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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

CURSO DE ENFERMAGEM

Mayara de Freitas da Silva Albuquerque de Oliveira

ASSISTÊNCIA DO ENFERMEIRO JUNTO A GESTANTE NO PARTO


NORMAL HUMANIZADO

Guarujá

2016
Mayara de Freitas da Silva Albuquerque de Oliveira

ASSISTÊNCIA DO ENFERMEIRO JUNTO A GESTANTE NO PARTO


NORMAL HUMANIZADO

Trabalho de conclusão de Curso apresentada à


Universidade de Ribeirão Preto – Campus
Guarujá, como requisito para obtenção do título
de Bacharel em Enfermagem.
Área de concentração: Saúde.
Orientadora: Prof.ª Dra. Mara Rúbia Ignácio de
Freitas.

Guarujá

2016
ASSISTÊNCIA DO ENFERMEIRO JUNTO A GESTANTE NO PARTO NORMAL
HUMANIZADO
Mayara de Freitas da Silva Albuquerque de Oliveira*
Mara Rúbia Ignácio de Freitas**
RESUMO

O trabalho científico em questão tem como objetivo destacar a assistência na realização da


parturição humanizada, estando diretamente relacionados ao trabalho despendido pelo profissional
enfermeiro, que internaliza e vivência essa experiência juntamente com o paciente. Discute-se,
assim, as questões ligadas à humanização da saúde a partir da concepção da humanização como
prática profissional, tais como; como será o parto? Como se dá a assistência do enfermeiro junto a
gestante no parto normal humanizado? Trata-se de uma revisão bibliográfica e pesquisa descritiva
em banco de dados virtuais, esta pesquisa foi realizada por via eletrônica, através de consulta de
artigos científicos, veiculados na base de dados Lilacs e Scielo. De acordo com a literatura estudada
o parto normal humanizado tem como propósito resgatar o caráter fisiológico no processo de
nascer, proporcionando à mulher vivência positiva sem traumas e sem manobras invasivas no
momento do parto fazendo com que a mulher, ao dar à luz, consiga atingir o mais alto grau de
satisfação. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza algumas atitudes por parte dos
profissionais e ressalta também os direitos da mulher para um parto humanizado. Entende-se que
assistência humanizada ao parto privilegia o respeito, dignidade e autonomia das mulheres, com
resgate do papel ativo da mulher no processo parturitivo.

DESCRITORES: Assistência. Parto humanizado. Enfermeiro. Humanização.

NURSING CARE WITH A PREGNANT IN NORMAL BIRTH HUMANIZED

ABSTRACT

The scientific work in question aims to highlight the assistance in the realization of humanized
childbirth, being directly related to the labor expended by the nurse practitioner who internalizes
and living this experience with the patient. It is argued, therefore, issues related to humanization of
health from the humanization design as a professional practice, such as; how will the delivery?
How does the nurse's assistance to the pregnant woman in humanized normal delivery? This is a
literature review and descriptive research on virtual database, this research was conducted
electronically, through consultation papers, served in the database Lilacs and Scielo. According to
the literature studied humanized normal delivery aims to rescue the physiological character in the
process of being born, giving the woman a positive experience without trauma and without invasive
procedures at birth causing the woman to give birth, can achieve the highest degree of satisfaction.
The World Health Organization (WHO) recommends some actions by professionals and also
highlights women's rights to a humanized birth. It is understood that humanized delivery care
favors the respect, dignity and autonomy of women, to rescue the active role of women in the birth
process.

KEYWORDS: Assistance. Humanized birth. Nurse. Humanization.

*
Acadêmica de Enfermagem da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) – Campus Guarujá.
**
Docente Titular do Curso de Enfermagem da UNAERP, Doutora em Enfermagem Médico-Cirúrgica pelo
Departamento Geral e Especializado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo.
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INTRODUÇÃO

Historicamente a assistência ao parto era de responsabilidade das parteiras que


realizavam essa prática, sabe-se que as mesmas eram conhecidas na sociedade pelas suas
experiências, embora não dominassem o conhecimento cientifico. Assim os acontecimentos
na vida da mulher se sucediam na sua residência, onde elas trocavam conhecimentos e
descobriam afinidades, sendo considerada incomoda à presença masculina durante a
parturição. Entretanto a partir do século XX na década de 40, foi intensificada a
hospitalização do parto, que permitiu a medicalização e controle do período gravídico
puerperal e o parto como um processo natural, privativo e familiar, passou a ser vivenciado na
esfera pública, em instituições de saúde (VARGAS, 2014).

O parto é um processo singular, que compõem o universo das mulheres e de seus


parceiros, e que envolve também suas famílias e a comunidade, e por esse motivo os
acontecimentos durante o trabalho de parto podem marcar positiva ou negativamente este
momento. É fundamental para a humanização do parto o adequado preparo da gestante para o
momento do nascimento, e esse preparo deve ser iniciado precocemente, durante o pré-natal.
O ministério da Saúde tem apoiado práticas de cuidado ao parto e ao nascimento que
garantam uma atenção materno- infantil qualificada, humanizada e segura. (BRASIL.
Ministério da Saúde, 2001).

O informe Maternidade Segura: Assistência ao parto normal, trata-se de um guia


prático no qual o mesmo recomenda o uso de boas práticas na assistência obstétrica,
classificando as recomendações em quatro categorias: Práticas claramente úteis e que devem
ser estimuladas; Práticas claramente prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas;
Práticas em relação as quais não existem evidencias suficientes para apoiar uma
recomendação clara e devem ser utilizadas com cautela, até que mais pesquisas esclareçam a
questão; Práticas frequentemente utilizadas de modo inadequado ( FUJITA,2014).

Na área da assistência ao parto, as discussões sobre a humanização nos últimos anos


têm sido ampliadas, a prova disso é que, vários autores têm demonstrado suas preocupações,
propondo modificações no modelo de assistência ao parto, ou seja, torná-lo humanizado. A
humanização da assistência, nas suas muitas versões, expressa uma mudança na compreensão
do parto como experiência humana e, para quem o assiste, uma mudança no que fazer diante
do sofrimento da parturiente (DINIZ, 2005).
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Contudo percebe-se na prática a persistência do modelo tradicional, no qual as


mulheres são submetidas as rotinas hospitalares, expropriadas independência no processo de
parturição e expostas a práticas sem evidenciais cientificas que apoiem seu uso, muitas vezes
desnecessárias e prejudiciais à saúde materna e infantil. (FUJITA,2014).

O Ministério da Saúde (MS) tem apoiado práticas de cuidado ao parto e ao nascimento


que garantam uma atenção materno- infantil qualificada e segura. A humanização do parto e
do nascimento busca resgatar a autonomia da mulher, tendo como apoio a adoção de práticas
comprovadamente benéficas na parturição e assim ocorrendo a diminuição na demanda das
cesarianas. Práticas como essas que visam proporcionar bem-estar, conforto a mulher e
reduzir riscos para ela e seu bebê. (FUJITA, 2014).

Baseando-se nas necessidades apresentadas pela puérpera o Ministério da Saúde


desenvolveu a Rede Cegonha que nada mais é que um pacote de ações para garantir o
atendimento de qualidade, seguro e humanizada para todas as mulheres. O trabalho busca
oferecer assistência desde o planejamento familiar, passando pelos momentos da confirmação
da gravidez, do pré-natal, pelo parto, pelos 28 dias pós-parto (puerpério), cobrindo até os dois
primeiros anos de vida da criança. (BRASIL, Ministério da Saúde,2012).

O Sistema Único de Saúde (SUS), dispõe de recursos para a ampliação dos exames de
pré-natal, de teste rápido de gravidez e de detecção da sífilis e HIV, para a ampliação e
qualificação de leitos de UTI adulto, UCI e UTI neonatal, leitos de gestação de alto risco
assim como para a adequação da ambiência das maternidades e a construção e custeio de
Centros de Parto Normal e Casas de Gestantes, Bebês e Puérperas. (BRASIL, Ministério da
Saúde,2012). No que tange ao aspecto profissional, observando-se uma preocupação com a
saúde da mulher destacando a assistência de qualidade e respeito, onde os aspectos
individuais priorizaram o gosto pela obstetrícia, e também o lidar com o nascimento, um fator
que justifica satisfações no trabalho, seguidos pelo cuidar da mulher nesta fase da sua vida
(NETO 2012).

A realidade da assistência ao parto humanizado, vem desvelando-se ao longo da


experiência dos profissionais, levando-nos a refletir sobre este fato, durante o curso de
graduação de enfermagem, questionamentos sugiram mediante a assistência do enfermeiro
junto a gestante no parto normal humanizado tais como; como se dá a assistência do
enfermeiro frente ao parto normal? (VERSIANI, et al, 2015).
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Esse estudo é importante, porque, desde o início da gestação já existe a preocupação


com o desfecho da gravidez: Como será o parto? Como se dá a assistência do enfermeiro
junto a gestante no parto normal humanizado? Diante do exposto o objetivo deste foi de
compreender através de uma revisão bibliográfica, a assistência humanizada do enfermeiro
frente ao parto normal.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada através de uma revisão bibliográfica na


língua portuguesa. A coleta dos dados se deu por via eletrônica, através de consulta de artigos
científicos, veiculados nacionalmente na base de dados da BVS (biblioteca virtual em saúde).
Os artigos científicos selecionados atenderam aos seguintes critérios de seleção:
artigos indexados no banco de dados em concordância com os descritores previamente
extraídos do DeCS (Descritores em Ciência da Saúde); Parto Humanizado, Humanização,
Assistência e Enfermeiro, após uma primeira análise dos títulos e conteúdo dos respectivos
resumos.

Após a leitura dos resumos de 25 artigos relacionados ao tema deste trabalho foram
selecionados 15 artigos e 4 cartilhas educativas do governo no período de 2001 a 2016, que
foram de suma importância para a pesquisa, em seguida realizou-se uma leitura mais
minuciosa, a fim de não serem perdidos aspectos importantes para o enriquecimento do
estudo e confecção da redação final da pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Há décadas, o excesso de intervenção médica no momento do nascimento cria


representações muito fortes em relação a sentimentos que envolve o trabalho de parto. São
vários os exemplos de mulheres vítimas de violência obstétrica, que se define de acordo com
a Organização Mundial de Saúde (OMS) como o conjunto de atos desrespeitosos, abusos,
maus-tratos e negligência contra a mulher e o bebê, antes, durante e depois do parto, que
equivalem a uma violação dos direitos humanos (CARVALHO,2014).

O programa de humanização da assistência ao parto normal no Projeto Midwifery


(projeto que visa uma nova prática no atendimento ao trabalho de parto, parto, pós-parto e
nascimento, segue uma linha de assistência humanizada, baseada em novos conceitos de
habilidades na atenção à saúde da gestante, parturiente, puérpera e recém-nascido, tanto à
nível institucional quanto à nível de ações básicas de saúde, com o objetivo de padronizar
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essas ações, os enfermeiros envolvidos), a base desde é que o conforto físico pode ser
aumentado pelo uso de técnicas de relaxamento, musicoterapia, métodos de respiração e
práticas alternativas, que favorecem o bom desenvolvimento do trabalho de parto e forneça
conforto e segurança a mulher e seu bebê. (VARGAS,2014).

Medidas foram implementadas pelo setor saúde essas se classificam como o incentivo
à participação do enfermeiro obstetra no acompanhamento do período gravídico-puerperal
baixo risco. Essas iniciativas se devem ao reconhecimento do profissional enfermeiro que
assiste a mulher com qualidade e de forma mais humanizada. Desde 1998, o Ministério de
Saúde (MS) vem qualificando enfermeiros obstetras para sua inserção na assistência ao parto
normal, através de cursos de especialização em enfermagem obstétrica e portarias ministeriais
para inclusão do parto normal assistido por enfermeiro obstetra. Os profissionais de
enfermagem que são caracterizados como “não médicos” e que podem realizar parto normal
são; enfermeiro, /enfermeiro obstetra, assim como a parteira titulada no Brasil até 1959
(GOMES,2014).

Mendes (1991), apoia essa ideia quando declara que:


“Existe comprometimento e responsabilidade dos vários elementos da equipe de
saúde, especialmente do enfermeiro especialista em saúde materna e obstétrica, pelo
fato de permanecer 24 horas por dia junto da parturiente, na obtenção de verdadeira
e eficaz relação de ajuda, em todos os momentos de trabalho de parto”. (MENDES,
1991, p. 84).

Práticas inadequadas do enfermeiro no parto humanizado

Algumas práticas são utilizadas pelo enfermeiro e consideradas inadequadas no que


diz respeito ao parto humanizado; mesmo em uma assistência considerada humanizada,
mulheres esta propensas a sofrerem durante os exames de toque vaginal (demasiado no qual
aumentam os riscos de infecções); manobra de Kristeller (pressões inadequadas aplicadas ao
fundo uterino no período expulsivo); autoritarismo dos trabalhadores da unidade no que se
refere ao poder decisório das parturientes; posição litotômica uma vez que ocorre a obstrução
do fluxo de sangue mãe-bebê prejudicando as contrações; amniotomia precoce (ruptura feita
nas membranas que envolvem o feto, na tentativa de induzir o parto); estimulação do mamilo
para aumentar contrações uterinas durante o terceiro estágio do parto-dequitação; estímulo
para o puxo antes que a mulher sinta o puxo involuntário (SILVEIRA,
CAMARGO,CREPALDI, 2010).
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Práticas adequadas do enfermeiro para humanizar parto

Mas existem aquelas práticas que são consideradas adequadas e auxiliam a parturiente
no momento de dor, tais como, a presença do acompanhante, o incentivo a deambulação, a
restrição do uso rotineiro de ocitocina e episiotomia e o estimulo ao parto vertical, além destes
existe também os métodos não invasivos e não farmacológicos de alívio da dor, como
massagens e técnicas de relaxamento, tais como, o banho de imersão que proporciona à
mulher a retomada de sua autonomia no processo de parturição, pois a mesma poderá
mobilizar seus próprios recursos na busca de seu bem-estar durante este momento, durante o
trabalho de parto que além de aliviar a dor essas práticas propiciam uma ligação maior entre
o enfermeiro-paciente (FUSTINONI , PRATA, PROGIANTI, 2013).

As condutas desnecessárias e arriscadas são consideradas violações do direito da


mulher à sua integridade corporal; a imposição autoritária e não informada desses
procedimentos atenta contra o direito à condição de pessoa. Postula-se que a melhor
assistência é aquela que consegue uma mulher e um bebê saudáveis, sem ou com o mínimo
possível de intervenção, fazendo-se o possível para facilitar, ao invés de atrapalhar, a
fisiologia do parto e do nascimento (FUSTINONI 2011).

Se a relação entre o profissional enfermeiro e a mulher for hostil pode ocasionar


angústia, medo, fazendo com que ela visualize o parto como um momento de risco. Ao
assistir a parturiente, o enfermeiro deve considerá-la como um todo, identificar suas
necessidades, compreender e procurar satisfazê-las, saber identificar as diferenças culturais e
individuais com certeza contribuirá para redução da angústia, do medo e da tensão tão
presentes no trabalho de parto (VERSIANI, BARBIERI, 2015).

A interação efetiva e humanizada, quando voltada às gestantes, é de extrema


importância para o sucesso desta atenção, pois a criação de vínculo entre o profissional, seu
cliente e família, bem como a consideração pelas escolhas, expectativas e cultura, permitirão a
humanização do cuidado e maior segurança e confiabilidade por parte dessas mulheres. O
acompanhamento do trabalho de parto e parto por familiares é considerado um diferencial e
uma contribuição para a assistência ao parto humanizado (VERSIANI, et al, 2015).

A participação familiar vem sendo apoiada pelas bases filosóficas da humanização,


nas quais a presença do acompanhante deve ser permitida para todas as mulheres na sala de
parto. O acompanhamento no trabalho de parto feito pelo companheiro, familiar próximo e/ou
amiga, ajuda a oferecer suporte psíquico-emocional-físico que estimula positivamente à
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parturiente nos momentos mais difíceis, sendo capaz de transmitir conforto, encorajamento,
escuta e segurança. Permite ainda a redução da necessidade de medicação para alívio da dor
bem como a redução na duração do trabalho de parto e parto, bem como a diminuição dos
casos de depressão pós-parto. Trata-se de uma prática útil que deve ser estimulada
(VERSIANI, et al, 2015).

Em contrapartida, existem os aspectos negativos nos quais acabam interferindo no


trabalho de parto e que são percebidos quanto à presença do acompanhante, observou-se que
há um possível comportamento impróprio da parturiente tais como ficar mais dengosa,
mimada e desestabilizada por pensar que o acompanhante é a salvação, quando estão cansadas
e pensando que não aguentarão até o término do trabalho de parto. (VERSIANI, et al, 2015).

O comportamento dessas companhias também pode influenciar a maneira de agir


destas durante a vigência da dor do parto. Além destes fatores, a presença do acompanhante
do sexo masculino também pode trazer uma vivência de sensação de constrangimento,
fazendo com que a mulher não permita a sua estada na sala de parto, alegando que lhe causa
vergonha, neste momento cabe ao enfermeiro e/ou profissional de saúde conversar com a
parturiente e avaliar se cabe ou não a presença do acompanhante no período do trabalho de
parto e parto (VERSIANI, et al, 2015).

A capacitação técnica do profissional enfermeiro envolvido com esta assistência


também é uma premissa importante preconizada pelo Ministério da Saúde, pois o que se
espera ao final da gestação e do parto é um recém-nascido saudável, com plena potencialidade
para o desenvolvimento biológico e psicossocial futuro, como também uma mulher com saúde
e não traumatizada pelo processo do parto e nascimento, permitindo que ela vivencie o
trabalho de parto e parto como um acontecimento fisiológico. No entanto, esta atenção por um
enfermeiro competente depende também da utilização de procedimentos comprovadamente
benéficos, que evitem intervenções desnecessárias, além de compartilhar com a parturiente e
sua família as decisões sobre as condutas a serem adotadas. (VERSIANI, et al, 2015).

Para assistir uma mulher em trabalho de parto, os enfermeiros deverão ter


conhecimento científico e habilidades das práticas que se demonstrem benéficas, as quais
constituem o monitoramento cuidadoso do trabalho de parto e parto por meio do uso do
partograma, a ausculta intermitente dos batimentos fetais e o encaminhamento da mãe e seu
recém-nascido em um nível mais complexo, caso surjam fatores de risco e complicações.
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Estas habilidades conduzem o enfermeiro a um raciocínio clínico e consequentemente, à


tomada de decisão sobre condutas a adotar. (VERSIANI, et al, 2015).

A equipe de enfermagem obstétrica, tem um papel relevante no que se refere à


humanização durante o processo de nascimento. Todavia, existe uma necessidade de incentivo
da parte dos enfermeiros obstetras e dos demais profissionais de saúde ao cuidado
humanizado à parturiente, essa participação do enfermeiro, no trabalho de parto e nascimento,
oferece, satisfação à parturiente e ao profissional. Pesquisas revelam que a humanização
requer do enfermeiro a empatia com o próximo. A sistematização da assistência de
enfermagem (SAE) determina que as ações da equipe tenham clareza e singularidade
realizando corretamente o processo de enfermagem ações de maior qualidade permite e
incentiva a adaptação da mãe para o com o recém-nascido, diminuindo assim as complicações
no puerpério (SABINO,2008).

Em relação às funções do enfermeiro deve ocorrer o incentivo ininterrupto sobre a


amamentação ensinado e incentivando sempre o aleitamento materno (esta deve ser maior
missão do enfermeiro); atendimento às mães, que solicitarem auxílio ou demonstrarem
insegurança; conhecimento científico e técnico para facilitar a interação sólida e de confiança
e duradoura com a mãe; integração da enfermagem com os demais profissionais da saúde
materno-infantil (obstetras e pediatras) de modo que seja assegurado um pronto atendimento
puérpera e a nutriz e não menos importante o respeito aos sentimentos pessoais da mulher em
relação ao trabalho de parto e amamentação, e à individualidade de cada caso. A discussão
sobre humanização é uma versão abrasileirada, do que nos países americanizados é chamado
de "respectful birth" (nascimento respeitoso), entre outras definições (SABINO,2008).
“Em setembro de 2000, a conferência internacional de Midwifery incluiu em seu
programa várias referências a "humane care" e "humane approach" (International
Midwives Conference). (...) Em novembro de 2000, ocorreu a Conferência
Internacional sobre Humanização do Parto (International Conference on the
Humanization of Childbirth), apoiada por instituições como UNICEF e FNUAP
(Fundos das Nações Unidas para Infância e para Assuntos de População), que teve
entre seus objetivos principais discutir como o conceito de maternidade segura pode
incluir as questões sobre o cuidado humanizado ao parto; e como o cuidado
humanizado à maternidade pode ser promovido como um direito humano”( DINIZ,
2005).

No Brasil, existem problemas graves em relação ao parto humanizado, sendo um deles


a dificuldade que existem em algumas localidades para o acesso aos serviços de saúde, que
podem causar graves consequências sobre a saúde da mulher e do bebê, o segundo problema
são os usos abusivos, intensivos e desnecessário que podem causar complicações, custos
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excessivos, mais dias de internação. A assistência do enfermeiro ao trabalho de parto se


realiza através de processos de trabalho que, inserem-se em um dado momento histórico de
desenvolvimento social. Considera-se, nesse estudo, que a qualidade do trabalho de
assistência à parturiente, deve atender às necessidades individuais de cada mulher
(SABINO,2008).

Dificuldades encontradas para a implantação Parto Humanizado

A implantação do modelo humanizado durante a assistência no trabalho de parto


infelizmente ainda é considerada um desafio para os profissionais de enfermagem, enfatizar a
necessidade de reconhecer a individualidade da mulher, bem como as suas necessidades de
saúde, visando uma relação menos autoritária e fundamentada nas práticas humanizadas do
atendimento ao trabalho de parto (TAKEMOTTO, CORSO, 2013).

Outras dificuldades apontadas são as mesmas que podem ser vivenciadas no cotidiano
dos serviços públicos e alguns filantrópicos, que em geral recusam parturientes por absoluta
falta de vagas, não conseguindo responder à demanda que extrapola o número de leitos
(ALMEIDA, SILVEIRA, 2009).

Quando a mulher e/ou recém-nascido necessitam de atenção especial, em casos de


gestação de alto riso e prematuridade, por exemplo, a dificuldade em encontrar vagas é ainda
maior, somando riscos. Assim, a demora no atendimento obstétrico tem consequências
maternas e neonatais relevantes, além de aumento desnecessário de custos para tratamento das
complicações não solucionadas (ALMEIDA, SILVEIRA, 2009).

Ainda segundo Almeida, Silveira, 2009, esta é uma realidade comum em muitos
serviços de assistência hospitalar, mas entende-se que a atitude humanizada dos profissionais
que assistem à parturiente não está ligada exclusivamente ao tempo e ao material disponível,
mas sim em tornar o momento dos contatos diretos e indiretos com a população uma
expressão de interação de humanos, que promovam momentos saudáveis com a mulher, seu
recém-nascido e acompanhante e, naturalmente, com os próprios integrantes da equipe de
saúde. Pode-se compreender, assim, que o conceito de humanização da assistência ao parto
inclui vários aspectos, ausência de regulamentos, normas e rotinas, deficiência de instalações
e equipamentos, além de falhas na estrutura física, demanda elevada acompanhada da falta de
privacidade, bem como a ausência de preparo emocional e psicológico são algumas das
situações consideradas “desumanizantes”.
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Alguns estão relacionados a uma mudança na cultura hospitalar, com a organização de


uma assistência realmente voltada para as necessidades das mulheres e suas famílias.
Modificações na estrutura física também são importantes, transformando o espaço hospitalar
num ambiente mais acolhedor e favorável à implantação de práticas humanizadoras da
assistência. (ALMEIDA, SILVEIRA, 2009).

A humanização da assistência ao nascimento como é preconizada pelo Ministério de


Saúde não condiz com a realidade evidenciada nas várias instituições hospitalares, pois,
apesar dos profissionais terem conhecimento dos principais aspectos da humanização, são
verificadas dificuldades para a mudança em suas práticas assistenciais, nas perspectivas de
prestação de um atendimento humanizado e de qualidade para a mãe, para o recém-nascido e
para a família (SOUSA, 2014).

A carga de trabalho devida à demanda excessiva de usuários em detrimento do número


insuficiente de trabalhadores na equipe de enfermagem surge como desafio a ser superado,
sendo necessário aumentar o quadro de profissionais do centro obstétrico. A participação
profissional do enfermeiro na obstetrícia é necessária por propiciar compartilhamento das
ações entre os profissionais atuantes na área. O trabalho em equipe, na área da saúde, envolve
relações complexas de interação entre diversos profissionais e é o principal mecanismo para
melhorar a assistência prestada, pois possibilita a associação de diferentes potenciais pessoais
que se agregam em busca de objetivos comuns (JUNIOR, 2015).

É importante que a enfermagem não se limite as rotinas impostas, mas que agregue
conhecimento e uma postura reflexiva para agir da melhor forma frente às situações. Dessa
maneira, consolida a profissão e gera assim maior emancipação. Com as crescentes mudanças
que vem sendo ocorridas diante da enfermagem e as diversas politicas inseridas para garantir
assistência qualificada com base na humanização, a enfermagem ainda vem ganhando seu
espaço dentro da obstetrícia, pois esse profissional ainda não possui total autonomia,
prevalecendo ainda às práticas dos médicos. Apesar da implementação de portarias pelo
Ministério da Saúde que permite assistência da enfermagem ao parto de baixo risco, ainda
assim são poucos os enfermeiros obstétricos que atuam no parto (ALMEIDA, GAMA,
BAHIANA, 2015).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebemos que a assistência do enfermeiro, à mulher no período gravídico no Brasil


ainda está focada no modelo biomédico, o qual fragmenta o ser humano, o que tem
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contribuído para a permanência e/ou aumento do número de procedimentos invasivos durante


o trabalho de parto, muitas vezes de forma desnecessária e sem a participação da mulher e ou
família.

Humanizar é, respeitar a individualidade das pessoas é saber ver e escutar o outro,


permitindo a adequação da assistência segundo sua cultura, crenças, valores e diversidades de
opiniões das mulheres. É necessário encontrar novas formas para que a mulher possa ter mais
controle sobre o processo de nascimento e parto, que seja respeitada enquanto cidadã, tendo o
direito de escolha e, sobretudo, esteja ciente de todos os seus direitos.

A assistência ao parto merece uma atenção particular, por ser um período


relativamente curto, comparado a outros não menos importantes do ciclo gravídico-puerperal,
o qual determinará profundas modificações na fisiologia materna e fetal, e deve ser alvo da
assistência, no sentido de proteger a espontaneidade de seu desenvolvimento.

Deste modo, acredita-se que só se poderá alcançar esta humanização se forem


buscados os mesmos caminhos como profissionais enfermeiros na percepção da
individualidade de cada mulher no processo de parturição, evitando o domínio do modelo
medicalizado, resgatando o parto como momento do nascimento, respeitando seus
significados, devolvendo à mulher seu direito de ser mãe com humanidade e segurança,
permitindo que nesta assistência sobressaiam a sensibilidade, o respeito, a solidariedade e o
amor pelo ser humano, alcançando, assim, a plenitude da humanização do parto, sendo esta
realidade ainda um desafio para todos os enfermeiros, como promotores de saúde.

Vários são os movimentos governamentais e não governamentais que vem surgindo


em prol de uma assistência humanizada e holística em que se considera a pessoa como
principal sujeito do seu corpo e vida e não apenas simples objeto que obedece passivamente
às ordens de quem detém o poder do saber, sem qualquer questionamento.

Dentro deste contexto, cabe aos gestores, profissionais de saúde e comunidade


reivindicar a implantação de políticas públicas, destinadas ao atendimento da mulher de forma
mais humanizada no momento em que ela se encontra mais vulnerável e carente de apoio
emocional. Neste sentido, o enfermeiro tem sido reconhecido pelo Ministério da Saúde e
outros órgãos não governamentais, como a profissional que possui formação holística e
procura atuar de forma humanizada no cuidado à parturiente tanto nas casas de parto, como
nas maternidades.
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Para tanto, é necessária a aquisição de profissionais qualificados e comprometidos de


forma pessoal e profissional, que recebam a mulher com respeito, ética e dignidade, além de
serem incentivadas a exercerem a sua autonomia no resgate do papel ativo da mulher no
processo parturitivo, como também serem protagonistas de suas vidas e repudiarem qualquer
tipo de discriminação e violência, que possam comprometer os direitos de mulher e cidadã.

O profissional obstetra tem de buscar humanizar o momento de parturição, visto que


pré-natais de baixo risco devem ser acompanhados por enfermeiros e essa função cabe a eles.

Quando há conscientização desde o início da gestação é possível estabelecer um apoio


psicológico onde a segurança entre o profissional e a gestante trará vantagens para o processo.
Esse trabalho tem importância porque trata disso, da conscientização profissional do lidar com
gestantes e puérperas.

De fato, em qualquer área é necessário buscar atualizações para estar preparado para
qualquer intercorrência que possa vir a ocorrer, mas quando falamos em gestantes e puérperas
é necessário mais que isso; um profissional que trabalha nessa área deve buscar se atualizar
profissionalmente e também buscar humanizar seu atendimento, e assim melhorar a qualidade
de assistência profissional prestada. Visto que o parto natural é menos invasivo, cabe ao
profissional que acompanha o pré-natal estimular a realização do mesmo, e para isso ele deve
esclarecer as dúvidas da gestante a respeito dos mitos e verdades do parto natural.

O enfermeiro obstétrico ainda precisa embasar -se na educação em saúde com isso a
parturiente sente-se mais acolhidas e seguras durante o parto. É necessário refletir nas atitudes
a serem tomadas e na melhor maneira de inserir as práticas humanizadas, pois para mudar a
vida é preciso primeiro mudar a forma de nascer. O enfermeiro exerce seu papel
fundamentado no ato de cuidar e proporcionar conforto e segurança para parturiente

Por fim, é fundamental compreender as percepções que os profissionais envolvidos


com a assistência em obstetrícia têm sobre humanização, sobretudo para permitir maior
entendimento em relação à sua função e à identificação de estratégias de corresponsabilização
entre equipe cuidadora, parturientes e familiares, que têm como objetivo a atenção obstétrica
continuada nos serviços de saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Olivia Souza Castro; GAMA, Elisabete Rodrigues; BAHIANA, Patrícia Moura.
Humanização do parto: a atuação dos enfermeiros. Revista Enfermagem Contemporânea,
v. 4, n. 1, 2015.
14

ALMEIDA, Samira Maria Oliveira; SILVEIRA, Maria de Fatima Araújo. Humanização do


parto: avanços e dificuldades para sua implantação. 2009. 15 f. Monografia
(Especialização) - Curso de Enfermagem, Universidade de Recife, Recife, 2009.

BRASIL, Caderno de saúde coletiva. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Núcleo de


Estudos de Saúde Coletiva, v.XIV, n.3 (Set, 2006).

BRASIL, Parto humanizado. Disponível em:


<www.redehumanizasus.net/sites/default/files/caderno_humanizasus_v4_humanizacao_parto.
pdf>. Acesso em 10 de mai.2016.

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