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DOI:10.34119/bjhrv3n4-377
RESUMO
O objeto do estudo foi a percepção materna acerca da participação do acompanhante durante o
trabalho de parto. Objetivos: Identificar as expressões verbais das puérperas sobre a
participação do acompanhante durante o trabalho de parto; e Analisar as expressões maternas
sobre a participação do acompanhante durante o trabalho de parto. Método: pesquisa qualitativa
utilizando a metodologia de narrativa de vida. Foram entrevistadas 20 puérperas de parto normal
que contaram com a presença do acompanhante no trabalho de parto, parto e nascimento.
Resultados: as puérperas entrevistadas verbalizaram sua satisfação e gratidão pela presença do
acompanhante durante o processo de parturição, estes realizaram medidas de cuidado, atenção
e auxílio. A presença dos pais dos bebês como acompanhantes foi maioria e se mostrou
relevante às puérperas entrevistadas. Conclusão: a presença desse agente interfere muito no
sentimento de solidão e desamparo das mulheres, sendo ele importante fonte de cuidados físicos
e apoio emocional, o que influencia positivamente no processo.
ABSTRACT
The object of the study was the maternal perception of the companion's participation during
labor. Objectives: To identify the mothers' verbal expressions about the companion's
1 INTRODUÇÃO
O parto é um evento marcante na vida da mulher e de sua família, muito influenciado pelo
seu contexto sociocultural. Esse processo conta com a concepção, o nascimento e o puerpério,
composto de transições que podem demandar assistência profissional à família que vivencia
esses eventos. Os profissionais de saúde atuam nessa transição, contribuindo no
desenvolvimento dos seres envolvidos de forma mais saudável possível, dando ênfase no parto,
evento abrupto e cheio de mudanças intensas na mulher, fisiológicas e psicológicas, que
propiciam a vinda da criança ao mundo.¹
Sendo o parto um evento fisiológico e natural, costumava ser realizado em ambiente
doméstico, em companhia de pessoas da confiança da mulher, comumente assistido por outras
mulheres, um evento feminino. À luz da evolução da medicina, este se tornou um evento
hospitalar, encarado patologicamente e assistido por equipes de profissionais de saúde. Hoje
culturalmente, o parto cirúrgico é apresentado como uma prática segura e com menor dor física,
o que o torna primeira escolha da mulher quando se descobre gestante². A cultura da nossa
sociedade influencia diretamente no comportamento da mulher no trabalho de parto, pois este
é visto como sinônimo de dor e sofrimento e a cesariana é rápida e indolor, onde o profissional
de saúde é o protagonista3.
É importante que haja a desmedicalização do parto, pois o cuidado evidencia redução da
mortalidade materna e neonatal e diminui riscos de complicações para a mãe e o bebê. Porém
atualmente, a mulher torna-se agente passivo no seu próprio processo de parir. Quando deveria
receber assistência que proporcionasse bem-estar físico e emocional, capaz de reduzir as
complicações do evento.4
2 MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa, utilizando
o método de narrativas de vida. A pesquisa foi realizada com puérperas no puerpério imediato,
assistidas pela enfermagem obstétrica no Centro de Parto Normal (CPN) e Alojamento
Conjunto de uma maternidade pública da cidade do Rio de Janeiro. O número de participantes
foi definido pela saturação dos dados, sendo suspensa a coleta quando os dados apresentaram
repetição.
Os critérios de inclusão respeitados foram: maiores de 18 anos; assistidas pela
enfermagem obstétrica, com nascimento de filho por parto vaginal na unidade em questão com
puerpério de até 48 horas e que tiveram a presença de um acompanhante no momento do parto.
3 RESULTADOS
Participaram deste estudo 20 mulheres, na faixa etária entre 18 e 37 anos; a maioria era
solteira, primípara, com ensino médio. Dos acompanhantes presentes, o maior número foi o de
companheiros (maridos/parceiros). (Quadro 1).
A análise das falas nos permitiu a criação de quatro categorias temáticas: a satisfação das
mulheres quanto à participação do acompanhante durante o trabalho de parto, parto e
nascimento; ações desenvolvidas pelo acompanhante durante o trabalho de parto, parto e
nascimento; a importância da participação do pai no momento do parto e nascimento;
comparando experiências anteriores: a fala das mulheres.
Se não fosse ele na hora das dores, na hora de tudo, me ajudando em tudo, pegando na
minha mão, me fazendo carinho, não sei o que seria de mim não.(...) Ele cuidou de mim, ficou
perto de mim direto, não me largou um minuto. Deixou de tomar café, deixou de almoçar, tudo
pra ficar perto de mim. (P6)
[...] porque o meu marido ficou fazendo massagem em mim, ficou me acompanhando o
tempo todo, eu gostei. Aí tive companhia, gostei. Ele me ajudou a tomar banho, fez massagem,
ficou o tempo todo me abraçando, fazendo carinho, até a hora do parto. (P12)
Minha mãe me deu força, como sempre. Fez massagem nas costas né, sentou atrás, me
amparou. Ter ela perto, só de ter ela perto já me sinto bem. (P15)
Meu acompanhante foi bom, graças a Deus. Bem atencioso. [...] A melhor opção pra mim
foi ele ter vindo para cá [o pai]. Ele mesmo que segurou o neném, né. Estamos felizes, graças a
Deus. [...] Ele ajudou bastante, me deu bastante força. (P3)
E principalmente por ele ser o pai, né. É importante quando é o pai, o pai da minha
princesa. Sempre quis que fosse ele, só que eu “tava” pensando que ele não queria, porque todo
mundo falava que ele não ia ter coragem. Corajoso até demais. Muito. (P6)
[...] eu acho que toda mulher deveria, principalmente, trazer o seu esposo. Tudo bem que
algumas não tem essa oportunidade, acabam vindo com a mãe ou com outro parente, alguém
mais próximo. Mas que, se pudesse ser o pai da criança, ainda melhor, porque é um momento
dos dois e ele poder participar daquilo, passa mais tranquilidade e faz com que ele também já
crie um laço com o filho à partir daquele momento, “né”? Não é ser pai, não é só fazer o filho,
é ser pai de verdade, né? É mais especial, com certeza. Ele ficou nervoso porque ele ficou
apreensivo, porque ele me viu sentindo muita dor. (P13)
4 DISCUSSÃO
Todas as puérperas entrevistadas verbalizaram sua satisfação e gratidão pela presença do
acompanhante durante o trabalho de parto, parto e nascimento, o que nos leva à reflexão diante
da importância e diferença da presença dos mesmos nesse cenário. Para a Organização Mundial
de Saúde, o acompanhante no trabalho de parto e parto contribui para segurança e tranquilidade
das parturientes, assim como diminui o tempo de trabalho de parto, número de cirurgias
cesarianas, analgesia epidural, medicações intraparto e menos escores de Apgar abaixo de sete 5.
O Dossiê “Parirás com Dor” também reconhece que a presença do acompanhante de sua
escolha nesse momento é, para a mulher, a melhor “tecnologia” para que um parto seja bem-
sucedido. Elas informaram maior satisfação com a experiência do parto, tendo estudos que
comprovaram que há a diminuição do trabalho de parto e dos níveis de dor além de reduzir
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa analisou a percepção das mulheres a cerca da presença do acompanhante no
trabalho de parto, parto e nascimento. Desta forma, o estudo permitiu concluir que a presença
REFERÊNCIAS
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13. Perdomini FRI, Bonilha ALL. A participação do pai como acompanhante da mulher no
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ANEXO