
idosa, nédia, sadia, saída, senda// adenda, afiada, danada, faísca, finada, safada, safena// afinada, diáfana,
Solução: Ainda, anais, ânsia, asada, dândi, densa, díada, díade, diana, dinda, fenda, fiada, finca, finda, idade,

FORA DE FOCO Eduardo Arruda

O CORPO É PORTO André Dahmer

BICHINHOS DE JARDIM Clara Gomes

URBANO, O APOSENTADO A. Silvério

Editora : Gabriela Goulart (gab@oglobo.com.br).Editor adjunto: Marcelo Balbio (balbio@oglobo.com.br).Editor assistente: Eduardo Rodrigues (earodrigues@oglobo.com.br) .Diagramação: Gustavo Amaral (gdamaral@edglobo.com.br) e Jacqueline Donola
oglobo.com.br/cultura (jacque@oglobo.com.br). Telefones: Redação:2534-5703.Publicidade: 2534-4310 publicidade@oglobo.com.br Correspondência: Rua Marquês de Pombal 25, 4º andar. CEP 20.230-240
OGLOBO | Sábado 20 .5.2023 Segundo Caderno | 5

CRÍTICA DE LIVRO ‘AO AMIGO QUE NÃO ME SALVOU A VIDA’, DE HERVÉ GUIBERT • ÓTIMO LIVROS MAIS
UNSPLASH/KYL VENDIDOS
FICÇÃO

RECEITA PARA
1. “ATLAS: A HISTÓRIA DE PA
SALT”, Lucinda Riley/Harry
Whittaker (Arqueiro)
2. “ONDE ESTÃO AS FLORES”, Ilko

TRANSCENDER
Minev (Buzz)
3. “É ASSIM QUE ACABA”, Colleen
Hoover (Galera Record)
4. “SALVAR O CORPO” (CAPA
DURA), Itamar Vieira Junior (Todavia)

A REALIDADE
5. “TUDO É RIO”, Carla Madeira
(Record)
6. “É ASSIM QUE COMEÇA”, Colleen
Hoover (Galera Record)
7. “A BIBLIOTECA DA MEIA- NOITE”,
Matt Haig (Bertrand)
7. “ONE PIECE VOL. 1”, Eiichiro Oda
(Panini)
8. “TORTO ARADO”, Itamar Vieira
Junior (Todavia)
Parcerias. 9. “VÉSPERA”, Carla Madeira
Clássico de Record
Hervé Guibert 10. “RAINHA CHARLOTTE”, Julia
Quinn/Shonda Rhimes (Arqueiro)
retrata força
das amizades em
momentos críticos NÃO FICÇÃO
1. “RITA LEE - UMA
AUTOBIOGRAFIA”,
Rita Lee (Globo Livros)
2. “CAFÉ COM DEUS PAI”, Junior
Rostirola (Editora Vida)
3. “MÃE, ME CONTA SUA
HISTÓRIA?”, Elma Van Vliet
(Sextante)
5. “MULHERES QUE CORREM COM
OS LOBOS (CAPA DURA)”, Clarissa
Pinkola Estes (Rocco)
6. “O QUE SOBRA”, Príncipe Harry
(Objetiva)
7. “DESTRUA ESTE DIÁRIO”, Keri
Smith (Intrínseca)
8. “EM BUSCA DE MIM”, Viola Davis
(BestSeller)
9. “CONTA PRA MIM, MÃE”, Alaúde
Editorial (Alaúde)
10. “MÃE! EU TE AMO PORQUE...”
Knock Knock (Sextante)

AUTOAJUDA
1. “VOCÊ É UM PROJETO DE DEUS
CRIADO PARA DAR CERTO”,
Marcos Fiel (Gente)
2. “NUNCA FOI SEGREDO”, Padre
KELVIN FALCÃO KLEIN
FRANCÊS QUE MORREU EM dois manuscritos ao editor, mas todas as ma- Reginaldo Manzotti (Petra)
Especial para O GLOBO
nhãs voltava à Bibliothèque du Chaussoir 3. “MAIS ESPERTO QUE O DIABO”,
1991, AOS 36 ANOS, CRIA
Idompressionante livro de Hervé Guibert, “Ao para conferir suas notas de rodapé.” Napoleon Hill (Citadel)
amigo que não me salvou a vida” foi lança- Essa dimensão do ofício da escrita é fun- 4. “#UMDIASEMRECLAMAR”, Davi

originalmente na França em 1990, um
ano antes da morte do autor, aos 36 anos, em
decorrência da Aids. Editado no Brasil em
1995, agora é relançado em nova tradução.
A experiência extrema da doença marca os
últimos anos da produção de Guibert, que
publicou uma série de obras —sempre com
forte ênfase autobiográfica —dedicadas ao
tema, como “O homem do chapéu verme-
lho” e “Protocolo da compaixão”.
Oprimeiro elemento digno de nota na nar-
rativa é o uso claro de um modelo literário: o
escritor austríaco Thomas Bernhard (1931-
1989), autor de obras como “Extinção” e “O
sobrinho de Wittgenstein”. Durante seu re-
lato, o narrador de Guibert registra sua leitu-
ra de Bernhard, enfatizando sua dimensão
obsessiva e raivosa, decisiva para a realização
de “Ao amigo que não me salvou a vida”. O li-
vro de Guibert, portanto, não é apenas a con-
fissão sem freios de um homem que reco-
nhece a própria mortalidade; é também um
meticuloso estudo sobre a transformação
subjetiva por meio da leitura.
Apesar de o título indicar apenas um
“amigo”, existem vários deles ao longo da
narrativa. A progressão da doença é marca-
da tanto pela percepção que o narrador tem
de si quanto pela percepção das pessoas
próximas a ele.
A presença mais marcante da primeira
metade do livro é, sem dúvida, o persona-
gem Muzil (uma ficcionalização de Michel
Foucault, de quem Guibert era íntimo). A
primeira diferença entre eles diz respeito à
NOVO MUNDO POR MEIO damental para Guibert. “Ao amigo que não Lago/Marcelo Galuppo (Citadel)
5. “EM MIM BASTA!”, William
DA FORÇA DA LINGUAGEM me salvou a vida” não é apenas um relato da Sanches (Citadel)
doença, mas também o registro do esforço 6. “A MORTE É UM DIA QUE VALE A
E PROVOCA SENSAÇÕES de um escritor de dar conta de sua obra. O PENA VIVER”, Ana Claudia Quintana
Arantes (Sextante)
DIVERSAS COMO narrador faz várias referências ao livro que ‘Ao amigo que 7. “A CORAGEM DE SER
está escrevendo e que estamos lendo —às não me salvou IMPERFEITO”, Brené Brown
FRUSTRAÇÃO E ESPERANÇA vezes tomando a forma de um diário —, mas a vida’ (Sextante)
comenta também obras prévias e outros Autor: Hervé
8. “SIM OU NÃO”, Gislene Erbs
(Literare Books)
decisão de esconder ou não a doença: “Co- manuscritos iniciados, abandonados ou re- Guibert. Tradução: 9. “12 REGRAS PARA A VIDA: UM
mo Muzil, eu teria gostado de ter a força, o formulados. Oscilante em sua confiança na Julia da Rosa ANTÍDOTO PARA O CAOS”, Jordan
orgulho insano, a generosidade também, de capacidade do corpo de sobreviver, o narra- Simões. Editora: B. Peterson (Alta Books Editora)
não revelá-la a ninguém, para deixar as ami- dor de Guibert tem a certeza de que a litera- Todavia. Páginas:
10. “MINUTOS DE SABEDORIA”,
C. Torres Pastorino (Vozes)
zades viverem livres como o ar, despreocu- tura servirá, para ele, como uma garantia de 224. Preço: R$
padas e eternas.” presença póstuma, de herança. As duas ta- 74,90.
INFANTOJUVENIL
É por meio da figura de Muzil que o narra- refas frequentemente se atravessam ao lon-
dor de Guibert alcança uma série de refle- go do relato, a sobrevivência do corpo e a 1. “DIÁRIO DE UM BANANA - UM
ROMANCE EM QUADRINHOS”, Jeff
xões sobre o sofrimento e a morte, tendo a construção do legado literário: “Acabei Kinney (VR Editora)
dolorosa consciência de que esse poderá ser meu livro na manhã do dia 20. Comecei a 2. “AS AVENTURAS DE MIKE”,
também seu horizonte futuro. Já no hospi- tarde engolindo as duas cápsulas azuis que Gabriel Dearo/Manu Digilio (Outro
tal, em seus dias finais, Guibert escreve so- eu me recusava a tomar fazia três meses.” Planeta)
3. “NICK E CHARLIE”, Alice Oseman
bre o amigo: “Com um olhar, Muzil me pe- Organizado em cem seções concisas e nu- (Seguinte)
diu para não dizer nada e sair, também men- meradas, “Ao amigo que não me salvou a vi- 4. “HARRY POTTER E A PEDRA
talmente ele sofria de maneira atroz.” da” é um livro que gera no leitor um misto de FILOSOFAL (CAPA DURA)”, J. K.
sensações —melancolia, alívio, frustração, Rowling (Rocco)
5. “AS AVENTURAS DE MIKE 3:
O OFÍCIO DA ESCRITA esperança —, todas elas intensificadas por MUDANDO DE CASA”, Gabriel
Não se trata, porém, de uma narrativa que li- conta do estilo de Guibert, forte e incisivo, Dearo/Manu Digilio (Outro Planeta)
da apenas com a derrocada. É precisamente sem rodeios. Assim, ele inventa um mundo 6. “DIÁRIO DE UM BANANA -
por conta da capacidade de apresentar um por meio da força da linguagem. Inventa uma RODRICK É O CARA”, Jeff Kinney
(VR Editora)
espectro amplo de situações e sensações que realidade ficcional que, ao mesmo tempo, es- 7. “CORALINE”, Neil Gaiman
o livro de Guibert se destaca. Muzil, por pelha e transcende a nossa realidade cotidia- (Intrínseca)
exemplo, dá o exemplo de uma ética do tra- na e histórica, e por isso seu livro continua 8. “O DIÁRIO DE UMA PRINCESA
balho intelectual que até o fim busca trans- atual e relevante. DESASTRADA”, Maidy Lacerda
(Outro Planeta)
cender a mortalidade: “Quando desabou na 9. “AS AVENTURAS DE MIKE 2: O
cozinha e Stéphane o encontrou inconsci- Kelvin Falcão Klein é professor BEBÊ CHEGOU!”, Gabriel Dearo/
ente numa poça de sangue, ele já entregara da Escola de Letras da UniRio Manu Digilio (Outro Planeta)
10. “O PEQUENO PRÍNCIPE”,
Antoine Saint-Exupéry
(HarperCollins)

NOVOS LIVROS Ranking do portal Publishnews

‘As conversas que nunca tive
com a minha mãe’
Organização: Michele Filgate.Tradução:
Débora Chaves. Editora: Vestígio. Pági-
nas: 224.Preço: R$ 64,90.
‘Tudo que é sólido
desmancha no ar’
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Renato Marques.Editora: Bertrand Brasil.
Páginas: 392. Preço: R$ 69,90.
‘Incerteza,um ensaio’
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Páginas: 136.Preço: R$ 37,90.
‘A tradição’
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nie Borges. Editora: Círculo de poemas.
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‘O livro da história do livro’
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Ilustrações: Raul Loureiro.Editora:
Companhia das Letrinhas. Páginas: 80.
Preço: R$ 69,90.
(www.publishnews.com.br)
apurado nas livrarias A Página,
Argumento, Blooks, Cameron, Cultura,
Curitiba, Escariz, Leitura, Livraria da Vila,
Livraria Loyola, Lojas Americanas, LDM,
Livruz, Martins Fontes SP, Nobel, Santos,
Saraiva, Submarino, Travessa,
Vanguarda, Vitrola e Vozes entre
8/5/2023 e 14/5/2023.

Quinze escri- Com mesmo Como lidar Vencedor do O que será

tores estran- título do com o incerto prêmio Pulit- que já preci-
geiros mos- clássico livro que faz parte zer de poesia sou ser
tram que, do americano central da em 2020,“A inventado
entre mães e Marshall nossa vida? No tradição” para que o Compra Livros
filhos,muitas Berman século XX,o funde formas objeto livro (21) 2215-3528
vezes o silên- (reproduzin- tema da incer- líricas como o existisse? @livrariaberinjela
cio fala mais do,por sua teza virou uma soneto,o gazel Para poder www livrariaberinjela.com.br
Av. Rio Branco, 185 - Centro/RJ
alto...e o não vez,uma frase obsessão de eo blues,ao registrar e
dito é o que mais nos afeta. Os de Marx e Engels),o irlandês Dar- pensadores em campos diversos, mesmo tempo que contempla comunicar informações,histórias Já leu
relatos ora emocionam,ora denun- ragh McKeon,indicado em 2015 à da matemática à termodinâmica, temas como o risco de cruzar a e se expressar artisticamente, o Não precisa mais?
ciam.Falam de mães,mas tam- categoria de melhor autor estrean- da economia à política.No século cidade e se tornar alvo da polícia. ser humano explorou,durante Compartilhe!!!
bém de pais,padrastos,irmãos e te no Irish Book Awards,narra XXI,o negócio da incerteza orienta Jericho Brown canta a beleza em milênios,o uso de diferentes ferra-
todos que cercam o mundo delas como a vida de seus protagonistas os destinos do mundo digital. sua força poética e política. “Entre a mentas e objetos — como papéis,
RETIRAMOS NO LOCAL.
Faça o Livro e o saber circularem!!
— nem sempre tornando-o melhor. é permanentemente afetada pela Como pensar sobre o que nos felicidade que se tem e a que se lápis,pincéis e tintas.Aobra apre- Disponibilizamos doações
para bibliotecas.
Entre os autores estão nomes explosão de um reator da usina engole? AInteligência Artificial merece,os poemas nos ensinam senta a história por trás da criação
como Carmen Maria Machado, nuclear de Chernobyl,em 1986,e trabalha sem descanso.Ainteli- sobre a liberdade”,diz a poeta Aneli- do livro e dos suportes que torna- 2719-6827
Tel.: (21)

André Aciman e Sari Botton. pelo colapso da União Soviética. gência humana ainda funciona? se Freitas na orelha do livro. ram a sua existência possível. 98986-6894
6 | Segundo Caderno Sábado 20.5 .2023 | OGLOBO
_ SEG_ Joaquim Ferreira dos Santos _ TER_ Leo Aversa_ QUA_ Ana Paula Lisboa (quinzenal) _ Martha Batalha (quinzenal)_ QUI_ Cora Rónai_ Luis Fernando Verissimo _ SEX_ Ruth de Aquino_Nelson Motta_ SÁB_ José Eduardo Agualusa_ DOM_Cacá Diegues

JOSÉ EDUARDO merciantes baianos que ali se estabeleceram.

A escritora anglo-nigeriana Bernardine Eva-
Enquanto passeio pelas ruas ensolaradas de
Moçâmedes —algumas das quais principiam
AGUALUSA risto —que em 2019 ganhou o Booker Prize junto ao brilho do mar, para se perderem, uns
segundocaderno@oglobo.com.br com o seu romance “Garota, mulher, outras” tantos metros acima, nas areias douradas do
—descende de brasileiros. mais antigo deserto do mundo —, não posso
O caso dos quimbares, contudo, é diferente, deixar de pensar naqueles brasileiros, bran-

UMA ÁFRICA pois descendem de brasileiros negros chega-

dos a Angola ainda na condição de escravos.
Conheço, em Luanda, famílias que afirmam
cos, negros e indígenas, que aqui chegaram,
fugindo às convulsões da História, e cujos
descendentes talvez se encontrem agora en-

BRASILEIRA descender dos soldados negros de Henrique

Dias, que desembarcaram em Angola em 1648,
na armada de Salvador Correia de Sá e Benevi-
des (nascido na Espanha, mas filho e neto de ca-
riocas), para combater os holandeses e seus ali-
ados. Existem até famílias angolanas que se or-
tre as pessoas com as quais cruzo.
A matriz africana do Brasil é bem conheci-
da e inquestionável. São menos, contudo,
aqueles que têm consciência plena do quan-
to Angola e o Brasil estão unidos por laços de
sangue e de memórias. Não me parece pos-

Edascrevo esta coluna a partir de uma peque-

na cidade angolana, Moçâmedes, funda-
por pernambucanos, fugidos à Revolu-
dada, continua a testemunhar a vitalidade
dos quimbares, cuja cultura misturava ale-
gremente elementos africanos, europeus e
gulham de possuir guerreiros potiguares na sua
árvore genealógica.
sível compreender o Brasil sem conhecer
bem Angola; mas também acho impossível
NÃO POSSO DEIXAR Estes guerreiros teri- compreender como Angola se formou e se
ção Praieira, em meados do século XIX. brasileiros. Nos cemitérios quimbares rema- DE PENSAR NOS am chegado à África consolidou, ignorando a contribuição bra-
Nos navios vindos de Pernambuco chega- nescentes, os visitantes ainda hoje se sur- BRASILEIROS, austral juntamente sileira em todo esse demorado, difícil, cruel
ram portugueses, brasileiros de origem por- preendem ao encontrarem esculturas, em com os soldados de e maravilhoso processo.
tuguesa, e um número indeterminado de pedra-ferro, representando os interesses ou BRANCOS, NEGROS Henrique Dias, tendo As crianças deveriam ser encorajadas nas
pessoas escravizadas, de ascendência afri- ofícios dos defuntos: leões, para os caçado- E INDÍGENAS, QUE combatido, com as escolas a olhar para a História, não como mais
cana. Estes brasileiros negros acabaram res; cachimbos para os fumadores; uma bota, CHEGARAM A respectivas armas tra- uma disciplina, a preto e branco, e pronta a
dando origem, no extremo sul de Angola, para um sapateiro, e por aí afora. ANGOLA E CUJOS dicionais, quer contra servir, sobre o passado alheio, mas como um
entre o mar e o deserto, a uma nova etnia, os Existem, noutros portos africanos, em par- DESCENDENTES SE os holandeses, quer contraditório roteiro de prodígios, que expli-
quimbares, também chamados mbalis ou ticular no Benim, no Togo e na Nigéria, famí- contra as tropas da fa- ca o presente de cada um de nós, e nos ajuda a
ovimbaris, que em quase tudo se distingui- lias que se orgulham da sua ascendência bra- ENCONTRAM mosa Rainha N’Zinga prever o futuro. Nem haveria melhor vacina
am das populações locais. sileira —são descendentes de antigos escra- ENTRE AS PESSOAS M’Bandi, que se aliara contra o populismo, e outros males deste nos-
Aarte tumular mbali, embora muito degra- vos que retornaram ao continente, ou de co- COM QUEM CRUZO aos primeiros. so tempo tão confuso.

O PRESENTE ÁRIDO
DANIEL SCHENKER 1990, das encenações de “Vestido de
Especial para O GLOBO
noiva”, de Nelson Rodrigues, “Morte e

A voz doce, suave e tranquila de Ana

Lúcia Torre parece muito distante
vida severina”, de João Cabral de Melo
Neto, e “Rasto atrás”, de Jorge Andra-

E O PASSADO
do descontrole da Mary Tyrone de de. Foram espetáculos marcantes em
“Longa jornada noite adentro”, célebre sua trajetória. E não foi a primeira vez
peça de Eugene O’Neill que, depois da que ela fez “Morte e vida...”. Décadas
temporada em São Paulo, está em car- antes, integrou o elenco de uma mon-

EM QUE SE FOI FELIZ

taz no Teatro Prudential, no Rio, em tagem amadora do texto, com o Teatro
montagem de Sergio Módena. Mas é da Universidade Católica de São Paulo
esta personagem desestabilizada, cada (Tuca), sob a direção de Silnei Siquei-
vez mais dominada pelo vício da mor- ra, que, a convite de Tolentino, tam-
fina, que a atriz encarna —e com bri- bém dirigiu essa segunda encenação.
lho. Tanto que ganhou recentemente o ‘É POR MEIO DOS CLÁSSICOS QUE NOS DEPARAMOS COM OS A atriz esteve também em monta-
Grande Prêmio da Crítica conferido gens de outros prestigiados autores es-
pelo júri da Associação Paulista de Crí- GRANDES CONFLITOS HUMANOS’, DIZ ANA LÚCIA TORRE SOBRE trangeiros — Friedrich Dürrenmatt
ticos de Arte (APCA). PEÇA DE EUGENE O’NEILL PELA QUAL GANHOU PRÊMIO DA APCA (“Seria sério se não fosse cômico”), Fe-
Talvez o maior desafio imposto às derico García Lorca (“A casa de Ber-
atrizes encarregadas de interpretar E QUE APRESENTA NO RIO APÓS TEMPORADA EM SÃO PAULO narda Alba”) e Molière (“Tartufo”) —e
Mary —a personagem já foi vivida por DIVULGAÇÃO/PRISCILA PRADE
brasileiros —Gianfrancesco Guarnie-
Cacilda Becker, Nathália Timberg e ri (“Eles não usam black-tie”) e Odu-
Cleyde Yáconis — seja materializar valdo Vianna Filho (“Rasga coração”).
uma variedade de estados emocionais. Drama de muitos. —Tendemos a acreditar que o texto
E de maneira tão concentrada porque “É uma família que se ama clássico não vá gerar muita adesão no
a peça de O’Neill se passa ao longo de profundamente, mas não público. Mas é por meio dos clássicos
um único dia. Da manhã à noite, Mary consegue se libertar de que nos deparamos com os grandes
vai se afastando da realidade, mas não um círculo vicioso”, diz conflitos humanos —diz.
de forma previsível. Ana Lúcia Torre sobre a A atriz reserva ainda um bom espaço
—Ela tem altos e baixos. Há momen- trama de Mary, que já foi para a comédia — não só de autores
tos em que revela uma consciência ab- interpretada por Cacilda consagrados. Ocasionalmente, inves-
soluta em relação ao que acontece à Becker, Nathália Timberg te numa dramaturgia mais despreten-
sua volta. A morfina faz com que fique e Cleyde Yáconis siosa, casos de “Como se tornar uma
aparentemente leve. De certo modo, supermãe em 10 lições”, de Paul Fuks, e
entra em contato com um passado em “Arsênico e alfazema”, de Joseph Kes-
que foi feliz —explica Ana Lúcia. selring. Em sua trilha no humor, “Su-
Um passado anterior às tragédias e burbano coração”, peça de Naum Alves
aos descaminhos que levaram à derro- de Souza protagonizada por Fernanda
cada da família, como a morte de um Montenegro, foi um capítulo singular.
dos filhos, Eugene, bem pequeno, a in- —Fizemos enorme sucesso no Rio.
satisfação profissional do marido, Ja- Estava tudo organizado para a tempo-
mes, um ator frustrado que limitou as rada em São Paulo, mas poucos dias an-
possibilidades de voo na própria carrei- tes veio o Plano Collor. Fernanda dis-
ra ao ceder aos apelos do sucesso fácil, e se: “Não sei o que vai acontecer.” Nin-
o alcoolismo do filho mais velho, Ja- guém sabia. Não conseguimos conti-
mie, obrigado pelo pai a abraçar o ofí- nuar com o espetáculo —lembra.
cio de ator. Na juventude, Ana Lúcia cursou Ciên-
—É uma família que se ama profun- cias Sociais, sem concluir. Foi morar na
damente, mas não consegue se libertar Europa com o namorado, com quem lo-
de um círculo vicioso —observa a atriz. go se casou. Viveu sete anos entre Noru-
ega, Portugal e Inglaterra.
TEXTO AUTOBIOGRÁFICO —Não foi uma fase em que me voltei
Vale dizer que não se trata de uma fa- para a área artística. Mas conquistei
mília qualquer. “Longa jornada noite um conhecimento transformador. Eu
adentro” é uma peça autobiográfica. me ajustei à vida de cada país. Adquiri
Eugene O’Neill emprestou seu nome um entendimento sobre os diferentes
ao personagem do filho morto. Seu al- povos —conta.
ter ego no texto é Edmund, outro filho,
herdeiro da fragilidade de Mary, que, EXPERIÊNCIA COMO VENDEDORA
por sua vez, corresponde a Ella, mãe de No exterior, ela trabalhou como cama-
O’Neill. O personagem do pai foi dire- reira em hotel, vendedora em loja e
tamente inspirado no pai do autor. exerceu funções de escritório:
Não por acaso, O’Neill determinou — Agradeço aos meus pais. Sou de
que a peça só poderia ser encenada 25 uma época em que os filhos tinham
anos após a sua morte. Mas a viúva, que estar em casa à meia-noite.
Carlotta Monterey, permitiu que fosse Quando retornou ao Brasil e se pro-
montada apenas três anos depois da jetou como atriz, Ana Lúcia passou a
perda do marido. atuar ininterruptamente, ritmo que
A densidade de “Longa jornada noi- mantém até hoje. Acostumada a conci-
te adentro” e, em particular, de Mary liar a presença nos palcos com a ativi-
tem exigido de Ana Lúcia uma ener- dade constante na televisão — acabou
gia considerável. de participar da novela “Travessia”, de
—Não sou partidária da ideia de que Gloria Perez —, ela ainda encontra
o ator fica tomado pela personagem, tempo para se dedicar ao cinema. Pela
mas é claro que Mary me requisita fisi- primeira vez nos seus 48 anos de car-
camente —afirma. reira, porém, decidiu dar uma pausa.
Outros dos ótimos textos encenados —Não vou trabalhar no segundo se-
por Ana Lúcia são do período em que mestre. É algo que nunca havia pensa-
pertenceu ao Grupo Tapa, de Eduardo do em fazer. Mas fiquei seis anos e
Tolentino de Araújo. Na companhia, a meio sem férias. A cabeça não cansa. O
atriz participou, em meados dos anos corpo, sim.
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FOTOS DE FORD/DIVULGAÇÃO
NOVO TERRITORY É MAIS
POTENTE E EQUIPADO
SUV MÉDIO DA FORD, baseado no
Bom rendimento.
SUV traz motor

novo Equator Sport, já é vendido na Argentina 1.8 turbo de 187cv,

mais potente

e deve chegar ao Brasil no meio do ano e econômico

REDAÇÃO AUTOESPORTE Tamanho

A
-
família. Novo
pós fechar suas Territory pode
fábricas e pas- ser vendido
sar a trabalhar com cinco ou
apenas com a li- sete lugares
nha de impor-
tados, a Ford anunciou dez
lançamentos até o fim de
2023. Em viagem à Argenti-
na, Autoesporte apurou que
a próxima novidade já está
definida. Trata-se da nova
geração do Territory. Ape-
sar de manter o nome, o
SUV que já é vendido no país
vizinho será um carro com-
pletamente diferente.
Estamos falando do Equa-
tor Sport, um outro utilitá-
rio derivado da parceria en-
tre a JMC (Jiangling Motors
Corporation) e a Ford no
mercado chinês. Como o
SUV está previsto para o co-
meço do segundo semestre, Equipado. SUV mente. A de cinco lugares ção visual similar à dos mo-
a Autoesporte já pode te adi- deverá chegar tem 4,62 metros de compri- delos da Mercedes-Benz.
antar algumas informações. ao Brasil mento. Já a de sete lugares O Equator Sport deverá
Ao contrário do Territory recheado de tem 4,90m, sendo 2,86m de chegar ao Brasil recheado
atual, que usa um antigo mo- equipamentos entre-eixos. de equipamentos. Lá fora, o
tor de origem Mitsubishi, o O SUV é consideravel- SUV pode ser equipado com
Equator Sport, ou novo Ter- mente mais bonito e arroja- ar-condicionado de duas zo-
ritory, usa o 1.5 EcoBoost do que o Territory. Além dis- nas, teto solar panorâmico,
com 170cv e 26,5kgfm de so, volta a trazer um estilo bancos em couro com co-
torque na China. No entan- presente também em outros mandos elétricos e ventila-
to, na Argentina e no Méxi- modelos da Ford, como o Ed- ção, retrovisor eletrocrômi-
co, onde ele já foi lançado, o ge. A mesma melhoria pode co e abertura elétrica do
SUV traz motor 1.8 de qua- ser esperada no interior. O porta-malas. Em termos de
tro cilindros turbo de 187cv e grande destaque da versão segurança, há seis airbags,
36,3kgfm de torque. Titanium é o painel, que en- auxiliares de manutenção
O Equator (ou novo Terri- globa o quadro de instru- em faixa e de ponto cego,
tory) pode ser vendido com mentos de 12 polegadas e a sensores de estacionamen-
cinco ou sete lugares e duas central multimídia com tela to dianteiro e traseiro, câ-
medidas diferentes, obvia- na mesma medida e integra- mera de ré e câmera frontal.
02 O GLOBO Classificados
s Sábado 20.05.2023 O GLOBO 03
04 O GLOBO Classificados Sábado 20.05.2023
Sábado 20.05.2023 Classificados O GLOBO 05
06 O GLOBO Classificados
s Sábado 20.05.2023 O GLOBO 07
08 O GLOBO Classificados Sábado 20.05.2023
Sábado 20.05.2023 Classificados O GLOBO 09
10 O GLOBO Classificados Sábado 20.05.2023
Sábado 20.05.2023 Classificados O GLOBO 11
12 O GLOBO Classificados Sábado 20.05.2023
 OGLOBO | Sábado 20 .5.2023

ZONA SUL
oglobo.com.br

MOTIVOS
DE FESTA
Botafogo Praia
Shopping terá
fachada de
vidro e realiza
evento para
celebrar
aniversário
do bairro
FALA, ZONA SUL!
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

Fala, Zona Sul!

As cartas encaminha-
das aos Jornais de
Bairro (Rua Marquês
de Pombal 25,
4º andar - CEP 20230-
240 e falazsul@oglo-
bo.com.br) devem ser
assinadas e, assim
como os e-mails,
conter nome comple-
to, endereço e telefo-
ne do remetente.
Quando o texto não
for suficientemente
P 14 E P15 P22 E P23
conciso, serão publi-
cados os trechos mais NETA DO ESCRITOR DIAS GOMES, NOS 35 ANOS DA CASA DE CULTURA LAURA ALVIM,
relevantes. TATIANA LANÇA PRIMEIRO EP AUTORAL FERNANDA MONTENEGRO REVISITA MEMÓRIAS

oglobo.com.br/rio/bairros Capa: Projeto da nova

fachada do Botafogo
O GLOBO - BOTAFOGO, CATETE, COPACABANA, COSME VELHO, FLAMENGO, GÁVEA, GLÓRIA, HUMAITÁ, IPANEMA, JARDIM BOTÂNICO, LAGOA, LARANJEIRAS, LEBLON, LEME, SANTA TERESA E URCA. Praia Shopping.
Editor: Milton Calmon Filho (miltonc@oglobo.com.br).Editora assistente e edição on-line: Lilian Fernandes (lilian@oglobo.com.br).Diagramação: Ligia Lourenço. IMAGEM DE
Telefones: Redação: 2534-5000, r. 5265. Publicidade: 2534-4355. Faturamento: 2534-5484. Crédito: 2534-5860. Endereço: Rua Marquês de Pombal 25,4º andar - CEP 20230-240. E-mail: falazsul@oglobo.com.br DIVULGAÇÃO
LAZER / CONSERVAÇÃO
Parques, praças e pista
de skate são revitalizados
Áreas de diferentes bairros da Zona Sul ganham melhorias
PRISCILLA LITWAK
priscilla.aguiar@oglobo.com.br
-
Lsó azer e convivência ao ar
livre e de graça. Estas são
algumas das vantagens
dos parques e praças, cam-
peões em pedidos de refor-
ma por parte dos moradores
da região. A informação é da
subprefeitura da Zona Sul,
que no momento coordena
a revitalização de vários
desses espaços. Entre os be-
neficiados estão Baixo Be-
bê, na Lagoa; Cardosão; em
Laranjeiras; e as praças An-
tero de Quental, no Leblon;
São Salvador, no Flamengo;
e Corumbá e Nelson Man-
dela, ambas em Botafogo.
Ainda no bairro, a lista con-
templa a pista de skate Bowl
Rio Sul, que será reinaugu-
rada hoje com um campeo-
nato de skate.
O subprefeito da Zona
Sul, Flávio Valle, explica
que, além da ações exclusi-
vas da prefeitura para refor-
ma e conservação dessas
áreas, estão sendo desen-
volvidas parcerias com a vi-
zinhança e com a iniciativa
privada. É o caso da pista de
skate Bowl Rio Sul, uma
colaboração com o shop-
ping de Botafogo.
—A ideia é que juntos pos-
Obra. O Baixo Bebê, na Lagoa, vai ganhar novos brinquedos e grama
samos cuidar desses espa-
ços. O nosso maior objetivo
é revitalizar e manter as pra-
ças conservadas, atendendo
à efetiva demanda de lazer
—diz o subprefeito.
Ele acrescenta que nos últi-
mos anos essas áreas vêm so-
frendo com crescentes atos
DIVULGAÇÃO
de vandalismo e depredação
do patrimônio público.
— A parceria com fre-
quentadores e a iniciativa
privada tem se mostrado
um mecanismo eficiente na
fiscalização e para os cuida-
dos permanentes com estes
espaços —avalia Valle.
LAZER / CONSERVAÇÃO
Todos em prol
do bem público
Frequentadores auxiliam nas reformas
400,00 até
Cardosão. Até junho, espaço em Laranjeiras será todo revitalizado: parquinho, quadra e academias renovados
A lém da parceria feita na
reforma da pista de
skate Bowl Rio Sul, a pre-
feitura está realizando
uma série de intervenções
no entorno. Como lava-
gem hidráulica, capina,
pintura e conserto de mo-
biliários e ainda pintura e
limpeza do monumento a
Simón Bolívar.
Avaliação por Agendamento Também em Botafogo, o
município iniciou, esta
semana, melhorias estru-
turais na Praça Corumbá,
que no último mês ga-
nhou a reforma do parqui-
nho infantil. Entre as
ações, a revitalização de
todo o calçamento e das
golas dos canteiros, além
da viabilização do conser-
to do mobiliário (mesas e
cadeiras). Também está
prevista a substituição do
saibro da praça por um
mais novo. Na mesma área
da Praça Corumbá, está
sendo estudada a viabilida-
de de aos domingos a Rua
Barão de Macaúbas ser fe-
chada para funcionar co-
mo área de lazer para os
moradores do entorno.
Também no bairro, a
Praça Nelson Mandela es-
tá em obras. A reforma
prevê a troca de todo o
mobiliário, além da revi-
talização do parquinho
infantil, que deve aconte-
cer no mês de julho.
Na Lagoa, a subprefei-
tura deu início, esta se-
mana, à revitalização do
Baixo Bebê. Antes de co-
meçar as obras, porém, o
órgão ouviu frequenta-
dores do espaço para
atender às suas deman-
das. A administradora de
empresas Ana Carolina
Rocha, de 39 anos, mãe
de Mariana, de 9 anos, e
de Beatriz, de 1 ano, res-
salta a importância do di-
álogo entre o poder pú-
blico e a sociedade civil:
—Sempre morei no en-
torno da Lagoa e frequento
o Baixo Bebê, mas essa foi a
primeira vez que fizeram
contato com os frequenta-
dores para saber de que
precisávamos, e isso é su-
perimportante. Consegui-
mos, por exemplo, garantir
que a reforma contemple o
fechamento do parquinho
infantil com um portão, o
que vai trazer mais segu-
rança para as crianças e pa-
ra os acompanhantes —
pondera.
Além de dois portões pa-
ra fechamento do espaço, o
local vai receber novos
brinquedos na área de sai-
bro, novos módulos de eu-
calipto, reforma do piso e
colocação de grama sinté-
tica na área de convivên-
cia, assim como troca do
mobiliário de madeira.
Outro espaço que já co-
meçou a receber melhori-
as é o Cardosão, em Laran-
jeiras. A obra contempla a
quadra (incluindo o telha-
do), revitalização da área
de lazer, academia da ter-
ceira idade, academia ao ar
livre, banheiros e parqui-
nho infantil. Um parcão
também está previsto para
o local. A previsão de en-
trega é na primeira quinze-
na de junho.
Vizinho do Cardosão e
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
Mãos à obra. pai de três crianças, Leo-
Homens da nardo Guanaes Donato, de
Comlurb 40 anos, também é profes-
trabalham na sor de jiu-jítsu e desenvol-
reforma do ve na quadra do espaço um
Baixo Bebê, projeto social com aulas
que, entre gratuitas da modalidade.
outras —Essa reforma é primor-
melhorias, dial. Alguns alunos vão lutar
ganhará novos a Copa do Brasil em julho, e
piso e a nova academia chegou pa-
mobiliário ra somar. Além das aulas,
utilizo o espaço com toda a
família. Minha filha de 9
anos não vê a hora de poder
brincar no novo parquinho
—diz Donato.
Nos próximos dias, a Pra-
ça Antero de Quental, no
Leblon, será mais uma área
pública que passará pelo
processo de revitalização e
modernização. Por meio
ZONA SUL OGLOBO 5
Sábado 20.5.2023
de uma parceria com o res-
taurante San, adotante da
praça, o parquinho ganha-
rá novos brinquedos, o par-
cão será reformado e novos
bicicletários serão instala-
dos. E para celebrar a Se-
mana do Meio Ambiente,
em junho, os canteiros ga-
nharão novas mudas e ou-
tro projeto paisagístico.
Em junho também será a
vez da reforma da Praça
São Salvador, no Flamen-
go. A área de lazer terá revi-
talização dos brinquedos,
lavagem da estrutura dos
tijolinhos, recuperação do
pergolado, substituição de
mesas de concreto e refor-
ma nos bancos de madeira,
além de paisagismo em to-
da a sua extensão.
CULTURA / EDUCAÇÃO FOTOS DE DIVULGAÇÃO

Arte e literatura nas

escolas municipais
Projeto beneficia nove unidades de ensino na região

NATÁLIA BOERE tores de oficinas de artes

natalia.boere@oglobo.com.br
plásticas, artes cênicas e
-
música. As atividades vão

Q uem conta um conto

aumenta um ponto. E
foi para contar vários con-
tos e aumentar a presença
do lúdico nas escolas mu-
nicipais que a organização
da sociedade civil Parcei-
ros da Educação Rio criou
o projeto de arte e literatu-
ra Lá Vem História. A lar-
gada da iniciativa foi dada
esta semana, quando nove
unidades públicas de ensi-
no da região passaram a re-
ceber semanalmente me-
diadores de leitura e moni-
até novembro deste ano.
—É um sonho levar cul-
tura e atividades artísticas
para dentro das escolas pú-
blicas, já que os alunos têm
tão pouco acesso à cultura.
Queremos que eles vivam
a experiência do fazer ar-
tístico, da leitura. E fertili-
zar a imaginação das crian-
ças, algo fundamental para
elas aprenderem qualquer
área do conhecimento e
para que atuem na socieda-
de de forma mais criativa,
como protagonistas, res-
Passaporte para o mundo. Alunos da Escola Municipal México, em Botafogo, em atividade de mediação de leitura
peitando as diferença e
umas às outras — afirma
Leda Fonseca, coordena-
dora pedagógica da Parcei-
ros da Educação Rio e idea-
lizadora do projeto.
Na Zona Sul, foram con-
templadas as escolas Presi-
dente Agostinho Neto, no
Humaitá; Dom Aquino Cor-
rêa e Doutor Cícero Penna,
em Copacabana; Anne
Frank, em Laranjeiras; Julio
de Castilhos, na Gávea; Mé-
xico, em Botafogo; Pedro
Ernesto, na Lagoa; Shakes-
peare, no Jardim Botânico; e
Lúcia Miguel Pereira, em
São Conrado.
Diretora da Pedro Ernes-
to, Elizabeth Pereira conta
que os alunos do 1º, 2º e 3º
anos do ensino fundamen-
tal estão recebendo ofici-
nas semanais de música. E
os do 4º e do 5º ano, ofici-
nas de artes plásticas.
—Eles adoraram. O legal
é que a música ajuda muito
na alfabetização, a acompa-

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anavalpacos.interiores@gmail.com /anavalpacosinteriores @valpacosinteriores

nhar melhor a leitura. O
marcar o compasso, o parar
e o respirar colaboram mui-
to com esse processo. E as
aulas de artes plásticas agre-
gam na criatividade, na lei-
tura do mundo, ajudam a
botar o pensamento deles
no papel —diz Elizabeth.
Aluna do 2º ano do Pedro
Ernesto, Olívia Lopes Lion
Rocha, de 7 anos, ficou en-
cantada com a castanhola
na aula de percussão.
— Era um instrumento
que não sabia tocar e apren-
di. Foi bem legal, gostei
muito —afirma.
O projeto também levará
espetáculos para as institui-
ções de ensino, como o Tape-
tes Contadores de Histórias,
que em 2023 celebra 25 anos
FERIADO
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ZONA SUL OGLOBO 7
Sábado 20.5.2023
dedicados à arte de contar
histórias. Com seus tapetes
tridimensionais, pergami-
nhos bordados, livros de pa-
no e painéis feitos à mão, o
grupo vai compartilhar seus
contos nas escolas até junho.
Os alunos terão contato com
diferentes textos literários e
aprenderão a analisar ele-
mentos simbólicos, jogos de
linguagem e as conexões en-
tre escola e comunidade.
O musicial “Yeté”, que sig-
nifica água da chuva em gua-
rani, do músico Paulo Bi em
duo com o percussionista
Léo Cortez, será outro a
aportar nas instituições. O
show mistura ludicidade,
humor e diversidade, com
músicas autorais, folclóricas
Tocando em frente. Alunos na oficina de música na Escola Municipal Pedro Ernesto, na Lagoa e do cancioneiro popular.
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CAPA / NOVIDADES

FOTOS DE DIVULGAÇÃO
Paisagem deslumbrante. A partir de agosto, lojas e restaurantes da parte da frente do shopping, entre o 3° e o 7° andar, também terão ampla vista para patrimônios da cidade

Um novo mirante para

cartões-postais do Rio
Botafogo Praia Shopping anuncia abertura de toda a sua
fachada frontal com vista para o Pão de Açúcar e festeja
aniversário do bairro com Circuito Gastronômico e atrações
JACQUELINE COSTA jac@oglobo.com.br Shows. Alulu (foto), Natália Boere e Roda de Ska estão no roteiro

N
ovos ângulos
para registrar
fotos com o
Pão de Açúcar
e a Baía de
Guanabara ao fundo? É
exatamente isso que o Bo-
tafogo Praia Shopping vai
proporcionar a cariocas e
turistas com o novo proje-
to de abertura de toda a sua
fachada frontal. O anúncio
foi feito no mês em que o
bairro em que o empreen-
dimento está localizado
completa 214 anos de exis-
tência (o aniversário foi no
último dia 13). As obras já
começaram, e a previsão é
que a reforma, que custará
R$ 7,5 milhões, esteja con-
cluída até agosto deste ano.
Serão necessárias 45 to-
neladas de um vidro especi-
al para a empreitada, que
faz parte de uma série de in-
vestimentos que o shop-
ping vem realizando desde
2022 para tornar a experi-
ência do cliente ainda mais
completa, como explica Ce-
cília Ligiéro, superinten-
dente do empreendimento.
—O Botafogo Praia Shop-
ping vive um novo momen-
to, com muitas novidades, e a
abertura da fachada é o prin-
cipal marco dessa nova fase.
O carioca valoriza espaços
abertos e a conexão direta
com a natureza. O novo mi-
rante será um presente para a
cidade e para os frequentado-
res do shopping. Lojas e res-
taurantes localizados na par-
te da frente do empreendi-
mento, entre o 3° e o 7° andar,
terão uma perspectiva dife-
renciada, com 100% da vista
descortinada, e passarão a
oferecer uma nova experiên-
cia —explica Cecília.
A superintendente do Bo-
tafogo Praia Shopping expli-
ca que as novidades não pa-
ram por aí. No total, aproxi-
madamente R$ 42 milhões
estão sendo destinados a
melhorias de equipamen-
tos, como elevadores e esca-
das, reforma dos banheiros,
revitalização de áreas co-
muns e investimentos na
operação, abrindo espaço
para novas marcas.
—Mais do que um lugar de
compras, o empreendimen-
to quer se transformar em
um espaço de convivência
para moradores de todo o
Rio, principalmente para os
do bairro —diz Cecília.
Como mais um presente
para moradores e frequen-
tadores, o shopping promo-
verá a Botafogo Week, uma
realização do GLOBO-Zo-
na Sul. O evento, gratuito,
terá uma semana de dura-
ção, de 21 a 28 de maio, com
 ZONA SUL OGLOBO 9
Sábado 20.5.2023

diversas atrações culturais, Já entre os dias 26 e 28 No mesmo fim de sema-

gastronômicas, de lazer e de
consumo, com convidados
que têm representatividade
no bairro, valorizando o que
Botafogo oferece de me-
lhor: boa música, gastrono-
mia variada e artistas.
A Botafogo Week começa
amanhã, com o Circuito
Gastronômico, que vai até
domingo que vem, dia 28.
Durante uma semana, todos
os bares e restaurantes do
shopping vão oferecer com-
bos de pratos com preços es-
peciais no almoço e no jan-
tar, com opções a R$ 69 e R$
89. São eles: Mamma Jam-
ma, Hatch, Brewteco, Out-
back, Almmar, Bibi Sucos,
Empório do Galeto, Amélie
Crêperie e Ogro Steaks.
(sexta a domingo que vem)
acontecerá um evento no
estacionamento do shop-
ping (8º andar) com pocket
shows, barraquinhas de co-
mida, bebida, moda e deco-
ração e atividade infantil.
Marcas de gastronomia, co-
mo Vegan Vegan (de culiná-
ria vegana), Encarnado
Burguer, Cumbuca, Dos
Perros Tacos, Marchezi-
nho, Gato Café, Leve Briga-
deria Natural, Lemô Arte-
sanal, Hocus Pocus e Botte-
ga Gastrobar; e de moda e
decoração, como Bem Bra-
sil Regional, Lucia Lombar-
di Cerâmicas, Florescendo,
Daniela Hamond e Gueth
Manley já confirmaram
Terraço Botafogo. Cecília Ligiéro, superintendente do shopping presença.
na, a programação também
inclui apresentação de DJs e
três pocket shows, às 18h. A
cantora e compositora Na-
tália Boere será a atração na
sexta. No sábado, a cantora
Alulu é quem vai subir ao
palco. No domingo, a turma
da Roda de Ska promete
animar a galera. Para os pe-
quenos, de sexta que vem a
domingo, das 15h às 18h,
haverá brincadeiras com
grafite, manifestação artís-
tica de rua comum em Bota-
fogo, com a participação do
Z.O.U.P.
Apesar de a entrada ser
gratuita, é necessário bai-
xar o aplicativo do shop-
ping para ter acesso ao in-
gresso do evento.

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CAPA / NOVIDADES

Delícias em
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

combos especiais
Na Botafogo Week, pratos a R$ 69 e R$ 89

N ão é só a vista para o car-

tão-postal que tem pro-
movido mudanças no Bo-
Jamma e Hatch. De ama-
nhã ao próximo domingo,
será oferecido um circuito
tafogo Praia Shopping. O gastronômico, batizado de
cenário gastronômico do Botafogo Week, em que os
empreendimento também frequentadores poderão
tem se transformado bas- provar delícias em combos
tante com a chegada de no- especiais a R$ 69 ou R$ 89
vos bares e restaurantes, (preços exclusivos das fi-
como Brewteco, Mamma liais localizadas no shop-

Amélie Crêperie. O Saint Amour é um risoto de açafrão com picadinho de mignon

ping). Participam Amé-

PARADISE, NOVO lie Crêperie, Ogro Ste-
aks, Bibi Sucos, Outback,
LANÇAMENTO DA PHONAK. Hatch, Mamma Jamma,
Empório do Galeto, Alm-
mar e Brewteco.
No Hatch, o menu que
sai a R$ 69 é composto
Phonak Paradise por oshizushi de barriga
de salmão (sushi prensa-
do de barriga de salmão,
selado no azeite trufado)
mais yakimeshi de cama-
Garantia e descontos variam de acordo com a categoria do aparelho

App MyPhonak rão (arroz preparado na

Conectividade chapa com legumes e ca-
marão). Por R$ 89, o me-
Recarregável
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DAS PRÓTESES R$ 69 é formada por
spaghetti alla carbonara
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www.somvital.com.br Brewteco, o combo de
R$ 69 inclui bolinho de
2285-4234 / 3826-6589 arroz, picadinho e briga-
98153-4149 deiro de colher.
No Empório do Galeto,
Rua Dois de Dezembro, 78/711 - Lgo. do Machado
salada Caesar, maminha Bibi. A panquequinha brûlée é a sobremesa dos dois menus da casa

DIVULGAÇÃO/LUIZA CHATAIGNIER
maturada na brasa com
legumes e batatas rústi-
cas e pudim saem a R$ 69.
A outra opção é o mix de
linguiça de churrasco e
queijo coalho fatiados
mais chorizo angus com
purê de batatas caseiro e
arroz biro-biro. De sobre-
mesa, minicartola. Tudo
isso a R$ 89.
No Outback, a alternati-
va que custa R$ 69 é steak-
house pasta mais sopa ou
salada como entrada. Por
R$ 89, o combo é formado
por Jr Ribs mais sopa ou sa-
lada. As duas opções têm
como sobremesa o Cake
Aussie Way.
No Almmar, o combo de
R$ 89 é: rigatone ao pesto
Mamma Jamma. Spaghetti alla carbonara no menu da Botafogo Week com camarões, chá gela-
do, brownie (ao leite, pis-
tache ou amêndoas) e café
(expresso ou coado).
No Ogro Steaks será
oferecido, por R$ 69, o
McManis (180g do blend
do ogro, american chee-
se, cebola caramelizada
e maionese artesanal de
alhos confitados). Tudo
isso em pão pretzel. Ba-
tatas fritas e pudim com-
pletam o combo.
A Amélie Crêperie vai
oferecer, por R$ 69, pera
confit com mel e gorgon-
zola mais Saint Amour,
um risoto de açafrão com
picadinho de mignon ao
molho de alecrim. Outra
opção da casa é o arroz
caldoso de pato, linguiça
artesanal, tomate confit
ZONA SUL OGLOBO 11
Sábado 20.5.2023
e minicebolas mais crepe
de creme pâtisserie com
coco ralado e caramelo de
laranja, acompanhado de
sorvete de nata.
No Bibi, o filé de frango
grelhado com arroz de
brócolis, legumes na cha-
ma e molho mediterrâ-
neo terá como sobremesa
uma panquequinha brû-
lée de doce de leite (com
sorvete de creme e calda
de chocolate). Tudo por
R$ 69. A segunda opção é
o arroz de camarão (ca-
marões puxados com
alho-poró e um mix de
temperos e especiarias da
casa), que também ganha
a companhia da panque-
quinha brûlée como so-
bremesa, por R$ 89.
 10 ANOS
DE GRANDES
ENCONTROS

VAMOS, São 10 anos de sucesso,

muitos brindes e
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e loja de vinhos
MÚSICA / ‘ROMANCE’
Neta de Dias Gomes
lança primeiro EP autoral
Tatiana diz que o avô e a avó, Janete Clair, inspiraram sua carreira
NATÁLIA BOERE
natalia.boere@oglobo.com.br
-
A s mãos que seguravam
firme a netinha na foto aí
ao lado são as mesmas que
escreveram grandes clássi-
cos da literatura (e da tele-
dramaturgia) brasileira, co-
mo “O pagador de promes-
sas” e “O santo inquérito”. A
preocupação de Dias Gomes
com as minorias era o que
mais chamava a atenção de
Tatiana Dias Gomes, sensí-
vel como o avô. E também
como a avó, a escritora e no-
velista Janete Clair, que não
chegou a conhecer — mas
de quem herdou as feições e
ojeito de falar e de ser, “tími-
do e carinhoso”. A cantora e
compositora acaba de lançar
seu primeiro EP autoral,
“Romance”, disponível nas
plataformas digitais.
—Os dois, da sua forma,
me influenciaram e me
ajudaram a identificar o
que quero para a minha vi-
da: tocar o coração das pes-
soas, acrescentar alguma
coisa no mundo, com com
amor, empatia, respeito —
diz a moradora da Lagoa,
que também é psicóloga.
O disco foi masterizado
no icônico Abbey Road Stu-
dios, em Londres. A produ-
ção musical é do pai de Tati-
ana, o renomado baterista
Alfredo Dias Gomes, que
também assumiu as baque-
tas. Participaram ainda da
gravação os craques Jeffer-
son Lescowich (baixo), Jes-
sé Sadoc (trompete) e Yuval
Ben Lior (guitarra).
— Tatiana sempre disse
que queria ser cantora, des-
de criança. Lembro dela pe-
ARQUIVO PESSOAL
“Lembrança boa”. Tatiana na infância com o avô, Dias Gomes
quena dormindo no estúdio
ao som da bateria, enquanto
eu ensaiava com os Heróis
da Resistência, Lulu Santos,
Ivan Lins. Ela é brilhante,
sou o maior fã —diz o pai.
Alfredo é autor das cinco
faixas do EP, duas delas em
parceria com a filha, autora
das letras de “Ver o mar” e de
“Essa canção”.
—Quando ouvi a melodia
de “Ver o mar”, imaginei toda
uma história de um casal se
conhecendo na praia; rapidi-
nho fiz a letra —conta Tatia-
na, que se diverte ao ser per-
guntada se incorporou Jane-
te Clair. —Ela levou muito
amor para as pessoas, e isso,
para mim, sempre foi uma
referência muito importan-
te. Não tenho essa pretensão
(risos), mas sou romântica,
adoro histórias de amor e
gosto muito do mar.
Aartista de 37 anos partici-
pou, na infância, ao lado de
nomes como Ivan Lins e Rit-

chie, da trilha do espetáculo
“El toreador”, adaptação de
uma obra de sua avó feita por
sua mãe, a atriz Neuza Cari-
bé. Na faculdade, entre 2006
e 2007, cantou nos shows do
violonista, compositor e di-
retor musical Jorge Simas em
casas como o extinto Mistura
Fina, em Ipanema, e o Teatro
Municipal Paulo Gracindo,
em Petrópolis.
Em 2012, fez seu primei-
ro show solo, e três anos de-
pois estreou nas platafor-
mas digitais com o single
“Dançando na lua”, com-
posto em parceria com Da-
niel Mendonça e Sérgio Na-
ciffe. Com o pai, lançou em
2019 o EP “Tributo para Mi-
chael”, com releituras de
clássicos do rei do pop como
VIDRAÇARIA E ESQUADRIAS
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ZONA SUL OGLOBO 15
Sábado 20.5.2023
DIVULGAÇÃO
“Black or white”, The girl is
mine” e “Ben”.
Tatiana, que se organiza
para fazer um show de lan-
çamento do disco, lembra
com carinho que a carreira
foi abençoada pelo avô na
adolescência, pouco antes
de ele morrer em um aci-
dente de carro, em 1999.
— Tinha gravado umas
músicas cover com o meu pai
elevamos para meu avô ouvir
num walkman, no aniversá-
rio de uma tia. Ele ficou tão
animado que mostrou para
todos os convidados: “Olha
minha neta cantando”. Fi-
quei toda boba por ele ter
gostado. Foi uma lembrança
boa, uma forma de despedi-
da —diz ela, que é irmã da es-
Solar. A artista acaba de lançar “Romance”, seu primeiro EP autoral, produzido pelo pai, Alfredo Dias Gomes critora Renata Dias Gomes.
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GASTRONOMIA
ÁGUA NA BOCA
Festival
de sabores
PRISCILLA LITWAK
priscilla.aguiar@oglobo.com.br
-
O s fãs de boa gastrono-
mia podem comemo-
rar. Vai começar mais um
Rio Restaurant Week. A
25ª edição do evento será
realizada entre a próxima
quinta-feira e 25 de junho
e contará com mais de 40
estabelecimentos da Zo-
na Sul. Desta vez, o festi-
val apresenta o tema “He-
ranças gastronômicas:
resgates, histórias e raízes
da cozinha brasileira”.
Esta edição segue o pa-
drão de preços fixos para
cada menu. São quatro ca-
DIVULGAÇÃO
Don Camillo.
Como prato principal
no menu premium,
o restaurante
(@doncamillo.oficial)
de Copacabana
oferece o linguine
com polvo e
mozarela de búfala.
É preparado com
massa com polvo
tegorias. Na tradicional, o
almoço custa R$ 54,90; e o
jantar, R$ 69,90. Na plus,
ao molho de tomate
e ervas
DIVULGAÇÃO
R$ 68,90 e R$ 78,90, res-
pectivamente. Na pre-
mium, o almoço sai a R$ 89;
e o jantar, a R$ 109. Os pre-
ços são R$ 109 e R$ 149 na
diamond. Os valores não L’Entrecôte Gávea.
incluem bebidas, cou- No restaurante
vert e o serviço. (@lentrecotedeparis),
Os restaurantes ofere- o famoso prato
cem duas opções de cada Entrecôte 150g, com
item, para que o freguês es- molho secreto e fritas
colha a de sua preferência. à vontade, estará
Confira sugestões de car- disponível na
dápios de casas da região. categoria plus

Zazá Bistrô Tropical. O Delli & Thai é um dos
pratos escolhidos pela casa de Ipanema
(@zazabistro) para participar do festival,
na categoria premium. É feito com sagu com leites
de coco e aveia, coco queimado e cubos de manga
Tragga Humaitá. No menu
premium, a Bavoroise, torta musse
de coco com calda de maracujá,
é uma das apostas da casa
(@restaurantetragga)
ZONA SUL OGLOBO 17
Sábado 20.5.2023
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
Maguje. No Jardim Botânico,
o restaurante (@maguje.rio) serve,
no menu diamond, a costela bovina
prensada com tagliatelle na manteiga
de ervas e queijo coalho tostado
GASTRONOMIA / ÁGUA NA BOCA
DIVULGAÇÃO/EDUARDO DUARTE
Parla!.
O linguine
com polpeta
(almôndegas
da casa
com molho
pomodoro)
é uma das
opções de prato
principal do
restaurante
italiano,
localizado em
Copacabana.
Disponível no
menu plus.
Tel.: 3439-9188

FOTOS DE DIVULGAÇÃO
BistrOgro.
No menu
tradicional, a
minicheesecake
bagunçada
do Ogro, com
coulis de
morango e
crumble de
bacon, é uma
das escolhas
do espaço
(@bistrogro.rio),
localizado em
Botafogo

Pato com
Laranja.
A sobremesa
Texturas de
Chocolate &
Pistache é uma
das sugestões
do restaurante
(@patocom
laranja),
em Ipanema.
Disponível no
menu premium
 Cortinas e
persianas
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As cortinas e persianas automatizadas
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 CULTURA / PROGRAMAÇÃO

Fernanda Montenegro faz

homenagem a Laura Alvim
Em Ipanema, atriz vai relembrar histórias inéditas vividas com a amiga

As ofertas anunciadas nesta página ficarão disponíveis

ao longo da semana. Fique ligado em: clubeoglobo.com.br FOTOS DE DIVULGAÇÃO/CONSTELAR

DIVULGAÇÃO

BISTRÔ, EMPÓRIO E BAR

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moso Lulu, em Botafogo, de segun- 20%
da a sexta, do meio-dia às 17h, ex- desconto
ceto feriados. A oferta não inclui bebidas e
itens da loja. Confira mais detalhes on-line.
DIVULGAÇÃO
Projeto. Fernanda Montenegro com as atrizes das performances teatrais de “35 anos de Laura”
PRISCILLA LITWAK gramação festiva e gratuita co com histórias inéditas da
TOMAS RANGEL/DIVULGAÇÃO
priscilla.aguiar@oglobo.com.br
de mesmo nome, e que na época em que conviveu com
-
próxima segunda-feira, às Laura Alvim, que tinha o so-

N os idos de 1950, ainda no

início de carreira, muito
antes de ganhar os holofo-
tes, Fernanda Montenegro
costumava frequentar um
palco bem mais intimista.
Montado na residência de
HAMBÚRGUER DELÍCIAS Laura Alvim, na Avenida Vi-
TRADICIONAL ITALIANA eira Souto, o tablado era fre-
quentado também por ou-
Peça on-line na CTC Aproveite 15% OFF no tros grandes nomes da arte,
com 15% OFF em san- combo de Pizza Al Ta- como Bibi Ferreira e Tônia
duíches, acompanha- glio, Gelato e Café Ita- Carrero. Nele, Fernanda en-
mentos, sobremesas e liano na Vero Gelato cenou uma peça, que foi mo-
bebidas. Saiba mais de- Pizza e Café. Saiba tivo de inspiração para uma
talhes em nosso site. mais em nosso site. caricatura da atriz feita por
Lan e em exposição na mos-
tra inédita “35 anos de Lau-
ACESSE E CONFIRA! ra”, no próprio casarão, que
Escolha o modo “Foto” e posicione a desde 1986 é a sede da casa
câmera de modo a captar o código. de cultura em Ipanema. O
Feito isso, a câmera mostrará no topo desenho retrata ainda Ítalo
da tela a opção para abrir o link.
Rossi e Walmor Chagas.
A agenda faz parte da pro-
19h, contará com uma ho-
menagem de Fernanda à
amiga Laura. A grande da-
ma da dramaturgia brasilei-
ra vai relembrar algumas
das histórias, como os me-
moráveis saraus que as duas
protagonizaram juntas.
—Conheci Laura na épo-
ca em que ela abriu sua pró-
pria residência para receber
os artistas. Foi quando eu
me contatei com ela, e ela e
com a gente. Ela descia do
quarto e, muito delicada e
elegante, se sentava à la Gre-
ta Garbo para nos ver. Ela ti-
nha o tempo dela e era subli-
me, uma pessoa extraordi-
nária —conta Fernanda.
Tatianna Trinxet, diretora
da Constelar, idealizadora
do projeto, adianta que a
atriz vai presentear o públi-
nho de transformar sua casa
num centro cultural.
—Após visitar a exposição,
que conta também com per-
formances teatrais, do pro-
jeto “35 anos de Laura”, Fer-
nanda aceitou gentilmente
nosso convite para essa noi-
te histórica em homenagem
a Laura Alvim, abrindo mão
do seu cachê. Estas histórias
serão contadas ao público
pela primeira vez e pela pró-
pria Fernanda. É uma honra,
uma imensa alegria e um
privilégio para todos nós
contar com a presença dela
no nosso projeto, feito com
carinho e dedicação para re-
tratar a vida desta mulher à
frente do seu tempo e apai-
xonada pelo mundo das ar-
tes —frisa Tatiana.
A programação conta ain-

da com a participação de Eli-
ana Caruso e Sérgio Pereira,
na palestra “O início de tu-
do: a Constelar convida
grandes nomes que acompa-
nharam Laura Alvim na
construção de seu maior so-
nho, transformar sua casa
num centro cultural”.
Antes, às 16h, o público po-
derá conferir “Direção e atu-
ação, a partir do processo de
construção das performan-
ces ‘Fragmentos de Laura’”.
Os convidados são o diretor
Daniel Herz e as atrizes Carol
Santaroni, Deise Manttua-
no, Raabe Roque, Roberta
Brisson e Verônica Reis.
Maçanetas de Murano
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permanente
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novidade do projeto “35 anos
de Laura”, que após oito me-
ses em cartaz, no casarão, re-
cebeu oito mil pessoas e fina-
liza a temporada domingo
que vem. Na próxima segun-
da-feira, o público também
terá acesso à exposição “35
anos de Laura”, que abre às
15h, e poderá conferir as per-
formances “Fragmentos de
Laura”, que serão encenadas
das 15h às 16h e das 17h às
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A gora é para valer: a 41ª

edição do Intercolegial
começou neste fim de se-
mana, com 26 escolas cor-
rendo atrás da bola nas dis-
putas de futsal em quatro
modalidades: sub-15 e
sub-18, ambas no feminino
e masculino. Para todas as
disputas, os alunos não po-
dem ser federados, ou seja,
fazerem parte do registro
oficial do esporte para dis-
putarem competições pro-
fissionais. Mas isso não im-
pede que os estudantes se-
jam destaques em modali-
dades parecidas. É o caso da
aluna Sarah Alvim, que ape-
nas aos 13 anos já treina co-
mo gente grande no futebol
de campo, onde é goleira da Paredão. Sarah Alvim, de 13 anos, joga futebol de campo no Flamengo e foi campeã do sub-13 do futsal do Intercolegial no ano passado pela Rede Elite
equipe sub-17 do Flamengo.
A rotina é pesada: de se- campeã. Sarah acredita que ga de Desenvolvimento do Mesmo com pouca ida- ra, mas também queria jo-
gunda a sexta, Sarah acorda a tarefa não será fácil: Futebol. A competição foi de, Sarah tem planos para o gar pela seleção brasileira.
às 6h, sai de casa no bairro de —Este ano a competição criada pela CBF para fo- futuro: jogar fora do Brasil. As disputas do futsal se es-
Irajá, na Zona Norte, e vai vai ser mais difícil. Estamos mentar a modalidade, e Sa- Ela conta que gostaria de tendem até o dia 10 de ju-
até a Penha para treinar pelo com expectativas de ga- rah afirma que o torneio, atuar pelo Orlando Pride- nho, data marcada para as fi-
Flamengo a partir das 7h. nhar, mas o Loide Martha que contou também com EUA, equipe onde joga nais das categorias. No
Ela termina o treinamento também tem uma equipe times de base do Corinthi- Marta. Mas apesar de ter a sub-18 feminino, quem de-
ao meio-dia, e de lá vai para muito boa. ans, Ferroviária-SP e Inter- brasileira como referên- fende o título é o Odete Sam-
escola, a Rede Elite de Ensi- nacional (RS), foi uma ex- cia, sua maior inspiração é paio, enquanto Percepção e
no, na unidade da Penha, on- SONHO COM OS ESTADOS UNIDOS periência importante. a holandesa Sari van Vee- João Paulo I são os atuais
de estuda das 13h às 19h, Aos 13 anos, ela já é experi- —Foi a primeira vez que nendaal, goleira e capitã da campeões do sub-15 e do
chegando em casa por volta ente em disputas: foi cam- eu senti mesmo que estava seleção campeã da Euro fe- sub-18 entre os meninos.
de 19h30. Aos sábados, ela peã da Taça Guanabara e vi- jogando no Flamengo. An- minina em 2017: A 41ª edição do Interco-
treina com a escola para o In- ce-campeã do Carioca pelo tes, eu tinha um pouco de — Eu não tenho muito legial tem realização do
tercolegial. A equipe tem sub-17 do Flamengo no ano medo de jogar, mas ganhei tempo de ver os jogos, mas jornal O GLOBO, apresen-
uma grande responsabilida- passado. Este ano, dispu- mais confiança. Agora es- a acompanho pelo Insta- tação do Sesc-RJ e patrocí-
de este ano como a atual tou com o time sub-14 a Li- tou mais tranquila — diz. gram. Eu quero jogar lá fo- nio da Enel.
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Corpo de Bombeiros 190
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há 28 anos na Tijuca e que
lança seu terceiro álbum
CULTURA / MÚSICA
Maíra Freitas lança novo
álbum com show grátis
Filha de Martinho da Vila se apresenta hoje, às 17h, no Méier
REGIANE JESUS
regiane.jesus@oglobo.com.br
-
S ob a luz da Lua nova,
Maíra Freitas lança ho-
je, às 17h, no Jardim do
Méier, o seu primeiro ál-
bum com a banda Jazz das
Minas. No palco montado
a céu aberto, a cantora,
compositora, pianista e fi-
lha de Martinho da Vila
apresenta, acompanhada
de oito musicistas, as 13
canções inéditas de “Ayé
òrun”, trabalho autoral que
tem o feminino como mar-
ca registrada. O show gra-
tuito é um espelho do dis-
co, que tem as relações de
afeto e a maternagem co-
mo temas protagonistas. A
música de trabalho, “O
nascimento do amor”, não
deixa dúvidas sobre a te-
mática do disco, que na
próxima sexta-feira terá
todas as faixas divulgadas
nas plataformas digitais.
Cantar o novo repertório
em um espetáculo gratuito
é motivo de alegria para
Maíra, moradora da Usina.
—Este show é uma par-
ceria entre a nossa produ-
ção e o coletivo cultural Le-
ão Etíope do Méier, que faz
um trabalho lindo na regi-
oglobo.com.br/rio/bairros
O GLOBO - ALTO DA BOA VISTA, ANDARAÍ, CATUMBI, ESTÁCIO, GRAJAÚ, MARACANÃ, MUDA, PRAÇA DA BANDEIRA, RIO COMPRIDO, TIJUCA, USINA E VILA ISABEL;
ANCHIETA, CAJU, CASCADURA, ENGENHO NOVO, INHAÚMA, JARDIM AMÉRICA, LEOPOLDINA, MADUREIRA, MÉIER, PAVUNA, PENHA, PIEDADE, SÃO CRISTÓVÃO E VIGÁRIO GERAL
Editor: Milton Calmon Filho (miltonc@oglobo.com.br).Editora assistente e edição on-line: Lilian Fernandes (lilian@oglobo.com.br).
Diagramação: Ligia Lourenço.Telefones: Redação: 2534-5000, r. 5265/5905/5762.Publicidade: 2534-4355. Faturamento: 2534-5484. Crédito: 2534-5860.
Endereço: Rua Marquês de Pombal 25, 4º andar - CEP 20230-240. E-mail: falatijuca@oglobo.com.br e falaznorte@oglobo.com.br.
Parceria. A cantora, compositora e pianista Maíra Freitas lança o primeiro trabalho com a banda Jazz das Minas
ão com a ocupação dos es-
paços públicos, levando
entretenimento, lazer,
cultura e intercâmbio e,
sobretudo, fazendo um
resgate histórico cultural
do subúrbio. O show de ho-
je, no Jardim do Méier, é a
estreia da banda nova, que
cresceu! No palco éramos
quatro, viramos seis e ago-
ra somos nove mulheres
tocando. Estamos ansiosas
e emocionadas por botar
esse projeto no mundo —
diz a artista, que é parceira
DIVULGAÇÃO/CAMILA MACEDO
na banda de Cris Ariel (gui-
tarra/voz/produção musi-
cal), Samara Líbano (vio-
lão 7 cordas), Paula Pardon
(baixo), Monica Ávila
(sax/flauta/voz), Sara Lei-
te (trompete), Kátia Preta
(trombone/voz), Rapha
Morret (percussão) e Fla-
via Belchior (bateria/voz).
Maíra explica a alma do
álbum “Ayé òrun”, gerado
em parceria com outras
mulheres.
—Este disco foi criado para
contemplar a vida e o sentir.
É jazzístico nos arranjos, nos
solos, com grandes momen-
tos de sopros, mas também
tem samba, maracatu, baião
etoques de terreiro. É um dis-
co para ouvir com o corpo e
pirar a mente. É música pop
brasileira jazzística de terrei-
ro — define a cantora, cuja
apresentação desta tarde no
Méier terá participação espe-
cial da sua irma Mart’nália e
das também cantoras Anas-
tácia e Josyara.
A experiência maternal
de Maíra, mãe de duas fi-
lhas, está presente no novo
álbum e, consequentemen-
te, no show de lançamento.
— Quando uma mulher
vira mãe, tudo muda. E não
foi diferente comigo. “Ayé
òrun” nasceu junto com a
Zinga, de 3 anos, minha fi-
lha mais nova, e também
com a Zambi, de 5. Lembro
que estava tendo as contra-
ções para a Zinga nascer,
no meu longo trabalho de
parto, e um refrão não saía
da minha cabeça. Para
mim, parir foi, desde a pri-
meira vez, um momento
mágico, lindo e doloroso. É
como ser um portal entre a
terra (ayé) e o céu (òrun).
Maternar é ser responsá-
vel por outro ser, é viver as
dores e as delícias desse lu-
gar ambíguo. Este disco é
sobre amor —conclui.
Capa:
Analu Paredes e Arthur Nogueira
em casa, na Tijuca. FOTO DE
DIVULGAÇÃO/CAMILA PAREDES
ARTE / DANÇA
Ballet Manguinhos
em busca de apoio
Iniciativa precisa de doações para não fechar
REGIANE JESUS
regiane.jesus@oglobo.com.br
-
A rte e superação são pala-
vras que fazem parte dos
11 anos de existência do Bal-
let Manguinhos. Idealizado
por Daiana Ferreira —vítima
da Covid-19 em janeiro de
2021 —, o projeto começou
pequeno, com aulas grátis
duas vezes por semana na sa-
la de uma igreja dentro da co-
munidade. De lá para cá,
muita coisa mudou. Atual-
mente, as aulas de balé e circo
contemplam 250 crianças e
adolescentes em suas tur-
mas, com direito a reconhe-
cimento internacional e a ter
como madrinha Claudia
Esporte e dança para
promover qualidade de vida
Projeto faz inclusão social com aulas gratuitas de taekwondo e zumba
Tde aekwondo e zumba pa-
ra promover qualida-
de vida e inclusão soci-
al em Costa Barros e Ho-
nório Gurgel. Esta é a
proposta do Esporte Es-
perança, projeto que ofe-
rece aulas gratuitas para
crianças, adolescentes,
jovens, adultos e idosos.
Os interessados em prati-
car a arte marcial e a mo-
dalidade de dança podem
se inscrever pelo site di-
Mota, a primeira bailarina do
Theatro Municipal. Mas a
iniciativa, que inclui ativida-
des que incentivam a leitura,
enfrenta uma grave crise fi-
nanceira, já que não tem um
patrocinador máster.
A participação da diretora
da instituição, Carine Lopes,
e de Idarah Correa, irmã de
Daiana, no quadro “The
wall”, do “Domingão do
Huck”, em 5 de fevereiro,
rendeu o suficiente para a
instalação de ventiladores
nas salas. E pela primeira vez
foi possível dar um kit de uni-
forme para cada bailarina. O
dinheiro do prêmio, R$ 310
mil, tem ajudado a manter o
projeto funcionando.
blasigestao.com/espor-
te-esperanca. As turmas
praticam em centros es-
portivos da região.
CEO da Di Blasi Ges-
tão, Monalu Di Blasi co-
memora o êxito do proje-
to, inciado em março
deste ano.
— As comunidades im-
pactadas pelo projeto es-
tão inseridas em territó-
rios periféricos que têm
indicadores de vulnera-
Inspiração. A bailarina Cláudia Mota é madrinha do projeto social
Apesar deste fôlego finan-
ceiro, a necessidade de apoio
continua, já que os custos são
altos. Os interessados podem
participar da ação “Adote
uma bailarina”, uma oportu-
nidade para pessoas físicas
bilidade social e finan-
ceira geralmente associ-
ados a características ne-
gativas, como a violên-
cia. Os alunos abraçaram
o projeto, que atua para
que os participantes en-
xerguem novas possibili-
dades e novos horizon-
tes. A nossa intenção é
contribuir para a forma-
ção de cidadãos adeptos
das práticas esportivas —
diz. (Regiane Jesus)
TIJUCA + ZONA NORTE O GLOBO e EXTRA 3
DIVULGAÇÃO/BALLET MANGUINHOS
contribuírem mensalmente.
As informações estão dispo-
níveis no site balletmangui-
nhos.com.br.
Diretora do Ballet Man-
guinhos, Carine Lopes re-
sume os desafios de estar à
Taekwondo. A arte marcial é ferramenta para promover qualidade de vida
Sábado 20.5.2023
frente deste projeto de im-
pacto social.
— A nossa luta é muito
grande e diária. Levo esta
missão deixada pela Daiana
com garra, força e vontade
de expandir cada vez mais,
para poder atender ainda
mais crianças e jovens do
nosso território e quebrar o
ciclo da pobreza geracional
por meio da educação, da
cultura e do esporte. O Bal-
let Manguinhos atua em
um dos locais com IDH
mais baixo do Rio e já alcan-
çou a taxa de 0,01% de gra-
videz na adolescência, sen-
do o seu público 99% de
meninas. Isso é o resultado
de um trabalho de impacto,
que vai além das aulas de
balé. É a formação de jo-
vens conscientes e com
perspectiva de um futuro
melhor, mudando o ciclo
da cultura do local onde vi-
vem, para que as suas traje-
tórias sejam diferentes; e os
seus sonhos, realizados —
diz a gestora.
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CAPA / MÚSICA

S
e Analu Paredes
e Arthur No-
gueira posicio-
nassem seus
corpos diante
de um espelho enxergari-
am muito além de seus Casal. Analu Paredes e
membros, faces e curvas. Arthur Nogueira trabalham
Diante de si, ainda que in- juntos desde que se
visíveis aos olhos, o casal, conheceram, há 28 anos
morador da Tijuca, veria
amor e música. Essas duas
palavras os definem, ali-
ás, há tempos. Foi há 28
anos, no ensaio de um já
extinto coral no Colégio
Batista Shepard, no clás-
sico prédio tijucano da
Rua José Higino, que a
cantora e fonoaudióloga
conheceu o cantor e mú-
sico. Mais do que olhares,
as vozes se cruzaram.
Desde então, os dois estão
juntos, na vida e na arte.
Pais da atriz e cantora
Camila Paredes, de 23
anos, e do cenógrafo e de-
signer Gabriel Paredes
Sochaczewski, de 31, eles
celebram a retomada do
Projeto Caleidoscópio,
iniciado em 1999, quando
a filha biológica do casal
ainda estava no ventre da
mãe. Coincidência ou
não, o terceiro álbum do
duo, “Luz e sombra”, re-
cém-lançado nas plata-
formas de áudio, tem as
digitais dos quatro inte-
grantes da família.
—A Camila fez backing
vocal no álbum e compôs a

Uma história
letra de “Black hole”, a úni-
ca música em inglês do dis- ser vocalista de uma banda
co. Aliás, só esta canção que estava montando. Nós
não é assinada por mim e nos apaixonamos louca-

pelo Arthur, até porque o
nosso estilo musical é a
MPB. Já o Gabriel fez todas
as capas dos 11 singles e a
capa do álbum, que terá
uma versão física em vinil
ou em CD. Eu e Arthur tra-
balhamos juntos desde que
nos conhecemos no coral.
Ele logo me chamou para
de amor e música
mente e nos casamos. Foi a
música que promoveu o
nosso encontro. Seguimos
unidos pelo amor e pela
música. O Projeto Calei-
Com participação especial de Gilberto Gil, casal de cantores doscópio teve dois álbuns
lançados na década de
da Tijuca lança novo álbum gravado no quarto deles 2000, mas demos uma pa-
rada para nos dedicarmos
REGIANE JESUS regiane.jesus@oglobo.com.br às aulas de música, que
 TIJUCA + ZONA NORTE O GLOBO e EXTRA 7
DIVULGAÇÃO/CAMILA PAREDES
sempre foram a nossa
principal fonte de renda.
Voltamos este ano, com
“Luz e sombra”, para ficar.
Na pandemia, a nossa par-
ceria musical gerou o re-
pertório de um quarto ál-
bum, mas por enquanto
estamos focados no lança-
mento deste trabalho —
diz a cantora, referindo-se
ao disco que tem participa-
ções especiais de Gilberto
Gil, Ney Matogrosso, Jane
Duboc e Kleiton e Kledir,
entre outros.
O DNA dos artistas está
impresso em todas as fases
de produção do Projeto Ca-
leidoscópio desde a sua
concepção.
—Lá atrás, em 1999, cri-
amos o duo para não ficar-
mos reféns
do mercado
fonográfico.
Então, fize-
mos o proje-
to indepen-
dente, que,
inclusive,
teve reper-
cussão in-
ternacional.
Mas a divul-
gação por aqui era muito
complicada. Isso mudou a
partir de 2018 com as pla-
taformas digitais de músi-
ca. Houve uma democrati-
zação maior para o artista
apresentar o seu trabalho.
Mais do que nunca, somos
independentes e protago-
ACERVO PESSOAL
nistas da nossa careira mu-
Família. O casal sical. A canção “O amor”,
Analu Paredes e na qual temos a honra de
Arthur Nogueira contar com a participação
com os filhos do Gilberto Gil, está na tri-
Camila e Gabriel lha sonora da novela “Poli-
ana moça”, do SBT. Em bre-
ve, queremos fazer um
grande show de lançamen-
to. Quem sabe na Tijuca —
sugere Nogueira, que dis-
ponibiliza o perfil @proje-
to_caleidoscopio, no Ins-
tagram, para contato.
Sábado 20.5.2023
“Luz e sombra” come-
çou a ser gerado em 2018,
bem antes da pandemia.
Mas a gravação das faixas
foi realizada em meio à
crise sanitária. Diante
disso, o casal optou por
uma solução caseira, ínti-
ma e pessoal.
—As nossas vozes foram
gravadas em casa, muitas
vezes no nosso quarto. Foi
uma experiência inusita-
da, mas que deu certo.
Nós nos trancávamos pa-
ra que ninguém nos inco-
modasse. Cantamos em
casa as nossas músicas,
que falam sobre nós, so-
bre o nosso amor à músi-
ca, sobre o nosso amor um
pelo outro e pelos nossos
filhos —conta Analu.
Nogueira
recorda o
momento
desafiador
vivido na
pandemia,
que, de cer-
ta forma,
deixou uma
marca no
mais recen-
te trabalho
do Projeto Caleidoscópio,
batizado com este nome
para dar a ideia de que ca-
da música espelha a pró-
xima faixa:
—Ressignificamos aque-
la fase de tanto medo mer-
gulhando de cabeça no
trabalho. Foi natural pro-
duzirmos sem parar. Já te-
mos composições prontas
para um novo álbum e
passamos a dar aulas on-
line. A humanidade viveu
uma tragédia, mas saímos
vivos e estamos aqui para
homenagear os que se fo-
ram e encher de arte este
novo momento em que a
Covid-19 deixou de ser
uma ameaça mundial. A
sombra passou. Que ve-
nha a luz!
ESPORTES / INTERCOLEGIAL

Futsal dá a largada nas

competições esportivas
Torneio tem quatro modalidades e 26 escolas participantes, no masculino e feminino

ARI GOMES/INTERCOLEGIAL

LAÍS MALEK
lais.silva.rpa@edglobo.com.br
-

A gora é para valer: a 41ª

edição do Intercolegial
começou neste fim de se-
mana, com 26 escolas cor-
rendo atrás da bola nas dis-
putas de futsal em quatro
modalidades: sub-15 e
sub-18, ambas no feminino
e masculino. Para todas as
disputas, os alunos não po-
dem ser federados, ou seja,
fazerem parte do registro
oficial do esporte para dis-
putarem competições pro-
fissionais. Mas isso não im-
pede que os estudantes se-
jam destaques em modali-
dades parecidas. É o caso da
aluna Sarah Alvim, que ape-
nas aos 13 anos já treina co-
mo gente grande no futebol
de campo, onde é goleira da Paredão. Sarah Alvim, de 13 anos, joga futebol de campo no Flamengo e foi campeã do sub-13 do futsal do Intercolegial no ano passado pela Rede Elite
equipe sub-17 do Flamengo.
A rotina é pesada: de se- campeã. Sarah acredita que Desenvolvimento do Fute- Mesmo com pouca ida- ra, mas também queria jo-
gunda a sexta, Sarah acorda a tarefa não será fácil: bol. A competição foi criada de, Sarah tem planos para o gar pela seleção brasileira.
às 6h, sai de casa no bairro de —Este ano a competição pela CBF para fomentar a futuro: jogar fora do Brasil. As disputas do futsal se es-
Irajá, na Zona Norte, e vai vai ser mais difícil. Estamos modalidade, e Sarah afirma Ela conta que gostaria de tendem até o dia 10 de ju-
até a Penha para treinar pelo com expectativas de ga- que a competição, que con- atuar pelo Orlando Pride- nho, data marcada para as fi-
Flamengo a partir das 7h. nhar, mas o Loide Martha tou também com times de EUA, equipe onde joga nais das categorias. No
Ela termina o treinamento também tem uma equipe base do Corinthians, Ferro- Marta. Mas apesar de ter a sub-18 feminino, quem de-
ao meio-dia, e de lá vai para muito boa. viária-SP e Internacional brasileira como referên- fende o título é o Odete Sam-
escola, a Rede Elite de Ensi- (RS), foi uma experiência cia, sua maior inspiração é paio, enquanto Percepção e
no, na unidade da Penha, on- SONHO COM OS ESTADOS UNIDOS importante. a holandesa Sari van Vee- João Paulo I são os atuais
de estuda das 13h às 19h, Aos 13 anos, ela já é experi- —Foi a primeira vez que nendaal, goleira e capitã da campeões do sub-15 e do
chegando em casa por volta ente em disputas: foi cam- eu senti mesmo que estava seleção campeã da Euro fe- sub-18 entre os meninos.
de 19h30. Aos sábados, ela peã da Taça Guanabara e vi- jogando no Flamengo. An- minina em 2017: A 41ª edição do Interco-
treina com a escola para o In- ce-campeã do Carioca pelo tes, eu tinha um pouco de — Eu não tenho muito legial tem realização do
tercolegial. A equipe tem sub-17 do Flamengo no ano medo de jogar, mas ganhei tempo de ver os jogos, mas jornal O GLOBO, apresen-
uma grande responsabilida- passado. Este ano, disputou mais confiança. Agora es- a acompanho pelo Insta- tação do Sesc-RJ e patrocí-
de este ano como a atual com o time sub-14 a Liga de tou mais tranquila — diz. gram. Eu quero jogar lá fo- nio da Enel.
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‘Charmeiros’ raiz comandam
o passinho com show gratuito
‘Na área’ tem apresentações hoje em Madureira e amanhã na Pavuna
As ofertas anunciadas nesta página ficarão disponíveis
ao longo da semana. Fique ligado em: clubeoglobo.com.br
DIVULGAÇÃO
O ‘QUERIDINHO’ DO RIO REGIANE JESUS
regiane.jesus@oglobo.com.br
Na compra de um hambúrguer e uma
-
batata, assinante O GLOBO tem 15% 15%
de desconto no T.T. Burger, de produ- desconto
ção nacional e referência entre os cariocas quan-
S e você tem entre 40 e 60
anos e é “charmeiro” de
carteirinha, o convite a se-
do o assunto é sanduíche. Saiba mais on-line. guir é imperdível. Os Origi-
nais do Charme, tradicional
DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO
companhia de dança cario-
ca especializada no ritmo
do passinho, cumpre a mis-
são de manter viva a memó-
ria dos bailes dos anos 1980
e 1990 com o espetáculo
“Na área”, que tem apresen-
tações hoje, às 19h; e, ama-
nhã, às 18h, respectivamen-
BELEZA PARA TUDO O QUE te nas Arenas Cariocas Fer-
PEDIR EM CASA VOCÊ PRECISA nando Torres, em Madurei-
ra; e Jovelina Pérola Negra,
Singu é um app de “deli- A Casas Bahia oferece na Pavuna. As sessões gra-
very de beleza” para cui- 5% de desconto para as- tuitas prometem fazer uma
dados com cabelos, sinantes em todos os viagem no tempo e, claro,
unhas, depilação e mais. itens de sua loja on-line colocar todo mundo para
Assinante tem até R$ 25 e ainda 25% OFF em dançar.
OFF. Veja on-line. produtos selecionados. Com direção-geral de
Marcus Azevedo, “Na
área” leva ao palco neste
ACESSE E CONFIRA! projeto exclusivamente
Escolha o modo “Foto” e posicione a dançarinos veteranos do
câmera de modo a captar o código. charme, que são represen-
Feito isso, a câmera mostrará no topo
da tela a opção para abrir o link.
tantes da primeira geração
a frequentar os bailes deste
gênero musical. O objetivo
do espetáculo é preservar a
memória do passinho ori-
ginal através de um novo
formato artístico, assim
como o de promover um
encontro entre os profissi-
onais, no tablado, e os ama-
dores, na plateia. Embora a
proposta não seja a de todo
mundo dançar junto no as-
falto, uma coisa é certa:
ninguém vai ficar parado.
—Tanto Os Originais do
Charme quanto este espe-
táculo representam resis-
tência, vida, oportunidade
e visibilidade. Além disso,
o “Na área” prova que os
bailarinos experientes po-
dem e devem estar dan-
çando em um palco. Fre-
quento bailes, tenho mui-
tos alunos em turmas de
danças urbanas, e percebo
a necessidade de tocar pro-
jetos de dança que repre-
sentem os “cascudos”, os
dançarinos da geração pio-
neira do charme no Rio.
Eles foram responsáveis
pela popularização do gê-
nero por aqui. A nossa
companhia quer resgatar
as décadas de 1980 e 1990
DIVULGAÇÃO/HIMINY
Veteranos.
Espetáculo
tem sessões
gratuitas neste
fim de semana
como uma forma de regis-
tro cultural e artístico de
uma época inesquecível. O
“Na área” difunde o char-
me, os corpos periféricos,
elegantes e dançantes dos
seus próprios personagens
originários —diz Azevedo.
As coreografias do espe-
táculo são clássicas e, de
acordo com ele, raras de se-
rem vistas nos bailes da
atualidade.
—É uma sensação indes-
critível reunir no palco
dançarinos tão importan-
tes para a história do char-
me carioca. Eu e Eduardo
Gonçalves, que assina as
coreografias do show junto
comigo, temos muito res-
peito pela cultura charme
e por esses dançarinos e
dançarinas, que iniciam,
com este projeto, um novo
momento, uma nova for-
ma de apresentar esta dan-
ça. Só eles poderiam con-
tar a história raiz do char-
me carioca neste espetácu-
lo. Curiosamente, mais
uma vez estão sendo pio-
neiros —analisa o diretor-
geral de “Na área”.
Sábado 20.MAIO.2023 TIJUCA + ZONA NORTE O GLOBO e EXTRA 11

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Hospital
Estadual Getúlio Vargas
2299-8236
ÍNDICE

APARELHOS AUDITIVOS
Zona

13 A 15

do Grajaú Hospital ARTES E ANTIGUIDADES 17 E 18

2577-1413 Geral de Bonsucesso
Biblioteca Popular 3977-9500 CONSERTO DE ELETROS 19
do Rio Comprido Hospital
2569-7178 Pedro Hernesto CONSTRUÇÃO E REFORMA 15
Biblioteca Popular 2587-6100
da Tijuca Hospital DECORAÇÃO E ARQUITETURA 15 E 16
2204-0752 Salgado Filho
Cedae 2204-9999 DENTISTAS 14
08002821195 Light
Comlurb
08000210196 LAVANDERIAS 16
1746 Parques e Jardins
2323-3504 LIVRARIAS E PAPELARIAS 15
Corpo de Bombeiros
193 Polícia Militar
MEDICINA E SAÚDE 12 E 13
190
Defesa Civil
Polícia
199 Rodoviária Federal
MUDANÇAS E TRANSPORTE 16

Hospital 2471-6111 VIDRAÇARIAS E ESQUADRIAS 16

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AVISO DE LEILÃO
Nº 02/2023
A Superintendência da Polícia
Rodoviária Federal no Rio de
Janeiro comunica aos inte-
ressados que realizará licita-
ção na modalidade LEILÃO,
com participação virtual, no
dia 06 de junho de 2023, às
10h, de forma eletrônica. O
objetivo do presente leilão é a
venda de veículos de terceiros
retirados de circulação nas
rodovias federais do estado
do Rio de Janeiro, conforme
as especificações e condições
constantes no Edital, que es-
tará disponível gratuitamente,
a partir desta publicação, nos
sites www.joaoemilio.com.br
e https://www.gov.br/prf/
pt-br/assuntos/pasta-leiloes/
estados/rio-de-janeiro.
edital poderá ser lido e/ou
O
obtido na sede da SPRF/RJ,
situada à Rod. Pres. Dutra,
Km 163, Vigário Geral, Rio
de Janeiro/RJ, em horário Para Casa
comercial, bem como forne-
cido através do e-mail leilao.
rj@prf.gov.br. Processo: nº
08657.009684/2023-05 à
disposição. ASS. VITOR AL-
Antiguidades,
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dente da Polícia Rodoviária Móveis e Decoração
Federal no Rio de Janeiro.
Para Você
04 O GLOBO Classificados Sábado 20.05.2023