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CONTABILIDADE PÚBLICA
ENSINO A
DISTÂNCIA
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca do Centro Universitário Avantis - UNIAVAN
Maria Helena Mafioletti Sampaio CRB 14 – 276
Inclui Índice
ISBN: 978-85-5456-260-1
ISBNe: 978-85-5456-259-5
EMENTA
Boa jornada!
PROFESSOR
APRESENTAÇÃO DO AUTOR
Link Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3522879549885663
E-mail:
fernando.sedrez@uniavan.edu.br
SUMÁRIO
A CONTABILIDADE
APLICADA AO
SETOR PÚBLICO E O
ORÇAMENTO PÚBLICO
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Bons estudos!
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
1. A CONTABILIDADE E O PLANEJAMENTO PÚBLICO
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
contempladas no orçamento público, seja o orçamento de investimentos ou os
orçamentos fiscal e da seguridade social, estão no campo de aplicação da Contabilidade
Pública. Portanto, sujeitam-se às normas das Leis 4.320/1964 e 6.404/1976 quando for o
caso, e alterações posteriores.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Tabela 1 – Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - NBCASP
Correlação
NBC Nome da Norma
IFAC
NBC TSP 09 Redução ao Valor Recuperável de Ativo Não Gerador de Caixa IPSAS 21
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Investimento em Coligada e em Empreendimento Controlado
NBC TSP 18 IPSAS 36
em Conjunto
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
O art. 165 da Constituição Federal de 1988 estabelece que “lei de iniciativa do poder
executivo estabelecerão: o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos
anuais”. Assim, os instrumentos de planejamento governamental já estão definidos
no texto constitucional, cabendo a cada ente governamental elaborar seus planos
plurianuais, leis de diretrizes orçamentárias e leis orçamentárias anuais. Destaca-se, no
texto constitucional, também, que essas leis são de iniciativa do Poder Executivo.
É importante ressaltar que os planos citados devem, por força da Lei Complementar
nº 101/2000, ser submetidos a audiências públicas, com a participação da comunidade.
Assim, a comunidade pode participar efetivamente da construção de políticas públicas e
da definição do melhor uso dos recursos públicos nos três instrumentos de planejamento.
Esses três instrumentos devem estar em perfeita sintonia, para que a execução
orçamentária realmente proporcione o atingimento dos objetivos definidos no Plano
Plurianual (PPA).
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
1.2.1 Plano Plurianual (PPA)
O PPA é um plano de médio prazo, por meio do qual se procura ordenar as ações de
governo que levem a atingir os objetivos e as metas fixados para um período de quatro
anos (KOHAMA, 2009). De acordo com o § 1º do art. 165 da CF de 1988, a lei que instituir
esse plano estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas
da administração pública para as despesas de capital e outras dela decorrentes, bem
como para as relativas aos programas de duração continuada. Obs.: estudaremos essas
classificações de despesas públicas mais adiante, ok?!
O Plano Plurianual vigora do segundo ano do mandato até o primeiro ano do mandato
subsequente, buscando garantir a continuidade das políticas públicas. Assim, um novo
gestor público, ao assumir o cargo, não inicia “do zero”, ele deve executar, em seu primeiro
ano, as políticas públicas planejadas pelo gestor anterior, enquanto elabora o Plano
Plurianual de sua gestão para vigorar a partir do ano subsequente (2º ano do mandato).
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Figura 3 – Folha 36 do Anexo I do PPA 2016-2019 do Governo do Estado de Santa Catarina
Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda (2015).
EXERCÍCIO
Crie um programa de governo de uma prefeitura fictícia na área de saúde;
definia os objetivos e três ações a serem desenvolvidas.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Em outras palavras, a LDO extrai do PPA as prioridades para o próximo ano e estabelece
regras (orientações) para a elaboração e, até mesmo, para a execução do Orçamento Anual.
Figura 4 – Lei de Diretrizes Orçamentárias: linha do tempo em relação aos mandatos e ao PPA
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Com o advento da Lei Complementar nº 101 de 04, de maio de 2000 (lei de Responsabilidade
Fiscal), a LDO recebeu muitas outras atribuições importantes. Sendo assim, fortaleceu
sobremaneira a função planejamento ao exigir apresentação de anexo de metas fiscais,
reserva para riscos fiscais, regras para controle de custos e avaliação de resultados; além de
muitos outros mecanismos de limites e condições na gestão da coisa pública.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
projetos. Configura o instrumento do poder público para expressar seus programas de
atuação, discriminando a origem e o montante dos recursos (receitas) a serem obtidos,
bem como o montante dos dispêndios (despesas) a serem efetuados.
O orçamento público pode ser considerado o elo entre o planejamento e as funções
executivas da organização, em que a alocação de recursos visa à execução dos objetivos
e metas propostos. Ele se materializa através de lei, a LOA, e, nesse instrumento, são
discriminadas, em detalhes, todas as receitas que se estima arrecadar, e fixadas ou
autorizadas todas as despesas que se pretende realizar.
Atualmente, o orçamento público é denominado orçamento programa. Isso ocorre,
pois na sua elaboração são considerados todos os custos dos programas e ações, sem
perder de vista sua estrutura voltada para os aspectos administrativos e de planejamento,
baseados em seus principais critérios de classificação, hoje limitados em institucional,
funcional-programática e natureza da despesa. Evidencia, ainda, que o orçamento-
programa discrimina as despesas, demonstrando em que e para que serão gastos os
recursos e quem será o responsável pela execução de seus programas.
Em seu conceito puro, orçamento é a função primordial da gestão pública de estimar
as receitas e fixar as despesas, momento em que se define legalmente, pelas dotações
orçamentárias, a forma de utilização dos recursos disponíveis nas instituições públicas.
A Lei Orçamentária Anual é o instrumento legal que deve conter o orçamento fiscal
dos poderes da União, dos Estados e dos Municípios; também de seus fundos, órgãos
e entidades da administração pública direta e indireta, o orçamento de investimento
das empresas em que o poder público, direta ou indiretamente, detenha a maioria do
capital social com direito a voto e o orçamento da seguridade social, incluindo todas as
entidades e órgãos a ela vinculados.
A LOA também é chamada Lei de Meios, pois é uma lei especial que contém a
discriminação da receita e da despesa pública de forma a evidenciar a política econômica
financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios da unidade,
universalidade e anualidade.
Como dito anteriormente, a LOA ou o Orçamento é elaborado anualmente para vigorar
no exercício seguinte, estabelecendo onde os recursos públicos serão utilizados.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
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Figura 5 –Esquema do Sistema de Planejamento Público
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
SAIBA MAIS
Saiba mais sobre o PPA, a LDO e a LOA. Assista ao vídeo: https://www.youtube.
com/watch?v=_rJJ6rGFB-w
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
PROPOSIÇÃO DE FÓRUM PARA DISCUSSÃO:
Qual é a importância do planejamento governamental e o seu impacto na
sociedade?
Esse princípio está previsto, de forma expressa, no caput do art. 2º da Lei no 4.320, de
1964, e determina a existência de um orçamento único para cada um dos entes federados –
União, Estados, Distrito Federal e Municípios – com a finalidade de se evitarem múltiplos
orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política.
Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício financeiro,
devem integrar um único documento legal dentro de cada esfera federativa: a LOA. É
importante considerar que, dentro desse instrumento, as receitas e as despesas estarão
segregadas em cada órgão da estrutura da administração, porém a “peça orçamentária”
ou a Lei Orçamentária é uma só. Quer um exemplo?
Vamos supor que o Município de Modelópolis possui como órgãos: A Prefeitura, a
Fundação de Cultura e a Câmara de Vereadores. A Lei Orçamentária Anual daquele
Município fixou as despesas da seguinte forma:
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Figura 6 – Exemplo de texto de Lei Orçamentária Anual
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Observe que é apenas uma lei que totaliza um orçamento de mil reais, porém no corpo
da lei os valores são segmentados para os órgãos do governo municipal. O exemplo é fictício
e muito simples, apenas para explicar esse princípio. Na prática, as leis orçamentárias são
extensas e com inúmeros anexos e demonstrativos que evidenciam as receitas e despesas
previstas e fixadas das mais diversas formas e classificações, ok?!
Estipulado, de forma literal, pelo caput do art. 2º da Lei no 4.320, de 1964, esse princípio
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
delimita o exercício financeiro orçamentário: período de tempo ao qual a previsão das
receitas e a fixação das despesas registradas na LOA irão se referir. Segundo o art. 34 da
Lei nº 4.320, de 1964, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil e, por isso, será de
1º de janeiro até 31 de dezembro de cada ano.
Esse princípio está incorporado no art. 5º da Lei nº 4.320/64, com ressalva no art. 20 e
parágrafo único da mesma lei.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
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outro conteúdo.
Ressalvam-se dessa proibição a autorização para abertura de créditos adicionais e a
contratação de operações de crédito, nos termos da lei.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
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1.2.3.1.8 Princípio da Não-vinculação (Não-afetação) da Receita de Impostos
Estabelecido pelo inciso IV do art. 167 da CF/88, esse princípio veda a vinculação da
receita de impostos à órgão, ao fundo ou à despesa, salvo exceções estabelecidas pela
própria Constituição Federal, in verbis:
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
1.2.3.2 O orçamento e suas divisões
O Orçamento Fiscal diz respeito a todas as receitas originárias e derivadas, bem como
todas as despesas fixadas na programação. As receitas originárias são aquelas resultantes
da atividade do Estado (receita patrimonial e receita de serviços), já as receitas derivadas
são as provenientes do setor privado e resultam do poder de tributar da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios.
É importante consignar que esse orçamento abrange todos os poderes em todas as
esferas de governo, incluindo seus fundos, órgãos da administração direta e indireta,
inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público e autarquias. Integram
esse orçamento, também, as empresas públicas e as sociedades de economia mista,
criadas por lei, quando dependentes de recursos do Tesouro para sua manutenção.
O Orçamento de Investimentos representa os investimentos em empresas em que
a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a
voto. Por fim, o Orçamento da Seguridade Social abrange todas as entidades e órgãos
a ela vinculados, da administração direta e indireta, bem como os fundos e fundações
instituídos e mantidos pelo poder público. No âmbito Federal, esse orçamento é composto
das receitas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como das
seguintes contribuições sociais:
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Existem várias outras receitas da Seguridade Social, porém não pretendemos aqui
estendermo-nos na matéria.
É importante ressaltar que para compreendermos a lei do orçamento, seus quadros
e anexos, é necessário o conhecimento da estrutura da organização, bem como de toda
a estrutura de classificação das receitas e despesas, que tem como propósito atender às
diversas demandas de informações dos mais diversos usuários.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
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Assim, devemos começar pela previsão de receitas, que consiste em estimar o volume
de recursos que se pretende arrecadar durante o exercício. Esse volume figurará como
um teto para a fixação de despesas. Dessa forma, já começamos a visualizar a importância
dessa fase na elaboração do orçamento, pois é a base para o controle dos gastos.
A previsão de receitas deve seguir as classificações, os princípios orçamentários, bem
como os outros critérios técnicos estabelecidos na Lei nº 4.320/64 e na Lei Complementar
nº 101/2000. Estimadas as receitas, o órgão de planejamento do governo fixa o teto de
gastos (despesas) para cada unidade orçamentária (veremos isso na parte de classificação
das despesas).
A princípio, a grosso modo, você pode pensar unidade orçamentária como se fossem
órgãos do governo ou setores. Em seguida, cada órgão fixa a sua despesa nas subdivisões
e nas classificações adequadas, materializando-as em créditos e dotações orçamentárias,
levando em consideração os objetivos e as metas dos programas que estão sob sua
responsabilidade e encaminham sua proposta para consolidação pelo órgão central de
planejamento.
O órgão central de planejamento do governo recebe as propostas de cada unidade
orçamentária, avalia e realiza os ajustes necessários, se for o caso, e faz a consolidação
(junção) de dados. Superadas essas etapas, o chefe do Poder Executivo encaminha a
proposta orçamentária, na forma de projeto de lei, ao Poder Legislativo.
É importante compreender que cada esfera de governo, cada estado ou cada município
tem suas particularidades e fluxos internos, que podem ser distintos do que foi explanado
aqui. De toda forma, tentamos explicar um fluxo básico geralmente utilizado por uma
grande parte das administrações públicas.
A próxima etapa do ciclo orçamentário é a aprovação por parte do Poder Legislativo.
Quando do recebimento do projeto de lei orçamentária no Poder Legislativo, este é
submetido à apreciação de uma Comissão Mista Permanente de Senadores e Deputados
(em âmbito Federal) ou nos estados, Distrito Federal e municípios, a uma comissão com
a mesma finalidade.
Realizadas todas as discussões, considerações e, se for o caso, emendas, o projeto
de lei é colocado em votação. Após aprovado, é encaminhado para sanção do chefe do
Poder Executivo e publicado no diário oficial (neste momento, o projeto se transforma
efetivamente em lei).
É importante considerar que a Lei Complementar nº 101/2000, Lei de Responsabilidade
Fiscal, determina que até 30 dias após da publicação do orçamento o Poder Executivo
estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso
e, ainda, as metas bimestrais de arrecadação.
A próxima etapa do clico orçamentário é a execução orçamentária. Inicia-se em 1º
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
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de janeiro e vai até 31 de dezembro, conforme estabelece a Lei nº 4.320/64; consiste
basicamente na arrecadação das receitas e na realização das despesas ao longo do
exercício financeiro.
Cada unidade orçamentária executará as despesas autorizadas na forma de dotações
orçamentárias (montante de recursos autorizados para uma determinada finalidade)
para fazer face à execução dos programas e ações. É importante ressaltar aqui que a Lei de
Responsabilidade Fiscal estabelece várias regras, limites e condições a serem observadas
durante a execução orçamentária, visando a garantir o equilíbrio entre receitas e despesas.
Sobre a última etapa do ciclo orçamentário, o controle, é importante vermos o disposto
no art. 75 da Lei nº 4.320/64:
Esse controle, nos termos da lei, deve ser exercido pelo controle interno do órgão
responsável pela elaboração da proposta orçamentária e mediante controle externo
(Poder Legislativo) com o auxílio do Tribunal de Contas.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
de alterações no orçamento podem ocorrer de duas formas:
• O crédito orçamentário foi previsto no orçamento, mas a dotação que foi
consignada é insuficiente para atender as despesas;
• O crédito orçamentário não foi previsto para atender às despesas.
• Contudo, os créditos adicionais classificam-se em:
◊ Suplementares: quando destinados a reforço de dotação orçamentária;
◊ Especiais: quando destinados a despesas para as quais não hajam dotação
orçamentária específica;
◊ Extraordinários: destinados a despesas urgentes e imprevistas, em casos de guerra,
comoção intestina ou calamidade pública.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
PARA REFLETIR
Com tantos instrumentos de planejamento e controle dos recursos públicos,
como é possível ouvirmos tantas notícias de falta de medicamentos, de falta de
vagas em escolas públicas e escândalos de desvio de recursos?
SUGESTÃO DE VIDEO
Em relação ao planejamento público, sua importância e peculiaridades, assista
ao vídeo em https://www.youtube.com/watch?v=g2yTzpAx03k – O arquivo se
encontra na plataforma digital da disciplina.
Nesse vídeo, o professor Paulo César de Souza Batista fala sobre alguns aspectos importan-
tes e peculiares do planejamento público, saindo um pouco do foco dos três instrumentos de
planejamento como o estudado neste caderno. O professor aborda o planejamento estratégico
e as principais diferenças entre o planejamento no setor público e privado, citando exemplos
e aspectos importantes das estratégias e da importância da regionalização do planejamento
público, além de outras peculiaridades a serem observadas na esfera pública.
Além disso, no vídeo, é também evidenciada importância do alinhamento (integração) das
metas estratégicas às metas orçamentárias (orçamento público) e financeiras do setor público.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Periodicidade, Discriminação, Exclusividade, Equilíbrio, Orçamento Bruto e Não
vinculação da receita de impostos), o ciclo orçamentário e as alterações do orçamento,
através dos créditos adicionais, especiais e extraordinários.
Nesse sentido, foi possível evidenciar a importância do planejamento para a gestão
pública e o importante papel da contabilidade neste contexto. Além disso, ficou evidente
a importância da participação social nesse processo, como forma de exercer a cidadania,
tendo em vista que todo o planejamento público deve, obrigatoriamente, passar por
audiências públicas.
Sabemos que o assunto não é de tão simples de compreensão, portanto lembre-se que
você pode contar com seus tutores e professores. Faça contato sempre que tiver dúvidas.
EXERCÍCIOS
Com base nos itens acima, assinale a alternativa que corresponde à sequência correta:
(A) F, V, F, F, V.
(B) V, V, F, V, F.
(C) V, F, V, F, V.
(D) F, F, V, V, F.
(E) F, F, F, V, V.
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Executivo estabelecerão o Plano Plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos
anuais. Com relação a esse assunto, considere as afirmativas a seguir.
Conforme essa Norma do Conselho Federal de Contabilidade, está (ão) correta (s) a (s)
afirmativa (s):
(A) I e III, apenas.
(B) II, III e IV, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e IV, apenas.
(E) I, III e IV, apenas.
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(C) Impessoalidade.
(D) Exclusividade.
(E) Orçamento bruto.
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REFERÊNCIAS
BEZERRA FILHO, João Eudes. Contabilidade Pública. 3 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008.
BRASIL. Constituição (1988). Brasil: Casa Civil, [1988]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 16 out.
2019.
BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal. Brasil: Casa Civil, [1964]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 16 out. 2019.
CRUZ, Flávio da. BARBOSA, Rui Rogério Naschenweng. Comentários à lei no 4.320. 4a
edição. São Paulo: Atlas, 2006.
FULVIO CESAR DANTAS et al. O Orçamento Público como Ferramenta Efetiva para
Gestão e Controle Financeiro da Administração Pública: Uma Análise da Percepção
dos Gestores Municipais da Microrregião de Sousa/PB. [s. l.], 2014. Disponível em:
<https://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=edsbas&AN=edsbas.5A596
046&lang=pt-br&site=eds-live>. Acesso em: 05 nov. 2019.
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KOHAMA, Heilio. Contabilidade Pública: teoria e prática. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
ROSA, Maria Berenice. Contabilidade do Setor Público: de acordo com as inovações das
Normas Brasileiras de Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
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PÚBLICA
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unidade
RECEITAS E DESPESAS
PÚBLICAS
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INTRODUÇÃO À UNIDADE
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
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o Patrimônio Líquido da entidade. Assim, quanto ao impacto na situação patrimonial
líquida, a receita pode ser “efetiva” ou “não-efetiva”:
a. Receita Orçamentária Efetiva: representa os ingressos de recursos financeiros de
natureza orçamentária que provocam aumento no patrimônio líquido público. Ou
seja, quando os conceitos da ciência contábil (utilizados na iniciativa privada) e os
da Lei n. 4.320/64 coincidem, tais como receita tributária, de serviços etc.
b. Receita Orçamentária Não Efetiva: representa os ingressos de recursos financeiros
de origem orçamentária que não provocam elevação do patrimônio líquido.
Por força da Lei n. 4.320/64, o ingresso desses recursos é tratado como receita
orçamentária, porém não há aumento do patrimônio líquido por representarem
fatos permutativos. Um bom exemplo dessa situação são as receitas de operações
de crédito. Uma operação de crédito se constitui em uma espécie de financiamento
contraído pelo poder público, normalmente destinado à realização de uma obra
pública. A entrada dos recursos desse financiamento é classificada como receita
orçamentária, porém o patrimônio líquido da entidade não aumenta em virtude
de a entrada representar uma dívida. Ou seja, embora o recurso tenha ingressado
nos cofres públicos, deverá ser pago (amortizado).
a) Ingressos extraorçamentários
Os ingressos extraorçamentários ou receita extraorçamentária são recursos financeiros
de caráter temporário, do qual o Estado é mero agente depositário. Sua devolução ou
“recolhimento” não se sujeita à autorização legislativa, portanto, não integram a LOA.
É importante salientar que esses ingressos não têm reflexos no Patrimônio Líquido da
Entidade.
A título de exemplo de ingressos extraorçamentários, podemos citar os depósitos em
caução, que muitas vezes são exigidos em licitações, retenções previdenciárias na folha de
pagamento, as fianças, as operações de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária
(ARO) e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros.
Vamos pegar, como exemplo, o caso das retenções previdenciárias na folha de
pagamento de uma prefeitura, cujos servidores estão vinculados ao Regime Geral de
Previdência Social, ou seja, contribuem para o INSS. Nesse caso, a prefeitura paga a
sua contribuição patronal, que é apenas uma despesa orçamentária, porém retém um
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PÚBLICA
percentual relativo à contribuição do servidor para com o INSS.
Quando a prefeitura fez essa retenção, o recurso se classifica como receita
extraorçamentária, pois possui caráter temporário, ou seja, não pertence à prefeitura. Ela
apenas fez a retenção, porém deve recolher para o INSS. Quando fizer esse recolhimento,
será classificado como despesa extraorçamentária.
b) Ingressos orçamentários
Os ingressos orçamentários representam as disponibilidades de recursos financeiros
que ingressam durante o exercício e que aumentam o saldo financeiro da entidade. As
receitas orçamentárias são fontes de recursos utilizadas pelo Estado em programas
e ações cuja finalidade precípua é atender às necessidades públicas e demandas da
sociedade. É o principal instrumento para viabilizar a execução das políticas públicas.
A título de exemplo, você, como cidadão, se possui imóvel, provavelmente paga o
seu IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), não é mesmo? O
ingresso dos recursos desse imposto na prefeitura representa uma receita orçamentária.
Esses recursos podem ser utilizados pela administração municipal para pavimentar ruas,
comprar medicamentos, etc.
Por força do princípio orçamentário da universalidade, todas as receitas orçamentárias
devem estar previstas na LOA, conforme estudado na primeira unidade. No entanto,
embora haja obrigatoriedade de a LOA registrar a previsão de arrecadação, a mera
ausência formal do registro dessa previsão não retira o caráter de orçamentárias, ok?
O art. 57, da Lei nº 4.320, de 1964, determina que sejam classificadas como receitas
orçamentárias todas as receitas arrecadadas que porventura representem ingressos
financeiros orçamentários, inclusive se provenientes de operações de crédito; exceto as
operações de crédito por ARO.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
poder público.
As Receitas Públicas Originárias, segundo a doutrina, seriam aquelas arrecadadas por
meio da exploração de atividades econômicas pela administração pública (LIMA, 2007).
Resultariam, principalmente, de rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado
(receita de aluguel), de preços públicos, de prestação de serviços comerciais e de venda
de produtos industriais ou agropecuários.
Já as Receitas Públicas Derivadas, segundo a doutrina, seriam as receitas obtidas pelo
poder público por meio da soberania estatal, auferidas de forma impositiva, como as
receitas tributárias e as de contribuições especiais (LIMA, 2007).
De acordo com o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (8ª Edição),
a classificação da receita orçamentária é de uso obrigatório para todos os entes da
Federação, sendo facultado seu desdobramento para atendimento das respectivas
peculiaridades da entidade. Isso é de extrema importância para que as administrações
públicas, independentemente da esfera de governo, “falem a mesma língua”, no sentido
de padronizar informações e, até mesmo, na busca de uma consolidação das contas
nacionais.
Nesse sentido, as receitas orçamentárias são classificadas segundo os seguintes
critérios:
• Natureza;
• Fonte/Destinação de Recursos;
• Indicador de Resultado Primário.
As classificações que iremos estudar aqui é utilizada por todos os entes da Federação
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e visa identificar a origem do recurso
segundo o fato gerador: acontecimento real que ocasionou o ingresso da receita nos
cofres públicos.
A estrutura da codificação das receitas permite identificar a qual categoria ela pertence,
sua origem e espécie, peculiaridades da receita, além de proporcionar a associação, de
forma imediata, da receita principal com aquelas dela originadas: multas e juros, dívida
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
ativa, multas e juros da dívida ativa.
As receitas públicas, nos termos do art. 11 da Lei nº 4.320/64, são divididas em duas
grandes categorias econômicas: receitas correntes e receitas de capital. A finalidade
desse critério é identificar a origem dos recursos, segundo seu fato gerador, evidenciando
quais serão destinados a atender a despesas correntes e quais serão destinados a atender
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
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despesas de capital. Vamos compreender cada uma delas?
a) Receitas correntes: são as que se destinam aos gastos correntes; são ingressos de
recursos financeiros oriundos de atividades operacionais para aplicação em despesas
correspondentes, também em atividades operacionais, correntes ou de capital, visando a
atingir os objetivos constantes dos programas e ações do governo. Elas são originárias do
poder de tributar ou resultantes da venda de produtos ou serviços colocados à disposição
dos usuários.
As receitas correntes se subdividem em tributária, de contribuições, patrimonial,
agropecuária, industrial, de serviços e outras; e, ainda, provenientes de recursos
financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas
a atender despesas correntes.
A classificação da receita por fontes (origem) está prevista no § 1º do art. 2º, da Lei nº
4.320/64, no qual é determinado que a lei do orçamento consignará sumário e quadro
discriminativo das receitas por fontes. As receitas por fontes, também conhecidas como
“origem”, são o detalhamento da classificação econômica vista no tópico anterior, ou
seja, as subdivisões das receitas correntes e receitas de capital.
Assim, como já visto, de acordo com a Lei nº 4.320/64, as receitas correntes serão
classificadas nos seguintes níveis de subcategorias econômicas:
• Receita tributária;
• Receita de contribuições;
• Receita patrimonial;
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
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• Receita agropecuária;
• Receita industrial;
• Receita de serviços;
• Transferências correntes;
• Outras receitas correntes.
Já as receitas de capital, de acordo com a mesma lei, serão classificadas nos seguintes
níveis de subcategorias econômicas:
• Operações de crédito;
• Alienação de bens;
• Amortização de empréstimos;
• Transferências de capital;
• Outras receitas de capital.
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A Figura 9, que é parte integrante do Orçamento Anual da União para o exercício de
2019, demonstra na prática o uso das classificações trabalhadas até o momento. Para cada
classificação da receita pública, existe uma codificação. No caso das origens, os códigos
são os dispostos no quadro a seguir:
EXERCÍCIO
Acesse o Portal da Transparência do município em que você reside, procure
pelos dados das receitas e identifique as cinco principais receitas arrecadadas no
ano imediatamente anterior à corrente. Depois, apresente o valor arrecadado de cada uma des-
sas receitas, o percentual de representatividade de cada uma em relação ao total arrecadado e,
com base em breve pesquisa, explique o que é cada uma das receitas identificadas.
Para você, estudante, é importante saber também que as receitas públicas podem ser
classificadas ou consideradas como ordinárias (sem destinação pré-determinada) ou
vinculadas (com destinação pré-determinada). Por exemplo, se a Prefeitura realizou uma
operação de crédito para a construção de uma ponte, o ingresso de recursos de operação
de crédito é considerado uma receita de capital, não é mesmo? Essa receita é também
considerada vinculada, pois o recurso só poderá ser utilizado para a construção daquela
ponte.
47
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
SAIBA MAIS
Saiba mais sobre a vinculação de receitas. Assista ao vídeo: https://www.
youtube.com/watch?v=OPdGF5QGXyE
48
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
materializado na LOA, que servirá de base para todo o plano de ações governamentais no
orçamento. Já os estágios relativos à execução da receita orçamentária ocorrem durante
o exercício financeiro, por meio do lançamento de créditos por parte das entidades
públicas e o devido pagamento por parte dos contribuintes.
Quando falamos em despesas públicas, estamos falando dos gastos do governo para
desenvolver suas políticas públicas nas mais diversas áreas, como segurança pública,
saúde, educação, habitação, infraestrutura urbana, saneamento etc. Esses gastos
precisam de autorização na LOA (por isso são chamados de gastos orçamentários) e
geram dispêndios financeiros.
É importante dizer que existem outros tipos de dispêndios financeiros, como o
recolhimento da parcela do INSS retido do servidor na folha de pagamento. Este, por
exemplo, representa um dispêndio extra orçamentário (não necessita de autorização na
LOA).
De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 1.121, de 28 de
março de 2008, que dispõe sobre a estrutura conceitual para a elaboração e apresentação
das demonstrações contábeis, as despesas são decréscimos nos benefícios econômicos
durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou
incremento em passivos. Dessa forma, que resultem em decréscimo do patrimônio
líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade.
Segundo os princípios de contabilidade, a despesa deve ser registrada no momento
da ocorrência do seu fato gerador, independentemente de recebimento. Contudo, na
Contabilidade Pública, por muitos anos a despesa pública, ao contrário da ideia de receita
orçamentária, foi tratada como a “saída de recursos nos cofres públicos”. Assim, a nova
contabilidade aplicada ao setor público admite dois enfoques distintos para as despesas:
patrimonial e orçamentário.
Dessa forma, as despesas públicas sob o enfoque patrimonial são decréscimos nos
benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou
redução de ativos ou incremento em passivos, que resultem em decréscimo do patrimônio
líquido.
Contudo, a despesa sob o enfoque orçamentário é o fluxo que deriva da utilização
de crédito consignado no orçamento da entidade, podendo ou não diminuir a situação
líquida patrimonial. Assim, ainda em relação à influência das despesas orçamentárias
49
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
sobre o Patrimônio Líquido da entidade, as despesas podem ser consideradas efetivas e
não efetivas.
a. Despesa orçamentária efetiva: é aquela que, no momento de sua realização, reduz
a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo
diminutivo.
b. Despesa orçamentária não efetiva: é aquela que, no momento da sua realização,
não reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil
permutativo.
50
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Figura 10 – Exemplo de classificação institucional da despesa
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
51
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
associado a um produto, que quantificado por sua unidade de medida dá origem à meta.
A seguir, são apresentadas algumas definições:
Programa: instrumento de organização da ação governamental, por meio do
desdobramento da classificação programática, no qual se faz a ligação entre os planos de
longo e médio prazo, visando à concretização dos objetivos pretendidos;
Ação: instrumento de programação para alcançar o objetivo do programa e o que
envolve. Representa as ações que o poder público pretende realizar dentro de um
determinado programa e se divide em projetos, atividades e operações especiais.
a) Por categorias econômicas: os artigos 12 e 13, bem como o anexo 4 da Lei nº 4.320/64
apresentam discriminação da despesa orçamentária em duas categorias econômicas, que
são: despesas correntes e despesas de capital, cujos códigos (padrão nacional) são 3 e 4,
respectivamente.
52
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
e o funcionamento dos seus órgãos de
suas atividades básicas. Essas despesas
não contribuem, diretamente, para a
formação ou aquisição de um bem de
capital. A despesa corrente apresenta-se
como um fato modificativo ou diminutivo.
Despesas de capital: são gastos
realizados pela administração pública
para a criação de novos bens de capital
ou mesmo adquirir bens de capital já em
uso, como é o caso de investimentos e
inversões financeiras, que se constituirão
em incorporações ao Patrimônio Líquido
de forma efetiva ou por meio de mutação
patrimonial.
53
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Quadro 2 - Grupos natureza da despesa
54
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
informação gerencial denominada modalidade de aplicação, a qual tem por finalidade
indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da
mesma esfera de governo ou por outro ente da federação. A modalidade de aplicação
corresponde à forma de realização da despesa. Abaixo destacamos algumas delas:
• 20 - Transferências à união: despesas orçamentárias realizadas pelos Estados,
Municípios ou pelo Distrito Federal, mediante transferência de recursos
financeiros à União;
• 30 - Transferências a Estados e ao Distrito Federal: despesas orçamentárias
realizadas mediante transferência de recursos financeiros da União ou dos
Municípios aos Estados e ao Distrito Federal;
• 40 - Transferências a Municípios: despesas orçamentárias realizadas mediante
transferência de recursos financeiros da União ou dos Estados aos Municípios;
• 50 - Transferências a instituições privadas sem fins lucrativos: despesas
orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros a
entidades sem fins lucrativos que não tenham vínculo com a administração
pública;
• 60 - Transferências a instituições privadas com fins lucrativos: despesas
orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros a
entidades com fins lucrativos que não tenham vínculo com a administração
pública;
• 71 - Transferências a consórcios públicos mediante contrato de rateio: despesas
orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros a
entidades criadas sob a forma de consórcios públicos;
• 80 - Transferências ao exterior: despesas orçamentárias realizadas mediante
transferência de recursos financeiros a órgãos e entidades governamentais
pertencentes a outros países, a organismos internacionais e a fundos instituídos
por diversos países;
• 90 - Aplicações diretas: aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos créditos
a ela alocados ou oriundos de descentralização de outras entidades integrantes ou
não dos Orçamentos Fiscal ou da Seguridade Social, no âmbito da mesma esfera
de governo.
Existem várias outras modalidades de aplicação, porém citamos aqui algumas das
mais utilizadas. A última modalidade tratada, 90 – Aplicações diretas, é a mais comum
quando a administração pública realiza as despesas diretamente, compra o material,
contrata a obra etc.
55
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
d) Por elementos de despesa: são destacados os agregados de despesa que no âmbito
da administração pública são expressivos e merecem acompanhamento gerencial, tendo
em vista o planejamento exigido pela legislação. As definições de cada elemento de
despesa estão estabelecidas na Portaria Interministerial STN/SOF nº. 163/00. Em virtude
da grande quantidade de elementos de despesa existentes, iremos citar apenas alguns
mais utilizados.
• 04 – Contratação por tempo determinado: despesas orçamentárias com a
contratação de pessoal por tempo determinado (ACT) para atender à necessidade
temporária de excepcional interesse público, inclusive obrigações patronais;
• 11 – Vencimentos e vantagens fixas – pessoal civil: despesas orçamentárias com
vencimentos; salário pessoal permanente; de cargos de confiança; subsídios;
gratificações etc;
• 13 – Obrigações patronais: despesas orçamentárias com encargos que a
administração tem pela sua condição de empregadora, e resultantes de pagamento
de pessoal ativo, inativo e pensionistas, como FGTS e INSS;
• 30 – Material de consumo: é um elemento muito utilizado no dia a dia, pois envolve
despesas orçamentárias com materiais de consumo em geral, como combustíveis;
gêneros de alimentação; material de construção para reparos em imóveis; material
de expediente; material de cama e mesa, copa e cozinha e produtos de higienização;
material gráfico e de processamento de dados; material odontológico, hospitalar
e ambulatorial; entre outros. São muito os exemplos, mas vamos pensar aqui em
materiais de consumo em geral, para serem consumidos diretamente pelos órgãos
governamentais nos serviços oferecidos à população;
• 32 – Material, bem ou serviço para distribuição gratuita: despesas orçamentárias
com aquisição de materiais, bens ou serviços para distribuição gratuita, tais como
livros didáticos, medicamentos, gêneros alimentícios e outros materiais, bens
ou serviços que possam ser distribuídos gratuitamente, exceto se destinados a
premiações culturais, artísticas, científicas, desportivas e outras;
• 36 – Outros serviços de terceiros – pessoa física: despesas orçamentárias decorrentes
de serviços prestados por pessoa física pagos diretamente e não enquadrados nos
elementos de despesa específicos, tais como: remuneração de serviços de natureza
eventual, prestado por pessoa física sem vínculo empregatício; locação de imóveis
e outras despesas pagas diretamente à pessoa física;
• 39 – Outros serviços de terceiros – pessoa jurídica: despesas orçamentárias
decorrentes da prestação de serviços diversos por pessoas jurídicas para órgãos
públicos;
• 51 – Obras e instalações: despesas com estudos e projetos, bem como a execução
56
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
de obras, além de instalações que sejam incorporáveis ou inerentes ao imóvel, tais
como: elevadores, aparelhagem para ar condicionado central, etc.
• 52 – Equipamentos e material permanente: despesas orçamentárias com aquisição
de bens de caráter permanente, como aeronaves; aparelhos e equipamentos
de comunicação; aparelhos, equipamentos e utensílios médico, odontológico,
laboratorial e hospitalar; embarcações, máquinas, aparelhos e equipamentos
de uso industrial; máquinas, tratores e equipamentos agrícolas, rodoviários e
de movimentação de carga; mobiliário em geral; veículos diversos; entre outros
materiais permanentes.
• 61– Aquisição de imóveis: despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis
considerados necessários à realização de obras ou para sua pronta utilização.
Esses são apenas alguns dos elementos de despesa aplicados atualmente no Brasil, em
todas as esferas de governo. Vamos visualizar alguns exemplos de toda a classificação
pela natureza da despesa?
Exemplo 2: O Governo do Estado de Santa Catarina vai passar recursos, por meio de
convênio, para o Município de Modelópolis realizar uma obra.
57
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Figura 14 - Exemplo 2: classificação da natureza da despesa
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
58
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Agora que você já compreende um pouco sobre as classificações das despesas, é hora
de falarmos dos estágios da despesa. Vamos lá?
2.2.2.1 Planejamento
59
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Lei nº 8.666/1993, que objetivam adquirir materiais, contratar obras e serviços, alienar
ou ceder bens a terceiros etc. É um mecanismo que as entidades governamentais
devem promover, a fim de proporcionar uma disputa entre os interessados de celebrar
negócios de conteúdo material ou patrimonial com a administração municipal.
2.2.2.2 Execução
SAIBA MAIS
Saiba mais sobre os estágios das despesas públicas. Assista ao vídeo: https://
www.youtube.com/watch?v=ZcqgaEjJ7Aw&t=29s
Nessa unidade, você aprendeu sobre as receitas e as despesas púbicas, suas classificações
e os estágios que devem passar. Na próxima unidade, veremos um pouco da contabilização
das principais transações do dia a dia do setor público em seus diferentes subsistemas.
60
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
PARA REFLETIR
Se só é possível realizar o “empenho” da despesa (que deve ser prévio à sua
realização) se houver disponibilidade orçamentária, como é possível um gestor
público gastar mais do que arrecada?
SUGESTÃO DE LIVRO
O livro de KOHAMA, Heilio (2009) é um clássico da lite-
ratura contábil do setor público brasileiro. Dentre vários
aspectos importantes para o nosso estudo, o livro nos ajuda a compre-
ender melhor os estágios das receitas e das despesas públicas, o que
facilitará a compreensão da próxima unidade, que trata dos subsiste-
mas e dos registros contábeis das transações típicas do setor público.
Consulte em: KOHAMA, Heilio. Contabilidade Pública: teoria e prática. 10 ed. São Paulo:
Atlas, 2009.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
61
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
destaque para as duas grandes categorias econômicas (Despesas Correntes e Despesas de
Capital) e para os grupos de natureza da despesa, como pessoal e encargos sociais, juros
e encargos da dívida, outras despesas correntes, investimentos etc.
Na despesa, vimos que existem várias outras classificações, como classificação
institucional, funcional programática, modalidades de aplicação, elementos de despesa
etc. Todas visam a promover mais informações sobre o uso dos recursos públicos, seja
para fins gerenciais, de fiscalização e/ou de transparência nos gastos públicos.
Em relação aos estágios das despesas públicas, vimos que se submetem, já na
sua execução, a três: empenho, liquidação e pagamento. Nesse sentido, foi possível
compreender um pouco mais sobre os recursos públicos, nas formas de receitas (entradas)
e despesas (saídas), levando-se em consideração dois enfoques, conforme NBCASP:
orçamentário e patrimonial.
Tudo bem até aqui? Lembre-se que você pode contar com seus tutores e professores.
Faça contato sempre que tiver dúvidas.
EXERCÍCIOS
2. A preocupação para com o patrimônio público é um assunto que está cada vez mais
em evidência nas administrações públicas, principalmente após a edição das NBCASP.
Assim, muitos municípios estão inventariando e reavaliando bens do ativo imobilizado
para a realização de ajustes contábeis e inicialização de procedimentos de depreciação,
amortização e exaustão de bens. Nesses inventários, é comum serem identificados
diversos bens inservíveis, ou seja, que não possuem mais utilidade para o poder público.
Esses bens normalmente são leiloados e os recursos obtidos com a venda, sob o enfoque
orçamentário, são considerados receitas públicas. Nesse contexto, pode-se afirmar que
as receitas provenientes da alienação de bens do poder público são classificadas como:
62
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
(A) Receita Patrimonial.
(B) Receitas de Capital.
(C) Receita de Investimentos.
(D) Receitas Correntes.
(E) Transferências Correntes.
(A) R$ 29.000.
(B) R$ 22.000.
(C) R$ 13.000.
(D) R$ 17.000.
(E) R$ 20.000.
63
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
para pagar serviços do governo e os investimentos realizados. Consubstancia-se em
uma das vertentes da Política Fiscal e deve ser administrada de maneira cuidadosa para
garantir os ideais dispostos na Política Econômica. Sobre os estágios da despesa pública,
é correto afirmar:
(A) É possível a realização de uma despesa pública sem prévio empenho, uma vez que
a legislação prevê despesas para as quais pode ser dispensada a nota de empenho.
(B) A liquidação da despesa ocorre com o despacho da autoridade competente,
determinando o seu pagamento através de ordem bancária.
(C) A fixação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo
por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.
(D) O empenho é o ato emanado de autoridade competente no qual o fornecedor
cumpre com suas obrigações de entrega de material, obra ou serviço.
(E) A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor,
tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, e o
reconhecimento por parte do poder público, da entrega adequada dos bens ou serviços
por parte do fornecedor.
REFERÊNCIAS
BEZERRA FILHO, João Eudes. Contabilidade Pública. 3 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008.
BRASIL. Constituição (1988). Brasil: Casa Civil, [1988]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 16 out.
2019.
BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal. Brasil: Casa Civil, [1964]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 16 out. 2019.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Secretaria do Tesouro Nacional, 2018.
CRUZ, Flávio da. BARBOSA, Rui Rogério Naschenweng. Comentários à lei no 4.320. 4a
edição. São Paulo: Atlas, 2006.
KOHAMA, Heilio. Contabilidade Pública: teoria e prática. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
LIMA, Diana Vaz de. Contabilidade Pública: integrando União, Estados e Municípios
(Siafi e Siafem). 3ª Edição. São Paulo: Atlas, 2007.
ROSA, Maria Berenice. Contabilidade do Setor Público: de acordo com as inovações das
Normas Brasileiras de Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
65
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
66
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
3
unidade
SUBSISTEMAS
DE CONTAS E AS
TRANSAÇÕES NO SETOR
PÚBLICO
67
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Bons estudos!
68
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Assim, no setor público, temos inúmeras operações que podemos chamar de
típicas, envolvendo aspectos de natureza orçamentária, financeira e patrimonial, por
exemplo. Dentre as mais comuns, podemos citar pagamento de credores (fornecedores),
recebimento de recursos, compras de materiais e bens, contratação de serviços,
construção de obras públicas e pagamento de pessoal.
A maior parte dos recursos públicos são oriundos do orçamento público. Esses
recursos devem ser utilizados de forma a atender ao interesse da coletividade e, por
isso, dependem de autorização “da coletividade” (povo), através de seus representantes,
para a sua utilização. Essa autorização ocorre na aprovação da Lei Orçamentária Anual,
conforme estudado na primeira unidade.
Assim como os recursos em sua maior parte são oriundos do orçamento público, a
execução das políticas públicas também é realizada por meio dos gastos oriundos do
orçamento. A execução do orçamento promove, de modo geral, alterações no patrimônio
público. São poucos os casos em que o patrimônio público é gerado por fatos cuja origem
independe do orçamento, como o recebimento de bens em doação.
Dessa forma, a contabilidade do setor público, valendo-se de princípios, métodos,
critérios e técnicas oriundas da Ciência Contábil, tem a missão de acompanhar não
apenas a execução do orçamento público (execução orçamentária), como também a
evolução do patrimônio público.
Como estamos falando de contabilidade do setor público, ou seja, da administração
pública, não podemos nos esquecer do princípio da legalidade (art. 37 da CF de 1988).
Esse princípio determina que a administração pública só pode realizar aquilo que estiver
expressamente previsto (autorizado) em lei.
Nesse sentido, para conhecer e conceituar aspectos da contabilidade pública,
é necessário conhecer os dispositivos legais nos quais está baseada. Como já dito
anteriormente em outras unidades deste caderno, um dos principais alicerces da
contabilidade do setor público é a Lei nº 4.320/1964 que, em seu art. 89, estabelece que
“A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração orçamentária, financeira
patrimonial e industrial”.
No que concerne especificamente à função orçamentária, podemos destacar outros
dispositivos da referida Lei, como o art. 29, que determina que “Caberá aos órgãos de
contabilidade ou de arrecadação organizar demonstrações mensais da receita arrecadada [...]”.
No entanto, está ainda em vigor outra norma de extrema importância: o Decreto-
Lei 200, de 1967. Este estabelece em seu art. 78 que “O acompanhamento da execução
orçamentária será feito pelos órgãos de contabilização”.
Esses dispositivos, dentre tantos outros, já deixam clara a função orçamentária
essencial no setor público, tanto na programação, quanto na execução, no controle e
69
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
na demonstração da arrecadação e do uso dos recursos públicos. Talvez seja uma das
peculiaridades que mais destacam a contabilidade do setor público em relação a outros
ramos.
No entanto, é possível identificar também duas outras importantes funções da
Contabilidade Pública na Lei nº 4.320 de 1964, como a patrimonial e, no caso de exercer
atividades industriais, a função industrial ou de custos.
Assim, como já mencionado na primeira unidade, o objeto da Contabilidade Pública
é o patrimônio público, entendido como o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou
intangíveis, onerados ou não. Engloba ainda os direitos e bens adquiridos, produzidos,
recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público.
SAIBA MAIS
Saiba mais sobre a nova contabilidade pública brasileira e a convergência aos
padrões internacionais de contabilidade. Assista ao vídeo: https://www.youtube.
com/watch?v=YMyBn_1XF6A
70
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
3.2 REGIME ORÇAMENTÁRIO E CONTÁBIL
71
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
EXERCÍCIO
Faça uma resenha sobre o artigo “Regime De Competência Aplicado Ao Setor
Público: Análise No Reconhecimento Dos Restos a Pagar Não Processados E
Despesas De Exercícios Anteriores Dos Municípios Brasileiros”, constante das referências desta
unidade e também disponibilizado no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
72
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Contas Aplicado ao Setor Público - PCASP o subsistema de informações patrimoniais
nos seguintes grupos: ativo, passivo e Patrimônio Líquido, variações diminutivas e
variações aumentativas.
O subsistema de custos deverá apurar os custos dos serviços públicos com o intuito
de apurar e mensurar os resultados da gestão, os custos dos serviços públicos, dos
programas de governo etc. O art. 85 da Lei 4.320/64 afirmou que a organização dos
serviços de contabilidade deverá permitir, dentre outros objetivos, a determinação dos
custos dos serviços industriais.
Contudo, o decreto Lei nº 200/67 ampliou o campo de apuração dos custos dos
serviços e determinou que “A contabilidade deverá apurar os custos dos serviços, de
forma a evidenciar os resultados da gestão”.
Por fim, o subsistema de compensação registra os bens, os valores, as obrigações e
as situações não representados nos grupos que compõem o ativo e o passivo, e que
possam vir afetar o patrimônio. Representam valores em poder de terceiros ou recebidos
de terceiros, valores nominais emitidos, contabilizados em contas de compensação
apenas para efeito de registro e controle, não alterando o patrimônio quando de seu
registro, mas que possam modificá-lo no futuro.
Vamos compreender melhor as contas envolvidas em cada um destes subsistemas.
73
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Quadro 3 – Plano de Contas Aplicado ao Setor Público – PCASP, sintético.
3.9 Outras Variações Patrimoniais Diminutivas 4.9 Outras Variações Patrimoniais Aumentativas
Nota-se que as contas contábeis não foram identificadas com o subsistema a que
pertencem, mas classificadas segundo a natureza das informações que evidenciam,
ou seja: informações de natureza patrimonial, informações de natureza orçamentária
e informações de natureza típica de controle:
74
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
• 1, 2, 3 e 4 – contas com informação de natureza patrimonial;
• 5 e 6 – contas com informação de natureza orçamentária;
• 7 e 8 – contas com informação de natureza típica de controle.
Subsistema Patrimonial
Subsistema Orçamentário
Subsistema de Custos
Subsistema de Compensação
Isso permite estabelecer uma relação entre as contas contábeis, segundo a natureza
das informações que evidenciam, com os subsistemas de informações que o Plano de
Contas deverá refletir, segundo o disposto na Resolução/CFC 1.129/2008, alterada pela
Resolução/CFC 1.268/2009.
Vamos estudar cada um dos subsistemas? Isso nos dará uma visão melhor de como os
atos e os fatos da administração pública refletem em cada um deles.
O artigo 106 da Lei n. 4.320/64 define algumas regras para a avaliação (reconhecimento
e valoração) dos elementos patrimoniais:
75
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Art. 106. A avaliação dos elementos patrimoniais obedecerá às normas
seguintes:
I - os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo seu valor
nominal, feita a conversão, quando em moeda estrangeira, à taxa de
câmbio vigente na data do balanço;
II - os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo custo de
produção ou de construção;
III - os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das compras.
§ 1° Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos, quando
em moeda estrangeira, deverão figurar ao lado das correspondentes
importâncias em moeda nacional.
§ 2º As variações resultantes da conversão dos débitos, créditos e
valores em espécie serão levadas à conta patrimonial.
§ 3º Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e imóveis.
76
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
e imóveis, direitos e obrigações. Esse subsistema também comporta as variações
do patrimônio. Dessa forma, no PCASP o subsistema de informações patrimoniais é
representado nos seguintes grupos: 1 – ativo; 2 – passivo; 2.3 - Patrimônio Líquido; 3 -
variações diminutivas; e 4 - variações aumentativas.
1.0.0.0.0.00.00 ATIVO
1.1.0.0.0.00.00 ATIVO CIRCULANTE
1.1.1.0.0.00.00 Caixa E Equivalentes de Caixa
1.1.1.1.0.00.00 Caixa E Equivalentes de Caixa em Moeda Nacional
1.1.2.0.0.00.00 Créditos a Curto Prazo
77
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
1.1.2.2.0.00.00 Créditos Tributários a Receber
1.1.2.3.0.00.00 Dívida Ativa Tributaria
Investimentos e Aplicações Temporárias a Curto
1.1.4.0.0.00.00
Prazo
1.1.5.0.0.00.00 Estoques
1.2.0.0.0.00.00 ATIVO NÃO-CIRCULANTE
1.2.1.0.0.00.00 Ativo Realizável a Longo Prazo
1.2.1.1.0.00.00 Créditos a Longo Prazo
1.2.1.1.1.02.00 Créditos Tributários a Receber (longo prazo)
1.2.1.1.1.03.00 Dívida Ativa Tributaria (longo prazo)
Investimentos e Aplicações Temporárias a Longo
1.2.1.3.0.00.00
Prazo
1.2.2.0.0.00.00 Investimentos
1.2.2.1.0.00.00 Participações Permanentes
1.2.3.0.0.00.00 Imobilizado
1.2.3.1.0.00.00 Bens Moveis
1.2.3.2.0.00.00 Bens Imóveis
(-) Depreciação, Exaustão e Amortização Acumu-
1.2.3.8.0.00.00
ladas
1.2.4.0.0.00.00 Intangível
1.2.4.1.0.00.00 Softwares
Marcas, Direitos e Patentes Industriais - Consoli-
1.2.4.2.1.00.00
dação
1.2.4.3.0.00.00 Direito de Uso de Imóveis
78
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
2.1.1.4.0.00.00 Encargos Sociais a Pagar
2.1.2.0.0.00.00 Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo
2.1.3.0.0.00.00 Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo
2.2.0.0.0.00.00 PASSIVO NAO-CIRCULANTE
2.2.1.0.0.00.00 Obrigações Trabalhistas, Previd. e Assistenciais a Pagar a Longo Prazo
2.2.2.1.0.00.00 Empréstimos a Longo Prazo
2.2.2.2.0.00.00 Financiamentos a Longo Prazo
2.2.3.0.0.00.00 Fornecedores a Longo Prazo
2.2.4.0.0.00.00 Obrigações Fiscais a Longo Prazo
79
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
3.0.0.0.0.00.00 VARIAÇÃO PATRIMONIAL DIMINUTIVA
3.1.0.0.0.00.00 Pessoal e Encargos
3.1.1.0.0.00.00 Remuneração a Pessoal
3.1.2.0.0.00.00 Encargos Patronais
3.1.9.1.0.00.00 Indenizações e Restituições Trabalhistas
3.2.1.0.0.00.00 Aposentadorias e Reformas
3.3.0.0.0.00.00 Uso de Bens, Serviços e Consumo de Capital Fixo
3.3.1.0.0.00.00 Uso de Material De Consumo
3.3.1.1.0.00.00 Consumo De Material
3.3.1.2.0.00.00 Distribuição De Material Gratuito
3.3.2.0.0.00.00 Serviços
3.3.2.2.0.00.00 Serviços Terceiros – Pessoa Física
3.3.2.3.0.00.00 Serviços Terceiros – Pessoa Jurídica
3.3.3.0.0.00.00 Depreciação, Amortização E Exaustão
3.3.3.1.0.00.00 Depreciação
3.3.3.2.0.00.00 Amortização
3.3.3.3.0.00.00 Exaustão
3.4.0.0.0.00.00 Variações Patrimoniais Diminutivas Financeiras
3.4.1.0.0.00.00 Juros e Encargos de Empréstimos e Financiamentos Obtidos
3.5.0.0.0.00.00 Transferências Concedidas
3.5.2.0.0.00.00 Transferências Inter Governamentais
3.5.3.1.0.00.00 Transferências A Instituições Privadas Sem Fins Lucrativos
As variações patrimoniais aumentativas, por sua vez, são aquelas que promovem
o aumento do Patrimônio Líquido. Vejamos também algumas contas para facilitar o
entendimento:
80
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
4.1.2.0.0.00.00 Taxas
4.1.3.0.0.00.00 Contribuições de Melhoria
4.5.0.0.0.00.00 Transferências Recebidas
4.5.2.0.0.00.00 Transferências Inter Governamentais
4.6.0.0.0.00.00 Valorização e Ganhos com Ativos
4.6.1.0.0.00.00 Reavaliação de Ativos
4.6.1.1.0.00.00 Reavaliação de Imobilizado
4.6.2.0.0.00.00 Ganhos com Alienação
4.9.2.2.0.00.00 Dividendos e Rendimentos de Outros Investimentos
4.9.9.5.0.00.00 Indenizações
Ficou mais fácil o entendimento dos agrupamentos das contas e quais fatos possuem
natureza patrimonial? É importante destacar que o Plano de Contas Aplicado ao Setor
Público é muito maior. As contas demonstradas acima são apenas algumas das principais.
Agora que conhecemos os grupos e as principais contas, que tal visualizarmos alguns
lançamentos contábeis (registros de transações) típicos do setor público no subsistema
patrimonial?
81
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
a) Reconhecimento da receita (ISSQN): no enfoque patrimonial, a receita é reconhecida
no estágio do lançamento, ou seja, momento do fato gerador, que cria para o ente público
um direito de recebimento.
Observa-se que foi creditada uma conta do grupo quatro (variações patrimoniais
aumentativas), ou seja, é um fato contábil modificativo aumentativo.
Observa-se que foram debitadas e creditadas apenas contas dos grupos 1 (ativo) e 2.1
(passivo circulante), não influenciando o Patrimônio Líquido da entidade e, portanto,
configurando um fato permutativo.
82
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
b) Aquisição de um veículo - momento do pagamento.
Observa-se que foram debitadas e creditadas apenas contas dos grupos 2.1 (passivo
circulante) e 1 (ativo), não influenciando o Patrimônio Líquido da entidade e, portanto, é
um fato permutativo.
D - 3.3.3.1.0.00.00 Depreciação
C - 1.2.3.8.0.00.00 Depreciação, Exaustão e Amortização acumuladas
83
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
mesmo um direito.
Caracteriza, portanto, uma despesa efetiva, pois não possui a característica de gerar
benefícios econômicos no futuro. É como dizer que o serviço “já foi consumido”. Por
exemplo, o fornecimento de energia elétrica é um serviço. Como o ente público não
armazena a energia, mas consome-a, esse serviço não irá gerar benefícios econômicos
futuros. Portanto, é um fato contábil modificativo diminutivo.
Observa-se que foram debitadas e creditadas apenas contas dos grupos 2.1 (passivo
circulante) e 1 (ativo), não influenciando o Patrimônio Líquido da entidade e, portanto, é
um fato permutativo.
D - 1.1.5.6.0.00.00 Almoxarifado
C - 2.1.3.0.0.00.00 Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo
Observa-se que foram debitadas e creditadas apenas contas dos grupos 1 (ativo) e 2.1
(passivo circulante), não influenciando o Patrimônio Líquido da entidade e, portanto,
configurando um fato permutativo.
Observa-se que foram debitadas e creditadas apenas contas dos grupos 2.1 (passivo
circulante) e 1 (ativo), não influenciando o Patrimônio Líquido da entidade e, portanto, é
um fato permutativo.
84
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
c) Medicamentos - consumo de materiais. Assim como a depreciação, no caso do
veículo, o consumo de materiais dos estoques e almoxarifados não representa um estágio
da despesa orçamentária. No entanto, quando um material, nesse caso medicamente,
é consumido, perde a sua característica de poder gerar benefícios econômicos futuros,
ou seja, perde a sua característica de ativo. Por isso, o consumo dos medicamentos é
reconhecido como uma variação patrimonial diminutiva.
85
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
3.3.3 Subsistema orçamentário
Como visto na unidade 1, o art. 165 da Constituição Federal estabelece que “leis
de iniciativa do poder executivo estabelecerão: o plano plurianual, as diretrizes
orçamentárias e os orçamentos anuais”. Já vimos também que o subsistema orçamentário
visa a propiciar a avaliação e a instrumentalização do controle do planejamento público.
Para atendimento desse dispositivo, são registrados nas contas do subsistema de
informações orçamentárias os atos dessa natureza, que consistem no controle da
aprovação e execução do orçamento público; ou seja, na previsão e na realização da
receita orçamentária e na fixação e execução da despesa orçamentária.
No novo Plano de Contas aplicado ao Setor Público - PCASP, o sistema orçamentário
está destacado nas classes 5 e 6, conforme pode ser visto no quadro abaixo:
86
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
5.2.2.1.1.00.00 Dotação Inicial
5.2.2.1.2.01.00 Credito Adicional – Suplementar
5.2.2.1.2.02.00 Credito Adicional - Especial
5.2.2.1.2.03.00 Credito Adicional – Extraordinário
5.2.2.1.9.00.00 Cancelamento/Remanejamento De Dotação
5.3.0.0.0.00.00 INSCRIÇÃO DE RESTOS A PAGAR
5.3.1.0.0.00.00 Inscrição de Restos a Pagar não Processados
5.3.1.1.0.00.00 Restos a Pagar não Processados Inscritos
5.3.2.0.0.00.00 Inscrição de Restos a Pagar Processados
5.3.2.1.0.00.00 Restos a Pagar Processados - Inscritos
87
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
6.3.2.1.0.00.00 Restos a Pagar Processados a Pagar
6.3.2.2.0.00.00 Restos a Pagar Processados Pagos
88
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
É importante destacar que esse e os próximos exemplos estão em um nível sintético
(agrupado) para fins didáticos. Na prática, faz-se um registro para cada receita em seu
maior nível de detalhamento, conforme classificação estudada na unidade II.
89
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
D - 6.2.2.1.3.01.xx Crédito empenhado a liquidar
C - 6.2.2.1.3.02.xx Crédito empenhado em liquidação
De acordo com a referida norma, o Sistema de Custos do Setor Público tem por objetivo:
a. Mensurar, registrar e evidenciar os custos dos produtos, serviços, programas,
projetos, atividades, ações, órgãos e outros objetos de custos da entidade.
b. Apoiar a avaliação de resultados e desempenhos, permitindo a comparação entre
90
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
os custos da entidade com os custos de outras entidades públicas, estimulando a
melhoria do desempenho dessas entidades.
c. Apoiar a tomada de decisão em processos, tais como comprar ou alugar, produzir
internamente ou terceirizar determinado bem ou serviço.
d. Apoiar as funções de planejamento e orçamento, fornecendo informações que
permitam projeções mais aderentes à realidade com base em custos incorridos e
projetados.
e. Apoiar programas de controle de custos e de melhoria da qualidade do gasto.
91
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Quadro 6 – PCASP sintético: subsistema de compensação
8. Controles Credores
7. Controles Devedores
7.1 Atos Potenciais
8.1 Execução dos Atos Potenciais
7.2 Administração Financeira
8.2 Execução da Administração Financeira
7.3 Dívida Ativa
8.3 Execução da Dívida Ativa
7.4 Riscos Fiscais
8.4 Execução dos Riscos Fiscais
7.9 Outros Controles
8.9 Outros Controles
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Prestação da garantia.
92
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Execução da garantia.
PARA REFLETIR
Qual é a vantagem para o gestor público ter tantos olhares diferentes (subsis-
temas) sobre as mesmas informações?
SUGESTÃO DE LIVRO
O livro de Rosa (2011) aborda as mudanças
advindas do processo de convergência da
contabilidade pública brasileira aos padrões internacionais
de contabilidade pública, evidenciando novos enfoques,
reconhecimento de variações patrimoniais e os registros das
principais transações do setor público.
93
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
EXERCÍCIOS
94
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
2. Correlacione a primeira coluna com a segunda em relação aos subsistemas de
informações contábeis e o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público – PCASP .
95
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
(C) I, II e III, apenas.
(D) III e IV, apenas.
(E) I, II e IV, apenas.
A partir dos registros contábeis apresentados, acerca das variações patrimoniais e das
96
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
transações no setor público, assinale a alternativa correta:
(A) A transação V se constitui de um fato modificativo e, consequentemente, não
altera o Patrimônio Líquido.
(B) A transação I não deve ser registrada na Contabilidade do Setor Público, uma vez
que não é oriunda de uma receita ou despesa orçamentária.
(C) As transações do item IV são registradas somente no sistema Patrimonial.
(D) A transação II se constitui em uma Variação Patrimonial Aumentativa, pois eleva
saldo do Patrimônio Líquido.
(E) A transação III se constitui de um fato permutativo, pois não altera o Patrimônio
Líquido.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Ricardo Rocha de; SOUZA, José Antônio de; VEIGA, Cátia Maria Fraguas.
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público: NBCASP comentadas.
2ª Edição. Curitiba, PR: Tecnodata Educacional, 2010.
BEZERRA FILHO, João Eudes. Contabilidade Pública. 3 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008.
BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal. Brasil: Casa Civil, [1964]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 16 out. 2019.
CRUZ, Flávio da. BARBOSA, Rui Rogério Naschenweng. Comentários à lei no 4.320. 4a
edição. São Paulo: Atlas, 2006.
KOHAMA, Heilio. Contabilidade Pública: teoria e prática. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
97
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
MARTINS, Fernando Rodrigues. Controle do Patrimônio Público: Comentários à Lei de
Improbidade Administrativa. 3a edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
ROSA, Maria Berenice. Contabilidade do Setor Público: de acordo com as inovações das
Normas Brasileiras de Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
98
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
4
unidade
DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS DO SETOR
PÚBLICO
99
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Bons estudos!
A maior parte das entidades do setor público tem por objetivo principal prestar serviços
à sociedade; diferentemente das empresas no setor privado, que visam a obter lucros
e gerar retorno financeiro aos investidores. Como exemplo, podemos citar programas
e políticas de educação pública (escolas públicas), segurança pública (policiamento),
saúde (postos de saúde, hospitais públicos etc.), dentre tantas outras políticas e áreas de
atuação do setor público.
Consequentemente, para avaliar o desempenho de tais entidades é necessário
trabalhar olhares diferentes ou aspectos diferenciados em comparação com as entidades
do setor privado. Nesse contexto, destacam-se três aspectos: orçamentário, patrimonial
e fiscal.
O aspecto orçamentário compreende o registro e a evidenciação do orçamento público,
tanto quanto a sua aprovação quanto a sua execução. A avaliação sob esse olhar pode ser
100
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
realizada por meio da análise do Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO)
e dos Balanços Orçamentário e Financeiro. Já o aspecto patrimonial compreende
o registro e a evidenciação da composição patrimonial do ente público. Nesse
aspecto, existem normas e princípios específicos a serem observados voltados para o
reconhecimento, a mensuração e a evidenciação dos ativos e passivos e de suas variações
patrimoniais. Para se avaliar as entidades sob este olhar, recomendamos a utilização do
Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP), dentre
outros demonstrativos.
O aspecto fiscal se concentra nos índices, indicadores e limites aos quais as entidades
do setor público estão sujeitas. Nesse aspecto, as entidades são avaliadas por meio de
indicadores estabelecidos pela LRF, dentre os quais se destacam os da despesa com
pessoal, gastos com manutenção e desenvolvimento do ensino (Educação), gastos com
ações e serviços públicos de saúde, limites e condições para a realização de operações
de crédito e da dívida consolidada, além da apuração da disponibilidade de caixa, do
resultado primário e do resultado nominal, a fim de verificar-se o equilíbrio das contas
públicas.
Para avaliarmos as entidades sob esse olhar, o Relatório de Gestão Fiscal (RGF) e o
Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) representam os principais
instrumentos para evidenciar esse aspecto.
101
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
econômico-financeira da entidade em determinada data e não o que ocorreu em
determinado período.
No entanto, as NBC TSP, em especial, a NBC TSP 11, que trata especificamente da
apresentação das demonstrações contábeis, estabeleceu as formas de elaboração dessas
demonstrações. Ainda trouxe outras demonstrações, com o intuito de promover da
melhor forma a evidenciação da informação contábil pública brasileira de acordo com os
padrões internacionais.
Assim, conjugando as disposições legais da Lei nº 4.320/64 e aquelas contidas na
NBC TSP 11, podemos afirmar que compõem o conjunto de Demonstrações Contábeis
Aplicadas ao Setor Público (DCASP):
• Balanço Patrimonial;
• Demonstração das Variações Patrimoniais;
• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;
• Demonstração dos Fluxos de Caixa;
• Balanço Orçamentário;
• Balanço Financeiro;
• Notas explicativas, compreendendo a descrição sucinta das principais políticas
contábeis e outras informações elucidativas.
102
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
III - O Passivo Financeiro;
IV - O Passivo Permanente;
V - O Saldo Patrimonial;
VI - As Contas de Compensação.
§ 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizáveis
independentemente de autorização orçamentária e os valores
numerários.
§ 2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e valores,
cuja mobilização ou alienação dependa de autorização legislativa.
§ 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outros
pagamentos que independam de autorização orçamentária.
§ 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e outras
que dependam de autorização legislativa para amortização ou resgate.
§ 5º Nas contas de compensação serão registrados os bens, valores,
obrigações e situações não compreendidas nos parágrafos anteriores
e que, imediata ou indiretamente, possam vir a afetar o patrimônio.
Dessa forma, ao dividir ativo e passivo em dois grupos (financeiro e permanente), a Lei
nº 4.320/1964 dá um certo viés orçamentário ao Balanço Patrimonial. Ou seja, distingue
o ativo e o passivo em função da dependência ou não de autorização legislativa ou
orçamentária para realização dos itens que o compõem.
No entanto, buscando atender aos novos padrões da Contabilidade Aplicada ao Setor
Público (CASP), as estruturas das demonstrações contábeis contidas nos anexos da Lei
nº 4.320/1964 foram alteradas pela Portaria STN nº 438/2012.
Dessa forma, no caso do Balanço Patrimonial, sua estrutura atual é composta por:
• Quadro principal;
• Quadro dos ativos e passivos financeiros e permanentes;
• Quadro das contas de compensação (controle);
• Quadro do superávit / déficit financeiro.
103
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
liquidez (rapidez de conversão em dinheiro).
No caso do ativo circulante, compreende-se os recursos em caixa e equivalentes,
estoques para consumo nas atividades normais da entidade e direitos a receber de curto
prazo (para recebimento em até 12 meses da data das demonstrações contábeis). Todos
os demais bens e direitos devem ser computados no ativo não circulante, como direitos a
receber de longo prazo, imóveis, veículos, maquinários etc.
Já o grupo do passivo compreende as obrigações da entidade (obrigações a pagar –
dívidas). Este também se divide em circulante e não circulante, basicamente em função
do vencimento (prazo para pagamento). Assim, no passivo circulante, estão as obrigações
que devem ser pagas em até 12 meses da data das demonstrações contábeis, como pessoal
a pagar, contribuições a recolher, dívida de curto prazo etc.
O passivo não circulante, por sua vez, compreende as obrigações de longo prazo, como
operações de crédito e outras dívidas de longo prazo contraídas pelo poder público. O
Patrimônio Líquido, como já visto, compreende a situação líquida, ou seja, a diferença
entre o ativo e o passivo, representada basicamente pelos resultados obtidos pelo ente
público ou capitais de sócios, nos casos de empresas e sociedades de economia mista.
Logo abaixo do quadro principal, veremos um quadro complementar com as contas
de ativo e passivo, divididas em financeiro e permanente, bem como o saldo patrimonial.
Essa estrutura é mantida em função da Lei nº 4.320/64. O ativo financeiro compreende
os créditos e valores realizáveis, independentemente de autorização orçamentária e os
valores numerários; já o ativo permanente apresenta os bens, créditos e valores, cuja
mobilização ou alienação dependa de autorização legislativa.
O passivo financeiro, por sua vez, compreende as dívidas fundadas e outros
compromissos exigíveis cujo pagamento independa de autorização orçamentária; como
os restos a pagar, os serviços da dívida a pagar, os depósitos e os débitos de tesouraria
(operações de crédito por antecipação de receita). Enquanto o passivo permanente
evidencia as dívidas fundadas e outras que dependam de autorização legislativa para
amortização ou resgate.
O terceiro quadro se refere às contas de compensação que, como apresentado
anteriormente, compreende contas de natureza de controle, que possam vir a afetar o
patrimônio público. Por fim, o último quadro representa a demonstração do Déficit ou
Superávit Financeiro, que nada mais é do que a diferença positiva entre o ativo financeiro
e o passivo financeiro.
O superávit financeiro do exercício anterior é fonte de recursos para abertura de
créditos suplementares e especiais, devendo-se conjugar, ainda, os saldos dos créditos
adicionais transferidos e as operações de crédito a eles vinculadas, de acordo com o
artigo 43 da Lei nº 4.320/1964, caput, § 1º, inciso I e § 2º. (MCASP, 2018).
104
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Vamos conhecer a estrutura do Balanço Patrimonial então?
105
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Figura 17 – Balanço Patrimonial
Fonte: Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – 8ª Edição, 2018.
106
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
grupos 4 e 3 do PCASP). O valor apurado passa a compor o saldo patrimonial do Balanço
Patrimonial do exercício.
A Lei nº 4.320/64 afirma em seu art. 102 que “O Balanço Orçamentário demonstrará as
receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas”. A NBC TSP 13, que trata da
apresentação de informação orçamentária nas demonstrações contábeis, determina que
107
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
a comparação dos valores orçados com os valores realizados decorrentes da execução do
orçamento deve ser incluída nas demonstrações contábeis das entidades.
Dessa forma, o Balanço Orçamentário demonstrará as receitas detalhadas por
categoria econômica e origem (classificações da receita orçamentária, conforme estudado
na unidade II), especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a
receita realizada e o saldo, que corresponde ao excesso ou insuficiência de arrecadação.
O Balanço Orçamentário demonstrará, ainda, as despesas por categoria econômica
e grupo de natureza da despesa (classificações da despesa orçamentária, conforme
estudado na unidade II), discriminando a dotação inicial, a dotação atualizada para o
exercício, as despesas empenhadas, as despesas liquidadas, as despesas pagas e o saldo
da dotação.
Atualmente, em função das NBCASP, o Balanço Orçamentário é composto da seguinte
forma:
• Quadro principal;
• Quadro da execução dos restos a pagar não processados;
• Quadro da execução dos restos a pagar processados.
108
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Figura 19 – Balanço Orçamentário
Fonte: Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. 8ª Edição, 2018.
109
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
o Balanço Orçamentário evidencia o Resultado Orçamentário, que nada mais é que as
diferença entre as receitas arrecadadas e as despesas empenhadas. Esse resultado pode
ser superavitário, quando as receitas arrecadadas superam as despesas empenhadas ou
deficitário, quando as despesas empenhadas superam as receitas arrecadadas.
O Balanço Orçamentário proporciona também a evidenciação dos restos a pagar,
tanto os processados quanto os não processados.
De acordo com o art. 103 da Lei nº 4.320/64, o Art. “Balanço Financeiro demonstrará
a receita e a despesa orçamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos de
natureza extra orçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do
exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte”.
Esse demonstrativo é composto por um único quadro que evidencia a movimentação
financeira das entidades do setor público, demonstrando:
• A receita orçamentária realizada e a despesa orçamentária executada, por fonte /
destinação de recurso, discriminando as ordinárias e as vinculadas;
• Os recebimentos e os pagamentos extraorçamentários;
• As transferências financeiras recebidas e concedidas, decorrentes ou
independentes da execução orçamentária, destacando os aportes de recursos para
o RPPS;
• O saldo em espécie do exercício anterior e para o exercício seguinte.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
111
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
Figura 20 – Balanço Financeiro
Fonte: Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. 8ª Edição, 2018.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
PROPOSIÇÃO DE FÓRUM PARA DISCUSSÃO:
Como poderíamos saber se a entidade pública dispõe de recursos financeiros
suficientes para cumprir com suas obrigações de curto prazo?
SAIBA MAIS
Saiba mais sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal. Assista os vídeos:
• https://www.youtube.com/watch?v=io0IVkCtgaM
• https://www.youtube.com/watch?v=2h4CwoMgLrw
113
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
No que concerne aos demonstrativos contábeis trazidos pela Lei de Responsabilidade,
destacamos dois importantes relatórios estruturados por meio de um conjunto de
demonstrativos: o Relatório Resumido de Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão
Fiscal.
Esses são importantes instrumentos de gestão e de transparência pública. Vamos
conhecê-los um pouco?
Além dos demonstrativos listados acima, também deverão ser elaborados e publicados
até trinta dias após o encerramento do último bimestre:
• Demonstrativo das Receitas de Operações de Crédito e Despesas de Capital;
• Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime de Previdência;
• Demonstrativo da Receita de Alienação de Ativos e Aplicação dos Recursos.
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
O Balanço Orçamentário, por exemplo, está previsto na Lei 4.320/64, publicado
anualmente. Porém, foi trazido pela LRF para o RREO também, para um acompanhamento
bimestral da execução das receitas e despesas do ente público, comparando as previsões
com as execuções e, ainda, apurando os resultados orçamentários parciais. Isso é
importante para que o ente público não tenha surpresas ao final do exercício financeiro.
O demonstrativo das despesas por função e subfunção (Portaria nº 42/99) também se
mostra um importante instrumento gerencial e de transparência, evidenciando os gastos
públicos por “área de atuação”, ou melhor, funções governamentais, como na função
Educação, subfunção Ensino Fundamental, função Urbanismo, subfunção Infraestrutura
Urbana etc.
Ainda com uma função bastante gerencial, podemos destacar, por exemplo, os
demonstrativos dos Resultados Primário e Nominal, que promovem o acompanhamento
das metas fiscais estabelecidas.
No que tange aos limites da administração pública, podemos destacar no RREO o
Demonstrativo das Receitas e Despesas com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino,
que evidencia de forma detalhada a apuração do percentual mínimo constitucional de
investimentos em Educação (art. 212 da CF de 1988); o Demonstrativos das Receitas e
Despesas com Ações e Serviços Públicos de Saúde, que evidencia também de forma
detalhada a apuração do mínimo constitucional a ser aplicado em Saúde (EC 29/2000);
o Demonstrativo das Receitas de Operações de Crédito e Despesas de Capital, que
evidencia o cumprimento do limite de operações de crédito em relação às despesas de
capital, conhecido como “regra do ouro”, entre outros.
Figura 21 – RREO 6º Bimestre de 2018 do Governo do Estado de Santa Catarina – Demonstrativo das
Receitas de Operações de Crédito e Despesas de Capital
Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda (2019).
115
ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
tempo, os demonstrativos são muito utilizados também com finalidade gerencial,
possibilitando aos gestores o acompanhamento das situações ao longo do exercício,
podendo adotar providências em relação à execução das receitas e despesas públicas em
tempo hábil. Evita-se, assim, surpresas ao final do exercício financeiro com um possível
não atingimento de metas ou não cumprimento de limites legais e constitucionais, por
exemplo.
O Relatório da Gestão Fiscal (RGF) é setorial, elaborado por poder e órgão. Ele
demonstra a execução de variáveis sujeitas a limite (pessoal, dívida consolidada, ARO,
operações de crédito, garantias). O Relatório Fiscal deve ser publicado até 30 dias após o
encerramento de cada quadrimestre. É facultado aos municípios com população inferior
a cinquenta mil habitantes optar por divulgar semestralmente o RGF.
O RGF é composto dos seguintes demonstrativos:
• Demonstrativo da Despesa com Pessoal, evidenciando as despesas com ativos,
inativos e pensionistas;
• Demonstrativo da Dívida Consolidada Líquida;
• Demonstrativo das Garantias e Contragarantias de Valores;
• Demonstrativo das Operações de Crédito;
• No último quadrimestre, o Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos
Restos a Pagar.
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PÚBLICA
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Figura 22 – RGF 3º Quadrimestre de 2018 do Governo do Estado de Santa Catarina – Demonstrativo Consolidado da Despesa com Pessoal
Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda (2019).
É importante destacar que tanto para o RRE quanto para o RGF, a não divulgação
dos relatórios, nos prazos e condições estabelecidos em lei, impede o ente público de
receber transferências voluntárias e contratar operações de crédito, até que a situação
seja regularizada.
EXERCÍCIO
Procure o RREO e o RGF do último bimestre e quadrimestre, respectivamente,
do ano anterior do município em que você reside e identifique os seguintes limi-
tes: o percentual de gastos com pessoal; o percentual de aplicação em educação; o percentual
de aplicação em saúde e o limite (em valor) de operações de crédito (limite e realizado). Eviden-
cie se os limites estão sendo cumpridos e fundamente; explique sobre os referidos limites.
PARA REFLETIR
Com tantas informações e demonstrativos sobre o uso dos recursos públicos
disponibilizados na Internet, por que os brasileiros ainda participam tão pouco da
gestão pública?
SUGESTÃO DE LIVRO
O livro de Kohama (2009) é uma ótima referência
para os estudantes de gestão pública no que concer-
ne aos principais produtos da contabilidade pública: os balanços
e demonstrativos contábeis. O livro nos apreesenta não apenas a
questão da elaboração dos demonstrativos e seus componentes,
como aborda a forma correta de interpretar as informações como
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ORÇAMENTO E CONTABILIDADE
PÚBLICA
forma de subsidiar a adequada tomada de decisão.
Consulte em: KOHAMA, Heilio. Balanços Públicos: Teoria e Prática. 2ª Edição. São Paulo:
Atlas, 2009.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
EXERCÍCIOS
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(A) Balanço Patrimonial.
(B) Balanço Compensado.
(C) Boletim de Caixa e Bancos.
(D) Balanço Financeiro.
(E) Demonstrativo do Fluxo de Caixa.
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PÚBLICA
4. O município de Alto das Pedras aprovou a Lei Orçamentária Anual estimando uma
receita de R$ 100.000,00 e fixando as despesas no mesmo valor. Durante determinado
exercício financeiro, o município lançou créditos tributários (lançamento) no valor de R$
94.000,00, reconhecendo esses valores como direitos a receber; porém, só arrecadou R$
72.000,00. Ainda durante o exercício, a prefeitura empenhou R$ 68.000,00 em despesas,
mas até o final do exercício financeiro somente liquidou e pagou R$ 50.000,00.
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PÚBLICA
REFERÊNCIAS
BEZERRA FILHO, João Eudes. Contabilidade Pública. 3 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008.
BRASIL. Constituição (1988). Brasil: Casa Civil, [1988]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 16 out.
2019.
BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal. Brasil: Casa Civil, [1964]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 16 out. 2019.
CRUZ, A. F. da et al. A gestão fiscal do estado do Rio de Janeiro: uma análise à luz da LRF
e da sustentabilidade da dívida no período de 2001 a 2017. Revista de Administração
Pública, [s. l.], v. 52, n. 4, p. 764–775, 2018. DOI 10.1590/0034-7612174116. Disponível
em: https://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=edssci&AN=edssci.
S0034.76122018000400764&lang=pt-br&site=eds-live. Acesso em: 20 out. 2019.
KOHAMA, Heilio. Balanços Públicos: Teoria e Prática. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 2009.
ROSA, Maria Berenice. Contabilidade do Setor Público: de acordo com as inovações das
Normas Brasileiras de Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
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uniavan.edu.br
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