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PARTOGRAMA E PARTO DISTÓCICO

O partograma é a representação gráfica do trabalho de parto que permite acompanhar a sua evolução,
documentar, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para a correção de
desvios, evitando, assim, intervenções desnecessárias. Inclui os Batimentos Cardio-fetais (BCF),
integridade da bolsa das águas (ROTA ou ÍNTEGRA), características do líquido amniótico (CLARO
ou COM PRESENÇA DE MECÔNIO), dilatação do colo, descida da apresentação (plano de De
Lee), frequência das contrações e medicamentos e fluidos infundidos.

O Partograma é um indicador de qualidade da assistência clinica ao parto. Por recomendação da


OMS, Ministério da Saúde anunciou seu uso como obrigatório na saúde suplementar a partir de 5
julho de 2015.

O objetivo primordial desse processo é reduzir a incidência de TP prolongado e obstruído,


reduzindo as complicações decorrentes destas condições. Por meio de um gráfico em que são
anotados as progressões do TP e as condições maternas e fetais, tem sido possível identificar a
conduta necessária da atividade.

Benefícios do uso do partograma

Cerca das 99% de mortes maternas anuais ocorridas em países em desenvolvimento, grande parte se
dá por conta de um TP prolongado devido a uma desproporção cefalo-pélvica que pode resultar em
um TP obstruído, desidratação da gestante, ruptura uterina e fistula obstétrica, e também, mas de
maneira indireta, em hemorragias pós-parto e infecção neonatal.

PREENCHIMENTO DO PARTOGRAMA

1. O primeiro registro do partograma deve ser feito no início da fase ativa (mínimo de 03 cm de
dilatação e contrações regulares – 2 a 3 em 10 min);

2. Após o primeiro registro de dilatação, traça-se a LINHA DE ALERTA (indica-se uma coluna
(1 hora) após a 1ª e 1 cm acima de dilatação);(ver imagem)

3. A LINHA DE AÇÃO é traçada imediatamente 4 horas após a linha de alerta; (ver imagem)

Registo da linha de ALERTA e de AÇÃO no partograma.

4. A dilatação cervical é representada por triângulos e a descida da apresentação por uma


circunferência;
5. A dilatação está representada à esquerda em centímetros e a altura da apresentação, à direita,
segundo o Plano de De Lee;

6. Os toques vaginais (TV) devem ser feitos de acordo com a progressão do parto (a cada 2 horas ou
mais), não sendo esquecido o seu registro com a hora correspondente.

7. Nos TVs devem ser avaliadas as condições do colo uterino (dilatação e esvaecimento), altura e
variedade da apresentação e integridade ou não da bolsa;

8. Deve-se atentar também para a avaliação das contrações e dos BCF.

CARACTERIZAÇÃO DO PARTO DISTÓCICO (DISFUNCIONAL)

A identificação das distócias é feita pela observação da dilatação cervical e da descida da


apresentação:

 FASE ATIVA PROLONGADA: manifesta-se com dilatação progressiva, porém LENTA


DEMAIS, com velocidade inferior a 1cm/hora. Percebe-se que a dilatação ultrapassa facilmente a
linha de alerta, podendo chegar à linha de ação. Na maioria das vezes a causa decorre das
CONTRAÇÕES INEFICAZES DO ÚTERO, podendo ser corrigida com a administração de
ocitócitos e, às vezes, amniotomia.
 PARADA SECUNDÁRIA DA DILATAÇÃO: caracteriza-se pela persistência da MESMA
DILATAÇÃO evidenciada por dois TVs sucessivos com intervalo de 2 horas ou mais estando a
parturiente em trabalho de parto ativo. Pode atingir as linhas de alerta e ação e tem como principal
causa a DESPROPORÇÃO FETOPÉLVICA. É frequentemente associada à sofrimento fetal.
 PERÍODO/DIVISÃO PÉLVICO/A PROLONGADO/A: distingue-se pela DESCIDA
LENTA DA APRESENTAÇÃO. Resulta principalmente da INEFICÁCIA DAS CONTRAÇÕES
UTERINAS. Pode ser corrigida pela administração de ocitocina, realização de amniotomia ou
utilização do fórceps.
 PARADA SECUNDÁRIA DA DESCIDA: caracteriza-se pela PARADA DA DESCIDA DA
APRESENTAÇÃO MESMO O COLO ESTANDO COM 100% DE DILATAÇÃO no intervalo
mínimo de 1 hora. A principal causa é a DESPROPORÇÃO FETOPÉLVICA.
 PARTO TAQUITÓCICO/PRECIPITADO: é o trabalho de parto no qual a dilatação cervical
e descida/expulsão do feto ocorrem em um período de 4 horas ou menos. Neste caso, o útero é
hipercinético e pode ocorrer sofrimento fetal, visto que no momento da contração o nível de oxigênio
é diminuído para o feto. Esse tipo de parto pode ocorrer espontaneamente ou pelo uso indiscriminado
de ocitócitos.
Diante disso, entende-se a relevância do preenchimento correto do partograma, bem como sua
interpretação. Pois ele constitui um grande instrumento de rastreamento das dificuldades na evolução
do trabalho de parto, reduzindo o risco de mortes perinatais e a incidência de parto prolongado. Além
disso, o correto preenchimento do partograma serve de defesa do profissional de saúde (médico ou
enfermeiro) em questões jurídicas.

 É essencial notar que o partograma só pode ser usado por trabalhadores da saúde com
treinamento adequado em obstetrícia e que sejam capazes de:
 Observar e conduzir um TP normal e parto;
 Acompanhar a dilatação cervical corretamente;
 Anotar a dilatação cervical e a hora de maneira certa no gráfico.

O partograma não deve ser usado em partos domiciliares acompanhados por parteiras não treinadas
em obstetrícia. Quando usado em casas de parto ou hospitais, a introdução do partograma precisa ser
acompanhada por um programa de treinamento, sob supervisão apropriada e com seguimento.

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