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Resumo
A ação dos movimentos sociais especificamente os feministas nacionais e internacionais
contribuíram muito para tal problemática ter se tornado um problema de saúde pública e
de ter transformado a dinâmica da assistência ao abortamento no Brasil. Assim se
coloca ênfase no movimento feminista, movimento social que é o principal ator
comprometido com mudanças políticas, de mentalidade e institucionais a respeito do
assunto do aborto. No paradigma da Teoria dos Novos Movimentos Sociais com
destaque no elemento cultural e no ator social, na politização do cotidiano e na ênfase
no processo de formação de novas identidades coletivas e novos tipos de solidariedade,
o movimento feminista foi estudado na ótica dos movimentos sociais alternativos,
juntamente com o ecológico, homossexuais. Hoje os segmentos feministas encontram-
se auxiliados por redes e outros movimentos colaboradores e têm a utilização da mídia
como um instrumento político, além de parcerias: em se tratando do movimento
feminista, por exemplo, se tem integração com outros segmentos do movimento de
mulheres e com a sociedade. Quanto ao aborto e o feminismo é necessário considerar
que a corrente majoritária do movimento feminista no País, que é a dos direitos, situa-se
na linhagem do feminismo internacional do início dos anos 1970, com uma posição
favorável à liberação do aborto, livre disposição do próprio corpo e liberdade
reprodutiva e contracepção, onde se conseguiu estabelecer normas técnicas e criar
serviços que procuram garantir o acesso ao aborto previsto em lei e o atendimento
humanizado das mulheres em situação de abortamento.
Segundo Gohn, dentro das teorias dos movimentos sociais. Por movimento
social, a autora nos mostra o conceito que:
Em seu livro “Novas teorias dos movimentos sociais”, essa mesma autora
distingue três tipos classificatórios dos movimentos sociais. Os primeiros são os
movimentos identitários que lutam por direitos sociais, econômicos, políticos, sociais e
culturais. Os segundos, os que lutam por melhores qualidades de vida e de trabalho,
reivindicando o acesso à terra, moradia, alimentação, saúde, transportes, lazer, emprego,
salário, etc. e por último, os que atuam em redes sociopolíticas e culturais (fóruns,
plenárias, colegiados, conselhos e etc. ). Em meio a os movimentos identitários, a autora
enfatiza um particular, o movimento das mulheres, dada a importância dos movimentos
feministas observando a raiz desses movimentos desde o século XVIII e a marcha das
mulheres no século XXI. Lembrando de atoras importantes na implantação da categoria
e da identidade feminina na sociedade no Brasil e no mundo. (VERCELLI, 2008, p 6).
O movimento feminista dentro da teoria dos movimentos sociais teve a primeira
relação no surgimento da teoria contemporânea norte-americana da mobilização de
recursos MR após a década de 60, onde os movimentos são tratados como grupos de
interesse e organizações com ênfase na lógica econômica e na racionalidade
instrumental dos atores. Um desses movimentos analisados foi; movimentos de
mulheres (NOW- Organização Nacional das Mulheres).
Dentro da teoria sobre movimentos sociais na era da globalização, a teoria da
mobilização política reativou o campo do desenvolvimento político (relação com o
Estado) e da cultura, (símbolos e signos) nas ações coletivas e formulou uma revisão
dos movimentos analisados pela MR (mobilização de recursos), como o movimento das
mulheres que neste novo contexto se alterou profundamente com o surgimento de
conferências internacionais, setores do feminismo radical, grupos institucionalizados,
surgimento do movimento lésbico ganhando amplitude participativa e escopo
internacional.
Assim, no paradigma da Teoria dos Novos Movimentos Sociais com destaque
no elemento cultural e no ator social, na politização do cotidiano e na ênfase no
processo de formação de novas identidades coletivas e novos tipos de solidariedade, o
movimento feminista foi estudado na ótica dos movimentos sociais alternativos,
juntamente com o ecológico, homossexuais, sendo estudados pelos novos teóricos
contemporâneos (Foucault, Guattari, Deleuzi e os frankfurtianos adorno e habermas).
Nos últimos vinte anos surgiram novas formas de ação coletiva em
áreas anteriormente intocadas pelos conflitos sociais. A crise das
estruturas políticas e conceituais frente a estes novos fenômenos
tornou-se evidente nos anos 70, impulsionando uma ampliação do
conhecimento empírico e uma redefinição das categorias analíticas.
Os conflitos sociais contemporâneos não são apenas políticos, pois
eles afetam o sistema como um todo. A ação coletiva não é realizada
apenas a fim de trocar bens num mercado político e nem todo objetivo
pode ser calculado. Os movimentos contemporâneos também têm uma
orientação antagônica, que surge de e altera a lógica das sociedades
complexas. (MELUCCI, 1989, p 3)
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