Você está na página 1de 19

UNIVERSIDADE PAULISTA

BACHARELADO EM ENFERMAGEM

Andreia Monteiro Pereira


Caroline Reis Cambraia
Iranilde Silva de Moraes
Talicia da Costa Carneiro

PARTO HUMANIZADO: o papel do enfermeiro na assistência do parto


humanizado

CASTANHAL
2022
Andreia Monteiro Pereira
Caroline Reis Cambraia
Iranilde Silva de Moraes
Talicia da Costa Carneiro

PARTO HUMANIZADO: o papel do enfermeiro na assistência do parto


humanizado

Pré-projeto apresentado à Faculdade de


Enfermagem da Universidade Paulista - UNIP,
como requisito básico para avaliação da
disciplina Projeto Técnico Científico
Interdisciplinar do curso de Enfermagem.

Orientadora: Prof. Esp. Camille Isabella Galvão


da Rocha

CASTANHAL
2022
Sumário

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

1.1 TEMA GERAL ............................................................................................ 5

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA .......................................................................... 5

1.3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 5

1.4 PROBLEMA DA PESQUISA ...................................................................... 6

1.5 OBJETIVOS ............................................................................................... 6

1.5.1 Objetivo geral............................................................................................ 6

1.5.2 Objetivos específicos ............................................................................... 6

2 SUPORTE TEÓRICO ................................................................................. 8

2.1 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 8

3 METODOLOGIA ....................................................................................... 16

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 17
4

1 INTRODUÇÃO

A gestação e o parto são dois dos acontecimentos de maior relevância na vida


de uma mulher, e exigem adaptações e cuidados nos âmbitos fisiológicos,
emocionais, interpessoais, culturais e sociais. Particularmente, o parto costuma ser
um acontecimento muito singular, e constituir uma das experiências humanas mais
marcantes para todos que participam (SILVA et al., 2019). Desta forma, a atenção
humanizada durante este importante acontecimento é imprescindível.

O parto humanizado é uma prática de cuidado ao nascimento, garantindo uma


assistência de qualidade e segura, que valoriza a escolha do ato de dar à luz de forma
natural privativa e familiar (SILVA et al., 2019).

O conceito de parto humanizado surgiu e ganhou força a partir da década de


1990 em resposta a intensificação da hospitalização do parto e do consequente
aumento de casos de violência obstétrica e desvalorização do papel da mulher no
processo, o que resultou em danos que comprometem a integridade física, psicológica
e social (OLIVEIRA; PENNA, 2017; SILVA, 2018).

Pereira et al. (2019) salientam que a atenção humanizada se configura como


um conceito amplo que envolve um conjunto de atitudes, conhecimentos e práticas
que promovam o parto e o nascimento saudável e a prevenção da morbimortalidade
materna e perinatal.

Giantaglia et al. (2017) conceituam o atendimento humanizado como um


conjunto amplo de propostas cujos objetivos são a promoção de uma assistência
integral, que respeite e atenda a mulher em diferentes aspectos, tais como cultural,
psicológico, espiritual e biológico, recuperando o parto fisiológico, reduzindo as
intervenções desnecessárias e inserindo práticas que diminuam o desconforto
emocional e físico, para que a mulher possa ser protagonista desse momento.

É necessário observar que humanizar o parto vai além de realizar o parto


normal ou realizar ou não procedimentos, sendo indispensável que a mulher se torne
protagonista nesse momento e não apenas uma expectadora, tendo liberdade de
escolha nos processos decisórios (NASCIMENTO; SILVA; VIANA, 2018).

Humanizar o parto é buscar ações e atitudes que tragam conforto e confiança


a parturiente desde o acolhimento até o puerpério, faz-se necessário dar voz a mulher
afim de estimular a autoconfiança, segurança e bem-estar.
5

Neste contexto de humanização do processo de parturição, a atuação dos


enfermeiros obstetras na equipe multiprofissional é essencial, uma vez que a
formação desse profissional é pautada no cuidado e na valorização dos aspectos
fisiológicos do parto, além de valorizar e considerar os direitos da mulher, promovendo
o vínculo entre profissional e paciente, podendo assim, evitar as intervenções
desnecessárias e contribuir para a redução dos índices de mortalidade materna
(LIMA, 2021). Assim, a equipe de saúde deve estar preparada para acolher a gestante
e fornecer informações claras e seguras para a parturiente, acompanhantes e
familiares.

Portanto, o profissional de enfermagem tem papel imprescindível na assistência


ao parto humanizado, pois além de oferecer informações pertinentes para a
parturiente sobre a evolução do parto e sobre seus direitos que devem ser
respeitados, é um dos profissionais que têm ações e atitudes que proporcionam
conforto e confiança a parturiente desde o acolhimento até o puerpério. Nessa
perspectiva, este estudo tem como objetivo identificar os benefícios do parto
humanizado à parturiente a ao recém-nascido.

1.1 TEMA GERAL

Parto Humanizado.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

O papel do Enfermeiro na Assistência do Parto Humanizado.

1.3 JUSTIFICATIVA

Dando a importância para humanização ao parto, sabemos que esse é um


momento único e especial na vida da mulher, ensejo cheio de emoções, medos, e que
infelizmente algumas vezes podem vir ser acometidos por algum trauma; e ao
observarmos os dados quanto ao número de partos cesarianos realizados de maneira
exacerbada e da violência obstétrica a qual as parturientes são submetidas, o projeto
tem como objetivo exemplificar os benefícios e a qualidade de vida que o parto
humanizado pode acometer na vida da parturiente e do bebê.

Vivenciando uma experiencia no Centro de Parto Normal Haydee Pereira de


Sena, localizada na cidade de Castanhal-Pará, vimos o quanto uma assistência
6

humanizada faz diferença no pastejar. O acolhimento, o respeito e o cuidado prestado


servem como forma terapêutica que reduz de maneira significativa a dor e o
desconforto ao dar à luz. Sobre-exceder as mulheres os seus direitos, que devem ser
assistidos é uma forma genuína com a qual podemos estar contribuindo com o estudo
proposto.

Diante do exposto o projeto poderá mostrar um melhor entendimento sobre as


atribuições dos profissionais de saúde quanto ao parto humanizado juntamente com
as práticas que visam cuidar da parturiente de forma humana, já que umas das
atribuições do parto humanizado tem como objetivo realizar um acompanhamento
seguro, deixando a parturiente livre de qualquer agressão ou trauma que possa trazer
danos no puerpério.

1.4 PROBLEMA DA PESQUISA

Sabe-se que embora existam leis que asseguram os direitos das mulheres na
hora do parto, nem sempre tais direitos são atendidos. Diversas instituições de saúde
ainda não contemplam em suas políticas de atuação as ferramentas e os
conhecimentos apropriados para humanização do parto.

Além de tais constatações, a observação empírica do cotidiano quanto a


negligência de certos aspectos importantes para um parto seguro e humanizado, e
que podem acarretar inúmeras complicações físicas, psicológicas e sociais na vida da
parturiente e de contrapartida do bebê, levaram a formulação do problema desta
pesquisa:

Quais os malefícios que um parto negligente pode ocasionar na vida da


parturiente e do bebê? Quais as ações que a equipe de enfermagem pode exercer na
assistência de um parto humanizado?

1.5 OBJETIVOS

1.5.1 Objetivo geral

Identificar os benefícios do parto humanizado à parturiente a ao recém-nascido.

1.5.2 Objetivos específicos

− Constatar a percepção do Enfermeiro no parto humanizado;


− Analisar o acolhimento e segurança com a puérpera;
7

− Exemplificar as contribuições do parto humanizado;


− Identificar os cuidados humanizados no parto;
− Avaliar a visão da parturiente ao receber assistência humanizada.
8

2 SUPORTE TEÓRICO

2.1 REVISÃO DA LITERATURA

Até o século XIX a assistência ao parto era uma atividade exclusivamente


feminina, realizada por parteiras, geralmente no domicílio das parturientes. Ainda que
as parteiras não detivessem conhecimento científico, elas eram conhecidas e
respeitadas na sociedade, e atuação do médico ou a ida ao hospital acontecia
somente em situações nas quais a parteira não solucionasse (MELO et al., 2018;
TORAL et al., 2019;.CASTRO; ROCHA, 2020)

Foi no século XX, na década de 1940, que a hospitalização do parto se


intensificou como resposta aos índices de morte materna, e embora essa
intensificação da hospitalização tenha levado a uma maior conscientização sobre a
importância do acompanhamento durante a gestação, acabou contribuindo de forma
efetiva para que o parto se tornasse um evento gerador de problemas emocionais e
físicos, uma vez que passou a ser centrado no modelo biomédico, favorecendo a
submissão da mulher, que deixou de ser protagonista do processo parturitivo
perdendo a privacidade e a autonomia de seu próprio corpo (MELO et al., 2018;
QUEIROZ; MONTE, 2021).

Esse processo de institucionalização do parto cresceu a partir da Segunda


Guerra Mundial, atingindo o índice de partos hospitalares de 90% no final do século
XX, e predominantemente com a utilização de práticas mecanizadas, fragmentadas,
desumanas, com intervenções desnecessárias, ou sem nenhum embasamento
científico (CASTRO; ROCHA, 2020). Segundo Leal et al. (2018), nos últimos anos
98% dos nascimentos que ocorrem no Brasil são em instituições de saúde.

Vargens, Silva e Progianti (2017) afirmam que em meados da década de 1980,


o autoritarismo e a precariedade de evidências científicas passam a marcar as
práticas obstétricas intervencionistas realizadas nas maternidades, contribuindo para
a insegurança e até para a recomendação do parto cesariana de forma desnecessária.

Pode ser considerada como violência obstétrica qualquer forma de invasão do


corpo feminino, tanto quando cometida pelos profissionais de saúde quanto por
pessoas íntimas ou estranhas, durante o processo do pré-parto, parto e pós-parto.
Essa violência pode se dar de diferentes formas, como por exemplo, por meio de
práticas desumanizadas, utilização de procedimentos dolorosos ou constrangedores,
9

ou inadvertência na assistência, sem o consentimento da mãe, ou ainda pela violência


verbal e psicológica, o que interfere na autonomia e saúde da mulher (LEAL et al.,
2018; CASTRO; ROCHA, 2020).

O trabalho realizado por Castro e Rocha (2020) apresenta dados de 2010 que
apontam que até aquele ano cerca de 25% das mulheres brasileiras sofriam algum
tipo de violência no parto.

A taxa de cesarianas, no Brasil, em 2014 era de 53,7% conforme Oliveira e


Penna (2017). Segundo pesquisa publicada Betran et al. (2021) a taxa de cesarianas
no Brasil em 2021 era de 55,7%, sendo o país o segundo no mundo em número de
partos deste tipo. A mesma pesquisa mostra que a taxa global de partos cesarianas
em 2021 foi de 21,1%, e a estimativa é que este número continue aumentando na
próxima década, com cerca de 29% de todos os partos provavelmente ocorrendo por
cesariana até 2030. A sociedade médica internacional considera que a taxa ideal seria
entre 10% e 15% (OMS, 2015).

Para Oliveira e Penna (2017, p.2) tal situação reflete o que se pode denominar
como “paradoxo perinatal”, pois ao mesmo tempo em que se verificam melhorias
significativas na “ampliação do acesso das mulheres aos serviços de saúde e à
disponibilização de tecnologias para diagnóstico”, também é verificada “uma intensa
medicalização do parto e do nascimento, com a manutenção de taxas elevadas de
morbimortalidade materna e perinatal” o que sinaliza uma baixa qualidade da atenção
ao pré-natal e ao parto.

Como resposta verifica-se a intensificação de movimentos contrários a tais


problemas, especialmente a partir da década de 1990 (LEÃO et al., 2013; OLIVEIRA;
PENNA, 2017; SILVA, 2018). Houve um crescimento expressivo do número de blogs
e Organizações Não Governamentais (ONG’s) em defesa do parto normal e das casas
de parto. Também pôde ser verificado um aumento nas ações por parte do Ministério
da Saúde, na tentativa de rediscutir este modelo de assistência, de forma a garantir
“o acesso às práticas de saúde, baseadas em evidências científicas e no
reconhecimento da autonomia das gestantes, em todo o processo
gravídico/puerperal” (OLIVEIRA; PENNA, 2017, p.2).

É nesse contexto que surge e ganha força o conceito de atendimento e parto


humanizado.
10

De uma forma ampla e abrangente, Possati et al. (2017, p. 1) conceituam a


humanização do parto como

[…] um conjunto de práticas e atitudes pautadas no diálogo, empatia e


acolhimento; o fornecimento de orientações; a valorização da singularidade
da parturiente; a realização de procedimentos comprovadamente benéficos à
saúde materno-infantil e a constante atualização profissional.

Portanto, o parto humanizado é considerado uma prática relacionada ao


cuidado com a mãe e o bebê não somente durante o parto, mas durante toda a
gestação de forma a garantir assistência de qualidade e segura, visando a valorização
e a escolha do ato de dar à luz de forma natural (PEREIRA et al., 2016; SILVA et al.,
2019).

Silva (2018, p. 7) salienta que a humanização vai muito além do cumprimento


de normas e regras ou da realização de procedimentos, “é uma conduta de respeito à
natureza do ser humano, direcionada para sua essência, particularidade, totalidade e
subjetividade; é proporcionar e encorajar a mulher para uma participação ativa, uma
participação de cidadania”.

Souza et al. (2013) chamam atenção para outro importante aspecto, o fato de
que a humanização está associada também a uma transformação na cultura do
ambiente hospitalar. É indispensável que haja uma assistência direcionada para as
necessidades das parturientes e de suas famílias, incluindo mudanças na estrutura
física e a modificação do espaço para se tornar um local mais confortável e favorável
a inserção de práticas humanizadoras, ou seja, a atuação profissional deve respeitar
a fisiologia e autonomia da mulher ao longo de todo o trabalho de parto.

No que se refere às políticas públicas de saúde, um importante marco


normativo para esse processo de humanização do parto, foi o Programa de
Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), instituído pela Portaria nº 569 de
01 de junho de 2000 do Ministério da Saúde. O objetivo do programa era assistir as
mulheres durante o processo de parto e nascimento de forma segura e digna, além
de elaborar os princípios do cuidado que deve ser prestado, proporcionando a cada
mulher o direito de ser protagonista do processo (BRASIL, 2000).

Ainda visando a ampliação da humanização em todas as atitudes e serviços de


saúde, foi lançada a Política de Humanização da Atenção e da Gestão, mais
conhecida como Política Nacional de Humanização (PNH) – HumanizaSUS, do
governo federal. Tal iniciativa possui o objetivo de capacitar práticas de gestão e de
11

atenção em saúde (BRASIL, 2010) e “[…] se fazer presente e estar inserida em todas
as políticas e programas do SUS”. A intenção é que a partir da comunicação entre
gestores, trabalhadores e os usuários, “aconteçam debates em direção a mudanças
que proporcionem melhor forma de cuidar e novas formas de organizar o trabalho”, o
que pode contribuir de forma efetiva para o atendimento humanizado (BRASIL, 2022).

De tal forma, considerando a formação dos enfermeiros obstétricos, pautada


no cuidado e na valorização dos aspectos fisiológicos do parto, além da valorização
dos direitos da mulher e promoção do vínculo entre profissional e paciente, a atuação
destes profissionais é de extrema importância para um acompanhamento humanizado
durante o parto (GIANTAGLIA et al., 2017).

A Lei N° 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe “sobre a regulamentação


do exercício da enfermagem, e dá outras providências”, afirma que são atribuições do
enfermeiro: [...] “g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera; h)
acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; i) execução do parto sem
distocia; [...] a) assistência à parturiente e ao parto normal; b) identificação das
distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;” (BRASIL,
1986, grifo nosso).

Portanto, cabe ao profissional de enfermagem fornecer uma assistência


pautada no cuidado integral e humanizado que reduza as práticas desnecessárias no
contexto do parto e nascimento, com o objetivo de prevenir a violência obstétrica.

Essa atuação do profissional enfermeiro na saúde integral da mulher também


é prevista na Portaria nº 569, citada anteriormente. A portaria prevê que a atuação do
enfermeiro privilegie o período gravídico puerperal, considerando que as práticas
humanizadas de assistência são fundamentais para a diminuição de intervenções,
riscos e agravos no procedimento de parturição (BRASIL, 2000).

Não obstante a isso, Conselho Federal de Enfermagem – COFEN, a partir da


Resolução COFEN Nº 672/2021 normatiza atuação e as responsabilidades dos
enfermeiros, enfermeiros obstetras e obstetrizes “na assistência às gestantes,
parturientes, puérperas e recém-nascidos nos Serviços de Obstetrícia, Centros de
Parto Normal e/ou Casas de Parto e demais locais onde ocorra essa assistência”. O
texto dessa resolução mostra que o enfermeiro obstetra é um profissional com muitas
e importantes atribuições, que vão desde o pré-parto até o puerpério, sendo essencial
para a humanização desse ciclo. Algumas destas atribuições são:
12

II – Avaliar todas as condições de saúde materna, clínicas e obstétricas,


assim como as do feto;
III – Garantir o atendimento à mulher no pré-natal, parto e puerpério por meio
da consulta de enfermagem;
V – Adotar práticas baseadas em evidências científicas como: oferta de
métodos não farmacológicos de alívio da dor, liberdade de posição no parto,
preservação da integridade perineal do momento da expulsão do feto, contato
pele a pele mãe recém-nascido, apoio ao aleitamento logo após o
nascimento, entre outras, bem como o respeito às especificidades étnico-
culturais da mulher e de sua família;
VII – Prestar assistência ao parto normal de evolução fisiológica (sem
distócia) e ao recém-nascido; (COFEN, 2021).

Portanto, os enfermeiros obstetras são profissionais capacitados para superar


o modelo de assistência intervencionista, aperfeiçoando habilidades não invasivas
adequadas ao modelo humanizado e desmedicalizado da assistência ao ciclo
gravídico-puerperal. Como salientam Giantaglia et al. (2017) e Silva (2018) os
enfermeiros obstetras são os profissionais responsáveis pela mudança cultural para a
efetivação do cuidado humanizado no atendimento das mulheres que vivenciam o
parto.

O trabalho desenvolvido por Queiroz e Monte (2021) observou que a adoção


de práticas que estimulam o vínculo enfermeira-parturiente, tais como a escuta ativa
e a relação atenciosa de profissionais de enfermagem, assim como a valorização de
questões subjetivas inerentes à parturiente, são abordagens humanizadas
frequentemente utilizadas pelos enfermeiros obstétricos, assim como práticas que
proporcionam a confiança e segurança, como a presença do acompanhante para
transmitir confiança à parturiente.

Sobre a importância desta relação entre equipe de enfermagem e paciente


Toral et al. (2019) destacam que é necessário que a atuação do enfermeiro aconteça
com empatia e que acolha a mulher em trabalho de parto de forma a promover um
ambiente acolhedor e individualizado, evitando rotinas que impeçam a expressão de
sentimentos e necessidades da mulher.

Essa preocupação com os aspectos psicológicos da parturiente se justifica pelo


fato de que durante o trabalho de parto existem fatores – dor, sofrimento, solidão, o
próprio parto e hospitalização – que amedrontam a parturiente, o que pode resultar na
falta de controle das situações vivenciadas. Portanto, as orientações e apoio por parte
da equipe de enfermagem, fornecendo explicações sobre as condições de evolução
do parto, são algumas das estratégias comumente apontadas para a superação
13

destas dificuldades. Como lembram Nascimento et al. (2020) se a equipe não estiver
preparada para desenvolver um manejo correto do processo, a experiência do parto
poderá ser traumatizante havendo maior probabilidade de complicações obstétricas.

Ainda discorrendo sobre a importância do vínculo entre enfermeiros e a


paciente e a valorização dos sentimentos destas, Toral et al. (2019, p. 46) afirmam
que a humanização da assistência quando presente, contribui efetivamente para
garantir “que um momento único, como o parto, seja vivenciado de forma positiva e
enriquecedora. Resgatar o contato humano, ouvir, acolher, explicar, criar vínculo são
quesitos indispensáveis no cuidado”. Outros autores também salientam isso.

Para Possati et al. (2017, p.2)

A atenção humanizada ao parto refere-se à necessidade de um novo olhar,


compreendendo-o como uma experiência verdadeiramente humana. Acolher,
ouvir, orientar e criar vínculo são aspectos fundamentais no cuidado às
mulheres, nesse contexto.

Viana et al. (2019, p. 111) afirmam que

Cada vez que se auxilia uma parturiente, o profissional de enfermagem deve


firmar um vínculo de confiança e tranquilidade com a assistida, fortalecendo
sentimentos positivos. Para que isto aconteça, é preciso que o profissional
demonstre segurança nas condutas pertinentes a cada caso, sempre
priorizando a individualidade e cuidado direcionado tanto à gestante como
aos familiares e acompanhante.

No entanto, a humanização da assistência não se dá somente empregando as


técnicas no atendimento, mas modificando o hábito da assistência tecnicista. Por
exemplo, a utilização de técnicas que proporcionem o relaxamento e o alívio da dor
no parto, tais como banho de aspersão e a orientação da parturiente para a realização
de respiração adequada, além de massagens que podem ser realizadas concomitante
ou separadamente (VIANA et al., 2019; MONTEIRO et al., 2020). Segundo diversos
autores, esses métodos podem possibilitar o relaxamento e suavizar a dor da
parturiente (SILVA; NASCIMENTO; COELHO, 2015; PORFÍRIO; PROGIANTI; DE
SOUZA, 2010; SILVA et al., 2016).

Viana et al. (2019) destacam que a adoção de técnicas como as citadas, dentre
outras técnicas humanizadoras, contribui de forma significativa na experiência
individual da mãe, e adicionalmente acarreta diversos benefícios tanto para a mulher
quanto para o bebê, em comparação ao parto cesáreo. O baixo risco de infecção, a
rápida recuperação, o aumento da produção do leite materno, são alguns destes
14

benefícios. A implementação de modelos humanizados reduz intervenções em parto


de baixo risco e aumenta a satisfação da parturiente (GOMES; OLIVEIRA, 2019).

Tais fatos, deixam ainda mais clara a importância da participação dos


enfermeiros obstetras, uma vez que é competência da equipe de enfermagem
oferecer uma assistência que proporcione o suporte necessário e contínuo, para que
o parto seja um processo saudável e natural, e não se torne uma experiência
desagradável (OLIVEIRA; GONZAGA, 2017).

O resgate do parto natural, frente aos altos índices de partos cesarianas, é alvo
não só do Ministério da Saúde brasileiro, mas também da OMS que vem fazendo
recomendações e propondo alternativas que mudem o cenário atual, de forma que o
parto seja tratado como um processo fisiológico e conduzido sob uma perspectiva de
humanização. Este resgate do parto natural também tem impulsionado a atuação de
enfermeiros obstetras e de equipes qualificadas na assistência à gestação e ao parto.
(POSSATI et al., 2017).

Na perspectiva da humanização a atuação do enfermeiro no parto natural, tem


como objetivo identificar as ações cuidadoras que o enfermeiro implementa no parto
normal, verificar os principais fatores que podem interferir na humanização da
assistência de enfermagem no parto natural e “ampliar a visão dos enfermeiros em
relação às reações percebidas pelas gestantes após o recebimento da assistência
humanizada” (PEREIRA et al., 2016, p. 1).

A participação ativa de profissionais de enfermagem da área de obstetrícia na


assistência do trabalho de parto e nascimento habilita o trabalho em equipe e colabora
para um cuidado humanizado, pois estes profissionais baseiam sua atuação nas boas
práticas recomendadas pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), realizando cuidados que oferecem diversos benefícios maternos e
neonatais (HORA et al., 2021). “A importância no cuidado proporciona conforto e
ajudam no processo de parto e nascimento, ao mesmo tempo em que estimulam a
autonomia e o protagonismo da mulher durante todo o processo” (LIMA et al., 2020).
O papel da Equipe de Enfermagem é fundamental durante todo o processo,
o qual consiste em assistir a puérpera nesse período, além de emergir
conhecimento sobre as técnicas do parto, disposta a ajudar e identificar
qualquer alteração anormal caso haja (HORA et al., 2021, p. 7).

Santos (2020) reafirma que é importante que a equipe de enfermagem saiba


considerar e respeitar as necessidades e as experiencias já vividas pela paciente, e
15

destaca que a humanização durante o parto proporciona a parturiente uma melhor


garantia de segurança, confiança, certezas e fortalecimento de laços, uma vez que é
um momento que trata não só de mudanças físicas, mas que envolvem o emocional,
correlacionando a interferência dos familiares nesse momento, reforçando a
importância desse laços.
16

3 METODOLOGIA

Este trabalho se configura como uma revisão de literatura. Uma revisão de


literatura tem como objetivo primário reunir conhecimento sobre determinados temas
ou questões de forma a contribuir para o aprofundamento do tema investigado
(MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Este estudo contou com uma busca bibliográfica de trabalhos publicados a


respeito do parto humanizado e o papel do enfermeiro para práticas de parto
humanizadas. A pesquisa foi conduzida nas bases de dados: Literatura Latino
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), na biblioteca eletrônica
Scientific Eletronic Library On-line (SciELO) e no Google Acadêmico; e buscou
trabalhos em língua portuguesa, publicados no período de 2018 a 2022. Os
descritores utilizados foram: parto humanizado, assistência de enfermagem, parto
natural, humanização do parto e violência obstétrica.

A partir da combinação dos termos foram selecionados 33 trabalhos no primeiro


levantamento de dados. Os que atendiam aos critérios de seleção, foram adicionados
ao roteiro de registro e os trabalhos que não tratavam do tema desta pesquisa, foram
excluídos.
17

REFERÊNCIAS

BETRAN, A. P. et al. Trends and projections of caesarean section rates: global and
regional estimates. BMJ Global Health, v. 6, n. 6, p. e005671, jun. 2021.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. PORTARIA No 569, DE 1o DE JUNHO DE 2000.


. 2000.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Humanização. Formação


e intervenção. 1. ed. Brasília: Cadernos HumanizaSUS. Série B. Textos Básicos de
Saúde, 2010.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Humanização –


HumanizaSUS. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-
informacao/acoes-e-
programas/humanizasus#:~:text=A%20Pol%C3%ADtica%20Nacional%20de%20Hu
maniza%C3%A7%C3%A3o,entre%20gestores%2C%20trabalhadores%20e%20usu
%C3%A1rios.>. Acesso em: 28 mar. 2022.

BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. LEI N° 7.498, DE 25 DE JUNHO DE


1986. . 1986.

CASTRO, A. T. B.; ROCHA, S. P. Violência obstétrica e os cuidados de


enfermagem: reflexões a partir da literatura. Enferm. Foco, v. 11, n. 1, p. 176–181,
2020.

COFEN. Resolução Cofen no 672, de 19 de julho de 2021. . 2021.

GIANTAGLIA, F. N. et al. O cuidado de enfermeiras de um programa de residência


obstétrica sob o olhar da humanização. Rev enferm UFPE on line, v. 11, n. 5, p.
1882, 2017.

GOMES, C. M.; OLIVEIRA, M. P. S. DE. O Papel do enfermeiro na promoção do


parto humanizado. Brasília: [s.n.].

HORA, A. B. et al. A importância do papel do enfermeiro na humanização do parto:


verificação completiva. Research, Society and Development, v. 10, n. 13, p.
e266101321253, 11 out. 2021.

LEAL, S. Y. P. et al. Perception of nurse midwives on obstetric violence. Cogitare


Enfermagem, v. 23, n. 1, 2018.

LEÃO, M. R. DE C. et al. Reflexões sobre o excesso de cesarianas no Brasil e a


autonomia das mulheres. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 8, p. 2395–2400, ago.
2013.
18

LIMA, M. M. DE et al. Enfermeiras obstétricas no processo de parturição: percepção


das mulheres [Obstetric nurses in the childbirth process: the women’s perception]
[Enfermeras obstétricas en el proceso del parto: percepción de las mujeres]. Revista
Enfermagem UERJ, v. 28, p. e45901, 16 out. 2020.

LIMA, P. M. C. F. DE. Atuação do assistente social na educação escolar: possíveis


práticas com perspectiva inclusiva. Revista Educação Pública, v. 21, n. 17, 2021.

MELO, A. A. P. et al. Atuação do enfermeiro no parto humanizado. Revista


Científica Eletrônica de Enfermagem, v. 1, n. 1, p. 1–8, 2018.

MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. DE C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão Integrativa:


método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem.
Reflexão, v. 17, n. 4, p. 758–64, 2008.

MONTEIRO, M. DO S. DA S. et al. Importância da assistência de enfermagem no


parto humanizado. ReBIS [Internet], v. 2, n. 4, p. 51–59, 2020.

NASCIMENTO, C. V. DO; SILVA, M. P.; VIANA, M. R. P. Assistência de


enfermagem no parto humanizado. Revista Prevenção de Infecção e Saúde, v. 4,
p. 1–10, 23 fev. 2018.

NASCIMENTO, E. R. DO et al. Desafios da assistência de enfermagem ao parto


humanizado. Ciências Biológicas e de Saúde Unit, v. 6, n. 1, p. 141–146, 2020.

OLIVEIRA, V. DE F. DOS S.; GONZAGA, M. F. N. Benefícios do parto humanizado


com a presença do acompanhante. Revista Saúde em Foco, v. 1, n. 9, p. 217–220,
2017.

OLIVEIRA, V. J.; PENNA, C. M. DE M. O discurso da violência obstétrica na voz das


mulheres e dos profissionais de saúde. Texto e Contexto Enfermagem, v. 26, n. 2,
p. 1–10, 1 jan. 2017.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Declaração da OMS sobre Taxas


de Cesáreas. [s.l: s.n.]. Disponível em: <chrome-
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/viewer.html?pdfurl=http%3A%2F%2Fa
pps.who.int%2Firis%2Fbitstream%2Fhandle%2F10665%2F161442%2FWHO_RHR_
15.02_por.pdf%3Bjsessionid%3DB10B70F1F0A80BFECAF57ED5B5FECC44%3Fse
quence%3D3&clen=296884&chunk=true>. Acesso em: 28 mar. 2022.

PEREIRA, D. T. V. et al. Desacidificação por Extração Liquido-Líquido do Óleo


de Patauá Membrane Separation. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/337001762>.

PEREIRA, S. S. et al. Parto natural: a atuação do enfermeiro diante da assistência


humanizada. Tempus Actas de Saúde Coletiva, v. 10, n. 3, p. 199, 21 nov. 2016.
19

PORFÍRIO, A. B.; PROGIANTI, J. M.; DE SOUZA, D. D. O. M. As práticas


humanizadas desenvolvidas por enfermeiras obstétricas na assistência ao parto
hospitalar. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 12, n. 2, p. 331–6, 5 jul. 2010.

POSSATI, A. B. et al. Humanização do parto: significados e percepções de


enfermeiras. Escola Anna Nery, v. 21, n. 4, 7 ago. 2017.

QUEIROZ, R. N. L. S.; MONTE, B. K. DA S. Assistência de enfermagem às


parturientes no parto humanizado: revisão integrativa da literatura. SAJES - Revista
da Saúde da AJES, v. 7, n. 14, p. 23–34, 2021.

SANTOS, J. C. M. A percepção das puérperas sobre o parto vaginal humanizado


assistido pela equipe de Enfermagem. Research, Society and Development, v. 9,
n. 20, 2020.

SILVA, A. L. S.; NASCIMENTO, E. R. DO; COELHO, E. DE A. C. Nurses practices to


promote dignity, participation and empowerment of women in natural childbirth.
Escola Anna Nery - Revista de Enfermagem, v. 19, n. 3, 2015.

SILVA, T. M. A. Significado e práticas da equipe de enfermagem acerca do


parto humanizado: uma revisão integrativa. João Pessoa: [s.n.].

SILVA, T. M. A. et al. Significado e práticas da equipe de enfermagem acerca do


parto humanizado: uma revisão integrativa. Brazilian Journal of Surgery and
Clinical Research-BJSCR, v. 26, n. 1, p. 90–94, 2019.

SILVA, Ú. et al. O cuidado de enfermagem vivenciado por mulheres durante o parto


na perspectiva da humanização. Journal of Nursing - UFPE OnLine, v. 10, n. 4, p.
1273–1279, 2016.

SOUZA, C. et al. Equipe de enfermagem e os dispositivos de cuidado no trabalho de


parto: enfoque na humanização. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental
Online, v. 5, n. 4, p. 743–754, 1 out. 2013.

TORAL, A. et al. Assistência de enfermagem na humanização do parto: uma revisão


integrativa. ESTÁCIO SAÚDE, v. 8, n. 1, p. 45–53, 2019.

VARGENS, O. M. DA C.; SILVA, A. C. V. DA; PROGIANTI, J. M. Contribuição de


enfermeiras obstétricas para consolidação do parto humanizado em maternidades
no Rio de Janeiro-Brasil. Escola Anna Nery - Revista de Enfermagem, v. 21, n. 1,
2017.

VIANA, R. R. et al. Assistência de enfermagem ao parto humanizado: vivência de


extensionistas. Saúde em Redes, v. 5, n. 3, p. 109–116, 2019.

Você também pode gostar